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Seção 6 Elaborado por Seção 6VERSÃO 2013-1 Administração Financeira II Prof. Antonio Freitas Prof. Filipe Sobral Seção 6 Conteúdo da Seção � Política de Dividendos: – Fundamentos de dividendos; – Teoria residual de dividendos; – Relevância ou irrelevância da política de dividendos; – Fatores que condicionam a política de dividendos; – Tipos de política de dividendos; – Outras modalidades de dividendos. 2 Seção 6 Objetivos da Seção � Entender os procedimentos de pagamento de dividendos e o papel dos planos de reinvestimento de dividendos. � Descrever a teoria residual dos dividendos e os principais argumentos ligados à sua irrelevância ou relevância. � Discutir os principais fatores vinculados à formulação de uma política de dividendos. � Analisar os três tipos básicos de políticas de dividendos. � Explicar bonificações, desdobramentos e recompras de ações, bem como as motivações para a sua realização. 3 Seção 6 Fundamentos de Dividendos � Um dividendo é uma distribuição de lucros. � A maioria das empresas adota uma política de dividendos de acordo com a qual paga um dividendo regular. � Algumas empresas pagam um dividendo extraordinário para recompensar os acionistas, caso tenham tido um ano particularmente bom. � Muitas pagam dividendos usando uma taxa de distribuição (payout ratio) predeterminada, definindo a proporção entre dividendos e lucros. 4 Seção 6 Fundamentos de Dividendos � O crescimento dos dividendos tende a acompanhar o crescimento dos lucros na maioria das empresas. � Como a política de dividendos é um dos fatores que determinam a decisão de compra uma ação, a maioria das empresas anuncia sua política de dividendos e sinaliza quaisquer alterações que possa sofrer ao público. � Portanto, pode ser notado que muitas empresas usam suas políticas de dividendos para transmitir informação que de outro modo não estaria disponível aos investidores. 5 Seção 6 Conceitos Básicos � Data de registro – data na qual um investidor precisa ter a posse de ações para gozar o direito de receber um dividendo. � Data ex dividendo – data a partir do qual uma ação passa a ser negociada sem direito ao dividendo. � Data de pagamento – dia no qual um dividendo é pago aos acionistas que possuíam ações na data de registro. Ocorre geralmente duas ou mais semanas após a data de registro. 6 Seção 6 Planos de Reinvestimento de Dividendos (DRIPs) � Os planos de reinvestimento de dividendos (DRIPs) permitem aos acionistas reaplicar seus dividendos na compra de ações adicionais, em lugar de recebê-los: – Nos DRIPs administrados por bancos são adquiridos lotes grandes de ações, o que reduz substancialmente a despesa de corretagem por ação. – Nos DRIPs administrados pelas empresas, elas próprias emitem novas ações em troca do dividendo em dinheiro, eliminando completamente o pagamento de corretagem. – Nos DRIPs administrados por corretoras, estas reaplicam os dividendos em nome de seus clientes, sem cobrar comissão. 7 Seção 6 Vantagens dos DRIPs 8 � Para os acionistas: – redução substancial de custos de corretagem; – um mecanismo automático de poupança. � Para as empresas: – mostra boa vontade do mercado; – redução do custos relacionados com o pagamento de dividendos; – um mecanismo barato de obtenção de capital próprio nos planos administrados pelas próprias empresas. Seção 6 Teoria Residual dos Dividendos � A teoria residual dos dividendos afirma que os pagamentos de dividendos devem ser encarados como um resíduo, ou seja, é o montante que sobra após o aproveitamento de todas as oportunidades de investimento aceitáveis. 9 Seção 6 Teoria Residual dos Dividendos Etapas da Decisão de Dividendos � Etapa 1 – Determinar o nível ótimo de gastos de capital, dado pela ponto de interseção da escala de oportunidades de investimento (EOI) com a escala de custo marginal ponderado de capital (CMgPC). � Etapa 2 – Usando as proporções da estrutura ótima de capital, estimar o volume total de capital próprio necessário para financiar os gastos de capitais definidos na etapa 1. � Etapa 3 – Usar preferencialmente a retenção de lucros para satisfazer as necessidades de capital próprio determinadas na etapa 2 (kr< kn). Se os lucros retidos não forem suficientes para atender a essas necessidades, devem ser vendidas novas ações ordinárias. Se os lucros retidos forem superiores, o excedente – o resíduo – deve ser distribuído sob a forma de pagamento de dividendos. 10 Seção 6 Teoria Residual dos Dividendos � Em síntese, segundo a teoria residual dos dividendos, nenhum pagamento de dividendos será feito enquanto a necessidade de capital próprio da empresa superar o volume de lucros retidos disponíveis. � Além disso, de acordo com ela, o retorno exigido pelos acionistas não é afetado pela política de dividendos, uma premissa que sugere que essa política é irrelevante. 11 Seção 6 Teoria Residual dos Dividendos Exemplo � A Overbrook industries tem à sua disposição R$ 1,8 milhões para reter ou distribuir como dividendo. Sua estrutura ótima de capital envolve um índice de endividamento de 30%, ou seja, 30% de capital de terceiros e 70% de capital próprio. A Figura seguinte apresenta a escala de custo marginal ponderado de capital (CMgPC) com 3 escalas de oportunidades de investimento (EOI). Para cada EOI é assinalado o nível de financiamento ou investimento novo determinado pela interseção da EOI com o CMgPC. 12 Exemplo pág. 480 Seção 6 Teoria Residual dos Dividendos Exemplo 13 Seção 6 Teoria Residual dos Dividendos Exemplo � No caso da EOI3 ainda seria necessário emitir novas ações ordinárias no valor de R$ 440.000 (R$ 2.240.000 – R$ 1.800.000). 14 Item EOI1 EOI2 EOI3 Financiamento ou investimento novo R$ 1.500.000 R$ 2.400.000 R$ 3.200.000 Lucros retidos disponíveis R$ 1.800.000 R$ 1.800.000 R$ 1.800.000 Capital próprio necessário (70% financiamento novo) R$ 1.050.000 R$ 1.680.000 R$ 2.240.000 Dividendo R$ 750.000 R$ 120.000 R$ 0 Taxa de distribuição de dividendos 41,7% 6,7% 0,0% Seção 6 Argumentos Favoráveis à Irrelevância dos Dividendos � Merton Miller e Franco Modigliani formularam uma teoria que mostra que, em mercados financeiros perfeitos (certeza, sem impostos, sem custos de transação ou outras imperfeições de mercado), o valor de uma empresa não é afetado pelo pagamento de dividendos. � Argumentam que o valor depende apenas dos lucros futuros e do risco dos investimentos da empresa. � A retenção ou distribuição de lucros não afeta o valor da empresa. 15 Seção 6 Argumentos Favoráveis à Irrelevância dos Dividendos � Alguns estudos indicam que grandes variações de dividendos afetam o comportamento do preço da ação. � M&M argumentam que esses efeitos resultam da informação transmitida por essas alterações de dividendos, e não pelo próprio dividendo. � Além disso, M&M argumentam que existe um efeito clientela: uma empresa atrai acionistas cujas preferências pelo pagamento e estabilidade dos dividendos correspondem aos padrões de pagamento e estabilidade da própria empresa. 16 Seção 6 Argumentos Favoráveis à Irrelevância dos Dividendos � M&M e outros defensores da irrelevância dos dividendos defendem que, se os outros fatores se mantiverem constantes, o valor da empresa não é afetado pela política de dividendos, porque: � O valor da empresa é determinado exclusivamente pelo poder de geração de resultados e pelo risco de seus ativos. � Se os dividendos afetarem o valor, isso acontecerá somente por causa do seu conteúdo informacional, o qual sinaliza as expectativas da administração quanto aos lucros. � Há um efeito clientela que faz com que os acionistas recebam os dividendos que esperam. 17 Seção 6 Argumentos Favoráveis à Relevância dos Dividendos � Outros autores afirmam que os acionistas preferem dividendos correntes e que há uma relação positiva entre dividendos e valor de mercado. � Essencial a essa teoriaé o argumento do ‘pássaro na mão’, segundo o qual os investidores geralmente têm aversão a risco e atribuem risco menor aos dividendos correntes, em comparação com dividendos futuros. � Como os dividendos correntes são menos arriscados, reduz-se o retorno que os investidores exigem, elevando, assim, os preços das ações. 18 Seção 6 Fatores que Afetam a Política de Dividendos � A formulação de uma política de dividendos consistente deve considerar: – Restrições legais associadas à legislação de valores mobiliários; – Restrições contratuais associadas a contratos de empréstimos; – Restrições internas associadas à capacidade da empresa em pagar os dividendos; – Perspectiva e expectativas de crescimento da empresa; – Efeito dos dividendos sobre a riqueza dos proprietários (status fiscal; oportunidades de investimento; diluição da propriedade) – Provável reação do mercado às sinalizações do pagamento de dividendos. 19 Seção 6 Políticas de Dividendos Taxa de Distribuição Constante � Em uma política de dividendos com taxa de distribuição constante, a empresa estipula uma porcentagem específica dos lucros que será distribuída aos acionistas em cada período. � Uma importante limitação desta política é que, se os lucros da empresa caírem ou forem voláteis, o mesmo ocorrerá com os pagamentos de dividendos. � Como mencionado anteriormente, os investidores vêem dividendos voláteis como negativos e arriscados, o que pode levar a preços mais baixos para a ação. 20 Seção 6 Políticas de Dividendos Taxa de Distribuição Constante � Discuta o impacto da política de dividendos da Peachtree Industries no preço das suas ações. 21 Ano Lucro por ação Dividendo por ação (40%) Preço médio por ação 2003 -R$ 0,5 R$ 0,0 R$ 42 2002 R$ 3,0 R$ 1,2 R$ 52 2001 R$ 1,75 R$ 0,7 R$ 48 2000 -R$ 1,5 R$ 0,0 R$ 38 1999 R$ 2,0 R$ 0,8 R$ 46 1998 R$ 4,5 R$ 1,8 R$ 50 Exemplo pág. 486 Seção 6 Políticas de Dividendos Dividendos Regulares � Uma política de dividendos regulares baseia-se no pagamento de um dividendo por ação fixo a cada período. � Esta política é montada em torno de uma taxa ideal de distribuição. � Dá aos acionistas informação positiva, indicando que a empresa está indo bem, e minimiza a incerteza. � Em geral, as empresas que adotam essa política aumentam o dividendo regular uma vez que os lucros se tornem sustentáveis. 22 Seção 6 Políticas de Dividendos Dividendos Regulares � Compare com o exemplo anterior. 23 Ano Lucro por ação Dividendo por ação (40%) Preço médio por ação 2003 R$ 4,5 R$ 1,5 R$ 47,5 2002 R$ 3,9 R$ 1,5 R$ 46,5 2001 R$ 4,60 R$ 1,5 R$ 45,0 2000 R$ 4,2 R$ 1,0 R$ 43,0 1999 R$ 5,0 R$ 1,0 R$ 42,0 1998 R$ 2,0 R$ 1,0 R$ 38,5 1997 R$ 6,0 R$ 1,0 R$ 38,0 1996 R$ 3,0 R$ 1,0 R$ 36,0 1995 R$ 0,8 R$ 1,0 R$ 33,0 1994 R$ 0,5 R$ 1,0 R$ 33,0 Exemplo pág. 487 Seção 6 Políticas de Dividendos Dividendos Regulares Baixos e Dividendos Extraordinários � Adotando essa política, as empresas pagam um dividendo regular baixo, complementado por dividendos adicionais quando os lucros podem sustentá-los. � Quando os lucros são superiores ao normal, a empresa pagará esse dividendo adicional, geralmente chamado de dividendo extraordinário, sem a obrigação de mantê-lo em períodos subseqüentes. � Esse tipo de política geralmente é usado por empresas cujas vendas e lucros são sensíveis aos ciclos de atividade econômica. 24 Seção 6 Dividendos em Ações � Uma bonificação é um pagamento de dividendo em ações, e não em dinheiro. � Muitos investidores acreditam que as bonificações aumentam o valor de seu capital. � Na verdade, do ponto de vista de valor de mercado, as bonificações funcionam como desdobramentos. O investidor acaba possuindo mais ações, mas o valor de cada uma é menor. 25 Seção 6 Dividendos em Ações Exemplo � O patrimônio líquido, no balanço atual da Garrison Corporation, empresa distribuidora de móveis pré- fabricados, é apresentado nas contas a seguir: 26 Exemplo pág. 488 Ações preferenciais R$ 300.000,00 Ações ordinárias (100.000 ações, valor nominal igual a $4) R$ 400.000,00 Ágio na venda de ações acima do valor nominal R$ 600.000,00 Lucros retidos R$ 700.000,00 Patrimônio líquido R$ 2.000.000,00 Seção 6 Dividendos em Ações Exemplo � Se a Garrison declarar uma bonificação de 10% e o preço corrente de mercado da ação for R$ 15, R$ 150.000 de lucros retidos serão transferidos para o capital: – Emitidas 10.000 novas ações (10% de 100.000 ações ordinárias); – R$ 40.000 vai para ações ordinárias (10.000*4); – R$ 110.000 vai para ágio na venda de ações (10.000*(15-4)). 27 Exemplo pág. 489 Ações preferenciais R$ 300.000,00 Ações ordinárias (110.000 ações, valor nominal igual a $4) R$ 440.000,00 Ágio na venda de ações acima do valor nominal R$ 710.000,00 Lucros retidos R$ 550.000,00 Patrimônio líquido R$ 2.000.000,00 Seção 6 Dividendos em Ações Ponto de Vista do Acionista � Do ponto de vista do acionista, as bonificações resultam em diluição das ações. � Por exemplo, suponha-se que um acionista possuísse 100 ações valendo R$ 20/ação (total de R$ 2.000) antes de uma bonificação. � Se a empresa declarar uma bonificação de 10%, o acionista passará a ter 110 ações. Entretanto, o valor total delas ainda será de R$ 2.000. � Portanto, o valor teórico de uma ação terá caído para R$ 18,18 (R$ 2.000/110). 28 Seção 6 Dividendos em Ações Ponto de Vista da Empresa � As desvantagens das bonificações incluem: – o custo de emissão das novas ações; – impostos e taxas de registro das novas ações; � As vantagens das bonificações incluem: – a empresa conserva fundos necessários; – há um efeito de sinalização aos acionistas de que a empresa está retendo fundos por causa da existência de oportunidades rentáveis de investimento. 29 Seção 6 Desdobramentos � Um desdobramento é uma operação de re-capitalização que afeta o número de ações existentes, o valor nominal da ação, o lucro por ação e o seu preço de mercado. � É feito para reduzir o preço unitário da ação e torná-la mais atraente aos pequenos investidores individuais que buscam liquidez. 30 Seção 6 Desdobramentos Exemplo � Suponha que uma ação esteja cotada atualmente a R$135 e haja um desdobramento de 3 por 2. � O novo preço da ação será igual a 2/3 de R$135 ou R$90. � Se um investidor possuir 100 ações antes do desdobramento, o valor total do seu investimento é de R$13.500. � Após o desdobramento, o investidor terá R$13.500/R$90 = 150 ações, valendo R$90 cada uma. 31 Seção 6 Desdobramentos � Um agrupamento reduz o número de ações existentes e eleva o preço da ação - contrário de um desdobramento. � É feito para aumentar a respeitabilidade da ação e transmitir a impressão de que ela não é de baixa qualidade. � A pesquisa tanto a respeito de desdobramentos quanto de bonificações geralmente apóia a teoria de que não afetam o valor das ações. � São comumente usadas, porém, para sinalizar aos investidores que coisas boas estão para ocorrer. 32 Seção 6 Recompra de Ações � Uma recompra de ações é uma operação de aquisição e extinção de ações pela empresa que as emitiu. � Consiste em uma liquidação parcial, pois reduz o número de ações existentes – um tipo de diluição reversa. � O efeito líquido da recompra é semelhante ao pagamento de um dividendo em dinheiro � No entanto, se a empresa pagar o dividendo, o acionista precisará pagar imposto de renda, pelo que esta é uma boa alternativa do ponto de vista do investidor 33 Seção 6 Exercícios � Resolver os problemas 13-1, 13-2 e 13-3 do livro-texto referente a conceitos básicos de dividendos. � Resolver os problemas 13-6, 13-7 e 13-8 do livro-texto referente a políticas de dividendos. � Resolver os problemas 13-10, 13-11 e 13-12 do livro-texto referente ao pagamentos de dividendos em ações. � Resolver os problemas 13-14, 13-16 e 13-17 do livro-texto referentea desdobramentos e recompra de ações. � Analisar e discutir o caso do capítulo 13 referente à fixação da política de dividendos. 34 Seção 6 Bibliografia � Básica: – Gitman, L. J. Princípios de Administração Financeira. 10ª Ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. (Cap. 13). – Assaf Neto, A. Finanças Corporativas e Valor. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2005. (Cap. 21). – Ross, S. A., Westerfiled, R. W., Jordan B.D. Administração Financeira. 8ª Ed. São Paulo: McGraw- Hill, 2008. (Cap. 18) 35
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