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APOSTILA EMPRESA I 2015.2

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Direito de 
Empresa I 
Fernanda Pereira 
user 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
1 
 
DIREITO DE EMPRESA 
I -EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO COMERCIAL 
1. Direito Comercial como Direito de Empresa 
 
2. Fontes do Direito Comercial 
2.1 O surgimento da Teoria da Empresa 
2.2 A Teoria da Empresa no Brasil e o Código Civil de 2002 
2.3 Os Princípios do Direito Empresarial 
2.3.1 Princípio da Livre Iniciativa 
2.3.2 Princípio da Liberdade de Concorrência 
2.3.3 Princípio da Garantia e Defesa da Propriedade Privada 
2.3.4 Princípio da Preservação da Empresa 
 II – DIREITO DE EMPRESA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
3. Conceito de Empresa 
3.1 Diferença entre empresa e estabelecimento 
3.2 Diferença entre empresa e a pessoa do empresário 
 
4. Empresário 
4.1 Empresário Individual 
4.1.1 Empresário Individual casado 
4.2 Pessoas excluídas do conceito de empresário 
4.3 O Empresário Rural 
4.4 Obrigatoriedade do Registro de Empresário 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
2 
 
4.5 Capacidade para ser empresário 
4.5.1 Empresário individual incapaz 
4.5.2 Pessoas legalmente impedidas 
4.5.3 Empresário casado 
4.6 Registro do Empresário 
4.6.1 Inscrição do estabelecimento secundário 
4.6.2 Inscrição do empresário rural e pequeno empresário 
4.7 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI 
4.7.1 requisitos e impedimentos 
4.7.2 impedimento para ser titular 
4.7.3 impedimento para ser titular 
4.7.4 impedimentos para ser administrador 
4.7.5 Abertura, Registro E Legalização 
4.7.6 Registro Na Junta Comercial 
 
5. Estabelecimento 
 
5.1 Alienação do Estabelecimento 
5.2 Trespasse 
5.3 Bens Incorpóreos do Estabelecimento 
5.4 Título do Estabelecimento 
5.5 Ponto Comercial 
6. Nome Empresarial 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
3 
 
6.1 Natureza Jurídica Do Direito Ao Nome 
6.2 Direito De Propriedade 
6.3 Direito Pessoal 
6.4 Tipos De Nome Empresarial 
6.4.1 Firma Individual 
6.4.2 Razão Social 
6.4.3 Denominação 
6.4.4 Princípio da Veracidade 
6.4.5 Princípio da Novidade 
6.5 Proteção ao nome empresarial 
6.6 Extinção Do Direito Ao Nome Empresarial 
6.7 Marcas X Nome Empresarial 
6.8 Nome Empresarial X Marca 
7. Propriedade Intelectual 
7.1 Patente 
7.2 Registro Industrial 
7.2.1 Desenho Industrial 
7.2.2 Marca 
7.3 Direito Autoral 
8. Sociedades Empresarias ( fase complementar da apostila) – P2 
 
 
 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
4 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
1. DIREITO COMERCIAL COMO DIREITO DE EMPRESA 
Originalmente a burguesia sempre foi composta por uma classe de poupadores, de pessoas 
que honravam seus compromissos e cumpriam a palavra dada, respeitavam as avenças 
verbais, os contratos e possuíam forte ligação com a família. Preocupava-se mais com o 
bem-estar de seus filhos, com trabalho e com a produtividade do que com o prazer 
individual e o lazer. 
Desenvolveu a burguesia virtudes tradicionais como a prudência, a justiça, a temperança e a 
fé na força do trabalho. Cada uma dessas virtudes revela um componente econômico que 
fora primordial a oferecer o impulso empreendedorial que serviu de base para as grandes 
civilizações humanas. 
O comércio é mais antigo que o Direito Comercial. Realmente, o comércio existe mesmo 
desde a mais remota Idade Antiga. E entre os povos mais antigos, onde se se destacaram os 
fenícios, e até já contavam com leis esparsas que regulavam o comércio, apesar de não 
existir na época propriamente um direito comercial (entendido como um regime 
sistematizado com regras e princípios próprios). 
Durante a Idade Média o comércio desenvolveu um estágio mais avançado, não estando 
presente apenas em alguns povos, mas nem todos estes. 
É exatamente na era medieval que situamos as raízes do direito comercial, ou seja, de um 
regime jurídico específico e disciplinador das relações mercantis. Cogita-se na primeira fase 
desse ramo do direito quando se deu o ressurgimento das cidades (os burgos) e o 
renascimento mercantil com substancial fortalecimento do comércio marítimo. 
Na Idade Média não havia poder político central forte, capaz de impor as regras gerais e 
aplica-las a todos. Havia a produção feudal, onde vigia forte descentralização que era 
enfeixada nas mãos da nobreza latifundiária, o que fez surgir diversos “direitos locais” nas 
diversas regiões da Europa. 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
5 
 
Paralelamente ganhava força e poder o Direito canônico que repudiava veemente o lucro e 
não atendia, portanto, aos interesses da burguesia. Era a classe burguesa efetivamente 
formada de comerciantes, mercadores que tece que organizar então o seu próprio “direito” 
a ser aplicado nos diversos conflitos que passaram a surgir com a efervescência da atividade 
mercantil que se observava, após décadas de estagnação. Portanto, as regras do direito 
comercial foram timidamente surgindo e se intensificando pela própria dinâmica da 
atividade negocial. Nesse cenário medieval surgiram as Corporações de Ofício[1] que 
assumiram relevante função nessa sociedade e, até obteve relativa autonomia em relação à 
nobreza feudal. 
Na primeira fase do direito comercial compreendem-se os usos e costumes mercantis 
observados nas relações jurídico-comerciais. Inicialmente, na elaboração desse “ direito ” 
não havia ainda nenhuma participação estatal. 
Cada Corporação de Ofício possuía seus próprios usos e costumes, e os aplicava por meio 
de cônsules eleitos pelos próprios associados para reger as relações entre seus membros. 
Em verdade, tais normas são pseudossistematizadas e, alguns doutrinadores usam a 
expressão “codificação privada” do direito comercial. 
Também nesse período da formação do direito comercial, surgem seus primeiros institutos 
jurídicos tais como títulos de crédito (letra de câmbio), as sociedades (comendas), os 
contratos mercantis (contrato de seguro) e os bancos. 
Além disso, algumas características próprias do direito comercial começaram a se definir, 
como o informalismo e a grande influência dos usos e costumes no processo de elaboração 
de suas regras. 
Lembremos que em Roma Antiga, os ideais de segurança e estabilidade da classe 
dominante amarraram o contrato ao instituto da propriedade. Grosso modo, era o contrato 
apenas um instrumento através do qual se adquiria e transferia a coisa. 
A inicial concepção estática do contrato bem peculiar do direito romano não se coadunava 
com os ideais da classe mercantil em franca ascensão. Note-se que cede espaço e a vez a 
solenidade na celebração das avenças e, surgiu triunfante, o princípio da liberdade na forma 
de celebração dos contratos. 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
6 
 
Enfim, o sistema de jurisdição especial que marca essa primeira fase do direito comercial 
provoca profunda transformação na teoria do direito posto que o sistema jurídico 
tradicional venha a ser derrogado por um direito específico, peculiar a certa classe social e 
disciplinador da nova realidade econômica que surgiu. 
Após o Renascimento Mercantil, o comércio foi se especificando progressivamente, 
principalmente em função das feiras e dos navegadores. O mencionado sistema de 
jurisdição especial surgido e desenvolvido nas cidades italianas e difundiu-se por toda a 
Europa (chegando em França, Inglaterra, Espanha e Alemanha que nessa época ainda não 
era um Estado unificado). 
Com a evolução da atividade mercantil deu-se ipso facto a evolução do direito comercial e,paulatinamente a competência dos tribunais consulares foi ampliando-se e abrangendo 
negócios realizados entre mercadores matriculados e também não-comerciantes. 
No declínio da era medieval surgem os grandes Estados nacionais e monárquicos. Tais 
Estados encarnados e representados pelo monarca absolutista que irá submeter seus 
súditos, inclusive a classe de comerciantes, impondo um direito posto em contraposição ao 
direito comercial de outrora focado na autodisciplina das relações comerciais, por parte dos 
próprios mercadores, através das corporações de ofício e seus juízes consulares. 
Todas essas radicais mudanças irão provocar inclusive a publicação da primeira grande obra 
doutrinária de sistematização do direito comercial: “Tratactus de Mercatura seo Mercatore” de 
Benvenutto Stracca publicada em 1553, que irá influenciar a edição de leis futuras sobre a 
matéria mercantil. 
O monopólio da jurisdição mercantil escorrega das mãos das corporações de ofícios 
principalmente na medida em que o Estado Nacional se fortaleceu e chamou para si o 
monopólio da jurisdição e, ainda, consagrou a liberdade e a igualdade no exercício das artes 
e ofícios. 
Com o tempo, os diversos tribunais de comércio existentes tornaram-se atribuição do 
poder estatal. No período de 1804 a 1808 são editados em França, o Código Civil e o 
Código Comercial. 
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7 
 
O direito comercial inaugura, pois então, sua segunda fase, podendo-se cogitar num 
sistema jurídico estatal preocupado em disciplinar as relações jurídico-comerciais. Nesse 
momento, desaparece o direito comercial como direito profissional e corporativista, 
surgindo um direito comercial imposto pelo Estado. 
A codificação napoleônica de 1804 ( o Código Civil francês) e de 1808 ( Código Comercial 
francês) divide nitidamente o direito privado em direito civil e, de outro lado, o direito 
comercial. 
O Código Napoleônico era reconhecidamente um direito que atendia aos interesses da 
nobreza fiduciária e estava fortemente concentrado no direito de propriedade. Por sua vez, 
o Código Comercial encarnava o espírito da burguesia comercial e industrial, valorizando a 
riqueza mobiliária. 
A divisão do direito privado em civil e comercial em dois grandes corpos de leis a reger as 
relações jurídicas entre os particulares cria a necessidade de criar critério que delimitasse a 
incidência de cada um desses ramos. 
O direito comercial surgiu como um regime jurídico-especial destinado a regular as 
atividades mercantis. Vindo a doutrina francesa a criar a teoria dos atos de comércio que 
tinha como uma das principais funções a de atribuir, a quem praticasse os denominados 
atos de comércio (ou mercancia), a qualidade de comerciante o que era pressuposto para a 
aplicação das normas do Código Comercial. 
O direito comercial regularia, portanto, as relações jurídicas que envolvessem a prática de 
alguns atos definidos em lei como atos de comércio. Não envolvendo a relação à prática 
destes atos, seria esta regida pelas normas de Direito Civil. 
A definição dos atos de comércio era tarefa atribuída ao legislador, o qual optava ou por 
descrever as suas básicas características conforme fez o Código Comercial português de 
1833 e o Código Comercial espanhol de 1885 ou por enumerar, num rol de condutas 
típicas, que atos seriam considerados de atos de mercancia. 
A teoria dos atos de comércio fora adotada pelo Código Comercial brasileiro de 1850 e 
teve como proposta alterar o modo de classificar o comerciante de forma subjetivista 
(aquele que estava matriculado), para um critério objetivista (a atividade comercial). 
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8 
 
Para essa teoria é a atividade que dá origem às relações reguladas pelo direito comercial. 
Isso resulta que determinados atos encontram-se sujeitos a aplicação do direito comercial 
enquanto que outros atos não. 
Na segunda fase do direito comercial há relevante mudança posto que a mercantilidade 
antes definida apenas pela qualidade do sujeito ( pois o direito comercial era o direito 
aplicável aos membros das corporações de ofício), passa a ser definido pelo objeto ( pelos 
atos de comércio). 
Desta forma, a doutrina afirma que com a codificação napoleônica realizou uma 
objetivação do direito comercial, realizando uma nítida bipartição do direito privado. 
Apesar das críticas, a teoria francesa dos atos de comércio, por inspiração da codificação 
napoleônica fora adotada por quase todas as codificações oitocentistas, inclusive no Brasil. 
O surgimento de novo critério para aplicação do direito comercial vai ocorrer em 1942, ou 
seja, mas de cem anos após o código napoleônico e, em plena Segunda Grande Guerra 
Mundial. 
O direito comercial teve sua origem na Idade Média e se desenvolveu em face do tráfico 
mercantil. Foi com o surgimento das Corporações de Ofício que se foram poderosas e 
investiram no direito de regular por si mesmas seu interesse próprio e o de seus membros. 
A terceira fase da evolução do direito comercial é chamada de fase moderna, é a fase que se 
desvincula do sistema francês enquanto o conceito de empresa estava ligado ao critério dos 
atos de comércio, passando a adotar o conceito de empresa como organização de fatores 
de produção, para a criação ou oferta de bens ou serviços em massa. 
 
2. FONTES DO DIREITO COMERCIAL 
São os meios pelos quais as regras ou normas jurídicas se formam. 
 As fontes diretas ou materiais são aquelas que, por si sós, pela sua própria força, 
são suficientes para gerar a regra jurídica. As fontes diretas são as leis comerciais ou 
empresariais. 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
9 
 
 
 Fontes indiretas ou mediatas são os costumes comerciais, a jurisprudência, a 
analogia e os princípios gerais de direito. A lei ou a norma jurídica é, a mais 
importante das fontes formais do Direito, é emanada de autoridade competente, é 
imposta coativamente, destinada à obediência de todos; 
As leis comerciais são de competência privativa da União, de acordo com ao art. 22, I da 
Constituição Federal brasileira vigente. 
Costume é ordenamento de fatos e práticas que as necessidades e condições sociais 
desenvolvem e que se tornando geral e duradouro acaba impondo-se psicologicamente aos 
indivíduos. 
Há farta projeção dos costumes no direito antigo devida à ausência ou pouca atividade 
legislativa e o número restrito de leis escritas. Já no direito moderno, entanto, há a 
prevalência da lei escrita sobre os costumes. Em verdade, o legislador acolhe o costume, 
vertendo-o em norma escrita. 
Os costumes são classificados em três categorias: 
 secundum legem (são os previstos na lei expressamente para complementá-la; no 
direito comercial são aplicados de preferência às leis civis); 
 
 praeter legem (são oriundos da prática mercantil na falta de texto legal e aplicáveis 
para suprir as lacunas legislativas); 
 
 contra legem (são os práticos em sentidos opostos propostos pela lei escrita, e, por 
essa razão, são inadmissíveis, já que só se admite a revogação ou modificação de 
uma lei por outra lei). 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
10 
 
Empresa é atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços 
para o mercado, exercida pelo empresário em caráter profissional, através de um complexo 
de bens. 
 
2.1 SURGIMENTO DA TEORIA DA EMPRESA. 
A definição do conceito jurídico de empresa é até hoje um problema para os doutrinadores 
do direito empresarial. Deve-se ao fato de ser empresa um fenômeno econômico complexo 
que compreendea organização de vários fatores como a natureza, capital, trabalho e 
tecnologia. 
A empresa não adquire apenas um sentido unitário, e, sim, diversas e distintas acepções. 
A - Por ser poliédrico posto que admita quatro perfis diferentes: 
a) perfil subjetivo, pelo qual a empresa seria pessoa física ou jurídica, ou seja, o empresário; 
b) perfil funcional pelo qual a empresa seria uma particular força em movimento, é a 
atividade empresarial dirigida a um determinado fim produtivo; 
c) perfil objetivo ou patrimonial pelo qual a empresa seria um conjunto de bens afetados ao 
exercício da atividade econômica desempenhada, ou seja, o estabelecimento empresarial; 
d) perfil corporativo pelo qual a empresa seria uma comunidade laboral, uma instituição 
que reúne o empresário e seus auxiliares ou colaboradores, ou seja, um núcleo social 
organizado em função de um fim econômico comum. 
Chamou-se o novo sistema de disciplina das atividades privadas de teoria da empresa. O 
Direito Comercial, em sua terceira etapa evolutiva, deixa de cuidar de certas atividades (as 
de mercancia) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular os bens ou 
serviços, a empresarial. Atente para o local e ano em que a teoria da empresa se expressou 
no ordenamento jurídico, em plena Itália fascista de Mussolini. 
Para o fascismo, a luta de classes termina em harmonização patrocinada pelo estado 
nacional. Burguesia e protelatariado superam seus antagonismos na medida em que se 
unem em torno dos superiores objetivos da nação, seguindo o líder (duce), que é intérprete e 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
11 
 
guardião destes objetivos. A empresa, no ideário fascista, representa justamente a 
organização em que se harmonizam as classes sociais em conflito. 
A teoria da empresa acabou se desvencilhando das raízes ideológicas fascistas. Por seus 
méritos jurídico-tecnológicos, sobreviveu à redemocratização da Itália e permanece 
delimitando o Direito Comercial daquele país até hoje. 
Também por sua operabilidade, adequada aos objetivos da disciplina da exploração de 
atividades econômicas por particulares no nosso tempo, a teoria da empresa inspirou a 
reforma da legislação comercial de outros países, como a da Espanha de 1989. 
De todas as diferentes acepções de empresa, considerava o perfil corporativo (ou 
hierárquico) ultrapassado, pois só que sustentava a partir da ideologia fascista que 
predominou na Itália quando da época do Código Civil de 1942. 
As demais acepções de empresa a partir dos demais perfis se referem a três realidades 
distintas, porém intimamente relacionados: o empresário, o estabelecimento empresarial e a 
atividade empresarial. 
 
O melhor perfil é o funcional posto que a empresa seja uma atividade econômica 
organizada. É em torno dessa atividade econômica organizada que vão gravitar todos os 
demais conceitos fundamentais do direito empresarial, sobretudo o conceito de empresário 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
12 
 
e de estabelecimento empresarial (complexo de bens usados para o exercício de atividade 
econômica organizada, isto é, para o exercício de uma empresa). 
2.2. A TEORIA DA EMPRESA NO BRASIL E O CÓDIGO CIVIL DE 2002 
(LEGISLAÇÃO E DOUTRINA). 
Com a divulgação da teoria da empresa após a edição do Códice Civile de 1942 e com a nítida 
aproximação do direito brasileiro ao sistema italiano começaram a surgir maior ênfase 
sobre as vicissitudes da teoria dos atos de comércio e a destacar as vantagens da teoria da 
empresa. 
A jurisprudência brasileira também revelava sua insatisfação com a tese dos atos de 
comércio e sua maior simpatia pela tese da empresa, o que acarretou a decisão de vários 
juízes no sentido, por exemplo, de conceder concordata aos pecuaristas e concedendo a 
renovação compulsória de contrato locatício, o reconhecimento das sociedades prestadoras 
de serviços (tais institutos eram peculiares ao regime jurídico comercial), sendo aplicados 
aos agentes, não perfeitamente enquadrados no conceito de comerciante então adotado 
pela legislação da época. 
Esse grande avanço para a jurisprudência estava se afastando do ultrapassado critério da 
mercantilidade e passando então a adotar a empresarialidade como base para melhor 
fundamentar suas decisões. 
E, nesse sentido destacaram-se diversos julgados do Superior Tribunal de Justiça que, 
desconsiderando as ultrapassadas previsões do Código Civil Comercial de 1850 e, já 
atestavam a mercantilidade da negociação imobiliária e da atividade de prestação de 
serviços. 
Também na seara legislativa, o Código de Defesa do Consumidor, a Lei 8.078/1990, trouxe 
um exemplo claro posto que o conceito de fornecedor seja particularmente amplo, 
englobando todo e qualquer exercente, de atividade econômica no âmbito da cadeia 
produtiva. 
Muito se aproximando do moderno conceito de empresário mais do que do antigo 
conceito de comerciante. 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
13 
 
Porém, mesmo antes do CDC, veio a Lei 4.137/1962 coibir o abuso do poder econômico 
no Brasil, e, em seu art. 6º in litteris previa: “considera-se empresa toda organização de 
natureza civil ou mercantil destinada à exploração por pessoa física ou jurídica de qualquer 
atividade com fins lucrativos”. 
Evidentemente tal alteração legislativa fora lenta e gradual e, se consolidou finalmente com 
a vigência do Código Civil brasileiro de 2002. 
Seguindo fielmente o Código Civil Italiano de 1942, o nosso código civil vigente também 
derrogou grande parte do Código Comercial de 1850 na busca de unificação ainda que 
formal de todo direito privado brasileiro. 
Resta atualmente ainda vigente apenas a segunda parte do Código Comercial, 
particularmente referente ao comércio marítimo. 
Também o direito falimentar que já fora antes regulamentado pelo Decreto-Lei 7.661/1945 
foi substituído pela Lei 11.101/2005, a Lei de Falência e Recuperação de Empresas 
assumindo claramente a teoria da empresa. 
Assim, o Código civil de 2002 previu no seu Livro II, Título I, trata do “Direito da 
Empresa” vem finalmente desaparecer a figura do comerciante e surge então a figura do 
empresário (não se cogitando mais em sociedade comercial e, doravante sim, de sociedade 
empresária). 
Tendo afinal o Código Civil (de 2002) efetivamente adotado a teoria da empresa restou 
então completamente superada o deficiente critério traçado pelos atos de comércio. 
Expressamente em seu art. 2.037 expõe que as diversas normas comerciais até então 
existentes e que não foram revogadas pelo diploma legal devem ser aplicadas aos 
empresários, o que comprova que o conceito de empresário veio realmente para substituir 
o vetusto conceito de comerciante. 
Ainda persiste a divisão material do direito privado, contrapondo regimes jurídicos 
distintos para disciplinar as relações civis e empresariais. Verificamos que também o 
referido Código Civil brasileiro não definiu o que seja empresa, porém, em seu art. 966 
esclareceu o que seja empresário (quem exerce profissionalmente a atividade econômica 
organizada para a produção ou circulação de bens e serviços). 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
14 
 
Empresa enfim é, portanto, a atividade, algo abstrato. Empresário, por sua vez, é 
quem exerce a empresa. Assim, a empresa não é sujeito de direito. O sujeito de direito é o 
titular da empresa, ou seja, o empresário, que pode ser uma pessoa física ou natural 
(empresário individual) ou pessoa jurídica (sociedade empresária). 
 
O grande busilis para se entender o conceito de empresa é que o referido vocábulo é 
utilizado deforma por vezes atécnica, até mesmo pelo legislador. 
Na verdade, a empresa é conceito abstrato correspondente à atividade econômica 
organizada e destinada à produção ou à circulação de bens ou serviços. 
Porém, não se deve confundir a empresa com a sociedade empresária, apesar de serem 
conceitos intimamente inter-relacionados. Enfim, a Lei 10.406/2002 que institui o nosso 
atual Código Civil, completou a tão esperada transição do direito comercial brasileiro, 
abandonando a teoria francesa dos atos de comércio para enfim adotar a teoria italiana de 
empresa. 
2.3 OS PRINCÍPIOS DO DIREITO EMPRESARIAL. 
O direito da empresa traz regras especiais para disciplinar o mercado econômico e 
assentado em principiologia própria principalmente em função da imprescindibilidade da 
empresa vista como instrumento para o desenvolvimento econômico e social da sociedade 
contemporânea, na qual a base no capitalismo assenta-se na livre iniciativa, a propriedade 
privada, autonomia da vontade e valorização do trabalho humano que são valores já 
enraizados e solidificados como inegáveis para a construção e manutenção da sociedade 
livre. 
2.3.1 – LIVRE INICIATIVA 
A livre iniciativa é um princípio fundamental do direito empresarial, trata-se de princípio 
constitucional da ordem econômica conforme prevê o art. 170 da Constituição Federal de 
1988. 
Tal princípio ultimamente vem sendo relativizado principalmente em função do princípio 
da preservação da dignidade humana. O avanço dirigista do Estado sobre o mercado 
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15 
 
gerando restrições para plena aplicação da livre iniciativa é palpável e visível diante da 
grande gama de jurisprudência brasileira que propugnam pelos princípios sociais. 
A livre iniciativa é a expressão da liberdade titulada não apenas da empresa, mas também 
do trabalho. Por essa razão, a Constituição brasileira ao contemplá-la, cogita também da 
“iniciativa do Estado” e, não privilegia, portanto, como bem pertinente à empresa. 
A ideia de que a livre iniciativa é antagônica aos demais princípios ditos sociais é 
meramente ilusória posto que se requer a ponderação, com fim de diminuir as 
desigualdades sociais e econômicas e ainda melhorar a qualidade de vida. 
 
2.3.2. LIBERDADE DE CONCORRÊNCIA 
A liberdade de concorrência é igualmente princípio constitucional da ordem econômica e, o 
Estado o defende criando órgãos como o CADE ( Conselho Administrativo de Defesa 
Econômica) e, ainda as agências reguladoras. 
É reconhecido que as recentes privatizações ocorridas recentemente no cenário econômico 
brasileiro melhoraram o fluxo concorrencial nos setores privatizados. 
Pois o Estado deixou de exercer diretamente uma série de atividades econômicas, nos 
poupando das usuais ineficiências, desserviços e corrupção, porém, passou a exercer o 
papel de regulador. 
As mais variadas agências reguladoras bem como os órgãos antitruste (CADE) são 
necessários embora criem um emaranhado complexo de regulamentos que se tornam 
barreiras insuperáveis à participação de novos empreendedores. 
Quanto maior a regulação estatal, maior será o risco estatal, maior será o risco da chamada 
“captura regulatória”, portanto, os empresários já estabelecidos, portanto os empresários já 
estabelecidos se adaptam às regulações e passam depois de usá-las como forma de impedir 
a entrada de concorrentes. 
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16 
 
Portanto, é dessa forma que o Estado contribui a formação de monopólios, duopólios e 
oligopólios. Conclui-se que a regulação estatal não se coaduna com a liberdade de 
competição. 
 
2.3.3-GARANTIA E DEFESA DA PROPRIEDADE PRIVADA 
A garantia e defesa da propriedade privada é também princípio constitucional da ordem 
econômica formando junto com a livre iniciativa e a livre concorrência, a tríade que dá 
sustentação ao direito empresarial. 
Também vem sendo relativizado progressivamente em nosso ordenamento jurídico a partir 
do conceito de função social. 
 
2.3.4-PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DA EMPRESA 
A preservação da empresa é inspirado na Lei 11.101/2005 ( a Lei de Falências atual) e tem 
fundamentado diversas decisões judiciais recentes. É importante sua atuação, mas deve 
limitar-se às situações em que o próprio mercado espontaneamente, encontra soluções para 
a crise econômica de um agente econômico, em bases consensuais. 
O projeto de Lei 1.572/2011 (o novo Código Comercial brasileiro) tem sua origem na obra 
do emérito professor Fábio Ulhoa Coelho é, sem dúvida, um dos mais gabaritados 
comercialistas brasileiros, intitulada “O Futuro do Direito Comercial” que trouxe o debate 
sobre a necessidade de edição de novo código comercial que substitua o atual e, ainda 
revogou a parte da “Direito da Empresa” constante no Código Civil de 2002. 
Defende Ulhoa que os valores do direito comercial que foram esquecidos pelos 
operadores de Direito e precisam ser urgentemente resgatados. Seria necessário um novo 
Código Comercial mais atento à nova realidade econômica do país, o que culminou no PL 
1.572/2011 que foi dirigido à Câmara dos Deputados. 
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17 
 
Reforça André Luiz Santa Cruz Ramos que a nova codificação comercial é de fato 
necessária para corrigir os tristes erros do Código Civil de 2002 em relação ao direito 
empresarial; e, ainda defender o livre mercado. 
A pretensa unificação legislativa do direito privado trouxe graves problemas para o direito 
comercial pois os contratos cíveis e mercantis passaram a ter uma mesma “teoria geral” 
ignorando-se a enorme distinção que existe entre estes; as normas gerais sobre os títulos de 
crédito estão em descompasso com as leis existentes, notadamente a Lei Uniforme de 
Genebra que resta incorporada há décadas ao nosso sistema jurídico; a sociedade limitada 
antes submetida a flexível e enxuto arcabouço normativo, tornou-se a figura societária 
burocrática e engessada; institutos jurídicos receberam confuso tratamento e atécnico 
gerando dificuldades interpretativas que promovem a insegurança jurídica, conforme 
ocorre com a difícil distinção prática entre as sociedades simples e as empresárias; velhos 
costumes jurídicos consagrados na praxe forense, como a desnecessidade de outorga 
conjugal para o aval de pessoa casada, e a possibilidade de contratação de sociedade entre 
os cônjuges independentemente do regime de bens foram injustificadamente alterados; 
novas figuras já conhecidas pelo direito estrangeiro perderam a chance de serem adotadas, 
como a sociedade limitada unipessoal e o empresário individual de responsabilidade 
limitada ( recentemente, a EIRELI – empresa individual de responsabilidade limitada que 
acabou de ser incorporada ao Código Civil de 2002 pela Lei 12.441/2011). 
O livre mercado no Brasil e no mundo a fora, infelizmente vem sofrendo duros ataques e 
golpes na medida em que se desenvolve um estranho capitalismo do Estado. 
 
II – DIREITO DE EMPRESA NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
3. CONCEITO DE EMPRESA 
Empresa é a atividade econômica organizada de produção e circulação de bens e serviços 
exercida por empresário, em caráter profissional através de complexo de bens. Pressupõe 
não a prática de ato isolado, mas uma atividade reiterada, uma série de atos vinculados, 
coordenados e em execução continuada, com vistas a um fim comum equivalendo desse 
modo, ao que vulgarmente se denomina negócio. 
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18 
 
Empresa, que tem seu conceito diferenciado de estabelecimento, e da pessoa do 
empresário, sinaliza um conjunto de recursos e pessoasorganizados para a produção ou 
circulação de bens e serviços. Abaixo será conceituada empresa, diferenciando-a de 
estabelecimento e empresário. 
Martins (2008) afirma que a principal característica da empresa é o fim econômico, fato que 
justifica a Economia ser a principal interessada em seu conceito. 
Perroux (apud Guitton, 1961, p.50) se pronunciou no se sentido de considerar empresa: 
“[...] uma organização da produção na qual se combinam os preços dos diversos fatores da 
produção, trazidos por agentes distintos do proprietário da empresa, visando a vender um 
bem ou serviços no mercado, para obter a diferença entre os dois preços (preço do custo e 
preço de venda) o maior proveito monetário possível”. 
Martins (2008) acrescenta que as empresárias voltam-se para a produção, ocorrendo de 
maneira diversa do que antes ocorria, a respeito das atividades serem mais artesanais ou 
familiares. E, segundo o autor, numa perspectiva da Economia, empresa seria um conjunto 
de fatores de produção, em que englobaria terra, capital e trabalho. Para Martins (2008), 
então, hoje em dia, toda empresa tem suas atividades visando ao mercado. 
Parece ser consenso entre os autores que empresa é uma atividade de produção 
toda organizada, visando ao mercado, circulando bens e serviços, com o fito de 
lucro. O essencial em qualquer empresa, por natureza, é que ela é criada com a 
finalidade de se obter lucro na atividade. Normalmente, o empresário não tem por 
objetivo criar empresa que não tenha por finalidade lucro.” 
No entanto, Martins (2008), apresenta uma exceção a essa regra. Quando se trata de 
cooperativas, clubes ou entidades beneficentes, fica claro perceber outras finalidades. 
Outrossim, segundo o autor, o lucro pode existir, mas é possível constatar que seja apenas 
necessário para manter tais atividades. 
Nesse sentido, interessante o pensamento de que: 
[...] religiosos podem prestar serviços educacionais (numa escola ou universidade) sem visar 
especificamente o lucro. É evidente que, no capitalismo, nenhuma atividade econômica se 
mantém sem lucratividade e, por isso, o valor total das mensalidades deve superar o das 
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19 
 
despesas também nesses estabelecimentos. Mas a escola ou universidade religiosas podem 
ter objetivos não lucrativos, como a difusão de valores ou criação de postos de empregos 
para os seus sacerdotes. Neste caso, o lucro é meio e não fim da atividade econômica. 
(COELHO, 2009, p. 13) 
3.1 Diferença entre empresa e estabelecimento 
A Empresa seria um centro de decisões, em que as estratégias econômicas são adotadas. 
Sendo assim considerada, corre-se o risco de confundir empresa com o próprio 
estabelecimento. 
Assim, para os efeitos das normas do trabalho, se entende por empresa, a unidade 
econômica de produção ou distribuição de bens ou serviços, e estabelecimento, a unidade 
técnica que como sucursal, agência ou outra forma semelhante, seja parte integrante e 
contribua para a realização dos fins da empresa. 
Desse modo, esclarece-nos, Coelho (2009), quando exemplifica dizendo que se alguém vem 
a exclamar que uma empresa esteja pegando fogo ou a afirmar que determinada empresa se 
submeteu a uma reforma e ficou mais bonita, tal indivíduo utiliza equivocadamente o 
conceito. O correto seria dizer que o estabelecimento comercial pegou fogo ou foi 
embelezado. “Não se pode confundir a empresa com o local em que a atividade é 
desenvolvida”. (COELHO, 2009, p.12). 
Estabelecimento é apenas uma parte da empresa, e que é o local onde o empresário exerce 
suas atividades. “O estabelecimento compreende as coisas corpóreas existentes em 
determinado lugar da empresa, como instalações, máquinas, equipamentos, utensílios etc., e 
as incorpóreas, como a marca, as patentes, os sinais etc.” (MARTINS, 2008, p. 173). 
3.2 Diferença entre empresa e a pessoa do empresário 
Empresa significa uma ação que o empresário exerce. Desse modo, deve-se ficar claro que 
tratam-se de duas pessoas: empresa, pessoa jurídica, e empresário, pessoa natural. E para 
diferenciar os dois conceitos é necessário: 
“Distingue-se também a empresa da pessoa do proprietário, pois uma empresa bem gerida 
pode durar anos, enquanto o proprietário falece. É a ideia do conceito de instituição, em 
que instituição é o que perdura no tempo. O empresário é a pessoa que exercita 
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20 
 
profissionalmente a atividade economicamente organizada, visando à produção ou 
circulação de bens ou serviços para o mercado (art. 966 do CC)”. (MARTINS, 2008, p. 
174). 
Num sentido protetivo, a legislação proíbe o incapaz de exercer atividades empresariais. No 
entanto, de acordo com Coelho (2009), sendo importante para o incapaz, e desde que em 
continuidade da empresa já constituída pelo indivíduo, ou em casos de sucessão, o juiz 
poderá, amparado em lei, autorizar por meio de um alvará o exercício da atividade de 
empresa. Acrescenta, ainda, o autor que: 
“[...] o exercício da empresa por incapaz autorizado é feito mediante representação (se 
absoluta a incapacidade) ou assistência (se relativa). Se o representante ou o assistido for ou 
estiver proibido de exercer empresa, nomeia-se, com aprovação do juiz, um gerente. 
Mesmo não havendo impedimento, se reputar do interesse do incapaz, o juiz pode, ao 
conceder a autorização, determinar que atue no negócio o gerente. A autorização pode ser 
revogada pelo juiz, a qualquer tempo, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do 
incapaz”. (COELHO, 2009, p. 21). 
 
4 EMPRESÁRIO 
Empresário é quem exerce as atividades da empresa. É necessária a presença de alguns 
aspectos para considerar a existência de uma empresa. Do mesmo modo, para afirmar que 
alguém é um empresário alguns elementos são necessários. 
O empresário é aquele que detém a propriedade dos bens de produção, gozando, 
diretamente, ou por meio de seus representantes, dos poderes relacionados à gestão da 
empresa. 
Empresário é um conceito que vem definido em lei, e se refere ao profissional que exerce 
uma “[...] atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou 
serviços (Código Civil, art. 966). Destacam-se da definição as noções de profissionalismo, 
atividade econômica organizada e produção de bens ou serviços”. 
É necessário para a compreensão do conceito, revisar cada um dos pontos principais 
presentes na definição legal. 
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21 
 
Exercício profissional se refere a três pontos básicos: habitualidade; pessoalidade; e 
a informação. 
Habitualidade se refere ao fato de o empresário exercer as atividades de modo contínuo, 
não episódico, nem esporádico. 
Pessoalidade diz respeito à obrigatoriedade de se contratar empregados para a circulação de 
bens e serviços. 
Já o aspecto informação obriga o empresário a conhecer os bens e serviços que oferece ao 
mercado, bem como informar os possíveis consumidores devidamente. 
Quando se refere a atividade econômica organizada, o Código Civil se refere à própria 
produção e circulação de bens e serviços. A atividade deve ser organizada pelo empresário, 
que articulará capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia, visando a lucro, mesmo que este 
seja o objetivo para alcançar outras finalidades. 
A produção ou circulação de bens ou serviços podem ser consideradas o coração da 
empresa. Sem bens ou serviços não há o porquê de uma empresa existir. 
 
4.1 Empresário Individual 
O Empresário Individual é a pessoa física que exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção e circulação de bensou de serviços. Art. 966 do 
CC. 
Destaca-se que, muito embora o empresário individual seja equiparado, para fins fiscais às 
pessoas jurídicas, ao contrário das sociedades empresárias e da empresa individual de 
responsabilidade limitada que são pessoas jurídicas por determinação legal esculpida no 
artigo 44, inciso II e VI, do Código Civil, o empresário individual tem natureza jurídica de 
pessoa natural, pois o empresário individual é a própria pessoa natural, respondendo os seus 
próprios bens pelas obrigações que assumiu, quer sejam civis ou comerciais. 
O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº. 487.995-AP, DJ 
22/05/2006, de relatoria da E. Ministra Nancy Andrighi, já se pronunciou no sentido de 
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22 
 
que o empresário individual tem natureza jurídica de pessoa natural. Neste julgamento, a 
Ministra apresenta a esclarecedora lição de Carvalho de Mendonça: 
 “para quem a firma individual é uma mera ficção jurídica, com fito de habilitar a pessoa física a praticar 
atos de comércio, concedendo-lhe algumas vantagens de natureza fiscal. Por isso, não há bipartição entre a 
pessoa natural e a firma por ele constituída. Uma e outra fundem-se, para todos os fins de direito, em um 
todo único e indivisível. Uma está compreendida pela outra. Logo, quem contratar com uma está 
contratando com a outra e vice versa... A firma do comerciante singular gira em círculo mais estreito que o 
nome civil, pois designa simplesmente o sujeito que exerce a profissão mercantil. Existe essa separação 
abstrata, embora aos dois se aplique a mesma individualidade. Se em sentido particular uma é o 
desenvolvimento da outra, é, porém, o mesmo homem que vive ao mesmo tempo a vida civil e a vida 
comercial”. 
O empresário individual no exercício da empresa utiliza-se de seu patrimônio pessoal e, 
como leciona o Manoel de Queiroz Pereira Calças, “os bens do que o empresário individual 
emprega no exercício de sua atividade profissional não formam um patrimônio da empresa, mas integram, 
com os demais bens, o patrimônio individual do empresário e configuram a garantia de todos os credores de 
empresário”. 
E, como adverte Barbosa Filho, “a empresa, em si mesma, não tem personalidade jurídica, de 
maneira que uma pessoa, o empresário, manifesta a sua vontade e comanda toda a atividade empresarial, 
assumindo obrigações e auferindo créditos. Esse sujeito de direito ostenta como características primordiais a 
iniciativa e o risco. É ele quem cria e gerencia toda a atividade empresarial, ditando, conforme suas decisões, 
seu desenvolvimento e o sucesso ou insucesso resultante, com o qual arcará, suportando os ônus dos prejuízos 
e nas benesses derivadas dos lucros”. 
Por essas razões, não existe a alienação de firma individual, pois, por se tratar de 
mera ficção jurídica, é impossível separar a pessoa natural do empresário 
individual, e, portanto, impossível que ocorra a alienação, em separado, da empresa 
individual. 
A Câmara Especializa em Direito Empresarial do E. Tribunal de Justiça de São Paulo, 
diante de um caso de alienação de quotas de empresário individual decidiu pela 
impossibilidade de formalização de contrato de cessão de empresa individual, já que, como 
referido, ela se confunde com a pessoa natural. 
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23 
 
No entanto, importante ressalvar que na hipótese de continuação da empresa por incapaz, 
existe a possibilidade de cisão do patrimônio do empresário individual e da sociedade na 
data da interdição desde que autorizado judicialmente, como será tratado mais adiante. 
Embora não seja objeto deste trabalho, imprescindível destacar a figura da empresa 
individual de responsabilidade limitada, introduzida em nosso ordenamento 
jurídico pela Lei 12.470, de 11 de setembro de 2011, que inseriu um novo tipo de 
pessoa jurídica no ordenamento jurídico, adicionando o inciso VI no artigo 44 do 
Código Civil. Ao contrário do empresário individual, na empresa individual de 
responsabilidade limitada – ERELI existe a responsabilidade limitada do titular até 
o montante do capital subscrito, que deverá ser, no mínimo, de cem vezes o salário 
mínimo vigente em sua constituição, ou seja, na ERELI ocorre o surgimento de um 
novo sujeito de direito, a pessoa jurídica, com a constituição de patrimônio 
autônomo em relação ao seu titular, a pessoa natural. 
4.1.. Empresário Individual casado 
O artigo 978 do Código Civil não exige a outorga uxória para que o empresário individual 
casado possa alienar ou gravar de ônus real imóveis integrantes do patrimônio da empresa, 
qualquer que seja o seu regime matrimonial de bens, o que facilita a circulação de bens 
empresariais permitido uma maior agilidade e racionalidade no desenvolvimento da 
atividade empresarial. 
Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas 
Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, 
ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 979, CC. 
4.2. Pessoas excluídas do conceito de empresário 
O artigo 966 do Código Civil, como acima tratado, apresenta o conceito de empresário, 
mas, ao mesmo tempo, em seu parágrafo único, apresenta um rol de pessoas que não serão 
empresárias, ao dispor que “não se considera empresário quem exerce profissão 
intelectual, de natureza cientifica, literária ou artística, ainda que com concurso de 
auxiliares ou colaboradores,...”. 
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24 
 
Exemplificando, as pessoas, em especial profissionais liberais, como advogados, médicos, 
dentistas, engenheiros, artistas etc, mesmo que exerçam a atividade econômica de produção 
de circulação de bens ou serviços não são considerados empresários, visto que ausente uma 
organização empresarial nestas atividades. 
Assim, ocorre a exclusão do conceito de empresário pelo fato de que quem exerce 
profissão intelectual, mesmo que com auxílio de colaboradores, não obstante produzir 
serviços, o esforço realizado por estes profissionais resulta exclusivamente e diretamente da 
mente do autor, de onde advém aquele bem ou serviço sem interferência exterior de fatores 
de produção, cuja ocorrência é, dada a natureza do objeto alcançado, meramente acidental. 
Ou seja, a pessoa do profissional prevalece sobre a organização da atividade exercida. 
Porém, a parte final do parágrafo único do artigo 966, dispõe sobre uma exceção a regra 
legal, ao dizer que, no caso do exercício da profissão de natureza intelectual ou artística 
constitua elemento de empresa (“... salvo se o exercício da profissão constitua elemento de 
empresa”.), aquelas pessoas excluídas do conceito de empresário poderão tornar-se 
empresárias, pois, nesta hipótese, a organização da atividade ultrapassou a pessoa do 
profissional, o qual passa, apenas, a integrar a própria organização como um de sues 
elementos. 
Mas o que constitui o “elemento de empresa”? 
Como pondera Alfredo de Assis Gonçalves Neto “ser elemento de atividade organizada em 
empresa ou, simplesmente elemento de empresa significa ser parcela dessa atividade e não a atividade em si, 
isoladamente considerada. Evidencia-se, assim, que a única possibilidade de enquadrar a atividade 
intelectual no regime jurídico empresarial será considerando-a como parte de um todo mais amplo, apto a 
identificar como empresa – ou, mais, mais precisamente, como um dos vários elementos em que se decompõe 
determinada atividade.” 
Destaca-se ainda o enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil, promovida pelo 
Conselho da Justiça Federal,onde definiu-se que os profissionais liberais não são 
considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for mais 
importante que a atividade pessoal desenvolvida. 
Em resumo, pode-se dizer que o elemento de empresa consiste na organização dos fatores 
de produção para o exercício da atividade e, quando o profissional de atividade intelectual 
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25 
 
ou artística, organiza a sua atividade de forma empresarial e, essa organização empresarial 
ultrapassa a sua pessoa individual, este passa apenas a integrar um dos elementos da 
organização empresarial da atividade. 
 
4.3 O Empresário Rural 
Por força de disposição legal, art. 971 do Código Civil, aquele que exerce uma atividade de 
natureza rural possui a opção de se sujeitar ou não ao regime empresarial, mas caso deseje, 
basta que proceda com o seu registro na Junta Comercial de sua sede, tornando, a partir do 
registro um empresário, devendo cumprir com as obrigações decorrentes do regime 
jurídico empresarial, tal como a manutenção de escrituração contábil e realização de 
balanços. 
Esta faculdade decorre do disposto no artigo 970 que preceitua que a lei assegurará 
tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno 
empresário, quanto à inscrição e os efeitos daí decorrentes. 
Assim, o produtor rural, aquele que exerce atividade agrícola, pecuária, extrativa entre 
outras atividades conexas será considerado empresário rural somente quando esteja 
devidamente inscrito no registro de comércio, sujeitando-se ao regime falimentar e de 
recuperação judicial. 
 
4.4 Obrigatoriedade do Registro de Empresário 
Antes do início de suas atividades, o empresário deve promover a sua inscrição no Registro 
Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, cuja função é das Juntas Comerciais sob 
fiscalização e supervisão do Departamento Nacional de Registro do Comércio - DNRC. 
Não é a inscrição do empresário na Junta Comercial que determina se ele é ou não 
empresário, mas, como acima tratado, a qualidade de empresário decorre da situação fática 
consistente na organização dos fatores de produção (capital, trabalho, insumo e tecnologia) 
com a finalidade de produção ou circulação de bens ou serviços. 
Universidade Candido Mendes/ Niterói – Direito de Empresa I 
 
 
26 
 
O registo do empresário na Junta comercial é uma formalidade imposta a todo e qualquer 
empresário individual ou sociedade empresaria, com exceção daqueles que exercem 
atividade econômica rural. 
A ausência de registro nas Juntas Comerciais caracteriza o empresário como empresário 
irregular ou de fato e, mesmo nesta situação, nos termos da Lei de Falências e Recuperação 
de empresas estará sujeito a falência, mas não lhe será permitido requerer a benesse da 
recuperação judicial e tampouco requerer a falência de seus devedores. 
Daí decorre a distinção entre empresário regular e empresário irregular, sendo que, este 
último deixa de cumprir com o determinado no artigo 967 do Código Civil e tem como 
consequência a perda de determinados benefícios que um empresário devidamente inscrito 
na Junta Comercial possui, como a possibilidade de requerimento de falência ou entrar com 
pedido de recuperação judicial e limitação de responsabilidade dos sócios nos casos das 
sociedades limitadas e, agora, no caso do empresário individual de responsabilidade 
limitada. 
O empresário regular é aquele que, nos termos dos artigos 967 do Código Civil, procede 
com a sua inscrição na Junta Comercial competente, cujo requerimento deverá conter a 
qualificação do empresário, a firma, o capital, o objeto e a sede a empresa. 
O registro mercantil tem como finalidade dar publicidade aos atos nele registrados, por este 
motivo tem apenas característica de ato declaratório e não constitutivo[21], uma vez que 
não consta no artigo 966 do Código Civil a expressão “devidamente inscrito no registro de 
comércio”, mas apenas que empresário é aquele que exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada com a finalidade de produção ou circulação de bens e serviços. 
Como alhures tratado, o registro do empresário no registro mercantil tem, em regra, 
natureza declaratória, mas no caso do empresário rural a natureza do registro é constitutiva. 
Assim, o empresário, mesmo não estando registrado no Registro Público de Empresas 
Mercantis, estará sujeito à falência e, por estar irregular, haverá indícios de crime falimentar, 
como ausência de escrituração. Segundo o Conselho da Justiça Federal, enunciado 199, da 
III Jornada de Direito Civil, o registro do empresário na Junta comercial não é requisito de 
sua caracterização, mas apenas requisito de sua regularidade. 
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27 
 
O empresário individual que pretender abrir sucursal, filial e agência em local sujeito à 
jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, deverá nele realizar a sua 
inscrição com prova do registro originário, sendo também obrigatório o registro de 
estabelecimento secundário no registro da respectiva sede. 
4.5 Capacidade para ser empresário 
Segundo o disposto no artigo 972 do Código Civil podem exercer a atividade 
empresária quem estiver em pleno gozo de sua capacidade civil e não for 
legalmente impedido. Este artigo, contido no livro especial do Direito de Empresa, dever 
ser interpretado em consonância com os artigos iniciais do Código Civil, que tratam da 
capacidade do sujeito de direito. 
Pelo artigo 1º do Código Civil, toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem 
civil, mas esta capacidade só é absoluta quando atingida a maioridade civil aos dezoito anos 
de vida ou nos casos de emancipação e, desde que, não se verifique nenhuma hipótese de 
incapacidade absoluta (menores de 16 anos; os que por enfermidade ou deficiência mental 
não tiverem o necessário discernimento para a prática de atos da vida civil; por causa 
transitório não puderem exprimir a sua vontade) ou relativa (maiores de dezesseis anos e 
menores de dezoito anos; ébrios habituais; viciados em tóxicos; por deficiência mental 
tenha o discernimento reduzido; os excepcionais sem desenvolvimento mental completo; 
os pródigos), conforme artigos 3º e 4º do Código Civil. 
Como referido, além dos maiores de dezoito anos, os emancipados também poderão 
exercer todos os atos da vida civil, inclusive a atividade empresarial desde que, por força de 
disposição legal (CC, art. 976), averbado no Registro Público de Empresas Mercantis a 
prova da emancipação, que pode ocorrer nas seguintes hipóteses: 
(i) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta de outro, mediante 
instrumento público, independente de homologação judicial, ou por sentença 
do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; 
(ii) pelo exercício de emprego público efetivo; 
(iii) pela colação em ensino superior; 
(iv) pelo casamento; 
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28 
 
(v) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de 
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos 
tenha economia própria. 
4.5.1 Empresário individual incapaz 
Com base no princípio da preservação da empresa, em que a empresa constitui-se como 
atividade produtiva de geração de empregos e riquezas ao empresário e a coletividade como 
um todo, o Código Civil, em seu artigo 974, permite que o empresário individual declarado 
incapaz, por meio de seu representante ou devidamente assistido, continue com a empresa 
antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor da herança.Observa-se 
que referido artigo engloba tanto pessoa declarada incapaz judicialmente quanto o menor 
incapaz que herda a empresa individual. 
Para que isso ocorra é necessário a obtenção de autorização judicial concedida por alvará 
judicial, que deverá ser devidamente arquivado na Junta Comercial, em que conterá o 
responsável pela prática de atos em nome do empresário declarado incapaz, como forma 
de dar publicidade ao ato. 
O magistrado ao analisar o pedido de autorização levará em conta, além das circunstâncias 
e os riscos da empresa, a conveniência de sua continuação, sendo lhe permitida a cassação 
da autorização a qualquer tempo (CC, §1º, art. 973), ante a natureza precária da autorização. 
Vale destacar que caso o representante ou assistente do incapaz esteja impedido 
legalmente de exercer atividade empresária, poderá o juiz nomear um ou mais 
gerentes para o exercício da atividade, contudo, tal nomeação não retira do 
representante ou assistente do interdito a responsabilidade pelos atos dos gerentes. 
4.5.2 Pessoas legalmente impedidas 
Como acima referido, podem ser empresários aqueles que estiverem no pleno gozo de sua 
capacidade civil excluídos os que, em razão do cargo que ocupam, estejam legalmente 
impedidos de exercerem atividade empresária, isso em virtude das incompatibilidades com 
o exercício da atividade. 
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29 
 
A indicação das pessoas impedidas do exercício da empresa não está prevista no Código 
Civil, mas em disposições esparsas, que conforme destaca Requião, vão desde a 
Constituição até estatutos do funcionalismo civil e militar. 
Estão impedidos: 
(i) os Magistrados e membros do Ministério Público; 
(ii) os empresários falidos, enquanto não forem reabilitados; 
(iii) os leiloeiros (art.36 do Decreto n° 21.891/32); 
(iv) os cônsules; 
(v) os médicos, para o exercício simultâneo da farmácia, drogaria ou laboratórios 
farmacêuticos, e os farmacêuticos, para o exercício simultâneo da medicina; 
(vi) as pessoas condenadas à pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a 
cargos públicos, ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, 
concussão, peculato ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro 
nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de 
consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da 
condenação; 
(vii) os servidores públicos civis da ativa (Lei nº 1.711/52) e servidores federais (Lei 
nº 8.112/90, art. 117, X, inclusive Ministros de Estado e ocupantes de cargos 
públicos comissionados em geral); 
(viii) os servidores militares da ativa das Forças Armadas e das Polícias Militares 
(Código Penal Militar, arts. 180 e 204, e Decreto-Lei nº 1.029/69; arts. 29 e 35 
da Lei nº 6.880/80); 
(ix) os deputados e senadores não poderão ser proprietários, controladores ou 
diretores de empresa, que goze de favor decorrente de contrato com pessoa 
jurídica de direito público, nem exercer nela função remunerada ou cargo de 
confiança, sob pena de perda do mandato - arts. (54 e 55 da Constituição 
Federal); 
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30 
 
(x) estrangeiros sem visto permanente estão impedidos de serem empresários 
individuais, porém não estarão impedidos de participar de sociedade empresária 
no país; 
(xi) estrangeiro com visto permanente, para o exercício das seguintes atividades: 
pesquisa ou lavra de recursos minerais ou de aproveitamento dos potenciais de 
energia hidráulica; atividade jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e 
imagens, com recursos oriundos do exterior; atividade ligada, direta ou 
indiretamente, à assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei; 
serem proprietários ou armadores de embarcação nacional, inclusive nos 
serviços de navegação fluvial e lacustre, exceto embarcação de pesca; serem 
proprietários ou exploradores de aeronave brasileira, ressalvado o disposto na 
legislação específica. 
As pessoas legalmente impedidas para exercer atividade própria de empresário, se 
exercerem, responderão, pessoalmente, pelas obrigações contraídas, isso porque, os atos 
por elas praticados continuam válidos e eficazes. Além da responsabilidade civil, os 
impedidos estão sujeitos as penalidades administrativas e criminais relativas ao exercício da 
atividade empresária. 
Importante frisar que algumas pessoas, embora impedidas, podem ser sócios ou acionistas 
de sociedades, mas não poderão exercer o cargo de administração. 
 
4.6 Registro do Empresário 
A inscrição do Empresário no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial) 
da respectiva sede é obrigatória e deve ser feita antes do início de sua atividade. A inscrição 
será feita através de requerimento que deverá conter: Art. 968, CC 
a) o seu nome, sua nacionalidade, seu domicílio, seu estado civil e, se casado, o regime de 
bens; 
b) a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; 
c) o capital; 
d) o objeto e a sede da empresa. 
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31 
 
Com essas indicações, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro 
Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os 
empresários inscritos. 
À margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer 
modificações nela ocorrentes. 
Não há previsão de punição pela inobservância da obrigatoriedade da inscrição do 
Empresário, porém a doutrina e a jurisprudência apontam para a desconsideração da 
personalidade jurídica, fazendo com que os sócios respondam ilimitadamente. 
 
4.6.1 Inscrição do estabelecimento secundário 
A constituição de estabelecimento secundário, como sucursal, filial ou agência, deverá ser 
averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, e se for em lugar 
sujeito à jurisdição de outro Registro Público, neste deverá também inscrevê-la, com a 
prova da inscrição originária. 
Em qualquer caso, a constituição de estabelecimento secundário deverá ser averbada no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. 
 
4.6.2 Inscrição do empresário rural e pequeno empresário 
Quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes, a lei assegurará tratamento favorecido, 
diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário. 
Observadas as formalidades de inscrição do empresário, este, cuja atividade rural constitua 
sua principal profissão, poderá requerer inscrição no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos 
os efeitos, ao empresário sujeito a registro 
 
4.7 Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI 
Criada pela Lei 12.441, de 11/07/2011, a Empresa Individual de Responsabilidade 
Limitada - EIRELI é aquela constituída por uma única pessoa titular da totalidade do 
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capital social, devidamente integralizado, que não poderá ser inferior a 100 (cem) vezes o 
maior salário-mínimo vigente no País. O titular não responderá com seus bens pessoais 
pelas dívidas da empresa. 
 
A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente 
poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. 
 
Ao nome empresarial deverá ser incluído a expressão "EIRELI" após a firma ou a 
denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. 
 
A EIRELI também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade 
societária num único sócio, independentemente dasrazões que motivaram tal 
concentração. 
 
A Empresa individual de responsabilidade limitada será regulada, no que couber, pelas 
normas aplicáveis às sociedades limitadas. 
 
4.7.1 requisitos e impedimentos 
Para ser titular de empresa individual de responsabilidade limitada – EIRELI, alguns 
requisitos legais devem ser preenchidos por aquele que deseja constituir ou abrir uma 
EIRELI. Seguem abaixo requisitos e impedimentos para ser titular e administrador. 
 
4.7.2 Capacidade para ser titular 
 
Pode ser titular de EIRELI a pessoa natural, desde que não haja impedimento legal: 
 
a) maior de 18 anos, brasileiro(a) ou estrangeiro(a), que se achar na livre administração de 
sua pessoa e bens; 
 
 
b) menor emancipado: 
 
• por concessão dos pais, ou de um deles na falta de outro se o menor tiver dezesseis anos 
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completos. A outorga constará de instrumento público, que deverá ser inscrito no Registro 
Civil das Pessoas Naturais e arquivado na Junta Comercial. 
 
• por sentença do juiz que, também, deverá ser inscrita no Registro Civil das Pessoas 
Naturais; 
 
• pelo casamento; 
 
• pelo exercício de emprego público efetivo (servidor ocupante de cargo em órgão da 
administração direta, autarquia ou fundação pública federal, estadual ou municipal); 
 
• pela colação de grau em curso de ensino superior; e 
 
• pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde 
que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria; 
 
Menor de 18 e maior de 16 anos, emancipado 
 
A prova da emancipação do menor de 18 anos e maior de 16 anos, anteriormente averbada 
no registro civil, correspondente a um dos casos a seguir, deverá instruir o processo ou ser 
arquivada em separado, simultaneamente, com o ato constitutivo: 
 
a) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento 
público, ou por sentença judicial; 
 
b) casamento; 
 
c) exercício de emprego público efetivo; 
 
d) colação de grau em curso de ensino superior; 
 
e) estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de relação de emprego, desde que, 
em função deles, o menor com 16 anos completos tenha adquirido economia própria. 
 
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34 
 
4.7.3 Impedimento para ser titular 
 
Não pode ser titular de EIRELI a pessoa jurídica, bem assim a pessoa natural impedida por 
norma constitucional ou por lei especial. 
 
4.7.4 impedimentos para ser administrador 
 
Não pode ser administrador de EIRELI a pessoa: 
 
a) condenada a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou 
por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a 
economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da 
concorrência, contra relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto 
perduraram os efeitos da condenação; 
 
b) impedida por norma constitucional ou por lei especial: 
 
• brasileiro naturalizado há menos de 10 anos: 
 
- em empresa jornalística e de radiodifusão sonora e radiodifusão de sons e imagens; 
 
• estrangeiro sem visto permanente. A indicação de estrangeiro para cargo de administrador 
poderá ser feita, sem ainda possuir “visto permanente”, desde que haja ressalva expressa no 
ato constitutivo de que o exercício da função depende da obtenção desse “visto”; 
 
• natural de país limítrofe, domiciliado em cidade contígua ao território nacional e que se 
encontre no Brasil; 
 
- em empresa jornalística de qualquer espécie, de radiodifusão sonora e de sons e imagens; 
 
- em pessoa jurídica que seja titular de direito real sobre imóvel rural na Faixa de Fronteira 
(150 Km de largura ao longo das fronteiras terrestres), salvo com assentimento prévio do 
órgão competente; 
 
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• português, no gozo dos direitos e obrigações previstos no Estatuto da Igualdade, 
comprovado mediante Portaria do Ministério da Justiça, pode ser administrador de 
EIRELI, exceto na hipótese de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e 
imagens; 
 
• pessoa jurídica; 
 
• o cônsul, no seu distrito, salvo o não remunerado; 
 
• o funcionário público federal civil ou militar da ativa. Em relação ao funcionário estadual 
e municipal, observar as respectivas legislações; 
 
• o Chefe do Poder Executivo, federal, estadual ou municipal; 
 
• o magistrado; 
 
• os membros do Ministério Público da União, que compreende: Ministério Público 
Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do 
Distrito Federal e Territórios; 
 
• os membros do Ministério Público dos Estados, conforme a Constituição respectiva; 
 
• o falido, enquanto não for legalmente reabilitado; 
 
• o leiloeiro; 
 
• a pessoa absolutamente incapaz, tais como: o menor de 16 anos; o que, por enfermidade 
ou deficiência mental, não tiver o necessário discernimento para a prática desses atos; o 
que, mesmo por causa transitória, não puder exprimir sua vontade; 
 
• a pessoa relativamente incapaz, quais sejam: o maior de 16 anos e menor de 18 anos 
(pode ser emancipado e, desde que o seja, pode assumir a administração de empresa); o 
ébrio habitual, o viciado em tóxicos, e o que, por deficiência mental, tenha o discernimento 
reduzido e o excepcional, sem desenvolvimento mental completo. 
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Alerta importante: a capacidade dos índios é regulada por lei especial (Estatuto do Índio). 
 
4.7.4 Abertura, Registro E Legalização 
Para abertura, registro e legalização do EIRELI, é necessário registro na Junta Comercial e, 
em função da natureza das atividades constantes do objeto social, inscrições em outros 
órgãos, como Receita Federal (CNPJ), Secretaria de Fazenda do Estado (inscrição estadual 
e ICMS) e Prefeitura Municipal (concessão do alvará de funcionamento e autorização de 
órgãos responsáveis pela saúde, segurança pública, meio ambiente e outros, conforme a 
natureza da atividade). 
 
4.7.5 Registro Na Junta Comercial 
Faça o registro de EIRELI e o seu enquadramento como Microempresa (ME) ou Empresa 
de Pequeno Porte (EPP). Ocasião em que se deve apresentar para arquivamento (registro) 
o Requerimento de Empresário e o enquadramento como ME ou EPP na Junta Comercial, 
desde que atenda ao disposto na Lei Complementar 123/2006. 
 
A Consulta de Viabilidade do Nome Empresarial deve ser a primeira providência a ser 
tomada antes do registro (Requerimento de Empresário) da empresa. Essa medida é para 
certificar-se que não existe outra empresa já registrada com nome igual ou semelhante ao 
que você escolheu. 
 
5. ESTABELECIMENTO 
Segundo determina o art. 1.142 do CC – Considera-se o estabelecimento empresarial todo 
o complexo de bens, corpóreos (mercadorias, mesas, mobílias, imóveis) e incorpóreos 
(nome comercial, marca, patente, direitos) u t i l i z a d o s para o exercício da empresa (e 
não da atividade), por empresário, ou por sociedade empresaria. 
 
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37 
 
5.1 Alienação do Estabelecimento 
Como a alienação do estabelecimento comercial pode repercutir em direitos de terceiros, 
no caso, credores, que possuem no estabelecimento comercial da empresa a garantia dos 
seus direitos, há normas específicas que regulam esse tipo de transação.Assim, quando determinado empresário, na pendência de pagar seus credores, decidir 
alienar seu estabelecimento comercial, é necessária a notificação destes, via judicial ou 
extrajudicial. 
Após este aviso os credores poderão manifestar seu consentimento ou contrariedade à 
alienação do estabelecimento. 
Em caso de concordância expressa dos credores, ou se os mesmos permanecerem inertes 
30 (trinta) dias após a notificação, o empresário está autorizado a alienar seu 
estabelecimento, pois se entende que houve a concordância tácita. 
E se o devedor na tiver conhecimento que o estabelecimento foi alienado e ao invés de 
efetuar o pagamento ao novo proprietário efetuar ao antigo? A cessão dos créditos 
referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeitos em relação ao respectivos 
devedores, dede o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficara 
exonerado se de boa-fé pagar ao cedente 
O estabelecimento é sujeito de direito ou objeto de direito? O estabelecimento não é 
sujeito de direito. Sujeito de direito é o empresário ou a sociedade empresária. O 
estabelecimento é objeto de direito. 
Quando a alienação produzira efeitos quanto a terceiros? depois de averbado à margem da 
inscrição do empresário, ou da sociedade empresaria, no RPEM e da publicação na 
imprensa oficial 
Os débitos da sociedade empresaria integra o estabelecimento empresarial? Não 
E quanto aos débitos existentes antes da alienação? Em relação aos débitos existentes antes 
da alienação, há regras próprias que tratam do assunto. 
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 Adquirente - aquele que comprou o estabelecimento (adquirente) responde pelos 
débitos existentes antes da venda do estabelecimento, desde que todo esse 
passivo(divida) esteja devidamente contabilizado. 
 Vendedor - aquele que vendeu o estabelecimento (devedor primitivo) ainda 
responderá solidariamente junto com o comprador, pelo prazo de 1 ano. 
Esse prazo de um ano conta-se de duas maneiras diferentes: 
1. Para os créditos já vencidos, conta-se um ano após a publicação do contrato de 
trespasse na imprensa oficial e 
2. Para os créditos ainda não vencidos, conta-se um ano após o vencimento 
Sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados – a transferência do estabelecimento, 
salvo disposição em contrário, importa a sub-rogação do adquirente nos contratos 
estipulados para exploração daquele, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros 
contratantes rescindirem o contrato em 90 dias, a contar da publicação da transferência, se 
ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante 
Exemplo: Gabriel tem uma sorveteria na qual vende sorvetes artesanais da sua marca 
Gelados. O imóvel no qual está localizada a empresa, os freezers e as máquinas necessárias 
para a elaboração dos sorvetes são alugados. 
Os móveis e o estoque de matéria prima, no entanto, são de propriedade de Pedro 
Henrique. Ressalta-se que a marca é bastante conhecida na cidade e o seu estabelecimento 
já tem uma clientela fiel. 
Considerando os fatos expostos, podemos afirmar que fazem parte do estabelecimento 
empresarial todos os bens que estão organizados para o desenvolvimento da empresa, isto 
é, tanto o imóvel, quando os freezers, as máquinas, os móveis, o estoque e a marca Gelados 
 
E quanto aos débitos tributários ? Art. 133 CTN. A pessoa natural ou jurídica de direito 
privado que adquirir de outra, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra 
razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo 
ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato: 
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39 
 
1. Integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou 
atividade; 
2. subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro 
de 6 (seis) meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em 
outro ramo de comércio, indústria ou profissão 
Atenção: as regras a cima não se aplica na hipótese de alienação judicial: 
 
Em processo de falência - Não se aplica esta regra se o adquirente for: 
1. sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade 
controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; 
2. parente, em linha reta ou colateral até o 4º (quarto) grau, consangüíneo ou 
afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus 
sócios; ou 
3. identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial 
com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. 
2. De filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. 
 
 
Cláusula de não restabelecimento - consiste na proibição daquele que vendeu o 
estabelecimento fazer concorrência em relação ao que adquiriu pelo prazo de 05 anos após 
à venda, a não ser que haja autorização expressa nesse sentido. 
Atenção: No caso do estabelecimento comercial não ter sido propriamente vendido, mas 
ser objeto de usufruto ou arrendamento, o prazo para o antigo proprietário exercer 
qualquer tipo de concorrência ficará determinado no contrato. 
 
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5.2 Trespasse 
Trespasse é o nome dado ao negócio jurídico (isto é, ao contrato) por meio do qual o 
estabelecimento empresarial é transferido da esfera patrimonial de um empresário para a de 
outro. Para que haja trespasse, a essência do estabelecimento deve ser alienada. Isso 
quer dizer que, pelo trespasse, o conjunto organizado de bens corpóreos e incorpóreos 
deve ser transferida do patrimônio do empresário para o terceiro. 
Em regra, o empresário transfere todo o estabelecimento. Até pode haver, no contrato, 
condição que lhe permita manter consigo um ou outro bem que, embora elemento do 
estabelecimento, não seja considerado fundamental pelo comprador. Se o empresário 
vender uma parcela grande e importante da empresa, mas o estabelecimento se mantiver 
sob seu patrimônio, houve alienação de fato e de direito desses elementos importantes, mas 
o contrato pelo qual esses elementos foram alienados não é um contrato de trespasse. 
Relembrando: O contrato de Trespasse é averbado no Registro Público de Empresas 
Mercantis e publicado na Imprensa Oficial, e só a partir daí produz efeitos perante 
terceiros. 
 
ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL X EMPRESA - o conjunto de bens organizados 
chamado estabelecimento empresarial pertence ao patrimônio do empresário e não deve se 
confundir com a empresa, que também faz parte do patrimônio do empresário. 
 
5.3 Bens Incorpóreos Do Estabelecimento 
1. Ponto comercial - é um bem incorpóreo, elemento do estabelecimento, que indica 
que a localização da empresa, em si, é um atrativo para a clientela. A proteção 
jurídica mais importante ao ponto é o direito de renovação compulsória do 
contrato de locação empresarial, previsto na lei de locações. 
2. Marca comercial - os sinais distintivos do estabelecimento, também são bens 
incorpóreos, bem que identifica a empresa perante o público e os fornecedores. A 
marca recebe proteção jurídica por meio da Lei de Propriedade Intelectual. 
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3. Contratos em fase de execução, com termo a longo prazo, que conferem uma 
estrutura de fornecimento de equipamentos, crédito e serviços à disposição do 
empresário, disposta de modo altamente vantajoso para o desenvolvimento da 
atividade empresarial. 
4. Tecnologia - que considero o bem (corpóreo ou incorpóreo) mais importante de 
qualquer empresa, representa a capacidade da empresa de atuar

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