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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE FISIOTERAPIA PSICOMOTRICIDADE CLÍNICA Rita Thompson A vida não surgiu de repente, antes, resultou de uma progressiva estrutura e de uma organização evolutiva de elementos químicos que permitiram uma constante recriação de novos atributos que explicam a impossibilidade de separar radicalmente o mundo inorgânico do orgânico. A vida teve sua origem no fundo dos mares. Inicialmente, eram os seres unicelulares, que através de um mecanismo simples mantinham sua homeostase e buscavam a sua adaptação ao meio. Entretanto, ao longo do processo evolutivo, certos organismos sofrendo pressões seletivas do meio foram diferenciando-se e adquirindo padrões de comportamento mais complexos. Esta complexificação exigiu uma especialização do organismo, no sentido de uma captação máxima do meio exterior, pela categorização dos estímulos que dele provêm, além do desenvolvimento de um meio interno em moldes adequados à nova situação. Nas etapas subsequentes, novos organismos foram surgindo e uma ação mais pronta, interligando os vários departamentos de um organismo multicelular mais complexo, era imperiosa, através da aquisição de sistemas mais rápidos de informação. Então, o aparecimento de células altamente especializadas (células nervosas) proporcionou este tipo de informação rápida (impulsos nervosos). Constata-se assim, que os organismos descendem uns dos outros por transformações, como resultado de adaptações lentas em grandes períodos de tempo, ou seja, todas as espécies vivas evoluiram a partir de formas pré-existentes mais simples. Como veremos a seguir, podemos traçar um paralelo do desenvolvimento humano, ontogênese, com o desenvolvimento das espécies, filogênese. Filogênese Ontogênese Peixe – nada em bloco / impulso com próprio corpo Flutua no meio líquido/não dissocia cabeça/tronco Réptil – movimento de arrastar, aquisição de uma coluna cervical móvel Ligeira dissociação cabeça; aparecimento membros;campo visual Mamífero – maior deslocamento terra Movimento engatinhar liberação cabeça e membros; orientação espacial Primata – cabeça no eixo da coluna, liberação braço Controle coluna, verticalização cabeça, dissociação cabeça/tronco; coordenação viso-motora Homem Aquisição marcha HOMINIZAÇÃO: Por hominização entende-se o processo através do qual os nossos antepassados adquiriram características anatômicas e fisiológicas próprias até chegar ao Homo sapiens. Desde que nossos antepassados desceram das árvores para a vida nas savanas, o processo de hominização jamais deixou de andar sobre dois pés. A verticalização do corpo com o consequente bipedismo, libertou a mão de qualquer atividade locomotora. Uma vez livre, as mãos desenvolveram uma extraordinária habilidade, principalmente através da oponência do polegar, que permite à mão humana pegar objetos com força ou delicadeza, empunhar ou manipular. Habilidade e força são duas características essenciais da mão humana. O bipedismo e a libertação da mão proporcionaram a libertação dos maxilares, fato que teve como corolário uma diminuição das modificações mecânicas sobre a caixa craniana. Essa redução do estojo craniofacial permitiu uma ampliação do estojo craniocerebral, com o desenvolvimento de um grande cérebro no homem. A simetria bilateral está na base da filogênese da motricidade e, é ela que explica a diferenciação do cérebro. Desenvolveu: Maior facilidade de movimentos Melhores condições de resistência ao sedentarismo Separação das narinas na cavidade bucal Necessidade de um sistema de equilíbrio Coluna flexível Cefalização progressiva com assimetria funcional dos hemisférios Como dados filogenéticos, indispensáveis à compreensão da ontogênese da motricidade dos vertebrados temos: Organização mecânica da coluna e dos membros entendidos não só como meios de locomoção, mas também, e fundamentalmente, como órgãos de relação com o meio Suspensão craniana como dispositivo de orientação no meio Estruturação da dentadura como órgão de relação com função de captura de presas e preparação alimentar Evolução neuromotora da mão Expansão associativa e interneurossensorial do cérebro desenvolvendo a linguagem Leis do desenvolvimento psicomotor: Aquisição de uma função depende do desenvolvimento de estruturas que lhes são indispensáveis. O desenvolvimento se faz através de uma sequência ascendente, conduzindo a atividades mais complexas e elaboradas. Põe em destaque a lei céfalo-caudal e próximo-distal. A preensão como um fator primordial que permitiu o aperfeiçoamento de aprendizagens intermináveis. Aspectos fundamentais para o desenvolvimento Diferenças evolutivas Diferenças ambientais Diferenças culturais Diferenças emocionais Fundamentos da psicomotricidade: Objetiva a tomada de consciência corporal como lugar de sensação, expressão e criação. Respeita as diferenças individuais. Preocupa-se com a participação ativa do indivíduo. Facilita as aprendizagens do indivíduo. Associa a linguagem à terapêutica. TAXIONOMIA PSICOMOTORA Movimentos reflexos = resposta a certos estímulos sem a volição do indivíduo. Não são voluntários mas são considerados como base essencial para o comportamento motor. Os reflexos proprioceptivos exercem permanentemente sua ação sobre a atividade dos neurônios motores. Movimentos básico-fundamentais =ocorrem durante o primeiro ano de vida. São elaborados a partir dos movimentos reflexos inatos. São movimentos que surgem independentemente da aprendizagem, mas que podem ser posteriormente refinados pela aprendizagem. Movimentos locomotores => fazem sair de estacionário à ambulante; rastejar, engatinhar, escorregar. Movimentos não locomotores => envolvem os membros do corpo ou partes do tronco em movimentos ao redor de um eixo (girar braços para pular corda, lançar bola ao cesto); puxar, empurrar, balançar, agachar, esticar, curvar, contorcer Movimentos manipulativos => movimentos coordenados das extremidades, combinados com as modalidades visual e tátil (preensão, destreza de movimentos da mão e dedos) Capacidades perceptivas = exige comportamentos cognitivos e psicomotores: Bilateralidade Lateralidade Dominância Equilíbrio Imagem corporal Relação dos objetos situados à sua volta Discriminação visual Acompanhamento visual Memória visual Diferenciação figura-fundo Categorização (atributos) Discriminação auditiva Acuidade auditiva Acompanhamento auditivo (direção do som) Memória auditiva Discriminação tátil Coordenação para 2 ou mais capacidades perceptivas e motoras (olho/pé; olho/mão) Capacidades físicas Resistência = capacidade do corpo de suprir e utilizar o oxigênio, dando possibilidade ao indivíduo de continuar em atividade. Interação eficiente dos vasos sangüíneos, do coração e dos pulmões Força = capacidade de exercer tensão contra a resistência Flexibilidade = amplitude dos movimentos que o indivíduo é capaz de fazer com suas articulações Agilidade = capacidade de movimentar-se com rapidez Destreza motora Economia do esforço que o indivíduo despende quando desempenha um movimento complexo Comunicação não verbal movimentos expressivos (gestos) e movimento interpretativo (expressão de sentimentos) Referências Bibliográficas: FONSECA, Vitor. - Da Filogênese à Ontogênese da Motricidade. Ed Artes Médicas: Porto Alegre, 1988 HARROW, A. – Taxionomia do Domínio Psicomotor. Ed. Globo: Rio de Janeiro – 1972 ritathompson@uol.com.br
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