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Breves_apontamentos_sobre_a_laws_and_economics

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Breves apontamentos críticos sobre a aplicação da Análise Econômica do 
Direito (laws and economics): o Direito e a Economia em um ambiente 
epistêmico de independência e integração recíprocos1 
 “se cada teórico do direito eleger o seu autor 
predileto como norte magnético a impor aos aplicadores do direito as suas 
conclusões, pouco sobrará das garantias do Estado Democrático de Direito”( José Maria 
Arruda de Andrade2). 
 
 Direito e Economia são ciências humanas próximas, pois ambas 
derivam de noções axiológicas e epistêmicas de ética, moral e filosofia, 
concentrando-se a economia em teorizar sobre as soluções para resolver o 
problema da escassez econômica e as opções alocativas mais eficientes para 
os indivíduos, as empresas e os governos, ao passo que o Direito se concentra 
em regras e princípios jurídicos que são criados sob a inspiração da idéia de 
justiça3. 
 Essa situação leva a que pareça existir uma dicotomia insolúvel 
entre eficiência e justiça, prima facie, institutos que não seriam facilmente 
conciliáveis, o que é um equívoco teórico e da práxis4. 
 Na verdade, o primeiro pensador orgânico a tratar da imbricação 
entre Direito e Economia foi Karl Marx, que, imbuído de uma visão historicista 
conduzida pela fatalidade determinista da influência do economicismo, defendia 
a idéia de que a economia seria uma infraestrutura que determinaria os caminhos 
dos nichos da superestrutura, onde o Direito residiria, conduzido pelas forças 
econômicas, que ditariam os comportamentos, as formatações sociais, as 
ideologias e as indiossincrasias, e, em conseqüência, o conteúdo e a 
interpretação das normas jurídicas. 
 O Direito, nesta visão “minimalista”, seria apenas um espaço 
reflexivo das idéias econômicas, uma superestrutura a laborar para a execução 
das determinações da infraestrutura, posição marxista que é criticada por 
 
1 Papper formulado em seminário acadêmico no Curso de Doutorado em Direito do Uniceub, em 
agosto de 2014. Professor: José Maria Arruda de Andrade; Discente: Maurício Muriack de 
Fernandes e Peixoto. 
2 ANDRADE, José Maria Arruda de. Economicização do Direito Concorrencial - São Paulo: 
Quartier Latin, Janeiro de 2014, pg. 183. 
3 RABELO, César Leandro de Almeida e VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo. A análise 
da aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais sob a luz da teoria laws and 
economics. Pg. 1. Texto publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
 http://jus.com.br/artigos/22171 
4 RABELO, César Leandro de Almeida e VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo. A análise 
da aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais sob a luz da teoria laws and 
economics. Pg. 2. Texto publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
 http://jus.com.br/artigos/22171 
autores contemporâneos, que não aceitam a posição passiva do Direito frente à 
economia5. 
 Obviamente, o ambiente histórico econômico de cunho liberal 
clássico, em plena era de revolução industrial - na qual evidentes 
comportamentos econômicos produtivos injustos se fiavam em postulados 
jurídicos justificadores de desigualdades classistas pouco elogiáveis - talvez 
justificasse a visão marxista de uma dominação do direito pela economia, mas, 
de qualquer forma, a mesma se revelou ao longo da história como uma afirmação 
pelo menos parcialmente equivocada, para dizer o mínimo. 
 Segundo Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy, Max Weber pode ser 
apontado como antípoda do pensamento de Marx sobre o domínio da economia 
sobre o direito; Weber seria um legitimador das origens do capitalismo, sob uma 
perspectiva de aproximação com o calvinismo, ao naturalizar a percepção de 
que a economia objetivaria a solução de certos fins, ou seja, teria um objetivo 
de alcançar certos fins, ao pálio de uma ética “da convicção”, ao passo que o 
Direito perseguiria a justiça sob a égide de uma ética da “responsabilidade”. A 
economia persegue fins sem levar em conta os meios (perspectiva pós-
maquiavélica), e o direito poderia estar preocupado apenas com a aplicação do 
valor justiça, mesmo ao sacrifício da eficiência econômica, o que poderia ser 
solucionado por uma nova leitura do direito propiciado pela Laws and 
Economics6. 
 Enfim, a velocidade das atividades econômicas contemporâneas, 
a criação de novas tecnologias integracionistas e a globalização também foram 
fatores que geraram a aproximação entre o Direito e a Economia. Também, as 
vulnerabilidades dos consumidores frente à complexidade do novo mercado 
mundial levaram à necessidade de aproximação entre Direito e Economia, uma 
vez que apenas o Estado, através do Direito, pode solucionar dinamicamente 
problemas nas relações consumeristas que o mercado não logrou resolver 
sozinho, mormente, em face da modificação contemporânea no espaço de 
diferença entre o público e o privado, bem como em face da tensão permanente 
entre os setores financistas e produtivos hodiernos e o Estado regulador, levando 
o Direito a se desenvolver em um espaço-instituto não reduzido à singela 
manutenção do direito de propriedade e da fieldade contratual7. 
 
5 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito e Economia introdução ao movimento Law and 
Economics. Pg. 1. Texto Publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
http://jus.com.br/artigos/10255/direito-e-economia#ixzz3ByoVmXfK 
6GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito e Economia 
introdução ao movimento Law and Economics. Pg. 1. Texto Publicado no Jus Navegandi, 
disponível em: http://jus.com.br/artigos/10255/direito-e-economia#ixzz3ByoVmXfK 
7 RABELO, César Leandro de Almeida e VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo. A análise 
da aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais sob a luz da teoria laws and 
economics. Pg. 2. Texto publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
 http://jus.com.br/artigos/22171 
 Nesse sentido, legislações consumeristas, trabalhistas, 
ambientalistas, tributaristas, pró-concorrenciais, protetivas da economia popular, 
adjunto ao fenômeno da constitucionalização do direito civil, levaram o Direito a 
um novo patamar, insuscetível de aprisionamento no plano dos meros interesses 
econômicos, evidenciando-se o fenômeno da imbricação paulatina entre os 
planos econômico, político, cultural e jurídico8. 
 Em suma, a economia se tornou mais complexa, mas, 
concomitantemente, o direito robusteceu seu papel de cabedal de repositório de 
valores progressistas que servem de mecanismo de freio a qualquer tipo de força 
social que pretenda se pôr à margem de conquistas civilizatórias obtidas com 
muito esforço pela humanidade nos últimos dois séculos, e, nesse sentido, a 
criação de um espaço de diálogo equilibrado entre Direito e Economia deveria 
ser algo absolutamente lógico e inafastável. 
 Alfim, exatamente nesse espaço epistêmico de tentativa de ser um 
elemento de aproximação entre a ciência e a economia, eis que surgem no final 
do século XX as teses estadunidenses pertinentes à Laws and Economics, 
criada pela escola de Richard Posner - no abrigo do realismo jurídico 
estadunidense - e que defende a idéia-força de que o direito “deve maximizar a 
economia, multiplicando a riqueza e o bem-estar econômico”, permitindo-se que 
o pragmatismo e o utilitarismo se revelem na normatividade, segundo descrição 
precisa de Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy9. 
 Enfim, é certo que se devem aproximar ambas, porque é inegável 
que uma estabilidade econômica é imprescindível a um sistema legal eficiente 
que busque a justiça formal e material, bem como, que a estabilidade normativa 
é essencial para o desenvolvimento econômico e o funcionamento normal10das 
atividades econômicas11. 
 
 
 
8 RABELO, César Leandro de Almeida e VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo. A análise 
da aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais sob a luz da teoria laws and 
economics. Pg. 5. Texto publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
 http://jus.com.br/artigos/22171 
9 GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito e Economia. introdução ao movimento Law and 
Economics. Pg. 1. Texto Publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
http://jus.com.br/artigos/10255/direito-e-economia#ixzz3ByoVmXfK 
10 Nesse diapasão, é relevante frisar os estudos de Ronald Coase que demonstraram que um 
ambiente econômico não é formado apenas pela formação dos preços, mas também pela 
conjuntura contratual: “transações humanas, comerciais e de trocas são reguladas não 
exclusivamente pelo sistema de preços, mas também pelos contratos, em especial quando 
Coase mostrou que a firma como nós a conhecemos hoje, nada mais é do que um conjunto (ou 
um ‘feixe’, como se prefere dizer) de contratos”( PINHEIRO, Armando Castellar e SADDI, Jairo. 
CURSO DE LAW & ECONOMICS. Editora Campus, pg. 9. Disponível em: 
http://www.iadb.org/res/laresnetwork/files/pr251finaldraft.pdf) 
11 PINHEIRO, Armando Castellar e SADDI, Jairo. CURSO DE LAW & ECONOMICS. Editora 
Campus, pg. 9. Disponível em: http://www.iadb.org/res/laresnetwork/files/pr251finaldraft.pdf 
 No entanto, apesar da sua relevância e de sua contemporaneidade, 
é de se sublinhar que a teoria da “laws and economics” não pode representar 
uma sutil espécie de recolonização do Direito pela Economia12, não pode ser 
aceita como instrumento obreptício de conduzir os sistemas legais ao estuário 
do interesse econômico de obtenção da eficiência e do progresso econômico, ou 
seja, o reconhecimento da influência mútua entre o direito e a economia não 
pode conduzir a uma preponderância da Economia sobre o Direito, como se a 
maximização utilitarista e pragmática dos resultados econômicos não pudesse 
sofrer com o “risco de uma jurisdicização dos interesses econômicos envolvidos”, 
como se o direito devesse apenas ser “domado” para não se transformar em um 
novo custo que de alguma forma impeça a locomotiva da economia a conduzir 
a humanidade. 
 Essa visão crítica sobre o uso da teoria da laws e economics tem 
sido mais comum nos últimos tempos13, com estudiosos demonstrando que não 
se deve ter medo da falaciosa acusação de que recusar certo viés da teoria da 
Análise Econômica do Direito seria uma demonstração de temor da Economia 
como ciência e a defesa de um quadro do Direito apartado de uma pretensa 
"eficiência”14. 
 Nesse sentido, há de se mencionar, ainda, que a Análise 
Econômica do Direito não é única metodologicamente, sendo certo que se a 
escola de Chicago deva ter o reconhecimento do pioneirismo sistêmico no tema, 
com os estudos de Ronald Coase e seus epígonos, inclusive, Richard Posner, 
há também inúmeras correntes de “law and economics” (escola de Yale, Escola 
de Virgínia, e outras), devendo-se distinguir a law and economics positiva da 
 
12 Relevante mencionar o entendimento de que “As leis relacionadas à atividade econômica 
desempenham quatro funções básicas: protegem os direitos de propriedade privados, 
estabelecem regras para a negociação e alienação desses direitos, entre agentes privados e 
entre eles e o Estado. Depois, o direito tem um papel fundamental para definir regras de acesso 
e de saída dos mercados. Finalmente, promovem a competição e regulam a conduta nos setores 
onde há monopólio ou baixa concorrência.” ”(PINHEIRO, Armando Castellar e SADDI, Jairo. 
CURSO DE LAW & ECONOMICS. Editora Campus, pg. 16. Disponível em: 
http://www.iadb.org/res/laresnetwork/files/pr251finaldraft.pdf) 
13 Vide sintética menção analítica de estudos críticos à Análise Econômica do Direito de Paula 
Andrea Forgioni, Julio Marcellino Junior, Jacinto Nelson Miranda Coutinho, Alexandre Morais da 
Rosa, José Manuel Linhares na seguinte fonte bibliográfica: ZANATA, Rafael. Desmistificando a 
law and econmics: a receptividade da disciplina direito e economia no Brasil. Pgs. 17 e 18. 
Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Law_and_Economics_a_receptividade_d
a_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil. 
14 “Outro exemplo, mais próximo ao tema desse trabalho, é a defesa da adoção da Análise 
Económica do Direito no Brasil, exposta em termos singelos como: as normas jurídicas podem 
ser mais bem estudadas se, além da eficácia jurídica, pensarmos na eficiência, pois é importante 
que uma norma não seja ineficiente(l). Ou seja, deslocado todo o problema da origem da teoria 
e de seus intermináveis debates, qualquer um que não queira adotar a escola neoclássica de 
Chicago ficaria — nessa importação brasileira - confinado ao compartimento dos teóricos que 
têm medo da economia e que acham que as normas jurídicas seriam ineficientes” (ANDRADE, 
José Maria Arruda de. Economicização do Direito Concorrencial - São Paulo: Quartier Latin, 
Janeiro de 2014). 
law and econmics normativa15, e isso, por si só, já serviria como demonstração 
de que a Análise Econômica do Direito não poderia ser aceita passivamente 
como instrumento epistemológico enviesado para um excesso de 
“economicização”. 
 De qualquer modo, é relevante mencionar que, em sua vertente 
positiva, a Análise Econômica do Direito serviria para desvelar o conteúdo de 
conceitos da microeconomia, para auxiliar em uma construção de uma teoria 
explicativa das normas jurídicas, ou seja, serviria para permitir uma exegese 
mais adequada do Direito, mais próxima da realidade econômica objetivo da 
normatividade interpretada. 
 Em consequência, aplicar-se-ia a microeconomia na realização do 
direito, fundando-se nas premissas de que os indivíduos tendem a maximizar 
racionalmente seus comportamentos satisfativos dentro e fora do mercado, os 
incentivos dos preços dos bens levam a respostas dentro e fora do mercado e, 
a mais importante, uma verdadeira “regra de ouro”: as normas jurídicas poderiam 
ser interpretadas a partir de uma visão de eficiência econômica, utilizando-se os 
conceitos econômicos de “escassez”, “maximização racional”, “equilíbrio”, 
“incentivos” e “eficiência” para explicar a dinâmica das relações jurídicas, até 
mesmo sob um ponto de vista preditivo, antecipando-se o alcance e as 
consequências das normas jurídicas a partir de um ponto de vista econômico16. 
 No entanto, em sua vertente normativa, primacialmente 
representada por Richard Posner, a Análise Econômica do Direito é “ pautada 
numa visão deontológica e eficientista do direito. Sem dúvidas, esta é a corrente 
mais polêmica do movimento direito e economia, pois investiga até que ponto a 
maximização da riqueza se relaciona com a justiça” 17; em outras palavras, a 
maximização da riqueza deveria ser o supedâneo ético do direito, se 
apresentando para avaliar as regras e as instituições jurídicas sob um ponto de 
vista da eficiência econômica. 
 De tão criticada esta visão radical, o próprio Posner teria revisto 
sua posição inicial e colocado pragmaticamente a eficiência e a maximização da 
riqueza como elemento subsidiário, e não imprescindível, de tal forma que “o juiz 
de direito deve sopesar as prováveis consequências econômicas das diversas 
 
15 ZANATA, Rafael. Desmistificando a law and econmics: a receptividade da disciplina direito e 
economia no Brasil. Pgs. 8 e 9. Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Law_and_Economics_a_receptividade_d
a_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil. 
16 ZANATA, Rafael. Desmistificandoa law and econmics: a receptividade da disciplina direito e 
economia no Brasil. Pgs. 9 e 10. Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Law_and_Economics_a_receptividade_d
a_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil 
17 ZANATA, Rafael. Desmistificando a law and econmics: a receptividade da disciplina direito e 
economia no Brasil. Pg. 10. Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Law_and_Economics_a_receptividade_d
a_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil 
interpretações que o texto permite, atentando para os valores democráticos e a 
Constituição”18, movimento migratório do pensamento deste autor que 
poderpiamo denominar de “migração conseqüencialista do realismo posneriano 
iniciático”. 
 Obviamente, no entanto, essa sutileza da segunda versão 
normativa da laws and economics “posneriana” não deixa de representar uma 
primazia da economia sobre o direito, pois os efeitos econômicos das decisões 
devem ser analisados antes dos “valores democráticos e a Constituição”, que 
deveriam se amoldar a essa análise econômica prévia, como que condicionando 
o resultado hermenêutico do jurista com uma denominação mais enigmática e 
menos específica do que “eficiência na maximização da riqueza”. 
 Talvez a essência desta segunda fase do pensamento posneriano 
seja basicamente a mesma, apenas com uma correção metodológica para deixar 
menos evidente o resultado final do viés adotado por este autor, de conduzir 
axiologicamente e hermeneuticamente os caminhos do Direito aos interesses da 
Economia, apartada esta última de limites éticos e jurídicos com a simples 
operação mental de conduzir o limite ético-jurídico ao resultado econômico 
subjacente! 
 De qualquer modo, além das vertentes “positiva” e “normativa”, há 
de se mencionar, ainda, a corrente da Análise Econômica do Direito de New 
Haven, capitaneada por Guido Calabresi ( Universidade de Yale), para quem “a 
disciplina direito e economia - guiada pela eficiência, equidade e justiça – teria 
como objetivo definir a justificativa econômica da ação pública, analisar de modo 
realista as instituições jurídicas e burocráticas e definir papéis úteis para os 
tribunais dentro dos sistemas modernos de formulação de políticas públicas”19. 
 Evidentemente, embora esta última vertente também adote uma 
metodologia individualista, como a escola de Chigaco, ela permite conciliar 
melhor a atuação regulatória do Estado na economia e não submete os cânones 
do direito a uma pré-avaliação de resultados econômicos, impedindo-se a 
colonização epistêmica do Direito pela Economia20. 
 
18 ZANATA, Rafael. Desmistificando a law and economics: a receptividade da disciplina direito e 
economia no Brasil. Pg. 11. Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Law_and_Economics_a_receptividade_d
a_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil 
19 ZANATA, Rafael. Desmistificando a laws and economics: a receptividade da disciplina direito 
e economia no Brasil. Pgs. 9 e 10. Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Laws_and_Economics_a_receptividade_
da_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil 
20 Ver nessa linha, advertência de José Maria de Arruda Andrade no sentido de que há uma 
pauta política, de cunho neoliberal, nas vertentes economicistas da escola de Chigaco, que tenta, 
de certa forma, aprisionar o Direito a esquemas ideológicos antedefinidos, notadamente, no que 
tange a uma visão de um estado mínimo e uma ampla liberdade econômica (ANDRADE, José 
 Em resumo, há de se ter uma visão crítica sobre a aplicação 
acriteriosa da Análise Econômica do Direito, uma vez que a interação entre estas 
duas ciências humanas (Direito e Economia) deve ser feita a partir de um ponto 
de vista relacional que não crie espaços privilegiados e pressupostos que levem 
a resultados pré-determinados ou acarretem verdadeiros domínios 
epistemológicos da Economia sobre o Direito, ou do Direito sobre a Economia. 
 Ou seja, este resultado equilibrado de mútua influência sem 
hegemonismos entre Direito e Economia que não pode ser obtido pela adoção 
da visão marxista do Direito como uma simples superestrutura reflexiva da 
infraestrutura econômica dominante e, tampouco, pela vertente contemporânea 
da laws and economics no sentido de que as normas jurídicas devem ser 
interpretadas sob o ponto de vista de um instrumento ou utilitário singelo de 
realização de puras finalidades econômicas (como a eficiência na “maximização 
da riqueza” e na busca do bem estar). 
 Em suma, há de se ter cautela na aplicação da “law and 
economics”, para que a mesma não subverta o Direito em mero caudatário de 
teorias econômicas que sejam vistas de tal forma sacralizadas que sequer 
possam ser contraditadas pela ordem jurídica positivada21. 
 Nesse sentido, finalizamos este breve estudo com palavras que 
evidenciam um salutar papel da laws and economics de buscar apenas uma 
maior interação entre dois relevantes e complementares campos do 
conhecimento, a Economia e o Direito, ciências humanas autônomas mas inter-
relacionais e integráveis de modo não aniquilador da essência de cada qual, in 
verbis: 
 
 
“A economia contribui para que possamos perceber o 
Direito numa nova dimensão que é extremamente útil na 
compreensão da formulação de políticas públicas.(...) 
 
O jurista não pode, em sã consciência, desprezar o imenso 
ferramental das outras ciências que lhe possibilita 
compreender melhor a conduta humana. O Direito é por 
excelência um indutor de condutas; assim, a interseção 
entre os fenômenos econômicos e jurídicos deve perseguir 
o mesmo ideal de todas as áreas do conhecimento, qual 
seja promover a justiça e a eqüidade do sistema social 
como um todo”22. 
 
Maria Arruda de. Economicização do Direito Concorrencial - São Paulo: Quartier Latin, Janeiro 
de 2014, pg. 96). 
21 Vide: ANDRADE, José Maria Arruda de. Economicização do Direito Concorrencial - São Paulo: 
Quartier Latin, Janeiro de 2014. 
22 PINHEIRO, Armando Castellar e SADDI, Jairo. CURSO DE LAW & ECONOMICS. Editora 
Campus, pgs. 17 e 18. Disponível em: 
http://www.iadb.org/res/laresnetwork/files/pr251finaldraft.pdf 
 
 
 
 A Análise Econômica do Direito, independente do viés de sua 
origem como idéia-força, deve ser avalizada, reconhecida e utilizada como 
ferramenta dialógica entre o Direito e a Economia, permitindo que a eficiência 
econômica e a busca da justiça (inclusive, a justiça social) sejam valores 
humanos conciliáveis e cooperativos entre si, e não antípodas axiológicas que 
formem barreiras epistêmicas, psicológicas e institucionais entre campos de 
conhecimento que devem ser sinérgicos e complementares entre si. 
 
 Brasília, 31 de agosto de 2014. 
 Maurício Muriack de Fernandes e Peixoto23 
 
Referências Bibliográficas: 
ANDRADE, José Maria Arruda de. Economicização do Direito Concorrencial - São Paulo: 
Quartier Latin, Janeiro de 2014; 
GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. Direito e Economia introdução ao movimento Law and 
Economics. Pg. 1. Texto Publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
http://jus.com.br/artigos/10255/direito-e-economia#ixzz3ByoVmXfK 
 
PINHEIRO, Armando Castellar e SADDI, Jairo. CURSO DE LAW & ECONOMICS. Editora 
Campus, pg. 9. Disponível em: http://www.iadb.org/res/laresnetwork/files/pr251finaldraft.pdf 
RABELO, César Leandro de Almeida e VIEGAS, Cláudia Mara de Almeida Rabelo. A análise da 
aplicação da eficácia horizontal dos direitos fundamentais sob a luz da teoria laws and 
economics. Pg. 1. Texto publicado no Jus Navegandi, disponível em: 
 http://jus.com.br/artigos/22171 
ZANATA, Rafael.Desmistificando a law and econmics: a receptividade da disciplina direito e 
economia no Brasil. Pgs. 17 e 18. Disponível em: 
http://www.academia.edu/956869/Desmistificando_a_Law_and_Economics_a_receptividade_d
a_disciplina_direito_e_economia_no_Brasil. 
 
 
23 : Maurício Muriack de Fernandes e Peixoto, doutorando no Curso de Doutorado em Direito do 
Uniceub (e-mail: muriack@yahoo.com); Advogado da União de Categoria Especial. Doutorando 
do Curso de Doutorado em Direito do Uniceub/DF. Mestre em Ordem Constitucional pela 
Universidade Federal do Ceará (UFC-2000). Professor de Direito Constitucional II e de Economia 
Política do curso de graduação em Direito do Uniceub. Professor licenciado de Processo 
Constitucional do Curso de Direito da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Ex-
professor da Universidade Católica de Brasília (UCB). Ex-Professor da Universidade Federal do 
Ceará (UFC).

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