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FACULDADE CATÓLICA DO TOCANTINS LEGADOS PALMAS – TO 2015 Jéssica Coelho de Oliveira LEGADOS Este trabalho é parte da nota da A2 da disciplina de Direito Civil VI do curso de Direto da Faculdade Católica do Tocantins e foi orientada pelo Professor: Airton Schütz. PALMAS – TO MAIO-2015 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4 1. LEGADOS ............................................................................................................... 5 1.1 HERENÇA.............................................................................................................5 1.2 SUCESSÃO...........................................................................................................5 1.2.1 Sucessão legítima e testamentária .................................................................... 6 1.3 O MUNDO DOS LEGADOS .................................................................................. 6 1.3.1 Componentes do legado .................................................................................. 7 1.3.2 Objeto do legado .............................................................................................. 7 2. ESPÉCIES DE LEGADO ........................................................................................ 8 2.1 LEGADO DE COISA CERTA E LEGADO DE COISA ALHEIA ............................. 8 2.2 LEGADO DE COISA MÓVEL E COISA IMÓVEL .................................................. 9 2.3 LEGADO CONDICIONAL E LEGADO A TERMO ................................................. 9 2.4 LEGADO MODAL .................................................................................................. 9 2.5 LEGADO DE COISA DO HERDEIRO OU DO LEGATÁRIO ................................. 9 2.6 LEGADO DE COISA COMUM E LEGADO DE COISA SINGULARIZADA ......... 10 2.7 LEGADO DE COISA LOCALIZADA E LEGADO DE CRÉDITO .......................... 10 2.8 LEGADO DE QUITAÇÃO DE DÍVIDA E LEGADO DE DÍVIDA ........................... 11 2.9 LEGADO DE ALIMENTOS, LEGADO DE RENDA VITALÍCIA PERÍODICA E LEGADO DE USUFRUTO......................................................................................... 11 2.10 LEGADO EM DINHEIRO ................................................................................... 12 2.10.1 Legado de quantidades certas e prestações periódicas; de coisa genérica; e alternativo .................................................................................................................. 12 3. EFEITOS DOS LEGADOS .................................................................................... 13 3.1 ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DO LEGADO .......................................................... 13 3.2 TRANSMISSÃO DO DOMÍNIO, POSSE, E PROCESSAMENTO DA PROPRIEDADE ........................................................................................................ 13 3.3 FRUTOS, RENDIMENTOS E DIREITO A JUROS NO LEGADO EM DINHEIRO .................................................................................................................................. 14 4. MODIFICAÇÃO SUBSTANCIAL DA COISA LEGADA .......................................... 14 5. ALIENAÇÃO DA COISA LEGADA ...................................................................... 14 6. PERECIMENTO OU EVICÇÃO DA COISA LEGADA .......................................... 15 7. EXINÇÃO DOS LEGADOS ................................................................................... 15 8. DIREITO DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS E LEGATÁRIOS................16 8.1 O DIREITO DE ACRESCER ENTRE COERDEIROS..........................................16 9. QUADRO DE ESTUDOS...................................................................................... 17 CONSIDERAÇÕES FICNAIS....................................................................................18 REFERÊNCIAS.........................................................................................................19 4 NTRODUÇÃO A morte é um dos grandes desafios da humanidade. Descobrir o elixir da juventude, estudar os mistérios da ressurreição e outras modalidades inovadoras de manter-se ou voltar à vida é dedicação de muitos cientistas, religiosos ou até curiosos. Mas a verdade momentânea comprovada é de que todos os humanos vão morrer e neste momento constatamos um segundo fato. Não consegue o de cujus, levar consigo o patrimônio auferido ao longo de sua vida. O Direito busca auxiliar o homem em todos os momentos necessários e não seria no instante mais sombrio que o manto legislativo abandonaria seu protegido. O Direito das Sucessões cuida da destinação dos bens deixados pelo falecido. Os legados podem ser trabalhados como a expressão da a última vontade daquele que não mais pertence ao mundo dos vivos. O seguinte estudo aborda de maneira objetiva e eficaz os principais tópicos analisados na matéria de Legados. Suas características, espécies e demais assuntos. 5 1. LEGADOS 1.1 HERANÇA É impossível explanar a matéria de legados sem antes pincelar a, na maioria das vezes, tão disputada herança. Trata-se do patrimônio deixado por uma pessoa falecida. Em palavras informais, divertimo-nos ao constatar que “herança é aquilo que os mortos deixam para os vivos se matarem.”. Neste seguimento, em termos jurídicos, lidamos com o Espólio, que é a concretizam da legitimidade, podendo atuar passiva ou ativamente nos polos processuais. Diz-se, o Espólio de Maria em desfavor de João, quando este possuía débitos com a finada, sendo sua dívida agora comprometida com o espólio. Os polos podem ser invertidos quando na situação de devedora encontra-se Maria, podendo João estar postulando o recebimento do montante em desfavor do espólio. A título de revisão, lembremos que a herança só responde até o tamanho do espólio, portanto seus herdeiros (ninguém) pode herdar dívidas. Pelo Princípio da Saisine, temos que a sucessão é aberta no momento da morte e não após ou logo após. Atentemo-nos também as possibilidades de meação que o cônjuge pode assistir. Feita esta breve síntese, mergulhemos no mundo dos legados. 1.2 SUCESSÃO Direito de sucessões tem suas raízes na antiguidade, envolvendo a continuidade da família e da religião, possuindo em dado momento caráter espiritual. Sobrevindo de costumes remotos, a princípio, o benefício de sucessão era somente concedido na linha masculina(pater), porém alargou suas possibilidades a partir de adequações no direito romano. Pelo já referido princípio da Saisine, abre-se a sucessão no exato momento da morte. Nas palavras de Arnaldo Rizzardo: A morte desencadeia uma ruptura no domínio dos bens. Cessa a vida corporal mas subsiste a da alma, que é imortal. No entanto, como os bens materiais estão ligados à vida corporal, é necessário que outras pessoas venham e assumam a titularidade, de modo a se recompor a ordem ou a estabilidade no patrimônio. (RIZZARDO, p. 1, 2013) 6 A sucessão tem um caráter de continuidade. Ao(s) herdeiro(s) é transmitida a herança de uma pessoa falecida e assim dá-se o prosseguimento ao seu patrimônio. 1.2.1 Sucessão legítima e testamentária A compreensão deste estudo classificaos herdeiros em: necessários, que são os parentes sanguíneos ou civis em linha reta, incluindo-se cônjuge ou companheiro(a); Legítimos, que são todos os parentes sanguíneos civis, abarcando o cônjuge ou companheiro(a); testamentário, aquele que é assistido em cláusula testamentária, podendo ser ou não parente; e os legatários, objeto de nosso estudo mais aprofundado, mas que em curtas palavras é quem recebe por testamento bem certo e determinado. A Sucessão pode ser legítima ou testamentária. Em síntese, é legítima quando se dá em detrimento da lei O Código Civil de 2002 assevera: “Art.1784 Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.” O Artigo 1829 do Código Civil traz ainda a ordem da sucessão legítima. Testamentária é a última expressão da vontade do de cujus. A mesma codificação afirma: “Art.1726: A Sucessão dá-se por lei ou por disposição de ultima vontade.” Contudo explana o art. 1.788: “morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo”. Morrendo, portanto, a pessoa sem testamento a herança é automaticamente transmitida aos seus herdeiros legítimos de acordo com a ordem da vocação hereditária, expressamente indicados pela lei. 1.3 O MUNDO DOS LEGADOS O conceitos acima abordados, auxiliam-nos na compreensão do que entende-se por legados. Na linha de pensamento onde temos herdeiros necessários e outros já citados, os legados afirmam-se como a possibilidade de herdar por cláusula testamentária coisa individualizada, bem(s) certo(s). Na modalidade de testamento, pode haver a destinação de bens como, por exemplo 20% de 7 determinado saldo bancário. O legado exige que o bem a ser herdado seja determinado, como uma casa específica, ou o carro específico. Modernamente teve sua base “ao tempo de Justiniano”(RIZZARDO,2013, p. 347), fortificado pelo Direito Português, e no Brasil teve sua primeira aparição constante na Constituição Teixeira de Freitas, atualmente mais organizado no Código de 2002. 1.3.1 Componentes do legado Existem três principais sujeitos na didática do legado: Aquele que faz o legado; quem recebe; e aquele que tem de cumprir a vontade do testador. O legante é aquele que faz o legado, ou seja, o testador. Os procedimentos do testamento seguem requisitos comuns, mas na espécie legados deve haver especificação do bem. O legatário é quem recebe o bem. Tratando-se de herdeiro legítimo recebendo legado, qualifica-se o prelegado. Onerante é aquele incumbido de executar o testamento, refere-se a quem recebe a sucessão, na hora da morte, antes da abertura de inventário. Rege o art. 1907 do Código Civil: “Se forem determinados os quinhões de uns e não os de outros herdeiros, distribuir-se-á por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as porções hereditárias dos primeiros.”. 1.3.2 Objeto do legado Todos os bens do testador podem ser distribuídos em testamento, respeitando-se o requisito da disponibilidade, mas há a obrigação de individualização quando tratar-se de legado. Móveis, imóveis, semovente crédito, dentre outros, podem ser inclusos em cláusula testamentária. Trabalha-se também com o de valor moral ou sentimental. Quando há renúncia do legatário, o bem volta a partilha comum. 8 2. ESPÉCIES DE LEGADOS Com objetivo do testamento é o cumprir a vontade do testador, exige-se uma classificações de normas interpretativas, que visão maior esclarecimento, para garantir a melhor adequação quando não houver clara manifestação de seus desejos. Institui-se assim, modalidades de legado: a) Legado de coisa certa; b) Legado condicional; c) Legado a termo; d) Legado modal; e) de coisa alheia; f) Legado de coisa do herdeiro ou do legatário; g) Legado de coisa comum; h) Legado de coisa móvel; i) Legado de coisa singularizada; j) Legado de coisa localizada l) Legado de crédito; m) De quitação de dívida; n) Legado de dívida; o) Compensatório da dívida do testador; p) De alimentos; q) De usufruto; r) De imóvel; s) De renda vitalícia ou pensão periódica; t) Legado em dinheiro u) De quantidades certas em prestações periódicas; v) De coisa genérica; x) Legado alternativo. Estudemo-las. 2.1 LEGADO DE COISA CERTA E LEGADO DE COISA ALHEIA Uma das mais puras e simples modalidades é a de coisa certa. Coisa certa é a coisa determinada e válida. Art. 1923 do Código de 2002: “Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva.”. Arnaldo Rizzardo doutrina: Há a ressalva da parte final do dispositivo, que impede a imediata transferência, se o legado estiver sob condição suspensiva. Neste caso, permanece o direito ao legado. No entanto, a propriedade transmite-se se não se realizar tal condição. Colocando com condição a realização de uma obra, ou a consecução de uma profissão, sem o que não transmite a propriedade, fica óbvio que se trata de um legado condicional. (RIZZARDO. 2013, p. 400). Ainda leciona o artigo 1.923, CC: “§ 2o O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos que produzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial.” Sem condição ou termo dá-se a transmissão na hora de morte. Não pode por cláusula testamentária, o legado de ser coisa alheia. O ordenamento jurídico brasileiro proíbe que o testador transmita bens que não lhe pertencem, a seus herdeiros. Afirma a Lei: “Art. 1.912. É ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no momento da abertura da sucessão.” (2002, Código Civil.) 9 2.2 LEGADO DE COISA MÓVEL E COISA IMÓVEL Não contorna coisa móvel determinada, mas determinável pelo gênero, cabendo a figura do testamenteiro, havê-lo, desde que, compatível com os valores disponíveis. Quando a cláusula referir-se a bem móvel determinado e este não mais existir, esta caduca. Esta modalidade pode ser observada no artigo 1.915 do CC que diz: “Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.”. O legado de imóvel é um dos mais comuns, é abrigado no Código Civil em seu artigo 1.922, no requisito novas aquisições, garantindo a aquisição de benfeitorias. 2.3 LEGADO CONDICIONAL E LEGADO A TERMO Condicional é regido por evento futuro e incerto, ou quando há condição a ser cumprida para ser alcançar o legado. Precede-se assim, que o legatário tenha filhos ou venha a se casar em tempo determinado pelo testador; mantenha o matrimônio; cuide de pessoas determinadas como incapazes e enfermos; construção de uma obra, etc. Apesar de possuir ligeira semelhança com o Legado condicional, o legado a termo não está sujeito ao cumprimento de condição. Expliquemos o legado a termo por meio de exemplo: José recebeu por cláusula testamentária o legado de uma casa, mas só poderá usufruir desta, até constituir matrimonio. 2.4 LEGADO MODAL O legatário tem de dar uma garantia. Tem haver o cumprimento de obrigação por parte do legatário, que o testador determinou. Incumbência de cunho econômico, como prestar alimentos; ou encargos como reconciliação entre irmãos. 2.5 LEGADO DE COISA DO HERDEIRO OU DO LEGATÁRIO Tem-se aqui, uma modalidade de encargo, mesmo tratando-se de coisa alheia, o legado é legal. Não cumprido aquele, presume-se quehouve renúncia a herança. Informalmente, o legatário se desfaz um bem, na forma determinada pelo testador, para assim ter acesso ao legado. 10 Sem delongas, o legado de coisa imóvel é uma das modalidades mais normais em termos de uso. Já exemplificamos no princípio de nossos estudos, a casa deixada para alguém por cláusula testamentária, que lega o bem. Mas assevera o artigo 1.922. CC: “Se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do testador.”. O parágrafo único ainda explica sobre a não aplicação do caput do “às benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias no prédio legado.”. 2.6 LEGADO DE COISA COMUM E LEGADO DE COISA SINGULARIZADA A coisa comum neste caso é a coisa tida em condomínio e somente pertence ao testador em parte. Reza o Código Civil em se artigo 1.914: “Se tão-somente em parte a coisa legada pertencer ao testador, ou, no caso do artigo antecedente, ao herdeiro ou ao legatário, só quanto a essa parte valerá o legado.”. Legados dessa natureza tem de abarcar somente a quota de propriedade do testador, sendo nulo quando adentrar na quota do outros proprietários. Na espécie de coisa singularizada tem o testador que, determinar especificamente o bem a ser transmitido. Assim o artigo 1.916, CC: “Se o testador legar coisa sua, singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu falecimento, ela se achava entre os bens da herança; se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à existente.”. O bem singularizado constante no legado tem de estar incluso ao patrimônio do testador antes de sua morte. Não existindo compensatoriamente, cabe ao legatário apenas a parte existente. Ultrapassado o valor, não pode haver prejuízo aos herdeiros legítimos. 2.7 LEGADO DE COISA LOCALIZADA E LEGADO DE CRÉDITO A coisa está localizada em lugar certo e de lá deve ser retirada. Como por exemplo, livros em uma biblioteca. Atentemo-nos para o fato de somente o que for encontrado no imóvel de localização entrará para o legado. O transporte de coisas legadas de um lugar a outro não influi na descaracterização pretendida pelo testador. 11 Segundo as normas do legado de créditos Há uma transferência da valia do testador para o herdeiro. Um terceiro que devia ao de cujus deve por definição de cláusula testamentária pagar ao legatário. Neste caso, deve ser respeitado o vencimento da dívida. A Lei explica: “O legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do testador.”(Art. 1.918, CC 2002). 2.8 LEGADO DE QUITAÇÃO DE DÍVIDA E LEGADO DE DÍVIDA No legado de quitação de dívida, nossa percepção errônea nos leva a entender que o legatário arcará com dívidas do testador. Há uma quitação, mas por parte do testador para com o legatário. Arnaldo Rizzardo aponta: “Em última análise, há um perdão de dívida. Opera-se a quitação, devendo, quando do decesso do autor da disposição, ser entregue o título ao agraciado.”(2013, p. 409). Já o legado de dívida, tem o testador em vida, a responsabilidade e consideração de deixar planejado, para após a sua morte haver a quitação de dívida, podendo ser esta com terceiro, legatário ou até débitos de outrem. Fica responsável o testamenteiro, o legatário ou herdeiro, que deve concretizar a vontade do de cujus, cuidando da(s) dívida(s) assistida(s) por este. Ficando esta cláusula sujeita a existência de patrimônio deixado para este fim. Não é apenas de cunho econômico, podendo ser encargos como construção de uma casa. 2.9 LEGADO DE ALIMENTOS, LEGADO DE RENDA VITALÍCIA OU PENSÃO PERIÓDICA E LEGADO DE USUFRUTO Costumeiramente, trata-se de uma assistência já prestada em vida pelo testador. Ao legatário é testada uma pensão. Deve para isso existir bens que produzam este ônus ou conta bancária com valor relevante. A Lei Civil traz: “Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver, além da educação, se ele for menor.”. No legado de usufruto, mesmo o bem sendo deixado a uma pessoa, permite- se que outra usufrua do mesmo. O Art. 1.921 diz: “O legado de usufruto, sem fixação de tempo, entende-se deixado ao legatário por toda a sua vida.”. 12 Quando falamos em renda vitalícia ou pensão periódica, há ligação direta com a modalidade de legados de alimentos. Nessa nova espécie, temos a possibilidade da pensão não se caracterizar como alimentar. Refere-se a uma renda ou pensão periódica que também necessita de uma fonte de produção deste ônus. Cuida o artigo 1.926, CC: “Se o legado consistir em renda vitalícia ou pensão periódica, esta ou aquela correrá da morte do testador.”. 2.10 LEGADO EM DINHEIRO A princípio, os exemplos dados para o entendimento de legados nos remetem ao pressuposto de bem material imóvel, mas constatamos outras possibilidades para esta modalidade testamentária de legados. Chegamos agora, no legado em dinheiro. Auferido no artigo 1.925 do Código Civil. A doutrina clarifica seu procedimento: Primeiramente, deve o testador estabelecer um valor em dinheiro a ser recebido pelo beneficiado. Não visados os rendimentos. Daí o efeito da mora dependente da notificação para a entrega do dinheiro. Não atendendo o herdeiro ou o espólio, desde então o a partir da dará que deveria ser entregue o dinheiro, e constante na notificação, iniciam a fluir os juros. Isto se não estiver depositado em conta bancária. (RIZZADO, 2013, P. 417) 2.10.1 Legado de quantidades certas e prestações periódicas; de coisa genérica; e alternativo De quantidades certas e prestações periódicas refere-se ao pagamento de quantia certa de tempos em tempos, dependerá do testamento. Uma espécie de pagamento em prestações. Rege o Código Civil: “Art. 1.927. Se o legado for de quantidades certas, em prestações periódicas, datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos, ainda que venha a falecer antes do termo dele”(2002). No Legado de coisa genérica, cabe ao herdeiro escolher entre coisas que caracterizem um meio termo, nem as melhores nem a piores. Artigo 1929, CC: “Se o legado consiste em coisa determinada pelo gênero, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade.”. O Legado alternativo escolhe uma coisa outra(s), leva-se em conta o que rege o testamento. Por exemplo: Escolher entre uma casa ou um apartamento. Lê-se o 13 artigo 1.932, CC: “No legado alternativo, presume-se deixada ao herdeiro a opção.”. Adiante o artigo 1.934 da mesma codificação institui: “No silêncio do testamento, o cumprimento dos legados incumbe aos herdeiros e, não os havendo, aos legatários, na proporção do que herdaram.”. 3. EFEITOS DOS LEGADOS 3.1 ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DO LEGADO Para a efetiva aceitação do legado, basta apenas a não manifestação em contrário. Em contraposição, a recusa precisa ser expressa, por razões de divers tipos, pessoais ou econômicas. Entende o artigo 1.812, CC que a renúncia é irretratável. 3.2 TRANSMISSÃO DO DOMÍNIO, POSSE E PROCESSAMENTO DA PROPRIEDADE Remetemos ao Princípio da Saisine para afirmar que de maneira teórica a transmissão no tangente a posse é imediata, passando aos herdeiros legítimos e testamentários, inclusos nestes os legatários. Mas o real procedimento é criteriosoe exige habilitação para o devido recebimento do título. Simplifica-se que o domínio é imediatamente transmitido no momento da morte mas a posse precede formalidades. O processamento traz restrições quanto a “autoridade própria” negada ao legatário que possui um título aquisitivo, neste caso o testamento e deve atender aos trâmites legais, reivindicando e adquirindo o lhe foi legado, não podendo o legado ser desconstituído. O artigo 1923 esclarece: “Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob a condição suspensivo. A transmissão do legado condicional é enjaulada em disposições suspensivas ou resolutivas. Fica a transmissão presa a “ocorrência da condição ou termo”(RIZZARDO, 2003, p. 429) . O direito não poderá ser exercido sem o devido cumprimento da cláusula. 14 3.3 FRUTOS, RENDIMENTOS, E DIREITO A JUROS NO LEGADO EM DINHEIRO Os frutos e rendimentos advindos do bem legado, pertencem ao legatário, mesmo sem a transmissão imediata. Ficam esses depositados em estabelecimento próprio sob a guarda de alguém adequado. Os juros possuem regras específicas e destacamos o artigo 1.925 do CC que diz: “O legado em dinheiro só vence juros desde o dia em que constituir mora a pessoa obrigada a presta-lo.”. 4. MODIFICAÇÃO SUBSTANCIAL DA COISA LEGADA Como prescreve o art. 1.939, caducará o legado se os testados, após o testamento modificar a coisa legada de forma não mais caber a ela a denominação anterior. Esta modificação deverá ser feita pelo testador e de forma a não ser mais identificada como descrita no testamento. Se essas modificações forem feitas, mesmo que de forma radical, mas por terceiros, não se dará como requisito para a caducidade do legado. Justificativa para esse requisito é que se o testador modificou a coisa legada de forma a não ser mais reconhecida como antes, presume-se que o mesmo tinha a intenção de demonstrar a vontade de revogar o legado. 5. ALIENAÇÃO DA COISA LEGADA A alienação feita ainda em vida faz com que o bem não faça mais parte do disponente e sim ao legatário adquirente, não sendo eficaz no momento da abertura da sucessão, caracterizando alienação de coisa alheia. Mesmo que o testador consiga reaver a coisa alienada voluntariamente, o testamento já terá sido considerado como nulo não restaurando o legado, certo de que só valeria diante a um novo testamento. Justifica-se tal situação mediante a clara vontade do testador de inviabilizar a liberalidade do bem, independente da anulação da alienação. Seguindo a mesma linha de raciocínio a promessa irretratável de venda, mesmo sendo revogado, o que determinará é a circunstancia de o de cujus dar outro destino a coisa legada. 15 6. PERECIMENTO OU EVICÇÃO DA COISA LEGADA Caso haja perecimento ou evicção caducará o testamento. Qualquer que seja o objeto, se ele perecer, ele deixará de existir, o que fará o legado caducar, não dando o direito ao legatário de reclamar o valor, presumindo-se que o testador tinha a intenção de deixar a coisa e não o seu valor. Na evicção, caduca o legado, por força de o seu objeto pertencer a outro, sendo inválido o legado de coisa alheia, como já exposto. Se ocorrer a evicção por meio de sentença judicial ficará inquestionável a liberalidade do objeto alheio. Existe, contudo a ressalva de que se o onerado teve culpa, o beneficiário poderá postular o ressarcimento. Sobrevindo caso fortuito ou força maior a solução será a mesma, estando o onerado a pronto de entregar-lhe, porém se o onerado comprovar que o dano ocorreria mesmo se o legado já tivesse sido entregue nada disso anteriormente mencionado teria validade. O legatário jamais poderá pleitear ressarcimento, quando o dano for por culpa de terceiros, ocorrido anteriormente ao óbito do testador, sendo somente ele ou os herdeiros os responsáveis. Legatário só terá esse direito se tiver ocorrido dano por culpa do onerado. No entanto se a coisa pereceu depois de já está em posse da coisa legada, porém por culpa dos herdeiros ou legatários, poderá ingressar com perdas e danos. 7. EXTINÇÃO DOS LEGAGOS O legado poderá de deixar de produzir os efeitos caso por inobservância em razão da nulidade ou decorrente da caducidade e da revogação. Não se confunde nulidade com caducidade, pois esta dar-se-á por causas posteriores de testamento válido enquanto aquela decorre de testamento que já possui invalidez em seu nascimento, por deficiência de formalidades legais ou com agente incapaz. Assevera o Art. 1.939 do Código Civil: I - se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que possuía; II - se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a coisa legada; nesse caso, caducará até onde ela deixou de pertencer ao testador; 16 III - se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento; IV - se o legatário for excluído da sucessão, nos termos do art. 1.815; V - se o legatário falecer antes do testador.” 8. DIREITO DE ACRESCER ENTRE OS HERDEIROS E LEGATÁRIOS Têm-se direito de acresce quando o testador determina vários beneficiários, contemplando-os com a mesma coisa certa e determinada ou mesma herança. “Uma ideia que deve ficar clara é a de que não havendo disposição conjunta no testamento e inexistindo sujeito para a deixa testamentária, ou há substituição, oposta pelo testador, ou devolve-se a porção hereditária ou o legado ao monte, para seguir o destino da vocação (VENOSA, 2009, p. 779) No decorrente a parte da quota faltante da herança só será recolhida por um substituto se o testador o tiver nomeado, caso contrário a parte da herança será dividida entre os demais herdeiros ou legatários, exceto se o testador deixou nas cláusulas testamentárias parte em especifico para cada beneficiário, sendo então a quota parte devolvida aos herdeiros legítimos. 8.1 O DIREITO DE ACRESCER ENTRE COERDEIROS Para configurar o direito de acrescer é necessário, em primeiro lugar, que ocorra a conjunta nomeação de herdeiros pela mesma cláusula testamentária, ou seja, se um dos coerdeiros não comparecer a quota ao que permanecer aumentará, contudo para sustentar o direito de acrescer não pode haver entre as quotas discriminação referente a cada coerdeiro. 8.2 DIREITO DE ACRESCER NO LEGADO DE USUFRUTO Mais uma vez só poderá ter direito de acrescer se os colegatários forem nomeados conjuntamente, tendo em vista que no legado de usufruto o legatário terá o direito de usar e gozar de cosa alheia; se o mesmo não for distribuído por quotas. Se outro prazo não for estipulado, o usufruto se extinguirá com a morte de todos os legatários. 17 9. QUADRO DE ESTUDOS O seguinte quadro, traz de maneira suscinta e objetiva conceitos e explicações abordados ao longo desse estudo, como intuito de facilitar a compreensão da matéria: Conceitos importantes Sujeitos Espécies (Destaques) Herança: a herança é o conjunto dos bens, direitos ou obrigações que, após a morte de uma pessoa, são transmitidos aos herdeiros. Legatário: é aquele que recebe o bem legado. De coisa móvel: determinável pelo gênero (Art. 1.915 CC) De coisa imóvel: Legar uma casa à uma pessoa. (Art. 1.922 CC) Coisa certa: A coisa determinada pelo testamento. (Art. 1.923 CC) Sucessão: dá-se quando alguém substitui outro em uma relação jurídica. “a sucessão causa mortis se abrecom a morte do autor da herança.” (RODRIGUES, 2007, p. 11. Testador/legante: aquele que faz o legado, ou seja, o autor do testamento. Condicional: regido por evento futuro e incerto À termo: José poderá usufruir do legado que recebeu até constituir matrimônio. Modal: O legatário tem de dar uma garantia Legados: disposição feita em testamento para que pessoa determinada neste, seja beneficiado. “é a deixa testamentária a título particular” (RODRIGUES, 2007, p. 197) Testamenteiro: aquele que executa o testamento. Nomeado pelo testador ou quando necessário pelo juiz. Usufruto: mesmo o bem sendo deixado a uma pessoa, permite-se que outra usufrua do mesmo. (Art. 1.921CC) 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS Expressar formalmente suas vontades por meio de testamento ainda não é comumente da cultura brasileira, mas, a ferramenta é regulada e disponível aos que a desejarem. Perpassamos por suas questões introdutórias e adentramos no estudo dos legados. Legado é a possibilidade de herdar por testamento bem individualizado e nesta perspectiva analisamos suas espécies e principiamos seus efeitos. Com este trabalho, tivemos a oportunidade de entrar em contato com peculiaridades da sucessão, tendo o propósito de aperfeiçoamento intelectual da disciplina de Direito Civil e experiências acadêmicas de elaboração de trabalhos científicos e suas regras. 19 REFERÊNCIAS BRASIL. Código Civil (2002). In: Vade Mecum Saraiva. 12° Ed. atual. E ampl. São Paulo, 2013. p. 277-284. RIZZARDO, Arnaldo. Direito das Sucessões. 7. ed. rev. e atul. Rio de Janeiro: Forense, 2013. p. 395-447. RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Sucessões. v. 7. 26. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2003. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito das sucessões. 9. ed. São Paulo: Atlhas, 2009.
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