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Caso Bernardo - trabalho pronto

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SUMÁRIO
CLIENTE
CONTEXTO HISTÓRICO DO CASO
POSSÍVEIS DANOS PSICOLOGICOS E FISICOS SOFRIDOS PELO CLIENTE
ECA– ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
LEI DA PALMADA
CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA JURÍDICA
PENALIDADES 
REFERÊNCIAS
ANEXOS DO CASO: BERNARDO BOLDRINI
1.CLIENTE
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos de idade, desaparecido no dia 04 de abril de 2014 e encontrado morto em um matagal na cidade de Frederico Westphalen (a 447 km de Porto Alegre),o qual segundo testemunhas, era um menino doce e carismático.
Após a morte da sua mãe em 2010, o menino Bernardo ficou traumatizado e logo depois que o pai encontrou uma nova esposa, começaram os conflitos e confusões em casa. Ele reclamava da madrasta, pois não havia jeito de uma harmonia entre eles. Cada vez mais Bernardo se sentia hostilizado dentro da própria casa, já que até quando sua meia irmã, Maria Valentina, nasceu, o clima se acirrou ainda mais, pois o menino era proibido até de ficar junto do bebê, tinha de lavar as mãos para tocá-lo e Leandro, pai de Bernardo, não tomava nenhuma atitude para proteger o próprio filho. Pelo contrário, demonstrava frieza e distanciamento com Bernardo, que chegou a procurar até o próprio Ministério Público para relatar desamor e isso transformou-se num novo capítulo de esperança na vida de Bernardo, que nunca deixou de admirar o pai e só queria sua atenção. 
Aos poucos, a cidade de Três Passos foi conhecendo o drama familiar e acolhendo o menino como podia. Poucas pessoas, como a ex-babá dele, Elaine Rauber, que trabalhou na casa de 2007 a 2009, sabiam da real gravidade da situação. Ela afirma ainda que o garoto tinha medo de viver dentro de casa e dormir no quarto e que Leandro Boldrini e Graciele Ugulini provocavam o menino até fazer ele "explodir" de raiva. Um dos motivos principais dos insultos, segundo ela, era sobre a mãe do garoto, que se “suicidou” em 2010.
2.CONTEXTO HISTÓRICO DO CASO
As investigações sobre a morte do menino Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, avançavam ao passo que a história ganhava ainda mais elementos bárbaros, visto que até herança e brigas judiciais vieram à tona.
Entretanto, há quatro anos, a mãe de Bernardo, Odilaine Uglione Boldrini, morreu quando tinha 30 anos. Ela foi encontrada com um tiro na cabeça dentro do consultório de Boldrini. Na época, o médico já trabalhava com a enfermeira Graciele, que, depois da tragédia, se tornou sua mulher.Com o assassinato de Bernardo, existe a possibilidade de o caso ser reaberto.  Na época, ele foi investigado pela mesma delegada que apura as circunstâncias da morte do menino e foi considerado um caso de suicídio. 
Depois do ocorrido, uma briga na Justiça foi instaurada entre a avó materna do menino, Jussara Uglione, 73, e o pai, o cirurgião Leandro Boldrini. A idosa pedia de volta uma série de itens domésticos que teriam sido dados ao casal por ela. Um deles, um relógio de ouro, ainda seria motivo de discussão. Existe também em juízo a disputa por um imóvel que está à venda. Detalhes, porém, não foram revelados pelos policiais.
A polícia acredita que a madrasta, a enfermeira Graciele Ugolini, assassinou o garoto com uma dose letal de analgésico e se livrou do corpo enterrando-o às margens de um rio em Frederico Westphalen, cidade gaúcha vizinha a Três Passos, onde a família morava. A cova tinha formato circular e vertical. A criança foi encontrada de cócoras. Ela teria sido ajudada pela amiga e assistente social Edelvânia Wirganovicz.
A polícia investiga como as duas mulheres fizeram o buraco, em um terreno difícil, repleto de raízes. Há a possibilidade de que uma máquina tenha sido usada, assim como o auxílio de uma terceira pessoa. Até o momento, o pai do menino é suspeito de atrapalhar as investigações. Seu papel no assassinato e na ocultação do cadáver ainda não está claro para a polícia.
Ainda assim, o pai de Bernardo procurou uma rádio para fazer um pedido de ajuda para encontrar o filho. Chama a atenção, entretanto, que em nenhum momento o pai se dirige à criança como "meu filho". Bernardo é sempre tratado como "o menino" e "que morava com a nossa família". 
Dias antes, em 4 de abril, Graciele foi flagrada dirigindo em alta velocidade na estrada que liga Três Passos a Frederico Westphalen. Ela foi parada por um patrulheiro, que a multou. O soldado da Brigada Militar diz que lembra ter visto Bernardo acordado, no banco de trás.
Horas depois, em posto de gasolina próximo à casa de Edelvânia, as mulheres pediram ajuda para lavar o carro sujo de terra. Bernardo não foi visto junto a elas.
O menino Bernardo foi sepultado na manhã de uma quarta-feira no cemitério de Santa Maria, região central do Estado. O enterro foi acompanhado por seus familiares do lado materno.Porém, a avó do garoto, Jussara, não acompanhou à cerimônia. Em estado de choque, ela foi hospitalizada e permanece em observação.
3.POSSÍVEIS DANOS PSICOLOGICOS E FISICOS SOFRIDOS PELO CLIENTE
No caso Bernardo Uglione, que ficou desaparecido por cerca de quatro dias, o dano físico foi irreversível, o menino de onze anos foi violentamente assassinado, segundo o atestado de óbito, pelo pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini Boldrini, com uma injeção letal, mas antes disso sofreu diversas agressões físicas. 
Bernardo, órfão de mãe, desde fevereiro de 2010 (a mulher cometeu suicídio com um tiro na cabeça no consultório médico do ex-marido, pai do garoto), carregou uma grande bagagem psicológica, e desde então passou a conviver com somente seu pai e madrasta, já que não possuía mais nenhum parente na cidade, onde continuaram de formas mais explicitas violências, abusos, maus tratos ao menino ou simplesmente deixando-o de lado.
O termo “criança maltratada” engloba diferentes tipos de agressões que podem lesar a criança interferindo no seu desenvolvimento normal. Assim, ao falarmos de maus tratos podemos considerar que se refere a toda criança ou jovem até os 18 anos de idade que seja vítima de qualquer tipo de agressão física, abuso sexual ou negligência.
No início do ano de 2014, Bernardo, órfão de mãe, chegou a procurar o Judiciário da região onde morava, onde se queixou de abandono familiar, segundo a delegada responsável pelo caso. Este é apenas o primeiro fato que comprova sérios danos psicológicos para uma criança de onze anos de idade. Além da própria denúncia feita pelo menino, diversos são os depoimentos que comprovam isto.
A ex-babá que trabalhou por dois anos na casa da família, afirma que: "Ela sempre afastava o menino dela. Agredia com palavras", diz Elaine Marisa Wentz. Além disso, contou também de um possível episódio onde fica claro um dano físico, onde a madrasta do menino tentou asfixiá-lo com um travesseiro. Outro depoimento é de uma vizinha da família conta que o menino era adorável e que todos na vizinhança gostavam dele, e apesar de nunca ter visto ou ouvido nada, disse que “a gente via que era um menino abandonado. Faltava amor e carinho, isso era visível", reafirmando então a própria denuncia do menino por abandono familiar. 
A negligência é uma forma de maus tratos em que o prestador de cuidados à criança – e que no caso escolhido em questão trata-se do pai do menino Bernardo – não garante o cumprimento das necessidades básicas de alimentação, higiene, cuidados médicos, educação e vigilância das atividades da criança. Sobre essa questão podemos identifica-la em um depoimento feito por uma empresária que era amiga do pai e quem sempre acolhia e cuidava de Bernardo.
O Ministério Público assume que desde novembro do ano passado o pai de Bernardo era investigado por suspeitas de negligência afetiva. Mas jamais houve indícios de agressões físicas. Em janeiro, o garoto foi ouvido pelo órgão e chegou a pedir para morar com outra família.
Existem três formas de negligência, que são: a física, emocional e educativa. Com a análise do caso podemos identificar a física que inclui a privação de cuidados médicos básicos, a falta de alimentaçãoe vestuário adequados, higiene deficiente, falta de vigilância por longos períodos de tempo e abandono da criança pois, houve um relato também de que certa vez Bernardo saiu numa sexta-feira à tarde para ir na casa de um amigo e só retornou no domingo pela noite e o próprio pai e nem tão pouco a madrasta se importaram com o “desaparecimento” do garoto. Cabe também a negligência emocional que refere-se a todas as situações em que as necessidades emocionais da criança foram ignoradas, em que ela é privada do afeto e suporte emocional ao seu desenvolvimento e crescimento normais. 
No início do ano, o médico pediu uma segunda chance. Com a promessa de que buscaria reatar os laços familiares com o filho, ele convenceu a Justiça a autorizar uma nova experiência. Na época, a avó materna, que mora em Santa Maria, na Região Central, chegou a se oferecer para assumir a guarda. Porém, conforme o MP, Bernardo também concordou em continuar na casa do pai e da madrasta. “Isso é dito no Estatuto da Criança e do Adolescente. A reinserção dos vínculos familiares é a providência padrão. Não imaginávamos que tivesse esse desfecho. Porque não havia qualquer informação de agressões. Então, tomamos essa decisão baseada nas premissas legais”, enfatizou o juiz.
Por fim, vídeos descobertos recentemente onde o próprio pai filma percebe-se claramente o abandono e desleixo da madrasta e do pai do menino, aonde Bernardo chega a afirmar que foi agredido por Graciele e que vai denunciar eles, onde ela então o ameaça de morte e o pai apenas ri. 
A outra questão é sobre o abuso que é uma forma de maus tratos em que a criança sobre agressões que podem ser de caráter físico, psicológico ou sexual. Pelos relatos sobre o caso podemos identificar o abuso físico que engloba situações que as pessoas mais facilmente associam a maus tratos, que são aqueles em que há agressão física propriamente dita, por exemplo, bater, morder, empurrar, queimar, sacudir violentamente e entre outros. E também o abuso emocional que é uma das formas mais difícil de identificar, mas que pode causar graves problemas no desenvolvimento da criança. Inclui os ataques verbais, insultos, ridicularizar a criança ou inferiorizá-la e dar-lhe certos tipos de castigo como, por exemplo, trancá-la em um quarto escuro. 
4. ECA – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
No início do século XX em meio ao surgimento das reivindicações sociais no Brasil, entram em questão as busca pela proibição do trabalho de menores de 14, e trabalho noturno aos menores de 18, estes por seguinte desenvolvimento do juizado de menores, concretizando o código Mello Matos, a primeira codificação com conteúdo em prol dos menores, sendo sua abordagem não de forma geral aos menores, mas aqueles em situações não adequadas a sua melhor vivência, regulando de forma clara o trato para juventude e infância excluídas, coordenando questões como o trabalho infantil, tutela, e pátrio poder, delinquência e liberdade vigiada.
Com o passar dos anos a estruturação do denominado “Estado Novo” surgem inéditas regulamentações e diferenciações entre os indivíduos e os direitos que os revestiam durante o período de 1940-1945. Sobre os menores eram servidos ao “Serviço de Assistência ao Menor”, em 1942, desenvolvendo dentro do autoritarismo característica do novo padrão estatal, este tratava de um órgão do Ministério da Justiça, assim inserindo um sistema penitenciário para os menores de idade. Aplicando sobre os infratores reformatórios e casas de correção, e, ao abandonado e carente, patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanas. Sendo estas algumas das referências nesse período. 
A partir da abertura política e organizacional social após o encerramento do “Estado Novo”, em 1945 junto à promulgação da quarta constituição do país. Com o refúgio liberal, trazendo bases democráticas novamente, aprofundando a proteção da criança com a inserção do escritório da UNICEF, Brasil. Com os objetivos de consolidar o Política Nacional do Bem Estar do Menor, surge a FUNABEM, com a chegada do Regime Militar, em 1964, com o objetivo de proporcionar assistência a infância, buscando a internação dos infratores e abandonados. 
Pós-ditadura, a partir da década de 80 é construída com a abertura política e nova redemocratização, sendo neste período à inserção da Constituição Federal, de 1988, que tem vigência até a contemporaneidade. É nessa fase que são conhecidas e firmadas as bases para o Estatuto, garantida pela grande disposição de grupos que se organizavam em buscas sobre o tema da infância, estes chegando com a finalidade de garantir as crianças e adolescentes os direitos fundamentais de sobrevivência, desenvolvimento pessoal, social, integridade física, psicológica e moral, além da proteção de maneira mais especializada com o auxílio dos devidos dispositivos legais.
Esses pilares concretizaram o estabelecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, instituído pela Lei N. 8069, em 13 de Julho. Cabendo dentre desses uma legislação especial, onde um documento de Direitos Humanos promove um instrumento de proteção a todos os menores, principalmente os que se encontrarem em maiores necessidades de ação do mesmo. No contexto de uma nova proposta mundial que visava enquadrar crianças e adolescentes como sujeitos de direito. Mas o que traz o Estatuto? Faz-se necessário uma retrospectiva, para melhor compreender o E.C.A.
Em 1927 surgiu e entrou em vigor na Legislação Brasileira o primeiro Código de Menores no Brasil, que nesta década, especialmente no Estado do Rio de Janeiro, estava passando por uma urbanização européia, tendo a França como modelo. Contudo, em 1979 foi instituído um novo Código de Menores (lei 6697 de 10/10/1979) elaborado por de juristas escolhidos pelo governo, para substituir o Código de Menores anterior (1927). O novo Código que atuava com o objetivo de reprimir, corrigir e integrar crianças e jovens pobres e despossuídos, desviantes de instituições como FUNABEM, FEBEM e FEEM, valendo-se dos velhos modelos correcionais, em si não trouxe mudanças expressivas, representando pressupostos e características que colocavam crianças e jovens descritos como elementos de ameaça à ordem vigente.
Diante de tamanha repressão em instituições de confinamento, surgem indignações éticas e políticas na sociedade não alienada e preocupada com a questão dos direitos humanos, tanto pela perversidade de suas práticas, como pela ineficiência de seus resultados, dando-se início a uma articulação em prol de uma lei que colaborasse decisivamente para exigibilidade dos direitos constitucionais aos direitos infanto-juvenis, resultando no Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C.A -Lei 8069/90), sancionado pelo então presidente Fernando Collor, no dia 13/07/1990. Assim, sendo expressamente revogado o Código de Menores de 1979.
O E.C.A trouxe uma verdadeira mudança de paradigma à respeito da importância dada à questão da Infância e Adolescência no Brasil, além de representar um avanço na espera das políticas sociais para a infância à medida que no Estatuto se institui a idealização de Proteção Integral referindo-se à proteção quanto as direitos fundamentais da criança e do adolescente (direito ao desenvolvimento físico, intelectual, afetivo, social, cultural, e etc.). Concede-se uma fase de garantia de direitos às crianças, que devem ser incluídas e não discriminadas, tratadas como cidadãos e não como “menores”. A base dessa nova concepção consiste em considerar crianças e adolescentes, como sujeitos de direitos, e não como objetos de intervenção, conforme foi o cuidado a eles dispensado até então.
Faz-se necessário enfatizar, também, o dever da família, do Estado e da sociedade em zelar pelo cumprimento de tais direitos, trazendo a sociedade civil para o controle das políticas públicas. Conforme o artigo 227 da Constituição da República Federativa do Brasil (05/10/1998), que dispõe: "É dever da família, da sociedade e do Estado, assegurar a criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direitoà vida, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a consciência familiar e comunitária, além de colocá-la a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão". É neste sentido que o Estado propõe a questão da cidadania para todas as crianças e adolescentes. 
Por fim, outra questão atual que cabe aqui é sobre a Lei da Palmada, trata-se de uma emenda constitucional ao que já dizia no Estatuto da Criança e Adolescente (ECA). Diante de grande polêmica, o plenário do Senado aprovou sem alterações o projeto de lei que pune famílias que usem violência física na educação dos filhos. Ficou conhecida como Lei do Menino Bernardo pelos deputados quando ainda em tramitação do então projeto de lei 7672/2010, da Presidência da República brasileira, proposto ao Congresso Nacional Brasileiro. O projeto foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Casa. Relatado pela deputada Teresa Surita (PMDB-RR), o projeto prevê que pais que maltratarem os filhos sejam encaminhados ao programa oficial de proteção à família e a cursos de orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de receberem advertência. A criança que sofrer a agressão, por sua vez, deverá ser encaminhada a tratamento especializado. A proposta prevê ainda multa de três a 20 salários mínimos para médicos, professores e agentes públicos que tiverem conhecimento de agressões a crianças e adolescentes e não denunciarem às autoridades.
5. LEI DA PALMADA
A “Lei da Palmada” ou “Lei Menino Bernardo”, em homenagem ao garoto Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, que foi morto em abril deste ano, em Três Passos (RS), figurando como suspeitos do crime o pai e a madrasta da criança. Foi criada recentemente, sendo que altera o ECA e estabelece que as crianças e os adolescentes têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. Logo, trata-se da Lei n.° 13.010/2014.
Essa lei dispõe que a criança e o adolescente devem ser educados sem o uso de castigo físico ou tratamento cruel e degradante. Sendo que os pais, os integrantes da família ampliada(exs: padrasto, madrasta), os responsáveis (ex: tutor), os agentes públicos executores de medidas socioeducativas (ex: funcionários dos centros de internação), e qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los (exs: babás, professores), devem respeitar esse direito direcionado a eles.
Para os fins desta lei é considerado “castigo físico” a ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física que cause na criança ou adolescente sofrimento físico ou lesão.
Desse modo, a “palmada” dada em uma criança, mesmo que não cause lesão corporal, poderá ser considerada “castigo físico” se gerar sofrimento físico. Essa é a inovação da Lei. Isso porque o castigo físico que gera lesão corporal contra criança e adolescente sempre foi punido, inclusive com a previsão de crime (arts. 129 e 136 do Código Penal).
Por outro lado, é necessário dizer que a Lei aprovada não proíbe toda e qualquer palmada nas crianças e adolescentes. Somente é condenada a palmada que gere sofrimento físico ou lesão. Se a palmada for leve e não causar sofrimento ou lesão estará fora da incidência da lei. Sobre esse aspecto, vale ressaltar que o projeto original que tramitou no Congresso Nacional proibia expressamente toda e qualquer palmada, tendo havido, portanto, um abrandamento na versão final aprovada. 
Sendo que foi considerado “tratamento cruel ou degradante” para os fins desta lei: humilhação, grave ameaça ou ridicularização da criança ou adolescente.
Portanto, a Lei n.° 13.010/2014 proíbe não apenas “palmadas”, ou seja, castigos físicos. Isso porque a Lei veda também qualquer forma de tratamento cruel ou degradante, o que pode acontecer mesmo sem contato físico, como no caso de agressões verbais, privação da criança de algo que ela goste muito etc.
Ainda assim, as pessoas que utilizarem de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como forma de educação contra a criança ou adolescente estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; V - advertência.
As medidas acima previstas serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.
O pai ou mãe agressor poderá perder o poder familiar por conta dessa conduta. Ainda assim, a Lei n.° 13.010/2014 não prevê, de forma expressa, a perda ou suspensão do poder familiar como sanção para o caso de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante. No entanto, isso é possível, por meio de decisão judicial, se ficar provado que houve extremo excesso por parte do pai ou da mãe na imposição da disciplina. O tema é tratado pelo Código Civil: Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar imoderadamente o filho;
A Lei determina que os entes federativos deverão elaborar políticas públicas e ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes. Para isso, deverão ser adotadas as seguintes ações: I - promoção de campanhas educativas; II - integração de políticas e ações entre os órgãos responsáveis pela proteção e defesa dos direitos das crianças e adolescentes (Judiciário, MP, Defensoria, Conselho Tutelar etc.); III - formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social para o enfrentamento de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente; IV - incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos; V - inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a estimular alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo; VI - realização de ações focados nas famílias em situação de violência.
A Lei n.° 13.010/2014 não representa uma interferência indevida do Estado nas relações familiares. No entanto, essa é a opinião da esmagadora maioria dos infancistas sobre o tema. Segundo a CF/88, é dever, não apenas da família, mas também da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à dignidade e ao respeito, além de colocá-los a salvo de toda forma de violência, crueldade e opressão (art. 227).
Na prática, com a Lei n.° 13.010/2014 não muda praticamente nada, pois os castigos físicos e o tratamento cruel ou degradante já eram punidos por outras normas existentes, como o Código Civil, o Código Penal e o próprio ECA. A Lei n.° 13.010/2014, que não cominou sanções severas aos eventuais infratores, assumiu um caráter mais pedagógico e programático, lançando as bases para a reflexão e o debate sobre o tema.
6. CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA JURÍDICA
Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados. Cabe ressaltar que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode recomendar soluções para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial; não compete ao psicólogo incumbir-se desta tarefa. É preciso deixar clara esta distinção, reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pelo litígio judicial.
Contudo, nem sempre o trabalho do psicólogo jurídico está ligado à questão da avaliação e consequente elaboraçãode documentos, conforme se apresenta a seguir. Os ramos do Direito que frequentemente demandam a participação do psicólogo que estão relacionados ao “Caso Bernardo” são: Direito da Família, Direito da Criança e do Adolescente, Direito Civil e Direito Penal.
Cabe observar que o Direito de Família e o Direito da Criança e do Adolescente fazem parte do Direito Civil. Porém, como na prática as ações são ajuizadas em varas diferenciadas, optou-se por fazer essa divisão, por ser também didaticamente coerente.
 A ligação entre o psicólogo jurídico e o direito de família, destaca-se a partir da participação dos psicólogos nos processos de separação e divórcio, disputa de guarda e regulamentação de visitas. Portanto, o psicólogo pode atuar como mediador, nos casos em que os litigantes se disponham a tentar um acordo ou, quando o juiz não considerar viável a mediação, ao psicólogo pode ser solicitada uma avaliação de uma das partes.
Quando se trata da regulamentação de visitas, o direito à visitação é uma das questões a ser definida a partir do processo de separação ou divórcio. Contudo, após a decisão judicial podem surgir questões de ordem prática ou até mesmo novos conflitos que tornem necessário recorrer mais uma vez ao Judiciário, solicitando uma revisão nos dias e horários ou forma de visitas. Nesses casos, o psicólogo jurídico contribui por meio de avaliações com a família, objetivando esclarecer os conflitos e informar ao juiz a dinâmica presente nesta família, com sugestões das medidas que poderiam ser tomadas. O psicólogo pode, ainda, atuar como mediador, procurando apontar a interferência de conflitos intrapessoais na dinâmica interpessoal dos cônjuges, com o objetivo de produzir um acordo pautado na colaboração, de forma que a autonomia da vontade das partes seja preservada.
Há também, a disputa de guarda,ou seja, nesses processos é preciso definir quem ficará com a criança. Em casos mais graves, podem ocorrer disputas judiciais pela guarda. Nesses casos, o juiz pode solicitar uma perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores ou parentes próximos tem melhores condições de exercer esse direito. Além dos conhecimentos sobre avaliação, psicopatologia, psicologia do desenvolvimento e psicodinâmica das pessoas que irá obter a guarda, assuntos atuais como a guarda compartilhada, falsas acusações de abuso sexual e síndrome de alienação parental podem estar envolvidos nesses processos. Portanto, é necessário que os psicólogos que atuam nessa área estudem esses temas, saibam seu funcionamento e busquem a melhor forma de investigá-los, de modo a realizar uma avaliação psicológica de qualidade.
O aspecto do psicólogo jurídico e o direito da criança e do adolescente, destaca-se o trabalho dos psicólogos junto aos processos de adoção e destituição de poder familiar e também o desenvolvimento e aplicação de medidas socioeducativas dos adolescentes autores de ato infracional. Além do trabalho desenvolvido junto aos Juizados da Infância e Juventude, existe também o dos psicólogos que trabalham nas Fundações de Proteção Especial. Essas instituições têm como objetivo oferecer um cuidado especial capaz de minorar os efeitos da institucionalização, proporcionando às crianças e aos adolescentes abrigados uma vivência que se aproxima à realidade familiar. Os vínculos estabelecidos com os monitores que cuidam delas são facilitadores do vínculo posterior na adoção, uma vez que se estabelece e se mantém nos mesmos a capacidade de vincular-se afetivamente. 
Além disso, o psicólogo jurídico e o direito civil, é um ramo muito importante no processo, pois o psicólogo atua nos processos em que são requeridas indenizações em virtude de danos psíquicos e também nos casos de interdição judicial. O dano psíquico pode ser definido como a sequela, na esfera emocional ou psicológica, de um fato particular traumatizante. Pode-se dizer que o dano está presente quando são gerados efeitos traumáticos na organização psíquica e/ou no repertório comportamental da vítima. Cabe ao psicólogo, de posse de seu referencial teórico e instrumental técnico, avaliar a real presença desse dano. Entretanto, o psicólogo deve estar atento a possíveis manipulações dos sintomas, já que está em suas mãos a recomendação, ou não, de um ressarcimento financeiro.
Da mesma forma, o psicólogo jurídico e o direito penal, é quando o psicólogo pode ser solicitado a atuar como perito para averiguação de periculosidade, das condições de discernimento ou sanidade mental das partes em litígio ou em julgamento. Portanto, destaca-se o papel dos psicólogos junto ao Sistema Penitenciário e aos Institutos Psiquiátricos Forenses.
A criação da Lei de Execução Penal (LEP), em 1984, foi um marco no trabalho dos psicólogos no sistema prisional, pois a partir dela o cargo de psicólogo passou a existir oficialmente. A Lei 10.792/2003 trouxe mudanças à LEP, uma vez que extinguiu o exame criminológico feito para instruir pedidos de benefícios e o parecer da Comissão Técnica de Classificação Brasil (2003). Para a concessão de benefícios legais, as únicas exigências previstas são o lapso de tempo já cumprido e a boa conduta. No entanto, há uma pressão por parte do Ministério Público e Poder Judiciário pela continuidade das avaliações técnicas. 
No Rio Grande do Sul, o Instituto Psiquiátrico Forense Maurício Cardoso (IPFMC) foi o segundo fundado no País, em 1924. O trabalho do psicólogo nesse instituto teve início em 1966, através do estágio curricular de psicopatologia. Inicialmente as atividades da Psicologia eram subordinadas à Medicina, pois havia a necessidade de prescrição médica para os pacientes psicóticos. Além disso, os laudos psiquiátricos elaborados não eram assinados pelos psicólogos, devido a um dispositivo legal que atribuía a competência e a responsabilidade desses laudos ao psiquiatra forense. Com o passar dos anos houve ampliação do atendimento multidisciplinar, que passou a reunir as diferentes habilidades técnicas em prol de uma prestação de serviço com maior qualidade aos pacientes. Assim, o Setor de Psicologia foi alcançando sua independência e autonomia dentro dos IPF.
Outros campos de atuação é a vitimologia que objetiva a avaliação do comportamento e da personalidade da vítima. Cabe ao psicólogo atuante nessa área traçar o perfil e compreender as reações das vítimas perante a infração penal. A intenção é averiguar se a prática do crime foi estimulada pela atitude da vítima, o que pode denotar uma cumplicidade passiva ou ativa para com o criminoso. Para tanto, a análise é feita desde a ocorrência até as consequências do crime. Além disso, a vitimologia dedica-se também à aplicação de medidas preventivas e à prestação de assistência às vítimas, visando, assim, à reparação de danos causados pelo delito.
Ainda assim, há também a psicologia do testemunho, na qual os psicólogos podem ser solicitados a avaliar a veracidade dos depoimentos de testemunhas e suspeitos, de forma a colaborar com os operadores da justiça. O chamado fenômeno das falsas memórias tem assumido um papel muito importante na área da Psicologia do Testemunho. Hoje, sabe-se que o ser humano é capaz de armazenar e recordar informações que não ocorreram. As falsas memórias podem resultar da repetição de informações consistentes e inconsistentes no depoimento de testemunhas sobre o mesmo evento. 
Uma área recente e relacionada à Psicologia do Testemunho que vem ganhando espaço é o Depoimento sem Dano, que objetiva proteger psicologicamente crianças e adolescentes vítimas de abusos sexuais e outras infrações penais que deixam graves sequelas no âmbito da estrutura da personalidade. Esse projeto foi criado no Segundo Juizado da Infância e Juventude de Porto Alegre, em razão das dificuldades enfrentadas pela justiça na tomada de depoimentos de crianças e adolescentes.
A fim de atingir tais objetivos, é importante que o técnico entrevistador - assistente social ou psicólogo - possua habilidade em ouvir, demonstre paciência, empatia, disposição para o acolhimento e capacidade dedeixar o depoente à vontade durante a audiência. O técnico deve, ainda, conhecer acerca da dinâmica do abuso e, preferencialmente, possuir experiência em situações de perícia, o que facilita a compreensão e interação de todos os envolvidos no ato judicial. Desta forma, a inserção de uma equipe psicossocial no âmbito da justiça respeita e preserva o estado emocional da vítima, permitindo, assim, um processo menos oneroso e mais justo para o caso.
 
7. PENALIDADES 
No caso Bernardo a promotora destacou que testemunhas ouvidas que confirmaram tese acusatória do Ministério Público. A primeira audiência foi realizada em Três Passos, na qual quatro testemunhas de acusação foram ouvidas na primeira audiência de instrução do processo criminal relativo à morte do menino Bernardo Uglione Boldrini. Realizada no Fórum da Comarca de Três Passos, a audiência teve duração de quase 12 horas. A promotora de Justiça titular do processo, Silvia Jappe, e o Promotor de Justiça designado para a audiência Leandro Capaverde Pereira representaram o Ministério Público. Os trabalhos presididos pelo Juiz de Direito Marcos Luís Agostini, também contaram com a participação dos Advogados de Defesa dos réus Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz. Os dois últimos denunciados estiveram presentes.
Ao final da audiência, em manifestação à Imprensa, a promotora de Justiça Silvia Jappe destacou que as quatro testemunhas ouvidas confirmaram a tese acusatória do Ministério Público sobre a participação dos envolvidos. “Todos foram claros, logo pode se classificar como bastante produtivas as provas que foram produzida. Questionada por um repórter sobre a participação de Leandro Boldrini, pai da vítima, a promotora destacou que a tese do MP de que ele foi o mentor intelectual do crime está sendo reforçada na audiência.
Foram ouvidas nesta primeira audiência duas Delegadas de Polícia, um Médico Ginecologista colega do réu Leandro Boldrini e a Dentista que atendia Bernardo Boldrini.
Em suas falas, a Delegada que presidiu o inquérito policial e a Delegada Regional de Três Passos fizeram um detalhado relato da investigação realizada e que resultou no indiciamento de Leandro Boldrini, Graciele Ugulini, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Ambas confirmaram na audiência ter a convicção da participação de todos os indiciados e de que o pai da vítima foi o mentor do assassinato.
O Médico Ginecologista colega de Leandro Boldrini, lembrou que logo que soube do desaparecimento de Bernardo Boldrini foi até a casa da família prestar solidariedade. Segundo ele, Leandro em nenhum momento demonstrou estar preocupado ou abalado com a situação, impressionando a frieza com o desaparecimento do filho. Na sequência, a Dentista que atendia o menino afirmou que não havia cooperação da família quanto aos cuidados com a higiene bucal da criança e que identificava em Bernardo uma enorme carência afetiva. Em sua fala, ela ressaltou ainda que ficou surpresa ao receber uma mensagem de Leandro Boldrini no domingo, dois dias após o sumiço de Bernardo, algo que não era comum na postura do pai.
O médico Leandro Baldrini, pai de Bernado, e a enfermeira Graciele Ugulini, madrasta do garoto, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga dela, foram indicadas por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Graciele e Edelvânia confessaram participação no crime. Leandro afirmou inocente. Trata-se de um crime contra a vida e o Código Penal dispõe no seu artigo 132, o qual possui uma cláusula geral da qual resulta que o homicídio é qualificado, ou agravado, sempre que a morte for produzida em circunstâncias que revelem especial censurabilidade ou perversidade. É essa a matriz da agravação, por forma a que sem especial censurabilidade ou perversidade ela não ocorre. É nela, portanto, que assenta a agravação; Ainda assim, há também no § 2º que determina o crime hediondo caso o crime for cometido em certas circunstancias, como dispõe, os incisos:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (motivo vil, repugnante, que demonstra depravação moral do agente - ex.: matar para conseguir herança, por rivalidade profissional, por inveja, porque a vítima não quis ter relação sexual etc.);
II - por motivo fútil (matar por motivo de pequena importância, insignificante; falta de proporção entre a causa e o crime - ex.: matar dono de um bar que não lhe serviu bebida, matar a esposa que teria feito jantar considerado ruim etc.);
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso (é o uso de uma armadilha ou de uma fraude para atingir a vítima sem que ela perceba que está ocorrendo um crime, como, por exemplo, sabotagem de freio de veículo ou de motor de avião) ou cruel (outro meio cruel além da tortura - ex.: morte provocada por pisoteamento, espancamento, pauladas etc.), ou de que possa resultar perigo comum (ex.: provocar desabamento ou inundação);
IV - à traição (quebra de confiança depositada pela vítima ao agente, que desta se aproveita para matá-la - ex.: matar a mulher durante o ato sexual), de emboscada (ou tocaia; o agente aguarda escondido a passagem da vítima por um determinado local para, em seguida, alvejá-la), ou mediante dissimulação (é a utilização de um recurso qualquer para enganar a vítima, visando possibilitar uma aproximação para que o agente possa executar o ato homicida - ex.: uso de disfarce ou método análogo para se aproximar da vítima, dar falsas provas de amizade ou de admiração para possibilitar uma aproximação) ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (surpresa; efetuar disparo pelas costas, matar a vítima que está dormindo, em coma alcoólico);
V - para assegurar a execução (ex.: matar um segurança para conseguir sequestrar um empresário – homicídio qualificado em concurso material com extorsão mediante sequestro), a ocultação (o sujeito quer evitar que se descubra que o crime foi praticado), a impunidade (o sujeito mata alguém que poderia incriminá-lo - ex.: morte de testemunha do crime anterior) ou vantagem de outro crime (ex.: matar coautor de “roubo” para ficar com todo o dinheiro ou a pessoa que estava fazendo o pagamento do resgate no crime de “extorsão mediante sequestro”). 
Portanto, a reclusão é de 12 a 30 anos, e havendo mais de uma qualificadora no caso concreto, o juiz usará uma para qualificar o homicídio e as demais como agravantes genéricas.
Entretanto, o artigo 132, dispõe:
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.  
Todavia, o artigo 211, do Código penal, dispõe sobre a destruição, subtração ou ocultação de cadáver:
Art. 211 - Destruir (fazer com que não se subsista), subtrair (tirar do local) ou ocultar (esconder) cadáver (é o corpo Humano, não o esqueleto nem as cinzas) ou parte dele: 
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. 
São os aspectos gerais sobre o art. 211 do código penal: Proíbe o Art. 211, CP, a destruição, subtração ou ocultação de cadáver ou parte dele, cominando a esta conduta típica a pena privativa de liberdade na modalidade de reclusão, de 1 (um) a 3 (anos), cumulada com a multa.
O bem jurídico aqui tutelado é o sentimento de respeito aos mortos, principalmente por parte de seus familiares e amigos. Concorda-se com o que diz Bitencourt (2003, p. 514):
Na verdade, a definição de quem pode ser sujeito passivo desse crime deve estar intimamente vinculada ao bem jurídico tutelado, e, na medida em que se admite que esse bem jurídico é o sentimento dos parentes e amigos do morto e não o próprio de cujus, sujeitos passivos diretos só podem ser os parentese amigos.
Todavia, há também a perda da guarda, disponível nos artigos seguintes:
"Art. 1638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; 
II - deixar o filho em abandono; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente." 
(Este artigo corresponde ao art. 395 do Código Civil de 1916 e não contem modificações em relação aos dispositivos correspondentes no antigo dispositivo legal) 
(Código Civil de 2003) 
"Art. 21. O poder familiar (expressão que substituiu o "pátrio poder" - Lei nº 12.010/2009) será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. 
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. 
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar. 
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas oficiais de auxílio. 
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22." 
(Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei nº 8069/1990 - ECA)
8.REFERENCIAS 
Caso Bernardo Boldrini. Disponível em:< http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo-boldrini/index.html>
Dizer o direito. Disponível em: <http://www.dizerodireito.com.br/2014/06/breves-comentarios-sobre-lei-130102014.html>
Caso Bernardo Boldrini. Disponível em: <http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/04/colunistas/maria_de_fatima/169912-caso-bernardo-boldrini.html >
Caso Bernardo: brigas judiciais e disputa por herança alimentam suspeita. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/04/16/caso-bernardo-brigas-judiciais-e-disputa-por-heranca-alimentam-suspeitas.htm#fotoNav=14>
Menino foi dopado e morto com injeção letal no RS, diz suposta cúmplice. Disponível em:<http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2014/04/16/amiga-de-madrasta-diz-que-menino-foi-dopado-e-morto-com-injecao-letal.htm>
Lei da Palmada. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm>
A história do Direito Penal brasileiro. Disponível em: < http://www.sabernarede.com.br/a-historia-do-direito-penal-brasileiro> 
Código de Processo Penal

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