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artigo de ética, eutanásia, caso Andrea

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FACULDADE SÃO LUIZ 
Ética especial 
Professor: Helio Luciano 
Acadêmico: João Paulo Catafesta 
Data: 11 nov. 2015 
 
Caso Andrea 
 
Dia nove de outubro de dois mil e quinze, morre Andrea, menina espanhola 
de doze anos. Desde os oito meses de idade Andrea sofria com uma rara doença 
degenerativa do cérebro, vivia de forma feliz tranquila até os seus doze anos quando 
outros problemas começaram a piorar sua vida; tudo que comia acabava indo para os 
pulmões causando infeções, por isso foi preciso fazer uma gastrotomia. 
Depois de colocar a gastrotomia, o estomago começou a rejeitar a sonda, 
trazendo febres e infecções que levou a uma hemorragia gastrointestinal que a deixou 
entre a vida e a morte. Eles descobriram que as plaquetas estavam sendo destruídas, 
corticosteroides e imunossupressores ambas que podem danificar os órgãos. 
 Devido toda a situação da saúde de Andrea e de seu estado terminal, seus 
pais pedem o desligamento da gastrotomia, “queremos que nossa filha tenha uma 
morte digna” é o que pedem. O pedido dos pais gerou toda uma discussão ética, de 
valores que deixou dividida até os profissionais de saúde e comitês éticos da Espanha. 
A equipe de ética do hospital orienta que seja mesmo desligado os aparelhos, 
apoiando assim o pedido dos pais. Todavia como não foi uma ordem e sim uma 
orientação, a equipe médica pediatra do hospital de Santiago se nega desligar os 
aparelhos que mantem Andrea viva. 
Os pais inconformados com a ação dos médicos, entram na justiça para 
conseguir o direito de desligar a gastrotomia, alegando que os médicos estavam 
prolongando o sofrimento da menina, não estão deixando ela ir de forma natural. 
Segundo a lei de 2002 sobre autonomia do paciente; ela prevê que o paciente ou 
responsável pode negar um tratamento mesmo que isso possa causar a morte do 
paciente e também pela morte digna. 
O juiz recomenda que os pais entrem em um acordo com os médicos, e por 
motivo de piora do estado clinico os médicos sedem e aceitam retirada dos aparelhos 
de respiração e também a gastrotomia, dia 5 de outubro de 2015 foi desligado os 
aparelhos, mantendo somente a hidratação e a sedação para que não houvesse 
sofrimento. Andrea faleceu no dia 9 de outubro de 2015, quatro dias depois da retirada 
dos aparelhos.1 
Algumas questões vão orientar a análise do caso de Andrea: 
O que é autonomia do paciente? 
A autonomia do paciente pode ser ignorada pelos médicos? 
O que é eutanásia? 
O que é ortotanásia? 
O caso de Andrea foi eutanásia ou ortotanásia? 
O que é distanásia? 
Os médicos estavam utilizando de distanásia quando não queriam desligar os 
aparelhos de Andrea? 
 A relação médico-paciente se deu por muito tempo de modo paternalista, ou 
seja, o médico seria como o pai em uma família, ele decidia o que fazer, como fazer, 
quando fazer e se devia ou não contar ao seu paciente; paciente não tinha nenhuma 
autonomia, era somente um corpo nas mãos do médico. “Se um homem enfermo 
recusa os medicamentos prescritos por um médico chamado por ele ou seus 
familiares, pode ser tratado contra sua própria vontade...”.2 
Porem isso mudou por volta de 1772 com as discussões sobre autonomia do 
paciente, “Todos os homens têm direito a decidir quando se trata de sua saúde e de 
sua vida. Todo ser humano é autônomo e o enfermo também o é”.3 A partir dessas 
 
1 O caso foi tirado de várias matérias e notícias, localizada nos sites a seguir: 
EL PAÍS. Morrer com dignidade. Disponível em: 
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/03/opinion/1443879568_836206.html. acesso em: 30 out. 2015. 
 
TELE CINCO. Estela Ordóñez: "¿Hasta qué punto hay que llegar para que nuestra hija deje de 
sufrir?". Disponível em: http://www.telecinco.es/elprogramadeanarosa/2015/octubre/Estela-Ordonez-
punto-llegar-sufrir_0_2060625075.html. Acesso em: 20 out. 2015. 
BBC. Muerte digna. Disponível em: 
http://www.bbc.com/mundo/noticias/2015/10/151001_espana_muerte_digna_nina_lav. Acesso em: 20 
out. 2015. 
G1 DA GLOBO. Garota com doença terminal terá suporte de vida retirado na Espanha. Disponível 
em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/10/garota-com-doenca-terminal-tera-suporte-
vida-retirado-na-espanha.html. Acesso em: 05 nov. 2015. 
 
2 VI CONFERENCIA NACIONA DE ÉTICA MÉDICA. Autonomia do paciente. Disponível em: 
http://www.bioeticaefecrista.med.br/textos/autonomia%20do%20paciente.pdf. Acesso em: 05 nov. 
2015. 
 
3 ibid 
discussões e da aceitação desse tipo de pensamento é que foi se criando códigos de 
leis para regulamentar a autonomia do paciente. 
Isso tornou o paciente agente moral de decisão livre para optar 
conscientemente sobre os tratamentos que serão utilizados para manutenção de sua 
saúde e sua vida. “Salvo em caso de urgência, o médico deve informar ao paciente 
os efeitos e possíveis consequências de qualquer tratamento. Deverá obter o 
consentimento do paciente, sobretudo quando os procedimentos apresentarem risco 
à saúde”.4 
Sendo assim os médicos no caso Andrea erraram ao não aceitar a autonomia 
da decisão dos pais com relação a menina? Essa autonomia não obriga os médicos 
atenderem aquilo que percebem estar errado, não é por que posso decidir sobre os 
tratamentos utilizados comigo que se torna certo pedir que façam algo que possa me 
levar a morte. 
No caso Andrea os médicos entraram em um dilema moral e ético muito 
grande, se acreditavam que ao desligassem os aparelhos seriam responsáveis pela 
morte da garota estavam certos em negar o procedimento, pois estariam indo contra 
sua ética e estariam praticando eutanásia, mas agora se o motivo de não desligarem 
foi por que não aceitavam a evidente morte da menina e por isso prolongaram seu 
sofrimento, aí seriam errados e estariam praticando distanásia. 
Pouco falado, mas quando se trata de final da vida a três atitudes com maior 
destaque ético que são: eutanásia, distanásia e ortotanásia. A eutanásia é a mais 
falada pelas mídias e pelo público em geral, mas ainda se confunde muito a definição 
do que realmente é eutanásia. 
Eutanásia etimologicamente falando significava morte suave, sem sofrimento. 
Hoje pensa-se sobre tudo na intervenção da medicina para diminuir a dor do paciente 
independente se vai leva-lo a morte; em outro sentido, é dar a morte por compaixão, 
para eliminar o sofrimento, ou para livrar de uma vida penosa, no caso de deficientes 
e doentes mentais. Por fim e dito por eutanásia todo tipo de tratamento ou atuação 
direta ou indireta que leva a antecipação da morte, para evitar dores, incômodos ou 
ainda grandes despesas.5 
 
4 ibid 
5 COELHO, Mário Marcelo. O que diz a igreja sobre.... São Paulo. Canção Nova. 2007. p. 171. 
Distanásia vem do grego dis, mal, algo malfeito, e thánatos, morte, é 
etimologicamente ao contrário da eutanásia, seria adiar o máximo possível a hora da 
morte, utilizando todos os meios existentes, naturais ou artificiais, mesmo que para 
isso acabe com a dignidade do moribundo, aumentando os sofrimentos, angustias, 
não aceitando o inevitável. Distanásia é o prolongamento desnecessário da morte, 
não é prolongar a vida e sim o processo de morte.6 
A morte digna sem abreviação e prolongamento desnecessários, morte ao 
seu tempo; este é o conceito de ortotanásia, etimologicamente vem do grego orto que 
significa correto e thanatos como vimos é morte então ortotanásia seria a morte certa, 
natural sem prolongar a dor e o sofrimento. Aceitar a morte natural muitas vezes é 
desligar-se de aparelhos de manutenção artificiais da manutenção, recebendo 
acompanhamento religioso, psicológico, tendo aparato de analgésicospara diminuir a 
dor, tendo assim uma morte serena e de certo modo bonita. 7 
A ortotanásia é aplicada quando se reconhece que são inúteis os tratamentos, 
e estes só aumentam a agonia do paciente, neste caso mantem os cuidados paliativos 
que não vão cura-lo, mas sim dar a ele uma tranquilidade nos momentos finais e por 
consequência uma morte digna.8 
 Avaliando o caso a partir desses conceitos de Eutanásia, distanásia e 
ortotanásia, avaliamos as ações dos pais, médicos e equipe ética. Em análise 
superficial da ação dos pais, parece que encaixa em ortotanásia, pois a menina está 
em estado terminal, não tendo possibilidade de melhoras; houve também complicação 
por causa do tratamento oferecido e a argumentação é dar a filha uma morte digna, 
fundamento da ortotanásia. Aparentemente o que aconteceu com os pais de Andrea 
é que aceitaram o inevitável que é a morte da filha e assim estão preocupados com a 
dignidade desse momento, não querem que ela sofra, só que ela morra de maneira 
natural, o que é evidentemente uma ortotanásia; o que moralmente é correto. 
Assim sendo, o comitê ético, ao apoiar o pedido dos pais em desligarem a 
gastrotomia e a o aparelho de oxigênio estaria apoiando a ortotanásia e estariam 
eticamente corretos. 
Sendo que, o que os pais querem é uma ortotanásia, o que a equipe médica 
ao negar desligar os aparelhos estão fazendo é uma distanásia, pois não aceitam o 
 
6 Ibid., p.121. 
7 Ibid., p.249. 
8 Ibid., p.250. 
evidente, que é a morte de Andrea e por não aceitarem que ela está no processo de 
morte, prolongam o processo da morte causando mais dor e sofrimento, o que 
eticamente é completamente incorreto. 
Porém isso é considerando que a ação dos pais foi uma ortotanásia, o que 
pode não ser. Qual a obrigação básica de manutenção da vida? O que é o mínimo 
que se deve oferecer a um ser humano? as únicas coisas que não se pode negar de 
modo algum a qualquer ser humano é a nutrição e hidratação o próprio Karol Wojtyla 
(Papa João Paulo II) afirma essa máxima do tratamento humano.9 
Pode-se negar o aparelho de oxigênio, entre outros tratamentos, mas a 
gastrotomia que é responsável pela nutrição. A não ser que mesmo com a sonda o 
paciente não consegue absorver mais os nutrientes, neste caso seria liberado 
eticamente a retirada da gastrotomia. 
 Sendo assim mesmo que aparentemente o que os pais queriam era 
ortotanásia, pode ser que não foi, o que foi então é uma eutanásia pois, a morte teria 
sido pela nutrição negada, uma antecipação da morte, estavam tirando algo que é 
básico, a nutrição. Então pais queria realizar uma eutanásia e o comitê ético apoiou, 
o que é um erro ético inegável. 
Já por outro lado neste sentido os médicos negando realizar o procedimento 
estavam se negando realizar a eutanásia o que éticamente é correto; porém o 
realizara mais tarde, segundo a notícia, por causa da piora no quadro clinico da 
menina, o que não especifica o que foi que aconteceu com ela; se e somente se ela 
tivesse agravado seu quadro intestinal, impossibilitando-a de reter nutrição, seria licito 
e ético desligar a gastrotomia, pois de qualquer forma não teria como haver nutrição, 
mas não tenho essa informação, então não consigo afirmar se foi ou não esse o caso, 
mas não é impossível pois a sonda já havia causado uma hemorragia no estomago 
que quase levou-a a morte, pode ter piorado sua situação novamente, mas como dito 
não se pode afirmar, porém se desligaram mesmo ela podendo receber nutrição tanto 
pais, médicos e comitê ético, foram ante éticos praticando eutanásia, que não deixa 
de ser um assassinato. 
 Ao pesquisar as mais variadas matérias e entrevistas sobre o caso, percebi 
como cada uma delas induzia ao leitor pensar e avaliar o caso de maneira favorável 
ou contra, elegendo as informações que mais convinha para que concluíssem 
 
9 JONSEN,Albert R; SIEGLER, Mark; WINSLADE, William J. Ética Clínica abordagem prática para 
as decisões éticas na medicina clínica. 7.ed. Porto Alegre: AMGH Editora Ltda. 2012. p.140. 
exatamente o que queriam lendo a matéria, isso mostra que realmente é difícil julgar 
um caso como esse, pois gera muita divergência. 
Ao fim da análise do caso percebo que o caso é um caso limite, que gera 
muita polêmica com relação a eutanásia, distanásia e ortotanásia, e a linha tênue que 
há entre esses três tipos de ações. Me ausento de concluir a discussão sobre o que 
realmente foi o caso, pois não tenho com certeza de todas as informações necessárias 
para isso, gostaria de saber mais sobre o estado clinico dela, a causa real e sua morte, 
a complicação gerada pela sonda e a intenção de todos os envolvidos, somente aí 
teria mais base para afirmar algo, mas tentei levantar todas as hipóteses possíveis do 
caso de Andrea, dando fundamentação para as discussões posteriores do caso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/03/opinion/1443879568_836206.html. 
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/10/garota-com-doenca-terminal-
tera-suporte-vida-retirado-na-espanha.html 
http://www.bbc.com/mundo/noticias/2015/10/151001_espana_muerte_digna_nina_la
v 
http://www.bioeticaefecrista.med.br/textos/autonomia%20do%20paciente.pdf 
http://www.telecinco.es/elprogramadeanarosa/2015/octubre/Estela-Ordonez-punto-
llegar-sufrir_0_2060625075.html. 
COELHO, Mário Marcelo. O que diz a igreja sobre.... São Paulo. Canção Nova. 2007. 
JONSEN,Albert R; SIEGLER, Mark; WINSLADE, William J. Ética Clínica abordagem 
prática para as decisões éticas na medicina clínica. 7.ed. Porto Alegre: AMGH 
Editora Ltda. 2012.

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