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CENTRO UNIVERSITARIO LUTERANO DE JI-PARANÁ -CEUJI LARISSA SAMPAIO LIMA PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO Ji-Paraná 2017 LARISSA SAMPAIO LIMA PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná – CEULJI, para obtenção de grau acadêmico de Bacharel em Direito. Professor Orientador: Elói Lopes da Silva. Ji-Paraná 2017 CIP-Brasil. Catalogação na Fonte. Biblioteca Central CEULJI/ULBRA Bibliotecária Jaqueline Bispo dos Santos. CRB-11/1774 L732 Lima, Larissa Sampaio. Psicopatia frente ao sistema penal brasileiro. / Larissa Sampaio Lima. Centro Universitário Luterano de Ji- Paraná, 2017. 68 p. Inclui anexo. Orientador: Elói Lopes da Silva. Graduação (Direito) Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná. 1. Direito Penal. 2. Psicopatia. 3. Sistema Penal. I. Silva, Elói Lopes da. II. Título. CDU: 343.95 LARISSA SAMPAIO LIMA PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná – CEULJI, para obtenção de grau acadêmico de Bacharel em Direito. Professor Orientador: Elói Lopes da Silva. Ji-Paraná,_____ de _____________________ de 20_____. AVALIADORES ______________________________________________ - _______ Prof. Orientador Elói Lopes da Silva - CEULJI Nota ______________________________________________ - _______ Prof. (2º Avaliador) - CEULJI Nota ______________________________________________ - _______ Prof. (3º Avaliador) - CEULJI Nota _________________ Média Ji-Paraná 2017 AGRADECIMENTOS . Agradeço, primeiramente, a Deus, que se mostrou fiel mais uma vez, capacitando-me e dando forças para seguir em frente, direcionando meus caminhos e guiando meus passos. À minha família, refúgio sempre presente, abrigo seguro em todos os momentos. Ao meus pais, que muito deram de suas vidas para me propiciar uma educação de qualidade. À minha mãe, Rosa Lúcia Sampaio Lima, que esteve ao meu lado, aconselhando, encorajando e mostrando seu cuidado. Ao meu pai, José Aparecido de Lima , exemplo de honestidade, garra e coragem, e sei que, enquanto esteve vivo, amou-me mais que tudo neste mundo. Ao professor e orientador, Elói Lopes, que me guiou pelos caminhos das ciências penais. À minha amiga e conselheira, Promotora Ana Maria Saldanha Gontijo. Aos meus amigos, que compreenderam os momentos de ausência. Aos professores da instituição de ensino, que me instigaram ao conhecimento. A todos vocês, os meus sinceros agradecimentos. “Nós, serial killers, somos seus filhos, somos seus maridos, estamos em toda parte. E haverá mais de suas crianças mortas amanhã. Eu sou o mais frio filho da puta que vocês jamais vão encontrar, eu gostava de matar, eu queria matar, nós estamos em toda parte” – Ted Bundy RESUMO LIMA, Larissa Sampaio. PSICOPATIA FRENTE AO SISTEMA PENAL BRASILEIRO 2017, fls. 68. Monografia de conclusão de curso em Direito. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA), 2017. Os objetivos deste trabalho são: observar os efeitos penais das pessoas portadoras dos distúrbios da personalidade humana (psicopatias ou sociopatias); analisar a forma como tais agentes são punidos, bem como os tratamentos aplicados após o cumprimento de sua sanção (para que não tornem a delinquir); e, por derradeiro, averiguar as consequências e as deficiências das penas aplicadas a eles, assim como os efeitos que essas formas de punibilidade trazem ao indivíduo possuidor do transtorno. Além de todos esses problemas acerca da punibilidade, outro preocupante vem a ser a ressocialização, porquanto, como se verá no decorrer do trabalho, é certo que haverá reincidência. Analisar-se-á como isso vem gerando inúmeras discussões entre o sistema penal e a psiquiatria, principalmente por não se saber em que sistema enquadrar os agentes, ocasião em que se formam várias perguntas, tais como: “são ou não doentes mentais? Há possibilidade de tratamento? Há cura para tal transtorno? Seria o psicopata imputável? Semi-imputável? Inimputável? São questionamentos existentes ante a ausência de lei. A presente pesquisa tem o intuito de estudar a viabilidade de padronizar a forma de punibilidade para que não haja um esfacelamento de sanções distribuídas em todas as esferas do âmbito penal. Assim, será traçado um padrão para a punição dos psicopatas, haja vista não existir, no meio jurídico, um conceito da psicopatia, o que enseja, inevitavelmente, vastos problemas na classificação de punibilidade. Frisa-se que até mesmo para os psiquiatras a definição se torna um incômodo, levando muitos psicopatas a serem penalizados como uma pessoa comum ou mesmo serem absolvidos com medida de segurança (com a abordagem de conseguirem a cessação de periculosidade), medida totalmente inconstitucional. Ademais, este trabalho mostrará a importância do exame criminológico e o papel que ele desenvolve durante a inclusão do apenado no sistema criminal. PALAVRAS-CHAVE: Psicopatas, psicopatia, ressocialização. ABSTRACT LIMA, Larissa Sampaio. Psychopathy before the Brazilian criminal system 2017, pages 68. Course Conclusion Monograph of Bachelor in Law. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná (CEULJI/ULBRA), 2017. The objectives of this study are: to observe the criminal effects of people with personality disorders (psychopaths or sociopathies); Analyze how such agents are punished, as well as the treatments applied after the completion of their sanction (so that they do not commit the crime again); And, lastly, to investigate the consequences and deficiencies of the penalties applied to them, as well as the effects that these forms of punishment bring to the person who possesses the disorder. In addition to all these problems of punishment, another concern is resocialization, because, as will be seen in the course of the work, it is certain that there will be recurrence. It will be analyzed how this has generated numerous discussions between the penal system and psychiatry, mainly because we do not know in which system to frame the agents, occasion in which several questions are formed, such as: "Are they mentally ill or not? Is there any possibility of treatment? Is there a cure for such a disorder? Was the psychopath responsible? Semi-imputable? Unimputable? They are questions that exist before the absence of law. The present research aims to study the feasibility of standardizing the form of punishability so that there is no shredding of sanctions distributed in all spheres of the criminal scope. Thus, a pattern will be drawn for the punishment of psychopaths, since there is no legal concept of psychopathy, which inevitably leads to vast problems in the classification of punishments. It is emphasized that even for psychiatrists the definition becomes a nuisance, leading many psychopaths to be penalized as an ordinary person or even acquitted with a safety measure (with the approach of achieving the cessationof dangerousness), a measure totally unconstitutional. In addition, this work will show the importance of the criminological examination and the role that it develops during the inclusion of the victim in the criminal system. KEY WORDS: Psychopaths, psychopathy, resocialization. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .................................................................................................. 09 1. PSICOPATIA ................................................................................................ 12 1.1 Conceito de psicopatia ................................................................................ 12 1.2 Transtorno de personalidade antissocial ..................................................... 15 1.3 Transtorno mental ....................................................................................... 22 1.3.1 A diferença entre transtorno antissocial e transtorno mental .................. 23 1.3.2 Casos de criminosos psicopatas no Brasil ............................................... 24 2. Do direito penal Brasileiro ............................................................................ 34 2.1 Sistema vicariante e duplo binário ou dualista ............................................ 42 2.2 Medida de Segurança ................................................................................. 43 2.3 Os Prazos na Medida de Segurança .......................................................... 45 2.4 Medida de Segurança Substitutiva ............................................................. 48 3. PSICOPATA E O SISTEMA PENAL BRASILEIRO ...................................... 49 3.1 A importância do exame criminológico........................................................ 49 3.2 O Tratamento dos psicopatas nas jurisprudência brasileira ........................ 52 3.3 PRISAO PERPÉTUA .................................................................................. 55 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 59 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 62 file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266842 file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266843 file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266844 file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266844 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266843 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266844 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Juniele/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266845 file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266853 file:///C:/Users/Nayara/Downloads/SÃ-ndrome%20da%20Mulher%20de%20Potifar.docx%23_Toc172266854 INTRODUÇÃO Este trabalho de conclusão de curso aborda o tema “psicopatas frente ao sistema penal brasileiro”, assunto que esta bacharelada, desde pequena, possui verdadeiro fascínio. Ao ingressar no curso de Direito, percebi que os “monstros” dos filmes de terror eram reais e cabalmente ignorados perante o sistema penal pátrio. O propósito principal deste trabalho é verificar se existe no ordenamento jurídico brasileiro um sistema punitivo adequado para o infrator psicopata, bem como sua classificação perante o ordenamento jurídico, dando ênfase à falta de uma lei específica, e, mormente, como deve ocorrer a penalização para tais agentes. Assim, alguns objetivos podem ser traçados, quais sejam: observar os efeitos penais das pessoas portadoras dos distúrbios da personalidade humana (psicopatias ou sociopatias); analisar a forma como tais agentes são punidos e os tratamentos aplicados após o cumprimento de sua sanção; pormenorizar os diferentes entendimentos dos tribunais e doutrinadores referentes à matéria, e quais os posicionamentos sobre o assunto; e, por derradeiro, averiguar as consequências e as deficiências das penas aplicadas a eles, bem como os efeitos que essas formas de punibilidade trazem ao indivíduo possuidor do transtorno. Foram levantadas duas hipóteses: a) os psicopatas, ao serem condenados à pena restritiva de liberdade, não podem cumprir pena no ambiente carcerário comum. Imperioso que haja um lugar específico, mesmo que dentro do estabelecimento penitenciário, de modo que possam cumprir sua pena sem contato com os demais detentos/reclusos, garantindo-se a segurança de todos. b) em relação à medida de segurança aplicada para tais casos, alguns cuidados devem ser observados, e.g., emissão de laudo realizado pelo psiquiatra (após exames para averiguar se o indivíduo ainda é ou não um risco para a sociedade), tendo em vista que a periculosidade jamais cessará. Decerto o transtorno ora analisado deveria ser registrado como doença mental, criando- se um centro de tratamento somente para pessoas com psicopatia. Assim, percebe-se a necessidade de verificação e pesquisa sobre a temática, não só em âmbito da psiquiatria forense, mas também no ordenamento jurídico. Nota-se que não há eficácia na aplicação de sanções a pessoas com os transtornos aqui analisados, já que retornam ao convívio social propensos a perpetrar as mesmas barbáries. Resta evidente que devem ser colocados na “balança” a dignidade da pessoa humana “versus” proteção à sociedade. A partir daí, o Estado deve começar a desenvolver alternativas de política criminal para o psicopata, oferecendo soluções cabais ao problema. Dito isso, o primeiro capítulo surgiu com o fito de pormenorizar a psicopatia, observando as mais variadas definições sobre o que é psicopatia, suas características e minúcias. De início buscamos a conceituação de psicopatia na versão de inúmeros especialistas, e perceberemos que aquela não deve ser considerada como doença mental, tampouco o psicopata ser tachado de “louco”. Pelo contrário, estes são seres com o QI acima da média, bem articulados, envolventes e manipuladores, sendo capazes de cometer qualquer atrocidade para atingirem seus objetivos e suas vontades. O segundo capítulo baseia-se no prisma do direito e do ordenamento jurídico, e tem como sustentáculo a condenação de presos que podem apresentar a psicopatia e são condenados à pena restritiva de liberdade, cumprindo-a no mesmo ambiente que os criminosos comuns. Alguns problemas derivam de tal fato, já que as punições não surtem efeito, e, somada à falta de preparo estatal, lugar adequado e lei específica, não se enquadrando na tríade penal (Código Penal, Código de Processo Penal e Lei de Execução Penal), a punição não atinge os objetivos desejados, como prevenção, punição e ressocialização; ademais, ante a ausência delugar propício, acabam encarcerados com os presos comuns, o que culmina no impedimento de ressocialização dos outros apenados. Seus atos são visivelmente de pessoas dotadas de capacidade racional plena e capaz, pois que precisamente calculados, manipulados e frios. Por conseguinte, há de se pensar numa forma de punibilidade, uma vez que não há entendimento majoritário de como realizar a devida punição. Fatalmente, os problemas surgem: se se aplica medida de segurança, o infrator é absolvido; porém, se cometeu um ato criminoso e tem em ordem de funcionamento suas faculdades mentais, a absolvição não se revela a melhor opção. Já o terceiro capítulo é um apanhado que trata da maneira como são tratados no Brasil, o que as jurisprudências dizem a respeito, a importância do exame criminológico que não é mais obrigatório e, principalmente, a demonstração de que o laudo de cessação de periculosidade nos casos de psicopatia é totalmente inviável, já que alguns indivíduos possuidores do transtorno da psicopatia conseguem sair do hospital de custódia por meio do laudo emitido pelo psiquiatra responsável. Entrementes, existem médicos especialistas na área que alegam a inexistência de cura para a psicopatia, e alguns entendem tratar-se de um processo demorado e frágil, que deve ser acompanhado de forma precisa. É evidente que vem a ser um problema sério, merecedor de uma atenção maior de todos. Mister que haja um nexo entre a política criminal e o psicopata, balanceando o princípio da dignidade da pessoa humana e o princípio da segurança pública. Dessa forma, deve-se aferir até quando essas medidas mostram-se eficazes. Mais importante, em verdade, é que haja uma conscientização de que a aplicação de tais medidas é um problema não só do preso ou do sistema carcerário, mas sim de todos envolvidos dentro da esfera punitiva. Os riscos à segurança das pessoas que trabalham dentro dos presídios, bem como dos próprios apenados, são gigantescas, tornando a situação um problema social. É temática conflitante, pois que não há entendimento dominante no ordenamento jurídico nacional: debates e divisão de opiniões existem, solução eficaz, não. 1 Psicopatia 1.1-Conceito de psicopatia A terminologia "psicopatia" vem do grego psyche (mente) e pathos (doença): é a doença da mente. Contudo, o termo psicopatia não é visto como uma doença da mente pelos médicos psiquiatras, e sim como um transtorno de personalidade antissocial. "Esses indivíduos não são considerados como loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também não sofrem delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo). Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de raciocínio frio e calculista combinado com total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimentos." (SILVA,2008, p. 37) “O termo antissocial refere-se, em regra (de acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria), a certos comportamentos delinquentes crônicos que não se corrigem pela experiência nem pelo castigo.” (FONSECA, 1997, p. 469, grifos do autor). Segundo Holmes (1997), os psicopatas apresentam uma tríade de anormalidade, possuindo sintomas de humor (ausência de culpa e ansiedade, hedonismo, superficialidade de sentimentos e ausência de apego emocional), sintomas cognitivos (parecem ser muito inteligentes, com habilidades verbais e sociais bem desenvolvidas e têm habilidade de racionalizar seu comportamento, não aprendendo com a punição) e sintomas motores (impulsividade e atos agressivos, embora em minoria, também existem). As características dos psicopatas citadas por Mira y López (2005) são: atração pessoal superficial e boa inteligência; ausência de delírios; ausência de crises; falta de constância; falta de sinceridade; falta de pudor e ética; falta de autocrítica; egoísmo exagerado; pobreza afetiva; incapacidade de seguir um plano de vida; tendência à fantasia; propensão aos vícios; vida sexual desajustada. Sendo assim, no manual estatístico de diagnóstico de doenças mentais da associação americana de psiquiatria, cujo Brasil desde 1968 vem adotando uma tradução adaptada como Manual Diagnóstico e Estatístico, onde utiliza o termo “Transtorno de Personalidade Antissocial”, sob o código 301.7. 301.7 Transtorno de Personalidade Antissocial Característica essencial: padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta. Sinônimos: psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade antissocial. Classificação DSM-IV. (PSIQUIATRIA GERAL,2017) Contudo, Gray e Hutchison realizaram um inquérito do qual participaram 667 (seiscentos e sessenta e sete) psiquiatras, e enumeraram as seguintes características da psicopatia: 1-Não aprende pela experiência; 2-Falta-lhe senso de responsabilidade; 3-É incapaz de estabelecer relações significativas; 4-Falta-lhe controle sobre os impulsos; 5-Falta-lhe senso mora; 6-É crônica ou periodicamente antissocial; 7-A punição não lhe altera o comportamento; 8-É emocionalmente imaturo; 9-É incapaz de sentir culpa; 10-É egocêntrico. (RAMOS, 1981, p. 85) O ponto chave sobre o psicopata é a falta de amor e empatia; são indivíduos que não se importam com o próximo e preocupam-se somente com o próprio bem-estar e com suas próprias ambições. Para eles não é relevante o que terão de fazer ou a quem terão de manipular para chegar onde desejam. Como diz BONFIM, em seu livro “O julgamento de um serial killer – o caso do maníaco do parque”: Embora sabendo o correto e o errado sobre a conduta humana, não teria o pleno autodomínio ou autodeterminação para agir de acordo com esse entendimento. Revela-se um mestre da manipulação, porquanto não sente angústia ou remorso, agindo linearmente sem emoção tanto quando delibera um plano criminoso como quando se dispõe a executá-lo ou a recordar, posteriormente, sobre ele. (BONFIM, 2004, p. 83) Acerca da empatia, esta nada mais é que "a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, compadecendo-se de sua dor em determinada situações". Tem-se o pensamento de que os psicopatas são capazes de tudo, verdadeiros "monstros" que perpetram as maiores atrocidades (o que não é de todo errado); todavia, consoante estudos realizados na Universidade holandesa de Groningen, em 2012, os psicopatas têm a capacidade de decidir quando sentir ou não empatia por outras pessoas. Conforme os estudos é como se essas pessoas tivessem um interruptor, como o da luz de seu quarto, em que o sentimento de empatia (ou qualquer outro sentimento humano, como o de compaixão), pudesse ser ligado ou desligado. Isso porque, quando aconselhados pelos pesquisadores, os voluntários do estudo, todos com psicopatia, sentiram empatia e até mesmo vivenciaram a dor de pessoas que apanhavam, em um vídeo. Na primeira vez em que as imagens foram passadas, nenhum deles esboçou qualquer reação. Na segundo vez, no entanto, quando instruídos pelos cientistas, eles conseguiram sentir a dor das pessoas das imagens. Isso sim é louco, não? Para os estudiosos do assunto, isso quer dizer que se os psicopatas criminosos, ou mesmo os demais, poderiam conviver em sociedade (ou mesmo se regenerar) se fossem ensinados a manter a empatia ligada o tempo todo. Isso porque, se tratando de psicopatas, esse “dispositivo” é naturalmente desligado. (MEDEIROS, 2015) Porém, não se deve cometer equívocos e alegar que um psicopata não compreende a dor de outro indivíduo; o que ocorre é que ele sente prazer, satisfazendo os seus desejos íntimos. Em razão disso, praticam as mais cruéis atrocidades.Ilana Casoy reza que (2002, p. 22): “Segundo Brent E. Turvey, famoso psiquiatra forense, esta é uma evidência irrefutável de que o criminoso tem uma clara compreensão das consequências de seu comportamento e ação para vítima; entender que ela está humilhada e sofrendo é, em parte, o porquê de ele estar se comportando dessa maneira.” Em apertada síntese, a situação pode ser dita da seguinte forma: eles usam "máscaras" para esconder seu verdadeiro e perturbador “EU”; mostram-se sedutores, sagazes, interessantes e inteligentes, podendo até mesmo enganar autoridades e especialistas da saúde mental (psiquiatras despreparados para esse tipo de transtorno). Como versa o livro de Ana Beatriz Barbosa Silva (2008, p. 36): Estamos pisando agora num terreno assustador, intrigante e desafiador: a mente perigosa dos psicopatas. Como já foi exposto na introdução deste livro, eles recebem outros nomes, tais como: sociopatas, personalidades antissociais, personalidades psicopáticas, personalidades dissociais, entre outros. Muitos estudiosos preferem diferenciá-los, com explicações ainda subjetivas que, no meu entender, poderiam apenas confundir o leitor. Devido à falta de um consenso definitivo, a denominação dessa disfunção comportamental tem despertado acalorados debates entre muitos autores, clínicos e pesquisadores ao longo do tempo. Alguns utilizam a palavra sociopata por pensarem que fatores sociais desfavoráveis sejam capazes de causar o problema. Outras correntes que acreditam que os fatores genéticos, biológicos e psicológicos estejam envolvidos na origem do transtorno adotam o termo psicopata. Por outro lado, também não encontramos consenso entre instituições como a Associação de Psiquiatria Americana (DSM-IV-TR)1 e a Organização Mundial de Saúde (CID-10).2 A primeira utiliza o termo Transtorno da Personalidade Antissocial, já a segunda prefere Transtorno de Personalidade Dissocial. Convém-nos esclarecer que os termos "psicopata", "sociopata" e "transtorno de personalidade Antissocial ou Transtorno de Personalidade Dissocial" são considerados sinônimos. O DSM.IV utiliza o termo "Personalidades Antissociais" enquanto a CID.10 usa "Personalidades Dissociais". Contudo, a psicopatia possui diferentes graus (leves, médios ou graves), e suas condutas, em consonância com tais graus, podem ser de menor dano ou mesmo com caráter de hediondez. 1.2 Transtorno de personalidade antissocial É um erro se referir à psicopatia como um transtorno mental, como, e.g., a esquizofrenia. Segundo TRINDADE (2009, p. 59), a psicopatia deve ser considerada como um transtorno de personalidade. ”Psicopatia é personalidade; ela não é uma simples entidade, pois o que nela se procura captar são essencialmente aspectos que configuram „uma personalidade‟.” E mais: Personalidade refere-se a uma característica individual de modelo de pensamento, sentimento e comportamento. Nesse sentido, a personalidade é interna, reside no indivíduo, manifesta-se globalmente e possui componentes cognitivos, interpessoais e comportamentais. A personalidade descreve modelos comportamentais através do tempo e das situações. De acordo com essa definição, a psicopatia pode ser entendida como um modelo particular de personalidade. Aliás, a ideia de psicopatia como uma configuração da personalidade não é nova, pois a descrição inicial de CLECKLEY é um estudo sobre a personalidade. (TRINDADE, 2009, p. 59) A personalidade psicopática possui estas características: indivíduo aparentemente “normal”; extremamente inteligente, com ausência de medo e amor aos outros ao seu redor; extrema dificuldade em inter-relacionar-se socialmente; temperamento anormal; e falha de caráter. Sua habilidade manipuladora para atingir seus objetivos e satisfazer seu próprio ego é uma de suas características mais marcantes. De acordo com Robert Hare, o psicopata tem como definição: Um predador que usa charme, manipulação, intimidação, sexo e violência para controlar outros e satisfazer suas próprias necessidades egoístas. Com falta de consciência e empatia, o psicopata faz o que quer e o que tem vontade, violando normas sociais sem culpa ou remorso. (CROCE, 2010, p. 674 e 675) Portanto, uma palavra que define bem a personalidade psicopática é o egocentrismo. São seres portadores de uma extrema facilidade de comunicação, e, por conseguinte, uma aptidão descomunal de persuasão. Sedutores, bem articulados, inteligentes, astutos e manipuladores, conseguem envolver suas vítimas com muita facilidade no que desejam, com ausência de remorso e presença de prazer com a dor que causaram. O “[...] Transtorno de Personalidade Antissocial é um padrão de desconsideração e violação dos direitos alheios.” (JORGE, 2002, p. 641). Segundo a definição de Sidney Kiyoshi Shine, são características de um psicopata: “[...] indivíduos incapazes de fidelidade significativa com pessoas, grupos ou valores sociais. São excessivamente egoístas, insensíveis, irresponsáveis, impulsivos e incapazes de sentir culpa ou aprender com a experiência e com a punição. Sua tolerância à frustração é baixa. Tendem a queixar-se dos outros, ou verbalizar racionalizações plausíveis para seus comportamentos. Uma simples história de crimes ou transgressões de ordem social não é o suficiente para justificar este diagnóstico.” (SHINE, 2000, P.17) Guido Palomba relata que esses transtornos comprometem a afetividade, a conação-volição e a capacidade crítica, e que todas as outras estruturas psíquicas não são afetadas. No que tange à afetividade, predomina o fato de os psicopatas possuírem sentimentos superficiais, já que, por não deterem a habilidade de "sentir", acabam por simular sentimentos e emoções, demonstrando serem pessoas aprazíveis: isso dificulta a constatação do distúrbio. Já a conação pode ser estabelecida como o desejo para atingir um objetivo, e a volição é a ponte entre o objetivo e o resultado da ação. Os psicopatas são impulsivos e buscam por quaisquer meios para atingirem seu objetivo, seja para somente diversão ou mesmo para inflarem seu ego. “Em outras palavras, o "condupata" é um indivíduo que apresenta comprometimento da afetividade (insensibilidade, indiferença, inadequada resposta emocional, egoísmo), comprometimento da conação (intenção mal dirigida) e da volição (movimento voluntário sem crítica). A sua capacidade de autocrítica e de julgamento de valores ético-morais está sempre anormalmente e estruturada, pois se estivesse boa haveria inibição da intenção, não dando origem ao movimento voluntário em direção ao ato” (PALOMBA, 2003, p. 516) Por fim, a inexistência de sua capacidade crítica, já que é a característica mais marcante do psicopata, e a falta de consciência, faz com que realize condutas que ferem princípios morais sem qualquer sentimento de culpa. “Por exemplo, depois de fazer algo errado, inapropriado ou ilegal (não devolver dinheiro emprestado ou matar alguém) a pessoa com TPA não mostrará qualquer ansiedade, culpa ou remorso. Porque eles não têm o constrangimento tipicamente suprido pela ansiedade, as pessoas com TPA tendem a ser 'frouxas', impulsivas e ter uma atitude temerária” (HOLMES, 2001, p. 309) Alguns psicopatas demonstram esses transtornos e características desde a infância, por isso é dever dos pais e cuidadores ficarem atentos às suas condutas, porquanto pelos seus atos e frieza é se que pode identificar a psicopatia precocemente. Robert Hare afirma que "não há como dizer se uma criança se tornará um adulto psicopata. Mas se ela age de modo cruel com outras crianças e animais, mente olhando nos olhos e não tem remorso, isso sinaliza um comportamento problemático no futuro". Um caso que merece ser mencionado: Elizabeth Thomas “Ninguém imagina que alguém é capaz de matar a sangue frio com nove anos de idade, mas é sim.” Esta é a história realda menina que perdeu sua mãe quando tinha apenas um ano de idade. Ela e seu irmão ficaram sob a tutela do pai biológico, que abusou sexualmente das duas crianças. Seis meses depois, os médicos identificaram os abusos e as crianças foram acolhidas por uma assistente social. Felizmente, Beth e Jonathan, seu irmão mais novo, foram adotados por um casal cristão que queria muito ter filhos, mas que não podiam gerá-los. Tudo ia muito bem até que Beth começou a ter estranhos pesadelos, foi aí que eles perceberam que havia algo errado. Pesadelos, o primeiro sinal do comportamento antissocial da pequena Beth Os pesadelos de Beth eram sobre um homem que “caía em cima dela e a machucava.” Além disso, Beth tinha um comportamento bastante violento com seu irmão, com seus pais e com os animais (que ela chegava a matar). Além da raiva, Beth manifestava um comportamento sexual inadequado: ela se masturbava publicamente e de forma excessiva, chegando a sangrar. Esses fatos fizeram seus pais considerarem a possibilidade de procurar a ajuda de um psicólogo. Foi o Dr. Ken Magid, um psicólogo clínico, especialista em tratamento de crianças vítimas de abuso sexual grave, que cuidou do caso de Beth. Durante suas seções de terapia, ele gravou um vídeo onde entrevistava a menina, vídeo este que tem percorrido o mundo todo. As coisas que ele descobriu sobre as consequências e os efeitos dos abusos sexuais é objeto de estudo em todas as faculdades de psicologia. O arrepiante diálogo entre Beth e seu psicólogo Esta é uma pequena parte do início da conversa: “Dr. Ken: As pessoas têm medo de você, Beth? -Beth: Sim. -Dr. Ken: Seus pais têm medo de você? -Beth: Sim. -Dr. Ken: O que você quer fazer com eles? -Beth: Esfaqueá-los. -Dr. Ken: O que você quer fazer com o seu irmão? -Beth: Matá-lo. -Dr. Ken: Em quem você gostaria de espetar alfinetes? -Beth: Na mamãe e no papai. -Dr. Ken: O que você quer que aconteça com eles? Beth: Que Morram.” Beth: Que Morram.” Ela admitiu ter maltratado seu irmão fisicamente Em suas conversas com o Dr. Ken, Beth admitiu friamente que maltratava seu irmão desde sempre. Ela contou que batia a cabeça dele contra o chão, furava o corpo dele e suas partes íntimas com agulhas, puxava e chutava seus órgãos genitais… Ela até explicou que, uma vez, tentou matá-lo e só parou porque seus pais a descobriram. Ela também admitiu ter pensado seriamente em matar seus pais em várias ocasiões. Beth também contou que costumava maltratar os seus animais de estimação, inclusive, ela matou vários deles, até mesmo os que vagavam pelo pátio de sua casa. Diante de todos estes fatos que ela mesma relatava, Beth admitiu não sentir nenhum tipo de ressentimento e nem culpa, seu tom de voz em todas as suas declarações era frio e calmo, como se estivesse explicando qualquer assunto trivial. Quando questionada sobre o porquê de ela agir dessa maneira, ela respondeu que queria que todos sentissem tudo o que ela sentiu quando sofria abusos do seu pai. Além disso, sempre que o médico perguntava se ela estava ciente de que estas ações causavam muito sofrimento na outra pessoa, com calma, ela respondia que sim, que era exatamente isso que ela queria. A internação em um centro especializado e o tratamento psicológico Depois de uma longa conversa, o psicólogo decidiu internar a menina em um centro de tratamento para crianças com transtornos de comportamento. Beth foi diagnosticada com um grave transtorno de conduta, que é caracterizado pelo desenvolvimento da incapacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis e adequados, devido ao histórico de abuso sexual e maus tratos. Quem sofre do transtorno de conduta precisa receber atendimento psicológico urgente. No caso de Beth, a completa falta de empatia colocava em risco todos à sua volta, incluindo ela mesma. Essa falta de empatia poderia ser facilmente comparada com distúrbios como a psicopatia ou sociopatia. Beth não foi diagnosticada como uma psicopata porque, naquela época, ainda não era conhecida a existência do transtorno de personalidade antissocial (transtorno de personalidade antissocial antes dos 18 anos), o que continua sendo assunto de um extenso debate entre os acadêmicos de saúde mental. Tratamento psicológico para controlar os impulsos antissociais O tratamento imposto a Beth era muito rigoroso. Costumava ser aplicado especialmente em crianças com o mesmo transtorno, que não respeitavam regras e nem hábitos. Beth ficava trancada em uma sala durante a noite, para evitar que ela machucasse outras crianças. Ela precisava pedir permissão para tudo, para ir ao banheiro, para beber água… Qualquer coisa. Com o tempo, as restrições foram diminuindo e Beth foi melhorando gradualmente. Beth se recuperou totalmente e hoje é uma pessoa com uma vida comum. No final do vídeo, podemos ver um grande avanço no tratamento de Beth. Ao longo dos anos, Beth foi melhorando e se tornou uma pessoa com capacidade de sentir empatia e de ter consciência das consequências de suas ações. Obviamente, a aparente „maldade‟ dela tinha sua origem nos abusos e maus tratos que ela sofreu quando ainda era um bebê. Seu caso ilustra claramente as consequências terríveis dos abusos sexuais e dos maus tratos físicos e psicológicos em uma idade ainda jovem. Atualmente, Beth leva uma vida normal e trabalha como enfermeira. Ela ganhou vários prêmios por suas realizações profissionais. Este caso nos leva às seguintes conclusões: a importância de uma boa criação, especialmente durante os períodos mais difíceis da vida da criança. Também nos mostra que a terapia psicológica pode ser sim, muito eficaz, mesmo em casos de extrema gravidade e que parecem irredutíveis. (SOUZA, 2016) O psicopata tende a ser um perigo para todos, tendo em vista que nem todos são criminosos; alguns podem até estar dentro de empresas, na figura de chefes. De acordo com o pesquisador sobre psicopatia Robert Hare, o psicopata é definido como: Um predador que usa charme, manipulação, intimidação, sexo e violência para controlar outros e satisfazer suas próprias necessidades egoístas. Com falta de consciência e empatia, o psicopata faz o que quer e o que tem vontade, violando normas sociais sem culpa ou remorso. (CROCE, 2010, p. 674 e 675). A semelhança existente entre um criminoso e um psicopata é que, tanto um quanto o outro não respeitam as regras impostas pela sociedade. Como assevera Hilda Morana, presidente do Departamento de Psiquiatria Forense da Associação Brasileira de Psiquiatria, “o criminoso comum tem um transtorno de caráter, mas não chega à característica de crueldade do criminoso psicopata”. De outro norte, a diferença existente é que, na maioria das vezes, o criminoso sente culpa e/ou remorso e certamente teme pela punição do ato cometido; já o psicopata não possui sentimento de culpa ou remorso, mas sabe a diferenciação do certo e errado, não temendo, entrementes, as consequências de seus atos (punição). Exatamente por ser dotado de entendimento de certo e errado - e mesmo assim escolhendo fazer o que para ele é mais vantajoso - é que devemos nos questionar: como adequar o entendimento de ser o psicopata semi-imputável ou inimputável perante a lei, se consideramos o criminoso comum como imputável? Morana (2016) cita o exemplo do criminoso que sequestra o filho de algum empresário, mantém-no em cativeiro enquanto negocia com a família para angariar dinheiro "fácil", e, no máximo, ameaça cortar um pedaço da orelha da vítima. O psicopata, por sua vez, fá-lo apenas por crueza. Segundo Hilda Morana: “O psicopata comete 4 vezes mais crimes violentos que o criminoso comum. Pratica maldades que não precisaria para conseguir dinheiro fácil”. No geral, esse tipo de criminoso acaba preso, porém, como possui uma capacidade absurda de simulação, acaba “demonstrando” arrependimento e conquistando uma chance de ser favorecido pela liberdade condicional. Nãoobstante, há que se fazer um alerta: tais infratores não têm capacidade de aprender com a punição quando voltam ao convívio social, e o fazem sem efetiva mudança, o que os compele a efetuar novos crimes. Segundo estudo canadense a taxa de reincidência dos psicopatas chega a 70% (setenta por cento). “A psicopatia é um dos prognósticos mais poderosos de reincidência de crimes”, diz o psicólogo forense Stephen Porter, que realiza pesquisas com psicopatas em prisões do Canadá. Segundo ele, o criminoso psicopata comete mais crimes, com uma maior variedade e com mais violência que os criminosos comuns. (SZKLARZ, 2016) São uníssonos os relatos dos especialistas em psiquiatria de que, quando adulto, não há mais chances de se tratar um psicopata. “Quando é forçado a passar por terapia, em geral ele fica pior, pois aprende como usar a psicologia para manipular ainda mais as pessoas” (Szklarz, 2016), diz a enfermeira psiquiátrica americana Pamela Kulbarsh, de uma equipe de emergência psiquiátrica em San Diego, EUA. “A terapia tradicional pode fazer com que o psicopata cometa mais crimes e com mais maldade. ” (Szklarz, 2016) A característica marcante do indivíduo com psicopatia é a inteligência, a forma como prepara detalhadamente suas ações e sabe o momento certo de agir. Há os psicopatas estelionatários, os violentos (que praticam coisas maquiavélicas com outro ser humano) e os estupradores. Todos, sem exceção, sentem prazer em humilhar e causar sofrimento a suas vítimas. Por fim, como são extremamente inteligentes e hábeis após cometerem os delitos, eliminam quaisquer vestígios que possam incriminá-los. O Psiquiatra argentino Luis Alberto Kvitko, professor de medicina legal da Universidade de Buenos Aires, relata: “O psicopata tem uma falha de consciência moral. A ele não interessa o que diz a lei. Ele a entende, mas tem suas próprias leis. Faz o que quer sem se importar com as consequências” (Szklarz, 2016) E, ainda, diz que: “Isso não quer dizer que seja inconsciente. Ao contrário: tem plena consciência de seus atos.” (SZKLARZ, 2016) Os considerados semi-imputáveis, de acordo com os estudos de psicologia jurídica, possuem idade mental entre 07 (sete) a 12 (doze) anos, e quociente intelectual de 50 (cinquenta) a 90 (noventa) anos, o que justifica a causa de excludente da culpabilidade (artigo 26 do código penal). Art. 26- É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) O próprio "códex" supramencionado afirma que, para ser isento de pena e ser aplicada medida de segurança, o agente tem de ser inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Para psiquiatras especialistas na área, isso não se aplica aos psicopatas. No entanto, na visão prevalecente dos doutrinadores, o psicopata é considerado semi-imputável, ao passo que na legislação brasileira a pena é diminuída de 1 a 2/3 (um a dois terços) ou poderá ser aplicada medida de segurança (artigo 26 do Código de Processo Penal). Dispõe o artigo 26, parágrafo único: Parágrafo único- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11.7.1984) Contudo, os psicopatas possuem alto grau de manipulação, “escondendo-se” na sociedade como pessoas normais e planejando seus atos com muita cautela para lhes favorecer; são, como se vê, inteligentes. É importante mencionar que os médicos psiquiatras não consideram o psicopata como um doente mental. Esses indivíduos não possuem nenhum tipo de distúrbio, alucinação ou qualquer outra coisa que possa debilitar sua capacidade de raciocínio ou de discernimento. Dessarte, seus atos são visivelmente de pessoas dotadas de capacidade racional plena e capaz, pois que precisamente calculados, manipulados e frios. Sua extrema inteligência impressionam até mesmo as autoridades e especialistas quando se lembram e descrevem detalhadamente todos os crimes que cometeram. Não resta duvidas que a saúde mental do psicopata é produtiva. 1.3 Transtorno mental O transtorno mental se caracteriza como dificuldade de distinguir o "real" da "imaginação". São alterações da mente que acabam por prejudicar todo convívio em sociedade. Possuem alucinações que podem fazê-los perderem totalmente a noção da realidade, podendo cometer atos ilícitos com outra pessoa, sem ter consciência do seu ato no momento da ação; entretanto, pessoas com esse tipo de transtorno podem ser tratadas e recuperadas. O indivíduo com tal transtorno pode com ele nascer ou adquiri-lo após sofrer alguma espécie de trauma. Dessa forma, o Estatuto da pessoa com deficiência traz o seguinte, no artigo 2º "caput" da Lei n. 12.852/2013: ART 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Houve reformas no Estatuto da pessoa com deficiência no que diz respeito à incapacidade civil. As mudanças ocorreram: a) no artigo 3º, incisos I a II, que versava sobre os absolutamente incapazes como sendo os menores de 16 anos, os que possuíam alguma enfermidade ou deficiência mental, e os que por algum motivo não podiam exprimir suas vontades; b) e no artigo 4º do Código Civil, que versava sobre o portador de síndrome de down, e em sua nova redação não são considerados mais como absolutamente incapaz. O art. 3º do Código Civil continha a seguinte redação: "São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I – os menores de dezesseis anos; II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III – os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade". Com a alteração, o artigo aludido passou a considerar como absolutamente incapazes apenas os menores de 16 anos. Ou seja, para o Código Civil os enfermos mentais passaram a ser capazes: estão, doravante, incluídos socialmente, tendo dignidade para exercer seus atos civilmente. Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) - (Revogado); (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) - (Revogado); (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) - (Revogado). (Redação dada pela Lei n. 13.146, de 2015) (Vigência) Criou-se, a partir daí, um conflito entre o direito civil e o direito penal, pois, naquele, um enfermo mental é totalmente capaz segundo os artigos 3º e 4º do Código Civil, mas neste é ainda considerado inimputável, aplicando-se o artigo 26 do Código Penal (porém, um inimputável capaz). Relata Vitor Frederico Kümpel, juiz de Direito em São Paulo e doutor em Direito pela USP: Mas o que causa maior perplexidade é o fato de a nova lei romper a harmonia até então existente entre o Direito Civil e Penal, de modo que, a partir da derrogação dos arts. 3º e 4º do Código Civil, teremos o seguinte quadro, no que se refere às pessoas com deficiência: a) Para fins penais, aplica-se o art. 26, "caput", do Código Penal, que reconhece a inimputabilidade do sujeito que, por doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado, é inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordocom esse entendimento; portanto, qualquer que seja o delito praticado por esse sujeito, desde os mais brutais, v.g., homicídio, latrocínio ou estupro, até os mais sofisticados, e.g., estelionato, apropriação indébita e falsidade ideológica, a lei o isentará de pena, cabendo ao magistrado lhe impor medida de segurança, conforme sua periculosidade; b)Para fins civis, aplicam-se os novos arts. 3º e 4º do Código Civil, com vigência a partir de 3 de janeiro de 2016 (art. 127 da lei 13.146/15), e as demais disposições do Estatuto, que reconhecem a validade de qualquer negócio jurídico celebrado pela pessoa com deficiência, desde os mais simples, como uma compra e venda de bem móvel, até os mais complexos, como a aquisição de um automóvel por contrato de “leasing” mediante alienação fiduciária em garantia, muito embora o art. 84, parágrafo 1º, do novo Estatuto disponha que "quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela, conforme a lei", apesar de não ser incapaz. Com efeito, o novo diploma "criou" um sujeito muito estranho, que desconhece a caráter ilícito de um crime de homicídio, latrocínio, estupro, enfim, de toda gama de delitos existentes no arcabouço jurídico-penal, mas, por outro lado, entende perfeitamente a natureza de qualquer negócio jurídico, desde os mais corriqueiros e que não exigem profundo conhecimento sobre o seu conteúdo, como a aquisição de um bem móvel pela ocupação (CC, art. 1.263), até os contratos mais complexos e sofisticados, como os de "Factoring" e "time sharing", não tendo problemas, ainda, para se casar e conhecer todas as implicações do regime de bens que eleger. (KUMPEL, 2015) 1.3.1 A diferença entre transtorno antissocial e transtorno mental É costumeiro ter a dedução de que o psicopata é um “louco” que possui um transtorno mental, o que é uma forma totalmente equivocada de pensamento, na medida em que o indivíduo que dispõe de um transtorno mental apresenta delírios e alucinações (como é o caso do esquizofrênico), perdendo totalmente a noção da realidade e podendo até mesmo ferir a si próprio no momento de perturbação. Os psicopatas, por sua vez, sentem prazer prejudicar o outro, sem qualquer remorso. Wagner Gattaz (2016), médico psiquiatra e professor de psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, diz que: A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena, que se caracteriza pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma, com o olhar perdido, indiferente a tudo o que se passa ao redor ou, os exemplos mais clássicos, ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais escuta e imagina estar sendo vítima de um complô diabólico tramado com o firme propósito de destruí-la. Não há argumento nem bom senso que a convença do contrário. Antigamente, esses indivíduos eram colocados em sanatórios para loucos, porque pouco se sabia a respeito da doença. No entanto, nas últimas décadas, houve grande avanço no estudo e tratamento da esquizofrenia que, quanto mais precocemente for tratada, menos danos trará aos doentes. Em contrapartida, o psicopata, como observado, tem plena ciência do que faz e sabe quem irá prejudicar para chegar aonde deseja. Eles não respeitam as regras em sociedade, não possuem conduta moral e com certeza não aprendem com punição, mas têm cabal consciência de que estão cometendo ato ilícito. Diversamente do esquizofrênico, que pode atingir e machucar a si próprio, o psicopata não faz mal a si; pelo contrário, seus atos são apenas para satisfazer a seus próprios interesses. Sobre essa questão, menciona a psiquiatra Ana Beatriz Babosa Silva (2013): Psicopatas não são débeis, tampouco apresentam sofrimento emocional. Se um criminoso psicopata for condenado e não receber tal diagnóstico, cumpre penas como presidiário comum, e permanece em celas de criminosos recuperáveis. Quando esse indivíduo sair da cadeia, a sociedade corre os mesmos riscos de antes, uma vez que os psicopatas não aprendem com os erros passados, com qualquer punição ou método de ressocialização. Todavia, é de suma importância que haja uma distinção e que se entenda que a psicopatia não se trata de um transtorno mental. O psicopata não é um doente mental (este recebe medida de segurança, tratamento psiquiátrico, e pode vir a se recuperar, sendo considerado semi-imputável). O psicopata, conforme dito alhures, tem plena consciência de seus atos, manipula e escolhe suas vítimas. Sendo assim, é inapropriado ser este considerado semi-imputável. 1.3.2 Casos de criminosos psicopatas no Brasil Vania Basílio Rocha A vendedora Vania Basílio Rocha, de 18 anos, foi presa em flagrante após matar o ex-namorado a facadas nesta quarta-feira (30), em Vilhena (RO). Segundo a Polícia Civil, o crime aconteceu na casa da vítima, no momento que os dois iriam iniciar uma relação sexual. Enquanto estavam deitados na cama, a jovem pegou a faca que estava escondida dentro da bolsa e golpeou Marcos Catanio Porto, de 26, em várias partes do corpo, que não resistiu aos ferimentos. Em entrevista na delegacia, Vania confessou o crime. "Queria matar alguém. Não me arrependo. Fiquei olhando olho no olho até ele morrer", revela. Segundo ela, três nomes de possíveis vítimas foram colocadas em uma lista: um amigo, um 'ficante' e o ex-namorado. Na noite de terça-feira (29), ela entrou em contato com o amigo, mas ele estava na casa de um irmão, que mora longe da cidade. Já a outra pessoa com quem estava se relacionando, que seria a segunda vítima, estava com a família e não poderia vê-la. Na manhã desta quarta-feira, Vania ligou para Marcos alegando que queria se despedir, pois iria embora para outro estado. Ela então colocou uma faca de cozinha dentro de uma bolsa e foi para a casa da vítima, que havia aceitado receber a visita. Na casa, o casal foi para o quarto e, durante as preliminares sexuais, esfaqueou o ex-namorado. "Eu queria matar uma pessoa só, dos três. Eu tapei o olho dele. Aí peguei a faca e meti nele. Ele reagiu e veio para cima de mim e eu fui para cima dele também. Eu enforquei ele, e aí comecei a meter [facadas] em outras partes do corpo dele. Daí ele gritou socorro e a porta estava trancada. O irmão dele quebrou a janela. Quando o irmão dele entrou ele já estava quase morrendo. Fiquei olhando olho no olho até ele morrer", narrou. Após o crime, Vania conta que foi para o banheiro e a família do ex- namorado chamou a Polícia Militar. Ela contou que terminou o namoro há dois meses com Marcos, com quem namorou durante 9 meses. "Não me arrependo. Não sei se um dia vou me arrepender", explica. Vania foi classificada como psicopata – pessoal com transtorno de personalidade antissocial – nos laudos médicos divulgados pelo Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO). Segundo o tribunal, o resultado baseia-se no exame de sanidade mental realizado em Vilhena, cidade onde ocorreu o crime, a cerca de 700 km de Porto Velho. Mesmo com o resultado, o TJ-RO diz que Vania não pode ser isenta de responder por seus atos judicialmente, pois "apresentou plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato". Vania também deverá fazer acompanhamento psiquiátrico por recomendação médica. (Disponível em <http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/laudo-revela-que- acusada-de-matar-ex-facadas-no-ato-sexual-e-sociopata.html>. Acesso em 10. Maio. 2017) Guilherme de Pádua Em 28 de dezembro de 1992, se envolveu no assassinato da atriz Daniella Perez, junto à sua ex-esposa Paula Nogueira Thomaz (atual Paula Nogueira Peixoto). Junto à sua ex-esposa, que hoje assina Paula Nogueira Peixoto, que na época tinha muito ciúme de Daniella, Guilherme de Pádua tramou o assassinato. Eles emboscaram Daniella em frente a um posto de gasolina, situação esta vista e confirmada por dois frentistas. Guilherme não somente deu-lheum violento soco, como também espancou a atriz, colocou-a no carro de Paula, onde Daniella começou a ser apunhalada e seguindo direção ao Escort da atriz. Depois, ambos, após terem-na apunhalado 18 vezes com uma tesoura, atiraram o corpo da atriz em um matagal da Barra da Tijuca. O crime teria sido motivado por inveja, cobiça e vingança, já que segundo a acusação, Guilherme dava em cima de Daniella, e sem obter êxito em suas investidas, creu que pelo fato de ter deixado de aparecer em dois capítulos da novela na semana do crime, Daniella teria contado sobre suas perseguições a sua mãe, como forma de prejudicá-lo. Em 1995, Pádua escreveu o livro "A História que o Brasil desconhece", enquanto estava na cadeia e pretendia lançá-lo durante a Bienal do Livro do Rio daquele ano, mas uma liminar conseguida por Glória Perez suspendeu o lançamento. Em 25 de janeiro de 1997, Guilherme e Paula foram condenados por homicídio qualificado, com motivo torpe, a 19 anos e 6 meses de cadeia. Cumpriu somente 6 anos. É mencionado em um capítulo do livro da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, "Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado". (Disponível em http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/laudo-revela-que-acusada-de-matar-ex-facadas-no-ato-sexual-e-sociopata.html http://g1.globo.com/ro/vilhena-e-cone-sul/noticia/2016/05/laudo-revela-que-acusada-de-matar-ex-facadas-no-ato-sexual-e-sociopata.html <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_de_P%C3%A1dua>. Acesso em 10. Maio. 2017) Suzane Von Richthofen Planejou (e ajudou na execução junto com os irmãos Cravinhos, Daniel namorado de Suzane à época do crime e Christian irmão de Daniel) o assassinato dos próprios pais. Manfred e Marísia von Richthofen foram espancados até a morte com barras de ferro. Há divergências sobre a motivação: a herança de R$10 milhões deixada pelo casal Richthofen e/ou a proibição do namoro de Daniel e Suzane. Indícios apontam que Suzane conduziu testes de ruídos na casa para decidir sobre o uso ou não de armas de fogo, traçou a estratégia, desligou os dispositivos de segurança da casa, permitiu a entrada dos irmãos Cravinhos, espalhou documentos e objetos pela casa e arrombou uma maleta de dinheiro do pai para simular um latrocínio. Depois do assassinato, Suzane e Daniel deixaram Christian perto da casa dele e foram para um motel – primeiro disseram ter feito sexo naquela noite, depois negaram. Saindo do motel, eles buscaram Andreas, irmão de Suzane, que estava em um cibercafé (odeio o termo, mas foi o que usaram nas reportagens e eu resolvi não mexer!). Desde que chegou na casa dos Richthofen, a polícia desconfiou do comportamento de Daniel e Suzane e de detalhes da cena do crime. Depois de investigação, Christian foi confrontado a respeito de uma moto 0 km que comprou logo após o crime. Ele foi o primeiro a confessar. Suzane foi condenada a 39 anos de prisão em regime fechado. Daniel teve a mesma pena e Christian pegou 38 anos de prisão. Os três seguem cumprindo suas penas. (Disponível em < http://serpsicopata.blogspot.com.br/2013/02/as-criminosas-mais-famosas-do- brasil.html >. Acesso em 10. Maio. 2017) Francisco das Chagas Rodrigues de Brito O mecânico de bicicletas Francisco das Chagas Rodrigues de Brito, de 45 anos, foi condenado, em julgamento encerrado dia 27/08/09, a 36 anos e 6 meses de prisão. Francisco era acusado dos homicídios de duas crianças na cidade de São José do Ribamar, cidade na região metropolitana de São Luís (MA). Também foi condenado por ocultação de cadáver e vilipêndio (isto é, atitude desrespeitosa com os corpos). Estes crimes ocorreram no ano 2000. Duas crianças, de 10 e 11 anos, foram mortas. Contudo, não é a primeira vez que Francisco das Chagas é julgado. Em 2006, Francisco já havia sido condenado a mais de 20 anos de prisão pelo homicídio de um adolescente de 15 anos – a pena seria maior, mas foi reduzida porque Francisco foi considerado semi-imputável, isto é, considerou-se que ele possui um transtorno mental (o transtorno de personalidade anti-social) que reduz sua capacidade de controlar seus impulsos. Neste julgamento atual, a pena também foi reduzida, pelo mesmo motivo, em um terço. Na verdade, suspeita-se que Francisco das Chagas tenha matado mais de 40 crianças e jovens do sexo masculino, entre 1989 e 2003, o que o tornaria um dos mais agressivos serial killers brasileiros– teriam sido 30 vítimas no Maranhão (também na cidade de Paço do Lumiar) e 12 no Pará. Sua história ficou conhecida como “o caso dos meninos emasculados do Maranhão e de Altamira (PA)”, pois o assassino mutilava os órgãos sexuais da maioria das vítimas. Porém, este não era o único ato bárbaro de Francisco. As mortes eram por asfixia ou com uso de objetos cortantes. Antes, ele abusava sexualmente dos garotos. Depois de mortos, de alguns ele cortou a cabeça ou dedos, de outros queimou o corpo. Segundo o promotor do caso atual, Francisco, que está preso desde 2004 (ano em que foram encontradas duas ossadas enterradas na sua casa), confessou os crimes e colaborou com as investigações, mas às vezes se divertia fazendo um “jogo” testando a capacidade dos policiais em desvendar a história. (Disponível em <https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os- maiores-serial-killers-brasileiros/>. Acesso em 10. Maio. 2017) Fortunato Botton Neto – O Maníaco do Trianon Entre 1986 e 1989, Fortunato Botton Neto, garoto de programa que atuava no Trianon, matou 13 homens– com idades entre 30 e 60 – com requintes de crueldade. Quando foi preso, confessou os crimes com detalhes de embrulhar o estômago. https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/ https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/ Depois de combinar o preço do programa, ele seguia para o apartamento das vítimas, onde bebia com elas até que ficassem totalmente alcoolizadas. Amarrava os tornozelos e os pulsos, amordaçava e matava por estrangulamento, golpes de faca ou chave de fenda. Em alguns casos, chegou a pisotear as vítimas até que os órgãos internos saíssem pela boca, ouvidos, nariz e ânus. Terminado o serviço, ele vasculhava o apartamento da vítima à procura de dinheiro e objetos valiosos que pudessem ser vendidos facilmente sem levantar suspeitas. A frieza com que Neto relatou os crimes chocou os policias que trabalhavam no caso. Em de seus depoimentos, o maníaco diz: “Matar é como tomar sorvete: quando acaba o primeiro, dá vontade de tomar mais, e a coisa não para nunca”. Neto foi condenado por três dos sete crimes que confessou. Morreu na prisão em fevereiro de 1997, de broncopneumonia decorrente da Aids. (Disponível em <https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os- maiores-serial-killers-brasileiros/>. Acesso em 10. Maio. 2017) Tiago Henrique Gomes da Rocha Caso se confirmem as 39 mortes confessadas em Goiânia, segundo a polícia, pelo vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, o brasileiro estará entre os serial killers mais letais da história moderna. É o que afirma o professor de criminologia americano Scott Bonn, da Universidade Drew, em Nova Jersey (EUA). Durante meses, as famílias de Goiânia viveram aterrorizadas, com medo de um serial killer que estaria matando mulheres a esmo na cidade. Entre janeiro e agosto, 16 foram assassinadas. Em 2012, pairou a mesma suspeita diante de uma série de execuções de moradores de rua. Na terça-feira 14, a polícia prendeu o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26 anos, e anunciou ter desvendado esses mistérios após ele ter confessado 39 homicídios – entre suas vítimas também estavam homossexuais. “Ele matava porque sentia raiva de tudo e de todos”, afirmou Deusny Aparecido Silva Filho, superintendente da Polícia Civil. “Quando matava, ele relata que sentia alívio e parecia acabar com oestresse.” Há 70 dias, uma força-tarefa da Polícia Civil começou a investigar o assassinato das mulheres, a execução de um homem e outros crimes de agressão. A polêmica envolvendo um suposto assassino em série começou no dia 18 de janeiro com a morte de Bárbara Luiza Ribeiro https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/ https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers-brasileiros/ Costa, 14 anos. Nos últimos meses, mais homicídios com as mesmas características foram denunciados: mulheres entre 13 e 29 anos executadas a tiros por um motociclista de capacete. “No começo, ele matava aleatoriamente, mas no fim estabeleceu um padrão”, diz João Gorski, delegado-geral da polícia. (Disponívelem<http://istoe.com.br/388143_O+SERIAL+KILLER+DE+GOIANIA/> . Acesso em 10. Maio. 2017) Silvia Calabrese Lima Em 2008 a policia a partir de uma denuncia anônima chega ao apartamento de uma empresaria do ramo de Construção Civil, que foi presa em flagrante por maltratar uma menina que morava com ela a pouco tempo, a menina tinha 12 anos. Amordaçada com gazes e esparadrapos embebidos com pimenta, vários dedos quebrados, unhas arrancadas, marcas de Ferro pelo corpo, dentes quebrados a martelada. A empregada também foi presa como cumplice, que disse que a maltratava a mando da patroa, e marcava em um caderninho dia e hora das agressões. A Própria delegada do caso, declarou a revista Veja: ela é sádica, sente prazer em torturar, e nunca demostrou sequer arrependimento. Palavras do psiquiatra forense Guido Palompa: “São pessoas de natureza deformadas".(Disponívelem<http://novospsicologos.blogspot.com.br/2010/04/psi copata-foi-manchete-nos-jornais.html >. Acesso em 10. Maio. 2017) Cláudio de Souza (Maníaco da Lanterna): Segundo a polícia, Souza cometeu uma série de ataques a casais de namorados entre os anos de 2001 e 2005 na região norte de Mato Grosso. Ele é acusado de ter matado ao menos nove pessoas. Souza era andarilho e sempre estava armado. Ele se escondia no mato e usava uma lanterna para iluminar a escuridão e abordar os casais. As vítimas eram atacadas em locais ermos e escuros da cidade, onde iam namorar, e pelo menos cinco mulheres sofreram violência sexual antes de serem mortas. Souza foi preso em flagrante no início de abril de 2008, na periferia de Alta Floresta, onde matou um casal. Ele foi condenado a 20 anos de prisão pelo crime em maio deste ano. Em 2011, Souza já havia sido condenado à mesma pena pela morte de uma mulher e por tentativa de homicídio contra o namorado dela em Sinop, a 503 km de Cuiabá, onde está preso atualmente. (Disponível em < http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/12/relembre-9-casos-de-assassinos-que- chocaram-o-pais-com-seus-crimes.html >. Acesso em 10. Maio. 2017) Marcos Trigueiro (Maníaco de Contagem): Todas suas vítimas eram mulheres magras, morenas, de cabelos longos e lisos. Foram abordadas no carro e depois estupradas e mortas por estrangulamento. Trigueiro foi preso em fevereiro de 2010, depois que exames de DNA confirmaram a autoria dos crimes. Em um dos casos, a vítima estava com o filho de um ano e meio, que foi deixado em cima do cadáver da mãe e encontrado com vida. Trigueiro já foi condenado a 98 anos de prisão por três crimes. (Disponível em<http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/12/relembre-9-casos- de-assassinos-que-chocaram-o-pais-com-seus-crimes.html>. Acesso em 10. Maio. 2017) Marcelo Costa de Andrade - O Vampiro de Niterói Marcelo Costa de Andrade é conhecido como o “Maníaco” ou “Vampiro” de Niterói. Ele, um garoto com cara de filhinho de papai de aparência inofensiva, é na verdade um psicopata religioso, um dos mais famosos seriais killers do Brasil. Filho de imigrantes pobres do Nordeste, Marcelo cresceu na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Ele viveu sem água corrente e apanhava regularmente do seu avô, do seu padrasto e da sua madrasta. Quando tinha 10 anos foi abusado sexualmente. Aos 14 começou a se prostituir para viver. Ele foi enviado para um reformatório, mas escapou. Aos 16 anos ele começou um relacionamento homossexual com um homem mais velho. Aos 17 anos tentou estuprar seu irmão de 10 anos. Quando ele tinha 23 anos terminou sua relação homossexual e ele voltou a morar com sua mãe e seus irmãos que se mudaram para Itaboraí, cidade próxima a São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro. Lá encontrou emprego distribuindo panfletos de uma loja do bairro de Copacabana. Ele também entrou para a Igreja Universal do Reino de Deus e começou a ir à igreja quatro vezes por semana. Apesar de algumas idiossincrasias e seu estranho e incoerente sorriso, sua vida parecia normal. Isto é, até Abril de 1991, quando aos 24 anos, ele começou a matar.Ao longo de um período de nove meses Marcelo registrou 14 mortes. Suas vítimas eram meninos de rua que ele atraia para áreas desertas, estuprava e estrangulava. Ele também praticava necrofilia, decapitou um dos meninos, esmagou a cabeça de outro, e, em duas ocasiões, bebeu o sangue das vítimas. Mais tarde, ele confessou que sua sede vampírica foi simplesmente para “tornar-se tão bonito quanto os meninos”. Violência no Rio é comum e a contagem de corpos por dia é tão grande que as autoridades nunca suspeitaram que o crescente desaparecimento de meninos pudesse ser trabalho de um serial killer. Geralmente eles são vítimas de grupos de extermínio. Andrade confessou: “Eu preferia garotos porque eles são melhores e tem a pele macia. E o pastor disse que as crianças vão automaticamente para o céu quando morrem antes dos treze. Então eu sei que eu fiz um favor os enviando para o céu”. Em dezembro de 1991 sua matança chegou ao fim quando ele “se apaixonou”, pelo garoto de dez anos Altair de Abreu e poupou sua vida. Marcelo encontrou o jovem e seu irmão de seis anos de idade Ivan no terminal de ônibus de Niterói. Ele lhes ofereceu dinheiro para ajudar a acender velas para um santo na igreja de São Jorge. O sobrevivente à polícia: “Nós estávamos indo para uma igreja, mas como quando estávamos atravessando um terreno vazio, Marcelo virou Ivan e de repente começou a estrangulá-lo. Fiquei com tanto medo que eu não consegui fugir. Eu vi com atenção o horror, lágrimas escorriam pelo meu rosto, como ele matou e estuprou meu irmão. Quando ele tinha acabado com Ivan, ele se virou para mim, me abraçou e disse que me amava”. Então ele convidou Altair para morar com ele. Assustado com a morte do irmão, o rapaz concordou em passar a noite com Marcelo no meio de arbustos. Na manhã seguinte, o assassino e o levou seu amado Altair para trabalhar com ele. Quando chegaram o escritório estava fechado. O jovem aterrorizado conseguiu escapar. Ele pegou uma carona no caminho de volta para casa e disse à sua mãe que tinha se perdido de seu irmão. Alguns dias depois, pressionado por sua irmã, o menino disse a verdade. Enquanto isso Marcelo, um assassino verdadeiramente atencioso, voltou à cena do crime para colocar as mãos de sua vítima dentro da cueca ”para que os ratos não pudessem roer os seus dedos”. Quando a família de Ivan foi à polícia, Marcelo, que manteve a sua rotina diária, foi preso calmamente na loja onde trabalhava no Rio de Janeiro. “Eu pensei que você ia vir ontem”, disse aos policiais. Inicialmente, a polícia pensou que o assassinato de Ivan era um caso isolado. No entanto, dois meses depois, a mãe de Marcelo foi chamado para depor sobre o estranho comportamento de seu filho. Uma noite, ela disse, ele saiu de casa com um facão “para cortar bananas”. Ele retornou na manhã seguinte sem bananas. Em poucos dias Marcelo confessou 14 assassinatos e levou a polícia aos restos mortais de suas outras vítimas. Ele perguntou para policiais, se alguma vez pelo mundo, houve algum caso como o dele e disse que matouporque gostava dos meninos e não queria que eles fossem para o inferno. Marcelo chegou a ser internado em um hospital psiquiátrico, mas hoje ele está na cadeia. Em fevereiro de 1997, Marcelo fugiu da cadeia e foi encontrado 1 dia depois no Ceará. Certa vez acreditavam que ele pudesse ter matado uma 15 vítima, dessa vez uma garota, mas, Marcelo disse que não matou nenhuma garota porque nunca gostou de garotas e que matar não adiantava, porque elas não iriam para o Céu de maneira nenhuma. (Disponível em<https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers brasileiros/ >. Acesso em 10. Maio. 2017) Eudóxio Donizeti Bento 39 anos, foragido da penitenciária de Presidente Venceslau. Três das vítimas, todas do sexo feminino, inclusive uma criança de nove anos, foram estupradas e tiveram as cabeças decepadas. Marília,SP – A Delegacia de Investigações Gerais (DIG), de Presidente Prudente, desvendou ontem a autoria de sete homicídios ocorridos desde 1989, com a confissão de Eudóxio Donizeti Bento, que também usa o nome de Donizeti Bento de Jesus Segundo o delegado Marco Antônio Scaliante Fogolin, titular do setor de homicídios da DIG, o criminoso foi preso em Caarapó(MS), na semana passada, https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers durante as investigações para desvendar a morte da menina Amanda Cristina de Lima, de 9 anos, ocorrida em fevereiro deste ano. A menina foi levada para um matagal próximo de um córrego entre a cidade de Álvares Machado, no Oeste do Estado e o distrito de Coronel Goulart, onde foi estuprada e morta. Sua ossada foi encontrada no local, um mês depois, sem a cabeça. Nos interrogatórios, Bento confessou ter estuprado, matado e decepado, Olívia Nascimento Lima, 29 anos, e a enfermeira Fátima Sueli Pereira de Souza, 23 anos, todas de Presidente Prudente, respectivamente nos anos de 1991 e 1999. Ele também admitiu ter assassinado a tiros ou facadas um homem identificado apenas como Adelício, em Birigui, no ano de 1989; uma mulher de nome Zélia e seu filho Mário de 5 anos, em Carapó (MS), em 1992, e Aparecido Prudêncio de Oliveira, 39 anos, em Pirapozinho, em 1999. Os crimes foram confirmados e que nos casos da região de Prudente, o assassino mostrou os locais onde enterrou os corpos. (Disponível em< https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers brasileiros/ >. Acesso em 10. Maio. 2017) 2. Do direito penal Brasileiro O Código Penal Brasileiro é datado de 1940 e passou, ao longo dos anos, por algumas reformas a fim de que alguns problemas fossem sanados. Entretanto, é sabido que há, atualmente, um mundo completamente diferente, e que o referido diploma legal não vem logrando êxito em acompanhar as mudanças ocorridas no país, principalmente no que diz respeito à evolução cientifica, como por exemplo os estudos médicos sobre a psicopatia. O direito penal tem como obrigação acompanhar essas novas descobertas, buscando se aprimorar e se adequar, notadamente acerca do crime que envolve indivíduos psicopatas. O código possui mais de 70 anos de existência. Requer, urgentemente, mudanças drásticas, já que até mesmo seu linguajar tornou-se sinuoso para os dias modernos, não sendo cabível que seja aproveitada uma lei com tamanha importância que foi escrita há décadas. Só resta uma conclusão óbvia: um novo código penal deveria entrar em vigor. https://www.issoebizarro.com/blog/serial-killers/os-maiores-serial-killers A princípio, deve-se salientar a relevância do instituto da culpabilidade. Para Greco, é o “Juízo de censura reprovável que se faz sobre a conduta típica e ilícita do agente.” Já para Capez, “na culpabilidade é auferido apenas se o agente deve ou não responder pelo crime cometido.” Na visão de Capez: “A culpabilidade é exatamente isso, ou seja, a possibilidade de considerar alguém culpado pela prática de uma infração penal. Por essa razão costuma ser definida como juízo de censurabilidade e reprovação exercido sobre alguém que praticou o fato típico e ilícito.” (CAPEZ, 2008, p.134) Nosso código penal, em seu artigo 26, parágrafo único, considera o psicopata como semi-imputável, o que leva a considerá-lo como um indivíduo com transtorno mental, mesmo com inúmeros especialistas (psiquiatras) afirmando que a psicopatia vem a ser um transtorno antissocial, pois possuem plena consciência de seus atos. Quando considerados semi-imputáveis, sua pena é reduzida de 1/3 a 2/3. Artigo 26. "É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Parágrafo único: A pena pode ser reduzida de um terço a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental, incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento". Pode-se observar a total inconsistência do referido artigo, já que a semi- imputabilidade significa a "perda de parte da capacidade de entendimento por uma perturbação mental ou desenvolvimento completo e retardado". São consideradas doenças mentais a neurose, esquizofrenia, paranoias e outras, e, no caso da psicopatia, ela não está elencada no rol de doenças mentais, não só pelo psicopata ter entendimento do caráter ilícito do fato, como também por conseguir planejar suas ações para chegar ao resultado ilícito desejado. Para o Psiquiatra forense Guido Palomba: Palomba se refere aos classificados no Código Penal como semi- imputáveis; psicopatas, condutopatas, sociopatas e portadores de transtorno de personalidade. Eles não são doentes mentais, mas possuem um defeito moral ou comportamental. “É uma questão entre a capacidade de entender o caráter criminoso e a capacidade de se determinar de acordo com esse entendimento, do querer e do fazer”, diz. O psiquiatra explica que depois da reforma do Código Penal nos anos 80, quem se enquadra na semi-imputabilidade é equiparado ao criminoso comum ou ao doente mental, não há uma determinação específica para sua condição. Se nivelado ao criminoso comum, ele é enviado à cadeia e pode ter a redução de um a dois terços da pena. Do contrário é enviado para tratamentos psiquiátricos em um manicômio ou casa de custódia e tratamento. “Você pode recuperar um criminoso comum com a reclusão ou um doente mental com remédios, mas o fronteiriço é praticamente irrecuperável”, explica. Para ele, portanto, a pena para os semi-imputáveis deveria ser agravada, não reduzida. O problema é que a Justiça tem um entendimento que não condiz com a realidade, segundo Palomba. “Muitas vezes, o Ministério Público quer jogar para a plateia”, diz. Para o psiquiatra foi isso que ocorreu no julgamento do caso de Mateus da Costa Meira, que atirou em oito pessoas dentro do cinema do shopping Morumbi. Segundo ele, o estudante tem vários gêneros de loucura em uma só pessoa, mas foi condenado como criminoso comum. “O Ministério Público saiu de lá cantando vitória pela pena de 136 anos, mas isso é tudo balela porque ninguém cumpre mais do que 30 anos”, diz. Se o preso cumpre um sexto, cinco anos, em bom comportamento, ele vai para as ruas no regime semiaberto, afirma Palomba. Ou seja, 136 anos se transformaram em cinco. Se o Maníaco do Parque fosse julgado como semi-imputável e igualado ao inimputável – que não tem condições de entender o caráter criminoso do ato – ele pegaria, inicialmente, o máximo de três anos de medida de segurança. Terminado esse período, ele não vai para a rua e é submetido a exames psiquiátricos. “O criminoso só é liberado quando não apresenta periculosidade, só que sua periculosidade não cessaria nunca, então, ele ficaria fora da sociedade por muito
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