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A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS CORRIGIDO

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V.6. a teoria das representações sociais
V.6.1. Formação das representações sociais 
As representações sociais são um conjunto de valores, ideias, ações e explicações que possibilita agregar pessoas, objetos e conhecimentos num determinado contexto. São trocas de conhecimentos ambientais, sociais e interpessoais que se unem e formam um conhecimento compartilhado.
Um dos objetivos essenciais das representações sociais é a junção de valores; tornar conhecido e partilhado algo até então desconhecido, delimitando a lacuna entre o que é sabido e o que existe, e, dessa forma, reproduzindo pensamentos e comportamentos comuns a um grupo de indivíduos (MOSCOVICI, 1978, p. 67).
Nesse sentido, Moscovici complementa:
No final das contas, ela produz e determina os comportamentos, pois define simultaneamente a natureza dos estímulos que nos cercam e nos provocam, e o significado das respostas a dar-lhes. Em poucas palavras, a representação social é uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos (...) elas possuem uma função constitutiva da realidade, da única realidade que conhecíamos por experiência e na qual a maioria das pessoas se movimenta (...) é alternativamente, o sinal e a reprodução de um objeto socialmente valorizado. (1978, p. 26-27)
Um de seus aspectos, o perceptivo, implica a presença do objeto, o outro, o espírito conceptual, a sua ausência. (...) a representação mantém essa oposição e desenvolve-se a partir dela (...). Nisso reside o poder criador das representações sociais: partindo de certo repertório de saberes e experiências ela pode deslocá-los, associá-los, ou mesmo integrá-los num momento e desintegrá-los em outro. (1978, p. 57)
Nem sempre as representações sociais denotam a realidade; podem ser ilusórias, pois são formas de teoria, de pensar, conhecimentos, sendo os fatos interpretados de acordo com experiências e realidades individuais.
Ocorrem mudanças, visando a conservação e a preservação, que fazem parte da vida social; tem-se então a renovação do senso comum, para manifestar nosso modo de agir e pensar e suas implicações locais e globais.
As ciências, no entanto, passaram a obter e fornecer os conhecimentos que nos afetam, como se pensássemos e víssemos por procuração (MOSCOVICI, 1978, p. 20-21).
O grande desafio é agrupar experiências, conhecimentos e valores, aprendendo em conjunto o novo social.
V.6.2. Origem da teoria das representações sociais
O psicólogo social Sergre Moscovici foi o pioneiro nos estudos das representações sociais enquanto teoria do senso comum.
Seu interesse recaiu sobre as representações da sociedade atual, explorando a variação e a diversidade das ideias coletivas na sociedade moderna.
V.6.3. Objetivação e Ancoragem 
Objetivação é concretizar aquilo que é imaginário; é um processo que permite trazer o que até então não existe ao universo do conhecido.
Esse mecanismo engloba três fases, a saber: seleção e contextualização, quando os indivíduos adquirem o conhecimento a partir de critérios culturais e há uma construção seletiva da realidade; formação de um núcleo figurativo, quando passam a tentar compreender o novo; e naturalização dos elementos do núcleo figurativo, momento a partir do qual o abstrato passa a ser considerado elemento da própria realidade (JODELET, 2005, p. 135, apud MORAES).
Ancoragem é o processo de introdução da ideia no âmbito do que é familiar, tornando-a uma verdade para o grupo, passando a compor aquilo que se conhece (JOVCHELOVITCH, 2003, p. 41, apud MORAES).
Como ensina Moscovici:
Ancoragem e objetivação são, pois, maneiras de lidar com a memória. A primeira mantém a memória em movimento e a memória é dirigida para dentro; está sempre colocando e tirando objetos, pessoas e acontecimentos que ela classifica de acordo com um tipo e os rotula com um nome. A segunda, sendo mais ou menos direcionada para fora (para os outros), tira daí conceitos e imagens para juntá-los no mundo exterior, para fazer as coisas conhecidas a partir do que já é conhecido. (2003, p. 78)
A objetivação e a ancoragem ocorrem concomitantemente; inter-relacionam-se, dando sentido à representação social.
V.6.4. Universos Consensuais e Universos Reificados 
Os sistemas de pensamento formaram universos, nomeados por Moscovici como “Universos Consensuais” e “Universos Reificados”.
Os universos consensuais expressam as ideias relativas ao senso comum e as soluções que apresentam diante dos problemas, havendo a construção do real a partir do meio onde vivem os indivíduos.
Nos universos retificados, distintamente, expressam-se saberes e conhecimentos científicos, com objetividade e rigor lógico e metodológico.
Esses universos se inter-relacionam, constituindo a realidade. Desse modo, a crença dos indivíduos passa a ser constituída também pela ciência, que a partir daí integra a própria cultura.
V.6.5. Funções das representações sociais 
As representações sociais emergem da sociedade, atuando diretamente em seus modos de agir, atitudes e comportamento, orientando os membros de um grupo social em determinado tempo e espaço (MOSCOVICI, 2003, p. 62), bem como mediando entre o individual e social.
Uma representação social é, ao mesmo tempo, estável e móvel sob determinados aspectos, pois possui um núcleo central resistente às mudanças, ligado à história do indivíduo, e elementos periféricos flexíveis, que condicionam as representações individualizadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORAES, P. R, et al. a teoria das representações sociais, São Paulo, v. 7, n. 2, p. 18-59, dez. 2014. Disponível em http://unifia.edu.br/revista­_eletronica/revistas/direito_foco/artigos/ano2014/teoria_representacoes.pdf>. Acesso em 27 set. 2015.

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