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NGUYEN QUOC D I\H t • PATRICK DAILL1ER • ALAIN PELLET DIR E ITO INTERNACIONAL PÚBLICO Tradução de Vítor M arques Coelho Revisão de M.* Irene Gouveia Filipe Delfim Santos 3 1 t i 8 â 6 - £ > O CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL B IB L IO G R A F IA - R . A g o , « D ro it p o s itií e t d ro it In te rn a t io n a l- . A.F.D .I. 1957. p . 14-62 fc SUY « S u r la d é fin itio n du d ro it d e s g e n s » , R.G .D .l.P . 1960, p . 7 6 2 -7 7 0 - S n K o b c n J e n n i \ ( .s , « W hat Is In lc m a iio n a l L aw an d h o w d o w c T cll it w h c n w c S ee i\’! » ,A .S . IX L 1 98 1 , p . 5 9 -8 8 c « ll ic Idcnii- fica lion o f In te rn a tio n a l L a w » , m B in C u l n o . c d .. International U m : Teaching and Pruticc. S tcvens. I^ondres, 1982. p . 3*9 - R H ig g in s , « T h e Iden tity o f In te rn a tion a l I-a \v» . íb iti, p . 27 4 4 - J C o v b a c a l . «L e d ro it in te rn a iio n a l. b ric ã b ra c o u s y s tè m c ? * , A nh ives de p/tíloso/>hie du droit. 1986 . p . 8 8 -10 5 - S . S u r . « S y s tè ra e ju r id iq u e in te rn a iio n a l e t u to p ie * . íbid.. 1987 . p 3 5 -4 5 - 1. D k t t e k ü e L up is. The Cuttcept o f International La\\\ N orstedt.s F o rln g . 1987 . 145 p . - C h . I j - b e n . « D ro it: Q u e lq u e c h o se qui n e s t p a s é lra n g e r à la ju s tic e » , Dnut. 1 99 0 . p. 3 5 -4 0 1. D ire ito in te rn ac io n a l e so c ied ade in te rn ac io n a l - O direito internacional define-se com o o dirciu» aplicável ã sociedade internacional. Esta fó im ula. com poucas diferenças nos term os, encontra-se hoje em dia em todos os autores: é a m ais sim ples se bem que não seja a pura constatação de um a evidência. Implica a existência de um a soctedadc interna cional distinta da sociedade nacional ou sociedade interna, ou ainda estatal, lila delim ita, ao m esm o tem po, os cam pos de aplicação respectivos do direito internacional e do direito interno. Confirm a por últim o o vínculo sociológico, portanto necessário , entre direito e sociedade. Q ualquer sociedade tem necessidade do direito e todo o direito é um produto social. Ubi societas. ibi jus é um a m áxim a que se tem verificado no tem po e no espaço A - Definição fonnal de direito internacional 2. D ire ito in te rn ac io n a l e d ire ito in te re s ta ta l - A denom inação «direito internacional» é hoje em dia a mais correntem ente utilizada para designar o direito da sociedade internacional. Ela é a tradução da expressão «InternationalLaw» cuja paternidade pertence a Bentham que a utilizou no seu livro publicado em 1780. A n Introduction to tlic Principies o f Moral and Legislatton. em oposição com a «Nacional Imw» ou *Miaiici/ml Law *■ O filósofo inglês mais não fez do que ressuscitar a fórm ula latina jus inter gentes adoptada no século XVI por Vitória, retom ada em 1650 por um outro inglês, o jurista Zoudi. e que o chanceler d'Aguesseau traduziu, no princípio do século seguinte, por «Direito entre as nações». N o seu projecto de paz perpétua publicado em 1795, Kant substituiu expres sam ente «Nações» por «Estados», ro tab e lecen d o assim o sentido anglo-saxónico do term o «Nação»- «D ireito internacional*» deve ser então considerado com o sinônimo do direito que regula as relações entre os Estados, ou direito interestatal. Paralelamente, a sociedade internacional, regida por este direito interestatal ê. tam bém ela. uma « sociedade interestatal» ou ainda, «sociedade de Estados». Na hora actual. após uina evolução contínua que co n d u /iu a um certo re co n h e cim en to internacional do indivíduo e à criação e m ultiplicação das organizações internacionais, a sociedade internacional já não é exclusivam ente interestatal. Todavia, o term o «direito INTRODUÇÃO GTRAI internacional- pcm anecc solidamente ancorado no vocabulário jurídico. Nestas circuns tância*. c cm relação com a transform arão da sociedade internacional.deve ser igualmente entendido com o om direito que já n io é exclusivamente inlcrcstatal. ainda que tal permaneça. principalmente devido ao papel primordial dos Estados na vida internacional e Á influencia determinante que exerce a noção de soberania, característica essencial do Estado, no conjunto do direito internacional. 3 . D ireito in ternacional e d ire ito das gentes - Ate no aparecimento do livro de Bentham. uma outra denom in içln . a dc -d ireito das gentes*, linha os favores da doutrina Era a rniduçéo literal do expressão ju\ Pentium dos romanos Se. ulteríormerte. sc eclipsou perante a expressão «direito internacional». o certo é que nunca chcgou a desaparecer com pletamente do vocabulário e ainda hoje conserva adeptos. Por exemplo: G F. de Martens. Pr/ris du dnut des grn\ modenie de t'Eun>i>e. Gui- lhaumin. 1864. 2 *ol.. 463 p.: A. Rivier. Príncipes du dmit des gens. Roasscau. 1896, 2 vol.. 501 p.; R Redslob. Principiei du droil des gens modeme. Rouvseau, 1937. 331 p. e Trtntè de droit des gens. Sirey. 1950.473 p. Em 1879. na sua Intmductinn à Vétude du droit International. o jurista franccs Louis Renault propôs a distinção entre o direito teórico ou direito racional, ao qual conferiu o título de -d ire ito d is gentes», e o direito prático ou positivo, o único que chamou -direito internacional- Em 1932. Georges Scelle, ao intitular a mui obra P réa v de droit des gens. esclareceu que dcsijava retomar o termo -D ireito das gente»» que n fn se encontrava des valorizado mas aptnas caído em desuso. Advertiu, depois, que a palavru «gens» nào devia ser tomada exclusvam entc na sua etimologia latina, que visa as colectoidadcs organi zadas. mas -no sa i sentido vulgar e corrente dc indivíduos considerado* isoladamente enquanto tais c. colccti'vamente. enquanto membros das sociedades políticas» Na sua opinião, o termo «direito internacional» 6 incxacto. pois a sociedade internacional náo deveria ser senáo tm a sociedade de indivíduos Se houve uma real com petirão entre os termos -d ireito internacional» e «direito das gentes», ela encontra-se hoje inteiramente ultrapassada Sc bem que o prineiro seja utili zado mais frequentemente, ambos sdo. agora, unanimem ente considerados termos sinô nimos e intermutáveis. Todavia, a identidade entre as duas denominações náo é completa. O termo -direito ntcm acional- está próximo da idcia dc um direito entre as nações, enquanto o -direito das gentes» evoca a perspectivu mais ampla dc um direito comum ás «gentes». 4 . D ireito in ternacional público e d ire ito in te rnac iona l p rivado Fai nu tradução francesa da supracitada obra de Bentham. publicada na Suíça em 1802. que o qualificativo -público» foi acrescentado ao term o ongináno de «Direito internacional». Mais tarde. cm 1843. a expressão «Direito internacional privado» foi intnKiu/ida em Fraaça por Foclix. autor do pnm eiro Tnuté de droit Internationalprtvé. A distinção entre direito internacional público c direito internacional privado, já clássica, teve ongem nesta data Segundo a opmiAo geral, assenta numa diferença dc objecto. Enquanto o direito inter nacional público regula as relações entre Estados, o direito internacional p rvado regula as relações entre particulares e pessoas morais privadas. As primeiras apresenum um caráctcr público, enquanto as segundas s io relações privadas que com portam um elemento estranho decorrente quer da diferença de nacionalidade entre os sujeitos das ditas rc ações. quer do lugar, situado fora do tem ló no nacional, em que estas sc desenrolam. No rem e do direito INTRODUÇÃO GFRA1 31 internacional privado, os mecanismos de -conflitos de le is-, esforçam-se por penmtir a determinação do direito aplicável quando o recurso a dois ou vários sisterm s jurídico» nacionais podeser encarado para resolver um dado problema. No entanto acontece que a intervenção de um elem ento fonnal perturba t tradicional repartição das m atériis entre os dois direitos. Com efeito, qualquer regra eliborada por meio de convenção e itre listados, isto «f. por um procedimento intercstatal. é . io ponto de vista form al, uma regra de direito internacional publico, O ra. verifica-se que questões que. por natureza, derivam do direito internacional privado sâo. por vezes, reguladas por uma convenção entre Estados. Neste* casos, o direito internacional público exerce uma verda deira intromissão no domínio reservado ao direito internacional privado. Segundo o T-PJ I . «*> repas de direito internacional privado ía/em parte do direito interno». e*ccps'ân feita à InpAiev em «|»ie sejam .estabelecidas por coovençfics internacionais ou cotfwm». lendo entio o verdadeirr cartclet de um direito internacional regulador das relações ertre huados» (kmpruii» ifrbr*. TJ*J.l. *^ne A. n.“ 20-21. p. 41-42) Por outro lado. os particulares mantem, cada vez mais. com Estados estrangeiros, relações importantes, contratuais ihj não. cujo regime jurídico, em plena evolução, tende a apmximar-se de um regime de direito público Por causa desta? interferências, contestou-se a distinção entre direito internacional publico e direito internacional privado com o cientificamente artificinl Georges Scelle combateu-a vigorosamente. Para ele. a sociedade internacional é iima e o dirrito interna cional e um. A exclusão dos indivíduos duma ou doutro não pode deixar de ser arbitrária Aceita apenas uma subdivisão entre dirritn privado internacional e direito júbhco inter- nacional. na condição de esta se situar no interior de um direito internacional unitáno O preâmbulo da Constituição francesa de 1946 adopta esta term inologia *o proclamai que a França se conforma com o «direito público internacional», M ais recentemente dois autores manifestaram, segundo parece, uma atitude próxima da de (3c*wges Scelle. introduzindo embora, novas expressões O Professor Jevsup lançou a idcia de um -direito transnacional». no qual simultaneamente o direito internacional público e o direito inter nacional privado tem o seu lugar. (Ph. Jevsup. Transnawmal Law. 1956) Por suu vez o Professor Pinto publicou um Iívto intitulado: Droit des nrlaiionx intemntinrales (Payot. 1972.373 p.). no qual define estas através dos «actorcs*. que podem ser tant;> os Estados e as organizações internacionais, com o os particulares e os gm pos privados, e através do -conferido». que p«*W apresentar características tanto públicas com o privada' A despeito dc lais objecções c iniciativas, a distinção entre direito internacional público e direito internacional privado foi definitivam ente adoptada pela cièncsa do direito. Aliás, nunca deixou de receber plena consagração nos programas dc ensino. Note-se somente, no que diz icspcito às respectivas denominações, que o direito internacional pn vado deve ser sempre acompanhado do qualificativo que o identifica, ao passo que. quando se emprega a exprcsvão «direito internacional* sem qualificativo, trata-se sempre, tendo cm conta a sua origem inglesa, do direito internacional público. Esta obra é consagrada ao «direito internacional», isto é . apenas ao «direito interna ctonal público». n INTKOOM.AO üfckAI. B - Dirtitu internacional e nelaçóes initmacumab 5. Sociedade in te rnac iona l e com unidade in te rnac iona l D irciloda sociedade interna cional. o d iin lo ínicinacional e, m uitas vezes. apresentado com o o diteito da -comunidadc internacional ■. só que enquanto ninguém pensa repudiar o conceito dc sociedade interna cional, já o de com unidade internacional foi posto em causa. Objectou-sc que a extrema hcterogcncidade dos Estado* espalhados pelo mundo c incompatível com a existência dc uma com unidade internacional cor,siderada com o com u nidade universal A s diferenças de raça. dc cultura, de civilizarão separam os povos, cm vez dc os unir Hoje com o ontem, «s conflitos ideológicos ou ineruncntc políucos entre Estados persistem enquanto factores dc divisão O desequilíbrio crescente dos níveis de descnvolviir.cntu alarga o fosso entre países ricos e países pobres. A expressão «Terceiro Mundo» é tem o testemunho da clivagcm do mundo. Existem, pot certo, entre todos os Estados, interesse' materiais com uns, provenientes dos laços que a civilização técnica forjou. M as uma com unidade deve também assentar numa base espiritual que. neste cavo. falta. Um vinculo com unitário só poderia nascer de relações entre Estados que apresen tassem analogias suficientemente profundas para favorecerem a eclosão deste elemento subjectivo rocessário. Quanto ã com unidade universal dos Estados, ela continuaria a ser uina pura utopia. Esta objccção assenta essencialmente na distinção, estabelecida por um a teona socio lógica aletn l. entre -com unidade» (Gemeuischa/t) e •sociedade» (G tu lhchaft). O vinculo «comunitário» bavcar-se-ia no sentimento (parentesco, vizinhança ixi am i/ade). enquanto o segundo proviria apenas da necessidade dc troca, isto é , dos interesses. A vida com uni tária desenvolveria relações confiantes e íntimas, enquanto a vida em sociedade, baseada unicamente no interesse, seria fundamentalmente caracterizada por um estado de tensão à escala universal, só o conceito dc sociedade internacional assim sena concebível, nào o dc comunidade internacional Na verdade, as diferenças entre os povos nào excluem esse elem ento subjectivo necessário que provém da vontade dos Estatkis de viverem em comum, apesar daquilo que os separa. Rcforçain-na ainda outras convicções comuns: a identidade geral das concep ções morais, o sentim ento geral de justiça, a aspiração geral à paz. a ntcrdcpendencia eco nômica. a necessidade universalmente reconhecida da luta contra o subdesenvolvimento A solicanedade dos povos, ao nível do universo, pode ser fraca. M as nào sc deve confundir a existência da comunidade internacional (ou da sociedade internacional) com o grau da sua coesão. Alias, seja u que nível for. as expressões «comuiidade internacional» e «sociedade internacional» empregam-sc hoje cm concorrência. li verdade que a expres são «comunidade internacional» põe sobretudo a tómca na solidariedade intem acional.de que se tom a cada vez mais consciência c que não cessa de progredir nos factos. (Sobre o problema da personalidade jurídica da comunidade internacional, ver infra, n.° 266). É de facto. da tensão entre estas aspirações confusas à comunidade internacional c a tendência dos Estados para afirmarem a sua soberania, que nasce o direito internacional cujo ob jectoé. precisam ente, o de organizar a necessária interdependência embora preser vando a sua independência. O direito internacional, garantia da coexistência dos Estados, aparece assim com o o ponto dc equilíbrio, num dado momento, entre estes dois movimen tos antinómicas (v. infra n." 38). INTKOOUÇAO GERAI 6. Un idade e diversidade - Assim com o a socicdadc internacional, o direito internacional não c homogêneo c feito du justaposição dc regras gerais e dc regras particulares, cuja combinação c por vezes difícil. I " Commubkle utítmacumid #• direito Internacional / id A noção de nornu -gemi - t ambígua lün apresenta vários sentidos t v nomeadamente J’. keu ter. «Pnncipes de droit International publi;», R.C.A.D.1. 1961 - l l .v o l . 103. p. 4 7 1 1 Convém retei o seu significado mais operatório. colocando-nos no ponto de vista üa geografia Compreendido deste niodu. o direito internacional neial é aquele que e aplicivcl i comunidade internacional universal. Pura numerojos juristas, u noção de comunidade internacional subentende a comum diide jurfdka fundada no facto de todos os Estados estaiein submetido*a um narsmo direito. Esta concepção -universal» (k> direito internacional c plenamente tonlirm ada pel<> direito positivo. Convenções internacionais importantes, com o u relativa ao Estatuto do Tribunal Internacional dc Justiça, reconhecem a existência das regras escritas c consuetu dinárias gem u. Quanto i jurisprudência internacional, ela invoca constantemente o «direito internacional com um - ou o «dueito internacional geral-, termos que náo podem dcixur dc ter cm vista o direito internacional universal. O artigo 53 " di Lunvciiçúu dc Vicim snbie o dueito «Ka iiauüuv Asuoadu cm l id e Maio dc l%*J recoftticcc a cxistóncia dc nurma» imperativa* du dirrito immuu i iu .it g r m l ciiquarui noruia» itt.viic» pela cnmunidttdt iiilfnttit utuid dos Estado» nu *«u conjunta 2." Soiiedadis bUemuciomiú trstrtius e dirrito inienuu loiiulim rtia ilur Este mesmo direito internacional positivo reconhece também a exbtênci.i do direito particular Hã quem considere que este direito internacional particular pode ser obra ite um único Estado. Um tal direito particular reuniria todas as regras c práticas scguuas pelos órgãos legislativos, judiciais c executivos de um Estudo cm matei ia de relaçóc» internacionais Contudo, esta concepção dita ••nacional- do direito internacional não se ajust.i a naiure/a real deste d ireito .que deve provir dc uma pluralidade de Estados. Ja cm IKW>. nos sci*- Prmctptx du dnri! des çens. Rivici tinha rejeitado esta concepção -nacional- Segundo este autor, este pretenso direito internacional de um so Estado constitui apenas o seu piif- pno «direito público externo», aquele que se aplica aos seus próprios órgàos nas telaçòc' externas. Para definir realmente o direito internacional p a tlk u lu i.e necessário distinguir cum «sociedades intcraaciociais particulares» e -sociedade internacional global- A noção dc sociedade intcm aíional é . com efeito, uma noçüo complexa As relações ertre os diterentc-» Estados implicam, inevitavelmente, solidariedade* particulares, oiiginandu agrupam ento' que são «socieduces internacionais particulares». LX) ponto dc vista do seu ob jetto . esta ' solidariedade» particulares podem ser dc natureza política. m ilitar, econômica, cultural, etc. Tais sooedades multiplicam se sem cessar, uo sabor das necessidades c das afinidades O »eu mim em é limitado Podem ser dotadas dc uma qualquer estrutura ou revestir - forma dc «organiuiçftcs internacionais» É o direito aplicável a estas sociedade» particulares, desde que agrupem pelo menos dois Estados, que i quultftcudo de «direito internacional particular» No seu Manuel. viikI<> a público cm IW i. Georges Scelle. reconhecendo a coexistência do direito internacional geral e do direito internacional particular, definia o direito internacional, ao mesmo tempo l i i i n m n n n n n i n t n f i n n n n M INTUODUÇÁO CíWtAI com o d irritoda sociedade internacional (direito geral) c direito dc una sociedade interna cional (direim particular) A im polância respectiva das regra* gcnus c das regra* particulircs 6 eminentemente variável e depende da maior ou menor homogeneidade d;i socicdndí internacional Num mundo em ripida mutação dc mais dc 181) Estado-* opostos por ideologia* inconciliáveis c aparado* por níveis de desenvolvimento bastante ddercnlcs. nssistese a uma dim inuição do número c do alcance das normas gerais. O s países em vias de desenvolvimento, em rspecial. por um lado contestam numerosas regras tradicionais, denunciando a sua origem «rsclusiviimcote europciu c o *<u cnnlctcr impcriali>ui. c icv Inmam. por outm . a npllcaçfto de normas diferenciadas que lonsiderem as neccs-odade* e as capacidades reais de cada grupo de F.stados. CAPÍTULO PRIMEIRO HISTORIA DO D IR E IT O IN TER N A CIO N A L BIBLIOGRAFIA- E. N » . ! f i tHig/nn du tinir mlrrntinoruti. T W in IS94 114 p O V v» V ouiM iovrv Lti in it pW » du dmit d?t gnu S.jhoff Haia. 1919. 107 p s Kmm. • Intnkl.ioiion i 1'hiMnir: du dinii inirriutiiinnl public»./?C A L> I 1923-1.vol l .p 1-2» LLl.Fu«! «lx d^vcJuppement Mnonqur du droit hNcnuUionaU. HCA D l.. 19.12-111. w l . 41. p 501601 - A Nixsawsi. A Cntrire Hhhn\ itf thr La*' of Maiiémx. Mj. nullan. Nova Itwquc. 1954.176 p. - W f KllEM cd . Bioxnxphtad fhcntman « f IntrmatimuiUus. Greemvood Press W blpni. 1981. XVI. 9.14 p W. 0 G»rwi. Fj*xhen der ViUkrrmVim^fuhtchtr. Nomos VerlaeseoellwhaA Badc» -Badrn I9K4.897 p 7. Plano d o capítulo «Aquele que quiser confinar-sc ao presente. no actual. não com preenderá o ac tua I- Esta observação dc Michelel justifica-se plenamente a propósito do direito internacional tu c . mais do que qualquer outro ramo do direito, é insep&rável da sua história, uma vez qu e4 um direito essencialmente evolutivo Esta história deve ser concebida com o a dc um fenômeno social específico, desen rolando-se segundo um nim o próprio, em função dos diferentes factorc* que. ao influen ciarem a evolução du sociedade internacional, contribuíram para a formação e o desenvol vimento do direito Sc ela se encontra estreitamente lidada ã história geral. nen por isso e factual e os períodos dc ambas nfto coincidem necessariamente Finalm ente, convim constatar que. durante um longo periodo. a hisióna do direito internacional, tal como nós a conhcccm os. se confundiu cm larga escala com a história européia foi na Eurcpa que apareceu o Estado modemo. com a chegada tio modo dc produção capitalista; foi na Europa que se desenvolveram e que sc definiram as principais instituições do direito das pentes contemporâneo: resultaram do expMirinnlwno colonial as regras forjadas na Eu rapa que sc impuseram ao testo do mundo. Sem ncpligenciar os con tributos e as influencias extni-europeias. sobretudo no período recente, c pois sobre a maturação deste direita de origem europcia que convém pôr a tônica Em função desta» observações, a história do direito internacional pode ser simples mente dividida em do» períodos. O pnm eiro. que vai das origens até à Revolução Francesa, é o da vua fnrmaçõn. O segundo, que começa em 17K9 c ainda perdura, e o do seu de*en\-oh im?ntn Secçdo I - PeríoJo de formação (até à Revolução Francesa). SrcçAo I I Período de desenvolvimento (de 1789 até aos nossos dias) 36 IVTKOm^ÀOGMUt. Secçda I - Pudono «• h«MA<, Ao I A ií íx RevolUÇftO Francesa) 4 1 ." N a A.VTIOL1DAUL h lUAlM MlUUA 8 . O d ire ito in ternacional sem os E stados Na Antiguidade e na Idade Média, ainda não havia Estado» no sentido nMKlemo da palavra. Do ponto dc vista jurídico, podemos. pois, reunir estas doas epoca.s históricas numa so que podemos qualificar dc época «prc-cstatal» Pode o direito internacional nascer onde iiAo há Estados'.’ O s que tespondem pela negativa a esta qucstào situam o ponto dc partida da história do direito internacional no princípio do século XVI. quando surgem os primeiros Estados Europeus. Contudo, o direito internacional deve considerar-se. antet dc mais. como um direito «intenocial» ou «•intergrupal- Quando sc aplica aos Estados, rege-os. não enquanto tais, mas e n q u n to «sociedades políticas» distintas e independentes. Ora. n io sendo Esta dos. tais sociedades políticas já existiam na Antiguidade c na Idade Media Assim, o direito internacional encontra etécti vãmente no meio social da Antiguidade : da Idade Média as condições mínimas necessárias ao seu nascimento Sc a Europa contnbuiu largamente para impor a instituição c-Jatai com o conceito central do direito internacional, o sua c iv ili/aç io é também hcrdeiru du pensamento antigo gim M nm nM i o <lm princípios (In rlv llixaçio c m lâ de que será impregnada a Idade Médiu Nesta medida, u sociedade antiga c medieval exerceu sem dúvida influência sobre esta edificuçáo A - A AniiRuidailf H1HI.KXjKAHA- U l Touian Pas. Lr duM des geiu et d* lu Chute uulú/mc. Pans. Jouvc. 2 vol. IV26 - M l * TaUU . «Lcs origines dc lírthtra^v; mienutioiul Aniquiil cc Mo>e« Age». R.C.A.P.I. I9JMV. vol 42. p. 3-115 - O. Tfmmin.s. -Dmit iiucmjiiunil et toniuiuiuulo fcderales dans laürétedct Citeo.K.C.A /)./ . 195A-II. vol. W. p 469-562 - Kmsmuki Im il. -The Principies nf Iniemoliotul U » m lhe Ligb» of CaoÜKHU l><cuine». H . C 1967-1. vol 120. p 1-59 - J ('•AUDfcMtT. La inuuuOom de I Anttyuitt Domai Mouichrrsiieti 1972, 518 p. - Y Bomujct. • Lempirc duows-. in l*\ grundt Empiret. Kccucil ck Ia Sociétc Jcan Bodin l.ib Bneyclopédique. Bruxelas. 1973.129 p 9. O m undo antigo e o d irv ilo In trrnac ion a l - A Antiguidade engloba os três milênios que precedera t i a nossa era e estende-se até à queda do Império R onitno do Ocidente cm 476 d .C. A cena política internacional era então ocupada por dois tipos diferentes de colcctividudes políticas os bn/tériits estabelecidos em vastos tem tôrios. as «grandes potências» du ípoca. e as prinripnlmonte as Cidade* gregas. entidade* dc dimen sões restritas mas homogêneas c notavelmente organizadas. No seu conjunto, o mundo «conhecido» era dominado pela tendência para a autarcia e o isolamcntc dos povos. De facto. foi sobretudo a propósito da Antiçuidadc que nasceu a controvérsia vibre as origens do direito internacional Paru inuito* autores, nenhum» regra jurídica podia provir de semelhante meio intersocial. aberto permanentemente às relações de gurrra M lST id tM D O M M KH tt tN TU tSACM iN M .«7 Podemos ach u que esta opiruào ntgiitim é excessiva, lodavia. na medida « » q i« *c dcscoóriram realincntc vestígios dc um direito internacional semelhante ao que conliece mos rios nossos d iis . tratava-se apenas dc alguns rudim entos. O estado latente dc guerra que niarrava a A ntçutdade. n io favorecia cm nenhum a rcgiao. fos.se no ExtremoO rien te no Oriente ou no mundo gneco romano. a instituição de um verdadeiro sittem a jurídico |0 . A C h ina Apesar da raridade dos documentos, podemos estai seguros da existência dc relações internacionais foca do mundo mcditerrãnico que. contudo. não pesavam no curvo da evolução geral Na China. Confúcio constituíra uma teoria geral das relações sociais à escala do uni verso Senhor dc um pensamento filosófico monista. acreditava na existência de uma In fundamental, comum a lodo o universo, que exige que. no interesse social, a> acções do homem estejam de acordo, em toda a parte, com a ordem da nature/a. A harmonia que caractcn*a esta ordem deve servir constantemente dc modelo ã ordem social e ao seu funcionamento, n io só no interior de um mesmo povo. mas também entre todos os povos Tal era. numa sociedade dilacerada por guerras m testinas c crônicas, o primeiro d iscu n o a favor da pa/ universal c perpetua. I I . O s Im périos d* O rien te - Cerca de MXK) a.C . em dua- icgiôes muito ferieis, foram constituídos, quase simultaneamente, dois Impérios, o Egipto na fértil bacia do no Nilo. c a Babilônia na Mesopotanua. Ainbos subsistiram ute 1000 a.C Após a vua queda. a-, cidades lemcias e a itcalc /a hebraica cmcrginim durante alguns século* A pírtir do scculo V || a C .. novo* impérios sucederam á Babilônia: primeiro o Império assírio, depois no século VI a.C .. o Império p e ru que atingiu o seu apogeu com D ano. antes de sucumbir sob os golpes dc Alexandre iki principio do sécuk» IV a.C No entanto, as nec essidades econômicas sobrepuseram -sc a autareia e ã violência, e obrigaram cada uin dos Impérios a relacionar se pacificamente com Q m tndo exterior Cravas a este m ovinento. estabe leceram-se fortes correntes com erciais A 3abtlóma c o Egipto toroaram-se os dois centros rivais do tráfego com crual entre a índ iac o M editer râneo Após a derrou perante os G regos, o Império persM virou-se para o Extiemo Oriente tendo depois os vencedores de outroru encetado com ele relações econômicas, restahc lecendo assim a corrm te India - Mediterrâneo, criada antes pela Babilônia Ov partiddrios da existência dc um direito internacional desde a remota cp*va do» Impem » baseiam a sua tese ua existência c desenvolvimento desses um tactos Os documentos conhecidos revelam que cia através do mecanismo do iruuu*-. concluído numa base dc igitaldiul, entre as p a r to , que eram estipulados os com prm iissos inter nacioruus. Era conhecida também a regra • Pada %unt servandn. . garantida pw- lurarnentos religiosos prestados pelas panes contratantes quando da conclusAo da obng.u,.io Tais tratados tinham por objecto domínios diversos . om crcio. aliança ofensiva e defensiva, delimitação territorial l.m dos traiados mais conhecidos c o chair-ado «tratado dc pOn>U- kiNiclufdo cerca dc I2V2 a.C entre Rarnsés II e o rei dos Hititas Este tratado fixava os princípios dc uma aliança, reforçada pela cooperação numa has< ilc iccipro cidade, designadamente em matéria de extradição dc refugiados políticos Per outro lado. graças a descoberta dis cartas de Ainarna. sabeitK» da existência dc uma rede dc rc laçõo diplomaticas asscguudos por enviado» reais que gozavam dc privilégios espcciais. Eles utili/avam uma língua comum, um idioitur babilómco, com o Imgua diplmm tica. c uma escrita com um, a esenta cuncifoim c dos Avsírios c dos Persas. O facto de.quer na Grécia antiga, quer. depois. na Idade M ídia , te m n recorrido ao tratado e á diplomacia. que se («>mnniin os instrumentos esscnciai* das relações interna cionais actuais. mostra que. nestes dois domínio* pelo meno*. existe continuidade de^de a Antiguidade até nos nossos dia* 12. A G réc ia r as relações e n tre ns ( idades - I /' H a Gr/na cldvsica C n io o Império de Alcxandiv que desempenha um papel construtivo: m principais contr*>utos provem da ttctividade da* Cidades que. atingindo o apogeu com a democracia n(emerisc. ocupam sem mtcmjpçfi» o pnmrm» plano durante cinco séculos. Jlé à conquista macídómca. em mea dos do século IV a.C . O isolamento c a desconfiança em relação ao estrangeiro, comn traços gerais da sociedade antiga, a que x pinta o individualismo helénico. constituem fontes permanentes dc guerra. não só entte as Cidades c o mundo exterior (Guerras médicas), mas igualmente entre a* própria ' Cidades. Tal com o no Oriente, lambém estas guerta* s io impiedosas Todavia, permanente é apenas a nmeaçu dc guerra, ma* nâo » guetra cm si. S io ofi cialmente instituídos períodos dc p a /. por meio de tratados, com o t« realizados entre F.sparta e Atenas (p a / de 30 ano* cm 44õ a.C. e pa / dc cinqüenta anos rm 431 a.C .. esti pulada no tratadn dc Nícias). Revelou-se mesmo umn ideia de p a / perpMun no tratado dc p a / concluído com a Pérsia em '8 6 a.C. Existem, pois. forçosamente, rclaçõe* pacíficas que favorecem, além disso, outros aspectos da vida das Cidades A com eçar pelas necessidades econômicas que crescem paralelamente às próprias cidades. No século V a.C .. Atenas torna-se o centro de um intenso comércio internacional marítimo. Hnfim .se as Cidades são c n lid id o politicamente organizada*, cuja independência constitui ao mesn>o tempo o ideal c o critério, os seus povos fazem parte dc uma mesma comunidade de raça. de civilização. de cultura, o que cria, forçosam ette. entre eles. af inidade* particulare*. Eles tém plenu coasciêncil dc serem Helenos opostus aos Bárbaro* É graças a estes factorr* dc umdaclc e npioximação. ausente* no Oriente imenso e com plexo, que a contribuição da Grécia pnna a lormaçáo do direito internacional é mais importante c mais substancial. 2 / Segundo o testemunho formal dc Tucídidcs. os G regos utilizam, tal com o os Orientais, o* tfais instrumento> essenciais das relações: o trutado c a diplomacia. «i que prova a existência dc uma certa com unidade jurídica entre unse outros. Provavelmente a este respeito. o> Gregos nSo trouxeram grandes modificações. Ao con lrino noutros domí nios. introduziram interessantes inovações. Podcnv>» detectar o* pnmeíro% indícro*de um direito de guerra baseado emcunsideracOe* huma munas e fixado jnw me»ode (ratado*. Do mrvno modo. p<* meio ife tratados, a-Cidades comprome tem-se a submrie-o* seu* conflitos .1 arbitragem (o* doi* tratado* supracitados er*re fcspartac Atenas. <i tratado dc aliarça militar entre F.vpart* e Argo* cm 418 a.C ). Conforme teMernunho* coocofdantcs. a aibitragcin internacional. destonhecida dos Orientai*. c estrita cnaçio do* Crrenos Num perfolo dc cinco míciiJo*. «rt ao sícuk) IV a.C contaram-se 110 arbitragem Praliea v.- igutlmenie a arbitragem comercial, na vrijuem ia do desenvolvimento do comércio internacional E*ta. jw outro lado. leva ao estabelecimento 4e a-frx» tendrnic- a assegurar a protecçAo do* estrangeiro-, Nj século V a .C . con- vcnçôe* comerciais. a maior pune d.»* ve/es bilaterais, concedem direito* o privilégios reciproco» ao» comerciante* t pnrtcgem pessoas e hei**. A m*lituiç*o mai* cíkb tr 6 a pmxenia antepassada tia pro- lesçio consular actual Mai* mtfávcis ainda *40 o* autênticos esforço* dc «organizaç*' inccrnacionil* O primem» tactoc faviwivel é de oriem religiosa. Permitiu a coaçáo das Antk-tioma* que agruparr Cidades com vista à administração mniim do* santudno' religiosos A mais importante t a instituída ao século VI a.C. para tV n tO O C Ç À O G B tA l prr4K\h> do santuário cie Delfos. agrupando doze cid*rtc» Todas possuem uma euruura. A inler- vens'»" àc Filipe du Macrdfaia pfts fim k\ Anfictioma* Outm interesse comum. csie dc ordem estra léftea. Invorrce a coopençAo ( 'onstitoem-se orgaiuzacries de ilclcv* colecto u. chamada* u m/mu luo«. com base num tratado d: aliança e de assistência militar. Algumas de>ias ivnimai hitn sio. pela «na estrutura. verdadeiras «vmkiuvócs lalrtun. 411c aplicuiii as duas regras federais da liberdule de adesio c da igualdade entre o* trcmhros A» mais célebre* são a* duus -ConfederaçOcs» otcnicmo. fundadas, a primeira (Liga de D ela), cm 476 a .C.. c a «cgunda. um século mais tarde. em *78 âX\ Contudo, a igualdade nio t respeitada muito tempo por Alenas que transforma rapidamente em impe-talismo a sua preponderância no sistema As resistências suscitadas por esia atitude nào permitem que as duas experiências durem mais de wnte ano». 13. Komu 1 T A c w rp çâ o mmtuia das rrhçile\ mtcmaciivwii. Segundo algumas fon- les. o sistema grtgo da contederaç&o 011 da liga. assim com o a pr.itica dos tratains. imitada dos Im pénas orientais. estenderam-se a Roma. No século V a.C .. constituiu vc uma I.iga latina com base num vetdadciro tratado, concluído, em condições dc igualdade, entre Roma e as cidadcs do Lácto. Um outm tratado igualitário (frwdtis tuquum / fui concluído, cere» de 306 a.C . entre Roma e Cartago. com o fim dc preservar a paz por meio da troca dc zonas dc influência, de concessões mútuas e dc p ro m o sas recíprocas de ptotccçáo dos respectivos naturais. Roma manteve, pois. efeotivas relações internacionais com o mundo exterior c desse facto podemos concluir que a com unidade jurídica dos Gregos c dos Orientais englobou tanbém os Romanos. Sc bem que sejam cxactas estas opmióes. Roma nào permanece por muilo tempo no seio de tal com umdike Imbuída da »ua superioridade soba* os seus vizinhos, que consi dera natural após ter ilestmído Cartago e em vésperas de conquistar a Grécia, a Ásia e o Egipto. Roma p não ssntc necessidade dc tratar os outros povos com o iguais. Rapidamente substitui o foedus aeqitwn pclofocdiu miquum. l 'm a tal atitude é totalmente ncom patível com o direito internacional, que implica relações dc igualdade. Por isso. segunjo a opinião geral. Roma não in flu no drênvolv im ento deste direito 2 ." O d iirno inttnitH ional mnuinu. Existe, todavia, aquilo a que podemos chamar direito internacional mmano enquanto estabelecido um lateralmente por Roma . Inspirando- -se por vezes nas instituições criadas pelos G regos, os Romanos foram lesados a submeter às regras jurídicas as tuas relações com os povos estrangeiros. É a ongem do jux Jetinir e do ju.t gentium. O dirrih) ferutl é tfc natureza religiosa Para comprrcndcrnms porque «e destina a reger as rela çfies "internacionais- devemos lembra/ que Roma as coloca sob o signo da religiio a f*n dc mcrecer a poXmi,'4o divina nas sjas relayiVs com os estrangeiros A aplicaçio e a imerpretaçSc deste direito estão mesmo confiadas a religiosos, os sacerdotes feciait. que 'Ao. ao mesmo lernpr. venladnnK embaixadores romanos (io/am nesta qualidade dc inviolabilidade Alentar contra as taas pessoas é ofender os deuses. O direito fecuil também estabeleceu a distinção entre guerra justa e guem» in|usta. Ma* eua distinçio assenta numa rvgra romana e nio mima regra - internacional-. A» gue-ras justas sAo decididas por Roma segundo um cerimonial destinado a tomar os deuses como trstermmhas e prosseguidas cm confomidade com os seus princípios religiosos Quanto ao /«> grimum ou direito da» gentes, provém da acçfto do» prciores c da cbra dos jurts- comullos. no fim du República e no principio do Impeno Na época. Roma prepara-se para se uimar a capital do mundo. Os contactos com o> outros povos multiplicam-se. enquanto numerosos estrangeiros a fluem i Cidade Eterna Ti*n»«c então necessário instituir um novo dimto. diferente ós /m chiie. o qual se aplica exclusivoneme aos cidadãos, a fim de regular as retoçAes entre Romanos c nAo-Roma nos Estas relações st« tohreiudo relacOes comertiais Dal resulta que o /tu gennum «eja principal HISTÓRIA DO DIREITOIVTSKNACIOXAL .V» 40 INTROOOÇÃO GWAI meme um direi.o prm do. nio podendo >cr « m u i* * £ dueiioresponde » kIci. lundamcntal dc que doem . exutir um dire.io comun. da hum.n*Ude que. ,-n , valer pam iudo> oh p«vm devena fundar-* em princípio» extrafc*» da ra/4n univeral Fnquanti elem entos do direito romano. a- mstituiçòes d o jusfetíale ^ . ! r X i v c n « - Rom a e pa*>am para a oova E u r o p o ^ i a ^ a p * • u q ^ d a d o Império do Oiidenie. Deste modo. c só deste. pode consKkrac ^ que » «-voli**» nao sofreu m ic ra dc *o durante a época romana A inviolabilidade dos lejados. adoptada peh> mundo medieval, e filha da inviolabilidade do offcio »acerdoíal dos fcciais. E t in q ^ id a com outras definições, a distinçfc) entre guerras justas c guerras injustas reaparecera no» séculos segu ntes A Itgaçio que certos autores farto entre direito m icm aciond e dueito natural ic m n e m o o r ig e m n a s « < » « m / »a despeito Ou sua política imperialista, o contributo dc Roma. embora indirecto, está lon*. de ser desprc/ívcl B - A Idade Média BlBLIOCiRANA - F. L. GaHWí*. U N m m Age. tomo I dc L MtUHrrde* nlatian» mirriuUto nalei lfathct« I1* " «11 p M /iuu ikm ans -L»crac de I'»«rgM»«*l»ninicnunonalc a U fui du M U vor 04. P .'19-437 . WU K«ASS. -U> «igM » des nu»*** dipkmuiiquet permanentes». K G D J.P . 1962.p I6 I-IM 14. Aspectos gerais do m undo m edieval Anós a uueda do Império komaix» do Ocidente cm 476. a Europai alravcssa,um período dc caos provocado pelas invade* bárbaras A tradição guerreira da Antiguidade continua É a pane -som bria- du Idade Media que durou v in o s siculos no decurso dos quais a evolução do direito internacional, partindo dos pnm enos ru d im c n ^ c ^ d o s na Antiguidade. sofreu, sem duvida algum a.um a in tem ipçto total M uto raros s io os autores que eJ ^ (JJ>' ^ 1^ ,y 1I1 cm crpcm . [mhico a pouco, entidades i.rgam /adascm nionar- quiav distintas Minadas à nascença pelo regime leudal c su s ' J * * São ainda demasiado instáveis. O principio da lern tonal idade do poder opõe-se úlinst tuicào de uma autoridade central efectiva. Nestas condições, como poderio ^ .m onarcas , preocupadas antes dc mais com as relaçiVs com os vassalos pocerosos e desconfiada, emoreender uma acdko externa séria e continua? . , . , ,As verdadeiras relações internacionais náo reaparecem senio no princípio d (jsé c u £ XI no momento em que se inaugura a segunda metade, a metade -florescente- da Idade Média Em virtude da complexidade crescente da econom ia, os particulares mantém. sada Í S Í S X E directa* com o exteno, Por « d » da Liga llanscatica e sob O *eu impulso, criam-se correntes com erciais, desenvolvem-*c comumctçOe» marítimas, or^am- zam -sc feiras e m eaados internacionais. Por outro lado. toda» a» novas monarquias sâo membros da comunidade cristã. Partilham a mesma cultura a m a m a crença no*, ya t o , e nos pnncínios dc umu civ ili/açâo ‘■«nium e a mesma admiração pelo dtrcrto romano difundido pelas Universidades. Enquanto esta unidade espiritual tacilita os contack». vocadk) un.versalista do cristianismo aparece claramente com o constante J « ^ im ç * o c elevado objectivo dos encontro» com os povos náo cristãos, a despeito das Cruzada H c n u u K d o i i c w r r o i k t e u n a c k w a i 41 Contudo, no plino político, a história da Idade M édia e dominada por um ouiro lactor «rnnsulciâvcl. a dupla pretensáo do papado c do Sacio Im po 10 ao domínio um versai L m e outro concebem a CivtKu Chrntiana com o a -República vias Nações C rw a- a cabcça da uual deveria reinar um único chefe, superior comum a todos m monarca». P m defender o seu poder os reis têm . pois. dc lutar em duas tientes no m tenor. contra os vassalos, no exienor. contra o papa c o imperador. Só depois de terem |x* to este» em xeque, poderá., manter relações norm as entre si 15 Revés d a M onarqu ia un iversal - Cartos M agno aceiUi a superioridade da Igreja c 0.» p. ‘ quando, no ano WK). reconstitui, em seu proveito. <> Império Romano do Ocidente Mas o Império Caiolíng.o dura pouco tempo. Após o seu desmembramento cm 843. a coroa imperial cabe aos soberanos alem ães e o novo Império, o Saem Império Romano -Germümco. n io tarda a apresentar-se com o concorrente do papado IH imperadores recla mam. também, o p.xier universal e aspiram a um a suprem a, ia igual à dos papas C regóno VII opõe lhes a famosa teoria dos don gládiiu. segundo . qual. sendo o cUdio o símbolo da poder, c o papa que onginariam ente recebe directam erte vias maus de Deus quer o gládio do sacerdócio, quer o gládio secular. A iraduçio jurídica desta teona realiza-se através dos D iita ím Huime. que organizam inequivocamente a soberania papai e dotam a l*rcja ilc um a venludeira estrutura dc -m onarquia universal- (reforma grego nanai O papa afirma o seu poder de jurisdição sobre todos os príncipes enstãos. o direito M) exercício obrigatório da mediação ou da arbitragem em caso de confino entre eles Defensor suprem o da fé. anoga sc o direito dc depor os príncipes pecadores, dc desobrigar os súbditos do juramento de fidelidade c dc derm gar as leis e costumes principescos contririos a lei divina. Enquanto autoridade universal, julga-se habilitado a proceder, por decisão unilateral c inapclável. a entrega aos príncipes dos territórios «sem dono-, que nao tivessem ainda sioo objecto de apropriação particular Por sua vez.o* juristas gibclmos. favoráveis aos imperadores, elaboram e propõem fórmulas tais como: -Todos os reis governam sob o controlo do imperador- • As monar quias novas s io províncias do Im péno-. -O s reis sào apenas reis dc províncias*. Na., podendo negar a origem divina do poder, o imperador responde ao papa que Deus repartiu igualmente o poder temporal c o poder espiritual O imperador recebe dueclamente Deiv o gládio secular. k , . .N« vcrvluíic, a longa lula pc-ltt soberania esfcotou os dois CODCOtrentes No iUÍClO Ui século XIV.com Filipe o Belo. o sucesso da famosa máxima «O rei üc hrançac impe™*!»" no seu reino- cor.sagra definitivamente este fracasso. Com o entidade, o Império subsiste c continua Mas o próprio Imperador já só exerce sobre os príncipes um; pre|K»ndcràiicia puramente honorífica Q uanto ao papado, se o seu domínio sobce os príncipes c ainda elev tivo no princípic do século X lll. com lnocéncio III. não deixou de recuar depois, para desaparecer no século XIV.com Bonifácio VIII. 16. O m ovim ento no rm ativo Devemos á Idade Média a d iv isto do direito internacional em direito da guerra c direito da paz. divisào retomada poi Gróck» e i|uc autores contem porineos continuam a adoptar As noções dc guerra jusia e guena injusta recebem novas definições baseadas n.i doutrina enstü A Igreja n io condena as guerras contra os m liéis M as. dc acoido c o m ." * u s princípios, a guerra cnlre cristãos só será jusia se foi empreendida por um prineijx legitimo para responder a uma injustiça c com o objectivo um eo dc punir tal injustiça t a i i i n u u i Ji J l J j JJ { 42 rVTROtMiÇAOOKRAt concepção da g terra-sançio O princípio da com pctónua exclusiva do príncipe implica a proibição da guerra prnvdo Porém . são au to n /ada i as rrpm rilim . actm dc violência destinados a apo ar um pedido dc reparação de danos M ais tarde, quando os reis detiverem o monopólio das represálias, aparecerá a distinção entre guerra e represálias. A ideia é a de que as rcprcvHias permitem evitar as guerras Se assim se estabelecem os limites ao direito de í* /e r n guerra, nào existe, contudo, qualquer regulamentação das hostilidade* A Trégua de Dm s (certo* dias sem guerra) e a Pnz de Deus (neutralidade dos edifícios de culto, inviolabilidade dos clérigos e dos peregrinos, etc ) sáo instituições humanitárias de todo insuficiente* c n*m Mimpre ro*pcitadax. Quanto As relações pacíficas, com o recurso aos tratados, com o instrumentos das rela ções jurídica», o \ arbitragem, a Idade Média continua e aperfeiçoa as práticas da Antigui- daile greco-onental Verifica-se o em pfego bastante freqüente da arbitragem com o meio de prevenir as gt terras. A expansão normativa d i/ essencialmente respeito aos dois impor tantes sectores d is relações diplom áticas e das relações comerciais S ó no fim da Idade Média desenvolve a diplomacia com a criação dos Ministérios ilos Negócios Ettrangeiros e das embaixadas permanentes Estabelece-se ao mesmo tempo, uma regulamentação com um a toda a Europa da função diplom ai ca e dos privilé gios c imunidade; diplomáticas. em especial da inviolabilidade pessoal (K artífices da in ten sificado das relações comerciais sáo as Kepiiblicas mercantis italianas c as Cidades mercantis .lo Norte que formam ligas entre si. As relações comerciais marítimas onvtiuram um verdadeiro dinein> do mar que vigora tanto em tempo dc paz com o em tem po de guerra: protecção do comércio marítimo, contrabando marítimo, blo queio. direito de visita, regime »k* corsários, etc Para proteger os comerciantes nos países extrangeiros. cria-sc a instituiçio dos cônsules Institui se. nos países não cristãos. um sis- tetna especial dc protecção consular Depois de ter analisado pormenorizadamente toda a produção normativa da época. Hrnest N > \afirm eu no final do ^fculo passado, baseado em provas, que a origem de quase todas as instituições internacionais modemas deve *cr procurada na secunda metade «la Idade Média 9 2 - Do i rst oa Ioaiu Mídia \ Ri:v«a ivAo Fr«nccsa BIBLKXiRAHA E. DiTI í . ty pruuipe il> / ' w U I>nr>> «ir hi ;«m Ue Vexrphalte à VAcit fAlgétinu. Petrin. Pans. 1W9.527 p (J Zm i ra, /✓« tem/1. wtdemes. Tomos II e III ile L'htftoin des rrlotmi< iniematítmtilet. Ilnchenc. 19Si c 195'. 326 p e 375 p M B < * a» i. >1 'infiuriKc dc Ia Retornv sur le developpcmciil du dn>u uuenMtKxul». R.C.A.DJ.. 1925- I. vol. 6. p 245 323 - Cli BewiKi •L induence des iiVr* dc MoehlaveJ- R CA D.l. . 1925-IV. vol p 127-306- R a rsa ru M ii miii ij. . [ x Coagre» de WeMphalie-, m flthJnic,„ Msteríma. tomo VIII. Bnll 1939. p 5-102 - \ CiAunoT. «Jcan Bodin. %a plmc parmi les foadatnm du drnii .rocrn*ion*|. R.CADJ . I9J4 IV. vol. 50. p. 549 743 - R. Tuvai t tm , l „ wem/infH., de, tnitéi de Weui*„h, ,i,m> !, domaine ,lu droit det geut. 1949. 120 p V OUGGEXHnM. -Coninhulion A I* h-tevrc d o *>..nc* d.i dm.t dc» Ccns.. R C A D I.. I95H-III sol •»;.,» 1 HA -Q Buiua. .Renu.rn.iev «»r Ia paix dc W ofptnlic. Mel biulevmi. I9W. p. 35-42 17. fo rm a ç ã o «Io sistema dc d ire ito in tm m clom d Intercstatul Este período é decisivo Desenvolvem-se as relaç.\cs internacionais O vínculo religioso quebrado pela Rcform,, t substitudo por uma nova com unidade intelectual alargada, fundada no huma HISTORIA DO D IR trTO IVtVR.N ACIONAI nisino do Renascim erto. luifim . o progresso realizado cm matéria dc navegação marilima lomou possível quer a empresa de evangclizaçáo dos povos, quer a intensificação das trocas comerciais. Graças ao mesmo progresso, as com unicações podem estender-se para além da comunidade tradicional dos povos cristãos da Europa Este desenvolvimento estimula a continuação do m ovim ento normativo j* iniciado no período antenor A mrtituição diplomática consolida-se Com o fim de impedir qualquer dominação unilateral wihre o mar. via dc com unicação essencial, mstiiui-sc o princípio da liberdade dos mares. Fstahclecçm-sc outras n*p.ra«. relativa* à aquisição dn> torra* longín quas e i navegação marítima. O movimento normativo estende-se igualmente ao direito da guerra, cm especial da guerra marítima e . em menor medida, ao da neutralidade Todavia, enquanto as regras criadas permanecem dispersas c fragmentárias, não podem constituir um conjunto normativo coerente, merecedor da designação dc «direito» Para atingir tal resultado, c necessário que seja criado, paralelamente ao estabelecimento de normas, um sistrine unificador. baseado em princípios directores. É precisamente este o sistema que vai aparecer progressivamente durante este período sob o nome dc intrrrs- latismo ou dc sistema nterestatoL Ligado a este sistem a, o direito mtemaciona adquire os seus traços caractcrístcos. completa a sua formação Qualificado já dc -clássico», este sistema continua ainda, nos nossos dias. a reger as relações internacionais A - O Hosumento do% Estaiiox xoheranm e tio uniedade tntemtütu* 18. Transform ação das m onarqu ias eurupcias cm E stados m odernos - Cm Estado supõe um poder central exercendo a plenitude das funções estatais sobre um tem tó no claramente definido que constitui a sun base. Depois dc terem sacudido as tutelas externas, os reis tiveram dc esperar ainda um século antes dc ganharem , no plano intem o.o combate contra a feudal idade O Estado mglès foi. cronologicamente, o primeiro a formar-sc porque u monarquia inglesa sc libertou antes das outras da tutela do papa. Por outro lado. o fenômeno leodal não constituía, na Inglaterra, fonte dc enfraquecimento «Io poder central. No que d i/ respeito j França, só no reinado dc Luís XI (1461 a 1483) sc com pleta a unificação territorial sob a autoridade do rei. O paf» encaminha-sc para a posse dos mecanismos essenciais Jo Estado No século XVI. a monarquia francesa ganhou o rotnhato pela conquista e organização du poder estatal Vários acontecimentos históricos contribuíram para o sucesso da cn presa Por um lado. a longa e dura provação imposta aos I ranccses pela guerra dos Cem Anos fez nascer o sentimento n tn on al. favorecendo a sua união cm volta do trono. Por outro lado. a ense, provocada pelo Grande Cisma, pela Reforma e pelas guerras religiosas, produziu o mesmo resultado: pernnc as ameaças de anarquia, já não podendo contar com os grandes vassalos, empobrecidos e enfraquecidos, todos recorrem ao rei e procuram colocrr-se sob a sua protecção, tanto as gentes das cidades como as dos cam pos e até os prelados A Espanha, a Suíça, a Suécia c a Dinamarea seguem de perto os precedentes inglês e francês Em I6(W. a Ho anda protestante orgam /a-se por sua vez em Estado, sob a égide da Casa de Orange M m ou menos na mesma época, cm 1613. a Russia toma-sc um Estado sob a direcção d i dinastia dos Romanos Contudo, no centro, na Alemanha c no Sul. na Itália, a evoluçãr c mais lenta e mais laboriosa Nesta imensa extensão geográfica teoricamente submetida a autoridade do Sacro Império Romano Germânico, o poder frag mentou-se. após o desmembramento »leste, cm virtude da com petição entre os inúmeros r •M INTRODUÇÃO Ofc&.U principados, senhorias. e cidades, que nvalisavam constantemente entre s>. O prolonga- incnto desta utuação agitada c desta dispersão está na origem dos dois grandes problemas da unidade aeuui e da unidade italiana que não serão resolvidos senão cm 1870. 19. Je a n Bodin 1 1530-15% ) c o princip io da soberan ia do E stado - Monárquico •m ili tante», o seu desígnio é encontrar um suporte jurídico para a acçã;i do rei com vista à construção do Estado. A sua conceptuali/açào do Estado destinas a-se a servir e consolidar o poder real Designa o Estado através da expressão Rcs publico: Rcpúhlica e Estado são para ele smánimos. O s seus pontos de vista sistemáticos encontram-se expostos na sua grande obra publicada em 1576: í * s six livres dc la Républiquc. Jean Bodm definiu a República (logo. o Estado): «O justo governo de várias fam ilias e do que lhe.s é comum com poder soberano». O poder «soberano», eis a característica essencial do Estado. Não há Estado sem soberania Querendo, através da gcnerali/ação. lu/cr obra dc ciênciu. nio exprime nenhuma preferência pessoal cm princípio, a soberania pode pcrtenccr quer aos príncipes, quer ao povo. Mas. ao sublinhar que a soberania deve sei una c indivisível, pcipétua c suprema, pretende, no contexto político da época, que ela devia ser monopólio Je um monarca here ditário Finalmente, propõe instituir com o regra jurídico-política o tríptico: Estado, sobe rania. monarca. Segundo Jean Bodm. o conceito de soberania com pota . pois, um aspecto interno (soberania no Estado) c um aspecto c.xtcmo (soberania do Eiiado). Ao inventar o principio da soberania estatal, legitima juridicamente a dupla luta do rei de França contra o papado e o Império, no exterior, contra a feudalidade. no interior. 20. O s tra tado s de Y estefália e u consagração da nova o rdem ü ilcrcstata l européia - Estes tratado* puseram fim á Guerra dos Trinta Anos que ensangucutou a Alemanha. De início esta ern tanto religiosa com o política. A partir de 1635, a guerra orientou-sc para uma luta de influências entre a Coroa francesa e a espanhola, em que deviam participar outras nações A gurm i terminou com a conclusão dc dois tratados, em 14 c 24 de Outubro dc 1648, o dc Oiiwbnick c o de MttnMer. que constituem os Tratados ditos de Yestefália. O Tratado dc Osnabruck foi concluído entre a rainha da Suécia e as seus aliados, entre os quais a França, por um lado. e o imperador c os príncipes da A lcrunha pelo outro. As partes do Tratado dc M ünster eram lambem duas: de um lado a l-runça e os seus aliados, entre as quaii a rainha da Suécia; c do outro , o imperador c os príncipes da Alemanha Assim , os dois tratados revestiam a fo m w bilateral, pois. na época,cr» ainila dc.«conhccida a técnica dos tratados colcctivos. (Sobre o aparecimento dos tratados colectivos nas rela ções internacionais, ver infra, n." 100 ). Qualificaram-nos com o Carta constitucional da Europa. Em primeiro lugar, ao consa grarem definitivamente a dupla den o ta do imperador e do papa. lega i/am formalmente o nascimento dos novos Estados soberanos c a nova carta política da Europu daí resultante A liquidação do Im péno germânico reali/a-sc pela transformação da Alemanha numa constelaçãoce Estados independentes (355) sobre os quais o imperador mantém apenas uma autoridade nominal A Confederação Helvética c os Países Ramos, que surgiram antes, são igualmente reconhecidos com o Estados independentes. Por outro lado. a vitória das monarqu.a* sobre o papado e confirmada não só no plano poill-co. mas também no religioso, inslitumdo-sc. assim , a liberdade religiosa total Em seguido lugar, nos Tratados de Vestefália assentam os primeiros elementos de um «direito público europeu». A soberania c a igualdade dos Estados são reconhecidos como principio» fundamentais das rela^te» internacionais. Para a resolução de problema» comuns. pn:vê-se o recurso no processo do tratado fundado no ocoido dos Estados participantes Além disso, cria-sc um mecanismo paru assegurar a manutenção da nova cniem europeu No plano político, lais disposições favorecem u França que. para aléni ile \antagcri' lerritoríais. ganha a possibilidade de intervir na A lemanha e na Europa Juridicamente, os Tratados de Vcstcfália podem »cr considerados c a n o o ponto de partida de toda a evolução do direito internacional contemporâneo ti - A soberania du Estado segundo n prática real 21. A tendência paru u absolutisiiio No plano qiui/itatuo. as caractertaicas gerais do novo d n rito internacional interestutal constituem-se cm tunsao da atitude d.»s rei» nas rela ções políticas internacionais. O ra. desde os Tratados dc Vcstcfália. estes comporiam-se como soberanos absolutos. O s monarca», que criaram o Estudo c conquistaram o poder, consideram se. além disso, proprietários do Estado a quem o direito romano, reabilitado pelo Renascimento, confere as prerrogativas mais absolutas que se possam imagmar. Nao só o Jireito romano, mas também um certo pensamento político. representado por nomes céleb"c*. Maquiavet. Hohbts, Espmosa. encorajam e justificam tal orientação No plano externo, o absolutismo real conduz inevitavelmente u afirmação da xuperio ridade da vontade d<> i.\tudo soberano. Não se pode impor nada ao» monarca* sem o seu consentimento. Nos relaçòes mútua», náo aceitam outro limite a soberania senao o que decorre exclusivamente da sua vontade E total a incompatibilidade cu re esta atitude ■individuahstu* e «nacionalista- e qualquer ordem «comum» que ultrapasse e transcenda os Estados. É o re.ultado da interpretação c da aplicação dos Tratados de Vestctãlia pela monarquia absoluta e particularmente pela monarquia fra iacsa . à qual os tratados abriram o caminho da preponderância na Europa. Produto do ahsoluti»mo. o direito interestatal. nascido desta prática. vi pode. eviden temente. ratificar cutro produto do mesmo absolutismo: a guerra. 22. As g u e rras e as po líticas de equ ilíbrio - O objectivo essencial, senão único, dos rei» na» relaçôe» internacionais é a procura da glorio. O monarca absoluto deve constantemente procurar aumentar o seu prestígio. -O objectivo permanente de Luís XIV é alcançar a gló ria». como já :.c eaíreveu. Este objectivo pode ser atingido por meios pacíficos. Lm harmonia cc«n a concepção patrimonial do E»:ado. realiza-se frequentemente através da» relaçdes de fam ília entre monarcas. Pode igualmente ser atingido pela expansão territorial. julgada na época com o «paci ficai- desde que n io interfira nas possessões dos Estado» europeu» A primeira aventuia colonial da época moderna, a du» «grandes descobertas». destruiu estruturas sociais m ui' ou menos afastadas do -m odelo- estatal europeu c favoreceu uma hoirogeneidade de sociedades civis, o que permitiu estender o cam po geográfico dc aplicação do direito da* relações in tcm acum is A pnm eira vaga da colonização contribuiu também para multiplicar as causa» de fricção entre Estados europeus e os riscos dc guerra. Na verdade, o factor mais seguro c m a is brilhante dc gkVna e de p re ríg io é a vitória militar Maquiavel escrevia: «L m príncipe não deve ter oulro objectivo nem outro pensa H iv n w iA i x i n m i r i o m t u w a c i q N a i 4 $ IXTRODI IÇAO OCR AL m cnto que nâo seja a arte da guerra e a organização c disciplina militares, pois trata sc do única arte que pertence m»s que comandam». A guerra aparece asvm com o um meio necessário e norroal da política internacional dos monarcas absolutos A autonz.tçAo concedida aos Estados para recorrerem à guerra c eles aproveitaram- na bem não c n inenor dos traços característicos do direito mtcrcststal que está prestes a com pletar a tua fisumonua ()s m onarcas.em bora pn x urem a glória militar, nfio deixam , por iiso .d e se interessar p«*la manutenção da pfi7 . Nos sdculos XVI e XVII. i^vritorrs houve t;ue. antecipando o* tem pos, estabeleceram projectos de organização internar nmal para *crvir de enquadra m ento í s relaçóes pacíficas entre Estados (Emeric Crocé. I * nomeati Cynée; Sully. Is yrand dessem d'Henrv IV). M as. para segui-los nesta via organizadora, os monarcas deviam accitar uma limitaç&o à soberania Preferiram uma outra receito que deixasse mracta esta soberania, a qual acreditavam poder encontrar na aplicação de um pnncipio político, o principio de rquilihrm .cn i vez da urgamzaçâo internacional. Em teoria, a política dc equilíbrio assenta numa ideia m estra, a saber, que é necessário realizar entre os Estados uma repartição de forças ile tal modo que fias se equilibrem. 0 ob jectivo é impedir que algum deles se tom e t&o poden>s» que desencadeie uma guerra que esteja certo dc ganhar Assim sc mantém a paz Ao mesmo tempo, garante-se a protcc- çJk* dos Estados fracos, pois nenhum Estado aceita que outro rompa o equilíbrio, apode rando-se de ura pequenn Estado Segundo Thiers. «o principio do equilíbrio «5 o principio ilu independência das naçôcs». Formulado implicitamcntc nos Tratados dc Vestcfália. o princípio do equilíbno é constantemente aplicado desde IMK N lo é este o lugar apropriado para cícctuar unui critica sistemática do princípio do equilíbno ()s casos históricos cm que foi aplicado baslam para nos ccnvcnccr dc que. se ele siilvaguank a om m potíncia dos Estado», náo salvaguarda a paz É invocado tanto para justificar as guerms defensivas. com o fim dc restabeleça um equilíbrio desfeito, como pora servir dc pretexto a gurrnts preventivas contra um Estado cujo progressivo poderio possa pôr em causa o equilíbrio C - A doutrina BIBLIOCHAIIA V Pti.ii ? cti . / n f in u liitru r* i lu rfnxt iitientiitiiutiu Ir/irt ttcmnri, Irur duetrine. funnl t Boère. 1904. fi9l p. W Van Df* Vi.i rrr. - I ' neuvrc dc Grotius et *on influcnce sur le dévttoppcBWH du droit intemational». R.C.AJ>.I.. 1925 II. vol. 7. p 395-309-0. 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O s precu rsores tle.Círócio *? n teoria trad iciona l d o d ire ito n a tu ra l - E antiga a ideia dualista da existência dc um direito natural, anterior e supenor ao direito positivo. F.la remonta a Aristóteles e à F.scola estóica. É de inspiração generosa. Assenta ni concepção do homem ornsiderado com o ser sociável e livre que o direito natural protege.conciliando a sua sociabihdadc c i sua liberdade. Com efeito, sc a sociedade é necessária ao homem, cla é também, necessariamente, uma sociedade jurídica regida pelo direito natural que garante a liberdade daquele e limita o poder a que está submetido S. Tomás. que. não sem audácia, se reporta à Antiguidade pagá. adere à mesm a ooçfio dc direito natural l*or isso. não surpreende que. 10 século XVI. alguns teólogos Juristas, confrontados com o facto político sem precedentes do Estado soberano e reflectindo com o juristas sobre o aconte cimento. tenham pentado em aplicar à nova entidade acabada de nascer uma doutrina consagrada pelo mais ilustre representante do pensamento cristão. O primeiro artífice desta transposição é Francisco de \fitóría (1480-1586). dom ini cano espanhol. Ensinou Direito na Universidade de Salamanca Expôs as suas idéias nos seus cursos, publicados, depois da sua morte, com o título de Relrtiionex thetAogicae. Em primeiro lugar, reconhece a soberania do Estado, logo. a sua liberdade; mai o Estado é limitado pelo direito natural que lhe é supenor Em segundo lugar. r»s Estados soberanos, tal como os indivíduos, precisam de viver em sociedade A com unidade dos Etiados sobe ranos ou comunida«le internacional possui, pois. uma existência necessária: como a com u nidade dos homens, também ela é uma com unidade jurídica. Por conseguinte, c igualmente necessária a existência do direito internacional destinado a reger a comunidade. Na época da formação do direito internacional, a afirmação da sua necessidade é de importância primordial paru a continunçilo do processo Para o denominar. Vitrrio renuncin à expressão de o rigen romana dc Jus Pentium, suhstituindo-a pela fórmula dc Ju\ inter gentes ou de direito entre Estados. Qual é o conteúdo deste direito? Vnória confunde-o inteiramente com o dneito natural, dado que este é dc aplicação universal Para *e colocar de acordo com as suas ptópnas idéias, considera, com tanta imparcialidade como independên cia, que a sua própria pdtrin. beneficiária da Bula de Alexandre VI (1493). n io deve valer-se dela. pois. na sua opinião, o direito natural proíbe n apropriação privativa dos nares Francisco Snanr: í 1548-1617). teólogo também , segue as pisadas de Vitória. Jesuíta, igualmente de nacionalidade espanhola, leccionou em Coimbra. F.m 1612. apareceu o seu Tntctatus de Legibu\ ac Deo legislatorr. Regressa à expressão Jiis gentnm e introduz algumas novas precisdcs Reconhece, com o Vitória, a comunidade dos Estados, mas dá mais um passo na análise ao distinguir o direito natural do direito das gentes O direito natural é um direito necessário e imutável.,Quanto ao direito das gentes, é evolutivo e contingente: provém da apreciação dos povos sobre qual possa ser o conteúdo do d i r natural Kquivnle. assim, ao direito positivo. Mas. entre o direito das gentes (ou dirç 4 8 IN tR O lM ^ A U O títA I. positivo) e o direito natural, existe uuta relação nccevsaria: o primem* deve ser sempre con forme ao vegundo. o que salvaguarda n subordinação do Estado soberano ao direito natural 25. G rúciu. pai do d ir r ito in te rnac iona l - Deve-se a um leigo Grócu) (1583-1645). a exposição mais completa da teoria do direito natural que conduz «o seu apogeu Com ele constitui-se definitivamente a -L sco la do direito natural c das gentes». Eclipsa o» prede oessores, sendo considerado só ele com o o pai do direito internacional. Hugo de (Jrvol é holandês, poeta, filósofo, diplom ata e jurista. Envolvido nas querdas políticas que dilace raram a sua pátria, foi condenado a prisão perpétua em 1619 Apos dois anos dc cáreere. conseguiu cvndir-sc e emigrar para hrança onde foi bem recebido pelo governo real. Em 1634, pôs ve ao serviço do governo sueco dc que foi em baixador na Corte francesa. M or reu cm 16*5. quando tentava regressar ã terra natal I " A abra principal de G rócio é o De jure M U ac paus (Do direito da G ucna e da P a /), publicado cm 1625. na altura cm que residia na França. A obra conheceu imenso sucesso. Figurando nos programas de ensm o das grandes Universidades, foi cm 1758. tradu/ida do latim para todas as línguas européias. É devido u esta obra de conjunto, primeira exposição a sério do direito internacional, escrita com método, que ele ultrapassa os prcdeccssorcs a) Antes de analisar o direito da guerta. Grócio apresenta a via concepção geral do direito internacional Reconhecendo o estado soberano, define o poder soberano como «aquele cu p s actos são independentes dc qualquer outro poder superior e não podem ser anulados pc-r nenhuma outra vontade humarui>. Contudo, os poderes soberanos náo devem ignorar-se. devem aceitar a ideia dc uma sociedade ncccssána regula pelo direito A soberania d;vc ser limitada. rui falta de órgãos superiores aos Fistacos, pela simples força do direito. Este direito é o direito natural Ate aqui. Grócio não du. mais do que Vitória e Suare/ Mcvmo ao definir o direito natural, a sua obra não é o riguu l. pois. com o aqueles, assim ila-o à moral T odavu. distingue-se por ter la icuado essa moral Logo a seguir a S. Tomás, os teó logos confundiam-na com a lei divina. G rócio, embora proclame a sua fidelidade ã fc cristã, tá-la derivar unicamente da razão Segundo e le. o direito natural -consiste em certos princípios d : recta razão que nos permitem saber sc uma acção é moralmente honesta ou desonesta consoante a sua conlom iidade ou de.sconformidadc com uma natureza racional <ui «nciávd- Ora<, us à contribuição Uc G iócio, o direito natunil passi a identificar-se com o direito racional e a teoria do direito natural adquire o carácter de u n a teoria raaoiialutu. Por ouiro lado. estabelece a distinção enue direito natural e d re ito voluntário. Este resulta da vontade das nações, dc todas «hi dc algum as, vontade expressa por meio de acordos entre cias Suare/ j á pressentira esta noção dc direito voluntário, chamando-lhc direito «contingente». Mas foi G rócio quem a pós cm relevo, ü direito natural contém -principio»» O direito voluntáno reúne regras construtivas cfectivamcnte aplicáveis às relações internacionais. A introdução do elemento voluntáno cquivaJc a enação dc um mecanismo particular dc elaboração destas regras e. ao mesmo tempo, ao reconhecimento do princípio do respeito pela palavra dada (Pada umt servanda) Tal respeito é precisa m ente uma das regras dc direito natural. Por outro lado. o direito voluntáno só é válido sc for conforme ao direito natural. Por outras palavras a vontade das nações não é soberana, subordina-se ao direito natural HISTORIA IX> D IK tK O IVTTJCNAUOS \L b) No que d i/ respeito ao ubjtcln propriamente dito úa obru. esta dividc-.<<c cm tres livros. Grócio cxpóe. uu base do direito natural, as regras relativas a guerra.Reconhece .1 legitimidade da guerra, uma ve/ que não existe autoridade superior aos Estados soberanos para os apartar. mas com estrita condição dc sc trutar d« uma guerra juslu. Assim , retorna pur sua conta, a Jtstinçao canomsta entre guerras justas c guerras injusta*. A guerra e justa quando responde u uma injustiça, sendo o direito natural a determinar os casos de mjusti^a Estes casos surgítn quando são violados os «direitos fundamentais» que o direito natural reconhece aos Estados soberanos: direito à igualdade, direito à independem ia. direito .1 con\»*rva<;Ao dirrito uo respeito, direito «o com ercio internattonal DescoOre-se ai um dos aspectos do seu método através da guerra, revela os alrihuu* do Estado Nenhum Esiado pode violar os direito- fundamentais dos outros. Qualquci violação desla proibição abiv caminho ao direito dc iegitinui defesa c) Puffendivf (1632-1694). que publica etn 1672 a obr.i lk> d irrtiouitum l c du\ ,1<«•« tes.ê o mais fiel continuador de Grócio. Retorna. nos mesmos termos, a distinção gmcionu entre dneito natur.il e direito voluntário e reafirma a necessidade da subordiaação do segundo ao primeiro Coatudo. concede a p n n w ia ao direito natural em detrimento do direito voluntário 2 “ Ao quererem limitar a soberania do Estado pelo direito uaturai. G rócio c o \ que pensam com o ele podem ser considerados os verdadeiro» lundadores ilo direito inter nacional Também foram ü tc i ' ao proporem um quadro conceptual que permite levar a cabo a necessáru uiiifitução das regras fragmentárias nascidas da p rf tk a Colocada na perspectiva histór.ca, esta sistemati/açAo representa, alem disso, uma tcdtativa de \ubsti tuição do poder universal, desaparecido com o fracasso do papado c do Sajro-lm pcno. por uma espécie de vjpcrlcgalidade universal que se impóc aos Estados c que c . na lalia de uma unidade orgânica, susceptível de os unir. Infelizmente, embora corrr^ponda às aspirações c ao espirito racionaiista du ep«»co. u doutrina do direito natural, que se antecipa aos factos c ambiciona guiá-lt*. não resistiu u prova do vida internacional. Logo depois dos tratados de Vcstefália. a obrade Grocio j u s s .i a fazer parte do domínio da teima á a verificação implícita do divórcio entre o seu con teúdo e a pratica. Grócio c o s seus antecessores c sucessores contribuíram p ira a formação e afirmação de um direito inlcruacioiuil inimptixiiil. Mas não exerceram m»uU(uci mtlucn- cia na form açio do -sistem a* interestatal propriamente dito . sistema que exclui a subordi nação do Estado soberano a qualquer direito anterior e superior É verdade qo ; o direito natural, pur causa da sua imprecisão e subjcctividadc. oterecc seriamente o flanem à critica. 26. V attd 1 1714-17681. precursor do positivismo Nascido na SuJça. cm Ncuchãtei »ub dito do rei da Prus>ia. \'attcl está bem colocado para observar esiu prática .10 exercício da sua tunçáo de diplumaia ao serviço do rei da S iuónia A sua princip.il «>bra l x drvtl dr* gen\ ou príncipe % Jr lu io i naiurelle uppliqure ii la atnduth- ei mu uffamts d a natíoin r i dts wuveraim está escrita cm trancés e foi publicada cm 1758 Esta obra conscrvu. ainda hoje. um lugar dc destaque na ciência e na prática. É difícil classificai Vatlcl. Discípulo de VVolff é . aparentemente, mais um teórico do direito natural. Contudo, após u mocte de G rócio. H obbes escreveu o seu L t vialluw. no IVTSODl JÇAO GERAI qual glorifica .1 terça c exalta o poderio do Estado. Sob a influência do segundo, depois dc ter reconhecido a existência do direito natural. Vattel :»crescenla que o mtirprete soberano daquele direito é 0 Estado. I ." Segundo Vauel, a sociedade internacional é . por natureza, a «grande sociedade das nações» Apenas os Estados soberanos sào membros desta sociedade. «Qualquer nação que sc governe a si própria, sem depender dc nenhum Estado estrangeiro. é um Estado soberano» Aparentemente, esta definição de Estado soberano aproxima-se da dc Grócio Com o G rócio. Vaucl deduz d«i soberania o princípio da igualdade dos Estados. Termina aqui a concordância entre os dois pensamentos, pois Vattel confirma c analisa a prática real da >obcrania absoluta, cada Estado soberano tem o direito de decidir por íi só o que deve fazer no cumprimento dos seus deveres internacionais. «Cabe a qualquer Estado Itvre julgar em consciência o que os seus deveres exigem , o que pode fazer ou não com justiça. Sc os outro*, tentarem julgá-lo. atentarão contra a sua liberdade c ferirão os seus direitos mois preciosos» Por isso. a vida social numa sociedade de Estados soberanos não pode assemelhar-se à que se desenrola no seio de uma sociedade de indivíduos Sc o imlivícuo aceita aban donar a soberania que detém quando vive cm estado natural. (>ara aderir ao contrato social c constituir a soeirdade civil, é porque precisa dos seus semelhantes Assim se explica a existência, nesta tocicdade com posta por indivíduos, de um poder político central que com anda e que protege. F.m virtude da existência e do exercício deste poder, tal sociedade é chamada sociedade político. Porém, os Estados soberanos não precisam uns dos outros. Não s io pois obrigados a renunciar à soberania para entrar em sociedade. Também não é necessário que. na sociedade intcrestatal ognipando Estados soberanos, sc estabeleça um poder político que os proteja Por outras palavras, a sociedade dos l.stados soberanos é urna sociedade de um tipo especifico, nfio apresenta as características dc uma sociedade política com o a sociedade dc indivíduos dentro do Estado. 2 " Chegando ao direito aplicável a esto sociedade interestataJ. Vattel, com o Wolff. reconhece a existência do direito natural que considera, de bom crado. ser um direito necessário Mus ttm bém aqui. a sua interpretação opõe-se totalmente à dc Grócio. Segundo e le. cada Estado é livre dc apreciar, por si próprio, o que 0 direito natural exige dc si em cada circunstância. Nesta apreciação, os Estados soberanc* podem entrar em conflito, pois n direito natural que sc deduz racionalmente é uma ncçáo subjectiva. Com o tal oposição é prejudicial .1 sua segurança, esforçam-se. na ausência de p<*lcr polí tico organizado, por se entenderem entre si. a fim de darem ao direito natural um conteúdo aceitável para todos: ao fazerem isto. enam o direito internacional voluntário, o único que constitui o direito positivo. Eiiquanto Grócio subordina «1 direito volunário ao direito natural, para Vattel. a missão própria deste direito voluntário é modificar, sc for caso disso, o direito natural a fim de facilitar o mútuo consentimento. Dito dc outro modo, a vontade dos Estados soberanos nòo está vinculada pelo direito natural, visto que cia pode. preci samente. modificá-lo ou pelo menos interpretá-lo soberanamente. Vattel sustenta que a lei natural nada decide de Hstado j Estado, com o decidiria de particular a particular. É partidário, com o o> monarcas, do voluntarismo integral Aplica esta concepção à definição da guerra justa. Adnutc. é verdade.que, dc acordo com o direito natural, a guerra justa é aquela que é conforme â justiça - G rócio falava aquela que se desuna a reparar uma injustiça Só a guerra justa pode produzir consequên- HISTÓRIA DO ornem) IWTWNMIONAL 51 cia» juridicamente válidas, um aumento territorial, por exem plo Mas Vattel constata, ao mesmo tempo. que. dada* as suas divergências na apreciação da justiça que legitima a guerra, os Estados concordam simplesmente cm que a guerra justa e aquela cuc reveste certas formas, isio e. un a guerra conduzida abertamente e não uma guerra -clandestina» c não reconhecida- Desdf que o Estado que faz a guerra aceite submeter-vc .1 certas regras, a sua guerra será justa, pouco importando o valor dos seus objectivos dc guerra. Para Grócio.
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