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DFis/ICEx/UFMG – Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 1/10 Exp. 1 - Vibrações Mecânicas 1.Objetivos • Analisar o comportamento de um sistema massa-mola com atrito excitado por uma força alternada senoidal; • Estudar a influência do amortecimento na dinâmica do oscilador massa-mola; • Analisar o comportamento transitório do oscilador; • Estudar a dependência da impedância mecânica com a freqüência. 2. Introdução 2.1.Oscilador massa-mola sem atrito Considere o sistema massa-mola da figura 1. De acordo com a Lei de Hooke, a força que a mola exerce sobre a massa é sxF −= , onde s é a constante elástica da mola e x é a respectiva deformação. No equilíbrio, igualando-se a força elástica com o peso, temos: sLmg = . (1) Se o sistema for, de alguma forma, deslocado da posição de equilíbrio teremos, de acordo com a 2ª. lei de Newton: →+=−→=++− sx dt xd msLmg dt xd mmgxLs 2 2 2 2 )( 02 2 =+ sx dt xd m . (2) m m L l x s Figura 1:Oscilador massa-mola. Na figura central, o oscilador está em repouso (x=0) DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 2/10 Esta equação admite como solução: )cos()( 0 φω += tAtx , (3) onde ms /0 =ω é a freqüência angular, sendo as constantes A e φ calculadas em função da posição e velocidade iniciais da massa. 2.2.Oscilador amortecido Considere que no sistema da figura 2 haja apenas atrito viscoso, isto é, que a força de atrito atrF é proporcional à velocidade da massa. Assim: dt dxRF matr −= , onde mR é uma constante positiva denominada resistência mecânica. A equação que descreve a oscilação deste sistema é, portanto, 02 2 =++ sx dt dxR dt xd m m . (4) A equação do movimento pode ser reescrita como 0202 2 =++ x dt dx m R dt xd m ω , (5) que admite a solução (exercício 1): )cos()( φωβ += − tAetx dt , (6) onde mRm /21=β é o coeficiente de amortecimento e 220 βωω −=d é a freqüência natural angular do sistema amortecido. Note que o amortecimento diminui a freqüência de oscilação do sistema, mas esta diminuição pode ser desprezível dependendo das características do oscilador. m Rm s Fig. 2 - Oscilador massa-mola amortecido DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 3/10 2.3. Oscilador forçado Se o oscilador da figura 2 for excitado por uma força alternada harmônica )cos()( tFtf ω= , a equação do movimento será )cos(2 2 tFsx dt dxR dt xd m m ω=++ . (7) Este sistema terá uma resposta (“solução”) transitória e uma resposta permanente. O comportamento transitório corresponde às oscilações livres do sistema (Equação 6). Matematicamente, é a solução homogênea da equação 7, obtida com 0)( =tf , resultando na equação 6 da seção anterior. As oscilações transitórias decaem com te β− e tornam-se insignificantes após um intervalo de tempo longo o suficiente para que 1>>tβ . A partir daí, considera-se que as oscilações estejam em regime estacionário. Para determinar a resposta estacionária, que é a solução particular da equação 7, vamos reescreve-la usando exponenciais complexas, lembrando que ][)cos()( tjFeretFtf ωω == . Desta forma, tjFes dt dR dt d m m ω =++ x xx 2 2 . (8) Como a força externa é uma função harmônica (co-senóide) com freqüência ω e o sistema é linear, o deslocamento em regime permanente poderá ter comportamento oscilatório de mesma freqüência, isto é, tje ωAx = , onde A é uma constante a ser definida. Substituindo-se tje ωAx = na equação 8 e resolvendo-a para A , obtém-se: )]([ ωωω ω smjRj Fe m tj −+ =x , (9) onde o termo )/( ωω smjRm −+ é denominado impedância mecânica. Ele será discutida com mais detalhes posteriormente. Superpondo os regimes transitório e estacionário, temos a solução completa do oscilador forçado (exercício 3): )sin()cos( Θ−++= − t Z F tAex m d t ω ω φωβ , (10) onde |)/(| ωω smjRZ mm −+= = 2/122 ])/([ ωω smRm −+ e ]/)/[( mRsmarctg ωω −=Θ são, respectivamente, a magnitude e a fase da impedância mecânica. Um exemplo do comportamento das componentes de regime transitório e permanente do movimento é dado na figura 3. DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 4/10 Fig. 3 – Respostas em regime transitório e permanente no oscilador forçado 2.4 Reatâncias, resistência e impedância mecânica Se o sistema massa-mola for reduzido a apenas uma massa oscilando sem atrito (s = Rm = 0), a velocidade, dt dx u = , será massa j tF mj Fe X u )( == ω ω . (11) Portanto, a velocidade é á razão entre a força externa e a grandeza complexa mjmassa ω=X denominada reatância mecânica. A reatância representa a oposição que a massa exerce à oscilação e sua magnitude aumenta linearmente com a freqüência (figura 4, à esquerda). De forma semelhante, para uma mola isolada, a velocidade será: mola j tF js Fe X u )( / = − = ω ω , (12) Onde a reatância da mola, ω/jsmola −=X , apresenta uma relação inversa com a freqüência. As reatâncias são termos imaginários e estão associadas a alguma forma de armazenamento de energia. Note o sinal algébrico oposto das reatâncias da massa e da mola. No caso do oscilador completo (Fig. 2), a velocidade resultante é: DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 5/10 0 1 2 3 4 5 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 s = 15,88 N/m m = 20 g ωm s/ω Im pe dâ n ci a (N s/ m ) frequência (Hz) re im mZ mRω/s m⋅ω Θ re im mZ mRω/s m⋅ω Θ re im mZ mRω/s m⋅ω re im mZ mRω/s m⋅ω Θ Fig. 4 – Esquerda: dependência das reatâncias mecânicas da massa e da mola com a freqüência. Direita: diagrama da impedância mecânica para uma dada freqüência )/( ωω ω smjR Fe m j −+ =u , (13) de onde se define a impedância mecânica mZ como: mm jXR +== )( )()( ω ω ω u FZ altm . (14) A impedância mecânica apresenta uma parcela imaginária (a reatância resultante) e uma parcela real (a resistência mecânica). A impedância representa a oposição que o oscilador exerce à oscilação numa dada freqüência. A impedância mecânica )(ωmZ pode ser representada no plano complexo como na Figura 3, à direita. Vê-se que o módulo da impedância é |)/(| ωω smjRZ mm −+= = 2/122 ])/([ ωω smRm −+ e o ângulo de fase é ]/)/[( mRsmarctg ωω −=Θ . 3. Exercícios 1. Resolva a equação 2. Dica: A solução deve ser uma função )(tf tal que a sua derivada segunda seja proporcional a ela mesma( )('' tf α )(tf ). 2. Resolva a equação 5. Dica: Assuma que x seja um fasor teγAx = e o substitua na equação 5 para encontrar γ em função de mR , m e 0ω (ou, de β e dω ). Você encontrará uma solução da forma DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 6/10 )( tjtj dd eee t ωωβ −− += 21 AAx . Calcule, então, a parte real de x para encontrar a equação 6. 3. Substitua tje ωAx = na equação 8 para obter a equação 9. 4. Deduza a solução completa do oscilador forçado. Dica: Use o resultado do exercício 3 na equação 9. Depois calcule a parte real de x e então some à equação 6. 5. Demonstre as equações 11, 12 e 13. 6. Escreva a impedância mecânica do oscilador forçado na forma Θ = j meZmZ , em que mZ representa a magnitude e Θ , a fase da impedância mecânica. 7. Demonstre que xf FZm pi2 = . Dica: Desenvolva a partir da equação 14. 8. Represente, no plano complexo, a impedância do sistema (explicite a magnitude e a fase da impedância): a) 5=mR Ns/m, 40=s N/m, 2=m kg, 10=ω rad/s b) 5=mR Ns/m, 40=s N/m, 2,0=m kg, 10=ω rad/s 9. Determine a constante da mola equivalente e freqüência natural de oscilação nos seguintes casos: 4. Bibliografia 1. LE Kinsler, AF Frey, AB Coppens, JV Sanders, Fundamentals of Acoustics (3rd. Ed.) - Wiley, New York (1982) – Cap 1 2. NH Fletcher, TD Rossing, The Physics of Musical Instruments – Springer- Verlag, New York (1991) – Cap 1 3. Relatórios dos estudantes Mainda Silva Araújo (bolsista PEG), Saulo Araújo do Nascimento (bolsista ProNoturno) e José Eduardo Silva (Estágio Docente). 4. Transparências usadas no seminário 1. m s s m s s m s s (a) (b) (c) DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 7/10 5. Parte Prática 5.1 Material • Corda fina de nylon “Coats and Clark” modelo T26 • Gerador de áudio e vibrador mecânico Pasco • Driver mecânico Pasco • Sensor de movimento rotativo e interface Pasco • Duas molas, cada uma com massa mM = (2,77 ± 0,01) g e constante elástica s = (18,30 ± 0,03) N/m • Tarugo de alumínio com massa m = (16,0 ± 0,1) g • Freio magnético • Suportes para montagem • Software para tratamento de dados (e.g., Origin ou QtiPlot, http://soft.proindependent.com/qtiplot.html ) 5.2.Procedimentos Montagem Fig. 5 - Montagem O fio deve dar uma volta completa em torno da roldana para o evitar deslizamento. DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 8/10 Observações: � A magnitude F da força harmônica )(tf não será medida. Nos gráficos dos itens 6 e 7, a amplitude poderá ser normalizada. No Exp. 2 há uma maneira de estimar-se a magnitude desta força. � Trabalhe numa faixa de freqüências entre 3 e 10 Hz. � Ajuste a magnitude da força (no gerador de áudio) para que o sistema tenha oscilações estáveis na ressonância. Não mude mais a amplitude da força durante as medidas. � Ajuste a taxa de amostragem para pelo menos 100 Hz. � Faça medidas mais detalhadas próximo à freqüência de ressonância ( 0ω ), incluindo-a, pois a amplitude do deslocamento varia drasticamente com pequenas variações na freqüência. � Faça um relatório sobre o experimento. Anexar a solução dos exercícios. � Inserir unidades e incertezas das medidas. Massa efetiva do oscilador (veja anexo). Cada mola incrementa, efetivamente, a massa do oscilador em mM/3. Quanto ao sensor rotativo, verificou-se experimentalmente que seu momento de inércia contribui efetivamente com um aumento de (22,5 ± 0,1) g, na massa do oscilador. 1. Oscilações livres (a) Calcular a freqüência natural não-amortecida, 0ω , com os valores das massas (tarugo, mola e sensor) e constantes das molas. (b) Com o sensor rotativo. Sem o efeito do freio magnético, registrar as oscilações livres do oscilador através da interface Pasco, ajustar curvas (função harmônica exponencialmente amortecida) e determinando os valores de dω e β. Note que o próprio sensor de movimento rotativo já introduz atrito significativo. Com o auxílio da equação 220 βωω −=d determine 0ω e compare com o valor calculado no item (a); Expresse, em função da constante de tempo βτ /1= , os tempos necessários para a amplitude cair a 5% e 1% do valor máximo. Identifique estes tempos nos dados registrados. O ruído nas medidas impedirá a visualização de oscilações com amplitudes tendendo a zero DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 9/10 (c) Com atrito extra introduzido pelo freio magnético. Introduzir mais atrito através do freio magnético e repetir o procedimento anterior. (d) Sobre amortecimento. Tente aumentar o efeito do freio magnético até cessar as oscilações no movimento livre do oscilador, medindo o valor correspondente de β. O sobre amortecimento ocorre quando βωβωω <→<−= 0220 0d . (Por quê?) 2. Impedância mecânica (a) Determine a amplitude da oscilação para várias freqüências de excitação, tomando o cuidado de tomar valores antes e depois da freqüência de ressonância. (b) Utilizando a expressão estudada no exercício 7, xf FZm pi2 = , determine a impedância mecânica em função da freqüência e da força aplicada ao sistema e trace um gráfico. Como F não foi medida no experimento, normalize a impedância. Use a expressão |)/(| ωω smjRZ mm −+= = 2/122 ])/([ ωω smRm −+ para o ajuste de curva. (c) No gráfico, identifique termos dominantes (resistência, reatância da massa ou da mola) à medida que a freqüência varia. 3. Transitórios. Analisar qualitativamente o comportamento transitório do oscilador. Retire o amortecedor magnético e registre curvas para algumas relações entre a freqüência natural e a forçante como, por exemplo, 0/ωω = 0,2; 0/ωω = 0,8; 0/ωω =1,0; 0/ωω = 1,2; 0/ωω =2,0; 0/ωω =4,0. A coleta deve ser iniciada antes de o sistema iniciar suas oscilações. Observe as curvas e tente identificar o término do período transitório em cada caso. DFis/ICEx/UFMG - Prof. Maurílio Nunes Vieira - Experimentos em Acústica – Projeto PEG 2008/69 Exp 1 - Vibrações Mecânicas 10/10 6. Anexo: Massas Equivalentes 6.1 Mola1 Seja uma mola com massa Mm , em movimento, com um alongamento x além de seu comprimento em repouso l . A massa de um segmento infinitesimal qualquer da corda, dm , pode ser expressa como → + = + = xl ds mds xl mdm MM ηdmdm M= , onde 10, ≤≤+ = ηη xl s . A extremidade da corda desloca-se com uma velocidade dtdxv /= . Um segmento infinitesimal qualquer, por sua vez, tem velocidade dtdsu /= = vudtdxdtxld ηηη =→≈+ //)]([ . A energia cinética do elemento de massa dm da corda esticada é, então, =⋅⋅= 2 2 1 udmdK H →=⋅ ηηηη dvmvdm HH 22 2 12 2 1 )()( == ∫ 1 0 22 2 1 ηη dvmK H → 1 0 3 2 2 1 3 η vmH .3 2 2 1 v mK H= Logo, a massa equivalente da mola vibrante é 3 Hm . 6.2 Sensor rotativo A energia cinética K de um cilindro de raio R e massa m , girando em torno de seu centro de massa, sem translação, é == 22 1 ωcmIK →⋅ 222 1 2 1 )/()( RvmR 22121 )( vmK ⋅= . Ou seja, sua massa equivalente é 2/m . O sensor rotativo, porém, tem uma construção mais complexa, havendo vários cilindros de materiais diferentes. Determinou-se, experimentalmente, para um dos sensores rotativos, o valor de gm )1,05,22( ±= paraa sua massa equivalente a partir da medição da freqüência de ressonância ( )14,6( Hz e dos valores das massas do tarugo de alumínio ( g0,16 ) e das molas ( gx 77,22 ). 1 Cortesia do Prof. Carlos Heitor D´Ávila Fonseca. l x repouso esticada s ds dtdxv /= xl +
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