Buscar

7a aula

Prévia do material em texto

7a aula 25.09.2012
TRIDIMENSIONALIDADE DO DIREITO
	Miguel Reale 1968, relacionamento dos elementos: fato, valor e norma.
	Ao fato social atribuiu-se um valor, o qual se traduz numa norma. 	
	Mundo do ser que avalia a realidade social como efetivamente é; há um mundo de idéias e valores e um mundo do dever-ser, um modelo social almejado. Todos agregados pela história. Ex. família e propriedade CC 1916.
	A cultura é dinâmica e assume várias formas. 
	Miguel Reale destaca os valores da pessoa humana como fonte primordial, destacando sua dignidade ética, dignidade da pessoa humana.
	Miguel Reale buscou, unificar três concepções unilaterais do direito:
- O Sociologismo jurídico, associado aos fatos e à eficácia do Direito;
- O Moralismo jurídico, associado aos valores e aos fundamentos do Direito; e
- O Normativismo abstrato, associado às normas e à mera vigência do Direito. 
	Ex: títulos de crédito, há previsão para o pagamento de uma letra de câmbio na data de seu vencimento, caso contrário, a mesma está sujeita à protesto e consequente cobrança do título pelo credor. Norma (o próprio dispositivo legislativo que gera as obrigações e direitos no caso), 
 resultante e unificadora da relação entre fatos (a situação da emissão da letra de câmbio, o contexto histórico de necessidades técnicas e jurídicas das transações comerciais, etc.) e 
 valores (o valor da garantia, do crédito, da segurança financeira, etc.).
Tridimensionalidade genérica do Direito: a simples harmonização do sociologismo, moralismo e normativismo jurídicos, apesar de levar em conta de maneira sistemática mais aspectos do que outras teorias, falha em analisar a correlação essencial entre estes elementos primordiais.
 Tridimensionalidade específica e dinâmica, a partir da tridimensionalidade genérica, analisa o conceito de valor, reconhecendo seu papel de elemento constitutivo da experiência ética e a implicação constante entre valor e história. Todo o valor implica na tomada de determinada posição, seja ela positiva ou negativa, da qual resulta uma noção de dever ou não-dever. Esta distinção permite que, no plano normativo, a sociedade possa inserir um fim no ordenamento social, uma forma de alcançar os objetivos valorizados pela sociedade em harmonia ou oposição à realidade fática.
	 Esta composição, integrada pela simples humanidade dos fatos históricos ao aspecto histórico do direito e à norma por ser esta uma cristalização da vontade composta da percepção histórica e da valoração dos juízos de valor humanos, é o cerne da Teoria Tridimensional Dinâmica de Miguel Reale.
Definição de Kant
	"Direito é o conjunto de condições pelas quais o arbítrio de um pode conciliar-se com o arbítrio do outro, segundo uma lei geral de liberdade".
Definição de Ehrlich
	"O direito é ordenador e o suporte de qualquer associação humana e, em todos os lugares, encontramos comunidades porque organizadas”.
Definição de Kelsen
	"O direito se constitui primordialmente como um sistema de normas coativas permeado por uma lógica interna de validade que legitima, a partir de uma norma fundamental, todas as outras normas que lhe integram". (sistema, norma coativa, norma fundamental e validade.)
	
	Kelsen, ao formular sua teoria, não ignorava elementos outros que o direito trazia consigo; quis isolar a porção normativa da fática e da axiológica. Tal propósito se justificava na medida em que buscava os fundamentos para uma ciência jurídica independente, onde o rigor científico estaria concentrado na análise à exaustão da norma jurídica; uma ciência a permitir, a justificar, as decisões jurídicas num nexo próprio ao ordenamento, deixando à sociologia a análise do teor político-social e à filosofia, o teor axiológico/valorativo. E aqui se localiza o porém à formulação kelseniana. Ao se excluir do direito o que lhe há de psíquico ou sociológico, dificulta-se a compreensão da positividade (respeito à norma pelos seus destinatários).
 Críticas ao normativismo de Kelsen (como também aos axiologismos e sociologismos no campo jurídico), encontra-se a Teoria Tridimensional de Reale.
	Quando em estudo é tentado isolar um desses elementos, surgem as concepções jurídicas unilaterais (como o moralismo de Kant, o sociologismo de Ehrlich e o normativismo de Kelsen). Se o resultado desses estudos for apenas aglutinado num único estudo, ter-se-á o tridimensionalismo genérico e abstrato. Todavia, se procurar correlacionar os três elementos fundantes do direito, ter-se-á o tridimensionalismo específico e concreto, englobando os problemas de fundamento, eficácia e vigência.
 Reale acrescenta que esses elementos do direito se exercem influência, fazem surgir pólos autônomos que, numa relação de dialética cultural, entram em conflito e por via do elemento norma, chegam à harmonia.
 O professor Reale revela em seu conceito de “Fato” algo de natureza axiológica, pois era uma coisa que já existia antes da norma e não a partir de agora é que faz parte do mundo jurídico, fazendo uma percepção de valor. Aparece nesse momento uma nova concepção de fato, ele é agora é um componente essencial que possui seu valor. Fazendo com que fato, o valor e norma, tivessem intimamente ligados e cada um tivesse importante significação no universo jurídico.
 Reis Friede afirma que “a norma sempre possui um fim e um valor implícito, fazendo com que o Direito sempre projete uma realidade para: 
1) mantê-la (norma como função conservadora do status quo); 
2) reestruturá-la (norma como função evolutiva e reestruturadora das relações sociais); 
3) transformá-la (norma como função de alterar relações sociais).”
	 O ordenamento jurídico examinado em relação ao carater justo e adequado de seus conteúdos, validade e eficácia:
Idealidade ou legitimidade ou axiologia: estudam a adequação do direito vigente aos ideais democráticos e anseios sociais, formulam propostas para sua reforma e pesquisam os critérios de justiça e o problema da verdade no direito;
Dogmática jurídica estuda o conteúdo do direito positivo e sua interpretação. Validade e critérios da validade;
Sociologia jurídica estuda o direito positivo sob o prisma da eficácia social das normas jurídicas.
	
	Três dimensões do direito e três esferas separadas:
Esfera da validade (normativa, dogmática, do dever ser);
Esfera da realidade (fática, sociológica, do ser);
Esfera da idealidade-legitimidade (axiológica, filosófica do querer ser).
DEFINIÇÃO DE MIGUEL REALE: 
- Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum (fato) numa estrutura tridimensional bilateral atributiva (fato) (Direito é a ordenação heterônoma, coercitível e bilateral atributiva das relações de convivência, segunda uma integração normativa de fatos segundo valores);
- Direito e a concretização da idéia de justiça (valor) na pluridiversidade de seu dever ser histórico, tendo a pessoa como fonte de todos os valores.
4

Continue navegando