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NDPP - Parte 3 de 4

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��Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ – Prof.ª Lorena Braga proflorenabraga.wordpress.com
3. Objeto Jurídico: coisa e bem jurídico.
	Bem jurídico é toda coisa que pode ser objeto do Direito. Bem é tudo quanto pode proporcionar ao homem qualquer satisfação. Nesse sentido se diz que a saúde é um bem, que a amizade é um bem e etc. Mas juridicamente falando, bens são os valores materiais ou imateriais que podem ser objeto de uma relação de direito.
	Para que seja objeto de uma relação jurídica é preciso que o bem tenha idoneidade para satisfazer um interesse econômico - portanto, que tenha valor econômico - e, que subordine-se juridicamente a um titular. 
	3.1. Diferença entre coisa e bem
	 A distinção entre bem e coisa é um tema em que, definitivamente, não existe consenso na doutrina, ficando ainda silente o Código Civil brasileiro quanto à definição e diferenciação de ambos os institutos.
	À guisa exemplificativa, menciona-se a posição de Orlando Gomes, Teixeira de Freitas e Pablo Stolze, que sustem que bem é gênero e coisa é espécie, por ser este último sempre objeto corpóreo, com existência material e suscetível de valoração econômica. De outro lado, tem-se Maria Helena Diniz e Silvio Venosa, para quem bens seriam espécies de coisa, esta última com um sentido mais extenso, abrangendo tanto os bens que podem ser apropriados, como aqueles que não podem (Ex: o ar atmosférico, o espaço, e água do mar). Por fim, Washington de Barros, reconhecendo a divergência doutrinária, leciona que o conceito de coisas corresponde ao de bens, não havendo, porém, perfeita sincronização entre as duas expressões, de modo que às vezes coisas seriam gênero; outras vezes, seriam espécies de bens; e, ainda, poderiam ser usados ambos os termos como sinônimos.
	Sugiro e me perfilho à idéia exposta por Orlando Gomes que, seguindo o lógico entendimento do Direito Alemão, com bastante reflexo na doutrina brasileira, entende que coisa é espécie de bem, uma vez que se limita a objetos corpóreos. 
	Dessa forma, os Bens Jurídicos Lato Sensu (gênero) podem ser divididos em duas espécies: 
	a) Bens Jurídicos imateriais; 
	b) Bens Jurídicos materiais (que são as Coisas).
4. Classificação dos bens jurídicos.
	O Código Civil atual classifica os bens em três grandes grupos: a) Bens considerados em si mesmos; b) bens reciprocamente considerados; c) Bens públicos e particulares. 
	4.1. Bens considerados em si mesmos
	Os bens considerados em si mesmo, com base em diversos critérios, recebem as seguintes classificações: a) bens imóveis e móveis; b) bens fungíveis e infungíveis; c) bens consumíveis e inconsumíveis; d) bens singulares e coletivos; e) bens divisíveis e indivisíveis.
	Para melhor visualização e assimilação das diferenças entre essas várias espécies, expomos abaixo os quadros sistemáticos:
	Bens Imóveis
	Bens Móveis
	Não podem ser transportados sem alteração de sua substância, com destruição total ou parcial.
	Bens suscetíveis de movimento próprio (semoventes) ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social (art. 82).
	a) Imóveis por natureza: o solo e tudo quanto se lhe incorporar naturalmente.
	a) Móveis por natureza semovente: suscetível de movimento próprio.
	b) Imóveis por acessão física (industrial ou artificial): Incorporados permanentemente ao solo em virtude da ação do homem.
	b) Móveis por natureza propriamente ditos: remoção por força alheia, sem alteração da sua substância e destinação. 
	Bens Fungíveis
	Bens Infungíveis
	Bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
	Insubstituíveis, ainda que haja similares.
ATENÇÃO!!! A classificação dos bens fungíveis é própria e típica dos bens móveis, já que os bens imóveis, por sua natureza, são sempre infungíveis.
	Bens Consumíveis 
	Bens Inconsumíveis
	Bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância (consuntibilidade física) e os bens destinados à alienação (consuntibilidade de direito).
	Admitem usos reiterados, sem destruição de sua substância.
 
	Bens Divisíveis 
	Bens Indivisíveis
	Podem ser fracionados sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se destinam.
	Não admitem fracionamento sem perda de valor ou utilidade.
	Bens singulares 
	Bens coletivos ou universais 
	Considerados em sua individualidade (independentemente dos demais, embora possam estar reunidos).
	Pluralidade de bens singulares que formam um todo único.
	a) Bens singulares simples: formados naturalmente (ex: animal) ou por ato humano sem que as partes integrantes conservem a condição jurídica anterior (ex: edifício). Podem ser materiais (ex: animal) ou imateriais (ex: crédito).
	a) Universalidade de fato: pluralidade de bens singulares que pertencem à mesma pessoa que lhes dá destinação unitária; os bens que forma essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias (ex: biblioteca, floresta, museu, rebanho).
	b) Bens singulares compostos: objetos diferentes unidos, por força do engenho humano, num todo sem perda de sua condição jurídica própria (ex: carro).
	b) Universalidade de direito: complexo de relações jurídicas de uma pessoa, reconhecida pela lei e dotado de valor econômico (ex: o patrimônio, o fundo de comércio, a herança, a massa falida).
5. Fatos Jurídicos, atos jurídicos e atos ilícitos.
	Fato jurídico é todo o acontecimento de origem natural ou humana que gere consequências jurídicas. "Fato" é qualquer acontecimento. Mas nem todos os acontecimentos são relevantes para o direito, pois não criam, extinguem ou modificam situações jurídicas. Apenas aqueles fatos que produzem efeitos na seara do direito são chamados fatos jurídicos. Assim, pode-se conceituar fato jurídico como sendo todo o acontecimento, natural ou humano, capaz de criar, conservar, modificar, ou extinguir relações ou situações jurídicas.
	Ato jurídico em sentido amplo é aquele fato que, decorrente da vontade humana produz efeitos jurídicos. Destarte, trata-se de duas vontades distintas: a primeira diz respeito ao comportamento a ser realizado; a segunda refere-se diretamente aos efeitos jurídicos produzidos, ou melhor, à possibilidade de modificação ou determinação da repercussão jurídica que terá determinado ato.
Ato ilícito é a conduta praticada por uma pessoa, subordinada ao ordenamento jurídico, que contraria a norma jurídica. Tendo em vista que a ação contraria à lei, consequentemente gera a obrigação de indenizar aquele que sofreu o prejuízo, como por exemplo, o ladrão que furta jóia desejando tornar-se proprietário.
6. Aspectos essenciais do Direito das Obrigações.
	Obrigação é vínculo jurídico, prestigiado pela lei (a obrigação tem valor social), através do qual o devedor (sujeito passivo) se dispõe a dar, fazer vou não fazer algo em favor do credor (sujeito ativo), sob pena de ser compelido judicialmente a fazê-lo.
	Vínculo jurídico vem acompanhado de sanção aplicável pelo Estado, através da sua função Judiciária. Se o devedor não paga, o credor pode ir a juízo requerer penhora dos seus bens. Na obrigação há dívida, livremente estabelecida e responsabilidade. A responsabilidade é a obrigação de reparar pelo ilícito – por descumprimento de lei, de contrato, ou de obrigação decorrente de manifestação unilateral da vontade. A obrigação de reparar não deixa livre o devedor, visto que resulta da prerrogativa do credor, no caso de inadimplência, de executar o patrimônio do devedor, para obter a satisfação do seu crédito.
	O ativo patrimonial do devedor responde pela obrigação contraída no âmbito civil. A única hipótese de privação da liberdade por dívida é a do alimentante que, mesmo tendo recursos, não custeia a pensão alimentícia.
	6.1. Sujeitos da relação obrigacional.
	Há duas partes determinadas ou determináveis: sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor). O credor tem expectativa de receber a prestação, e o devedor se incumbe de lhe fornecer a prestação devida, sob pena de ser acionado.As partes podem ser simples (um devedor e um credor) ou complexas (pluralidade de devedores e/ou pluralidade de credores).
 	6.2. Obrigação: de dar, de fazer, ou de não fazer.
	Obrigação de dar - pode ser coisa certa ou incerta. No primeiro caso, o devedor não pode trocar a coisa contratada por outra; no segundo caso a coisa é determinada pelo gênero e quantidade, cabendo a escolha ao devedor, se o contrário não decorrer do contrato. Quando realizada a escolha, passa a ser tratada como uma obrigação de dar coisa certa. 
Obrigação de fazer - consiste na prestação de um serviço por parte do devedor.
	Obrigação de não fazer - o devedor se abstém de um direito ou ação que poderia exercer (ex: uma pessoa com lote praiano que assina contrato com um hotel para ceder o espaço como estacionamento. A pessoa tinha todo direito/ação de construir uma casa no lote, mas se obriga a NÃO fazer em razão do contrato com o hotel).
7. Aspectos essenciais do Direito das Coisas.
	Direito das coisas ou Direitos reais é um ramo do direito privado que trata dos direitos de propriedade, dos bens móveis e imóveis, bem como das formas pelas quais esses direitos podem ser transmitidos. É importante entender que essa designação de nenhum modo atribui direitos às coisas: são pessoas, seres humanos, exclusivamente, os que podem ter direitos.
	Coisas comuns - não são de ninguém e não podem ser apropriadas. Algumas coisas comuns são sujeitas à apropriação. Entre as coisas comuns à duas categorias:
	a) apropriáveis: como por exemplo, ar que quando comprimido pode ser vendido.
	b) inapropriáveis: como por exemplo, onça que não pode ser capturada, nem apropriada.
	Coisas sem dono - chamada de res nullius. Podem ser apropriadas e transformadas em bens, como por exemplo, pescaria no mar. Pode haver uma relação entre a coisa comum apropriável e a coisa sem dono.
	Coisas abandonadas - chamada de res derelicta. Observa-se a situação da coisa. Não pode ser pedida de volta pelo antigo dono, como por exemplo, brinquedos postos na calçada e pegos pelo carroceiro, tornam-se dele. 
8. Aspectos essenciais do Direito de Família.
	Direito de Família em conceito amplo são todas as pessoas que têm entre si um vínculo de consanguinidade e afinidade, sendo a afinidade casamento e união estável (sogro, sogra, ou seja, os parentes do cônjuge); em conceito restrito são os pais e filhos; pelo conceito sociológico são constituída por pessoas que tem interesse comum, como por exemplo, associação.
	8.1. Principais espécies de Família.
	Matrimonial – oriunda do casamento civil.
	Não matrimonial ou extramatrimonial (informal) – união estável ou concubinato. A união estável (art. 226, § 3º, da CF) é legal, prevista no Código Civil e aceita por todos, no entanto, passou a ser reconhecida com as Leis 8.971/94 e 9.278/96, eis que antes da regulamentação os direitos tinham que ser buscados na jurisprudência; já o concubinato,chamado de adulterino, impuro, impróprio, não tem proteção do Estado, existe um relacionamento paralelo, com impedimento de um dos cônjuges (o art. 1727 dá o conceito como “as relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar”). Em não havendo união estável e nem concubinato, no entanto se um homem e uma mulher, nessas condições, têm um filho, do mesmo modo será considerado família não matrimonial.
	Monoparental – um dos pais com seus filhos. O enlaçamento dos vínculos familiares constituído por um dos genitores com seus filhos, no âmbito da especial proteção do Estado, atende a uma realidade que precisa ser arrostada. Tais entidades familiares receberam em sede doutrinária o nome de família monoparental, como forma de ressaltar a presença somente de um dos pais na titularidade do vínculo familiar.
	Substituta – se forma com o ingresso de uma pessoa em uma família que não é sua origem. Ocorre na adoção, na guarda.
9. Aspectos essenciais do Direito das Sucessões.
	Direito das Sucessões é o ramo do Direito que cuida da transmissão de bens, direitos e obrigações em decorrência da morte.
	O termo sucessão de forma genérica significa o ato jurídico pelo qual uma pessoa substitui outra em seus direitos e obrigações, podendo ser consequência tanto de uma relação entre pessoas vivas quanto da morte de alguém. O Direito, portanto, admite duas formas de sucessão: inter vivos e causa mortis.
	Não se pode confundir sucessão com herança. A primeira é o ato de alguém substituir outrem nos direitos e obrigações, em função da morte, ao passo que herança é o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em virtude da morte, a uma pessoa ou várias pessoas, que sobreviveram ao falecido.
O direito das sucessões tem como fundamento o direito de propriedade, na medida em que, em razão da possibilidade de perpetuar a sua fortuna, o homem se vê incentivado a aumentá-la e a conservá-la.
	9.1. Abertura da Sucessão
	Considera-se aberta a sucessão no instante da morte ou no instante presumido da morte de alguém. Nasce o direito hereditário e ocorre a substituição do falecido pelos seus sucessores nas relações jurídicas em que o falecido figurava.
	O patrimônio do de cujus adquire caráter indivisível chamando-se de espólio, que é representado pelo inventariante.
	A fórmula que regula essa transmissão é chamada droit de saisine, uma ficção legal segundo a qual a morte e a transmissão legal coincidem em termos cronológicos, presumindo a lei que o próprio de cujus investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio. O patrimônio mencionado é a herança, composta pelos bens, direitos e obrigações do de cujus.
	9.2. Pressupostos da Sucessão
	Os pressupostos da sucessão podem ser:
	* pela morte do autor da herança (de cujus);
	* pela vocação hereditária.
Obrigada por todo o carinho durante as aulas...
Prof. Lorena Braga Raposo
*Dar a coisa certa - A coisa certa é perfeitamente identificada e 	individualizada em suas características. É quando em sua identificação houver indicação da quantidade do gênero e de sua individualização que a torne única.
 *Dar a coisa incerta - Quando a especificação da coisa não é dada de uma primeiro momento, porém gênero e quantidade são determinados (por exemplo: entrega de 20 cavalos. Não se determinou a raça específica mas o gênero - cavalos - e quantidade - 20).

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