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WBA1530_v1.0 Farmacologia em terapia intensiva Introdução à Farmacologia em UTI Farmacocinética e farmacodinâmica Bloco 1 Danieli J. G. Tomedi Vamos refletir? Como as alterações fisiológicas do paciente crítico podem afetar a farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos? Por que é importante o enfermeiro reconhecer essas alterações? Farmacocinética e farmacodinâmica Farmacocinética descreve os processos que um fármaco sofre no organismo: absorção, distribuição, biotransformação e eliminação. Farmacodinâmica, por sua vez, compreende os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação no organismo. Pacientes críticos: o conhecimento da farmacocinética e farmacodinâmica dos medicamentos garante a eficácia do tratamento e evita efeitos adversos. Etapas da farmacocinética: absorção Depende de fatores como o local onde o fármaco é absorvido, as propriedades químicas e a forma de administração. Vias de administração: • Oral/sublingual/retal. • Transdérmica/subcutânea/intramuscular. • Intravenosa. • Intratecal/peridural/epidural. • Inalatória. Etapas da farmacocinética: absorção Fonte: https://bit.ly/4a1TK2o. Concentração sanguínea do fármaco conforme a via de administração Etapas da farmacocinética: distribuição Volume dos tecidos Fluxo sanguíneo e permeabilidade vascular Quantidade de líquido intersticial Fonte: https://bit.ly/3Tducby. Distribuição do fármaco Etapas da farmacocinética: distribuição Fonte: https://bit.ly/3TAN1XL. Membrana plasmática Moléculas hidrossolúveis Moléculas lipossolúveis Proteína de canal Solubilidade das moléculas do fármaco Etapas da farmacocinética: proteínas • Albumina. • Globulina. • Glicoproteína ácida α-1. Fonte: Shutterstock.com. Molécula de albumina Etapas da farmacocinética: metabolização • A metabolização é essencial para inativação e excreção do fármaco. • A maioria dos medicamentos utilizados na UTI são lipofílicos, e precisam ser transformados em moléculas inativas e hidrofílicas. • Fase I: oxidação, redução e hidrólise do medicamento para torná-lo mais solúvel em água e facilmente eliminado pelo corpo. • Fase II: conjugação do metabólito da Fase I com glicina, sulfato ou glutationa, para torná-lo mais polar e facilitar sua excreção pelos rins. Etapas da farmacocinética: excreção • Realizada principalmente pelos rins, por meio do processo de filtração glomerular. • Também pode ocorrer por meio da bile e das fezes. • A excreção por meio do suor, saliva, lágrimas, pele e cabelos é insignificante. • Excreção pulmonar: relevante apenas para fármacos inalatórios de ação anestésica, sendo desprezível para outros compostos. Farmacodinâmica • Relação entre a quantidade de medicamento administrada e a intensidade do efeito produzido. • Garantir a eficácia do tratamento e minimizar o risco de toxicidade. • Variabilidade na resposta aos medicamentos entre os pacientes. • Resistência aos fármacos. • Possibilidade de interações medicamentosas. Introdução à Farmacologia em UTI Especificidades do paciente crítico e monitorização terapêutica de medicamentos Bloco 2 Danieli J. G. Tomedi Paciente crítico: absorção • Redução da motilidade intestinal. • Hipoperfusão por instabilidade hemodinâmica ou uso de drogas vasoativas. • Administração de medicamentos por via oral pode ser menos confiável. • Tempo de absorção mais prolongado. Paciente crítico: distribuição • Reposição volêmica. • Edema. • Mudanças na ligação a proteínas: glicoproteína ácida α-1 tende a se elevar e albumina tende a diminuir. • Disfunção hemodinâmica: má circulação regional e sistêmica, estado de choque. • Interações medicamentosas. Paciente crítico: metabolização • Hipoperfusão esplênica por instabilidade hemodinâmica e uso de drogas vasoativas. • Interações medicamentosas: podem prejudicar a biotransformação por indução ou inibição de enzimas dessas vias. • Diminuição da depuração dos fármacos e aumento do risco de toxicidade. Paciente crítico: excreção • Disfunção renal aguda ou crônica. • Ajuste da dose de determinados medicamentos. • Risco de toxicidade. Farmacodinâmica na terapia intensiva Desafios: necessidade de ajustar as doses dos medicamentos de acordo com as características individuais de cada paciente. • Idade. • Peso. • Função renal e hepática. • Condições clínicas específicas de cada caso. Monitorização Terapêutica de Medicamentos (MTM) A MTM é uma prática farmacêutica que visa garantir a segurança e eficácia dos medicamentos, especialmente aqueles com margem estreita entre dose terapêutica e tóxica. Consiste na medição regular das concentrações do medicamento no sangue, permitindo ajustes personalizados da dose para cada paciente. Ferramenta essencial para otimizar resultados clínicos, identificar variabilidades individuais e garantir a eficácia do tratamento. Indicações da MTM Suspeita de resposta inadequada ao tratamento, detecção de eventos adversos, monitoramento de interações medicamentosas e avaliação da adesão do paciente. Envolve anamnese detalhada, revisão de prontuário, avaliação de parâmetros clínicos, dados bioquímicos, histórico clínico e avaliação da concentração do medicamento em fluidos biológicos. Coleta de amostras na MTM • Determinada pelo estado de equilíbrio do medicamento, horários de administração e via de uso. • Recomenda-se a coleta de amostras até 30 minutos antes da próxima dose. • Fundamental para garantir a segurança e eficácia do tratamento com medicamentos de alta complexidade, contribuindo para resultados mais positivos e individualizados para os pacientes. Introdução à Farmacologia em UTI Administração segura de medicamentos Bloco 3 Danieli J. G. Tomedi Administração segura de medicamentos • A administração de substâncias medicamentosas requer um amplo conhecimento técnico-científico. • Necessário conhecer o medicamento, suas indicações terapêuticas, contraindicações e possíveis efeitos colaterais. • Embora a etapa de administração de medicamentos seja a última fase do processo de cuidados, está associada a uma proporção significativa de eventos adversos. • “Nove certos na administração de medicamentos”. Nove certos na administração de medicamentos I. Paciente certo. II. Medicamento certo. III. Via certa. IV. Hora certa. V. Dose certa. VI. Registro certo da administração. VII. Orientação correta. VIII. Forma certa. IX. Resposta certa. Benefícios • Respeito às características farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos medicamentos. • Prevenção de erros de medicação e promoção da segurança do paciente. • Avaliação da resposta do paciente e monitoramento de efeitos adversos para garantir a eficácia do tratamento. Teoria em prática Introdução à Farmacologia em UTI Bloco 4 Danieli J. G. Tomedi Reflita sobre a seguinte situação Em uma Unidade de Terapia Intensiva, foi prescrito um medicamento anticoagulante para prevenir a formação de trombose venosa profunda em um paciente. No entanto, devido a um erro de digitação, a dose prescrita pelo médico foi escrita de forma incorreta no prontuário. Em vez de receber 2,5 mg do medicamento, o paciente acabou recebendo 25 mg, ou seja, uma dose 10 vezes maior do que a indicada. Reflita sobre a seguinte situação O paciente começou a apresentar sangramento excessivo devido à dose elevada do anticoagulante. O sangramento descontrolado levou a complicações graves, como hemorragias internas, queda da pressão arterial e comprometimento da função renal. O estado de saúde do paciente rapidamente se deteriorou, e ele precisou ser submetido a procedimentos de emergência para estancar o sangramento e reverter os efeitos do medicamento. Reflita sobre a seguinte situação Além das complicações físicas, o paciente também experimentou consequências emocionais e psicológicas, como ansiedade, medo e desconfiança em relação ao tratamentomédico. A família do paciente ficou extremamente preocupada e desconfiada da qualidade do cuidado prestado na UTI. Qual é o papel do enfermeiro na segurança da administração de medicamentos? Quais ações podem ser desenvolvidas? Norte para a resolução Supervisão da administração de medicamentos • O enfermeiro deve gerenciar a administração de medicamentos na UTI, garantindo que as práticas seguras sejam seguidas e que os protocolos de segurança sejam implementados. • Supervisionar a equipe de enfermagem para garantir que os “Nove Certos” sejam seguidos em todas as etapas da administração de medicamentos. Norte para a resolução Identificação de riscos e implementação de medidas preventivas • O enfermeiro é responsável por identificar potenciais riscos de erros de medicação na UTI e implementar medidas preventivas para mitigar esses riscos. • Analisar os erros e os eventos adversos, desenvolvendo planos de ação para promover a cultura de segurança do paciente na equipe. Norte para a resolução Educação contínua da equipe • Coordenar momentos de treinamento e sessões educativas para garantir que a equipe esteja atualizada com as práticas e protocolos de segurança mais recentes. Norte para a resolução Monitoramento e avaliação de práticas • O enfermeiro gerencial monitora de perto as práticas de administração de medicamentos na UTI. • Fornecer feedback à equipe e implementar melhorias com base nos resultados obtidos. Consolidando o aprendizado Introdução à Farmacologia em UTI Bloco 5 Danieli J. G. Tomedi Consolidando o aprendizado • Farmacocinética e farmacodinâmica. • Farmacocinética e farmacodinâmica no paciente crítico. • Monitorização terapêutica de medicamentos. • Administração segura de medicamentos. Quiz A B C D Qual dos seguintes fatores pode influenciar a distribuição farmacocinética de um medicamento em um paciente crítico? Disfunção no trato gastrointestinal. Disfunções hepáticas. Hipoalbuminemia. Alterações na filtração glomerular do fármaco. Quiz A B C D Qual dos seguintes fatores pode influenciar a distribuição farmacocinética de um medicamento em um paciente crítico? Disfunção no trato gastrointestinal. Disfunções hepáticas. Hipoalbuminemia. Alterações na filtração glomerular do fármaco. Quiz – Resolução C) Hipoalbuminemia. • Alguns medicamentos circulam no sangue ligados a proteínas plasmáticas, como a albumina, a glicoproteína ácida α-1 e globulinas. Essas proteínas funcionam como reservatórios, podendo retardar a distribuição do medicamento no organismo. • Os níveis de albumina tendem a reduzir em pacientes críticos, resultando em uma maior concentração desses medicamentos na corrente sanguínea. Leitura Fundamental Prezado estudante, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Indicação de leitura 1 Este livro aborda a Segurança do Paciente como um dos eixos norteadores da prática de enfermagem. Para isso, apresenta conteúdos sobre redução de riscos e danos aos pacientes, os principais tipos de ocorrência e as seis metas internacionais de segurança do paciente, propondo ferramentas para sua viabilização. Referência COREN-SP. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Segurança do paciente: guia para a prática. São Paulo: COREN-SP, 2022. Indicação de leitura 2 Este artigo de revisão integrativa da literatura aborda a monitorização farmacoterapêutica da vancomicina em pacientes de unidades de terapia intensiva. Dessa forma, é possível compreender na prática um dos temas que foram abordados na disciplina. Referência RIVERA, J. G. B. et al. Monitorização farmacoterapêutica da vancomicina em pacientes em UTI. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 6, n. 13, jul-dez. 2023. Referências BRUM, L. F. S.; ROCKENBACH, L.; BELLICANTA, P. L. Farmacologia básica. Porto Alegre: SAGAH, 2018. CFF. Conselho Federal de Farmácia. Monitorização terapêutica de medicamentos: contextualização e arcabouço conceitual. Brasília: CFF, 2022. Disponível em: https://bit.ly/43j9Li1. Acesso em: 08 Mar 2024. COREN-SP. Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. Segurança do paciente: guia para a prática. São Paulo: COREN-SP, 2022. Disponível em: https://bit.ly/3Txq8Ev. Acesso em: 13 Mar. 2024. RAMALHO FILHO, M. H. N. et al. Manual de farmacologia em medicina intensiva. Fortaleza: EdUnichristus, 2022. Disponível em: https://bit.ly/48YeIxU. Acesso em: 08 Mar 2024. RIVERA, J. G. B. et al. Monitorização farmacoterapêutica da vancomicina em pacientes em UTI. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, v. 6, n. 13, jul-dez. 2023. https://bit.ly/43j9Li1 https://bit.ly/3Txq8Ev https://bit.ly/48YeIxU Bons estudos! Farmacologia em terapia intensiva Introdução à Farmacologia em UTI Número do slide 3 Farmacocinética e farmacodinâmica Etapas da farmacocinética: absorção Etapas da farmacocinética: absorção Etapas da farmacocinética: distribuição Etapas da farmacocinética: distribuição Etapas da farmacocinética: proteínas Etapas da farmacocinética: metabolização Etapas da farmacocinética: excreção Farmacodinâmica Introdução à Farmacologia em UTI Paciente crítico: absorção Paciente crítico: distribuição Paciente crítico: metabolização Paciente crítico: excreção Farmacodinâmica na terapia intensiva Monitorização Terapêutica de Medicamentos (MTM) Indicações da MTM Coleta de amostras na MTM Introdução à Farmacologia em UTI Administração segura de medicamentos Nove certos na administração de medicamentos Benefícios Introdução à Farmacologia em UTI Número do slide 27 Número do slide 28 Número do slide 29 Número do slide 30 Número do slide 31 Número do slide 32 Número do slide 33 Introdução à Farmacologia em UTI Número do slide 35 Número do slide 36 Número do slide 37 Número do slide 38 Número do slide 39 Indicação de leitura 1 Indicação de leitura 2 Número do slide 42 Bons estudos!