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Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITARIO LUTERANO DE JI-PARANÁ -CEUJI 
 
 LARISSA SAMPAIO LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2017 
 LARISSA SAMPAIO LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Centro Universitário 
Luterano de Ji-Paraná – CEULJI, para 
obtenção de grau acadêmico de Bacharel 
em Direito. Professor Orientador: Elói 
Lopes da Silva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ji-Paraná 
 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CIP-Brasil. Catalogação na Fonte. 
Biblioteca Central CEULJI/ULBRA 
Bibliotecária Jaqueline Bispo dos Santos. CRB-11/1774 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
L732 Lima, Larissa Sampaio. 
 
Psicopatia frente ao sistema penal brasileiro. / 
Larissa Sampaio Lima. Centro Universitário Luterano de Ji-
Paraná, 2017. 68 p. 
Inclui anexo. 
 
Orientador: Elói Lopes da Silva. 
Graduação (Direito) Centro Universitário Luterano 
de Ji-Paraná. 
1. Direito Penal. 2. Psicopatia. 3. Sistema Penal. I. 
Silva, Elói Lopes da. II. Título. 
CDU: 343.95 
 
 
 
LARISSA SAMPAIO LIMA 
PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Luterano 
de Ji-Paraná – CEULJI, para obtenção de grau acadêmico de Bacharel em 
Direito. Professor Orientador: Elói Lopes da Silva. 
 
Ji-Paraná,_____ de _____________________ de 20_____. 
 
 
 
AVALIADORES 
 
 
______________________________________________ - _______ 
 Prof. Orientador Elói Lopes da Silva - CEULJI Nota 
 
 
 
 
______________________________________________ - _______ 
 Prof. (2º Avaliador) - CEULJI Nota 
 
 
 
 
______________________________________________ - _______ 
 Prof. (3º Avaliador) - CEULJI Nota 
 
 
 
 
_________________ 
Média 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2017 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço, primeiramente, a Deus, que se mostrou fiel mais 
uma vez, capacitando-me e dando forças para seguir em 
frente, direcionando meus caminhos e guiando meus 
passos. À minha família, refúgio sempre presente, abrigo 
seguro em todos os momentos. Ao meus pais, que muito 
deram de suas vidas para me propiciar uma educação de 
qualidade. À minha mãe, Rosa Lúcia Sampaio Lima, que 
esteve ao meu lado, aconselhando, encorajando e 
mostrando seu cuidado. Ao meu pai, José Aparecido de 
Lima , exemplo de honestidade, garra e coragem, e sei 
que, enquanto esteve vivo, amou-me mais que tudo neste 
mundo. Ao professor e orientador, Elói Lopes, que me 
guiou pelos caminhos das ciências penais. À minha amiga 
e conselheira, Promotora Ana Maria Saldanha Gontijo. Aos 
meus amigos, que compreenderam os momentos de 
ausência. Aos professores da instituição de ensino, que me 
instigaram ao conhecimento. 
A todos vocês, os meus sinceros agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nós, serial killers, somos seus 
filhos, somos seus maridos, estamos 
em toda parte. E haverá mais de suas 
crianças mortas amanhã. Eu sou o 
mais frio filho da puta que vocês 
jamais vão encontrar, eu gostava de 
matar, eu queria matar, nós estamos 
em toda parte” – Ted Bundy 
RESUMO 
 
LIMA, Larissa Sampaio. PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL 
BRASILEIRO 2017, fls. 68. Monografia de conclusão de curso em Direito. 
Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA), 2017. 
 
Os objetivos deste trabalho são: observar os efeitos penais das pessoas 
portadoras dos distúrbios da personalidade humana (psicopatias ou 
sociopatias); analisar a forma como tais agentes são punidos, bem como os 
tratamentos aplicados após o cumprimento de sua sanção (para que não tornem 
a delinquir); e, por derradeiro, averiguar as consequências e as deficiências das 
penas aplicadas a eles, assim como os efeitos que essas formas de punibilidade 
trazem ao indivíduo possuidor do transtorno. Além de todos esses problemas 
acerca da punibilidade, outro preocupante vem a ser a ressocialização, 
porquanto, como se verá no decorrer do trabalho, é certo que haverá 
reincidência. Analisar-se-á como isso vem gerando inúmeras discussões entre o 
sistema penal e a psiquiatria, principalmente por não se saber em que sistema 
enquadrar os agentes, ocasião em que se formam várias perguntas, tais como: 
“são ou não doentes mentais? Há possibilidade de tratamento? Há cura para tal 
transtorno? Seria o psicopata imputável? Semi-imputável? Inimputável? São 
questionamentos existentes ante a ausência de lei. A presente pesquisa tem o 
intuito de estudar a viabilidade de padronizar a forma de punibilidade para que 
não haja um esfacelamento de sanções distribuídas em todas as esferas do 
âmbito penal. Assim, será traçado um padrão para a punição dos psicopatas, 
haja vista não existir, no meio jurídico, um conceito da psicopatia, o que enseja, 
inevitavelmente, vastos problemas na classificação de punibilidade. Frisa-se que 
até mesmo para os psiquiatras a definição se torna um incômodo, levando 
muitos psicopatas a serem penalizados como uma pessoa comum ou mesmo 
serem absolvidos com medida de segurança (com a abordagem de 
conseguirem a cessação de periculosidade), medida totalmente inconstitucional. 
Ademais, este trabalho mostrará a importância do exame criminológico e o 
papel que ele desenvolve durante a inclusão do apenado no sistema criminal. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Psicopatas, psicopatia, ressocialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
LIMA, Larissa Sampaio. Psychopathy before the Brazilian criminal system 
2017, pages 68. Course Conclusion Monograph of Bachelor in Law. Centro 
Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA), 2017. 
 
The objectives of this study are: to observe the criminal effects of people with 
personality disorders (psychopaths or sociopathies); Analyze how such agents 
are punished, as well as the treatments applied after the completion of their 
sanction (so that they do not commit the crime again); And, lastly, to investigate 
the consequences and deficiencies of the penalties applied to them, as well as 
the effects that these forms of punishment bring to the person who possesses 
the disorder. In addition to all these problems of punishment, another concern is 
resocialization, because, as will be seen in the course of the work, it is certain 
that there will be recurrence. It will be analyzed how this has generated 
numerous discussions between the penal system and psychiatry, mainly 
because we do not know in which system to frame the agents, occasion in which 
several questions are formed, such as: "Are they mentally ill or not? Is there any 
possibility of treatment? Is there a cure for such a disorder? Was the psychopath 
responsible? Semi-imputable? Unimputable? They are questions that exist 
before the absence of law. The present research aims to study the feasibility of 
standardizing the form of punishability so that there is no shredding of sanctions 
distributed in all spheres of the criminal scope. Thus, a pattern will be drawn for 
the punishment of psychopaths, since there is no legal concept of psychopathy, 
which inevitably leads to vast problems in the classification of punishments. It is 
emphasized that even for psychiatrists the definition becomes a nuisance, 
leading many psychopaths to be penalized as an ordinary person or even 
acquitted with a safety measure (with the approach of achieving the cessationof 
dangerousness), a measure totally unconstitutional. In addition, this work will 
show the importance of the criminological examination and the role that it 
develops during the inclusion of the victim in the criminal system. 
 
KEY WORDS: Psychopaths, psychopathy, resocialization. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09 
 
1. PSICOPATIA ................................................................................................ 12 
1.1 Conceito de psicopatia ................................................................................ 12 
1.2 Transtorno de personalidade antissocial ..................................................... 15 
1.3 Transtorno mental ....................................................................................... 22 
1.3.1 A diferença entre transtorno antissocial e transtorno mental .................. 23 
1.3.2 Casos de criminosos psicopatas no Brasil ............................................... 24 
 
2. Do direito penal Brasileiro ............................................................................ 34 
2.1 Sistema vicariante e duplo binário ou dualista ............................................ 42 
2.2 Medida de Segurança ................................................................................. 43 
2.3 Os Prazos na Medida de Segurança .......................................................... 45 
2.4 Medida de Segurança Substitutiva ............................................................. 48 
 
3. PSICOPATA E O SISTEMA PENAL BRASILEIRO ...................................... 49 
3.1 A importância do exame criminológico........................................................ 49 
3.2 O Tratamento dos psicopatas nas jurisprudência brasileira ........................ 52 
3.3 PRISAO PERPÉTUA .................................................................................. 55 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 59 
 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 62 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266842
file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266843
file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266844
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file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266854
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho de conclusão de curso aborda o tema “psicopatas frente ao 
sistema penal brasileiro”, assunto que esta bacharelada, desde pequena, possui 
verdadeiro fascínio. Ao ingressar no curso de Direito, percebi que os “monstros” 
dos filmes de terror eram reais e cabalmente ignorados perante o sistema penal 
pátrio. 
O propósito principal deste trabalho é verificar se existe no ordenamento 
jurídico brasileiro um sistema punitivo adequado para o infrator psicopata, bem 
como sua classificação perante o ordenamento jurídico, dando ênfase à falta de 
uma lei específica, e, mormente, como deve ocorrer a penalização para tais 
agentes. 
Assim, alguns objetivos podem ser traçados, quais sejam: observar os 
efeitos penais das pessoas portadoras dos distúrbios da personalidade humana 
(psicopatias ou sociopatias); analisar a forma como tais agentes são punidos e 
os tratamentos aplicados após o cumprimento de sua sanção; pormenorizar os 
diferentes entendimentos dos tribunais e doutrinadores referentes à matéria, e 
quais os posicionamentos sobre o assunto; e, por derradeiro, averiguar as 
consequências e as deficiências das penas aplicadas a eles, bem como os 
efeitos que essas formas de punibilidade trazem ao indivíduo possuidor do 
transtorno. 
Foram levantadas duas hipóteses: a) os psicopatas, ao serem 
condenados à pena restritiva de liberdade, não podem cumprir pena no 
ambiente carcerário comum. Imperioso que haja um lugar específico, mesmo 
que dentro do estabelecimento penitenciário, de modo que possam cumprir sua 
pena sem contato com os demais detentos/reclusos, garantindo-se a segurança 
de todos. b) em relação à medida de segurança aplicada para tais casos, alguns 
cuidados devem ser observados, e.g., emissão de laudo realizado pelo 
psiquiatra (após exames para averiguar se o indivíduo ainda é ou não um risco 
para a sociedade), tendo em vista que a periculosidade jamais cessará. Decerto 
o transtorno ora analisado deveria ser registrado como doença mental, criando-
se um centro de tratamento somente para pessoas com psicopatia. 
Assim, percebe-se a necessidade de verificação e pesquisa sobre a 
temática, não só em âmbito da psiquiatria forense, mas também no 
ordenamento jurídico. Nota-se que não há eficácia na aplicação de sanções a 
pessoas com os transtornos aqui analisados, já que retornam ao convívio social 
propensos a perpetrar as mesmas barbáries. Resta evidente que devem ser 
colocados na “balança” a dignidade da pessoa humana “versus” proteção à 
sociedade. A partir daí, o Estado deve começar a desenvolver alternativas de 
política criminal para o psicopata, oferecendo soluções cabais ao problema. 
Dito isso, o primeiro capítulo surgiu com o fito de pormenorizar a 
psicopatia, observando as mais variadas definições sobre o que é psicopatia, 
suas características e minúcias. De início buscamos a conceituação de 
psicopatia na versão de inúmeros especialistas, e perceberemos que aquela 
não deve ser considerada como doença mental, tampouco o psicopata ser 
tachado de “louco”. Pelo contrário, estes são seres com o QI acima da média, 
bem articulados, envolventes e manipuladores, sendo capazes de cometer 
qualquer atrocidade para atingirem seus objetivos e suas vontades. 
O segundo capítulo baseia-se no prisma do direito e do ordenamento 
jurídico, e tem como sustentáculo a condenação de presos que podem 
apresentar a psicopatia e são condenados à pena restritiva de liberdade, 
cumprindo-a no mesmo ambiente que os criminosos comuns. Alguns problemas 
derivam de tal fato, já que as punições não surtem efeito, e, somada à falta de 
preparo estatal, lugar adequado e lei específica, não se enquadrando na tríade 
penal (Código Penal, Código de Processo Penal e Lei de Execução Penal), a 
punição não atinge os objetivos desejados, como prevenção, punição e 
ressocialização; ademais, ante a ausência delugar propício, acabam 
encarcerados com os presos comuns, o que culmina no impedimento de 
ressocialização dos outros apenados. 
Seus atos são visivelmente de pessoas dotadas de capacidade racional 
plena e capaz, pois que precisamente calculados, manipulados e frios. Por 
conseguinte, há de se pensar numa forma de punibilidade, uma vez que não há 
entendimento majoritário de como realizar a devida punição. Fatalmente, os 
problemas surgem: se se aplica medida de segurança, o infrator é absolvido; 
porém, se cometeu um ato criminoso e tem em ordem de funcionamento suas 
faculdades mentais, a absolvição não se revela a melhor opção. 
Já o terceiro capítulo é um apanhado que trata da maneira como são 
tratados no Brasil, o que as jurisprudências dizem a respeito, a importância do 
exame criminológico que não é mais obrigatório e, principalmente, a 
demonstração de que o laudo de cessação de periculosidade nos casos de 
psicopatia é totalmente inviável, já que alguns indivíduos possuidores do 
transtorno da psicopatia conseguem sair do hospital de custódia por meio do 
laudo emitido pelo psiquiatra responsável. Entrementes, existem médicos 
especialistas na área que alegam a inexistência de cura para a psicopatia, e 
alguns entendem tratar-se de um processo demorado e frágil, que deve ser 
acompanhado de forma precisa. É evidente que vem a ser um problema sério, 
merecedor de uma atenção maior de todos. 
Mister que haja um nexo entre a política criminal e o psicopata, 
balanceando o princípio da dignidade da pessoa humana e o princípio da 
segurança pública. Dessa forma, deve-se aferir até quando essas medidas 
mostram-se eficazes. Mais importante, em verdade, é que haja uma 
conscientização de que a aplicação de tais medidas é um problema não só do 
preso ou do sistema carcerário, mas sim de todos envolvidos dentro da esfera 
punitiva. Os riscos à segurança das pessoas que trabalham dentro dos 
presídios, bem como dos próprios apenados, são gigantescas, tornando a 
situação um problema social. 
É temática conflitante, pois que não há entendimento dominante no 
ordenamento jurídico nacional: debates e divisão de opiniões existem, solução 
eficaz, não. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Psicopatia 
 
1.1-Conceito de psicopatia 
 
A terminologia "psicopatia" vem do grego psyche (mente) e pathos 
(doença): é a doença da mente. Contudo, o termo psicopatia não é visto como 
uma doença da mente pelos médicos psiquiatras, e sim como um transtorno de 
personalidade antissocial. 
 
"Esses indivíduos não são considerados como loucos, nem 
apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem 
delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam 
intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por 
exemplo). 
Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes 
adoecidas, mas sim de raciocínio frio e calculista combinado com total 
incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos 
pensantes e com sentimentos." (SILVA,2008, p. 37) 
 
“O termo antissocial refere-se, em regra (de acordo com o Manual de 
Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria), a certos 
comportamentos delinquentes crônicos que não se corrigem pela experiência 
nem pelo castigo.” (FONSECA, 1997, p. 469, grifos do autor). 
Segundo Holmes (1997), os psicopatas apresentam uma tríade de 
anormalidade, possuindo sintomas de humor (ausência de culpa e ansiedade, 
hedonismo, superficialidade de sentimentos e ausência de apego emocional), 
sintomas cognitivos (parecem ser muito inteligentes, com habilidades verbais e 
sociais bem desenvolvidas e têm habilidade de racionalizar seu comportamento, 
não aprendendo com a punição) e sintomas motores (impulsividade e atos 
agressivos, embora em minoria, também existem). 
As características dos psicopatas citadas por Mira y López (2005) são: 
atração pessoal superficial e boa inteligência; ausência de delírios; ausência de 
crises; falta de constância; falta de sinceridade; falta de pudor e ética; falta de 
autocrítica; egoísmo exagerado; pobreza afetiva; incapacidade de seguir um 
plano de vida; tendência à fantasia; propensão aos vícios; vida sexual 
desajustada. 
Sendo assim, no manual estatístico de diagnóstico de doenças mentais 
da associação americana de psiquiatria, cujo Brasil desde 1968 vem adotando 
uma tradução adaptada como Manual Diagnóstico e Estatístico, onde utiliza o 
termo “Transtorno de Personalidade Antissocial”, sob o código 301.7. 
 
301.7 Transtorno de Personalidade Antissocial Característica 
essencial: padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos 
outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na 
idade adulta. Sinônimos: psicopatia, sociopatia ou transtorno da 
personalidade antissocial. Classificação DSM-IV. (PSIQUIATRIA 
GERAL,2017) 
 
Contudo, Gray e Hutchison realizaram um inquérito do qual participaram 
667 (seiscentos e sessenta e sete) psiquiatras, e enumeraram as seguintes 
características da psicopatia: 
 
1-Não aprende pela experiência; 
2-Falta-lhe senso de responsabilidade; 
3-É incapaz de estabelecer relações significativas; 
4-Falta-lhe controle sobre os impulsos; 
5-Falta-lhe senso mora; 
6-É crônica ou periodicamente antissocial; 
7-A punição não lhe altera o comportamento; 
8-É emocionalmente imaturo; 
9-É incapaz de sentir culpa; 
10-É egocêntrico. (RAMOS, 1981, p. 85) 
 
O ponto chave sobre o psicopata é a falta de amor e empatia; são 
indivíduos que não se importam com o próximo e preocupam-se somente com o 
próprio bem-estar e com suas próprias ambições. Para eles não é relevante o 
que terão de fazer ou a quem terão de manipular para chegar onde desejam. 
Como diz BONFIM, em seu livro “O julgamento de um serial killer – o 
caso do maníaco do parque”: 
 
Embora sabendo o correto e o errado sobre a conduta humana, não 
teria o pleno autodomínio ou autodeterminação para agir de acordo 
com esse entendimento. Revela-se um mestre da manipulação, 
porquanto não sente angústia ou remorso, agindo linearmente sem 
emoção tanto quando delibera um plano criminoso como quando se 
dispõe a executá-lo ou a recordar, posteriormente, sobre ele. 
(BONFIM, 2004, p. 83) 
 
Acerca da empatia, esta nada mais é que "a capacidade de se colocar no 
lugar de outra pessoa, compadecendo-se de sua dor em determinada 
situações". 
Tem-se o pensamento de que os psicopatas são capazes de tudo, 
verdadeiros "monstros" que perpetram as maiores atrocidades (o que não é de 
todo errado); todavia, consoante estudos realizados na Universidade holandesa 
de Groningen, em 2012, os psicopatas têm a capacidade de decidir quando 
sentir ou não empatia por outras pessoas. 
 
Conforme os estudos é como se essas pessoas tivessem um 
interruptor, como o da luz de seu quarto, em que o sentimento de 
empatia (ou qualquer outro sentimento humano, como o de 
compaixão), pudesse ser ligado ou desligado. Isso porque, quando 
aconselhados pelos pesquisadores, os voluntários do estudo, todos 
com psicopatia, sentiram empatia e até mesmo vivenciaram a dor de 
pessoas que apanhavam, em um vídeo. 
Na primeira vez em que as imagens foram passadas, nenhum deles 
esboçou qualquer reação. Na segundo vez, no entanto, quando 
instruídos pelos cientistas, eles conseguiram sentir a dor das pessoas 
das imagens. Isso sim é louco, não? 
Para os estudiosos do assunto, isso quer dizer que se os psicopatas 
criminosos, ou mesmo os demais, poderiam conviver em sociedade 
(ou mesmo se regenerar) se fossem ensinados a manter a empatia 
ligada o tempo todo. Isso porque, se tratando de psicopatas, esse 
“dispositivo” é naturalmente desligado. (MEDEIROS, 2015) 
 
Porém, não se deve cometer equívocos e alegar que um psicopata não 
compreende a dor de outro indivíduo; o que ocorre é que ele sente prazer, 
satisfazendo os seus desejos íntimos. Em razão disso, praticam as mais cruéis 
atrocidades.Ilana Casoy reza que (2002, p. 22): 
 
“Segundo Brent E. Turvey, famoso psiquiatra forense, esta é uma 
evidência irrefutável de que o criminoso tem uma clara compreensão 
das consequências de seu comportamento e ação para vítima; 
entender que ela está humilhada e sofrendo é, em parte, o porquê de 
ele estar se comportando dessa maneira.” 
 
Em apertada síntese, a situação pode ser dita da seguinte forma: eles 
usam "máscaras" para esconder seu verdadeiro e perturbador “EU”; mostram-se 
sedutores, sagazes, interessantes e inteligentes, podendo até mesmo enganar 
autoridades e especialistas da saúde mental (psiquiatras despreparados para 
esse tipo de transtorno). 
Como versa o livro de Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p. 36): 
 
Estamos pisando agora num terreno assustador, intrigante e 
desafiador: a mente perigosa dos psicopatas. Como já foi exposto na 
introdução deste livro, eles recebem outros nomes, tais como: 
sociopatas, personalidades antissociais, personalidades psicopáticas, 
personalidades dissociais, entre outros. Muitos estudiosos preferem 
diferenciá-los, com explicações ainda subjetivas que, no meu entender, 
poderiam apenas confundir o leitor. Devido à falta de um consenso 
definitivo, a denominação dessa disfunção comportamental tem 
despertado acalorados debates entre muitos autores, clínicos e 
pesquisadores ao longo do tempo. Alguns utilizam a palavra sociopata 
por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de 
causar o problema. Outras correntes que acreditam que os fatores 
genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do 
transtorno adotam o termo psicopata. Por outro lado, também não 
encontramos consenso entre instituições como a Associação de 
Psiquiatria Americana (DSM-IV-TR)1 e a Organização Mundial de 
Saúde (CID-10).2 A primeira utiliza o termo Transtorno da 
Personalidade Antissocial, já a segunda prefere Transtorno de 
Personalidade Dissocial. 
 
Convém-nos esclarecer que os termos "psicopata", "sociopata" e 
"transtorno de personalidade Antissocial ou Transtorno de Personalidade 
Dissocial" são considerados sinônimos. O DSM.IV utiliza o termo 
"Personalidades Antissociais" enquanto a CID.10 usa "Personalidades 
Dissociais". Contudo, a psicopatia possui diferentes graus (leves, médios ou 
graves), e suas condutas, em consonância com tais graus, podem ser de menor 
dano ou mesmo com caráter de hediondez. 
 
1.2 Transtorno de personalidade antissocial 
 
É um erro se referir à psicopatia como um transtorno mental, como, e.g., 
a esquizofrenia. Segundo TRINDADE (2009, p. 59), a psicopatia deve ser 
considerada como um transtorno de personalidade. ”Psicopatia é personalidade; 
ela não é uma simples entidade, pois o que nela se procura captar são 
essencialmente aspectos que configuram „uma personalidade‟.” 
E mais: 
 
Personalidade refere-se a uma característica individual de modelo de 
pensamento, sentimento e comportamento. Nesse sentido, a 
personalidade é interna, reside no indivíduo, manifesta-se globalmente 
e possui componentes cognitivos, interpessoais e comportamentais. A 
personalidade descreve modelos comportamentais através do tempo e 
das situações. De acordo com essa definição, a psicopatia pode ser 
entendida como um modelo particular de personalidade. Aliás, a ideia 
de psicopatia como uma configuração da personalidade não é nova, 
pois a descrição inicial de CLECKLEY é um estudo sobre a 
personalidade. (TRINDADE, 2009, p. 59) 
 
A personalidade psicopática possui estas características: indivíduo 
aparentemente “normal”; extremamente inteligente, com ausência de medo e 
amor aos outros ao seu redor; extrema dificuldade em inter-relacionar-se 
socialmente; temperamento anormal; e falha de caráter. Sua habilidade 
manipuladora para atingir seus objetivos e satisfazer seu próprio ego é uma de 
suas características mais marcantes. 
De acordo com Robert Hare, o psicopata tem como definição: 
 
Um predador que usa charme, manipulação, intimidação, sexo e 
violência para controlar outros e satisfazer suas próprias necessidades 
egoístas. Com falta de consciência e empatia, o psicopata faz o que 
quer e o que tem vontade, violando normas sociais sem culpa ou 
remorso. (CROCE, 2010, p. 674 e 675) 
 
Portanto, uma palavra que define bem a personalidade psicopática é o 
egocentrismo. São seres portadores de uma extrema facilidade de 
comunicação, e, por conseguinte, uma aptidão descomunal de persuasão. 
Sedutores, bem articulados, inteligentes, astutos e manipuladores, conseguem 
envolver suas vítimas com muita facilidade no que desejam, com ausência de 
remorso e presença de prazer com a dor que causaram. O “[...] Transtorno de 
Personalidade Antissocial é um padrão de desconsideração e violação dos 
direitos alheios.” (JORGE, 2002, p. 641). 
Segundo a definição de Sidney Kiyoshi Shine, são características de um 
psicopata: 
 
“[...] indivíduos incapazes de fidelidade significativa com pessoas, 
grupos ou valores sociais. São excessivamente egoístas, insensíveis, 
irresponsáveis, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender 
com a experiência e com a punição. Sua tolerância à frustração é 
baixa. Tendem a queixar-se dos outros, ou verbalizar racionalizações 
plausíveis para seus comportamentos. Uma simples história de crimes 
ou transgressões de ordem social não é o suficiente para justificar este 
diagnóstico.” (SHINE, 2000, P.17) 
 
Guido Palomba relata que esses transtornos comprometem a afetividade, 
a conação-volição e a capacidade crítica, e que todas as outras estruturas 
psíquicas não são afetadas. No que tange à afetividade, predomina o fato de os 
psicopatas possuírem sentimentos superficiais, já que, por não deterem a 
habilidade de "sentir", acabam por simular sentimentos e emoções, 
demonstrando serem pessoas aprazíveis: isso dificulta a constatação do 
distúrbio. Já a conação pode ser estabelecida como o desejo para atingir um 
objetivo, e a volição é a ponte entre o objetivo e o resultado da ação. 
Os psicopatas são impulsivos e buscam por quaisquer meios para 
atingirem seu objetivo, seja para somente diversão ou mesmo para inflarem seu 
ego. 
 
“Em outras palavras, o "condupata" é um indivíduo que apresenta 
comprometimento da afetividade (insensibilidade, indiferença, 
inadequada resposta emocional, egoísmo), comprometimento da 
conação (intenção mal dirigida) e da volição (movimento voluntário 
sem crítica). A sua capacidade de autocrítica e de julgamento de 
valores ético-morais está sempre anormalmente e estruturada, pois se 
estivesse boa haveria inibição da intenção, não dando origem ao 
movimento voluntário em direção ao ato” (PALOMBA, 2003, p. 516) 
 
Por fim, a inexistência de sua capacidade crítica, já que é a característica 
mais marcante do psicopata, e a falta de consciência, faz com que realize 
condutas que ferem princípios morais sem qualquer sentimento de culpa. 
 
“Por exemplo, depois de fazer algo errado, inapropriado ou ilegal (não 
devolver dinheiro emprestado ou matar alguém) a pessoa com TPA 
não mostrará qualquer ansiedade, culpa ou remorso. Porque eles não 
têm o constrangimento tipicamente suprido pela ansiedade, as 
pessoas com TPA tendem a ser 'frouxas', impulsivas e ter uma atitude 
temerária” (HOLMES, 2001, p. 309) 
 
Alguns psicopatas demonstram esses transtornos e características desde 
a infância, por isso é dever dos pais e cuidadores ficarem atentos às suas 
condutas, porquanto pelos seus atos e frieza é se que pode identificar a 
psicopatia precocemente. Robert Hare afirma que "não há como dizer se uma 
criança se tornará um adulto psicopata. Mas se ela age de modo cruel com 
outras crianças e animais, mente olhando nos olhos e não tem remorso, isso 
sinaliza um comportamento problemático no futuro". 
Um caso que merece ser mencionado: 
 
Elizabeth Thomas 
“Ninguém imagina que alguém é capaz de matar a sangue frio com 
nove anos de idade, mas é sim.” 
Esta é a história realda menina que perdeu sua mãe quando tinha 
apenas um ano de idade. Ela e seu irmão ficaram sob a tutela do pai 
biológico, que abusou sexualmente das duas crianças. Seis meses 
depois, os médicos identificaram os abusos e as crianças foram 
acolhidas por uma assistente social. 
Felizmente, Beth e Jonathan, seu irmão mais novo, foram adotados 
por um casal cristão que queria muito ter filhos, mas que não podiam 
gerá-los. Tudo ia muito bem até que Beth começou a ter estranhos 
pesadelos, foi aí que eles perceberam que havia algo errado. 
Pesadelos, o primeiro sinal do comportamento antissocial da 
pequena Beth 
Os pesadelos de Beth eram sobre um homem que “caía em cima dela 
e a machucava.” Além disso, Beth tinha um comportamento bastante 
violento com seu irmão, com seus pais e com os animais (que ela 
chegava a matar). Além da raiva, Beth manifestava um comportamento 
sexual inadequado: ela se masturbava publicamente e de forma 
excessiva, chegando a sangrar. 
Esses fatos fizeram seus pais considerarem a possibilidade de 
procurar a ajuda de um psicólogo. Foi o Dr. Ken Magid, um psicólogo 
clínico, especialista em tratamento de crianças vítimas de abuso 
sexual grave, que cuidou do caso de Beth. Durante suas seções de 
terapia, ele gravou um vídeo onde entrevistava a menina, vídeo este 
que tem percorrido o mundo todo. As coisas que ele descobriu sobre 
as consequências e os efeitos dos abusos sexuais é objeto de estudo 
em todas as faculdades de psicologia. 
O arrepiante diálogo entre Beth e seu psicólogo 
Esta é uma pequena parte do início da conversa: 
“Dr. Ken: As pessoas têm medo de você, Beth? 
-Beth: Sim. 
-Dr. Ken: Seus pais têm medo de você? 
-Beth: Sim. 
-Dr. Ken: O que você quer fazer com eles? 
-Beth: Esfaqueá-los. 
-Dr. Ken: O que você quer fazer com o seu irmão? 
-Beth: Matá-lo. 
-Dr. Ken: Em quem você gostaria de espetar alfinetes? 
-Beth: Na mamãe e no papai. 
-Dr. Ken: O que você quer que aconteça com eles? 
Beth: Que Morram.” 
Beth: Que Morram.” 
Ela admitiu ter maltratado seu irmão fisicamente 
Em suas conversas com o Dr. Ken, Beth admitiu friamente que 
maltratava seu irmão desde sempre. Ela contou que batia a cabeça 
dele contra o chão, furava o corpo dele e suas partes íntimas com 
agulhas, puxava e chutava seus órgãos genitais… Ela até explicou 
que, uma vez, tentou matá-lo e só parou porque seus pais a 
descobriram. Ela também admitiu ter pensado seriamente em matar 
seus pais em várias ocasiões. Beth também contou que costumava 
maltratar os seus animais de estimação, inclusive, ela matou vários 
deles, até mesmo os que vagavam pelo pátio de sua casa. Diante de 
todos estes fatos que ela mesma relatava, Beth admitiu não sentir 
nenhum tipo de ressentimento e nem culpa, seu tom de voz em 
todas as suas declarações era frio e calmo, como se estivesse 
explicando qualquer assunto trivial. Quando questionada sobre o 
porquê de ela agir dessa maneira, ela respondeu que queria que todos 
sentissem tudo o que ela sentiu quando sofria abusos do seu pai. Além 
disso, sempre que o médico perguntava se ela estava ciente de que 
estas ações causavam muito sofrimento na outra pessoa, com calma, 
ela respondia que sim, que era exatamente isso que ela queria. 
A internação em um centro especializado e o tratamento 
psicológico 
Depois de uma longa conversa, o psicólogo decidiu internar a menina 
em um centro de tratamento para crianças com transtornos de 
comportamento. Beth foi diagnosticada com um grave transtorno de 
conduta, que é caracterizado pelo desenvolvimento da incapacidade 
de estabelecer relacionamentos saudáveis e adequados, devido ao 
histórico de abuso sexual e maus tratos. Quem sofre do transtorno de 
conduta precisa receber atendimento psicológico urgente. No caso de 
Beth, a completa falta de empatia colocava em risco todos à sua volta, 
incluindo ela mesma. Essa falta de empatia poderia ser facilmente 
comparada com distúrbios como a psicopatia ou sociopatia. Beth não 
foi diagnosticada como uma psicopata porque, naquela época, ainda 
não era conhecida a existência do transtorno de personalidade 
antissocial (transtorno de personalidade antissocial antes dos 18 
anos), o que continua sendo assunto de um extenso debate entre os 
acadêmicos de saúde mental. 
Tratamento psicológico para controlar os impulsos antissociais 
O tratamento imposto a Beth era muito rigoroso. Costumava ser 
aplicado especialmente em crianças com o mesmo transtorno, que não 
respeitavam regras e nem hábitos. Beth ficava trancada em uma sala 
durante a noite, para evitar que ela machucasse outras crianças. Ela 
precisava pedir permissão para tudo, para ir ao banheiro, para beber 
água… Qualquer coisa. 
Com o tempo, as restrições foram diminuindo e Beth foi melhorando 
gradualmente. 
Beth se recuperou totalmente e hoje é uma pessoa com uma vida 
comum. 
No final do vídeo, podemos ver um grande avanço no tratamento de 
Beth. Ao longo dos anos, Beth foi melhorando e se tornou uma pessoa 
com capacidade de sentir empatia e de ter consciência das 
consequências de suas ações. Obviamente, a aparente „maldade‟ dela 
tinha sua origem nos abusos e maus tratos que ela sofreu quando 
ainda era um bebê. Seu caso ilustra claramente as consequências 
terríveis dos abusos sexuais e dos maus tratos físicos e psicológicos 
em uma idade ainda jovem. 
Atualmente, Beth leva uma vida normal e trabalha como enfermeira. 
Ela ganhou vários prêmios por suas realizações profissionais. 
Este caso nos leva às seguintes conclusões: a importância de uma boa 
criação, especialmente durante os períodos mais difíceis da vida da 
criança. Também nos mostra que a terapia psicológica pode ser sim, 
muito eficaz, mesmo em casos de extrema gravidade e que parecem 
irredutíveis. (SOUZA, 2016) 
 
O psicopata tende a ser um perigo para todos, tendo em vista que nem 
todos são criminosos; alguns podem até estar dentro de empresas, na figura de 
chefes. 
De acordo com o pesquisador sobre psicopatia Robert Hare, o psicopata 
é definido como: 
 
Um predador que usa charme, manipulação, intimidação, sexo e 
violência para controlar outros e satisfazer suas próprias necessidades 
egoístas. Com falta de consciência e empatia, o psicopata faz o que 
quer e o que tem vontade, violando normas sociais sem culpa ou 
remorso. (CROCE, 2010, p. 674 e 675). 
 
A semelhança existente entre um criminoso e um psicopata é que, tanto 
um quanto o outro não respeitam as regras impostas pela sociedade. Como 
assevera Hilda Morana, presidente do Departamento de Psiquiatria Forense da 
Associação Brasileira de Psiquiatria, “o criminoso comum tem um transtorno de 
caráter, mas não chega à característica de crueldade do criminoso psicopata”. 
De outro norte, a diferença existente é que, na maioria das vezes, o criminoso 
sente culpa e/ou remorso e certamente teme pela punição do ato cometido; já o 
psicopata não possui sentimento de culpa ou remorso, mas sabe a 
diferenciação do certo e errado, não temendo, entrementes, as consequências 
de seus atos (punição). Exatamente por ser dotado de entendimento de certo e 
errado - e mesmo assim escolhendo fazer o que para ele é mais vantajoso - é 
que devemos nos questionar: como adequar o entendimento de ser o psicopata 
semi-imputável ou inimputável perante a lei, se consideramos o criminoso 
comum como imputável? 
Morana (2016) cita o exemplo do criminoso que sequestra o filho de 
algum empresário, mantém-no em cativeiro enquanto negocia com a família 
para angariar dinheiro "fácil", e, no máximo, ameaça cortar um pedaço da orelha 
da vítima. O psicopata, por sua vez, fá-lo apenas por crueza. Segundo Hilda 
Morana: “O psicopata comete 4 vezes mais crimes violentos que o criminoso 
comum. Pratica maldades que não precisaria para conseguir dinheiro fácil”. 
 
No geral, esse tipo de criminoso acaba preso, porém, como possui uma 
capacidade absurda de simulação, acaba “demonstrando” arrependimento e 
conquistando uma chance de ser favorecido pela liberdade condicional. Nãoobstante, há que se fazer um alerta: tais infratores não têm capacidade de 
aprender com a punição quando voltam ao convívio social, e o fazem sem 
efetiva mudança, o que os compele a efetuar novos crimes. Segundo estudo 
canadense a taxa de reincidência dos psicopatas chega a 70% (setenta por 
cento). 
 
“A psicopatia é um dos prognósticos mais poderosos de reincidência 
de crimes”, diz o psicólogo forense Stephen Porter, que realiza 
pesquisas com psicopatas em prisões do Canadá. Segundo ele, o 
criminoso psicopata comete mais crimes, com uma maior variedade e 
com mais violência que os criminosos comuns. (SZKLARZ, 2016) 
 
São uníssonos os relatos dos especialistas em psiquiatria de que, quando 
adulto, não há mais chances de se tratar um psicopata. “Quando é forçado a 
passar por terapia, em geral ele fica pior, pois aprende como usar a psicologia 
para manipular ainda mais as pessoas” (Szklarz, 2016), diz a enfermeira 
psiquiátrica americana Pamela Kulbarsh, de uma equipe de emergência 
psiquiátrica em San Diego, EUA. “A terapia tradicional pode fazer com que o 
psicopata cometa mais crimes e com mais maldade. ” (Szklarz, 2016) 
A característica marcante do indivíduo com psicopatia é a inteligência, a 
forma como prepara detalhadamente suas ações e sabe o momento certo de 
agir. Há os psicopatas estelionatários, os violentos (que praticam coisas 
maquiavélicas com outro ser humano) e os estupradores. Todos, sem exceção, 
sentem prazer em humilhar e causar sofrimento a suas vítimas. Por fim, como 
são extremamente inteligentes e hábeis após cometerem os delitos, eliminam 
quaisquer vestígios que possam incriminá-los. 
O Psiquiatra argentino Luis Alberto Kvitko, professor de medicina legal da 
Universidade de Buenos Aires, relata: “O psicopata tem uma falha de 
consciência moral. A ele não interessa o que diz a lei. Ele a entende, mas tem 
suas próprias leis. Faz o que quer sem se importar com as consequências” 
(Szklarz, 2016) 
E, ainda, diz que: 
 
“Isso não quer dizer que seja inconsciente. Ao contrário: tem plena 
consciência de seus atos.” (SZKLARZ, 2016) 
 
Os considerados semi-imputáveis, de acordo com os estudos de 
psicologia jurídica, possuem idade mental entre 07 (sete) a 12 (doze) anos, e 
quociente intelectual de 50 (cinquenta) a 90 (noventa) anos, o que justifica a 
causa de excludente da culpabilidade (artigo 26 do código penal). 
 
Art. 26- É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) 
 
O próprio "códex" supramencionado afirma que, para ser isento de pena 
e ser aplicada medida de segurança, o agente tem de ser inteiramente incapaz 
de entender o caráter ilícito do fato. Para psiquiatras especialistas na área, isso 
não se aplica aos psicopatas. No entanto, na visão prevalecente dos 
doutrinadores, o psicopata é considerado semi-imputável, ao passo que na 
legislação brasileira a pena é diminuída de 1 a 2/3 (um a dois terços) ou poderá 
ser aplicada medida de segurança (artigo 26 do Código de Processo Penal). 
Dispõe o artigo 26, parágrafo único: 
 
Parágrafo único- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente 
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Contudo, os psicopatas possuem alto grau de manipulação, 
“escondendo-se” na sociedade como pessoas normais e planejando seus atos 
com muita cautela para lhes favorecer; são, como se vê, inteligentes. É 
importante mencionar que os médicos psiquiatras não consideram o psicopata 
como um doente mental. Esses indivíduos não possuem nenhum tipo de 
distúrbio, alucinação ou qualquer outra coisa que possa debilitar sua capacidade 
de raciocínio ou de discernimento. 
Dessarte, seus atos são visivelmente de pessoas dotadas de capacidade 
racional plena e capaz, pois que precisamente calculados, manipulados e frios. 
Sua extrema inteligência impressionam até mesmo as autoridades e 
especialistas quando se lembram e descrevem detalhadamente todos os crimes 
que cometeram. Não resta duvidas que a saúde mental do psicopata é 
produtiva. 
 
1.3 Transtorno mental 
 
O transtorno mental se caracteriza como dificuldade de distinguir o "real" 
da "imaginação". São alterações da mente que acabam por prejudicar todo 
convívio em sociedade. Possuem alucinações que podem fazê-los perderem 
totalmente a noção da realidade, podendo cometer atos ilícitos com outra 
pessoa, sem ter consciência do seu ato no momento da ação; entretanto, 
pessoas com esse tipo de transtorno podem ser tratadas e recuperadas. 
O indivíduo com tal transtorno pode com ele nascer ou adquiri-lo após 
sofrer alguma espécie de trauma. Dessa forma, o Estatuto da pessoa com 
deficiência traz o seguinte, no artigo 2º "caput" da Lei n. 12.852/2013: 
 
ART 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem 
impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou 
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode 
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de 
condições com as demais pessoas. 
 
Houve reformas no Estatuto da pessoa com deficiência no que diz 
respeito à incapacidade civil. As mudanças ocorreram: a) no artigo 3º, incisos I a 
II, que versava sobre os absolutamente incapazes como sendo os menores de 
16 anos, os que possuíam alguma enfermidade ou deficiência mental, e os que 
por algum motivo não podiam exprimir suas vontades; b) e no artigo 4º do 
Código Civil, que versava sobre o portador de síndrome de down, e em sua 
nova redação não são considerados mais como absolutamente incapaz. 
 
O art. 3º do Código Civil continha a seguinte redação: "São 
absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: 
I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a 
prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não 
puderem exprimir sua vontade". 
 
Com a alteração, o artigo aludido passou a considerar como 
absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos. Ou seja, para o 
Código Civil os enfermos mentais passaram a ser capazes: estão, doravante, 
incluídos socialmente, tendo dignidade para exercer seus atos civilmente. 
 
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos 
da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela 
Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) 
- (Revogado); (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) 
- (Revogado); (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) 
- (Revogado). (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) 
 
Criou-se, a partir daí, um conflito entre o direito civil e o direito penal, pois, 
naquele, um enfermo mental é totalmente capaz segundo os artigos 3º e 4º do 
Código Civil, mas neste é ainda considerado inimputável, aplicando-se o artigo 
26 do Código Penal (porém, um inimputável capaz). 
Relata Vitor Frederico Kümpel, juiz de Direito em São Paulo e doutor em 
Direito pela USP: 
 
Mas o que causa maior perplexidade é o fato de a nova lei romper a 
harmonia até então existente entre o Direito Civil e Penal, de modo 
que, a partir da derrogação dos arts. 3º e 4º do Código Civil, teremos o 
seguinte quadro, no que se refere às pessoas com deficiência: 
a) Para fins penais, aplica-se o art. 26, "caput", do Código Penal, que 
reconhece a inimputabilidade do sujeito que, por doença mental ou 
desenvolvimento incompleto ou retardado, é inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordocom 
esse entendimento; portanto, qualquer que seja o delito praticado por 
esse sujeito, desde os mais brutais, v.g., homicídio, latrocínio ou 
estupro, até os mais sofisticados, e.g., estelionato, apropriação 
indébita e falsidade ideológica, a lei o isentará de pena, cabendo ao 
magistrado lhe impor medida de segurança, conforme sua 
periculosidade; 
b)Para fins civis, aplicam-se os novos arts. 3º e 4º do Código Civil, com 
vigência a partir de 3 de janeiro de 2016 (art. 127 da lei 13.146/15), e 
as demais disposições do Estatuto, que reconhecem a validade de 
qualquer negócio jurídico celebrado pela pessoa com deficiência, 
desde os mais simples, como uma compra e venda de bem móvel, até 
os mais complexos, como a aquisição de um automóvel por contrato 
de “leasing” mediante alienação fiduciária em garantia, muito embora o 
art. 84, parágrafo 1º, do novo Estatuto disponha que "quando 
necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, 
conforme a lei", apesar de não ser incapaz. 
Com efeito, o novo diploma "criou" um sujeito muito estranho, que 
desconhece a caráter ilícito de um crime de homicídio, latrocínio, 
estupro, enfim, de toda gama de delitos existentes no arcabouço 
jurídico-penal, mas, por outro lado, entende perfeitamente a natureza 
de qualquer negócio jurídico, desde os mais corriqueiros e que não 
exigem profundo conhecimento sobre o seu conteúdo, como a 
aquisição de um bem móvel pela ocupação (CC, art. 1.263), até os 
contratos mais complexos e sofisticados, como os de "Factoring" e 
"time sharing", não tendo problemas, ainda, para se casar e conhecer 
todas as implicações do regime de bens que eleger. (KUMPEL, 2015) 
 
1.3.1 A diferença entre transtorno antissocial e transtorno mental 
 
É costumeiro ter a dedução de que o psicopata é um “louco” que possui 
um transtorno mental, o que é uma forma totalmente equivocada de 
pensamento, na medida em que o indivíduo que dispõe de um transtorno mental 
apresenta delírios e alucinações (como é o caso do esquizofrênico), perdendo 
totalmente a noção da realidade e podendo até mesmo ferir a si próprio no 
momento de perturbação. Os psicopatas, por sua vez, sentem prazer prejudicar 
o outro, sem qualquer remorso. 
Wagner Gattaz (2016), médico psiquiatra e professor de psiquiatria no 
Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, diz que: 
 
A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, que se 
caracteriza pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar 
fechada em si mesma, com o olhar perdido, indiferente a tudo o que se 
passa ao redor ou, os exemplos mais clássicos, ter alucinações e 
delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais escuta e imagina estar 
sendo vítima de um complô diabólico tramado com o firme propósito de 
destruí-la. Não há argumento nem bom senso que a convença do 
contrário. 
Antigamente, esses indivíduos eram colocados em sanatórios para 
loucos, porque pouco se sabia a respeito da doença. No entanto, nas 
últimas décadas, houve grande avanço no estudo e tratamento da 
esquizofrenia que, quanto mais precocemente for tratada, menos 
danos trará aos doentes. 
 
Em contrapartida, o psicopata, como observado, tem plena ciência do que 
faz e sabe quem irá prejudicar para chegar aonde deseja. Eles não respeitam as 
regras em sociedade, não possuem conduta moral e com certeza não aprendem 
com punição, mas têm cabal consciência de que estão cometendo ato ilícito. 
Diversamente do esquizofrênico, que pode atingir e machucar a si próprio, o 
psicopata não faz mal a si; pelo contrário, seus atos são apenas para satisfazer 
a seus próprios interesses. Sobre essa questão, menciona a psiquiatra Ana 
Beatriz Babosa Silva (2013): 
 
Psicopatas não são débeis, tampouco apresentam sofrimento 
emocional. Se um criminoso psicopata for condenado e não receber tal 
diagnóstico, cumpre penas como presidiário comum, e permanece em 
celas de criminosos recuperáveis. Quando esse indivíduo sair da 
cadeia, a sociedade corre os mesmos riscos de antes, uma vez que os 
psicopatas não aprendem com os erros passados, com qualquer 
punição ou método de ressocialização. 
 
Todavia, é de suma importância que haja uma distinção e que se entenda 
que a psicopatia não se trata de um transtorno mental. O psicopata não é um 
doente mental (este recebe medida de segurança, tratamento psiquiátrico, e 
pode vir a se recuperar, sendo considerado semi-imputável). O psicopata, 
conforme dito alhures, tem plena consciência de seus atos, manipula e escolhe 
suas vítimas. Sendo assim, é inapropriado ser este considerado semi-imputável. 
 
1.3.2 Casos de criminosos psicopatas no Brasil 
 
Vania Basílio Rocha 
 
A vendedora Vania Basílio Rocha, de 18 anos, foi presa em flagrante 
após matar o ex-namorado a facadas nesta quarta-feira (30), em Vilhena (RO). 
Segundo a Polícia Civil, o crime aconteceu na casa da vítima, no momento que 
os dois iriam iniciar uma relação sexual. Enquanto estavam deitados na cama, a 
jovem pegou a faca que estava escondida dentro da bolsa e golpeou Marcos 
Catanio Porto, de 26, em várias partes do corpo, que não resistiu aos 
ferimentos. Em entrevista na delegacia, Vania confessou o crime. "Queria matar 
alguém. Não me arrependo. Fiquei olhando olho no olho até ele morrer", revela. 
Segundo ela, três nomes de possíveis vítimas foram colocadas em uma 
lista: um amigo, um 'ficante' e o ex-namorado. Na noite de terça-feira (29), ela 
entrou em contato com o amigo, mas ele estava na casa de um irmão, que mora 
longe da cidade. Já a outra pessoa com quem estava se relacionando, que seria 
a segunda vítima, estava com a família e não poderia vê-la. 
Na manhã desta quarta-feira, Vania ligou para Marcos alegando que 
queria se despedir, pois iria embora para outro estado. Ela então colocou uma 
faca de cozinha dentro de uma bolsa e foi para a casa da vítima, que havia 
aceitado receber a visita. Na casa, o casal foi para o quarto e, durante as 
preliminares sexuais, esfaqueou o ex-namorado. 
"Eu queria matar uma pessoa só, dos três. Eu tapei o olho dele. Aí peguei 
a faca e meti nele. Ele reagiu e veio para cima de mim e eu fui para cima dele 
também. Eu enforquei ele, e aí comecei a meter [facadas] em outras partes do 
corpo dele. Daí ele gritou socorro e a porta estava trancada. O irmão dele 
quebrou a janela. Quando o irmão dele entrou ele já estava quase morrendo. 
Fiquei olhando olho no olho até ele morrer", narrou. 
Após o crime, Vania conta que foi para o banheiro e a família do ex-
namorado chamou a Polícia Militar. Ela contou que terminou o namoro há dois 
meses com Marcos, com quem namorou durante 9 meses. "Não me arrependo. 
Não sei se um dia vou me arrepender", explica. 
Vania foi classificada como psicopata – pessoal com transtorno de 
personalidade antissocial – nos laudos médicos divulgados pelo Tribunal de 
Justiça de Rondônia (TJ-RO). Segundo o tribunal, o resultado baseia-se no 
exame de sanidade mental realizado em Vilhena, cidade onde ocorreu o crime, 
a cerca de 700 km de Porto Velho. 
Mesmo com o resultado, o TJ-RO diz que Vania não pode ser isenta de 
responder por seus atos judicialmente, pois "apresentou plena capacidade de 
entender o caráter criminoso do fato". Vania também deverá fazer 
acompanhamento psiquiátrico por recomendação médica. (Disponível em 
<http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/laudo-revela-que-
acusada-de-matar-ex-facadas-no-ato-sexual-e-sociopata.html>. Acesso em 10. 
Maio. 2017) 
 
Guilherme de Pádua 
 
Em 28 de dezembro de 1992, se envolveu no assassinato da atriz 
Daniella Perez, junto à sua ex-esposa Paula Nogueira Thomaz (atual Paula 
Nogueira Peixoto). 
Junto à sua ex-esposa, que hoje assina Paula Nogueira Peixoto, que na 
época tinha muito ciúme de Daniella, Guilherme de Pádua tramou o 
assassinato. Eles emboscaram Daniella em frente a um posto de gasolina, 
situação esta vista e confirmada por dois frentistas. Guilherme não somente 
deu-lheum violento soco, como também espancou a atriz, colocou-a no carro de 
Paula, onde Daniella começou a ser apunhalada e seguindo direção ao Escort 
da atriz. Depois, ambos, após terem-na apunhalado 18 vezes com uma tesoura, 
atiraram o corpo da atriz em um matagal da Barra da Tijuca. O crime teria sido 
motivado por inveja, cobiça e vingança, já que segundo a acusação, Guilherme 
dava em cima de Daniella, e sem obter êxito em suas investidas, creu que pelo 
fato de ter deixado de aparecer em dois capítulos da novela na semana do 
crime, Daniella teria contado sobre suas perseguições a sua mãe, como forma 
de prejudicá-lo. 
Em 1995, Pádua escreveu o livro "A História que o Brasil desconhece", 
enquanto estava na cadeia e pretendia lançá-lo durante a Bienal do Livro do Rio 
daquele ano, mas uma liminar conseguida por Glória Perez suspendeu o 
lançamento. 
Em 25 de janeiro de 1997, Guilherme e Paula foram condenados por 
homicídio qualificado, com motivo torpe, a 19 anos e 6 meses de cadeia. 
Cumpriu somente 6 anos. 
É mencionado em um capítulo do livro da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, 
"Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado". (Disponível em 
http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/laudo-revela-que-acusada-de-matar-ex-facadas-no-ato-sexual-e-sociopata.html
http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/laudo-revela-que-acusada-de-matar-ex-facadas-no-ato-sexual-e-sociopata.html
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_de_P%C3%A1dua>. Acesso em 10. 
Maio. 2017) 
 
Suzane Von Richthofen 
 
Planejou (e ajudou na execução junto com os irmãos Cravinhos, Daniel 
namorado de Suzane à época do crime e Christian irmão de Daniel) o 
assassinato dos próprios pais. Manfred e Marísia von Richthofen foram 
espancados até a morte com barras de ferro. 
Há divergências sobre a motivação: a herança de R$10 milhões deixada 
pelo casal Richthofen e/ou a proibição do namoro de Daniel e Suzane. 
Indícios apontam que Suzane conduziu testes de ruídos na casa para 
decidir sobre o uso ou não de armas de fogo, traçou a estratégia, desligou os 
dispositivos de segurança da casa, permitiu a entrada dos irmãos Cravinhos, 
espalhou documentos e objetos pela casa e arrombou uma maleta de dinheiro 
do pai para simular um latrocínio. 
Depois do assassinato, Suzane e Daniel deixaram Christian perto da casa 
dele e foram para um motel – primeiro disseram ter feito sexo naquela noite, 
depois negaram. Saindo do motel, eles buscaram Andreas, irmão de Suzane, 
que estava em um cibercafé (odeio o termo, mas foi o que usaram nas 
reportagens e eu resolvi não mexer!). 
Desde que chegou na casa dos Richthofen, a polícia desconfiou do 
comportamento de Daniel e Suzane e de detalhes da cena do crime. Depois de 
investigação, Christian foi confrontado a respeito de uma moto 0 km que 
comprou logo após o crime. Ele foi o primeiro a confessar. 
Suzane foi condenada a 39 anos de prisão em regime fechado. Daniel 
teve a mesma pena e Christian pegou 38 anos de prisão. Os três seguem 
cumprindo suas penas. (Disponível em < 
http://serpsicopata.blogspot.com.br/2013/02/as-criminosas-mais-famosas-do-
brasil.html >. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Francisco das Chagas Rodrigues de Brito 
 
O mecânico de bicicletas Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, de 
45 anos, foi condenado, em julgamento encerrado dia 27/08/09, a 36 anos e 6 
meses de prisão. Francisco era acusado dos homicídios de duas crianças na 
cidade de São José do Ribamar, cidade na região metropolitana de São Luís 
(MA). Também foi condenado por ocultação de cadáver e vilipêndio (isto é, 
atitude desrespeitosa com os corpos). 
Estes crimes ocorreram no ano 2000. Duas crianças, de 10 e 11 anos, 
foram mortas. Contudo, não é a primeira vez que Francisco das Chagas é 
julgado. Em 2006, Francisco já havia sido condenado a mais de 20 anos de 
prisão pelo homicídio de um adolescente de 15 anos – a pena seria maior, mas 
foi reduzida porque Francisco foi considerado semi-imputável, isto é, 
considerou-se que ele possui um transtorno mental (o transtorno de 
personalidade anti-social) que reduz sua capacidade de controlar seus impulsos. 
Neste julgamento atual, a pena também foi reduzida, pelo mesmo motivo, em 
um terço. 
Na verdade, suspeita-se que Francisco das Chagas tenha matado mais 
de 40 crianças e jovens do sexo masculino, entre 1989 e 2003, o que o tornaria 
um dos mais agressivos serial killers brasileiros– teriam sido 30 vítimas no 
Maranhão (também na cidade de Paço do Lumiar) e 12 no Pará. 
Sua história ficou conhecida como “o caso dos meninos emasculados do 
Maranhão e de Altamira (PA)”, pois o assassino mutilava os órgãos sexuais da 
maioria das vítimas. 
Porém, este não era o único ato bárbaro de Francisco. As mortes eram 
por asfixia ou com uso de objetos cortantes. Antes, ele abusava sexualmente 
dos garotos. Depois de mortos, de alguns ele cortou a cabeça ou dedos, de 
outros queimou o corpo. 
Segundo o promotor do caso atual, Francisco, que está preso desde 2004 
(ano em que foram encontradas duas ossadas enterradas na sua casa), 
confessou os crimes e colaborou com as investigações, mas às vezes se 
divertia fazendo um “jogo” testando a capacidade dos policiais em desvendar a 
história. (Disponível em <https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-
maiores-serial-killers-brasileiros/>. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Fortunato Botton Neto – O Maníaco do Trianon 
 
Entre 1986 e 1989, Fortunato Botton Neto, garoto de programa que 
atuava no Trianon, matou 13 homens– com idades entre 30 e 60 – com 
requintes de crueldade. Quando foi preso, confessou os crimes com detalhes de 
embrulhar o estômago. 
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/
Depois de combinar o preço do programa, ele seguia para o apartamento 
das vítimas, onde bebia com elas até que ficassem totalmente alcoolizadas. 
Amarrava os tornozelos e os pulsos, amordaçava e matava por 
estrangulamento, golpes de faca ou chave de fenda. 
Em alguns casos, chegou a pisotear as vítimas até que os órgãos 
internos saíssem pela boca, ouvidos, nariz e ânus. Terminado o serviço, ele 
vasculhava o apartamento da vítima à procura de dinheiro e objetos valiosos 
que pudessem ser vendidos facilmente sem levantar suspeitas. 
A frieza com que Neto relatou os crimes chocou os policias que 
trabalhavam no caso. Em de seus depoimentos, o maníaco diz: “Matar é como 
tomar sorvete: quando acaba o primeiro, dá vontade de tomar mais, e a coisa 
não para nunca”. Neto foi condenado por três dos sete crimes que confessou. 
Morreu na prisão em fevereiro de 1997, de broncopneumonia decorrente da 
Aids. (Disponível em <https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-
maiores-serial-killers-brasileiros/>. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Tiago Henrique Gomes da Rocha 
 
Caso se confirmem as 39 mortes confessadas em Goiânia, segundo a 
polícia, pelo vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, o brasileiro estará entre 
os serial killers mais letais da história moderna. É o que afirma o professor de 
criminologia americano Scott Bonn, da Universidade Drew, em Nova Jersey 
(EUA). 
Durante meses, as famílias de Goiânia viveram aterrorizadas, com medo 
de um serial killer que estaria matando mulheres a esmo na cidade. Entre 
janeiro e agosto, 16 foram assassinadas. Em 2012, pairou a mesma suspeita 
diante de uma série de execuções de moradores de rua. Na terça-feira 14, a 
polícia prendeu o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26 anos, e 
anunciou ter desvendado esses mistérios após ele ter confessado 39 homicídios 
– entre suas vítimas também estavam homossexuais. “Ele matava porque sentia 
raiva de tudo e de todos”, afirmou Deusny Aparecido Silva Filho, 
superintendente da Polícia Civil. “Quando matava, ele relata que sentia alívio e 
parecia acabar com oestresse.” Há 70 dias, uma força-tarefa da Polícia Civil 
começou a investigar o assassinato das mulheres, a execução de um homem e 
outros crimes de agressão. A polêmica envolvendo um suposto assassino em 
série começou no dia 18 de janeiro com a morte de Bárbara Luiza Ribeiro 
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/
Costa, 14 anos. Nos últimos meses, mais homicídios com as mesmas 
características foram denunciados: mulheres entre 13 e 29 anos executadas a 
tiros por um motociclista de capacete. “No começo, ele matava aleatoriamente, 
mas no fim estabeleceu um padrão”, diz João Gorski, delegado-geral da polícia. 
(Disponívelem<http://istoe.com.br/388143_O+SERIAL+KILLER+DE+GOIANIA/>
. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Silvia Calabrese Lima 
 
Em 2008 a policia a partir de uma denuncia anônima chega ao 
apartamento de uma empresaria do ramo de Construção Civil, que foi presa em 
flagrante por maltratar uma menina que morava com ela a pouco tempo, a 
menina tinha 12 anos. 
Amordaçada com gazes e esparadrapos embebidos com pimenta, vários 
dedos quebrados, unhas arrancadas, marcas de Ferro pelo corpo, dentes 
quebrados a martelada. 
A empregada também foi presa como cumplice, que disse que a 
maltratava a mando da patroa, e marcava em um caderninho dia e hora das 
agressões. 
A Própria delegada do caso, declarou a revista Veja: ela é sádica, sente 
prazer em torturar, e nunca demostrou sequer arrependimento. 
Palavras do psiquiatra forense Guido Palompa: “São pessoas de natureza 
deformadas".(Disponívelem<http://novospsicologos.blogspot.com.br/2010/04/psi
copata-foi-manchete-nos-jornais.html >. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Cláudio de Souza (Maníaco da Lanterna): 
 
Segundo a polícia, Souza cometeu uma série de ataques a casais de 
namorados entre os anos de 2001 e 2005 na região norte de Mato Grosso. Ele é 
acusado de ter matado ao menos nove pessoas. Souza era andarilho e sempre 
estava armado. Ele se escondia no mato e usava uma lanterna para iluminar a 
escuridão e abordar os casais. 
As vítimas eram atacadas em locais ermos e escuros da cidade, onde iam 
namorar, e pelo menos cinco mulheres sofreram violência sexual antes de serem 
mortas. Souza foi preso em flagrante no início de abril de 2008, na periferia de Alta 
Floresta, onde matou um casal. Ele foi condenado a 20 anos de prisão pelo 
crime em maio deste ano. Em 2011, Souza já havia sido condenado à mesma pena 
pela morte de uma mulher e por tentativa de homicídio contra o namorado dela em 
Sinop, a 503 km de Cuiabá, onde está preso atualmente. (Disponível em < 
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/12/relembre-9-casos-de-assassinos-que-
chocaram-o-pais-com-seus-crimes.html >. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Marcos Trigueiro (Maníaco de Contagem): 
 
Todas suas vítimas eram mulheres magras, morenas, de cabelos longos e 
lisos. Foram abordadas no carro e depois estupradas e mortas por 
estrangulamento. Trigueiro foi preso em fevereiro de 2010, depois que exames de 
DNA confirmaram a autoria dos crimes. Em um dos casos, a vítima estava com o 
filho de um ano e meio, que foi deixado em cima do cadáver da mãe e encontrado 
com vida. Trigueiro já foi condenado a 98 anos de prisão por três crimes. 
(Disponível em<http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/12/relembre-9-casos-
de-assassinos-que-chocaram-o-pais-com-seus-crimes.html>. Acesso em 10. Maio. 
2017) 
 
Marcelo Costa de Andrade - O Vampiro de Niterói 
 
Marcelo Costa de Andrade é conhecido como o “Maníaco” ou “Vampiro” 
de Niterói. Ele, um garoto com cara de filhinho de papai de aparência inofensiva, 
é na verdade um psicopata religioso, um dos mais famosos seriais killers do 
Brasil. Filho de imigrantes pobres do Nordeste, Marcelo cresceu na favela da 
Rocinha, no Rio de Janeiro. 
Ele viveu sem água corrente e apanhava regularmente do seu avô, do 
seu padrasto e da sua madrasta. Quando tinha 10 anos foi abusado 
sexualmente. Aos 14 começou a se prostituir para viver. Ele foi enviado para um 
reformatório, mas escapou. Aos 16 anos ele começou um relacionamento 
homossexual com um homem mais velho. Aos 17 anos tentou estuprar seu 
irmão de 10 anos. 
Quando ele tinha 23 anos terminou sua relação homossexual e ele voltou 
a morar com sua mãe e seus irmãos que se mudaram para Itaboraí, cidade 
próxima a São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Lá encontrou 
emprego distribuindo panfletos de uma loja do bairro de Copacabana. 
Ele também entrou para a Igreja Universal do Reino de Deus e começou 
a ir à igreja quatro vezes por semana. Apesar de algumas idiossincrasias e seu 
estranho e incoerente sorriso, sua vida parecia normal. Isto é, até Abril de 1991, 
quando aos 24 anos, ele começou a matar.Ao longo de um período de nove 
meses Marcelo registrou 14 mortes. 
Suas vítimas eram meninos de rua que ele atraia para áreas desertas, 
estuprava e estrangulava. Ele também praticava necrofilia, decapitou um dos 
meninos, esmagou a cabeça de outro, e, em duas ocasiões, bebeu o sangue 
das vítimas. 
Mais tarde, ele confessou que sua sede vampírica foi simplesmente para 
“tornar-se tão bonito quanto os meninos”. Violência no Rio é comum e a 
contagem de corpos por dia é tão grande que as autoridades nunca suspeitaram 
que o crescente desaparecimento de meninos pudesse ser trabalho de um serial 
killer. Geralmente eles são vítimas de grupos de extermínio. 
Andrade confessou: “Eu preferia garotos porque eles são melhores e tem 
a pele macia. E o pastor disse que as crianças vão automaticamente para o céu 
quando morrem antes dos treze. Então eu sei que eu fiz um favor os enviando 
para o céu”. 
Em dezembro de 1991 sua matança chegou ao fim quando ele “se 
apaixonou”, pelo garoto de dez anos Altair de Abreu e poupou sua vida. Marcelo 
encontrou o jovem e seu irmão de seis anos de idade Ivan no terminal de ônibus 
de Niterói. 
Ele lhes ofereceu dinheiro para ajudar a acender velas para um santo na 
igreja de São Jorge. O sobrevivente à polícia: “Nós estávamos indo para uma 
igreja, mas como quando estávamos atravessando um terreno vazio, Marcelo 
virou Ivan e de repente começou a estrangulá-lo. Fiquei com tanto medo que eu 
não consegui fugir. Eu vi com atenção o horror, lágrimas escorriam pelo meu 
rosto, como ele matou e estuprou meu irmão. 
Quando ele tinha acabado com Ivan, ele se virou para mim, me abraçou e 
disse que me amava”. Então ele convidou Altair para morar com ele. Assustado 
com a morte do irmão, o rapaz concordou em passar a noite com Marcelo no 
meio de arbustos. Na manhã seguinte, o assassino e o levou seu amado Altair 
para trabalhar com ele. 
Quando chegaram o escritório estava fechado. O jovem aterrorizado 
conseguiu escapar. Ele pegou uma carona no caminho de volta para casa e 
disse à sua mãe que tinha se perdido de seu irmão. Alguns dias depois, 
pressionado por sua irmã, o menino disse a verdade. Enquanto isso Marcelo, 
um assassino verdadeiramente atencioso, voltou à cena do crime para colocar 
as mãos de sua vítima dentro da cueca ”para que os ratos não pudessem roer 
os seus dedos”. 
Quando a família de Ivan foi à polícia, Marcelo, que manteve a sua rotina 
diária, foi preso calmamente na loja onde trabalhava no Rio de Janeiro. “Eu 
pensei que você ia vir ontem”, disse aos policiais. Inicialmente, a polícia pensou 
que o assassinato de Ivan era um caso isolado. No entanto, dois meses depois, 
a mãe de Marcelo foi chamado para depor sobre o estranho comportamento de 
seu filho. 
Uma noite, ela disse, ele saiu de casa com um facão “para cortar 
bananas”. Ele retornou na manhã seguinte sem bananas. Em poucos dias 
Marcelo confessou 14 assassinatos e levou a polícia aos restos mortais de suas 
outras vítimas. Ele perguntou para policiais, se alguma vez pelo mundo, houve 
algum caso como o dele e disse que matouporque gostava dos meninos e não 
queria que eles fossem para o inferno. 
Marcelo chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico, mas hoje ele 
está na cadeia. Em fevereiro de 1997, Marcelo fugiu da cadeia e foi encontrado 
1 dia depois no Ceará. Certa vez acreditavam que ele pudesse ter matado uma 
15 vítima, dessa vez uma garota, mas, Marcelo disse que não matou nenhuma 
garota porque nunca gostou de garotas e que matar não adiantava, porque elas 
não iriam para o Céu de maneira nenhuma. (Disponível 
em<https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers 
brasileiros/ >. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
Eudóxio Donizeti Bento 
 
39 anos, foragido da penitenciária de Presidente Venceslau. Três das 
vítimas, todas do sexo feminino, inclusive uma criança de nove anos, foram 
estupradas e tiveram as cabeças decepadas. 
Marília,SP – A Delegacia de Investigações Gerais (DIG), de Presidente 
Prudente, desvendou ontem a autoria de sete homicídios ocorridos desde 1989, 
com a confissão de Eudóxio Donizeti Bento, que também usa o nome de 
Donizeti Bento de Jesus 
Segundo o delegado Marco Antônio Scaliante Fogolin, titular do setor de 
homicídios da DIG, o criminoso foi preso em Caarapó(MS), na semana passada, 
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers
durante as investigações para desvendar a morte da menina Amanda Cristina 
de Lima, de 9 anos, ocorrida em fevereiro deste ano. A menina foi levada para 
um matagal próximo de um córrego entre a cidade de Álvares Machado, no 
Oeste do Estado e o distrito de Coronel Goulart, onde foi estuprada e morta. 
Sua ossada foi encontrada no local, um mês depois, sem a cabeça. 
Nos interrogatórios, Bento confessou ter estuprado, matado e decepado, 
Olívia Nascimento Lima, 29 anos, e a enfermeira Fátima Sueli Pereira de Souza, 
23 anos, todas de Presidente Prudente, respectivamente nos anos de 1991 e 
1999. 
Ele também admitiu ter assassinado a tiros ou facadas um homem 
identificado apenas como Adelício, em Birigui, no ano de 1989; uma mulher de 
nome Zélia e seu filho Mário de 5 anos, em Carapó (MS), em 1992, e Aparecido 
Prudêncio de Oliveira, 39 anos, em Pirapozinho, em 1999. Os crimes foram 
confirmados e que nos casos da região de Prudente, o assassino mostrou os 
locais onde enterrou os corpos. (Disponível em< 
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers 
brasileiros/ >. Acesso em 10. Maio. 2017) 
 
2. Do direito penal Brasileiro 
 
O Código Penal Brasileiro é datado de 1940 e passou, ao longo dos anos, 
por algumas reformas a fim de que alguns problemas fossem sanados. 
Entretanto, é sabido que há, atualmente, um mundo completamente diferente, e 
que o referido diploma legal não vem logrando êxito em acompanhar as 
mudanças ocorridas no país, principalmente no que diz respeito à evolução 
cientifica, como por exemplo os estudos médicos sobre a psicopatia. O direito 
penal tem como obrigação acompanhar essas novas descobertas, buscando se 
aprimorar e se adequar, notadamente acerca do crime que envolve indivíduos 
psicopatas. 
O código possui mais de 70 anos de existência. Requer, urgentemente, 
mudanças drásticas, já que até mesmo seu linguajar tornou-se sinuoso para os 
dias modernos, não sendo cabível que seja aproveitada uma lei com tamanha 
importância que foi escrita há décadas. Só resta uma conclusão óbvia: um novo 
código penal deveria entrar em vigor. 
https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers
A princípio, deve-se salientar a relevância do instituto da culpabilidade. 
Para Greco, é o “Juízo de censura reprovável que se faz sobre a conduta típica 
e ilícita do agente.” 
Já para Capez, “na culpabilidade é auferido apenas se o agente deve ou 
não responder pelo crime cometido.” 
Na visão de Capez: 
 
“A culpabilidade é exatamente isso, ou seja, a possibilidade de 
considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por 
essa razão costuma ser definida como juízo de censurabilidade e 
reprovação exercido sobre alguém que praticou o fato típico e ilícito.” 
(CAPEZ, 2008, p.134) 
 
Nosso código penal, em seu artigo 26, parágrafo único, considera o 
psicopata como semi-imputável, o que leva a considerá-lo como um indivíduo 
com transtorno mental, mesmo com inúmeros especialistas (psiquiatras) 
afirmando que a psicopatia vem a ser um transtorno antissocial, pois possuem 
plena consciência de seus atos. Quando considerados semi-imputáveis, sua 
pena é reduzida de 1/3 a 2/3. 
 
Artigo 26. "É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou 
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único: A pena pode ser reduzida de um terço a dois terços, 
se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental, incompleto ou retardado não era inteiramente 
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento". 
 
Pode-se observar a total inconsistência do referido artigo, já que a semi-
imputabilidade significa a "perda de parte da capacidade de entendimento por 
uma perturbação mental ou desenvolvimento completo e retardado". São 
consideradas doenças mentais a neurose, esquizofrenia, paranoias e outras, e, 
no caso da psicopatia, ela não está elencada no rol de doenças mentais, não só 
pelo psicopata ter entendimento do caráter ilícito do fato, como também por 
conseguir planejar suas ações para chegar ao resultado ilícito desejado. 
Para o Psiquiatra forense Guido Palomba: 
 
Palomba se refere aos classificados no Código Penal como semi-
imputáveis; psicopatas, condutopatas, sociopatas e portadores de 
transtorno de personalidade. Eles não são doentes mentais, mas 
possuem um defeito moral ou comportamental. “É uma questão entre a 
capacidade de entender o caráter criminoso e a capacidade de se 
determinar de acordo com esse entendimento, do querer e do fazer”, 
diz. 
O psiquiatra explica que depois da reforma do Código Penal nos anos 
80, quem se enquadra na semi-imputabilidade é equiparado ao 
criminoso comum ou ao doente mental, não há uma determinação 
específica para sua condição. Se nivelado ao criminoso comum, ele é 
enviado à cadeia e pode ter a redução de um a dois terços da pena. 
Do contrário é enviado para tratamentos psiquiátricos em um 
manicômio ou casa de custódia e tratamento. “Você pode recuperar 
um criminoso comum com a reclusão ou um doente mental com 
remédios, mas o fronteiriço é praticamente irrecuperável”, explica. Para 
ele, portanto, a pena para os semi-imputáveis deveria ser agravada, 
não reduzida. 
O problema é que a Justiça tem um entendimento que não condiz com 
a realidade, segundo Palomba. “Muitas vezes, o Ministério Público 
quer jogar para a plateia”, diz. Para o psiquiatra foi isso que ocorreu no 
julgamento do caso de Mateus da Costa Meira, que atirou em oito 
pessoas dentro do cinema do shopping Morumbi. Segundo ele, o 
estudante tem vários gêneros de loucura em uma só pessoa, mas foi 
condenado como criminoso comum. “O Ministério Público saiu de lá 
cantando vitória pela pena de 136 anos, mas isso é tudo balela porque 
ninguém cumpre mais do que 30 anos”, diz. Se o preso cumpre um 
sexto, cinco anos, em bom comportamento, ele vai para as ruas no 
regime semiaberto, afirma Palomba. Ou seja, 136 anos se 
transformaram em cinco. 
Se o Maníaco do Parque fosse julgado como semi-imputável e 
igualado ao inimputável – que não tem condições de entender o 
caráter criminoso do ato – ele pegaria, inicialmente, o máximo de três 
anos de medida de segurança. Terminado esse período, ele não vai 
para a rua e é submetido a exames psiquiátricos. “O criminoso só é 
liberado quando não apresenta periculosidade, só que sua 
periculosidade não cessaria nunca, então, ele ficaria fora da sociedade 
por muito

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