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Circo RESUMO PARASITOLOGIA Assunto: Amebíase Introdução A E. histolytica é o agente etiológico da amebíase, importante problema de saúde pública que leva ao óbito anualmente cerca de 100.000 pessoas, constituindo a segunda causa de mortes por parasitoses. A E. díspar é responsável pela maioria dos casos de amebíase assintomática, porém a registros de casos de colite não-disentérica causado por esse parasita. Apenas 10% de todos os casos de infecções por E. histolytica (500 milhões mundialmente) apresentam sintomas. Os cistos permanecem viáveis durante cerca de 20 dias (ao abrigo da luz e em condições de umidade) Na região amazônica, a doença se manifesta de forma mais agressiva. o São frequentes as formas disentéricas e os abscessos hepáticos, que, por sua vez, são raros em outras regiões, principalmente Sudeste e Sul do país. A E. histolytica é endêmica em todas as áreas de sua distribuição, não causando epidemias; Classificação Todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de humanos ou de animais, à exceção da Entamoeba moshkoviskii, que é uma ameba de vida livre. As espécies de ameba pertencentes ao gênero Entamoeba foram reunidas em grupos diferentes, segundo o número de núcleos do cisto maduro ou pelo desconhecimento dessa forma. São eles: o Entamoeba com cistos contendo oito núcleos, também chamada grupo coli: E. coli (homem). o Entamoeba de cistos com quatro núcleos, também chamada grupo hystolytica: E. histolytica (homem), E. dispar (homem). o Entamoeba de cisto com um núcleo: E. polecki (porco, macaco e, eventualmente, humanos). o Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gingivalis (humanos e macacos). E. histolytica é a única que em determinadas situações pode ser patogênica. Taxonomia: o Filo: Sarcomastigophora. o Ordem: Amoebida. o Família: Entamoebidae: o Generos: Entamoeba. Endolimax. Biologia e ciclo biológico Os trofozoíto da E. histolytica normalmente vivem na luz do intestino grosso podendo, ocasionalmente, penetrar na mucosa e produzir ulcerações intestinais ou em outras regiões do organismo, como fígado, pulmão e mais raramente, no cérebro. O parasita se alimenta principalmente de glicose e seus polímeros. Os trofozoítos de E. histolytica são anaeróbicos, porém, aguentam ambientes com até 5% de oxigênio. A locomoção se dá através de pseudópodes, e a ingestão de alimentos por fagocitose (partículas sólidas: hemácias, bactérias ou restos celulares) e por pinocitose (ingestão de partículas líquidas). Os não invasivos se alimentam de bactérias. Circo RESUMO PARASITOLOGIA Assunto: Amebíase Os invasivos alimentam-se de células e debris celulares (podem ser visualizadas hemácias no seu citoplasma). o Ao chegar nas mucosas ele começa a liberar muco que é encontrado nas fezes e ao penetrar na camada vascular irá liberar sangue que é encontrado nas fezes. o Abscesso amebiano (parasita quando chega ao fígado) Dor, cólica, ictérico. o Nos rins chega a dar insuficiência renal. o Pode formar abscessos amebianos no cérebro. o Pode formar catarro nos pulmões. Ciclo biológico o Se inicia pela ingestão dos cistos maduros junto de alimentos e agua contaminados. o Passam pelo estômago, resistindo à ação do suco gástrico, chegam ao final do intestino delgado ou início do intestino grosso, onde ocorre o desencistamento, com a saída do metacisto, através de uma pequena fenda na parede cística. o O metacisto, através de sucessivas divisões torna-se o trofozoito que adere a parede do intestino grosso e se alimenta dos dendritos que ali chegam. o Em algumas situações os trofozoitos podem passar a forma de cisto novamente e ser eliminado nas fezes. Ciclo patogênico o O equilíbrio parasito-hospedeiro pode ser rompido e os trofozoítos invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se ativamente no interior das úlceras e podem, através da circulação porta, atingir outros órgãos, como o fígado e, posteriormente, pulmão, rim, cérebro ou pele, causando amebíase extra-intestinal. o Esse é o trofozoito de forma invasiva ou virulenta. o Não formam cistos, são hematófagos e muito ativos. o Principal fator de virulência do parasita: Lectina Gal/GalNac. o Uma vez invadida a mucosa, os trofozoítos se multiplicam e prosseguem penetrando nos tecidos sob a forma de microulcerações em direção à muscular da mucosa, com escassa reação inflamatória. o Na submucosa gera uma ulceração conhecida como “botão de camisa” o Ocasionalmente, os trofozoitos podem induzir uma resposta inflamatória proliferativa com formação de uma massa granulomatosa, chamada "ameboma". o Podem penetrar nos vasos sanguíneos e através da circulação atingir outros órgãos, sendo o primeiro deles o fígado. Circo RESUMO PARASITOLOGIA Assunto: Amebíase Resposta imune o A resistência à infecção em crianças está associada a IgA intestinal contra lectina. o A imunização de camundongos com a lectina purificada ou recombinante é capaz de prevenir a infecção intestinal. Transmissão Através da ingestão de cistos maduros em alimentos sólidos ou líquidos. O uso de agua contaminada por dejetos humanos é uma forma frequente de contaminação. Além disso, falta de higiene domiciliar pode facilitar a disseminação de cistos dentro da família. Assim como a maioria das protozooses, portadores assintomáticos são os principais disseminadores. Manifestação Clínica A manifestação pode vir de várias formas: o Assintomáticas, forma não invasiva (80-90%) dos casos. o Sintomáticas Colite amebiana. Disenteria amebiana ou diarreia sanguinolenta Apendicite amebiana. Amebíase intestinal invasiva. Ameboma do cólon. o Amebíase extra-intestinal. É raro em nosso meio, mas já têm sido relatados vários casos de abscessos hepáticos amebianos na Região Amazônica. Forma de abscesso amebiano no fígado é a forma mais predominante. As principais manifestações clínicas do abscesso hepático amebiano são representadas pela tríade: dor, febre e hepatomegalia Abscessos pulmonares e cerebrais. o Amebíase hepática. o Amebíase cutânea. o Amebíase em outros órgãos: Pulmão Cérebro. Baço. Rim e etc.. o Complicações do abscesso hepático: Ruptura, infecção bacteriana e propagação para outros órgãos. Colite amebiana aguda Circo RESUMO PARASITOLOGIA Assunto: Amebíase o Observada com maior frequência. o Dor abdominal. o Diarreia com fezes liquidas contendo sangue e muco. o Associada febre, tenesmo, vômitos e flatulência. o Duração de 1 a 2 semanas. o Diagnosticada por colonoscopia ou retossigmoidoscopia Observa-se ulceras hemorrágicas puntiformes com mucosa ao redor relativamente normal. Diagnóstico Clinico o Manifestações clinicas por E. histolytica podem ser errôneas devido à grande superposição de sintomas comuns à várias doenças intestinais. o O diagnóstico só poderá ser fechado com o achado do parasita nas fezes. o Em muitos casos, a retossigmoidoscopia com exame imediato do material coletado apresenta bons resultados e pode esclarecer cerca de 85% dos casos. Diagnostico laboratorial o Metodo de faust (parasitológico de fezes) O exame de fezes tem como objetivo a identificação de trofozoítos ou cistos. O exame direto das fezes sem conservador é muito importante na distinção entre a disenteria amebiana e a bacilar. Nas fezes formadas são encontrados principalmente cistos e nas diarreicas as formas trofozoíto. Os cistos de E. histolytica (patogênica) e E.dispar (não patogênica), não podem ser distinguidos microscopicamente. Diagnostico parasitológico Pelo menos 3 amostras de fezes recentes devem ser examinadas: o O exame parasitológico de fezes pode ser feito também a partir do materialcoletado na retossigmoidoscopia. o Diagnostico imunológico Na amebíase extra-intestinal, e principalmente no caso de abscesso hepático, em que os exames de fezes podem ser negativos, os exames sorológicos podem detectar cerca de 95% dos casos. As limitações na utilização dos métodos imunológicos são: 1) dificuldades ao preparo e obtenção de antígenos; 2) persistência dos títulos durante meses e mesmo anos, após o tratamento Pesquisa de coproantígenos pelo método de ELISA: Pode diagnosticar, com certa segurança, tanto cisto como trofozoíto nas fezes, mesmo que em pequenas quantidades, o que não seria facilmente detectado pelos exames de fezes comuns. Tratamento Amebicidas que atuam diretamente na luz intestinal Circo RESUMO PARASITOLOGIA Assunto: Amebíase o São os que têm uma ação direta e por contato sobre a E. histolytica aderidas à parede ou na luz do intestino. o Utilizados os medicamentos de síntese, como Falmonox (Teclosan), que são dicloroacetamídicos. o Antibióticos: paramomicina e eritromicina. Amebicidas de ação tissular o Atuam na parede do intestino e no fígado. São compostos de cloridrato de emetina, cloridrato de diidroemetina e cloroquina, e esta última só atua no fígado. o Derivados de nitroimidazólicos Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal como nos tecidos (extra-intestinal) o Antibióticos são utilizados isolados ou principalmente em combinações com outros amebicidas: tetraciclinas e seus derivados, clorotetraciclina e oxitetraciclinas; eritromicina; espiramicina e paranomicina. o Além de derivados de nitroimidazólicos também.