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RESUMO PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM: Aprendizagem, aquisição do conhecimento e transformação do comportamento: Aprendizagem é transformação do comportamento, não no sentido comportamental e sim o que você é, como você é e como você age. A aquisição de conhecimento refere-se ao processo pelo qual uma pessoa adquire novas informações, habilidades, competências ou conceitos. O processo de aquisição de conhecimento também pode ser influenciado por fatores como memória, atenção e motivação. A transformação do comportamento é a consequência mais importante da aprendizagem. Isso ocorre quando a pessoa não só adquire novos conhecimentos, mas também aplica esses conhecimentos de forma a mudar seu comportamento, atitudes ou respostas diante de situações. Então se não está transformando meu comportamento eu ainda não fiz uma conexão com a informação e tornei ela algo que poderá vir a ser o conhecimento. O conhecimento é a aquisição cognitiva. Aprendizagem é algo individual do processamento de cada um resultante das experiências individuais (é um resultado, existe uma somatória, uma associação e relação). Habilidades, competências e conhecimento. A aprendizagem é quando dou função para a informação. Se eu não relacionar a informação com algo que eu já vivenciei ela se perde! Fisiologia e biologia da aprendizagem e não aprendizagem: Aprender é algo fisiológico, ou seja, acontece naturalmente. Na infância, o nosso corpo e o toque são os principais recursos do processo de aprender. A aprendizagem é algo complexo e individual, o que construímos no primeiro ano de vida influencia em quem somos hoje. Se a pessoa teve baixos estímulos o caminho sináptico é completamente diferente de quem teve os mais estímulos e não tem como recuperar isso. Vínculo atencional: se refere à ligação cognitiva e emocional que se estabelece quando a atenção de uma pessoa é direcionada de forma consistente a um estímulo, pessoa, objeto ou situação. Os classificadores estão na fisiologia da aprendizagem, por exemplo, o parquinho estava uma delícia, a criança associa/classifica a palavra delícia para ser usada com comidas, logo o parquinho não é uma delícia para a criança. Os classificadores se referem a mecanismos ou estruturas que identificam, categorizam e processam estímulos e informações. A aprendizagem ocorre da mesma maneira para todos em uma visão fisiológica, mas o processo de aprender é como fazemos isso e isso é individual, ou seja, não existe a não aprendizagem! O erro é um dos principais recursos da aprendizagem. A criança sente bem-estar na fala, no movimento e no fazer. O bem-estar para elas é diferente dos adultos. A propriocepção é a capacidade do corpo de perceber sua própria posição, movimento e equilíbrio, é uma percepção sensorial e está ligada diretamente ao desenvolvimento motor, coordenação e atenção corporal. Processo de aprender: A criança é o princípio do processo, o que não aprendemos e desenvolvemos na infância deixa consequências na vida adulta. Devemos saber como o sujeito se vê para si mesmo e para a sociedade. O aprender não é um processo que envolve apenas o cérebro, o aprender é do corpo. Começamos a aprender por meio dos estímulos e começamos a reter os mesmos entre 3 a 4 semanas. Quando começamos a reter as informações que serão importantes pós-parto é a partir do momento em que a audição do bebê começa a ter funcionamento com em média 18 semanas (capta timbres de voz). O processo de aprender começa em vida intrauterina. Muitas coisas deixam consequências no processo de aprender, dentro do cenário da aprendizagem, ele não inclui apenas conteúdo da escola, ele inclui principalmente o conhecimento de si mesmo e o reconhecimento de si socialmente. Eu não tenho um conhecimento formado se eu não sei usar. Então eu posso aprender, mas não necessariamente significa que eu sei aplicar. Aprender é obrigatoriamente experenciar. As variáveis importantes para o desenvolvimento saudável são: nutrição, sono, ambiente, estrutura familiar, segurança e estabilidade afetiva. Um corpo doente não aprende!! Existe questões orgânicas, fisiológicas e bioquímicas que estimula o que está barrando a aprendizagem. Se não recebermos estímulos não conseguimos ter insights, princípios de conhecimento e dedução. O estímulo é a base do nosso processo biológico, nós respondemos por estímulos. O sono profundo causa a formação de memória, circulação de hormônios, regulação de hormônios, o sono também é importante para o intestino porque muitos hormônios são produzidos através das ações intestinais pela separação de proteínas, vitaminas, fibras e minerais. O neurônio é responsável pelo processo de aprender, a rede neural fica agrupada com aquisição do conhecimento e a cognição leva a transformação do comportamento. A aprendizagem transforma comportamento porque o núcleo familiar pode ensinar coisas que não conseguimos explicar a origem. Conseguimos aprender observando e construímos isso desde muito pequenos principalmente na escola. Déficits e dificuldades na aprendizagem: Os déficits na aprendizagem referem-se a dificuldades que uma pessoa pode ter em adquirir, processar e aplicar conhecimentos de maneira eficaz. Esses déficits podem se manifestar em diversas áreas do desenvolvimento, como na cognição, na linguagem, nas habilidades motoras, no comportamento e nas interações sociais. Uma das principais manifestações é o déficit cognitivo, que afeta a capacidade de processar informações, manter a atenção, lembrar-se de conceitos e resolver problemas. Crianças com dificuldades de atenção, memória ou raciocínio lógico podem enfrentar desafios no ambiente escolar, o que prejudica o aprendizado de novos conteúdos. Outro tipo de déficit ocorre em áreas linguísticas, que dificulta a leitura e a escrita e afeta a capacidade de compreender ou expressar verbalmente as ideias. Além disso, muitos indivíduos podem ter dificuldades no processamento sensorial, como a hipersensibilidade a estímulos, que pode prejudicar a concentração e a absorção de informações. Essas dificuldades sensoriais afetam principalmente a forma como as crianças percebem e respondem ao mundo ao seu redor, interferindo na aprendizagem. Crianças que enfrentam altos níveis de ansiedade, depressão ou baixa autoestima podem ter dificuldades em se concentrar ou manter a motivação necessária para aprender. Déficits motores, como a dificuldade em realizar tarefas que exigem coordenação motora fina ou grossa, também podem impactar a aprendizagem. A dificuldade em atividades como escrever, desenhar ou até mesmo participar de atividades físicas pode limitar o envolvimento da criança nas tarefas diárias da escola, afetando seu desempenho global. As causas dos déficits e dificuldades na aprendizagem são variadas e podem envolver fatores genéticos, ambientais ou neurológicos. Nutrição, saúde mental, emoções e aprendizagem: A nutrição tem um papel fundamental na aprendizagem, influenciando diretamente o funcionamento do cérebro e as capacidades cognitivas, como a memória, a concentração e o raciocínio. O cérebro é um dos órgãos que mais exige nutrientes para operar corretamente, e uma alimentação adequada é essencial para otimizar o processo de aquisição de conhecimento. A falta de nutrientes essenciais pode prejudicar o processo de aprendizagem. A saúde mental também é fortemente influenciada pela nutrição. Uma alimentação inadequada pode contribuir para problemas emocionais, como ansiedade, depressão e estresse, que, por sua vez, afetam a aprendizagem. Só vou ter uma memória funcional, se a minha psicologia da aprendizagem que está por trás do processo de aprender e a saúde mental estiverem somados. Quandosomamos o processo de aprender com a saúde mental do sujeito, com o cérebro que ele tem e com a proposta de desenvolvimento saudável que é uma consequência dos estímulos que eu recebo temos as funções executivas, a bioquímica. Saúde mental e desenvolvimento saudável são duas coisas que caminham simultaneamente. Saúde mental entrou no campo da psicologia da aprendizagem recentemente, antes se falava muito de desenvolvimento. Para ter um bom desenvolvimento saudável eu preciso ter uma saúde mental funcional, mas nem toda criança tem!! Então o que conecta desenvolvimento saudável e saúde mental é o ambiente que a criança está pertencendo (cultura, crenças parentais, valores sociais, hierarquia de classe social, condições básicas de acesso a saúde). Podemos considerar que grande parte da população brasileira não acessa um desenvolvimento saudável, ela acessa um desenvolvimento comum para realidade na qual ela está inserida. As questões emocionais e sociais influenciam no perfil de cognição, porque se eu passo por exclusão os sentimentos que eu vou ter ao meu respeito são de invalidação Cognição e aprendizagem: A cognição vem resultante da aprendizagem e está junto com o processo de aprender, mas ela precisa ser aquilo que move a tomada de decisões e ações cotidianas. É tudo que se sabe sobre mim, o outro, mundo, cultura, sociedade, crítica. A cognição está para o corpo, há correlação entre os sistemas e aquilo que podemos fazer. O domínio cognitivo promove habilidades na cognição que promove o uso da metacognição. Quando somos crianças estamos aprendendo o nosso domínio cognitivo, já na adolescência firmamos a nossa cognição e quando somos adultos fazemos o uso da metacognição, ou seja, na infância começamos a entender a estrutura que temos, na adolescência afirmamos quem nós somos, na vida adulta sabemos fazer o uso da cognição, classificar as emoções e se motivar. A autoeficácia e a autorregulação na vida adulta é construída na infância e adolescência. Autoeficácia é acreditar no seu desempenho e a autorregulação é a capacidade de gerenciar os próprios pensamentos. Funções executivas e metacognição: A metacognição é reconhecida como um subsistema de controle no sistema cognitivo, permitindo monitorar, planejar e regular processos cognitivos. As funções executivas se referem a um conjunto de habilidades cognitivas que permitem que uma pessoa planeje, organize, tome decisões, resolva problemas, iniba respostas impulsivas e controle a atenção e o comportamento em direção a objetivos. Essas funções são significativas para a realização de atividades e para adaptação a novas situações. Controle inibitório é aquilo que nós desenvolvemos que nos permite autorregular ou ter regulação. Flexibilidade cognitiva é a habilidade de se adaptar a novas informações ou mudar de estratégias quando necessário. Memória de trabalho é a capacidade de manter e manipular informações temporariamente enquanto realiza tarefas. Planejamento é a capacidade de definir metas e elaborar estratégias para alcançá – las. Monitoramento é a habilidade de acompanhar o progresso em relação as metas estabelecidas e ajustar comportamentos conforme necessário. Tomada de decisões é o processo que envolve a escolha de uma entre várias alternativas em situações que incluam algum nível de incerteza. Repertório é o conjunto de saberes, vivências, conceitos, valores e habilidades que uma pessoa acumula ao longo da vida. Quando se tem planejamento, controle inibitório e tomada de decisão tenho autonomia! Papel e função da atenção: A atenção é uma função cognitiva fundamental no processo de aprendizagem, pois é por meio dela que conseguimos focar em informações relevantes e filtrar estímulos irrelevantes. Sem atenção, seria impossível adquirir, processar e reter novos conhecimentos de maneira eficiente. A capacidade de manter o foco em uma tarefa, sem se distrair com estímulos externos ou internos, é crucial para o desempenho cognitivo. A função da atenção envolve diversos processos mentais, sendo a atenção concentrada uma das mais importantes, pois se refere à capacidade de concentrar-se em um único estímulo ou tarefa. A atenção alternada, permite que possamos alternar entre diferentes atividades, como fazer anotações e ouvir uma explicação ao mesmo tempo. A atenção dividida envolve a capacidade de realizar várias tarefas simultaneamente, embora, em algumas situações, isso possa reduzir o desempenho nas atividades que exigem maior concentração. Quando há dificuldades em controlar a atenção, o desempenho acadêmico e cognitivo pode ser prejudicado. A atenção não é apenas uma habilidade importante para a aprendizagem, mas uma função essencial para o bom desempenho cognitivo. Ela permite o processamento de informações de maneira eficaz, facilita a memória de trabalho e contribui para o sucesso na resolução de problemas e na tomada de decisões. Função do brincar no aprender: O brincar livre é mais importante para a aquisição da cognição do que o brincar direcionado. Brincar é essencial!! O brincar livre é permitir que o sujeito de tempo livre a si mesmo e resolva como quer aproveitar esse tempo. É o brincar que da permissão de criar do jeito que você quer, como você quer e o que você quer. O brincar tem uma função fundamental no processo de aprendizagem, pois contribui para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor. Ao brincar, a criança exercita atenção, memória, linguagem, imaginação e resolução de problemas, além de aprender a lidar com regras, emoções e relações sociais. O brincar estimula a criatividade, promove o prazer pelo aprender e favorece uma aprendizagem mais significativa. Histórico: processo de aprender para Skinner, Piaget e Vygotsky: A perspectiva comportamental (skinner) começa a ser um meio de entendermos o que é esperado de aprendizagem, nos mostra os padrões e as médias. Na construtivista (piaget) o modo em que a criança associa é que corresponde ao seu padrão e pode existir um facilitador que colabora com isso (professor, familiares) e acredita em estágios, espera chegar no entendimento. Na histórico-cultural (vygotsky) cada um responde o estímulo de maneira diferente e entra com a ideia de mediador. O mediador vai trabalhar com a zona de desenvolvimento proximal e ele leva o sujeito (social, cultural e ambiental) ao conhecimento, ele mostra onde quer chegar e sinaliza para chegar onde é preciso (zona de desenvolvimento potencial). Psicologia, educação e processo histórico da avaliação e da aprendizagem: O que relaciona a psicologia com a educação é a diferença (transtornos de aprendizagem), com isso se iniciou os testes de classificação de coeficiente intelectual (Q.I). A primeira escala de coeficiente intelectual é a de Binet Simon e foi no sentido de querer segregar, ou seja, a partir de certo coeficiente intelectual a pessoa não teria o direito de frequentar a escola. Não usamos mais a escola de Binet Simon, temos a escala de Wechsler de inteligência (Wisc-IV) que começa a problematizar que o que estava sendo usado anteriormente era muito limitado e que só era olhado para as questões matemáticas, gramáticas e de raciocínio, não explorava outras áreas. Então ele opta por trazer outras variáveis dentro da maneira de testar o perfil cognitivo e começa a falar sobre processamento, inteligência não verbal, espaço visual e perfil atencional. Passa a avaliar performance e desempenho, o que mais importa é como foi resolvido, o que foi observado e descrevido. Agora é um entendimento que o sujeito pode não entender o comando, ou ter dificuldade de solucionar o comando. Foi avaliado muito mais o processo de aprender do que a aprendizagemem si. A clínica faz o diagnóstico, classificação e padroniza. A educação está para a escola, a escola ensina e o ensinar leva a aprender (aprendizagem). A psicologia estuda o ser humano em termos de comportamento e classifica. A educação estuda o desenvolvimento do sujeito e reconhece como promove estímulos para ele se desenvolver mais. A escola segrega o indivíduo!! A política nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva promoveu que todo o estudante estará no ensino regular obrigatoriamente, não teria mais escolas e salas especiais, a educação é um direito de todos! Muitos professores não souberam lidar com todos os tipos de aprendizagem. Hoje a escola pede a avaliação psicológica para poder justificar porque aquele sujeito está do jeito que está, a preocupação não é com o sujeito, mas sim com o índice de desenvolvimento da educação básica, ter uma justificativa do porque o ritmo de certo aluno é diferente de outros. A escola é mais um lugar onde o processo de aprender acontece, o primeiro lugar é em casa, no núcleo familiar. Desenvolvimento humano e educação se unem para a aprendizagem, isso significa que o comportamento que a criança apresenta no núcleo familiar vai influenciar dentro da escola, como a criança se sente dentro da escola vai influenciar em como ela se comporta no núcleo familiar, o que a criança faz na escola e como a escola ensina fazer vai influenciar no que a criança faz em casa e em como a casa pode ou não ensinar a fazer. Dentro da escola hoje há um canal de comunicação sobre proteção de infância e adolescência estruturado por conselho tutelar, assistência social e UBS. Se eu adquiro desenvolvimento cognitivo eu consigo ampliar as minhas habilidades socioemocionais e amplio a plasticidade neural. Plasticidade neural é a capacidade do sistema nervoso especialmente o cérebro de modificar sua estrutura e funcionamento ao longo da vida. A criança começa a reconhecer o autoconhecimento quando reconhecem suas singularidades. O autoconhecimento começa por coisas pequenas, simplesmente pelo reconhecimento de si (saber que seu nome pertence a você). Primeira infância – desenvolvimento cognitivo – habilidades socioemocionais – singularidade Afetividade e aprendizagem: Afetividade influência no processo de aprender, ela está relacionada com o sistema límbico e se ele está sempre me colocando em alerta porque não tenho certeza se estou sendo bem tratada no ambiente, não tem como projetar se vou reter as informações falada em sala de aula. Entre a afetividade e o controle inibitório mora as habilidades socioemocionais. O que nos ajuda a ter reconhecimento das nossas relações com os outros são as nossas habilidades socioemocionais. Nem toda afetividade é positiva, ela pode ser negativa. Biologicamente e fisiologicamente meu corpo está preocupado com outras coisas e não com reter informações. Desempenho está para tempo e ritmo. A performance é como vou usar isso que foi dedicado tempo no desempenho. Tempo e ritmo é individual e performance também. A performance vai ser resultado no futuro!! A criança mostra sua performance quando ela acerta ou erra, quando lembra do conteúdo em outro contexto fora da escola, quando da uso e função, tira do teórico e aplica na prática. Precisamos do desempenho e da performance para alcançar a aquisição do conhecimento. Tecnologia e aprendizagem: Quando o sujeito usa tela por muitas horas a fisiologia sofre alterações e o comportamento também. O TDA pode ser ampliado pelo uso de telas. A tela pode agravar alguns tipos de transtornos. Esse ambiente de estímulos rápidos favorece uma aprendizagem superficial, baseada em fragmentos de informação, em vez de promover o pensamento profundo e crítico. Crianças expostas por longos períodos a dispositivos eletrônicos tendem a dormir menos, apresentam maior dificuldade de concentração e, muitas vezes, mostram queda no rendimento acadêmico. A rapidez e a recompensa instantânea oferecidas por jogos e aplicativos digitais tornam difícil para a criança manter o interesse por atividades mais lentas e complexas. Esse padrão de estímulo constante pode impactar negativamente o desenvolvimento da paciência e do foco. A linguagem se desenvolve por meio da troca com outras pessoas, e não apenas pela exposição a sons e imagens. Quando essa troca é reduzida, a criança pode ter dificuldades de expressão e compreensão verbal. Relacionando tudo: A aprendizagem é um processo multifacetado que envolve a aquisição de conhecimento e a consequente transformação do comportamento. Esse processo não se restringe apenas ao acúmulo de informações, mas implica uma modificação estrutural e funcional no cérebro, evidenciada por meio da neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso de se reorganizar a partir de experiências. A aprendizagem, portanto, é essencialmente biopsicossocial, pois depende de fatores biológicos, psicológicos e sociais que interagem de maneira contínua e dinâmica. Do ponto de vista biológico, destacam-se elementos fundamentais como a fisiologia da aprendizagem e a biologia da aprendizagem, que dizem respeito ao funcionamento do cérebro, da rede sináptica, aos neurotransmissores como dopamina e serotonina, e às estruturas envolvidas na memória, atenção e emoção. O papel da propriocepção, por exemplo, revela-se importante especialmente na infância, pois ela contribui para a construção de noções espaciais e motoras, facilitando a aprendizagem por meio do movimento e da interação com o ambiente. Fatores fisiológicos como o sono e a nutrição são cruciais nesse processo. O sono regula a consolidação da memória e o equilíbrio emocional, enquanto uma nutrição adequada fornece os substratos energéticos e moleculares necessários ao funcionamento cerebral. A deficiência desses fatores compromete o rendimento cognitivo e pode gerar obstáculos significativos para o aprender. No aspecto psicológico, a cognição ocupa papel central. Ela envolve funções como percepção, atenção, memória, linguagem, raciocínio e solução de problemas. Dentro da cognição, destacam-se as funções executivas, que englobam habilidades de planejamento, controle inibitório, memória de trabalho e flexibilidade cognitiva. Essas funções regulam o comportamento intencional e adaptativo, sendo indispensáveis para o sucesso acadêmico. A atenção, por sua vez, é a porta de entrada do conhecimento. Sem ela, o cérebro não registra as informações que chegam, tornando-se impossível aprender de forma eficaz. A atenção está diretamente relacionada à função da atenção, que compreende os mecanismos neuropsicológicos responsáveis por selecionar, manter e alternar o foco diante de diferentes estímulos. Outro fator de destaque é o papel das emoções e da afetividade na aprendizagem. Emoções positivas promovem a motivação, a persistência e o prazer em aprender. Por outro lado, emoções negativas, como o medo ou a ansiedade, podem ativar o sistema límbico de modo a bloquear o acesso ao córtex pré-frontal, área responsável pelo raciocínio lógico e pela tomada de decisão. A saúde mental, nesse sentido, é um pilar essencial para o processo de aprendizagem, visto que transtornos como ansiedade e depressão podem comprometer severamente o desempenho cognitivo e emocional do estudante. Do ponto de vista social, a aprendizagem é fortemente influenciada pelo ambiente. A vulnerabilidade social, marcada por pobreza, violência, racismo estrutural, ausência de políticas públicas e negligência familiar, pode comprometer as oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pleno. A relação professor-estudante, quando pautada no respeito, na empatia e no vínculo afetivo, constitui um espaço seguro e estimulantepara o crescimento cognitivo e emocional do aluno. A função do brincar também é essencial, especialmente na infância. O brincar é uma forma natural de aprender, por meio da qual a criança desenvolve competências cognitivas, sociais e emocionais, como resolução de conflitos, imaginação, empatia e autorregulação. O processo histórico da aprendizagem revela uma evolução na forma como compreendemos o ato de aprender. De uma perspectiva tradicional, que valorizava a memorização e a reprodução, passamos a modelos construtivistas e sociointeracionistas, que veem o aluno como sujeito ativo da própria aprendizagem. Consequentemente, a avaliação da aprendizagem também evoluiu, passando de prática punitiva para um instrumento de diagnóstico, acompanhamento e reflexão crítica sobre o processo de ensino-aprendizagem. Apesar disso, nem todos os indivíduos aprendem da mesma maneira ou no mesmo ritmo. É importante diferenciar dificuldades de aprendizagem, déficits e transtornos de aprendizagem. As dificuldades de aprendizagem são geralmente temporárias e resultam de fatores externos, como má metodologia, baixa autoestima ou desnutrição. Já os déficits de aprendizagem referem-se a prejuízos mais persistentes em habilidades específicas. Por fim, os transtornos de aprendizagem, têm base neurológica e requerem intervenções especializadas. Por tudo isso, o processo de aprender é multifatorial. Ele inicia com a recepção e o processamento de estímulos, passa pela codificação e armazenamento das informações, e culmina na aplicação e transferência dos conhecimentos. Esse processo é influenciado por uma complexa teia de fatores que vão desde o funcionamento cerebral até as condições sociais do indivíduo, e não pode ser compreendido de forma isolada. A compreensão integrada de todos esses aspectos biológicos, psicológicos, sociais, históricos, emocionais e ambientais permite promover uma aprendizagem mais inclusiva, significativa e transformadora, respeitando as singularidades de cada sujeito.