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Saiba Mais Aula 10 – Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência da Empresa Credores sujeitos à recuperação judicial Como regra, todos os credores existentes na data do pedido de recuperação, ainda que não vencidos, estão sujeitos aos efeitos da recuperação judicial (art. 49). Portanto, aqueles credores que vierem a se constituir depois do pedido de recuperação não serão incluídos, bem como os bens dados em garantia real, as ações que demandem quantias ilíquidas, as reclamações trabalhistas e as execuções tributárias. Também estão excluídos dos efeitos da recuperação judicial, os credores titulares da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de compra e venda com reserva de domínio, bem como os bancos credores por adiantamento aos exportadores e câmaras de compensação e liquidação financeira. Esses credores podem exercer seus direitos reais e contratuais, de acordo com as respectivas legislações. Meios de recuperação da empresa O art. 50 da LRF enumera os meios de recuperação judicial da empresa. Trata-se, na verdade, de rol exemplificativo. São eles: a) dilação do prazo ou revisão das condições de pagamentos; b) operações societárias; c) alteração do controle societário, etc. Fases do processo O processo de recuperação judicial se divide em três fases: a) postulatória – requerimento do benefício; b) deliberativa – ocorre após a verificação dos créditos; c) execução – fiscalização do cumprimento do plano de recuperação. Requisitos da petição inicial O requerente deve instruir sua petição inicial observando as exigências dos arts. 48 e 51 da LRF. Despacho de processamento da recuperação judicial Estando em termos a documentação exigida pela lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação e no mesmo ato nomeará o administrador judicial e, entre outros efeitos, ordenará a suspensão temporária de todas as ações e execuções (art. 52). Lembre-se, contudo, de que nem todas as ações serão suspensas. Plano de recuperação judicial O instrumento mais importante do processo de recuperação judicial é o plano re recuperação. O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência. O plano de recuperação deverá atender aos requisitos previstos no art. 53 da LRF. Segundo a lei, o plano poderá alterar ou fazer novação dos créditos trabalhistas ou decorrentes de acidente de trabalho, observado o disposto no art. 54 da LRF. Procedimento de Recuperação Judicial Uma vez apresentado e publicado o plano de recuperação, poderão os credores apresentar sua objeção no prazo a ser fixado pelo juiz ou conforme o previsto em lei. Havendo objeção de qualquer credor, o juiz convocará a Assembléia Geral de Credores para deliberar sobre o plano de recuperação. Após a juntada ao processo do plano aprovado pela assembléia ou decorrido o prazo para objeções, o devedor apresentará certidões negativas de débitos tributários. Assim, se apresentadas as certidões, o juiz deve conceder o benefício; caso contrário, deve indeferir o pedido, uma vez que o CTN exige prova de quitação para a concessão da recuperação judicial. Vide art. 68 da LRF. Observação: atenção ao interpretar os prazos previstos no art. 55 da LRF; a lei deve ter se confundido um pouco ao definir o prazo para a apresentação de objeção. Concessão da recuperação judicial Aprovado o plano de recuperação em assembléia (respeitado o quorum) o juiz concederá a recuperação judicial. Caso nenhum plano tenha sido aprovado, o juiz decretará a falência. Contudo, há situações na lei em que o juiz poderá conceder a recuperação com base no plano não aprovado pela assembléia, desde que de forma cumulativa (art. 58): a) o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de todos os créditos presentes, independentemente de suas classes; b) a aprovação de duas das classes de credores , nos termos do art. 45 da LRF, ou, caso haja somente duas classes com credores votantes, a aprovação de pelo menos uma delas; c) na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 dos credores. Recurso contra sentença concessiva de recuperação A sentença concessiva de recuperação judicial desafia o recurso de agravo por instrumento no prazo de 10 dias. O agravo poderá ser interposto por qualquer credor ou pelo representante do Ministério Público (art. 59, § 2º). Efeitos da concessão da recuperação judicial Todos os credores anteriores ao pedido de recuperação estão sujeitos aos seus efeitos, isto é, o plano de recuperação judicial implica a novação dos créditos anteriores ao pedido e obriga o devedor e todos os credores a ele sujeitos, sem prejuízo das demais garantias (art. 59). Lembre-se, ao final, de que existem credores que não são atingidos pela recuperação. Assim, uma vez não atingidos, não estarão sujeitos aos efeitos da concessão de recuperação judicial. Efeitos da recuperação em relação à administração da sociedade Durante o procedimento de recuperação judicial, o devedor ou seus administradores serão mantidos na administração da sociedade, sob fiscalização do Comitê de Credores, se houver, e do administrador judicial. No entanto, se o devedor ou seus administradores não forem pessoas idôneas, o juiz poderá afastá-los, nos termos do art. 64 da LRF. Uma vez afastados, o juiz convocará a Assembléia Geral dos Credores para deliberar sobre o nome do gestor judicial que assumirá a administração da sociedade. Enquanto a assembléia não deliberar sobre a escolha do gestor, cabe ao administrador judicial exercer a função deste (art. 65). Efeitos da recuperação em relação aos bens do devedor Após a distribuição do pedido de recuperação judicial, o devedor não poderá alienar ou onerar seus bens ou direitos de seu ativo permanente, salvo se evidente utilidade reconhecida pelo juiz e depois de ouvido o Comitê de Credores, com exceção daqueles previamente relacionados no plano de recuperação judicial. A inobservância desses requisitos enseja a decretação da falência. Atendimento ao plano de recuperação Concedida a recuperação judicial, o devedor deverá cumprir todas as obrigações previstas no plano de recuperação que se vencerem até dois anos depois da concessão da recuperação judicial. Se durante esse período o devedor descumprir qualquer das obrigações previstas no plano, ocorrerá a convolação da recuperação em falência. Uma vez decretada a falência, os credores terão reconstituídos seus direitos e demais garantias (art. 61). Descumprimento do plano de recuperação Como visto acima, se durante o prazo de dois anos o devedor descumprir qualquer uma de suas obrigações, o credor requererá a convolação em falência. Após o referido prazo, o credor poderá requerer a execução específica ou falência do devedor. Convolada a recuperação judicial em falência, os credores decorrentes de obrigações contraídas pelo devedor durante a recuperação, inclusive aqueles relativos a despesas com fornecedores, serão considerados extraconcursais. Encerramento da recuperação judicial Como regra, cumpridas as obrigações no prazo de até dois anos, o juiz decretará por sentença o encerramento da recuperação judicial (art. 63).
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