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Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Suinocultura 1 MORFOFISIOLOGIA DA REPRODUÇÃO Machos Os machos contribuem com 50% da genética da progênie, então devem estar totalmente aptos e saudáveis para a reprodução. Ter um bom e fértil macho está muito relacionado com as taxas de concepção e com o tamanho da leitegada, pois ele produz mais espermatozoides viáveis. O macho, através do contato visual, tátil e olfativo pode estimular o cio da fêmea e detectá-lo. Dentro de um sistema produtivo, pode ser utilizado para monta ou coleta. O feromônio do macho é a androsterona, produzida nos testisculos, muito presente na saliva (por isso o macho saliva no momento da cobertura ou coleta), e é ela que é responsável pelo odor desagradável da carne de machos não castrados (pois também se deposita nos músculos, além das glândulas salivares). Antes da cobertura não é recomendada a alimentação do macho, pois ele ficará pesado e está com todos os seus sistemas voltados para a digestão do alimento e absorção de nutrientes. Um cachaço mais velho pode ser a causa de anormalidade em leitões. Um animal ideal para reprodução deve atingir a puberdade entre 4 e 5 meses, com um peso entre 100 a 110 Kg. A maturidade sexual plena é atingida com peso mínimo de 150 Kg, com idade de 7 a 8 meses. Uma proporção ideal de fêmeas e machos no plantel seria de 1 macho para 20 fêmeas (1:20). Até os 9 meses o macho pode ser utilizado para monta ou coleta, em uma semana, de 1 a 2 vezes, subindo para 3 a 5 vezes dos 9 meses até completar um ano. Após 1 ano de vida o animal pode ser utilizado de 5 a 6 vezes, sendo o ideal 1 vez por dia. A reposição é feita na proporção de 20-25% de animais por ano, sendo que o ciclo de cada macho no plantel gira em torno dos 1000 dias. A bolsa escrotal é a responsável pela termorregulação testicular, sendo que a temperatura normal é de 2 a 5 °C abaixo da temperatura corporal. Os testículos do suíno ficam em posição oblíqua, invertidos em relação a das outras espécies, sendo que a cauda do epidídimo fica em posição dorsal. No parênquima testicular ficam localizados os túbulos seminíferos. As células de Leydig produzem testosterona, responsáveis pela libido, espermatogênese e pelas características masculinas. Para a testosterona entrar nos túbulos seminíferos, é necessária a ação da proteína ABP, que é produzida pelas células de Sertoli. Além de produzir ABP, elas produzem inibina, que agem na hipófise e regula a quantidade de testosterona. O GNRh é produzido no hipotálamo e estimula a produção de LH e FSH pela hipófise, sendo que o LH estimula a produção de progesterona e o FSH estimula a produção de ABP. No epidídimo ocorre a maturação espermática, começando da cabeça para a cauda. A glândula anexa mais importante é a bulbouretral, que corresponde a produção de 75% do líquido seminífero e também produz a porção gelatinosa do sêmen. O líquido seminífero tem função de nutrir e carrear os espermatozoides e neutralizar o pH vaginal. A fração gelatinosa forma um tampão na cérvix, para impedir entrada de sujidades e também a saída do espermatozoide de dentro da fêmea. A grande é retorcida, em forma de parafuso, que se encaixa na cérvix da fêmea, que tem formato de porca (sistema porca e parafuso). Como característica peculiar, o suíno possui o divertículo prepucial, que é uma bolsa de fundo cego, que acumula urina, sêmen e células mortas no prepúcio. É muito importante se esgotar o divertículo antes da coleta do sêmen ou monta, para evitar contaminação do sêmen ou da fêmea. Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Suinocultura 2 Fêmea A eficiência reprodutiva da matriz é avaliada pelo número de partos por ano, pela prolificidade e por sua habilidade materna. Uma boa fêmea deve produzir oócitos de qualidade, pois contribuem com 50% do material genético da progênie, deve produzir muitos oócitos viáveis para fecundação, tem cio facilmente identificável, baixo IDC (Intervalo Desmama-Cio) e boa eficiência alimentar. Também é muito importante a taxa de sobrevivência de leitões, pois não importa uma fêmea que pari 20 leitões, mas que consegue terminar 5. A fêmea atinge a puberdade quando entra no primeiro cio. Nesse cio ela não deve ser coberta, pois ainda não está com o peso ideal para reprodução. Nessa fase ela deve ter entre 100 e 110 Kg, com 160 a 170 dias. O ciclo estral da fêmea dura cerca de 21 dias, e ela estará completamente madura sexualmente aos 210 dias, com um peso entre 130 e 140 Kg. O peso é muito importante para matrizes, sendo que elas possuem uma nutrição especial de acordo com a fase (gestação ou maternidade). O período de gestação é de 110 a 120 dias, com IDC ideal de até 7 dias. A taxa de reposição de fêmeas em um plantel varia entre 40 a 45% de animais por ano. A fêmea suína possui uma cérvix grande, e cornos uterinos sinuosos, mais visíveis na fêmea multípara. Os ovários possuem formato de cacho de uva, pelo alto número de folículos ovulados. Os ovários, além de produzir os óvulos (folículos), produzem estrógeno e progesterona. O estrógeno está presente no desenvolvimento folicular, no líquido dentro do folículo. Quando o animal ovula e esse líquido é liberado, ocorre uma involução da região de ovulação no ovário, formando o corpo lúteo, que produz progesterona. Posteriormente o corpo lúteo forma o corpo albicans. O estrógeno é o hormônio responsável pela demonstração dos sinais do cio, sendo que o LH faz a ovulação, no seu pico. Em uma ovulação a fêmea libera de 20 a 25 oócitos. No caso da fêmea não entrar em gestação, o útero produz prostaglandina-2-alfa, que destrói o corpo lúteo. Com a destruição do corpo lúteo ocorre baixa de progesterona, possibilitando o recomeço do ciclo e uma nova ovulação. A tuba uterina é o local em que ocorre a fecundação, e é dividida em istmo, ampola e infundíbulo. O infundíbulo que captura os ovócitos ovulados. O útero é dividido em cérvix, colo, corpo e cornos uterinos. Na cérvix existem os pulvinos cervicais, que dão a ela as características de porca-parafuso. A vagina é o órgão copulador, sendo que o vestíbulo vaginal é a região desde a vulva até o hímen. O comportamento de cio varia muito de acordo com a fase em que a fêmea se encontra. No proestro a fêmea apresenta inquietação, redução de apetite e aumento de vocalização. A vulva fica edemaciada e hiperêmica, podendo ou não apresentar corrimento. A fêmea em cio monta sobre as outras fêmeas, porém não se deixa montar pelas outras. Já quando entra em estro, ela vai apresentar todos os sinais acima, porém passa a aceitar a monta. Dura em média 60 Hs, podendo chegar a 72 dependendo das condições do animal. No início do cio a fêmea aceita apenas o macho, apresentando RTM +. Posteriormente ela passa a aceitar a pressão lombar feita pelo homem (RTH +), e é próximo a esse momento que ela está ovulando. No final do cio, com o final das ovulações, ela para de aceitar o homem (RTH -) e volta a aceitar apenas o macho suíno. Aproximadamente 20% das fêmeas não aceitam o RTH, então devem ser criadas novas maneiras de diagnóstico de cio. A sobrevivência média de um ovócito é de 6 Hs na tuba uterina, sendo que a fêmea ovula em aproximadamente 40 a 50 Hs (quando já matriz) ou entre 24 a 36 Hs (quanto leitoa). Os espermatozoides vivem de 12 a 24 Hs no trato reprodutor da fêmea, sendo que, para garantir Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Suinocultura 3 um bom número de fecundações, recomenda-se cobrir a fêmea desde 24 Hs antes da ovulação até 8 Hs depois.
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