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8ª Edição - 2012 Engº José Roberto Pereira 1 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 1 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br APRESENTAÇÃO Este trabalho é o resultado de muitos dias (e noites) de pesquisa, estudo, planejamento, organização, redação, desenho, compilação, cálculos, etc., e foi elaborado sem finalidade comercial ou sequer para obtenção de qualquer espécie de remuneração ou lucro financeiro. Seu objetivo é, unicamente, divulgar e propagar o seu conteúdo entre o maior número possível de pessoas, de modo a fomentar o saber e estimular o conhecimento. Espero assim que, de alguma forma, ele seja uma forma de contribuição para o aprimoramento e a elevação do espírito humano, e da evolução da nossa espécie. Por esta razão, o seu conteúdo não está protegido por qualquer tipo de patente ou “copyright”, sendo a sua cópia, distribuição e divulgação não apenas permitida, mas também (e principalmente) estimulada, no todo ou em parte, em qualquer tipo de mídia, seja ela física, eletrônica ou qualquer outra que, futuramente, possa surgir, desde que não seja vendida ou comercializada de qualquer forma e que a fonte seja devidamente citada. Acredito que, com este pequeno legado, estarei contribuindo, mesmo que humildemente, para fazer deste nosso mundo um lugar melhor para se viver. Serão muito bem-vindas quaisquer colaborações apontando eventuais erros ou sugerindo melhorias para este trabalho, que poderão ser enviadas para o e-mail do autor, indicado no rodapé. Rio de Janeiro, março de 2011. José Roberto Pereira “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.” (Jean Piaget) 2 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 2 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Advertência Para a perfeita compreensão do conteúdo deste trabalho é necessário o conhecimento prévio de alguns conceitos básicos de matemática, cujo domínio é fundamental para o acompanhamento e a resolução dos exercícios propostos. Listamos abaixo os principais conceitos considerados pré-requisitos: - Quatro Operações Aritméticas Fundamentais: Adição, Subtração, Multiplicação e Divisão - Números Decimais e Operações com Números Decimais - Frações e Operações com Frações - Razões e Proporções – Regra de Três - Porcentagem - Potenciação - Radiciação - Sistemas de Medidas – Múltiplos e Submúltiplos - Notação Científica (Potência de 10) - Equações do Primeiro Grau - Sistemas de Equações do Primeiro Grau - Noções de Cálculo Vetorial - Trigonometria - Números Complexos (Forma Polar e Retangular) - Logaritmos - Resolução de Triângulos Retângulos (Teorema de Pitágoras) Os conteúdos acima podem ser obtidos na bibliografia sugerida no final deste trabalho. Recomandamos enfaticamente o seu estudo, conhecimento e domínio. 3 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 3 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – Corrente Alternada 04 CAPÍTULO 2 – Reatância e Impedância 12 CAPÍTULO 3 – Circuitos de C.A. Monofásicos Ideais 15 CAPÍTULO 4 – Circuitos Monofásicos de C.A. 20 CAPÍTULO 5 – Filtros Passivos 48 CAPÍTULO 6 – Sistemas Trifásicos 61 BIBLIOGRAFIA 73 ÍNDICE 74 4 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 4 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br CAPÍTULO 1 CORRENTE ALTERNADA 1.1 - Análise gráfica e matemática da função seno Uma função periódica senoidal genérica pode ser representada graficamente de duas formas: no domínio temporal (em função do tempo) ou no domínio angular (função do ângulo), como mostra a figura abaixo: No caso dessa função expressar o comportamento de uma tensão elétrica, a amplitude máxima que esta tensão senoidal pode atingir é denominada tensão de pico (Vp), ou tensão máxima (Vmáx) e a amplitude total entre os valores máximos positivo e negativo, é denominada tensão pico a pico (Vpp), sendo: Vpp = 2 . Vp = 2 . Vmáx O tempo que a função necessita para completar um ciclo é chamado de período (T) e o número de vezes que o ciclo se repete por segundo é chamado de freqüência (f), sendo a relação entre eles a seguinte: f = onde: [ T ] = s segundo [ f ] = Hz ou c/s Hertz ou ciclos / segundo α = ωt 1 T v(t) v(α) 5 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 5 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Matematicamente, os gráficos de uma tensão senoidal nos domínios temporal e angular podem ser representados, respectivamente, por: v = Vp . sen ωt ou v = Vp . sen α onde: v(t) = v(α) = valor da tensão no instante t ou para o ângulo α Vp = Valor de pico ou valor máximo da tensão (em Volts) ω = velocidade angular ou freqüência angular (em rd/s) α = ângulo (em rd) A freqüência angular ou velocidade angular, representada pela letra grega ω (ômega) , corresponde ao valor do ângulo α do sinal em função do tempo. Das expressões matemáticas anteriores, tiramos a relação: α = ωt. Comparando os gráficos dos domínios temporal e angular, notamos que quando α = 2π, tem-se que t = T. Assim, é válida a relação ωT = 2π. Portanto, a freqüência angular ω pode ser calculada por: ω = ou ω = 2π.f 1.2 - Fase inicial Nos circuitos elétricos, nem sempre um sinal senoidal inicia o seu ciclo no instante t=0. neste caso, dizemos que o sinal possui uma fase inicial θ0. Assim sendo, a expressão completa para representar o sinal senoidal deve incluir esta fase inicial: v = Vp . sen (ωt + θ) Se o sinal inicia o seu ciclo adiantado, θ0 é positivo. Se o sinal inicia o seu ciclo atrasado, θ0 é negativo, como mostra a figura ao lado: 2π T 6 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 6 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 1.3 - Produção de uma tensão alternada senoidal No capítulo 12 da Apostila de Eletricidade I, estudamos a f.e.m. induzida num condutor que se movimenta num campo magnético, conforme a figura abaixo: Vimos também que o seu valor instantâneo é dada pela expressão e = β . L . v . sen α onde: e = valor instantâneo da f.e.m. induzida no condutor, em Volts (V) β = densidade do fluxo magnético, em Teslas (T) L = comprimento da parte do condutor submetida ao campo magnético, em Metros (m) v = velocidade com que o condutor atravessa o campo, em (m/s) sen α = seno do ângulo entre a direção do movimento do condutor e a direção do campo Esse valor será zero quando α = 0º ou α = 180º, uma vez que sen 0º = sen 180º = 0. Por outro lado, esse valor será máximo quando α = 90º, resultando em sen 90º = 1. Nesta condição, podemos dizer que e = β . L . v = Emáx A equação da f.e.m. instantânea pode então ser escrita como:e = Emáx . sen α Esta f.e.m. pode assim ser representada por um vetor girante ou fasor, cujo raio ou amplitude é igual ao valor de pico ou valor máximo dessa f.e.m. e que gira no sentido anti-horário com velocidade angular ω. e = Emáx . sen ωt N SEmáx α 7 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 7 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br A projeção de Emáx (ou Vmáx) no eixo vertical é uma função seno, reproduzindo, portanto, a tensão senoidal v(t) ou v(α), dependendo do domínio. Isso é mostrado na figura abaixo: Analisemos agora o caso de uma espira móvel, da figura abaixo, que roda com velocidade constante, no sentido indicado pela seta F, num campo magnético uniforme: Na posição indicada na figura, os condutores AB e CD se deslocam perpendicularmente com as linhas de força do campo, as quais têm o sentido H. Aplicando-se aos dois condutores uma das regras da mão esquerda antes mencionadas, observar-se-à que o sentido das f.e.m. nos mencionados condutores é respectivamente (e) e (e1). Estas duas f.e.m., embora de sentido oposto, somam seus efeitos no circuito da própria espira. Nestas condições, nos bornes da mesma existe no instante considerado a diferença de potencial igual a 2e. Na posição indicada na mesma figura, os dois condutores se deslocam perpendicularmente às linhas de força do campo (α = 90o) e por isso a f.e.m. que neles se gera é máxima, pois é máximo o número de linhas de fôrça cortadas pelos condutores, por cada unidade de comprimento percorrido. 8 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 8 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br O valor da f.e.m. vai decrescendo sucessivamente até reduzir-se a zero quando, depois de uma rotação de 90°, a espira alcança o plano YY, onde os condutores deslocam-se paralelamente com as linhas de fôrça do campo (α = 0o), sem cortar nenhuma delas. Deste instante em diante, a f.e.m. induzida volta a crescer mas o seu sentido, em relação aos bornes da espira, fica invertido, pois o condutor AB irá deslocar-se no sentido em que antes deslocava-se o condutor CD e vice-versa. No instante em que a bobina passa pela posição que alcança depois de meia volta, a f.e.m. nela induzida adquire um valor igual, mas em sentido contrário ao alcançado com a espira na posição indicada na figura anterior. Desta posição em diante a f.e.m. induzida na espira volta a diminuir para anular-se, outra vez mais, quando a espira passa pelo plano YY. O fenômeno processa-se conforme está indicado na figura abaixo, na qual está representado o diagrama de variação da f.e.m., constituído tomando-se como abcissas os ângulos de rotação e como ordenadas os valores que a f.e.m. adquire quando passa por cada uma das posições definidas pelas abcissas. Consideram-se positivas as f.e.m. dirigidas num sentido, prefixado arbitràriamente, e negativas as dirigidas no sentido contrário. O processo se repete identicamente em cada volta e se a espira estiver ligada a um circuito fechado, a f.e.m. nela induzida lança neste uma corrente que sofre variações análogas às da f.e.m. que a produz. As f.e.m. e as correntes dêste tipo são chamadas f.e.m. e correntes alternadas. 9 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 9 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 1.4 - Valores Médio e Eficaz de uma f.e.m. Senoidal O valor médio de uma função periódica geral é dado pela integral abaixo: Ymed = y(t) dt Para uma função senoidal, podemos escrever: Ymed = Ymax sen (ωt) d(ωt) Substituindo-se o termo genérico “Y” pela tensão, uma vez que esta é uma função senoidal, e integrando para os dois semiciclos, uma vez que a senóide foi retificada em meia onda (o valor médio não é mais igual a zero), temos que: Vmed = Vmax sen (ωt) d(ωt) Resolvendo a integral, temos: Vmed = . (cos 0 – cos 2π) Sendo cos 0 = 1 e cos 2π = 1, podemos então escrever: Vmed = . (1 – 1) = . 0 = 0 Desta forma, verificamos que o valor médio de uma função senoidal é igual a zero, o que faz sentido, uma vez que o semiciclo positivo é igual ao semiciclo negativo. No entanto, sabemos que uma corrente alternada circulando numa resistência produz trabalho, sob a forma de calor, o que nos leva a deduzir que existe um valor responsável pela realização deste trabalho. Este valor é chamado de Valor Eficaz e é obtido calculando-se a raiz quadrada da média dos quadrados dos valores instantâneos (eleva-se ao quadrado para converter o semiciclo negativo em positivo e assim calcular a média). Por esta razão, este valor também é chamado de Valor RMS (de ROOT – MEAN – SQUARE). A sua fórmula geral está indicada abaixo: Yef = y2 (t) dt 1 T T ∫0 1 2π 2π ∫0 1 2π 2π ∫0 Vmax 2π Vmax 2π Vmax 2π 1 T T ∫0 10 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 10 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Para uma função senoidal, podemos escrever: Vef = (Vmax sen ωt)2 d(ωt) Resolvendo a integral, temos: Vef = ou Vef = 0,707 Vmáx O valor eficaz de uma tensão ou corrente é definido como o valor que ela deveria ter, se fosse constante (como uma C.C. constante) para produzir uma certa quantidade de calor num determinado tempo. Quando dizemos que uma corrente alternada tem, por exemplo, o valor eficaz de 1A, isto quer dizer que ela é capaz de produzir tanto calor por segundo quanto uma corrente contínua constante de 1A. Em geral, quando se fala de uma tensão ou corrente alternada, faz-se referência ao seu valor eficaz, e os medidores indicam comumente valores eficazes. Assim, salvo observação em contrário, sempre que nos referirmos a um valor de tensão ou corrente alternada, estaremos nos referindo ao seu valor eficaz. Existe, no entanto, uma forma de se calcular o valor médio de uma função senoidal evitando que o mesmo seja zero. Isso é feito considerando somente um semi-ciclo, porque o valor médio da onda completa é zero. O valor médio é dado pela fórmula abaixo: Vmed = Vmax sen (ωt) d(ωt) Resolvendo a integral, temos: Vmed = . (cos 0 – cos π) Sendo cos 0 = 1 e cos π = – 1, podemos então escrever: Vmed = . (1 + 1) = 1 2π 2π ∫0 Vmáx √ 2 1 π π ∫0 Vmax π Vmax π 2Vmax π 11 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 11 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Então: Vm = ou Vm ≅ 0,636 Vmáx Um gráfico mostrando os valores de uma tensão senoidal pode ser visualizado abaixo: 2.Vmáx π V t Vmáx v = Vmáx . sen ωt - Vmáx 0 T Vef = 0,707 Vmáx Vm = 0,636 Vmáx Vpp Vmáx = Tensão máxima (ou tensão de pico) Vef = Tensão eficaz Vm= Tensão média v = Tensão instantânea Vpp = Tensão pico–a–pico ( Vpp = 2.Vmáx ) ω = 2 . π . f T = Período 12 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 12 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br CAPÍTULO 2 REATÂNCIA E IMPEDÂNCIA 2.1 - Reatância Indutiva Segundo a Lei de Lenz (Apostila de Eletricidade I – Capítulo 10), a f.e.m. de auto-indução oferece uma oposição às variações de corrente. Esta oposição tem o nome de REATÂNCIA INDUTIVA (XL) e num circuito de C.A., é dada pela fórmula XL = 2.π.f.L ou XL = ω.L XL = reatância indutiva em Ohms (Ω) f = freqüência em Hertz (Hz) L = coeficiente de auto-indutância em Henrys (H) ω = freqüência angular da corrente (rd/s) 2.2 - Reatância Capacitiva Por sua vez, um capacitor se opõe às variações de tensão e neste caso, esta oposição chama- se REATÂNCIA CAPACITIVA (XC), que num circuito de C.A. é dada pela expressão XC = ou XC = XC = reatância capacitiva em Ohms (Ω) f = freqüência em Hertz (Hz) C = capacitância em Farads (F) ω = freqüência angular da corrente (rd/s) 2.3 - Impedância ( Z ) Esta grandeza é o conjunto de todos os fatores que devem ser vencidos pela f.e.m. aplicada ao circuito de corrente alternada, para que se possa estabelecer uma corrente elétrica. Compreende, portanto, a resistência efetiva do circuito e as reatâncias indutiva e capacitiva. Em outros termos, a impedância é a soma vetorial das reatâncias com a resistência, como pode ser melhor compreendido na figura abaixo: 1 2 . π . f . C 1 ω.C 13 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 13 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br XL XL - XC Z R XC Em conseqüência do exposto, é fácil concluir que a Lei de Ohm, quando aplicada a circuitos de C.A., passa a ter o seguinte enunciado: "A INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA É DIRETAMENTE PROPORCIONAL À FORÇA ELETROMOTRIZ E INVERSAMENTE PROPORCIONAL À IMPEDÂNCIA." I = Z = impedância em Ohms (Ω) V = tensão em Volts (V) I = corrente em Ampères (A) Obs.: As equações para o cálculo das reatâncias indutiva e capacitiva só são válidas para correntes alternadas senoidais. 2.4 - Potência em C.A. A energia aplicada por segundo a um circuito de corrente alternada (potência do circuito) é destinada a vencer as três dificuldades normalmente presentes no mesmo: a resistência efetiva, a reatância indutiva e a reatância capacitiva. A parte destinada a vencer a resistência efetiva do circuito é denominada POTÊNCIA REAL (P) ou POTÊNCIA ATIVA do circuito. É expressa em WATTS. Esta potência corresponde à energia elétrica que está realizando trabalho elétrico, ou sendo transformada em calor, em cada segundo, e costuma ser chamada também de POTÊNCIA EFETIVA. A parcela gasta para sobrepujar a reatância do circuito é denominada POTÊNCIA REATIVA (Q), sendo expressa em VOLTS-AMPÈRES REATIVOS (VAr). A soma vetorial das potências real e reativa é igual ao produto da tensão aplicada ao circuito pela intensidade da corrente no mesmo. Este produto é conhecido como POTÊNCIA APARENTE (S) do circuito, e corresponde, como dissemos no início deste item, à energia aplicada por segundo ao circuito. A potência aparente é dada em VOLTS-AMPÈRES (VA). V Z 14 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 14 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br O cálculo da potência em C.A. é feito com as mesmas equações estudadas em C.C., observados apenas os seguintes fatos: - a potência aparente refere-se à energia gasta por segundo para vencer a dificuldade total do circuito; para calculá-la devemos considerar a impedância (Z) e a tensão total aplicada ao circuito (V) S = V . I = I2 . Z = V2 / Z VOLTS-AMPÈRES (VA) - a potência real é a energia gasta por segundo para vencer apenas a resistência efetiva. No seu cálculo é considerada simplesmente a resistência efetiva (R) e a tensão ER: P = VR . I = I2 . R = VR2 / R WATTS (W) - a potência reativa é a energia gasta por segundo unicamente para vencer a reatância do circuito. Para calculá-la, consideramos a reatância (X) e a parcela da tensão destinada a vencê-la (VX): Q = VX . I = I2 . X = VX2 / X VOLTS-AMPÈRES REATIVOS (Var) 2.5 - Fator de Potência Como vimos, a potência em WATTS (POTÊNCIA REAL) é apenas uma percentagem da POTÊNCIA APARENTE. A relação entre a potência real e a potência aparente é denominada FATOR DE POTÊNCIA do circuito: Fator de Potência = O fator de potência do circuito é igual a 1 quando a única dificuldade no circuito é a resistência efetiva. Quando há reatância de qualquer espécie, é um número decimal. É muito comum se referir ao fator de potência como “coseno fi” , pois ele exprime o valor do coseno do ângulo “φ” formado por P e S. Posteriormente, veremos este assunto com mais detalhes. P S 15 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 15 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br CAPÍTULO 3 CIRCUITOS DE C.A. MONOFÁSICOS IDEAIS 3.1 - Circuito Puramente Resistivo Trata-se de um circuito como a figura abaixo, em que a única dificuldade a ser vencida pela tensão aplicada é a resistência efetiva, e, portanto, Z = R Convém esclarecer que “R” não é apenas a resistência de um resistor, e sim A RESISTÊNCIA EQUIVALENTE DE TODOS OS ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O CIRCUITO. A intensidade da corrente fornecida pela fonte é I = V / Z = V / R A tensão VR e a intensidade da corrente atingem valores correspondentes ao mesmo tempo: Quando isto ocorre com duas grandezas, dizemos que estão EM FASE. Em outras palavras, a tensão VR e a intensidade da corrente no circuito atingem seus valores máximos, mínimos e quaisquer outros valores no mesmo instante. Como as duas grandezas VR e I são senoidais e estão em fase, podemos representá-las vetorialmente conforme a figura abaixo: I VR V ~ R I VR VR 16 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 16 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Toda a energia aplicada a este circuito é usada para vencer apenas sua resistência. Assim, podemos concluir que: Potência reativa = 0 Potência real = Potência aparente Como vimos, o circuito que está sendo considerado não apresenta reatância, e a potência reativa é nula. O fator de potência do circuito é igual a 1 ou 100%; isto porque toda a energia aplicada ao circuito está sendo gasta para vencer sua resistência. Também pela expressão abaixo chegamos à mesma conclusão: Fator de potência = P / S = 1 3.2 - Circuito Puramente Indutivo Neste circuito, a única dificuldade apresentada para o estabelecimento de uma corrente elétrica é a reatância indutiva. Desta forma, podemos escrever que: Z = XL = 2.π.f.L = ω.L XL simboliza a reatância total do circuito; é a reatância oferecida pela auto-indutância equivalente do circuito. A intensidade da corrente no circuito é: I = V / Z = V / XL = V / 2.π.f.L V ~ L I VL 17 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição- 2012 17 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Estudamos que a indutância no circuito se opõe às variações da corrente, ou seja, retarda seu crescimento e sua queda; vimos também que a f.e.m. de auto-indução (f.c.e.m.) é máxima quando I é igual a zero, e vice-versa. Portanto, VL e I estão sempre defasadas de 90 graus elétricos, o que pode ser representado como mostra a figura: Neste caso, dizemos que I está atrasada 90° em relação a VL. Vetorialmente, podemos representar estas duas grandezas do seguinte modo: VL φ = ângulo de defasagem φ I A energia aplicada ao circuito tem a exclusiva finalidade de vencer a reatância indutiva, donde concluímos que: Potência reativa = Potência aparente Potência real = 0 As potências aparente e reativa podem ser calculadas com qualquer das expressões abaixo: Q = S = V . I = VL . I = I2 . Z = I2 . XL = V2 / Z = VL2 / XL O fator de potência do circuito é zero, porque não está sendo gasta energia para vencer resistência. Chega-se à mesma conclusão pela expressão abaixo: Fator de potência = P / S = 0 / S = 0 18 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 18 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 3.3 - Circuito Puramente Capacitivo Neste caso, o único obstáculo ao estabelecimento de uma corrente no circuito é a reatância capacitiva. Assim, podemos escrever que: Z = XC = XC simboliza a reatância capacitiva total do circuito, isto é, a reatância oferecida pela capacitância equivalente do circuito. A intensidade da corrente no circuito é I = V / Z = V / XC = V.2.π.f.C Sabemos que a d.d.p. entre as placas de um capacitor é zero quando a corrente de carga é máxima, e vice-versa. Neste circuito, VC e I não atingem valores correspondentes ao mesmo tempo, como mostra a figura abaixo: V ~ C I VC 1 2.π.f.C 19 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 19 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Dizemos então que VC e I estão DEFASADAS de 90 graus elétricos; como os valores de I se antecipam aos valores de VC, afirmamos que I está adiantada de 90 graus elétricos em relação a VC. Como estas duas grandezas são senoidais e estão defasadas de 90°, podemos representá-las vetorialmente de acordo com a figura I φ VC φ = ângulo de defasagem Toda a energia aplicada a este circuito é usada para vencer sua reatância capacitiva. Concluímos que: Potência real = 0 Potência reativa = Potência aparente As potências aparente e reativa podem ser calculadas com qualquer das expressões abaixo: Q = S = V . I = VC . I = I2 . Z = I2 . XC = V2 / Z = VC2 / XC O fator de potência do circuito é zero, pois não há gasto de energia para vencer resistência, ou, como mostra a expressão abaixo: Fator de potência = P / S = 0 / S = 0 20 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 20 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br CAPÍTULO 4 CIRCUITOS MONOFÁSICOS DE C.A. 4.1 - Circuito R-L em Série Na prática, diferentemente do indutor ideal, visto em 3.2, um indutor real apresenta indutância e resistência elétrica (devido à resistividade do fio do indutor). Portanto, a corrente elétrica, ao percorrer um indutor, encontra dois tipos de oposição: a reatância indutiva e a resistência ôhmica do fio. O circuito equivalente de um indutor real é um indutor ideal em série com a sua resistência ôhmica interna, como na figura acima. Quando uma tensão alternada é aplicada a um circuito R-L série, a corrente continua atrasada em relação à tensão, só que de um ângulo menor que 90° pois, enquanto a indutância tende a defasá-la em 90°, a resistência tende a mantê-la em fase com a tensão. A figura acima mostra um circuito R-L em série, no qual R e L simbolizam, respectivamente, a resistência equivalente de todas as resistências em série com o indutor (inclusive a resistência ôhmica do fio do indutor) e a auto-indutância equivalente do circuito. A impedância do circuito é a soma vetorial de R e XL. A intensidade de corrente fornecida pelo gerador é a mesma que circula pelo resistor e pelo indutor e sua fórmula pode ser expressa por: i = v / Z A tensão aplicada ao circuito pelo gerador (v) é a soma vetorial das tensões no resistor (vR)e no indutor (vL), como mostra o diagrama abaixo: vL v φ vR i O valor de φ depende da razão entre vR e vL, ou da razão entre R e XL (as razões são iguais). v ~ L i vL vR R φ = arctg vL vR 21 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 21 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Pelo diagrama fasorial, vê-se que a corrente (i) está em fase com (vR) mas no indutor está atrasada de 90° em relação à tensão (vL). Como tensão e corrente num resistor estão sempre em fase, (vR) e (i) estão representadas no mesmo eixo. A tensão (v) do gerador é a soma vetorial de (vL) com (vR), resultando numa defasagem φ menor que 90° em relação à corrente. A figura abaixo mostra a representação das formas de ondas de um circuito RL série: 4.1.1 - Impedância Indutiva (ZL) A oposição total que um circuito R-L oferece à passagem da corrente elétrica depende de R e de XL e é chamada de Impedância Indutiva. O seu valor é o da soma vetorial de R + XL. A figura abaixo facilita essa compreensão: Podemos dizer, então, que: ZL = R + j XL Na forma polar, o seu módulo será: E o seu ângulo de fase será igual a: |ZL| = √ R2 + XL2 φ = arctg R ZLXL φ VRVL V i XL R φ 22 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 22 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Exemplos: 1 – Uma bobina, quando ligada a uma fonte CC de 10V, consome uma corrente de 100mA e, quando ligada a uma fonte CA de 10Vrms / 500Hz, consome uma corrente de 20mA. Calcular: a) A resistência da bobina b) A reatância e a indutância da bobina c) A impedância complexa da bobina d) O diagrama fasorial do circuito (considerando a corrente como referência de fase nula) Resolução: a) Quando a bobina é ligada à fonte CC, só existe o efeito da sua resistência ôhmica. Portanto: R = V / I = 10V / 100 x 10-3A R = 100 Ω b) Quando a bobina é ligada à fonte de CA, além da resistência ôhmica há o efeito da reatância indutiva. Então, o módulo da impedância será: ZL = v / i = 10V / 20 x 10-3A = 500 Ω Como ZL2 = R2 + XL2, temos que: XL2 = ZL2 – R2 ou XL = √ ZL2 – R2 XL2 = √ 5002 – 1002 XL = 490 Ω XL = 2.π.f.L Logo, L = L = 490 / 2 x 3,14 x 500 L = 156 mH c) ZL = R + j XL ZL = 100 + j 490 d) A tensão estará em fase com a impedância total e a corrente estará em fase com a resistência. Então, o ângulo de fase entre a tensão e a corrente será dado por: φ = arctg = arctg 490 / 100 = arctg 4,9 φ = 78,5° |vL| = v senφ = 10 sen 78,5° = 10 x 0,978 = 9,78 V |vR| = v cos φ = 10 cos 78,5° = 10 x 0,199 = 1,99 V XL 2πf XL R v i 78,5° vL vR 23 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 23 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 2 – Dado o circuito a seguir, determinar: a) A impedância do circuito e o valor de L b) A corrente no circuito c) O diagrama fasorial Resolução: a) Na forma cartesiana: Z = 30 + j 40 Ω Na forma polar: |Z| = √ R2 + XL2 = √ 302 + 402 = 50 Ω (Módulo) Fase: φ = arctg 40 / 30 = 53° Portanto: Z = 50 53° Ω Pela reatância indutiva, calcula-se L: XL = 2 π f L L = XL / 2 π f L = 40 / 2 π .60 L = 106 mH b) A corrente no circuito será: i = i = = 2,2 37° Arms c) Uma vez que, pelo enunciado, a tensão está a 90°, o seu vetor deverá ficar nesta direção (vertical). A corrente, 53° atrasada em relação à tensão, ou seja, a 90 – 53 = 37º. vR está em fase com a corrente e vL adiantado de 90° em relação a vR, ou seja 90 + 37 = 127° Cálculo de |vL| e |vR|: |vL| = XL x i = 40 |90° x 2,2 |37° = 88 |127° V |vR| = R x i = 30 | 0° x 2,2 |37° = 66 |37° V 37° + 53° + 37° = 127° ~ R = 30 Ω XL = 40 Ω v ZL 110 90° 50 53° V = 110V VR = 66V VL = 88V 37° 53° I = 2,2 A 37° v = 110 90° Vrms 60 Hz 24 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 24 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Obs.: Se tomássemos a corrente como referência (φ = 0°), o diagrama ficaria como abaixo (o mesmo diagrama, rotacionado de 37° no sentido horário): 4.2 – Potência em Circuitos Indutivos Consideremos o circuito R-L série da figura abaixo: A sua representação fasorial ficaria como a figura abaixo: Multiplicando-se as tensões por (i), obtemos as potências: V = 110V VR = 66V VL = 88V 37° 53° I = 2,2 A v ~ L i vL vR R vL v vR φ Q S P φ 25 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 25 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br P = vR . i = Potência Ativa ou Potência Real ou Potência Útil => Watt (W) Q = vL . i = Potência Reativa => Volt-Ampère Reativo (VAr) S = v . i = Potência Aparente ou Potência Total => Volt-Ampère (VA) Pelo Teorema de Pitágoras, temos: S2 = P2 . Q2 ou S = √ P2 + Q2 A relação entre a potência real P e a potência aparente S é chamada FATOR DE POTÊNCIA (FP), cuja expressão é mostrada abaixo: Fator de potência = = cos φ donde P = S . cos φ Como S = v . i temos: P = v . i . cos φ - É comum chamar o fator de potência de ”cosseno fi”, devido à sua expressão. - O fator de potência dá uma medida do aproveitamento da energia fornecida à carga pelo gerador. - Se a carga é puramente resistiva, não há potência reativa e, portanto, S = P, ou seja, FP = 1. Neste caso, a carga aproveita toda a energia fornecida pelo gerador (dissipa potência por efeito Joule). - Se a carga é puramente indutiva (ou reativa), não há potência ativa e, portanto, S = Q, ou seja, FP = 0. Neste caso, a carga não aproveita nenhuma energia fornecida pelo gerador (não dissipa potência). - Em um circuito R-L, há potência ativa e reativa e, portanto, S2 = P2 + Q2, ou seja, 0 ≤ FP ≤ 1. Neste caso, a carga aproveita uma parte da energia fornecida pelo gerador, ou seja, somente a parte resistiva dissipa potência. Neste tipo de circuito, como a corrente está atrasada em relação à tensão, dizemos que o circuito apresenta FATOR DE POTÊNCIA ATRASADO. - O fator de potência de um circuito deve ser mantido o mais próximo de 1 quanto possível. Um fator de potência baixo significa que o gerador e as linhas de transmissão estão fornecendo energia maior do que aquela que está sendo efetivamente aproveitada pela carga. Em outras palavras, é necessário um superdimensionamento tanto do gerador quanto das linhas de transmissão, implicando em maior custo e maior perda de energia, pois são necessárias maior corrente e maior potência aparente para a obtenção de uma determinada potência real.. P S 26 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 26 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Por esta razão, a legislação vigente permite que as concessionárias de energia elétrica obriguem, sob pena de multa, que os consumidores mantenham o fator de potência de suas unidades consumidoras acima de 0,92. Como, na maioria das instalações industriais, as maiores cargas são predominantemente indutivas (transformadores, motores, reatores de lâmpadas fluorescentes, etc.), é necessário corrigir o fator de potência para o nível exigido pela concessionária. Isto é conseguido instalando-se capacitores, que corrigem o fator de potência, adequando-o às exigências da legislação. A fim de facilitar o cálculo da correção, os capacitores especialmente construídos para essa finalidade são especificados em KVAr. 4.3 – Circuito R-L em Paralelo Para análise deste tipo de circuito, consideraremos o indutor como ideal. No circuito R-L em paralelo, a tensão do gerador (v), é a mesma do resistor (vR) e do indutor (vL). No entanto, a corrente fornecida pelo gerador (i) é igual à soma vetorial das correntes no resistor (iR) e no indutor (iL). A corrente no resistor (iR) está em fase com a tensão (v), assim como a corrente no indutor (iL) está atrasada de 90° em relação à tensão, como mostra a figura abaixo: A representação senoidal do circuito está mostrada na figura abaixo: ~ R XL iR v iR iL i v = vR = vL i iL φ V iR iL i φ 27 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 27 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 4.3.1 – Impedância num Circuito R-L Paralelo Existem diversas formas para se calcular a impedância em um circuito R-L paralelo. A mais simples, no entanto, é através da tensão e da corrente totais no circuito. Z = Exemplo: 1 - Calcular a impedância total de um circuito constituído de um resistor de 200 Ω em paralelo com um indutor de 1,06 H ligados a uma fonte de 400V x 60Hz. iR = v / R = 400 / 200 = 2A XL = 2 π f L = 2 x 3,14 x 60 x 1,06 = 400 Ω iL = v / XL = 400 / 400 = 1A |i| = √ iR2 + iL2 = √ 22 + 12 = √ 5 = 2,24 A φ = arc tg iL / iR = arc tg -1 / 2 φ = - 26,6° Z = v / i = 400 | 0° / 2,24 | -26,6º Z = 179 26,6° Ω 2 – Dado o circuito ao lado, calcular: a) A expressão da corrente total b) A impedância total c) O diagrama fasorial iR = 110 / 60 = 1,83 A iL = 110 / 80 = 1,37 A |i| = √ 1,832 + 1,372 |i| ≈ 2,3 A φ = arc tg iL / iR = arc tg -1,37 / 1,83 φ ≈ - 37° i = 2,3 - 37º A Z = v / i = 110 | 0° / 2,29 | -37° Z = 48 37° Ω v i ~ R = 60 Ω XL = 80 ΩiR iL i v = 110 0° Vrms 60 Hz φ = -37° iR 1,83 A v 110 V iL 1,37 A i 2,3 A 28 Eletricidade II – Engº. José RobertoPereira - 8ª Edição - 2012 28 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 4.4 – Circuito R-C em Série Quando uma tensão alternada é aplicada a um circuito R-C série, a corrente fica adiantada em relação a ela, só que de um ângulo menor que 90°, pois enquanto a capacitância tende a defasá-la em 90°, a resistência tende a colocá-la em fase com a tensão. Pelo diagrama fasorial, representado acima, vê-se que a corrente i (que é a mesma no resistor e no capacitor) está adiantada em relação à tensão vC. Como a tensão e a corrente num resistor estão sempre em fase, vR e i estão representadas no mesmo eixo. A figura abaixo mostra as formas de onda de um circuito R-C série: 4.4.1 – Impedância Capacitiva (ZC) A oposição total que um circuito R-C oferece à passagem da corrente elétrica depende de R e de XC, e é chamada de impedância indutiva. O seu valor é a soma vetorial de R + XC. A figura abaixo facilita essa compreensão: v ~ C i vC vR R vC v vR φ i vR i v vC φ XC Z R φ φ = – arctg vC vR 29 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 29 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Podemos dizer, então, que: ZC = R – j XC Na forma polar, o seu módulo será: E o seu ângulo de fase será igual a: |ZC| = √ R2 + XC2 φ = – arctg 4.5 – Potência em Circuitos Capacitivos Consideremos o circuito R-C série da figura abaixo: A sua representação fasorial ficaria como a figura abaixo: Multiplicando-se as tensões pela corrente i, obtemos as potências: P = vR . i = Potência Ativa ou Potência Real ou Potência Útil => Watt (W) Q = vC . i = Potência Reativa => Volt-Ampère Reativo (VAr) S = v . i = Potência Aparente ou Potência Total => Volt-Ampère (VA) Como, num circuito R-C série, a corrente está adiantada em relação à tensão, dizemos que o circuito apresenta FATOR DE POTÊNCIA ADIANTADO. XC R v ~ C i vC vR R vC v vR φ Q S P φ 30 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 30 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 4.6 – Circuito R-C Paralelo No circuito R-C em paralelo, a tensão do gerador (v), é a mesma do resistor (vR) e do capacitor (vC). No entanto, a corrente fornecida pelo gerador (i) é igual à soma vetorial das correntes no resistor (iR) e no capacitor (iC). A corrente no resistor (iR) está em fase com a tensão (v), assim como a corrente no capacitor (iC) está adiantada de 90° em relação à tensão, como mostra a figura abaixo: A figura abaixo mostra as formas de onda de um circuito R-C paralelo: 4.6.1 – Impedância num Circuito R-C Paralelo Da mesma forma que no circuito R-L paralelo, a maneira mais simples de calcular é através da tensão e da corrente totais no circuito. Z = ~ R XCv iR iC i iC i iR φ v = vR = vC v iR iC i φ v i 31 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 31 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Exemplo: 1 - Calcular a impedância total de um circuito constituído de um resistor de 100 Ω em paralelo com um capacitor de 2 µF, ligados a uma fonte de 120V x 994Hz. iR = v / R = 120 / 100 = 1,2A XC = 1 / 2 π f C = 1 / 2 x 3,14 x 994 x 2 x 10-6 = 80 Ω iC = v / XC = 120 / 80 = 1,5 A |i| = √ iR2 + iC2 = √ 1,22 + 1,52 = √ 3,69 = 1,92 A φ = arc tg iC / iR = arc tg 1,5 / 1,2 => φ = 51,34° Z = v / i = 120 | 0° / 1,92 | 51,34° Z = 62,4 -51,34° Ω 4.7 – Circuito R-L-C Série Neste tipo de circuito, três situações podem ocorrer: vL > vC vL < vC vL = vC porque porque porque XL > XC XL < XC XL = XC ~ R L C v i vR vL vC i vL φ vC vL – vC v vR i vL φ vC vL – vC v vR vR = v i vL vC 32 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 32 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br No primeiro caso, o circuito se comporta como um circuito indutivo (R-L); no segundo, torna-se capacitivo e no último caso, apresenta praticamente as características de um circuito puramente resistivo. Os diagramas fasoriais das impedâncias, nos três casos, ficam como mostrado abaixo: 4.7.1 – Ressonância nos Circuitos em Série Quando é estabelecida a igualdade entre a reatância indutiva e a reatância capacitiva (caso 3), caso esse em que as tensões vC e vL são iguais, dizemos que o circuito está em RESSONÂNCIA. Esta condição é desejável em diversos circuitos eletrônicos, mas pode trazer conseqüências desagradáveis, com danos para os elementos de um circuito, quando não é prevista. Sabemos que a reatância indutiva é diretamente proporcional à freqüência, enquanto que a reatância capacitiva é função inversa da mesma. Assim, quando alimentamos um circuito com uma fonte de C.A. e fazemos a freqüência variar desde um valor praticamente nulo até um valor bem alto, podemos observar o crescimento da reatância indutiva e a queda da reatância capacitiva. Numa determinada freqüência, as duas grandezas tornam-se iguais e o circuito apresenta características especiais que correspondem à condição denominada “ressonância”. A figura abaixo ilustra essa condição. Z XC XL Z, X, R f fr R XL φ XC XL – XC Z R XL φ XC XL – XC Z R Z = R XL XC 33 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 33 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br As características de um circuito série na freqüência de ressonância são as seguintes: a) A impedância do circuito torna-se mínima, ficando reduzida ao valor da resistência; b) A intensidade da corrente é máxima, como conseqüência do item anterior, e limitada apenas pelo valor da resistência; c) O circuito torna-se resistivo; d) Toda a energia aplicada ao circuito é gasta para vencer a sua resistência; e) O fator de potência (cos φ) é igual a 1. A freqüência de ressonância de um circuito em série é dada pela equação abaixo: fo = fo = freqüência de ressonância, em HERTZ (Hz) L = auto-indutância do circuito, em HENRYS (H) C = capacitância do circuito, em FARADS (F) Com efeito, se XL = XC, temos: 2 π fo L = 4 π2 fo2 L C = 1 fo = fo = Observando esta equação, constatamos que a resistência do circuito não influi na sua freqüência de ressonância, e que esta depende somente do produto LC. Isso significa que circuitos com valores diferentes de L e de C podem entrar em ressonância na mesma freqüência, desde que os produtos LC sejam iguais. Por outro lado, a resistência do circuito influi no que é conhecido como FATOR DE QUALIDADE (ou FATOR Q) do circuito ressonante, que é definido como a relação entre a energia armazenada nas reatâncias e a energia dissipada na resistência do circuito. Como,na freqüência de ressonância XL = XC, podemos usar apenas uma delas, como mostrado abaixo: 1 2 π √ LC 1 2 π f C 1 4 π2 L C 1 2 π √ LC 34 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 34 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Q = Q = Como, normalmente, a resistência do circuito é constituída, principalmente, pela resistência do fio da bobina, é comum referenciar-se à resistência da bobina e à sua reatância indutiva. A variação da corrente num circuito R-L-C série, quando a freqüência da fonte é variada, pode ser representada graficamente, constituindo o que chamamos de uma CURVA DE RESSONÂNCIA, e que é mostrada na figura abaixo. Nota-se que, quanto menor a resistência, maior o fator “Q” e mais estreita (ou mais seletiva) é a curva. 4.7.2 – Largura de Faixa em um circuito série A Largura de Faixa, ou Banda de Passagem (BW – do inglês Band Width) é definida como a faixa de freqüências na qual a potência dissipada é maior do que a metade da potência máxima. Como a potência fornecida ao circuito é igual a R.I2, quando I = 0,707 Io a potência é igual à metade do valor máximo. Na figura abaixo, f1 e f2 são os pontos de meia potência, nos quais a corrente I = 0,707 Io. I2 XL t I2 R t XL R f i fr f1 f2 fo Io 0,707 Io BW f (Hz) 35 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 35 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br A largura de faixa (BW) será, neste caso, definida como: BW = 4.8 – Circuito R-L-C em Paralelo Neste circuito vigoram as mesmas características gerais já estudadas nos circuitos paralelos: - A tensão aplicada ao circuito é igual à tensão entre os terminais de cada braço do circuito; - A intensidade da corrente total fornecida pela fonte é igual à soma vetorial das correntes nos diversos braços em paralelo; - O inverso da impedância total é igual à soma vetorial dos inversos das impedâncias dos diversos braços em paralelo; - A corrente no resistor está em fase com a tensão; - A corrente no indutor está atrasada de 90° em relação à tensão; - A corrente no capacitor está adiantada de 90° em relação à tensão. Portanto, as correntes iC e iL estão defasadas de 180° entre si, sendo que a sua soma vetorial é a diferença entre os seus módulos, com fase igual à da corrente com maior módulo. A figura abaixo mostra o diagrama fasorial das correntes de um circuito R-L-C paralelo: ~ R Cv i L iR iC iL IL φ IC IC – IL i iR v fo Q 36 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 36 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Caso o módulo de iC seja maior que o de iL, o circuito comportar-se-á como capacitivo. No caso contrário (iL > iC), o seu comportamento será indutivo. A partir deste ponto, a sua resolução será praticamente idêntica à dos circuitos R-L e R-C paralelos, dependendo do seu comportamento predominante. Exemplo: 1) Dado o circuito abaixo, calcular a corrente em cada braço, a corrente total, a impedância do circuito e o diagrama fasorial das correntes. v = 20 0° V R = 1 kΩ XL = 200 Ω XC = 500 Ω Calculando os módulos das correntes: | iR | = 20 / 1000 = 0,02A | iC | = 20 / 500 = 0,04A | iL | = 20 / 200 = 0,1A A corrente reativa total será igual a: iC – iL = 0,04 – 0,1 = – 0,06A O diagrama fasorial ficará como abaixo: O ângulo φ será igual a: φ = arctg (iC – iL) / iR = arctg (– 0,06 / 0,02) = arctg (– 3) = – 71,56° O módulo da corrente total será: | i | = √ 0,022 + 0,062 | i | = 0,063 A A impedância total do circuito será igual a: Z = 20 | 0° / 0,063 | -71,56° = 316,2 | 71,56° Ω Respostas: iR = 0,02 0° A iC = 0,04 90° A iL = 0,1 – 90° A i = 0,063 – 71,56° A Z = 316,2 71,56° Ω ~ R Cv i L iR iC iL iC iR iL iC – iL i φ 37 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 37 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 4.8.1 – Ressonância nos Circuitos em Paralelo Uma vez que este circuito entra em ressonância quando XL = XC, a fórmula para o cálculo da freqüência de ressonância é idêntica à do circuito R-L-C série. fo = A diferença, neste caso, é que, ao contrário do circuito série, na freqüência de ressonância, o circuito em paralelo apresenta impedância máxima (Z = R) e corrente mínima. As figuras abaixo ilustram essas características. 1 2 π √ LC ffr ffr 38 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 38 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 4.8.2 – Oscilação num circuito R-L-C Capacitores e indutores são dispositivos de armazenamento de energia. Porém, enquanto o primeiro armazena-a sob a forma de campo elétrico, o segundo armazena sob a forma de campo magnético. Isso significa que, no capacitor, a energia é máxima quando a tensão é máxima e, no indutor, a energia é máxima quando a corrente é máxima. Em ambos, a corrente é mínima quando a tensão é máxima e vice-versa, ou seja, corrente e tensão estão defasadas, como já estudamos. Observemos o circuito abaixo: Inicialmente, carregamos o capacitor com a tensão V, colocando a chave SW na posição 1. A energia armazenada no capacitor será igual a CV2/2, conforme estudado no item 9.3 da Apostila de Eletricidade I. Ao passarmos a chave para a posição 2, o capacitor irá se descarregar através do indutor e do resistor, provocando o surgimento de uma corrente elétrica. Essa corrente, inicialmente baixa devido à oposição criada pela auto-indutância (Lei de Lenz), irá aumentando gradativamente até atingir o seu valor máximo. Neste momento, a tensão (e a energia) no capacitor será zero, tendo este transferido toda a sua energia para o indutor, a qual será máxima. Inicia-se, então, o processo inverso, de transferência da energia do indutor para o capacitor e assim sucessivamente, entrando o circuito em oscilação, na sua freqüência de ressonância. Caso não existissem resistências que dissipassem essa energia (circuito L-C ideal), essa oscilação permaneceria indefinidamente, o que não ocorre na prática. Dependendo do valor da resistência, o circuito se comportará de acordo com um dos regimes abaixo: Sub-amortecimento Amortecimento crítico Amortecimento super-crítico R2 < R2 = R2 > R L CV 1 2 SW 4L C 4L C 4L C 39 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 39 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br No regime sub-amortecido, a amplitude dessas oscilações decresce exponencialmente, como mostra a figura abaixo: O circuito se comporta de forma análoga ao de um sistema formado por massa & mola, estudado na Física (Movimento Harmônico Simples – MHS). 4.9 – Circuitos R-L-C Mistos Uma vez que aos circuitos de corrente alternada se aplicam as mesmas regras para os circuitosde corrente contínua, temos que o inverso da impedância total é igual à soma dos inversos das impedâncias nos diversos braços do circuito: = + + + ... Ou, se trabalharmos com apenas duas impedâncias em paralelo de cada vez: Zt = A figura abaixo representa as impedâncias dos diversos braços de um circuito misto. A impedância de cada braço é a impedância resultante de cada circuito série. 1 Zt 1 Z1 1 Z2 1 Z3 Z1 . Z2 Z1 + Z2 Z1 Z2 Z3~ v ~ Z1 Z2 Z3 40 Ω 53 mH v = 100 |0° Vrms 60 Hz 50 µF 80 µF 10 Ω 30 mH i1 i2 i3i 40 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 40 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Neste caso, a forma mais simples de resolução é a que calcula as correntes nos diversos braços, decompondo-as em suas componentes reativas (verticais) e ativas (horizontais), efetuando-se a soma algébrica em cada eixo e calculando-se a corrente total a partir dos resultados dessas somas. Exemplo: No circuito da figura acima, calcular a corrente e a impedância totais. a) Cálculo de Z1: XL1 = 2 π . 60 . 53 . 10-3 = 20 Ω Z12 = 402 + 202 Z1 = 44,7 Ω φ = arctg 20 / 40 = 26,56° i1 = v / Z1 = 100 | 0° / 44,7 | 26,56° = 2,24 | –26,56° A Como o circuito é indutivo, a corrente está atrasada, então, o seu ângulo é negativo. Cálculo das componentes horizontal e vertical da corrente: i1H = 2,24 cos (–26,56°) = 2,24 x 0,89 = 2 A i1V = 2,24 sen (–26,56°) = 2,24 x (–0,447) = –1 A b) Cálculo de Z2: Z2 = XC2 = 1 / 2 π . 60 . 50 . 10-6 = 53,05 | –90° Ω i2 = 100 | 0° V / 53,05 | –90° Ω = 1,88 | 90° A Como o circuito é puramente capacitivo, a corrente está adiantada de 90°. Então, o seu ângulo será: φ = 90° Temos então, que i2H = 0 e i2V = 1,88 A c) Cálculo de Z3: XC3 = 1 / 2 π . 60 . 80 . 10-6 = 33,15 Ω XL3 = 2 π . 60 . 30 . 10-3 = 11,3 Ω X3 = 11,3 – 33,15 = – 21,85 Ω (A impedância equivalente do braço 3 é capacitiva) Z32 = 102 + 21,852 Z3 = 24 Ω φ = arctg –21,85 / 10 = – 65,4° i3 = 100 | 0° / 24 | –65,4° = 4,17 | 65,4° A Como o circuito é capacitivo, a corrente está adiantada, então, o seu ângulo é positivo. i3H = 4,17 cos (65,4°) = 4,17 x 0,416 = 1,74 A i3V = 4,17 sen (65,4°) = 4,17 x 0,909 = 3,79A 41 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 41 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Somando-se algebricamente as componentes horizontais e verticais das correntes, temos: iH = 2 + 0 + 1,74 = 3,74 A iV = –1 + 1,88 + 3,79 = 4,67 A φ = arctg 4,67 / 3,74 = arctg 1,249 φ = 51,3° A corrente total será: i2 = 3,742 + 4,672 i = 5,98 | 51,3° A ou i = 3,74 + j4,67 A Z = Z = 16,7 | - 51,3° A ou Z = 10,43 – j13,03 Ω Graficamente, podemos representar da seguinte forma: 100 | 0° 5,98 | 51,3° i1 i2 i3 4,67 3,74 i = 5,98A 51,3° 2 – 1 1,74 3,79 1,88 iR iX – iX 42 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 42 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Uma outra forma de se calcular circuitos em paralelo é através da sua admitância (Y), que é o inverso da impedância (Z), assim como a condutância (G) é o inverso da resistência (R) e a susceptância (B) é o inverso da reatância (X). Todas as três são medidas em “Siemens”. Admitâncias, condutâncias ou susceptâncias em paralelo, se somam. Assim, o exemplo anterior pode ser resolvido da seguinte forma: a) Cálculo da admitância do braço 1: Z1 = 40 + j20 Y1 = = x = = Y1 = – = 0,02 – j0,01 Siemens b) Cálculo da admitância do braço 2: Z2 = – j26,5 Y2 = = x = = j0,0189 Siemens c) Cálculo da admitância do braço 3: Z3 = 10 – j21,85 Y3 = = x = = Y3 = + = 0,0173 + j0,0378 Siemens A admitância total será a soma das três admitâncias Y = 0,02 – j0,01 + j0,0189 + 0,0173 + j0,0378 Y = 0,0374 + j0,0466 Siemens 1 40 + j20 1 40 + j20 40 – j20 40 – j20 40 – j20 402 + 202 40 – j20 2000 40 2000 j20 2000 1 – j53,05 1 – j53,05 j53,05 j53,05 j53,05 2814,3 1 10 – j21,85 10 577,4 j21,85 577,4 1 10 – j21,85 10 + j21,85 10 + j21,85 10 + j21,85 102 + 21,852 10 + j21,85 577,4 43 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 43 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br A impedância total será então o seu inverso. Z = = x = Z = – Z = 10,43 – j13,03 Ω φ = arctg –13,03 / 10,43 = arctg –1,249 φ = – 51,3° |Z2| = 10,432 + 13,032 Z = 16,7 | –51,3° Ω i = v / Z = 100 | 0° / 16,7 | – 51,3° i = 5,98 | 51,3° A Este método (da soma das admitâncias) é particulrmente interessante para se resolver circuitos mais complexos, nos quais o método das correntes não pode ser aplicado, como no circuito abaixo, no qual foi introduzida uma reatância em série com o circuito do exemplo anterior: XL1 = 2 π . 60 . 90 . 10-3 XL1 = 33,93 Ω Substituindo-se agora os três braços paralelos (no interior da linha pontilhada) pelo seu circuito equivalente, o circuito pode, então, ser redesenhado da seguinte forma: 1 0,0374 + j0,0466 1 0,0374 + j0,0466 0,0374 – j0,0466 0,0374 – j0,0466 0,0374 – j0,0466 0,00357 0,0373 0,00357 j0,0466 0,00357 ~ 40 Ω 53 mH v = 100 Vrms 60 Hz 50 µF 80 µF 10 Ω 30 mH L1 = 90 mH ~ v = 100 Vrms 60 Hz 10,43 Ω – 13,03 Ω 33,93 Ω Circuito Anterior 44 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 44 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br O circuito, agora, se tornou um R-L-C série e a sua impedância total será então igual a: Z = 10,43 – j13,03 + j33,93 Z = 10,43 + 20,9 Ω φ = arctg 20,9 / 10,43 = arctg – 0,888 φ = 63,48° |Z|2 = 10,432 + 20,92 Z = 23,36 | 63,48° Ω i = v / Z = 100 | 0° / 23,36 | 63,48° i = 4,28 | – 63,48° A 4.10 - Correção do Fator de Potência Como dissemos anteriormente, o fator de potência exprime o grau de aproveitamento da energia fornecida à carga pelo gerador. Um fator de potência muito baixo significa que o gerador está fornecendo uma energia muito superior àquela que está sendo aproveitada pela carga. Por esta razão, as concessionárias de energia elétrica aplicam multa nos consumidores que estiverem com o fator de potência abaixo de 0,92. Como a maioria das cargas em uma indústria é de natureza indutiva (motores, transformadores), o seu fator de potência costuma ser baixo, sujeitando o consumidor às multas aplicadas pela concessionária. Isso, no entanto, pode ser evitado, através da correção do fator de potência, que consiste na instalação de capacitores em paralelo com a carga, de modo a compensaraquele desvio. Sabendo que as reatâncias indutiva e capacitiva se opõe e que a reatância resultante é a soma vetorial daquelas, devemos instalar no circuito capacitores de forma que o novo fator de potência esteja no valor desejado. Exemplo: Suponhamos que em uma conta de energia elétrica, de uma instalação de 220V referente a um período de 30 dias, os valores medidos sejam: Energia ativa = 15.840 kWh Energia reativa = 10.640 kVArh Observando esta mesma conta, percebemos também que ocorreu uma cobrança de consumo reativo. O que devemos fazer para, no futuro, evitarmos este tipo de cobrança? O primeiro passo é calcular as potências: Sabendo que o período é de 30 dias e que cada dia tem 24 horas, temos um total de 720 horas. Calculamos as potências dividindo a energia, no período, pelo tempo. Potência ativa = 15.840 kWh / 720 h = 22 kW Potência reativa = 10.640 kVArh / 720 = 14,78 kVAr Potência aparente = √ 222 + 14,782 = √ 484 + 218,4 = √ 702,4 = 26,5 kVA Fator de potência = 22 / 26,5 = 0,83 => (abaixo de 0,92) 45 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 45 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br O gráfico das potências ficaria como na figura abaixo: Q = 14,78 kVAr S = 26,5 kVA cos φ = 0,83 P = 22 kW Como o fator de potência mínimo exigido pela legislação é de 0,92, a cobrança de multa por consumo reativo se justifica. Para elevarmos o fator de potência igualando-o a 1, bastaria instalarmos capacitores de correção no valor de 12kVAr, anulando assim o consumo reativo, como na figura abaixo: 14,78 kVAr P = 22 kW -14,78 kVAr Potência reativa = 14,78kVAr – 14,78 kVAr = 0 Potência aparente = Potência Ativa = 22kVA Fator de potência = 1 Entretanto, mais capacitores significam também maior custo, e o que se faz na prática é calcular um valor de capacitores que elevem o fator de potência até um nível suficiente para evitar-se o pagamento da cobrança por consumo reativo. Vamos, neste exemplo, calcular o valor necessário de capacitores para elevar o fator de potência para 0,94. Sabendo que a potência ativa é de 22kW, para um fator de potência de 0,94 a potência aparente será de: S = 22 / 0,94 = 23,4 kVA A potência reativa, para este novo valor do cos φ será de: S2 = P2 + Q2 donde: Q2 = S2 – P2 ou Q = √ S2 – P2 Q = √ 23,42 - 222 = √ 548 – 484 = √ 64 = 8 kVAr φ ≅ 33,9° 46 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 46 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Como a potência reativa atual é de 14,78 kVAr, para obtermos a nova potência reativa calculada, basta instalarmos capacitores no valor de: 14,78 – 8 = 6,78 kVAr Temos, então, o valor dos capacitores a serem instalados no circuito, em kVAR. Se quisermos calcular o valor da sua capacitância, devemos considerar que a potência reativa é igual a: Q = = => Q = v2 . 2 . π . f . C => C = Considerando a freqüência de 60 Hz, temos que 2 . π . 60 ≅ 377. Assim, C = Então, se considerarmos uma tensão de 220V, a capacitância do capacitor de 6,78 kVAR será de: C = 6,78 x 103 / 377 x 2202 => C = 371,6 µF Com isto, evitamos o pagamento da cobrança por consumo reativo e teremos um custo com capacitores da terça parte do que teríamos para fazer cos φ = 1. O novo gráfico das potências, após a instalação dos capacitores, ficará como na figura abaixo: 14,78 kVAr 26,5 kVA 8 kVAr 23,4 kVA 22 kW 6,78 kVAr v2 Xc v2 1 2 π f C Q 2 π f v2 Q 377 v2 φ ≈ 19,95° cos φ = 0,94 47 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 47 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Podemos, agora, comparar as correntes circulantes na linha de transmissão antes e depois da correção do fator de potência: Antes da correção: v = 220V S = 26,5kVA i = S / V = 25.000 / 220 = 120,5 A Após a correção: v = 220V S = 23,4 kVA i = S / V = 23.400 / 220 = 106,4A Constatamos que, para a realização do mesmo trabalho necessitamos, após a correção, transportar uma corrente mais baixa pela linha de transmissão, permitindo agora, utilizar um cabo de bitola mais estreita (menor seção transversal). Os transformadores de distribuição de energia também serão menos sobrecarregados. 48 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 48 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br CAPÍTULO 5 FILTROS PASSIVOS Filtros são circuitos que permitem a passagem de apenas determinadas freqüências. Eles podem ser classificados em ativos e passivos. Filtros passivos são aqueles formados apenas por componentes passivos, como resistores, capacitores e indutores, e filtros ativos são os que incorporam componentes ativos, como transistores, FETs, amplificadores operacionais, etc. Neste capítulo abordaremos apenas os primeiros. Os filtros ativos são assunto da cadeira de eletrônica e nela estudados. Pelo fato de utilizarem apenas componentes passivos, uma das suas principais características é terem o ganho de tensão (Av) sempre igual ou menor do que 1 (0dB), uma vez que não possuem componentes ativos capazes de amplificar o sinal. Com relação ao seu comportamento em função da freqüência, os filtros podem ser classificados em: - Filtro Passa-Baixas - Filtro Passa-Altas - Filtro Passa-Faixa - Filtro Rejeita-Faixa 5.1 – O Decibel (dB) Sabemos, da Física, que o bel (ou seu submúltiplo mais conhecido, o decibel) é uma medida de intensidade sonora e está ligado diretamente ao nosso sentido da audição. Esta, por sua vez, apresenta um comportamento não linear, no que diz respeito à sua sensibilidade. Ao contrário, o seu comportamento obedece a uma curva logarítmica. Por exemplo, se uma potência sonora de 1W provoca uma certa sensação de intensidade em uma pessoa, para que ela tenha a sensação do dobro da intensidade não basta dobrarmos a potência para 2W. Para que se provoque a sensação do dobro da potência é preciso multiplicá- la por 10, ou seja, 10W. Para dobrá-la novamente, a nova potência deverá ser de 100W. Essa variação corresponde a uma escala logarítmica, que pode ser vista na figura abaixo: 1 10 100 1.000 10.000 1 10 100 1.000 10.000 49 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 49 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br O Bel é utilizado para relacionar grandezas de mesma natureza. A essa relação damos o nome de “Ganho”, que representaremos pela letra “A”. Como se trata de uma relação, ele pode ser menor, igual ou maior do que 1. Quando temos [A > 1], dizemos que houve uma amplificação e quando [A < 1], dizemos que houve uma atenuação. Se considerarmos um quadripolo no qual é injetada uma determinada potência P1 na sua entrada e obtida uma potência P2 na sua saída, podemos afirmar que o ganho de potência desse quadripolo será igual a: Ap = Podemos utilizar o bel (B) para relacionar dois níveis de potência P1 e P2 através da expressão abaixo: Ap = log [B]O bel (B), no entanto, é muito grande para ser utilizado na medição dos fenômenos elétricos. Por esta razão, utiliza-se o seu submúltiplo decibel (dB), ficando a expressão do ganho: Ap = 10 log [dB] Logo, caso P2 = 100.P1, teremos um ganho de potência (ou amplificação) de 20dB. Por outro lado, se P2 = 0,01.P1, o ganho será Ap = - 20dB, ou seja, a potência foi atenuada em 20dB. Se, ao invés das potências, relacionarmos as tensões de saída (V2) e de entrada (V1), sabendo que a potência é uma função do quadrado da tensão, a expressão do ganho de tensão (Av) ficará assim: Av = 20 log [dB] É comum, particularmente na área de telecomunicações, utilizar-se o padrão de 1dBm, que é a potência de 1mW dissipada sobre uma impedância de 600Ω. P2 P1 P1 P2 P2 P1 P2 P1 V2 V1 50 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 50 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 5.2 – Filtro Passa-Baixas Um filtro passa-baixas ideal teria sua curva de resposta de freqüência como a da figura abaixo: Para freqüências abaixo da freqüência de corte (fc), o ganho é igual a 1, ou seja, a potência de saída é igual à potência de entrada. Para freqüências acima da freqüência de corte, o ganho é zero, isto é, a potência de saída (P2) é nula. Na prática, porém, não é possível construir-se um filtro passivo de modo que a sua resposta de freqüência possua um corte tão abrupto. 5.2.1 – Filtro Passa-Baixas com Circuito R-L Sabendo que a reatância indutiva aumenta com a freqüência, um filtro passa-baixas pode ser implementado utilizando um indutor em série com um resistor, formando um divisor de tensão variável com a freqüência, como mostra a figura abaixo: Nas freqüências baixas, a reatância indutiva é baixa (XL << R), fazendo com que a tensão no resistor (Vo) seja alta em relação à queda de tensão no indutor. No caso das freqüências altas, a reatância indutiva aumenta (XL >> R), aumentando a queda de tensão no indutor e reduzindo a tensão no resistor (Vo). Neste circuito, a tensão de saída Vo (tensão no resistor) em função da tensão da entrada (Vi) é igual a: Vo = Vi . Pela expresão, constatamos que a tensão de saída é inversamente proporcional à freqüência, ou seja: quanto maior a freqüência, menor a tensão de saída. Por definição, a freqüência de corte de um filtro (também chamada de freqüência de meia potência) é aquela onde a potência de saída é a metade da potência de entrada, ou a potência de entrada seja o dobro da potência de saída ou seja: Pi = 2.Po. Neste ponto, a potência no resistor será igual à potência no indutor e, da mesma forma, a tensão no resistor será igual à tensão no indutor. Isso ocorrerá na freqüência em que XL = R, ou quando o ângulo de fase φ for igual a 45°. fc f Ap 1 0 L R Vo Vi R R + jXL 51 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 51 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Então, igualando ambas, temos: 2.π.fc.L = R => fc = Como o ângulo é de 45°, a tensão no resistor será igual a tensão de entrada multiplicada pelo cosseno de 45°, ou 0,707. Vo = ou Vo = 0,707.Vi O ganho de potência em dB será: Ap = 10 log => Ap = 10 log Ap = – 3 dB O ganho de tensão em dB será igual a: Av = 20 log => Ap = 20 log 0,707 Av = – 3 dB Assim, concluimos que: Na freqüência de corte, tanto o ganho de tensão quanto o ganho de potência são iguais a –3 dB Podemos, agora, traçar a curva de resposta de freqüência do filtro passa-baixas: R 2.π.L Po 2.Po Vi √ 2 2 1 2 0,707.Vi Vi fc f 52 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 52 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 5.2.2 – Filtro Passa-Baixas com Circuito R-C A figura abaixo mostra um filtro passa-baixas com circuito R-C. Como o anterior, é um divisor de tensão variável com a freqüência. Neste caso, para freqüências baixas, a reatância capacitiva é alta (XC >> R), fazendo com que a tensão no capacitor seja alta em relação à queda no resistor. No caso das freqüências altas, a reatância capacitiva diminui (XC << R), aumentando a queda de tensão no resistor e reduzindo a tensão no capacitor (Vo). Neste circuito, a tensão de saída Vo (tensão no capacitor) em função da tensão da entrada (Vi) é igual a: Vo = Vi . Analogamente ao circuito anterior, a freqüência de corte se dará no ponto onde R = XC. Então: R = Logo: fc = Da mesma forma que no circuito R-L, na freqüência de corte teremos: Vo = ou Vo = 0,707.Vi Os ganhos de tensão e de potência em dB na freqüência de corte também serão iguais a -3dB e a curva de resposta de freqüência será idêntica à do filtro passa-baixas com circuito R-L. C R Vo Vi – jXC R – jXC 1 2.π.fc.C 1 2.π.R.C Vi √ 2 2 53 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 53 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br 5.3 – Filtro Passa-Altas Um filtro passa-altas ideal teria sua curva de resposta de freqüência como a da figura abaixo: Para freqüências acima da freqüência de corte (fc), o ganho é igual a 1, ou seja, a potência de saída é igual à potência de entrada. Para freqüências abaixo da freqüência de corte, o ganho é zero, isto é, a potência de saída (P2) é nula. Na prática, da mesma forma que o filtro passa-baixas, não é possível construir-se um filtro de modo que a sua resposta de freqüência possua um corte tão abrupto. 5.3.1 – Filtro Passa-Altas com Circuito R-L Sabendo que a reatância indutiva aumenta com a freqüência, um filtro passa-altas pode ser implementado utilizando um indutor em série com um resistor, formando um divisor de tensão variável com a freqüência, como mostra a figura abaixo: Nas freqüências baixas, a reatância indutiva é baixa (XL << R), fazendo com que a tensão no indutor (Vo) seja pequena em relação à queda de tensão no resistor. No caso das freqüências altas, a reatância indutiva aumenta (XL >> R), aumentando a tensão no indutor (Vo) e reduzindo a tensão no resistor. Neste circuito, a tensão de saída Vo (tensão no indutor) em função da tensão da entrada (Vi) é igual a: Vo = Vi . Sabendo que na freqüência de corte XL = R, temos: 2.π.fc.L = R => fc = fc f Ap 1 0 L R Vo Vi jXL R + jXL R 2.π.L 54 Eletricidade II – Engº. José Roberto Pereira - 8ª Edição - 2012 54 e_mail: jroberto_rio@yahoo.com.br Da mesma forma que nos circuitos anteriores, na freqüência de corte teremos: Vo = ou Vo = 0,707.Vi Os ganhos de tensão e de potência em dB na freqüência de corte também serão iguais a -3dB e a curva de resposta de freqüência será a da figura abaixo: 5.3.2 – Filtro Passa-Altas com Circuito R-C A figura abaixo mostra um filtro passa-altas com circuito R-C. Como o anterior, é um divisor de tensão variável com a freqüência. Neste caso, para freqüências baixas,
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