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HISTORIA DO DIREITO BRASILEIRO RESUMO AV1 E AV2

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Resumo Av2
A origem do Brasil português e o Direito na colônia 
Momentos de complicação de tipos normativos em que se encontrava em Portugal.
Essas complicações foram conhecidas como ordenações do reino:
Ordenações Afonsinas (1446/1447)
Ordenações Manuelinas (1521)
Coletânea de Leis Extravagantes de Duarte Nunes de Leão (1569);
ORDENAÇÕES FILIPINAS (1603) e confirmadas por D. João IV (1643).
ORDENAÇÕES AFONSINAS: Buscou-se, atualizar o direito vigente à época, em Portugal, elaborou várias espécies de fontes anteriores: leis gerais, resoluções régias, concórdias, concordatas, bulas, inquirições, costumes gerais e locais, estilos da Corte e dos tribunais superiores, preceitos de direito romano e de direito canônico.
Foram divididas em cinco livros:
O Livro I: Este livro apresenta um conteúdo de natureza jurídico-administrativa
O Livro II: privilégios da Igreja
O Livro III: Trata do processo civil
O Livro IV: Trata do direito civil substantivo, especialmente de temas de direito das obrigações, de direito das coisas, de direito da família e de direito das sucessões, sem grande ordem sistemática
O Livro V: Direito criminal e processual criminal – todavia alguns atos processuais criminais encontram-se também regulados no Livro III.
As ORDENAÇÕES AFONSINAS assumem uma posição significativa na história do direito português.
As ORDENAÇÕES MANUELINAS Mantiveram a estrutura básica de cinco livros, das ORDENAÇÕES AFONSINAS, ainda que nas Ordenações Manuelinas sejam verificadas algumas notáveis diferenças de conteúdo.
Sob a égide das Ordenações Afonsinas e Manuelinas se desenvolveu o processo de expansão marítima portuguesa e de formação de seu império colonial.
As ORDENAÇÕES FILIPINAS: se trata de uma “revisão”
A elaboração das ORDENAÇÕES FILIPINAS deve ser entendida com um conjunto de reformas nas estruturas judiciais e administrativas portuguesas, promovidas no início da UNIÃO IBÉRICA por Felipe II e Felipe III de Espanha e que geraram efeitos duradouros tanto em Portugal como em suas colônias (mais particularmente no Brasil).
Durante os séculos XV e XVI, ocorreram em Portugal manifestações no sentido da implantação de uma reforma judicial que se fazia necessária em virtude dos seguintes fatores: 
Complexidade da “teia normativa”; 
Pouca eficácia da “lei” para os indivíduos mais poderosos que se apropriavam de postos judiciais e administrativos pela nomeação de seus empregados; 
Privilégios da alta hierarquia da Igreja e dos fidalgos; 
Treinamento deficiente e má vontade dos “letrados” e dos juízes com relação a seus afazeres; 
Felipe II tomou uma posição cautelosa com relação à reforma judiciária, tal como as ordenações portuguesas anteriores, as Ordenações Filipinas também se dividiam em 05 livros.
ESTRUTURA DAS ORDENAÇÕES FILIPINAS:
LIVRO I: Direito Administrativo e Organização Judiciária;
LIVRO II: Disposições a respeito dos direitos dos eclesiásticos, dos fidalgos, dos privilégios do Rei, envolvendo ainda fontes de direito, jurisdição e poderes;
LIVRO III: Processual civil, contendo ainda regras gerais sobre fontes, vigência das leis que auxiliavam os juízes na tomada de decisões;
LIVRO IV: Matérias de direito civil e comercial: regras de contratos (compra e venda, sociedade, aluguéis e rendas da terra), relações entre servos e amos, parceria entre marido e mulher, empréstimos, mútuos, depósitos, fianças, doações)
LIVRO V: Trata de crimes e do processo penal.
Principais instrumentos legais que marcaram a administração metropolitana portuguesa e suas colônias:
Os Regimentos: destinavam-se a instruir os funcionários em suas áreas de atuação, obrigações e a jurisdição dos diversos órgãos para gerir a administração colonial.
Os Alvarás: com duração formal de um ano, se constituíam em importantes atos jurídicos da administração colonial.
As Cartas (régias, de sesmarias, forais, patentes): destinavam-se a variadas finalidades e determinações especiais voltadas para a regulação do campo administrativo.
Este conjunto de atos legais quase nunca seguia critérios regulares, nem quanto à forma e nem quanto à periodicidade.
Foral, carta foral ou carta de foro era um documento jurídico, outorgado por autoridade legítima, que se destinava a regular a vida coletiva de povoação, nova ou já existente, formada por homens livres ou por homens que ele revestia dessa condição.
CLASSIFICAÇÃO DOS FORAIS:
Cartas de povoação: são os forais, contêm apenas certo número de disposições para defesa ou exploração agrícola estável de uma terra virgem e a habitar para cultivo.
Foro breve: documento legal em que se inserem normas de conduta local.
Foros extensos: são os mais desenvolvidos. Seu conteúdo envolve dois elementos primordiais. O primeiro refere-se à garantia da propriedade plena de terras e casas, possuídas pelos membros da coletividade local, o segundo diz respeito à determinação dos tributos ou prestações que os vizinhos terão de fazer à entidade outorgante, de modo a evitar quaisquer arbitrariedades ou abusos.
O arcabouço da administração judicial na Colônia. As principais instâncias desta estrutura eram:
As povoações: localidades mais afastadas, com população entre 25 e 50 habitantes e que não constituíam um município – nelas atuava um JUIZ DE VINTENA, escolhido dentre os moradores do lugar pela Câmara Municipal mais próxima.
Os termos ou municípios: menor divisão administrativa, onde se encontravam os JUÍZES ORDINÁRIOS, eleitos pela Câmara Municipal, com alçada sobre as demandas ali acontecidas – os ocupantes destes cargos não eram LETRADOS,- exerciam funções judiciais e administrativas, com jurisdição sobre as demandas locais nos âmbitos cível e criminal, sendo eleitos pelos chamados “homens bons” da comunidade (excluindo-se trabalhadores manuais e comerciantes), tais como os demais membros da Câmara Municipal. 
As comarcas: divisões judiciais das capitanias, que possuíam um OUVIDOR próprio.
As capitanias: onde os OUVIDORES exerciam suas funções, sendo nomeados pelos donatários no caso das capitanias hereditárias e pelo rei, além de julgar os recursos das decisões dos juízes ordinários.
O governo-geral: tinha como autoridade máxima da Justiça na Colônia o OUVIDOR-GERAL, subordinado administrativamente apenas ao GOVERNADOR-GERAL. O OUVIDOR-GERAL julgava os recursos vindos dos ouvidores das capitanias e dispunha de poderes para investigar a aplicação da legislação em todas as localidades.
Havia também:
Juízes de Fora: magistrados profissionais (LETRADOS) de nomeação real cujos objetivos eram corrigir as ações dos juízes ordinários e aumentar o poder do rei.
Juízes de Órfãos: encarregados de zelar pelos órfãos e seus bens, podia ser substituído pelo Juiz Ordinário; 
Portugal e Brasil no século XVIII
A TRANSMIGRAÇÃO DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL:
A transferência da Corte portuguesa para sua colônia sul-americana não significou simplesmente a vinda da família real para o Brasil. Esta transferência, na verdade, representou:
A instalação do governo do Império Português no Brasil (mais precisamente, no Rio de Janeiro).
O fim do período colonial brasileiro.
Momento emergencial para períodos de crise, a transferência da Corte para o Brasil começou a ganhar força nos primeiros anos do século XIX, quando as conquistas napoleônicas no continente europeu e o confronto do imperador francês com a Inglaterra tornaram insustentável a permanência da Casa de Bragança (a qual pertenciam Da Maria I e o regente, seu filho, D. João) no comando do Império Português a partir de Lisboa.
Com a instalação da Corte no Rio de Janeiro, o príncipe regente D. João tratou de, , adequar a cidade à condição de sede da monarquia, promovendo a construção dos “pilares institucionais” do governo;
A cidade do Rio de Janeiro se transformou em um espaço de um “processo civilizatório” e de difusão dos “modos civilizados” da Europa ilustrada para todo o território da antiga colônia. 
A ABERTURA DOS PORTOS BRASILEIROS E OS TRATADOS DE 1810
Na carta régia de 28 de janeirode 1808, o príncipe regente ordenava, EM CARÁTER PROVISÓRIO, que fossem admissíveis nas alfândegas do Brasil todos e quaisquer gêneros, fazendas ou mercadorias, transportadas ou em navios da real coroa ou em navios dos vassalos, pagando um imposto de importação de 24%.
A abertura dos portos deve ser entendida como uma etapa fundamental do processo pelo qual o Brasil passou do antigo monopólio português para uma nova modalidade de inserção na economia mundial.
Ainda que Inglaterra tivesse sido a grande beneficiária da medida que determinou a abertura dos portos brasileiros, a reivindicação britânica, desde 1807, era de que um porto fosse aberto exclusivamente para o comércio inglês (o porto de Santa Catarina) – isto significa dizer que no início do século XIX a Inglaterra ainda não era a grande defensora de um “irrestrito livre comércio internacional”.
Esta medida favoreceu também os proprietários rurais produtores de bens destinados à exportação (algodão, açúcar) que se livraram do monopólio comercial da Metrópole portuguesa.
A abertura dos portos contrariou, os interesses de grandes comerciantes provocando protestos no Rio de Janeiro e em Lisboa, o que levou o príncipe regente a fazer algumas concessões dentre as quais podemos destacar:
Por meio de um decreto de junho de 1808, o comércio livre ficou limitado aos portos de Belém, S. Luís, Recife, Salvador e Rio de Janeiro.
O comércio de cabotagem na costa brasileira ficou reservado a navios portugueses.
O imposto sobre produtos de importação que havia sido fixado em 24% “ad valore”, foi reduzido para 16% quando se tratasse de importação feita em embarcações portuguesas.
Outra medida significativa que contribuiu para o fim do “estatuto colonial” do Brasil foi a determinação da abertura de fábricas e manufaturas no Brasil pelo alvará de 1º de maio de 1808. 
OS TRATADOS DE 1810:
Os tratados de 1810 representaram o ápice da importância britânica sobre o Império Português;
Diante das medidas tomadas pelo príncipe regente D. João no sentido de atenuar as vantagens e as ambições britânicas resultantes da abertura dos portos, visando a garantia do predomínio dos interesses britânicos sobre o mercado luso-brasileiro;
Depois de quase dois anos de negociações, os tratados foram assinados em 19 de fevereiro de 1810. Estes tratados foram o de ALIANÇA E AMIZADE, o de COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO.
ALGUNS ASPECTOS DA ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA E ADMINISTRATIVA DO IMPÉRIO PORTUGUÊS DURANTE A PERMANÊNCIA DA FAMÍLIA REAL NO BRASIL
Implantação, no Brasil, de todos os órgãos do Estado Português (secretarias do Reino, da Guerra e Estrangeiros, da Marinha e Ultramar, do Real Erário).
No nível dos tribunais superiores, a administração de D.João criou a MESA DO DESEMBARGO DO PAÇO, DA CONSCIÊNCIA E ORDENS, pela fusão do DESEMBARGO DO PAÇO com a MESA DE CONSCIÊNCIA E ORDENS, pelo alvará de 22/04/1808 .
Transformação do TRIBUNAL DA RELAÇÃO DO RIO DE JANEIRO em CASA DE SUPLICAÇÃO para todo o Reino, pelo Alvará de 10/05/1808. 
Criação das RELAÇÕES DO MARANHÃO (1812) e de PERNAMBUCO (1821).
Foram criados também neste período, órgãos superiores de jurisdições especializadas:
Conselho Supremo Militar (Alvará de 1 de abril de 1808);
Intendência Geral da Polícia: criada pelo alvará de 05 de abril de 1808, com a finalidade de controlar as obras públicas e organizar as tropas na Corte.
O primeiro intendente geral de polícia nomeado foi o desembargador Paulo Fernandes Viana que já havia ocupado vários cargos públicos, inclusive o de OUVIDOR GERAL DO CRIME.
Mesmo com escassos recursos, o intendente organizou a GUARDA REAL DA POLÍCIA e iniciou o patrulhamento da cidade.
O intendente possuía ilimitada jurisdição para manter a ordem na cidade (possuía jurisdição sobre juízes criminais), ao mesmo tempo em que a Intendência assumia várias atribuições que, ordinariamente, caberiam ao Senado da Câmara, o que gerou desavenças entre as duas instâncias, uma vez que os camaristas perderam certas prerrogativas sobre o espaço urbano com a criação da Intendência.
Aspectos Relevantes do Direito no Brasil Imperial
A constituição de 1824 (caracterização inicial):
Com a dissolução da Assembleia Constituinte e a prisão de vários deputados, dentre eles os irmãos Andradas (José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos), o imperador cuidou de criar uma comissão de “notáveis” que elaborassem um projeto de constituição que resultou na Constituição outorgada em 25 de março 1824 - apesar de OUTORGADA, esta constituição marcou o início da institucionalização da monarquia constitucional, configurando-se a partir daí os Poderes do Estado, as garantias de direitos e a contenção de abusos – a prática constitucional somente teria início em maio de 1826, quando se instalou o Legislativo.
A Constituição de 1824 não diferia muito da proposta dos constituintes de 1823 – a grande diferença é que ela foi imposta pelo imperador ao “povo”, ou seja àquela minoria de brancos e mestiços que tinham participação política.
Com relação ao alcance da Constituição de 1824, devemos destacar dois pontos essenciais: 
Havia um contingente expressivo da população (os escravos) que estava excluído de seus dispositivos.
Ainda que a Constituição representasse um avanço do ponto de vista da organização dos poderes, da definição de atribuições e de garantia dos direitos individuais, sua aplicação seria muito relativa, especialmente no campo dos direitos em um país onde a maioria da população livre dependia dos grandes proprietários rurais, onde só uma minoria (bem pequena) tinha alguma instrução e onde existia uma tradição autoritária.
Esta constituição vigorou, com algumas modificações, até o final do período imperial e apresentou como principais características:
A forma de governo foi definida como MONÁRQUICA, HEREDITÁRIA e CONSTITUCIONAL.
O império teria uma nobreza, mas não uma aristocracia, cujos títulos seriam concedidos pelo imperador, não sendo, todavia hereditários.
A religião católica continuou como religião oficial, (o Estado Monárquico Brasileiro era CONFESSIONAL) permitindo-se o culto particular de outras religiões, sem que houvesse, todavia, “forma algum exterior de templo”.
O Poder Legislativo foi dividido em duas instâncias: a Câmara dos Deputados e o Senado – para a Câmara, a eleição era temporária, enquanto que, para o Senado, era vitalícia.
O voto era INDIRETO e CENSITÁRIO – INDIRETO (até a reforma de 1881) porque os votantes (que corresponderiam a massa atual de eleitores) votavam em um CORPO ELEITORAL, em ELEIÇÕES PRIMÁRIAS, o qual elegia os deputados e CENSITÁRIO porque para ser votante primário, fazer parte do CORPO ELEITORAL (COLÉGIO ELEITORAL), ser deputado ou ser senador, o indivíduo deveria atender a alguns requisitos, dentre os quais (e principalmente) de NATUREZA ECONÔMICA.
O país foi dividido em províncias cujos presidentes eram nomeados pelo imperador, ao mesmo tempo em que se asseguravam, formalmente, os direitos individuais (igualdade perante a lei, liberdade de religião com algumas restrições, liberdade de pensamento e de manifestação).
O Judiciário, apesar de formalmente independente, encontrava-se sob a égide dos interesses da administração.
Foram instituídos o Conselho de Estado e o Poder Moderador que desempenhariam importantes papéis no desenvolvimento da história política do Império.
O Conselho de Estado era um órgão composto por conselheiros vitalícios nomeados pelo Imperador dentre cidadãos brasileiros com idade mínima de 40 anos (idade avançada para a época), renda não inferior a 800 mil-réis e que fossem pessoas de “saber, capacidade e virtude” – o Conselho deveria ser ouvido nos “negócios graves e medidas gerais da pública administração”, como por exemplo, declaração de guerra e ajustes de pagamentos.
O Poder Moderador provinha de uma idéia do escritor francês Benjamin Constant que defendia a separação entre o Poder Executivo, cujas atribuições caberiam aos ministros do rei, e o poder propriamente imperial, chamado de neutro ou MODERADOR – tal poder, exercidopelo monarca (pelo imperador), teria a função de moderar as disputas mais sérias e gerais, interpretando a “vontade e o interesse nacional”, não intervindo na administração do dia-a-dia.
No Brasil nunca houve uma clara separação entre o Poder Moderador e o Poder Executivo, resultando uma concentração de atribuições nas mãos do imperador.
Assim, pelos princípios constitucionais, a figura do imperador foi considerada sagrada e inviolável, NÃO ESTANDO SUJEITA A RESPONSABILIDADE ALGUMA, cabendo a ele, dentre outros pontos, a nomeação de senadores, a faculdade de dissolver a Câmara e convocar eleições para renová-la e o direito de sancionar, ou seja, aprovar ou vetar as decisões da Câmara e do Senado.
ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA DO PERÍODO IMPERIAL:
A Constituição de 1824 deu nova feição à Justiça brasileira, elevando-a à condição de um dos poderes estatais (Do Poder Judicial – Título VI).
Pela Constituição imperial, o Poder Judiciário se organizava da seguinte forma:
PRIMEIRA INSTÂNCIA:
	Juízes de Paz – para conciliação prévia das contendas cíveis e, pela Lei de 15 de outubro de 1827, para instrução inicial das causas criminais, sendo eleitos em cada distrito. 
	Juízes de Direito – para julgamento das contendas cíveis e criminais, sendo nomeados pelo Imperador.
SEGUNDA INSTÂNCIA:
	Tribunais de Relação (Provinciais) - Para julgamento dos recursos das sentenças (revisão das decisões). 
TERCEIRA INSTÂNCIA: 
	Supremo Tribunal de Justiça - Para revista de determinadas causas e solução dos conflitos de jurisdição entre Relações Provinciais. (O Supremo Tribunal de Justiça foi efetivamente criado pela Lei de 18 de setembro de 1828, compondo-se de 17 Ministros - ao mesmo tempo em que foi extinta a Casa da Suplicação, o Desembargo do Paço e a Mesa da Consciência e Ordens).
ATENÇÃO (I) !!!
O Poder Moderador, exercido pelo Imperador, agia sobre o Poder Legislativo (direito de dissolução da Câmara, direito de adiamento e de convocação, direito de escolha, na lista tríplice, dos senadores), agia sobre o Poder Judiciário pelo direito de suspender magistrados (na prática, o texto constitucional negava a vitaliciedade e inamovibilidade dos juízes, assim como não assegurava a irredutibilidade de vencimentos), influía sobre o Poder Executivo pelo direito de escolher livremente seus ministros de Estado e livremente demiti-los – em nosso parlamentarismo o Imperador reinava e governava – a ação do poder do soberano encontrava-se reforçada pela existência de dois órgãos no aparelho político central: o Senado (órgão de reação contra as possíveis tendências excessivamente liberais da Câmara dos Deputados) e o Conselho de Estado (órgão consultivo que aconselhava o Imperador nas medidas administrativas e políticas, constituindo-se em intérprete supremo da Constituição).
ATENÇÃO (II) !!!
A carta constitucional de 1824 criou um Estado Unitário, vigorosamente centralizado política e administrativamente na capital do Império e nos poderes que a Constituição criou, tornando impraticável qualquer aspiração de autonomia dos poderes locais – o art. 165 estabelecia que cada província teria um presidente nomeado pelo Imperador que o poderia remover quando o bom serviço do Estado assim o entendesse; os artigos 81 e 84 tratavam das atribuições dos Conselhos Gerais das Províncias, que entre 1826 e 1834 se constituíram em meros órgãos consultivos, devendo as deliberações tomadas em maioria serem remetidas ao Poder Executivo (no Rio de Janeiro), por intermédio do Presidente da Província – se a Assembleia Geral estivesse reunida, as deliberações eram enviadas pela Secretaria de Estado para serem propostas como projetos de lei e para obterem a aprovação da Assembleia por uma única discussão em cada câmara - no caso do Legislativo não estar reunido, o Imperador poderia mandar executá-las provisoriamente ou negar-lhes aplicação.
ATENÇÃO (III) !!!
O rigorismo centralizador da Constituição de 1824 foi amenizado com a adoção do Ato Adicional de 1834 (e que foi “esvaziado” pela lei de interpretação do Ato Adicional de 1840) que criou as Assembleias Legislativas Provinciais (substituindo os Conselhos Gerais de Província) para as quais foram concedidos amplos poderes fiscais, legais e administrativos.
ELEIÇÃO PARA A CÂMARA DOS DEPUTADOS E SENADO DE ACORDO COM OS DISPOSITIVOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1824:
ELEIÇÕES PRIMÁRIAS (eleições para o Colégio Eleitoral
Votavam os cidadãos brasileiros, inclusive ESCRAVOS LIBERTOS, não podendo votar os menores de 25 anos, os criados de servir, os que não tivessem renda anual de pelo menos 100 mil-réis proveniente de bens de raiz (imóveis), indústria, comércio ou emprego – o equivalente ao rendimento líquido anual de 150 alqueires de farinha de mandioca;
(RICOS)
COLÉGIO ELEITORAL
Para ser candidato ao Colégio Eleitoral, o indivíduo, além dos requisitos anteriores, deveria ter uma renda anual de, no mínimo, 200 mil-réis e não ser escravo liberto – o equivalente ao rendimento líquido anual de 250 alqueires de farinha de mandioca;
CÂMARA DOS DEPUTADOS
Para ser candidato a deputado, além dos requisitos anteriores, era necessário ser católico e ter uma renda mínima anual de 400 mil-réis(RICO) – o equivalente ao rendimento líquido anual de 500 alqueires de farinha de mandioca; 
OBS I: Para ser candidato a senador, o pretendente deveria ter idade igual ou superior a 40 anos, que tivessem feito serviços à Pátria e que possuíssem rendimento anual proveniente de bens, indústria, comércio ou empregos de 800 mil-réis – o equivalente ao rendimento líquido anual de 1000 alqueires de farinha de mandioca. A votação para o Senado se dava em listas tríplices, cabendo ao Imperador a escolha de um dos nomes;
OBS II: As mulheres estavam excluídas dos direitos políticos pelas normas sociais e até 1882, era praxe, a admissão do voto de grande número de analfabetos, tendo em vista o silêncio da Constituição de 1824 a esse respeito
Aspectos Relevantes do Direito no Brasil Imperial
SOBRE O CÓDIGO DE PROCESSO CRIMINAL DE 1832...
O Código de Processo Criminal do Império alterou significativamente o direito brasileiro, pondo fim ao sistema judicial antigo derivado das Ordenações Filipinas. Na verdade, a denominação deste Código, de acordo com a lei de 29 de novembro de 1832 era “Código de Processo Criminal de primeira instância com disposição provisória acerca da administração da Justiça Civil”. Dentre as novidades introduzidas pelo Código de Processo Criminal podemos destacar:
 O modelo de investigação criminal típico das Ordenações (o processo inquisitorial) foi substituído por um JUIZADO DE INSTRUÇÃO, de perfil CONTRADITÓRIO, sob a direção de um JUIZ DE PAZ, leigo e eleito.
 Foram introduzidos o Conselho de Jurados (o Tribunal do Júri) e o recurso do HABEAS-CORPUS – havia dois conselhos de jurados: o da acusação (ou de pronúncia) com 23 jurados e o de sentença com 12 jurados.
 A primeira parte do Código reorganizou a justiça criminal, extinguindo as ouvidorias de comarca, os juízes de fora, os juízes ordinários, passando a justiça criminal a contar com os JUÍZES DE DIREITO, os JUÍZES MUNICIPAIS, JUÍZES DE PAZ e JURADOS.
Em nível de recurso havia as JUNTAS DE PAZ (formadas por cinco juízes de paz que apreciavam os recursos sobre as decisões dos juízes de paz) ou os TRIBUNAIS DA RELAÇÃO ou TRIBUNAIS PROVINCIAIS (para julgamento dos recursos das sentenças (revisão das decisões) dos JUÍZES DE DIREITO – para o SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA havia apenas o recurso de revista (os recursos de revista que lhe eram oferecidos, eram analisados com base exclusiva em nulidade manifesta ou injustiça notória no julgamento da causa pelas instâncias inferiores) 
 Os JUÍZES DE DIREITO eram nomeados pelo imperador e tinham atuação na COMARCA e sua função principal era presidir o Conselho de Jurados (presidiam os dois júris, o de acusação e o de sentença) – eram vitalícios e deviam ser bacharéis em direito com prática de um ano no foro;
 Os JUÍZES MUNICIPAIS eram nomeados pelos Presidentes de Província, por um período detrês anos, por meio de listas tríplices elaboradas pelas Câmaras Municipais, sendo escolhidos entre pessoas bem conceituadas – eram formados em direito ou podiam ser advogados de comprovada habilidade (na falta de bacharéis em direito, os Tribunais da Relação “passavam provisão” para os que tivessem conhecimento da prática forense) e sua atuação se dava nos TERMOS (subdivisões da COMARCA).
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!!! 
Apesar da autonomia municipal ter sofrido um revés importante com a lei de 01/10/1828 *, o Código de Processo Criminal de 29/11/1832, durante o tempo em que esteve em vigor (reformado em 1841) restabeleceu, de certa forma, a autonomia dos municípios, habilitando-os a exercer, por si sós, atribuições judiciárias e policiais, ao mesmo tempo em que ampliou os poderes dos JUÍZES DE PAZ em relação àquelas atribuições previstas na lei de implantação dos JUIZADOS DE PAZ.
Dentre as atribuições ampliadas dos JUÍZES DE PAZ, podemos destacar:
Competência para julgar ações cuja pena máxima não excedesse a cem mil-réis ou seis meses de cadeia.
Prender criminosos procurados pela Justiça fora de sua jurisdição. 
Efetuar a formação de culpa e a pronúncia dos acusados, indicar os inspetores de quarteirão e elaborar, juntamente com os párocos locais e o presidente da Câmara Municipal, a lista dos jurados. 
ATENÇÃO!!!
Durante a assembléia constituinte de 1823 que antecedeu a Constituição de 1824, havia dois posicionamentos sobre a natureza jurídica do município: um a favor da sua autonomia e outro defendendo a função meramente administrativa do poder municipal. Mas em 01/10/1828, foi editada a lei que regulamentava o exercício das funções municipais, definindo, em seu artigo 24, "serem as câmaras corporações meramente administrativas, na exercendo jurisdição alguma contenciosa". Assim, os municípios atravessaram o período imperial sem rendas próprias para prover as suas necessidades e sem autonomia para outras resoluções que porventura surgissem.
Dentre os principais dispositivos do Ato Adicional, podemos destacar:
 Suspensão do exercício do Poder Moderador durante a Regência. 
 Supressão do Conselho de Estado.
 Substituição da Regência Trina pela Regência Una, sendo o regente eleito para um mandato de 04 anos por voto secreto e direto.
 Criação do Município Neutro (artigo 1° do Ato Adicional).
 Criação das Assembléias Provinciais (número de deputados provinciais fixado no artigo 2° e com legislaturas bienais fixadas pelo artigo 4°) com maiores poderes que os Antigos Conselhos Gerais das Províncias – as decisões das Assembléias Provinciais não poderiam ser vetadas pelos Presidentes das Províncias, mas elas não tinham condições de legislar livremente, uma vez que não poderiam prejudicar “as imposições gerais do Estado” (art. 10, § 5º ).
 Pelo Ato Adicional, as Assembléias Provinciais passaram a ter competência para fixar e fiscalizar as despesas municipais e das províncias e para lançar os impostos necessários ao atendimento dessas despesas, desde que não prejudicassem as rendas a serem arrecadadas pelo governo central.
 Atribuiu-se também às Assembléias Provinciais a competência de nomear e demitir funcionários públicos, o que dava aos políticos regionais uma arma significativa tanto para a obtenção de votos em troca de favores, como para a perseguição de inimigos.
 O Ato Adicional previa, em seu artigo 3°, a possibilidade do Poder Legislativo Geral (a Assembléia Geral) decretar a criação de uma segunda câmara legislativa em qualquer província, a pedido de sua Assembléia Legislativa.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE!!!
Apesar do Ato Adicional não ter implantado uma FEDERAÇÃO (os presidentes das Províncias continuavam a ser escolhidos pelo Poder Central no Rio de Janeiro e as Províncias estavam impedidas de ter Constituições próprias), ele descentralizou a administração e concedeu mais autonomia às Províncias com a criação das ASSEMBLÉIAS PROVINCIAIS e com a DIVISÃO DAS RENDAS PÚBLICAS.
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Uma lei de 07/11/1831 tentou pôr em andamento o tratado, com a previsão de penas severas para os traficantes, declarando livres todos os cativos que entrassem no Brasil após aquela data - tal lei se mostrou inócua, uma vez que, os traficantes de escravos não eram ainda malvistos na sociedade brasileira e as reformas descentralizadoras da Regência os favoreceram, visto os júris locais, dominados pelos grandes proprietários absolviam os pouco acusados que iam a julgamento (uma lei para “inglês ver”).
Diante da inércia (na verdade, da impossibilidade prática e política) do governo brasileiro combater o tráfico de escravos de maneira efetiva, o Parlamento inglês aprovou em 1845 o SLAVE TRADE ACT (que no Brasil ficou conhecido como BILL ABERDEEN), proposto por George Hamilton Gordon, Lord Aberdeen (então ministro das Relações Exteriores do governo britânico), e que autorizava a Marinha Inglesa a tratar os navios negreiros como navios piratas, promovendo sua apreensão (tanto em alto-mar, como em águas territoriais brasileiras gerando alguns incidentes ao longo da costa, como por exemplo a troca de tiros entre um navio da Armada Inglesa e o Forte de Paranaguá, no Paraná) e levando os envolvidos para julgamento em tribunais ingleses – no Brasil, o Bill Aberdeen foi alvo de ataques com um certo conteúdo “nacionalista”.
LEI DE TERRAS
A Lei de Terras (Lei nº 601 de 18 de setembro de 1850), aprovada duas semanas após a extinção do tráfico de escravos, tentou colocar ordem no emaranhado existente em matéria de propriedade rural, determinando que, no futuro, as terras públicas (terras devolutas – terras públicas) não poderiam ser ocupadas por qualquer outro título que não o de COMPRA DO ESTADO EM HASTA PÚBLICA.
Garantia-se os direitos dos ocupantes de terra por posse mansa e pacífica ocorrida a partir de 1822 (quando foi revogado o instituto de doação de sesmarias) e dos possuidores de sesmarias com empreendimentos agrícolas instalados até a data da promulgação da lei.
Esta lei foi concebida como uma forma de evitar o acesso à propriedade da terra por parte dos futuros imigrantes, estabelecendo que as terras públicas deveriam ser vendidas por um preço suficientemente alto para que posseiros e imigrantes pobres fossem afastados. 
Na verdade, a lei visava o favorecimento dos grandes fazendeiros preocupados em atrair o trabalho de imigrantes, para substituir a mão-de-obra escrava, impedindo que aqueles se tornassem pequenos proprietários.
A CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS CIVIS DE TEIXEIRA DE FREITAS
Proclamada a Independência, foi promulgada a Lei de 20 de outubro de 1823 que determinou vigorassem no Império do Brasil as Ordenações Filipinas, as Leis e Decretos de Portugal promulgados até 25 de abril de 1821, até que se publicasse um novo Código.
A Constituição de 1824 expressou “a necessidade de se organizar, o quanto antes, um Código Civil e um Criminal, fundado nas sólidas bases da Justiça e da Eqüidade” - em 1830 e 1850 foram promulgados os Códigos Criminal e Comercial, respectivamente.
Para a legislação civil, adotou-se outro critério, o de aperfeiçoá-la em duas fases distintas: primeiro, seria feito o levantamento e a consolidação de toda a legislação vigente até ali (“formar um novo corpo, mas de direito já vigente”); a seguir, com o auxílio do que fora feito, seria elaborado o texto do novo Código Civil (“formar um corpo novo de direito novo”).
Em 15 de fevereiro de 1855, o Governo, representado pelo então Ministro da Justiça, José Tomás Nabuco de Araújo, celebrou contrato com o advogado Augusto Teixeira de Freitas, a quem foi concedido o prazo de cinco anos para a realização da tarefa.
A Consolidação (que foi publicada em 1857) foi o verdadeiro Código Civil do Brasil durante mais de meio século (até 1917, quando entrou em vigor o Código Civil Brasileiro, sancionado em 1º de Janeiro de 1916). 
Depois de haver realizado com pleno êxito a tarefa de elaborar a Consolidação das Leis Civis do Império, em 1859, Augusto Teixeira de Freitas foi contratadopelo governo imperial para elaborar o primeiro anteprojeto, mas o trabalho foi por ele abandonado em 1867, o que pode ser atribuído ao conflito entre as idéias de Teixeira de Freitas (que entendia que o Código Civil deveria abordar Direito Civil e Comercial)e as intenções do governo imperial (que entendia que o Código deveria abordar aspectos da legislação civil não incluídos no Código Comercial) a respeito dos temas que deveriam compor o Código Civil.
PRIMEIRA PARTE: DA CRISE DO 2º REINADO À PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
O MOVIMENTO ABOLICIONISTA: A LEGISLAÇÃO ABOLICIONISTA E O FIM DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL 
Com a tomada de medidas efetivas contra o tráfico, a escravidão estava destinada a acabar, ou seja, se o tráfico havia se tornado ilegal, a manutenção da escravidão perdia legitimidade – as questões que se colocavam a partir da extinção do tráfico de escravos eram: em que prazo e de que forma a escravidão iria acabar e quem substituiria a mão-de-obra escrava?
Entre 1850 e 1870, as áreas mais dinâmicas da economia brasileira (os fazendeiros do Centro-Sul do país) resolveram seus problemas de mão-de-obra através do tráfico interprovincial, ou seja, comprando escravos das regiões em decadência econômica (sobretudo do Nordeste açucareiro).
Alguns dos dispositivos da Lei do Ventre Livre (lei 2.040 de 28/11/1871):
O caput do Art. 1º desta lei declarava que “os filhos da mulher escrava que nascerem no Império desde a data desta lei, serão considerados de condição livre.” 
Todavia, de acordo com o § 1º, do Art. 1º desta lei, “os ditos filhos menores ficarão em poder e sob a autoridade dos senhores de suas mães, os quais terão obrigação de criá-los e tratá-los até a idade de oito anos completos.” 
Segundo este parágrafo, “chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãe terá a opção, ou de receber do Estado a indenização de 600$000, ou de utilizar-se dos serviços do menor até a idade de 21 anos completos.”
Ainda de acordo com este parágrafo, no caso do senhor da mãe optar pela indenização, “o governo receberá o menor, e lhe dará destino, em conformidade da presente lei, [sendo que] a indenização pecuniária acima fixada será paga em títulos de renda com o juro anual de 6%, os quais se considerarão extintos no fim de trinta anos.
Dentre outros dispositivos, a lei determinava, no caput do art. 2º e nos parágrafos que o compunham, que os filhos de escravas nascidos a partir da data da lei do Ventre Livre e entregues ao Estado por força de seus dispositivos (cessão por indenização, abandono ou retirada da tutela dos senhores de suas mães), seriam cedidos a associações que teriam o direito de usar os serviços gratuitos (ou alugá-los) dos menores até os 21 anos completos.
Retomando o processo abolicionista...
Com a aprovação da Lei do Ventre Livre, o movimento abolicionista arrefeceu, somente voltando a ter força na década de 1880, quando então pessoas de condições sociais diversas passaram a participar das campanhas abolicionistas.
Assim, a partir da década de 1880, enquanto o movimento abolicionista ganhava força com o surgimento de jornais e associações abolicionistas, nas províncias do Norte e Nordeste verificava-se um nítido desinteresse pela manutenção da escravidão e em 1884, o Ceará declarou extinta a escravidão em seu território.
Neste contexto verificou-se em 1885 a aprovação da Lei dos Sexagenários (Lei Saraiva-Cotegipe – Lei nº 3.270 de 28/09/1885), proposta por um gabinete liberal sob a presidência do Conselheiro Saraiva e aprovada no Senado quando os conservadores voltaram ao poder com um gabinete presidido pelo Barão de Cotegipe.
Em linhas gerais a lei concedia liberdade aos escravos com idade a partir de 60 anos completos antes e estabelecia normas para a libertação gradual de todos os escravos, mediante indenização – a lei foi pensada como forma de se deter o abolicionismo radical, não alcançando, contudo, este objetivo.
Alguns dos dispositivos da Lei dos Sexagenários (lei 3.270 de 28/09/1885
A Lei dos Sexagenários, como ficou conhecida, tinha como objetivo regular a extinção gradual do elemento servil. No caput do art. 1º desta lei, definia-se que seria realizada uma nova matrícula para os escravos, onde seriam declarados o nome, a nacionalidade, sexo, filiação (se conhecida), ocupação ou serviço em que estivesse empregado, idade e valor, calculado este último de acordo com tabela existente no § 3º deste artigo.
O art. 2º tratava da formação de um fundo de emancipação destinado ao pagamento de indenizações para os senhores que assim as requeressem, no caso de libertação de seus escravos inscritos na matrícula.
Os escravos libertados pelo fundo de emancipação, de acordo com o § 4º do artigo 3º desta lei, deveriam trabalhar para seus ex-senhores pelo prazo de 05 anos, devendo receber uma gratificação pecuniária por dia de serviço, arbitrada pelo ex-senhor e aprovada pelo Juiz dos Órfãos.
De acordo com o § 10 do art. 3º, todos os escravos com 60 completos, antes ou depois da promulgação da lei, seriam considerados libertos, devendo, porém, a título de indenização por sua alforria, prestar serviços a seus ex-senhores por 03 anos. No caput do art. 1º desta lei, definia-se que seria realizada uma nova matrícula para os escravos, onde seriam declarados o nome, a nacionalidade, sexo, filiação (se conhecida), ocupação ou serviço em que estivesse empregado, idade e valor, calculado este último de acordo com tabela existente no § 3º deste artigo.
Todos os libertos com mais de 60 anos e que houvessem completado o tempo de serviço previsto no § 10, continuariam em companhia de seus senhores que teriam a obrigação de alimentá-los, vesti-los e tratá-los em suas moléstias. Pelo § 14, o escravo libertado pelo fundo de emancipação deveria permanecer residindo no município onde se deu a alforria, por 05 anos, excetuando-se as capitais. O liberto que se ausentasse do município, de acordo com o § 15, seria considerado vagabundo e sujeito a ser preso pela Polícia para ser empregado em trabalhos públicos ou colônias agrícolas.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE ACERCA DO DISPOSTO NA LEI DOS SEXAGENÁRIOS...
De acordo com o § 12 da Lei dos Sexagenários, permitia-se a remissão dos serviços devidos pelos escravos com idade entre 60 e 65 anos, mediante o pagamento de valor que não excedesse a metade do valor arbitrado para os escravos da classe de 55 a 60 anos de idade, de acordo com a tabela existente no § 3º, do artigo 1º desta lei.
E, POR FIM, A ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO
Com a crescente desorganização do trabalho nas fazendas paulistas provocada pelas fugas em massa de escravos e com a ameaça, real ou potencial, de uma rebelião geral, em 1888 os conservadores propuseram o fim da Abolição sem restrições – em 13 de Maio de 1888, a Lei Áurea foi aprovada com grande votação no Parlamento e com os votos contrários de 9 deputados, sendo 8 da província do Rio de Janeiro;
Apesar da condição dos ex-escravos nos pós-13 de Maio variar muito de uma região para outra, o certo é que a abolição da escravidão não resolveu a questão do negro – nas regiões econômicas mais dinâmicas o trabalho do ex-escravo foi substituído pelo trabalho do imigrante e as escassas oportunidades que surgiram em outras áreas, contribuíram para o aprofundamento da desigualdade social da população negra.
A REFORMA ELEITORAL DE 1881
Por ocasião da segunda metade da década de 1870, as críticas ao sistema político imperial se tornaram mais intensas.
Um dos alvos da insatisfação era o sistema representativo e o processo eleitoral que o configurava, apesar das reformas realizadas em 1855, 1860 e 1875.
Em janeiro de 1878, subiu ao poder um gabinete liberal, tendo à frente João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu e que substituiu o governo conservador liderado por Caxias, que havia se afastado por motivo de saúde.
O principal projeto do governo Sinimbu que seria apresentado à Câmara dos Deputados tratava da realização de uma nova reforma eleitoral que deveria introduzir o VOTO DIRETO.
Para garantir a aprovação do projeto, onovo gabinete dissolveu, em 11/04/1878, a Câmara, de maioria conservadora, e convocou eleições visando a composição de uma Câmara com maioria (na verdade, com exclusividade) de deputados liberais. 
A campanha pela eleição direta fundamentava-se não apenas na alegação de se dar maior qualidade ao voto, proporcionar maior lisura do sufrágio e da autenticidade representação, mas também em uma preocupação velada com a redução dos custos das eleições para os potentados locais.
A principal causa atribuída aos problemas acima referidos estaria na extensa participação eleitoral, atribuindo-se a maior culpa pela corrupção e pelo falseamento dos resultados eleitorais ao VOTO DO ANALFABETO. 
Apresentava-se como solução a adoção da VOTAÇÃO DIRETA, com a supressão das ELEIÇÕES PRIMÁRIAS (que constavam do texto constitucional de 1824 e mantidas nas reformas de 1855, 1860 e 1875) e com a SUPRESSÃO DO VOTO DOS ANALFABETOS
O projeto foi aprovado na Câmara, apesar das ponderações feitas por Joaquim Nabuco, Saldanha Marinho, José Bonifácio (o Moço) contra o projeto, afirmando que os verdadeiros causadores da corrupção eleitoral não era o povo miúdo (especialmente, os analfabetos), mas sim o Governo e os políticos.
 
No Senado, o projeto encontrou fortes resistências e foi rejeitado – a rejeição ao projeto e a impopularidade do gabinete presidido por Sinimbu após a criação do IMPOSTO DO VINTÉM e da violência usada para a repressão à revolta popular que estourou contra o imposto, provocou sua substituição, em 28 de março de 1880, por outro gabinete liberal, presidido por José Antônio Saraiva que conseguiu a aprovação da reforma por lei ordinária de 09/01/1881, conforme o desejo do Senado.
A Lei Saraiva que implantou a reforma eleitoral instituía:
A eleição direta em turno único (eliminava-se a figura do VOTANTE).
Critérios mais rígidos para a comprovação de renda de 200 mil- réis exigida para os ELEITORES (praticamente vetava-se a participação de assalariados que não fossem funcionários públicos, já que não seriam aceitas as declarações dos empregadores como prova de renda).
A exclusão dos analfabetos do direito de voto.
O voto facultativo.
A divisão eleitoral das províncias em “círculos eleitorais” de um só deputado, exigindo-se maioria absoluta (metade mais um voto) na votação (não ocorrendo maioria absoluta, realizava-se um segundo escrutínio entre os dois candidatos mais votados).
O direito de elegibilidade aos naturalizados e aos não-católicos.
Em 1882, a lei eleitoral de 1881 sofreu uma pequena modificação, ao reduzir a idade mínima exigida para o exercício do voto, de 25 para 21 anos. 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES ACERCA DA REFORMA ELEITORAL DE 1881...
A reforma eleitoral de 1881 provocou uma drástica redução do eleitorado causada pela exclusão dos analfabetos (que correspondiam, aproximadamente, a 84% da população brasileira) e pelo maior rigor na verificação da renda exigida para o exercício do direito de voto.
Apesar de ter introduzido o voto direto, a reforma provocou um retrocesso na participação eleitoral e, por tabela, uma restrição do acesso à cidadania política formal.
Direito na República Velha
PRINCIPAIS ASPECTOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1891.
A mais concisa das constituições brasileiras, vazada em 91 artigos e mais 08 artigos das Disposições Transitórias – dividia-se em 05 títulos, subdivididos em seções e estas em capítulos. 
O Título I era o mais longo e tratava da ORGANIZAÇÃO FEDERAL (do art. 1º ao art. 62).
O Título II era reservado aos Estados-membros (do art. 63 ao art. 67).
O Título III regulava os Municípios em um único artigo (art. 68).
O Título IV (do art. 69 ao art. 68) tratava dos cidadãos brasileiros, definindo os que estivessem no gozo de seus direitos e de todos os estrangeiros que estivessem no Brasil em 15/11/1889 e que não declarassem, em 06 meses após a promulgação da Constituição, o desejo de conservar a nacionalidade de origem - neste título encontrava-se a Declaração de Direitos (Seção II) assegurados aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país.
O Título V (do art. 79 ao art. 91) trazia as Disposições Gerais, acompanhadas das Disposições Transitórias (compostas por 07 artigos). 
 
Nas Disposições Gerais, encontravam-se fixados a aplicação do Estado de Sítio, a responsabilidade dos funcionários, o serviço militar obrigatório e a organização do Exército e da Armada, a proibição de guerra de conquista, a instituição de um Tribunal de Contas, o modo de reformar a Constituição (art. 90 e art. 91).
Nas Disposições Transitórias, determinava-se a eleição do primeiro Presidente e do primeiro Vice-Presidente da República pelo Congresso, a concessão de uma pensão vitalícia a D. Pedro II, a compra da casa em que faleceu Benjamin Constant, localizada no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro (tratado como Grande Patriota e Fundador da República), cabendo o usufruto desse imóvel à viúva de Constant.
A Constituição de 1891 estruturava como forma de governo, a República Federativa, sob o regime representativo e presidencial, constituindo-se como Estados Unidos do Brasil pela união perpétua de suas antigas províncias (art. 1º), erigidas à condição de Estados-membros da federação, ao mesmo tempo em que o antigo Município Neutro passaria a constituir o Distrito Federal, continuando sua condição de capital do país (art. 2º).
Pelo art. 3º deste Título I, reservava-se para a União, no Planalto Central, uma área de 14.400 Km² destinada ao estabelecimento da futura capital federal.
Pelo art. 6º, o governo federal não poderia intervir em questões próprias aos Estados, salvo em questões que envolvessem conter invasão estrangeira ou a de um Estado pelo outro, manter a forma republicana, restabelecer a ordem e a tranquilidade a pedido dos governos dos Estados e assegurar a execução de leis e sentenças federais.
De acordo com o art. 15 deste Título I, ficava estabelecida a divisão tripartite dos poderes, sendo o Executivo, o Legislativo e o Judiciário considerados como “órgãos da soberania nacional”, atuando harmônica e independentemente entre si.
DESTAQUE IMPORTANTE...
O regime constitucional de 1891 optou pelo presidencialismo de modelo norte-americano - o Poder Executivo não podia dissolver a Câmara dos Deputados e nem era obrigado a escolher Ministros de confiança desta ou exonerá-los se perdessem essa confiança.
Foram garantidas as eleições diretas e majoritárias para Presidente e Vice-Presidente da República (art. 47), dentre brasileiros natos que estivessem no exercício de seus direitos políticos e que tivessem mais de 35 anos (art. 41, § 3º).
Os mandatos de ambos eram de 04 anos, não podendo haver reeleição do Presidente para o período seguinte (art. 43). 
Caso ocorresse a vacância, por morte ou por outra causa, da Presidência ou da Vice-Presidência quando ainda não houvessem decorridos dois anos do quadriênio para o qual tivessem sido eleitos, proceder-se-ia nova eleição. Se ocorresse a vacância decorridos dois anos ou mais (art. 42) do mandato, assumiria o Vice-Presidente.
O Vice-Presidente que ocupasse a Presidência no último ano de mandato, não poderia ser eleito para a Presidência no ano seguinte (art. 43, § 1º).
O processo e julgamento dos crimes de responsabilidade do Presidente da República davam-se perante o Senado Federal, após declarada procedente a acusação pela Câmara dos Deputados, sendo que, nos crimes comuns, o processo e julgamento far-se-ia perante o Supremo Tribunal Federal (Capítulo V, art. 53), seguindo as disposições de impeachement da Constituição americana de 1787, que vêm sendo adotada até os dias atuais.
O Poder Legislativo era BICAMERAL e deputados e senadores eram invioláveis por suas palavras e opiniões no exercício do mandato e gozavam de imunidade, não podendo ser presos nem processados sem licença da Câmara, salvo flagrante (art. 19 e art. 20).
Os deputados eram eleitos por 03 anos, na proporção de 01 para cada 70.000 (sendo que o número mínimo de deputados era de 04 por Estado – art. 28, § 1º)e os senadores, em número de três para cada estado, eram eleitos por nove anos, ocorrendo a renovação de 1/3 do Senado a cada triênio (art. 31).
Eram eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistassem na forma da lei. Não poderiam alistar-se para as eleições federais ou estaduais os mendigos, os analfabetos, as praças de pré, excetuando os alunos das escolas militares de ensino superior, os religiosos de ordens monásticas, companhias, congregações, ou comunidades de qualquer denominação, sujeitas a voto de obediência, regra ou estatuto que importe a renúncia da liberdade individual (art. 70, § 1º).
Os direitos de cidadão brasileiro só eram suspensos por incapacidade física ou moral ou por condenação criminal enquanto durassem os seus efeitos (art. 71, § 1º). A perda dos direitos se daria para aqueles que se naturalizarem em país estrangeiro ou por aceitação de emprego, pensão, condecoração ou título estrangeiro sem licença do Poder Executivo Federal (art. 71, § 2º).
A Constituição garantiu e enunciou as clássicas liberdades privadas, civis e políticas aos brasileiros e estrangeiros residentes no país (Seção II – Declaração de Direitos - art. 72) silenciando sobre a proteção ao trabalhador.
Como decorrência dessa declaração de direitos, ocorreu um abrandamento das penas criminais, suprimindo-se as penas de galés, morte e banimento. Eleva-se o instituto do HABEAS CORPUS, que havia sido instituído no ordenamento jurídico brasileiro com o Código de Processo Criminal de 1832, à CATEGORIA CONSTITUCIONAL (art. 72, § 22).
O Congresso votava orçamento anual, autorizava empréstimos, regulava comércio exterior e interno, guerra e paz, resolvia sobre tratados com nações estrangeiras, declarava estado de sítio, concedia anistia, votava, como competência privativa, as leis de naturalização e legislava sobre todas as matérias de competência da União.
A ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA NA REPÚBLICA VELHA.
O Poder Judiciário, na Constituição de 1891, estava assim disposto: “art. 55 - O Poder Judiciário, da União terá por órgãos um Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital da República e tantos Juízes e Tribunais Federais, distribuídos pelo País, quantos o Congresso criar”.
O Superior Tribunal de Justiça passava a Supremo Tribunal Federal, através do Decreto nº. 1, de 26/02/1891, composto por 15 ministros (art. 56), nomeados pelo Presidente da República (conforme o disposto no art. 48, 12º). 
O Supremo Tribunal Federal passou a ter função uniformizadora da jurisprudência em matéria de direito constitucional e federal através da emenda constitucional de 3 de setembro de 1926, reparando-se, assim, o equívoco do sistema judiciário imperial, que não fora corrigido com a promulgação da Constituição de 1891.
A Constituição de 1891 previu a instituição dos Tribunais Federais, mas estes nunca chegaram a ser criados durante a República Velha durante o tempo em que perdurou nossa primeira carta política. Assim, pelo Decreto 3.084, de 5 de novembro de 1898, instituiram-se apenas os JUIZADOS FEDERAIS, sendo sua lotação por Estado distribuída da seguinte forma: 1 juiz seccional, 3 juízes substitutos e 3 juízes suplentes.
Os Tribunais de Relação das Províncias passavam a Tribunais de Justiça dos Estados (19 Tribunais), como órgãos de cúpula da Justiça Comum Estadual. Ostentando, inicialmente, as mais variadas denominações:
A República manteve os juízes de direito (que no Rio Grande do Sul eram denominados de Juízes de comarca), os juízes municipais (denominados em alguns Estados como juízes distritais), os tribunais do júri e os juízes de paz (que continuavam sendo eletivos). 
A justiça estabeleceu-se em DOIS NÍVEIS: a justiça federal e as justiças estaduais, além do Supremo Tribunal Federal.
 A justiça federal (os juízes e os tribunais federais) julgariam causas fundadas na Constituição e as de interesse da União.
 O STF julgaria ORIGINARIAMENTE os crimes comuns do Presidente e de quaisquer ministros, dos ministros diplomáticos, causas entre União e Estados, conflitos entre juízes federais ou entre estes e os juízes estaduais.
 Julgaria em GRAU DE RECURSO, as causas julgadas pelos juízes e tribunais federais, competindo-lhe a revisão criminal e em RECURSO EXTRAORDINÁRIO, as decisões dos tribunais e dos juízes dos Estados quando se discutisse a vigência e a validade de leis federais negadas por alguma justiça estadual, as divergências entre tribunais estaduais e questões de Direito Criminal ou Civil Internacional.
 O controle da constitucionalidade era difuso, mas a declaração de inconstitucionalidade de leis e decretos somente se produzida para casos concretos – a justiça não revogava nem declarava uma lei inconstitucional ERGA OMNES, como pode fazer hoje.
UMA SÍNTESE IMPORTANTE...
A constituição de 1891 estabeleceu a federalização do poder (que abriria caminho para o fortalecimento dos poderes locais, fortalecimento este que se consubstanciou no POLÍTICA DOS GOVERNADORES, definido na gestão de Campos Sales), promoveu a separação entre Igreja e Estado, eliminou o Conselho de Estado e o contencioso administrativo – do ponto de vista tributário estabeleceu-se uma divisão de tributos entre a União e os Estados, determinando-se que os Estados escolheriam alguns de seus impostos para os Municípios.
Durante a década de 1920, a desilusão com o regime republicano da Constituição de 1891 era muito grande em virtude do seguinte quadro:
A mentira eleitoral resultante das práticas dos “currais eleitorais” e do “voto de cabresto”, agravada pelas “degolas” que ocorriam na apuração no Congresso.
As intervenções federais pretensamente baseadas no Art. 6º da Constituição – em muitos casos, intervenções militares.
O revezamento (pelo menos, em tese) entre Minas e São Paulo no comando do executivo federal.
Os acordos resultantes da “política dos governadores” em que os chefes locais fraudavam os resultados das eleições federais e estaduais e em troca o governador lhes retribuía com nomeações de delegados e subdelegados, juízes de paz, professores e outros cargos com que garantiam seu poder, protegendo os apaniguados e perseguindo os adversários.
Era Vargas e o Direito: O governo Provisório ao Estado Novo
Um dos resultados políticos mais significativos do movimento revolucionário de 1930 foi o afastamento da oligarquia paulista do centro do poder. Tal deslocamento, todavia, não significou que os setores sociais que se encontravam articulados e/ou associados aos vitoriosos de 30 tivessem condições de ocupar tal posição para legitimar o novo regime ou para solucionar a crise econômica.
Com a vitória da Revolução de 1930 e com a deposição do último presidente do período oligárquico da história republicana brasileira, Washington Luiz, em 24 de outubro, o poder foi exercido por uma junta governativa que transmitiria em 3 de novembro o governo ao candidato derrotado nas eleições presidenciais de 1929, Getúlio Vargas, que se tornava chefe do Governo Provisório. Em 11 de outubro foi promulgado o Decreto no 19.398 que dava perfil institucional aos poderes discricionários deste cargo.
Com a vitória da Revolução de 1930 e com a deposição do último presidente do período oligárquico da história republicana brasileira, Washington Luiz, em 24 de outubro, o poder foi exercido por uma junta governativa que transmitiria em 3 de novembro o governo ao candidato derrotado nas eleições presidenciais de 1929, Getúlio Vargas, que se tornava chefe do Governo Provisório - em 11 de novembro foi promulgado o Decreto no 19.398 que dava perfil institucional aos poderes discricionários deste cargo.
Ao se definir como um regime passageiro e ao assumir o compromisso com a revisão da legislação vigente e com a recondução do país a um ambiente de normalidade legal, por via da convocação de uma assembléia constituinte, o Governo Provisório buscava assegurar sua legitimidade através do compromisso com a constitucionalização.
 Dentre os principais aspectos que merecem destaque na análise da Constituição de 1934, podemos destacar:A Constituição de 1934 recepcionou o constitucionalismo social de Weimar (Constituição Alemã de 1919), fixando em nosso ordenamento jurídico os direitos sociais, sob a forma de preceitos norteadores da legislação trabalhista - na verdade, a Carta de 1934 seguiu as tendências de incorporação de dispositivos de proteção social que se encontravam presentes em constituições como a Constituição Mexicana de 1917, a própria Constituição Alemã anteriormente citada e a Constituição Republicana Espanhola de 1931. 
Considerações sobre a ordem econômica e social estiveram presentes pela primeira vez em um ordenamento constitucional brasileiro – a autonomia sindical, a jornada de oito horas de trabalho, a previdência social, os dissídios coletivos, proibição da diferença de salário para um mesmo trabalho por motivos de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil, fixação do salário mínimo, repouso hebdomadário (repouso semanal), férias anuais remuneradas, indenização ao trabalhador dispensado sem justa causa, regulamentação do exercício de todas as profissões, reconhecimento das convenções coletiva de trabalho encontravam-se garantidos em legislação trabalhista, assim como a família passou a ser objeto de proteção especial.
Implantação da Justiça do Trabalho para dirimir as questões entre empregados e empregadores (em relação à Justiça do Trabalho não se aplicava o que estava disposto no Capítulo IV do Título I, referente ao Poder Judiciário).
Foi mantida a divisão tripartite dos poderes, sendo que o Executivo foi fortalecido com uma maior capacidade para decretar o estado de sítio – foi mantido o mandato de quatro anos para o presidente da República, sem direito à reeleição e a figura do vice-presidente foi abolida.
 
Instituiu-se o mandado de segurança como garantia de defesa de direito certo e incontestável que estivesse ameaçado ou que fosse violado por ato claramente inconstitucional de qualquer autoridade e mantiveram-se os direitos e as garantias individuais que constavam do texto constitucional de 1891
O Legislativo manteve-se bicameral, apesar de um certo esvaziamento das prerrogativas do Senado Federal em matéria legislativa, o que de certa forma foi compensado com a atribuição de funções de perfil mais federativo, tais como a promoção da coordenação dos poderes federais entre si, a manutenção da continuidade administrativa, a guarda da Constituição, a colaboração na elaboração de leis e a prática de atos que fizessem parte de sua competência.
Uma interessante competência atribuída ao Senado pela Carta de 1934, e que teria se constituído em uma curiosa reminiscência do Poder Moderador, consistia na fiscalização da legalidade dos regulamentos expedidos pelo Poder Executivo e na suspensão da execução dos dispositivos ilegais - tal competência dizia respeito não somente a uma função política, mas também a uma função jurisdicional.
A União foi autorizada a monopolizar determinadas indústrias ou atividades econômicas por força do interesse público, ao mesmo tempo em que condicionou o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, bem como das águas e da energia hidráulica a autorização ou concessão federal – estabeleceu uma separação entre a propriedade do solo e a propriedade das riquezas do subsolo.
O tema da segurança nacional aparecia pela primeira vez nesta constituição - tudo o que dissesse respeito à segurança nacional seria examinado pelo Conselho Superior de Segurança Nacional, sob a presidência do Chefe do Executivo federal e dele fazendo parte os Ministros de Estado, o Chefe do Estado-Maior do Exército e o Chefe do Estado-Maior da Armada. 
Dentre as disposições relacionadas às questões de segurança nacional previstas na Constituição de 1934, podemos destacar a obrigatoriedade do serviço militar, tornando as obrigações definidas em texto legal para com a segurança nacional em pré-requisitos essenciais para o exercício de função pública por parte de qualquer brasileiro.
A Era Vargas E O Direito: Ditadura do Estado Novo
DO GOVERNO LEGITIMAMENTE ELEITO À DITADURA DO ESTADO NOVO:
As esperanças de que o país viveria em um regime democrático, firmado no texto constitucional de 1934 se mostraram frustradas já que, aproximadamente 03 anos após a promulgação da carta de 34, seria implantado o regime autoritário do Estado Novo.
Com a promulgação da constituição de 1934 e o fim do regime discricionário do Governo Provisório o país voltou à normalidade institucional-democrática – com a anistia proclamada pela Constituição, muitos dos participantes da Revolução Constitucionalista de 1932 retornaram do exílio, sendo recebidos, em muitos casos, com grandes manifestações populares.
Em outubro de 1934 ocorreram eleições para a Câmara dos Deputados e para as Assembléias Constituintes dos Estados, cujos membros procederiam as eleições indiretas para os governos estaduais e para os representantes no Senado, além de terem que elaborar as constituições estaduais em um prazo de, no máximo, 04 meses – foram eleições turbulentas, tendo havido conflitos no Pará, Maranhão, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Rio de Janeiro e em muitos estados os interventores foram derrotados (dos 21 interventores somente 09 foram eleitos governadores, destacando-se Armando de Sales Oliveira em SP, Flores da Cunha no RS, Benedito Valadares em MG, Juraci Magalhães na BA e Carlos de Lima Cavalcanti em PE).
A partir da restauração da ordem legal e democrática, a participação política foi estimulada e os movimentos sociais se fortaleceram - Várias greves ocorreram no Rio de Janeiro, em S. Paulo, no Rio Grande do Norte e em Belém, destacando-se as paralisações em serviços públicos: comunicações, transportes, bancos.
 Organizações políticas não-partidárias de direita (a Ação Integralista Brasileira – AIB) e de esquerda (a Aliança Nacional Libertadora – ANL) se tornaram expressivas e alcançaram grande capacidade de mobilização em nível nacional.
 A AIB havia sido criada já em 1932, dirigida por Plínio Salgado, era uma organização paramilitar, inspirada no fascismo italiano, orientada por um nacionalismo e moralismo extremados e combatia os partidos políticos existentes, defendendo a integração plena da sociedade e do Estado, cuja representação se faria através de uma única e forte agremiação: a própria AIB.
 A ANL foi criada em março de 1935 e se inspirava nos modelos de frentes populares que se constituíam na Europa para impedir o avanço do nazismo e do fascismo – era composta por comunistas, socialistas e liberais desiludidos com os rumos assumidos pelo regime oriundo da Revolução de 1930 (além de importantes lideranças tenentistas como Miguel Costa, Herculino Cascardo, Agildo Barata) e defendia a implantação da reforma agrária, das liberdades públicas e preconizava a luta anti-imperialista, tendo como presidente de honra o ex-tenente e agora líder comunista, Luís Carlos Prestes.
Com a emergência das primeiras manifestações de pressão políticas das novas forças sociais organizadas, o governo Vargas organizou a repressão em duas frentes:
A repressão policial voltada, principalmente, contra a classe operária e que se estendeu posteriormente a jornalistas, intelectuais e parlamentares de oposição.
 
A implantação de uma legislação de exceção (lei nº 38 de 04 de abril de 1935 – Lei de Segurança Nacional) que suprimiu uma série de liberdades democráticas e definiu como crimes contra a ordem política e social, dentre outros: a provocação de animosidade nas classes armadas, a incitação do ódio entre classes sociais, a propaganda subversiva, a greve de funcionários públicos, a organização de associações ou de partidos com o objetivo de subverter a ordem política e social.
Além dos movimentos sociais, tensionamentos na cúpula do governo (como os que foram gerados pela demissão de Góis Monteiro do Ministério da Guerra, em julho de 1935) faziam aumentar os boatos sobre golpes – desde o início de 1935, a preocupação com conspirações militares era permanente, incluindo-se aí oficiais que nada tinham a ver coma ANL ou com o PCB.
Em julho de 1935, a ANL com sedes espalhadas por todo o território nacional e tendo arregimentado milhares de simpatizantes, foi colocada na ilegalidade depois do discurso proferido por Prestes em 05 de julho e a partir de agosto de 1935 começou a organizar, na clandestinidade, um movimento armado com o objetivo de derrubar Vargas e implantar um governo popular.
Na clandestinidade, a ANL, como movimento de massas, começou a esvaziar e passou a ser controlada pelo PCB e por Prestes que intensificou os contatos com antigos camaradas, demonstrando a clara intenção de continuar a luta iniciada pela Coluna.
No dia 23 de novembro de 1935, o movimento que ficaria conhecido como Intentona Comunista, teve início em Natal, no 21º Batalhão de Caçadores, espalhando-se para o Recife (onde o foco da rebelião foi o 29º Batalhão de Caçadores) e para o Rio de Janeiro, onde a rebelião estourou no dia 27 de novembro no 3º Regimento de Infantaria e seguido por rebeldes da Escola de Aviação Militar.
O episódio do levante comunista de 1935 foi um fracasso e abriu caminho para amplas medidas repressivas por parte do governo, ao mesmo tempo em que intensificou a escalada autoritária que já se verificava desde a promulgação da constituição de 1934:
Em 25 de novembro de 1935, durante a insurreição comunista, o governo já havia pedido a decretação do estado de sítio por 60 dias.
Em janeiro de 1936 foi criada a Comissão Nacional de Repressão ao Comunismo e que se destinava a investigar a participação de funcionários públicos e de outras pessoas em atos ou crimes contra as instituições políticas e sociais.
Em 21 de março de 1936, o governo promulga um decreto que equipara “comoção interna” com o Estado de Guerra, suspendendo todas as garantias previstas no artigo 113 (exceto as garantias constantes dos números 1,5,6,7,10,15,17,18,19,20,28,30,32,34,35,36 e 37)
Ao longo do ano de 1936, o Congresso aprovou todas as medidas excepcionais solicitadas pelo Poder Executivo e a partir do decreto de 21 de março de 1936, o “estado de comoção interna” equiparado a estado de guerra foi prorrogado sucessivamente até junho de 1937 - em março de 1937 a polícia invadiu o Congresso e prendeu cinco deputados que eram considerados simpatizantes da ANL.
 A chefia de polícia do Distrito Federal, a cargo do “ex-tenente”, Filinto Müller teve seus poderes consideravelmente ampliados, especialmente para calar os opositores de Vargas.
 Em fins de outubro de 1936 começou a funcionar o Tribunal de Segurança Nacional que havia sido criado pela Lei nº 244 de 11 de setembro de 1936 (e inicialmente incorporado à Justiça Militar, sendo dela desvinculado pelo Decreto-lei de 20 de dezembro de 1937), e que, a princípio, se destinava a julgar os comprometidos na insurreição de 1935, mas que se transformou em órgão permanente de repressão aos opositores de Getúlio e que existiu durante todo o Estado Novo.
 Em janeiro de 1938 deveriam ocorrer eleições e no final de 1936/início de 1937 definiram-se três candidaturas para o futuro pleito presidencial: Armando Salles de Oliveira pelo Partido Constitucionalista, José Américo pelo governo e Plínio Salgado pelos integralistas;
Apesar de um certo afrouxamento das medidas repressivas por volta de junho de 1937, o novo pedido de prorrogação do estado de guerra não foi concedido pelo Congresso – por outro lado, Getúlio e o grupo mais chegado a ele não se dispunham a abandonar o poder.
Ao longo de 1937 o governo federal promoveu intervenções em alguns Estados e no Distrito Federal cujo prefeito, Pedro Ernesto, foi destituído por, possivelmente, estar associado à ANL – no Exército, vários oficiais legalistas foram afastados dos comandos militares.
Em setembro de 1937, veio a público um suposto plano de uma insurreição comunista – o famoso plano Cohen – cujos efeitos de sua divulgação levaram o Congresso a aprovar o estado de guerra e a suspensão das garantias constitucionais por 90 dias. 
No Rio Grande do Sul, o comandante da III Região Militar decretou a federalização da Brigada Militar, tirando de Flores da Cunha, importante liderança política gaúcha que se opunha a Vargas, o instrumento de resistência a um golpe que pudesse ser perpetrado por Getúlio.
Em 10 de novembro de 1937, tropas da polícia militar cercaram o Congresso, impedindo a entrada dos parlamentares e à noite Getúlio anunciou uma nova fase política e a entrada em vigor de uma nova Constituição, elaborada por Francisco Campos, iniciando-se assim a ditadura do Estado Novo – o Congresso foi dissolvido e a 13 de novembro, 80 membros do Congresso dissolvido foram levar solidariedade a Getúlio.
ALGUNS ASPECTOS DA CONSTITUIÇÃO DE 1937
A constituição de 1937 não teve aplicação regular por força do golpe que instalou o Estado Novo e concentrou o Poder Executivo e o Poder Legislativo nas mãos do Presidente que governava por via de decretos-leis.
Segundo Francisco Campos, principal autor do texto da Carta constitucional do Estado Novo, a Constituição de 1937 era de valor puramente histórico, uma vez que, o plebiscito que deveria ter sido realizado, por força do contido no art.187, nunca se realizou, ao mesmo tempo em que o mandato do presidente não deveria exceder a seis anos (conforme o art. 80), somente se concluiria se o plebiscito tivesse sido realizado e fosse favorável à Constituição (conforme previsto no art. 175).
A constituição de 1937 (outorgada) tem como referência a constituição polonesa de 1935, em relação a qual, nossa constituição mostrava grande convergência, especialmente no que se referia à proeminência dada ao poder Executivo – nesta constituição, todavia, encontravam-se capitulados como crimes de responsabilidade do presidente da República os atos que atentassem contra a existência da União, contra a Constituição, contra o livre exercício dos poderes políticos, contra a probidade administrativa, contra a guarda e emprego do dinheiro público e contra a execução das decisões judiciárias (art. 85).
Nesta constituição há um claro silêncio sobre os partidos políticos, o repúdio à Justiça Eleitoral – sua redação era extremamente concisa e direta, mostrando-se sempre uma constituição provisória;
 Pela constituição dissolveu-se o Parlamento, para o qual deveriam ser realizadas novas eleições (art. 178) após o plebiscito que nunca ocorreu – as garantias individuais foram mantidas (no texto, é claro), fixava-se a possibilidade de previsão de pena de morte, para determinados crimes de natureza política (atentado contra a soberania, contra a integridade do território nacional, contra a ordem social estabelecia) e nos crimes de homicídio cometidos com extremos de perversidade (art. 122, nº 13).
No caso da educação, diferentemente da constituição de 1934 (que dava ao Estado a obrigação direta para com a constituição), esta passou a ser responsabilidade direta da família, com a colaboração do Estado (art. 125).
No que se referia à organização familiar, preconizava-se a igualdade de filhos legítimos e naturais, sem determinar, contudo, como isso seria feito (art.126).
No que dizia respeito à legislação social e trabalhista, elas foram mantidas (art. 137).
ALGUNS DOS PRINCIPAIS MARCOS DA INSTITUCIONALIDADE SOCIAL E TRABALHISTA DO ESTADO BRASILEIRO CONSTRUÍDA DURANTE A ERA VARGAS (1930-1945)
Criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública por meio do Decreto nº 19.402, de 14.11.1930.
Decreto-Lei nº de 07 de maio de 1945 (Lei Orgânica dos Serviços Sociais do Brasil), que criou o Instituto dos Serviços Sociais do Brasil
Consolidação das Leis do Trabalho implantada pelo Decreto-lei de nº 5.452, de 01 de maio de 1943. 
Criação e normas de aplicação e recolhimento do Imposto Sindical por meio do Decreto-lei nº 4.298, de 14 de maio de 1942.
Organização da Justiça do Trabalho dada pelo Decreto-lei nº 1.237, de 02 de maio de 1939 e início de seu funcionamento em 01 de maio de 1941.
Nova diploma legal de regulamentação da sindicalização (Decreto-lei nº 1.402, de 05 de julho de 1939).
A implantaçãodo SALÁRIO-MÍNIMO se deu através da Lei nº 185, de 14 de janeiro de 1936 e do Decreto-lei nº 399, de 30 de abril de 1938 que regulamentou a aplicação da lei anterior – a partir da implementação do SALÁRIO-MÍNIMO, passou a existir um valor mínimo de remuneração, diferenciado por regiões.
Previsão da implantação da Justiça do Trabalho e consagração da intervenção do Estado em assuntos de política econômica e social-trabalhista pela Constituição de 1934
Criação das Comissões Mistas de Conciliação e Justiça (Decreto-lei nº 21.396, de 12 de maio de 1932) e das Juntas de Conciliação e Julgamento (Decreto-lei nº 22.132, de 25 de novembro de 1932).
Institucionalização da Carteira de Trabalho e Previdência Social (Decreto-lei nº 21.175, 21 de março de 1932) e regulamentação pelo Decreto nº 22.035, de 29 de outubro de 1932).
Regulação da sindicalização das classes patronais e operárias (Decreto-lei nº 19.770, de 19 de março de 1931). 
Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio por meio do Decreto nº 19.433, de 26.11.1930 – conhecido como “Ministério da Revolução”.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES ACERCA DA CONSTRUÇÃO DA INSTITUCIONALIDADE SOCIAL E TRABALHISTA DA ERA VARGAS:
Ainda que a Era Vargas não tenha sido pioneira no que se refere à implantação de uma legislação trabalhista no Brasil, certamente, com a ascensão de Vargas ao poder iniciou-se um novo tempo no que se refere aos direitos do trabalho.
 Já em novembro de 1930, a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio revelou um novo projeto em que o Estado brasileiro passaria a regulamentar e fiscalizar as relações entre CAPITAL e TRABALHO no país.
 Em 12 de dezembro de 1930, o Governo Provisório promulgou a chamada “lei dos 2/3, que limitava a entrada, no país, de passageiros estrangeiros de 3ª classe e que exigia que as empresas tivessem 2/3 de trabalhadores nacionais.
 A primeira lei de regulamentação da sindicalização da Era Vargas (Decreto-lei nº 19.770, de 19 de março de 1931) assumiu um modelo doutrinário de cunho corporativista, estabelecendo que as associações de empregados e empregadores deveriam se organizar por ramos de produção econômica (unidade sindical), ao mesmo tempo em que o sindicato passou a ser considerado como órgão consultivo e de colaboração com o Estado, garantindo os benefícios da legislação social, a ser implementada, apenas para os trabalhadores sindicalizados.
 A implementação da Carteira de Trabalho, em 1932 (Decreto nº 22.035, de 29 de outubro de 1932), permitiu ao Ministério do Trabalho um maior controle sobre a população trabalhadora e, neste mesmo ano, o governo reconheceu as profissões que poderiam legalmente existir.
Durante a gestão do Salgado Filho (1932 a 1934), à frente do Ministério do Trabalho, foram sancionadas numerosas leis que tratavam da regulação das condições de trabalho dos que se encontravam no mercado de trabalho (leis trabalhistas) e das questões que tratavam do amparo àqueles que, temporariamente ou definitivamente, se afastavam do mercado de trabalho (leis previdenciárias).
 De maneira bastante simplificada, podemos dizer que as Comissões Mistas de Conciliação destinavam-se a dirimir os DISSÍDIOS COLETIVOS, tendo caráter conciliatório e arbitral, sendo que, as decisões jurisdicionais ficavam a cargo do MINISTRO DO TRABALHO – tais comissões eram paritárias e organizadas onde houvesse sindicatos de patrões e empregados, presididas por magistrados, advogados ou funcionários públicos.
 As Juntas de Conciliação e Julgamento eram competentes para os DISSÍDIOS INDIVIDUAIS, sendo compostas por um presidente, nomeado pelo Ministério do Trabalho e por dois vogais, representantes das classes patronal e laboral – a lei definia a instância única trabalhista, ainda que o MINISTRO DO TRABALHO tivesse prerrogativa de avocar processos.
 A Constituição de 1934 consagrou no capítulo da Ordem Econômica e Social a intervenção do Estado brasileiro em temas de política econômica e social (art. 121).
 A lei de sindicalização de 1939 retomou a orientação da lei de 1931, instituindo a unidade e a tutela sindicais, proibindo explicitamente as greves, dando ao Estado a capacidade de promover intervenções nos assuntos financeiros e administrativos dos sindicatos.
A implantação do SALÁRIO-MÍNIMO se deu através da Lei nº 185, de 14 de janeiro de 1936 e do Decreto-lei nº 399, de 30 de abril de 1938 que regulamentou a aplicação da lei anterior – a partir da implementação do SALÁRIO-MÍNIMO, passou a existir um valor mínimo de remuneração, diferenciado por regiões.
A partir do dia 01 de maio de 1941, passou a funcionar em todo o território brasileiro, a Justiça do Trabalho, criada como parte do PODER EXECUTIVO.
O CÓDIGO PENAL E O CÓDIGO DE PROCESSO PENAL DA ERA VARGAS: 
Sob a égide do Estado Novo e da Constituição de 1937 foi elaborado o “novo” Código Penal, sancionado pelo Decreto-lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940, entrando em vigência a partir de 1º de janeiro de 1942, e que até hoje está em vigor, embora com inúmeras alterações.
O Projeto Alcântara Machado foi a base do novo diploma, revisto por uma comissão composta, dentre outros, por Nelson Hungria e Roberto Lyra, presidida pelo então Ministro da Justiça, Francisco Campos.
Diversos estudiosos do Direito Penal afirmam que esse novo diploma seria uma obra eclética, pois tanto encampava alguns postulados da Escola Clássica como também da Escola Positiva, além de utilizar o que havia de melhor nas legislações modernas de orientação liberal, especialmente o código italiano e suíço.
Pela primeira vez se fazia uma separação entre crime e contravenção, além da adoção do dualismo culpabilidade = pena e periculosidade = medida de segurança, consideração a respeito da personalidade do criminoso. Está o código dividido em uma Parte Geral e uma Parte Especial, contendo Livros em cada uma.
A estrutura atual do Código Penal é a seguinte: Parte Geral (arts. 1º a 120), subdividida em Titulo I — Da aplicação da lei penal; Título II — Do crime; Título III — Da imputabilidade penal; Título IV — Do concurso de pessoas; Título V — Das penas; Título VI — Das medidas de segurança; Título VII — Da ação penal; Título VIII — Da extinção da punibilidade. Uma Parte Especial (arts. 121 a 361), subdividida em Título I — Dos crimes contra a pessoa; Título II — Dos crimes contra o patrimônio; Título III — Dos crimes contra a propriedade imaterial; Título IV — Dos crimes contra a organização do trabalho; Título V — Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos; Título VI — Dos crimes contra os costumes; Título VII — Dos crimes contra a família; Título VIII — Dos crimes contra a incolumidade pública; Título IX — Dos crimes contra a paz pública; Título X — Dos crimes contra a fé pública; Título XI — Dos crimes contra a administração pública
As contravenções penais são reguladas em lei especial (Decreto-lei nº 3688/41).
 Na época contemporânea foram catalogadas mais de uma centena de leis avulsas sobre Direito Penal, criando modalidades criminais e suas penas - destacam-se a Lei dos Crimes Hediondos, a Lei das Infrações Penais de menor potencial ofensivo, a Lei de Violência Doméstica, o Estatuto do Torcedor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Economia Popular, dentre tantas outras.
 Para efeitos práticos, o processo penal que vigorou até 1941 foi o que estava contido nas Leis nº 4.824 e 2.033, ambas, de 1871, com alterações introduzidas pelo Código Penal de 1890 (art. 407).
 A Constituição de 1891, com um Brasil já republicano, trouxe, em seu bojo, o federalismo e a descentralização do poder. E, com isto, surgiu a possibilidade de cada Estado ter seu próprio Código de Processo Penal.
 A Constituição de 1934 determinou a unificação processual no país (no que foi repetida pela Carta de 1937), o que fez com que se nomeasse uma comissão, que se encarregaria de organizar o novo Código de Processo Penal que entrou em vigência em 1º de Janeiro de 1942, por força do Decreto nº. 3.689, de 03 de outubro

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