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AULA 1 ESTRATÉGIA APLICADA AO LUCRO E À RENTABILIDADE Prof. Cristiano Ribeiro A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja muito bem-vindo à nossa aula sobre planejamento financeiro. Neste momento, iremos, juntos, analisar os modelos de planejamento financeiro e de gestão de custos para alcançar maior lucratividade. O objetivo desta aula será tornar familiar a você os principais conceitos da área de planejamento financeiro, seus objetivos, aplicações e resultados. Ao final dela, você estará apto a realizar os primeiros passos para elaborar e conduzir um bom planejamento financeiro e entender os objetivos de lucro e rentabilidade das organizações. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Considerando uma realidade adversa de grande competição, as empresas que sobrevivem ao mercado consumidor são aquelas que estabelecem metas e objetivos claros e buscam estratégias eficazes e eficientes para conquistar, manter e desenvolver clientes. Nesse aspecto, o planejamento financeiro é uma ferramenta essencial para a condução das políticas de produção e investimento da empresa, que prevê planejamentos individualizados em todas as áreas da empresa, integrados e alinhados para o atingimento do objetivo global. Para isso, as condições internas e externas de atuação devem ser estudadas. Assim como a capacidade de um atleta de alto rendimento para conquistar medalhas está atrelada ao desenvolvimento de sua estrutura muscular e orgânica, treino, estabilidade psicológica, conhecimento das provas e trajetos, medições de tempo e análise de indicadores, para uma empresa, o planejamento financeiro é uma das principais medidas a serem desenvolvidas a fim de que as estratégias voltadas ao lucro e à rentabilidade sejam utilizadas e o sucesso alcançado. TEMA 1 – DEFINIÇÃO DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO Não há como deixar de pensar na origem da empresa quando nos deparamos com o seu ambiente de desenvolvimento. Para Hoji (2012), “uma empresa é um sistema de geração de lucro”. O principal objetivo dos proprietários é a geração de lucro e a expectativa dos acionistas é um retorno financeiro A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 3 adequado. Outros interessados também estão atentos ao caminho que a empresa está seguindo. Os parceiros, fornecedores, representantes comerciais, transportadores etc. necessitam de que a empresa esteja saudável, para que possam executar suas atividades e ter a certeza do retorno financeiro. Os funcionários precisam de seus salários para manutenção de suas vidas e famílias. A sociedade precisa do crescimento da empresa, pois, com funcionários pagos e salários em dia, o comércio local crescerá como um todo, favorecendo a criação de mais empresas e negócios. Além disso, ainda há o governo, que espera um retorno em impostos, a partir dos negócios da empresa, para investimento no bem-estar da população e no próprio ambiente empresarial. Para que tudo isso aconteça, a empresa deve exercer sua atividade com lucro e rentabilidade. Ao contrário do que você possa pensar, lucro e rentabilidade são conceitos diferentes, mas inter-relacionados. Para que a empresa consiga atingir suas metas no longo prazo, deve planejar e controlar suas metas no curto prazo. Uma leitura desse contexto poderá predizer o que deverá ser feito no futuro e o que esperar de resultado, se todas as condições ambientais e de mercado seguirem o cenário projetado. Algumas vezes, correções de rota são necessárias e, para isso, é preciso entender que o futuro é formado pelo curto e pelo longo prazo. Suas decisões, em um contexto de incerteza, geram resultados nem sempre positivos. Segundo Hoji (2012), Seleme (2010) e Ross, Westerfield e Jaffe (2013), os planos financeiros são, geralmente, construídos por análises de orçamento de capital para cada projeto desenvolvido na empresa, sendo todas as propostas de investimento, independentemente de valor e extensão, agrupadas como se participassem de um único orçamento, um processo chamando de agregação. A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 4 Figura 1 – Planejamento financeiro A Figura 1 mostra o esquema de um planejamento financeiro e o seu relacionamento com o meio ambiente interno da empresa. Observe que o planejamento recebe informações de acionistas e do sistema de informações gerenciais, troca informações com os setores integrados, trata as opções financeiras e econômicas, faz predições e entrega planos estratégicos. O planejamento é composto por vários fatores; alguns o pressionam, outros interagem com ele. As interações entre os projetos devem proporcionar ao planejamento uma visão global do investimento ou financiamento a ser adotado e devem estar na direção dos objetivos globais da organização. TEMA 2 – OBJETIVOS DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO As empresas podem ser identificadas segundo seu tamanho, sua natureza e a complexidade de suas operações. Segundo essa classificação, as atividades de previsão e planejamento financeiros serão mais abrangentes, devendo ser consideradas as interações com profissionais de outros setores. Para Seleme (2010, p. 31), as empresas, geralmente, têm objetivos comuns, que são: [...] atuar de forma que seu resultado venha maximizar seu valor no mercado; aumentar a riqueza de seus proprietários; oportunizar para o seu próprio bem a melhora em seu meio interno e externo, no que tange ao aumento da qualidade de vida de seus colaboradores e ao desenvolvimento equilibrado da qualidade de vida de seus colaboradores e ao desenvolvimento equilibrado e sustentável do seu meio. A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 5 Para que esses objetivos sejam alcançados, outros devem ser considerados, como, por exemplo, os econômicos – que se relacionam com a geração de lucro e criação de valor para a empresa – e os financeiros – que se preocupam, especificamente, com a gestão do caixa. Segundo Marion (2009, p. 130), “o lucro contábil apurado na DRE nem sempre se transforma em caixa imediatamente” (dinheiro), por isso talvez não consiga distribuir dividendos referidos ao lucro gerado. Sendo assim, é possível concluir que objetivos econômicos são aqueles que viabilizam a empresa, isto é, são os modelos de geração de receita, investimento e renda que a empresa adota. Já os objetivos financeiros estão relacionados à forma de gerir os recursos financeiros da empresa. Uma empresa poderá, também, ter a gestão financeira e o caixa saudáveis, mas não gerar riqueza (lucro) para os seus acionistas e a sociedade. É importante que ela possa realizar bons investimentos de forma a gerar mais riqueza e gerir o seu dinheiro de forma a ter disponibilidade para fazer tais investimentos. É importante esclarecer que lucro e caixa são termos diferentes. Segundo Hoji (2012, p. 32), o “lucro é o resultado econômico apurado pela contabilidade de acordo com o regime de competência e o resultado de caixa é o resultado financeiro apurado de acordo com o regime de caixa”, sendo que o lucro é apurado e demonstrado no DRE (demonstrativo de resultados do exercício) e o resultado de caixa, pelo DFL (demonstrativo de fluxo de caixa). Ainda para Hoji (2012), o lucro poderá concidir com o resultado de caixa se todas as operações da empresa forem feitas em espécie (dinheiro) ou à vista. O objetivo de gestão financeira tem atividades específicas: atividades operacionais, de investimentos e de financiamento. Para Seleme (2010, p. 32), as atividades operacionais são aquelas “necessárias para a produção, seja ela de produtos e/ou serviços, de forma a minimizar as perdas e obter retorno dos investimentosda empresa dentro de parâmetros previamente estipulados”, ou seja, são aquelas atividades ligadas ao core business da empresa e sua operacionalização. Conforme Hoji (2012, p. 15), “são decorrentes do objetivo social da empresa, ou seja, da finalidade para a qual ela foi criada e existe”. Já as atividades de investimento estão relacionadas à aplicação dos recursos disponíveis e suas decisões na manutenção ou expansão das atividades A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 6 operacionais, podendo ser em curto ou longo prazos. Para Hoji (2012, p. 15), “as atividades de investimento são executadas para dar suporte às atividades operacionais”. As atividades de financiamento são aquelas derivadas das decisões estratégicas da empresa e podem ser resultantes (consequência) das decisões anteriores. Para Hoji (2012, p. 15), “são executadas para suprir a empresa de recursos consumidos nas atividades operacionais e de investimento”. Em geral, são tomadas de recursos de terceiros, exigíveis em curto e/ou longo prazos. Podem não ser originadas nos efeitos negativos de tomadas de decisão financeira, mas, sim, ser avaliadas pelo custo de oportunidade de uma atividade que poderá gerar lucro para a empresa. O administrador tem atividades relacionadas à condução dos objetivos de um planejamento financeiro, pois a ele cabem a responsabilidade pela análise, pelo planejamento e controle financeiro, bem como pelas decisões de investimentos e de financiamento. TEMA 3 – GESTÃO DE CUSTOS Para iniciar, vamos conceituar custos e despesas. Tenha claro que tanto custo como despesa são sacrifícios, ou esforços, feios pela empresa para atender a um objetivo ou meta. No caso dos custos, esse esforço tem que estar relacionado à produção de bens, serviços ou informações. Já as despesas estão relacionadas ao ato de viabilizar a obtenção de receitas. Veja o exemplo de custos e despesas, bem simplificado, de Marion (2009, p. 91-92) : Numa indústria custo significa todos os gastos na fábrica (produção): matéria-prima, mão-de-obra, energia elétrica, manutenção, embalagem, etc. Despesa significa gastos no escritório, seja na administração, seja no departamento de vendas, seja no departamento de finanças. Assim, o aluguel pode ser tratado como despesa ou custo: tratando-se de aluguel referente ao prédio da fábrica, será considerado custo; tratando-se de aluguel referente ao prédio do escritório (administração), será considerado despesa. A gestão de custos visa atender a questões legais (Decreto-Lei n. 1.598/1977) e aos controles gerenciais, ou seja, preocupa-se, especialmente, com o atendimento às exigências fiscais e contábeis, o auxílio na tomada de decisões gerenciais, como a otimização e eficácia dos resultados das operações (controles A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 7 de custos de produção, melhoria de processos e na identificação e eliminação de desperdícios). Para você compreender melhor, considera que gastos é a compra de um bem (tangível ou intangível) ou de prestação de serviços que gera desembolso de ativos em qualquer tempo (imediato ou futuro). Já o investimento, muitas vezes confundido com gastos e com financiamentos, significa um gasto na aquisição de um bem ou serviço que poderá gerar benefício financeiro no futuro. Para Schier (2011), investimento é todo o gasto “estocado” nos ativos da empresa para baixa ou amortização, quando de sua venda ou consumo, de seu desaparecimento ou desvalorização. Há, ainda, os conceitos de perdas e desperdício. Perdas são bens ou serviços consumidos de forma anormal e involuntária, como incêndios ou obsolescência de estoques, por exemplo. Já desperdício é o gasto excedente na produção de bens e serviços, que não modifica a qualidade do produto final, como, por exemplo, a movimentação desnecessária de materiais pelo processo produtivo, devido a erro no layout. Saiba mais Conheça os termos mais usados na gestão financeira, acessando: . A gestão de custos prevê a separação entre custos e despesas, considerando as suas relações com a variabilidade da produção e a forma de distribuição e apropriação relativas aos produtos, centros de custo e de resultado. Nos casos de variação na quantidade produzida, temos os custos e despesas fixos, semifixos e variáveis. A Figura 2 ilustra essas condições: Figura 2 – Distribuição de gastos A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 8 Além de diferenciar os custos das despesas, é possível classificá-los de acordo com sua ocorrência. Os contadores e os administradores podem ter visões diferenciadas quanto à identificação de custos: existem os custos contábeis, os custos econômicos, os custos irreversíveis e os custos de oportunidade. Para Ross, Westerfield e Jaffe (2013, p. 25), “no longo prazo, todos os custos são variáveis. Em contabilidade financeira, não se distingue entre custos fixos e variáveis”. Os custos contábeis reconhecem os custos dos produtos em separado das despesas gerais, administrativas e de vendas. Os econômicos são os de utilização de recursos da produção e os de oportunidade são aqueles associados a oportunidades perdidas quando os recursos da produção não são utilizados de forma eficiente e eficaz. Os irreversíveis, por sua vez, são gastos feitos que não podem ser recuperáveis. A boa gestão deve observar a associação dos diferentes tipos de custos e sua ação sobre o planejamento financeiro. A análise de custo segue fórmulas matemáticas que geram a função custo, que pode ser demonstrada, graficamente, por meio de curvas. A função custo é descrita pela fórmula c(𝑤1, 𝑤2,y), em que Y representa o nível de produção e W os preços dos fatores. A partir dessa equação, é possível construir, geometricamente, uma imagem que auxiliará o administrador na tomada de decisão, bem como serão demonstrados outros tipos de análise de custos. Nesse caso, pode ser considerada a análise dos custos médios e dos custos marginais. Figura 3 – Demonstração gráfica do custo médio A Figura 3 apresenta a representação da curva das três funções do custo médio, sendo que, em (A), o custo fixo médio diminui enquanto a produção aumenta; em (B), os custos variáveis médios podem aumentar com o aumento da A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 9 produção; e, em (C), a combinação desses dois efeitos produz uma curva de custo médio em forma de U. Outra curva importante de análise de custos é a curva dos custos marginais, cuja função mede a variação dos custos em relação à variação na produção, podendo com ela fazer uma inferência sobre a variação de custos em qualquer momento dessa produção, se for proposta uma mudança na quantidade produzida. A equação seria: 𝐶𝑀𝑎(𝑦) = ∆𝑐(𝑦) ∆𝑦 = 𝑐(𝑦 + ∆𝑦) − 𝑐(𝑦) ∆𝑦 Figura 4 – Representação gráfica da curva de custos marginais A Figura 4 mostra a curva dos custos e apresenta a curva do custo marginal. Perceba que a curva dos custos marginais passa sobre os pontos mínimos da curva de custo variável e da curva de custo médio. A análise dos custos e sua gestão gera aprendizagem que deve ser disseminada por toda a empresa. TEMA 4 – MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO A busca pela lucratividade é independente da condição de competitividade entre as empresas em um mesmo mercado. Muitos autores ressaltam que pequenas empresas têm, em geral, o contato direto do proprietário em todas as decisões de negócios, o que não acontece com as grandes e médias, fazendo com que os administradores (não acionistas) não tenham a mesma pressão pelo lucro, focando mais na geração de receitas. Portanto alcançar a lucratividadeno longo prazo é essencial para a sobrevivência das organizações. A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 10 Vejamos a definição básica de receita, conforme Marion (2009, p. 84): “a receita corresponde, em geral, a vendas de mercadorias ou prestações de serviços”, ou seja, depende da elasticidade da demanda e da oferta. Em geral, as empresas podem optar por um nível de maximização dos lucros no curto prazo, desde que haja uma diferença máxima entre receita e custo nos processos produtivos. Para melhor acompanhar esse processo, a análise é feita a partir de uma curva que avalia a elasticidade da demanda em função do preço, chamada curva da receita. Ela apresenta uma demonstração gráfica de uma inclinação, chamada de receita marginal, que demonstra sua alteração quando é modificado o nível de produção, a cada nova unidade produzida. Figura 1 – Análise da receita marginal Coomo você pode observar na Figura 5, para maximizar os lucros, a empresa resolve adotar o nível de produção (q¹), pois, nesse momento, a receita marginal (inclinação da curva da receita) é igual ao custo marginal (inclinação da curva do custo) em sua maior amplitude, com melhor lucro. TEMA 5 – ESTUDO DE CASO 5.1 Gestão de custos hospitalar: um estudo de caso (por Claudineia Kudlawicz) – Empresa A empresa escolhida para objeto de estudo é a Operadora de Planos de Saúde que atende, especificamente, planos empresariais, ou seja, não oferece A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 11 planos de saúde individuais ou familiares. Os planos empresariais fazem cobertura de serviços de natureza hospitalar, prestados nas dependências da própria operadora, exceto pronto socorro e atendimento a emergências, feitos por estabelecimentos conveniados. Os consultórios e centros cirúrgicos da operadora funcionam apenas nos dias úteis, em horário comercial, por isso os estabelecimentos conveniados também prestam atendimento fora desse horário. Para os atendimentos emergenciais que não realiza, a operadora estabelece convênios com hospitais de grande porte. A Operadora de Planos de Saúde, localizada na Região Sul do Brasil, é classificada, pela Agência Nacional de Saúde (ANS), como empresa de médio porte. Para atender os beneficiários do plano de saúde empresarial, dispõe de uma estrutura física com 60 consultórios e três salas de centro cirúrgico. Nos consultórios, são realizadas consultas de natureza básica – clínico geral, ginecologia e pediatria – e especializadas – todas as demais. As salas de centro cirúrgico são utilizadas, exclusivamente, para procedimentos cirúrgicos de baixa complexidade, a exemplo de cirurgia de correção de septo nasal, na qual o beneficiário é internado pela manhã e recebe alta no período da tarde, sem necessidade de mais acompanhamentos devido à baixa probabilidade de complicações. Para procedimentos de maior complexidade, a exemplo de cirurgia buco- maxilar, que necessita de mais acompanhamento, o beneficiário do plano utiliza hospitais e clínicas conveniados. Os atendimentos nos consultórios e nas salas cirúrgicas da operadora são exclusivos para os beneficiários do plano de saúde empresarial, sendo assim, não realiza atendimento particular ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, a operadora utiliza 80% de sua estrutura física. Os 20% ociosos são consequência do não comparecimento a consultas e exames marcados. Para atender os beneficiários do plano de saúde, além de profissionais do quadro próprio, regidos pelo regime CLT, a operadora conta com profissionais autônomos credenciados que prestam serviços e com clínicas e hospitais credenciados para atender especialidades. A estrutura organizacional está dividida em Centro Administrativo e Centro Médico. No Centro Administrativo, são realizadas as atividades administrativas e não se constitui escopo deste artigo. No Centro Médico, considerado a área A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 12 produtiva da operadora, são realizadas consultas e procedimentos cirúrgicos e constitui o foco da gestão de custos, consequentemente, deste trabalho. A opção pelos custos no Centro Integrado de Medicina deu-se em virtude da tentativa de mensurar o custo de um beneficiário que utilizou os benefícios do plano de saúde empresarial no mês de setembro de 2009. O beneficiário, selecionado de forma aleatória, realizou procedimentos conhecidos como de rotina, ou seja, um check-up, prestados pelos departamentos da unidade Centro Integrado de Medicina. 5.2 Processo Os custos são alocados aos departamentos conforme a legislação em vigor e, na sequência, são alocados aos procedimentos por meio das informações geradas pela contabilidade e outros setores. No mês de setembro de 2009, os custos diretos vinculados aos departamentos de Consulta Básica e de Consulta Especialidade são aqueles que estão, diretamente, ligados ao produto final – que é o atendimento ao beneficiário do plano de saúde – e estão apresentados no Quadro 1. Quadro 1 – Custos diretos O Quadro 1 indica que os custos diretos são, exclusivamente, decorrentes de salários, benefícios salariais e encargos sociais. Observamos, também, que, tanto no departamento consulta básica quanto no de consulta especializada, os custos diretos estão concentrados nos serviços de terceiros autônomos e respectiva contribuição patronal. Os valores indicam que grande parte dos profissionais médicos é contratada como profissionais autônomos. A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 13 Tendo em vista a pequena quantidade de material direto utilizado nas consultas e do seu inexpressivo valor, em atendimento ao princípio contábil da materialidade, ou relevância, que desobriga um tratamento mais rigoroso aos itens cujo valor monetário seja pequeno em relação aos gastos totais e, ainda, pela avaliação do custo × benefício de sua mensuração direta, os gastos com materiais utilizados nas consultas foram considerados custos indiretos. Os custos indiretos estão ligados ao serviço prestado, mas não são alocados diretamente devido à ausência da relação causa e efeito. Por isso precisam de alguns critérios de rateio para sua alocação aos procedimentos de forma mais justa e adequada. Antes de serem alocados aos procedimentos, os custos indiretos são alocados aos departamentos, conforme pode ser visto no Quadro 2. Quadro 2 – Alocação de custos A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 14 Conforme demonstrado no Quadro 2, a limpeza e a vigilância têm seu rateio com base na área utilizada pelos departamentos, ou seja, por m2 de área utilizada. Também é utilizado o m2 para ratear os custos com a depreciação do imóvel, alocando a cada departamento conforme a metragem utilizada. Já o rateio da depreciação e amortização dos bens móveis – como equipamentos, sistema de computadores, móveis, máquinas, entre outros – é utilizada a lotação dos bens patrimoniais. Os gastos com CPD e software também são alocados por departamento, rateados conforme a quantidade de bens e o local onde estão lotados. A manutenção, a substituição e os reparos de equipamentos e da estrutura física são alocados por departamento conforme a realização. Os gastos com água e energia elétrica foram alocados aos departamentos conforme o seu consumo. A energia tem como base a quantidade de itens em cada departamento e a quantidade média de consumo hora de energia elétrica por item. Os serviços de transporte de pacientes por meio de ambulâncias, a dedetização, os serviços realizados por hospitais conveniados e os de manutenção nos equipamentos têm sua alocaçãoaos departamentos em que os serviços são realizados. Os gastos com combustíveis e lubrificantes, da mesma forma, são rateados aos departamentos conforme a lotação do automóvel que originou o gasto. Os serviços de terceiros referentes à laboratório dizem respeito aos exames que o beneficiário em estudo fez. Esses exames são coletados no Centro Integrado de Medicina e a análise é feita em outra unidade pertencente à operadora, no entanto, foram considerados serviços adquiridos, tendo em vista que a unidade externa que faz a análise dos exames não é objeto deste estudo. O gasto com pessoal indireto – relacionado aos salários, encargos, férias, décimo terceiro, rescisões e indenizações e outros benefícios ao colaborador – são alocados conforme o número de colaboradores por departamento. Os custos com 13º salário e seus devidos encargos são provisionados de forma mensal, embora seu pagamento ocorra somente em dois meses do ano (novembro e dezembro). As férias também são apresentadas mensalmente e seu desembolso pode ocorrer em qualquer mês do ano, mediante aviso. As rescisões e indenizações são alocadas diretamente ao respectivo departamento no mês em que ocorreram, sua alocação é feita pelo cadastro do colaborador, podendo aumentar o custo da consulta se o valor da rescisão for relevante. Os demais gastos, como os benefícios, vale transporte, alimentação, refeição, uniformes, cursos e A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 15 treinamentos são alocados conforme o departamento em que está lotado o colaborador. O gasto com telefone é feito por departamento, com base nos ramais disponíveis. Os demais gastos com material de curta duração, material de expediente e medicamentos estão rateados conforme a requisição para o consumo do departamento. À medida que são feitos pedidos desses itens para o setor de almoxarifado, seu custo é alocado para o respectivo departamento. Após a alocação dos custos aos departamentos, ele é alocado aos procedimentos. Os rateios aos procedimentos são feitos com base na tabela da Associação Médica Brasileira (AMB), que estabelece valores referências para remuneração de honorários dos procedimentos médicos, sendo utilizada, também, para identificar se um procedimento é, ou não, de alto custo e para fazer o rateio dos custos indiretos. Os custos diretos, por sua própria natureza, são alocados aos procedimentos de forma direta e, por isso, é fácil encontrar o custo unitário, dividindo o valor total pela quantidade de procedimentos realizados. Os custos indiretos, por sua vez, após serem identificados aos departamentos, são alocados aos procedimentos com base na tabela AMB. Por meio do levantamento, você pode analisar o custo de cada serviço com relação ao total gasto pelo paciente e em relação ao total dos custos mensais. Pode verificar qual o procedimento está sendo mais utilizado, o procedimento com custo mais alto e tomar medidas corretivas quanto aos gastos excessivos. O resultado encontrado é considerado não satisfatório se for analisado somente o mês em estudo, pois seu custo é elevado em comparação com o valor da mensalidade do plano. Entretanto o resultado é considerado positivo quando analisado um período mais longo, pois há meses em que há apenas mensalidades recebidas do plano e não se utiliza nenhum procedimento. O custo por plano de saúde acumula-se apenas nos meses em que o plano foi utilizado, num prazo mais longo, é compensado pelos meses de não utilização. Os procedimentos realizados pelo beneficiário são considerados de rotina e a frequência de realização varia entre uma e duas vezes ao ano. Para a solicitação dos procedimentos de rotina, são considerados o histórico do paciente, a idade, e o histórico familiar. Geralmente, são solicitados, com mais frequência, exames para beneficiários fumantes, com idade mais avançada e com histórico familiar de doenças como colesterol alto, diabetes, hipertensão, entre outros. Já A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 16 os beneficiários que não têm essas características realizam os procedimentos de rotina uma vez ao ano ou até menos. 5.3 Resultado A empresa analisada faz o gerenciamento dos custos com o intuito de acompanhar e controlar os gastos apresentados pelas empresas que têm contrato de prestação de serviços dos planos de saúde empresarial. O método para o custeio dos departamentos e, posteriormente, dos procedimentos e do beneficiário foi o custeio por absorção, aceito pela legislação vigente e para fins gerenciais. As informações geradas são consideradas úteis, em tempo hábil, mas estão sempre se adequando às necessidades do setor de custos e da gestão e são utilizadas para fins de acompanhamento, controle, planejamento e de orçamento anual. Uma das principais vantagens desse método de custeio e dos métodos de rateio é o custo menor, isto é, os gastos com o setor de custos não são considerados elevados. As principais desvantagens são um nível de precisão menor no custo de alguns materiais e medicamentos, pois não se consegue medir, com presteza, a quantidade utilizada em alguns exames e consultas. FINALIZANDO O planejamento financeiro é importante atividade para sobrevivência da empresa e, com uma boa gestão de custos, visando à maximização de lucros, fará com que a empresa ultrapasse o tempo de vida de seus proprietários, tornando-se forte e autossustentável economicamente. Todo o administrador deve construir um modelo financeiro que satisfaça o planejamento estratégico e os anseios dos acionistas e demais interessados. A tarefa de vislumbrar o futuro, inferir sobre cenários vindouros com hipóteses em três níveis, aplicar os modelos sob esses cenários e examinar os impactos de cada opção não é uma fácil. Muitas empresas trabalham com equipes de gestão para gerar suas diretrizes, para não ficar a cargo de apenas uma pessoa. Além disso, essa tarefa não deve tornar-se rotina mecanicista, senão que deve ser estudada e aprimorada, gerando aprendizado para a empresa. A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 17 LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica “Análise do uso de controles e gestão financeira em propriedades rurais produtoras de grãos da região oeste do Paraná”, de Leonor Venson de Souza, disponível em: . Leia as páginas 26 a 43. Texto de abordagem prática Estudo de caso: restaurante Buongustaio de Brasília. Disponível na Biblioteca Virtual. Saiba mais Assista: Canal do Empresário – Sergio Goldman – Finanças, em . A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com 18 REFERÊNCIAS HOJI, M. Administração financeira na prática: guia para educação financeira corporativa e gestão financeira pessoal. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. KUDLAWICZ, C. Gestão de custos hospitalar: um estudo de caso. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 10, 2010, São Paulo. Anais... Disponível em: . Acesso: 12 jun. 2018. MARION, J. C. Contabilidade básica. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009. _____. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. D. Análise das demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. ROSS, S. A.; WESTERFIELD, R. W.; JAFFE, J. F. Corporate Finance. 10th. ed. New York: The McGraw-Hill/Irwin, 2013. SCHIER, C. U. D. C. Gestão de custos. 2. ed. Curitiba: IBEPEX, 2011. SELEME, R. B. Diretrizes e práticas da gestão financeira e orientações tributárias. Curitiba: IBEPEX, 2010.A luno: P A T R IC IA O LIV E IR A D A S ILV A E m ail: patriciaods@ outlook.com