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Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 1 TOXICOLOGIA DOS MEDICAMENTOS A maior causa de intoxicações nos animais são os medicamentos, sendo os AINES e medicamentos de uso tópico os mais comuns. Isso é causado porque muitos medicamentos são guardados com certa falta de cuidado, e são deixados no alcance dos animais. Outro problema também é a administração de fármacos aos animais por leigos. Os animais mais complexos e fáceis de se intoxicarem são os felinos (AAS, Paracetamol). Qualquer medicamento é potencialmente tóxico, dependendo de sua dose. Por isso é importante saber a posologia, o mecanismo de ação, efeitos adversos, etc. Anti-Inflamatórios Não-Esteroidais (AINES) Vendidos sem receita médica. Isso faz com que muitas pessoas os tenham em casa, fazendo deles os mais ocorrentes nos casos de intoxicação por medicamentos. A inflamação possui as vias da cicloxigenase e lipoxigenase, sendo que os AINES podem inibir as vias, separadamente ou simultaneamente. Uma intoxicação causada pelos AINES causa apatia, hipo/anorexia, regurgitação, desidratação, êmese, úlceras, peritonite, nefropatias, febre, convulsões. O tratamento inclui a indução da êmese, fluidoterapia, transfusão sanguínea, administração de protetores de mucosa, alimentação controlada e remoção cirúrgica das ulceras. o Diclofenaco Sinais clínicos muito severos podem levar ao óbito. O tratamento é sintomático, dependendo do estado geral do animal, e do tempo de exposição. Em 2 dias os sinais começam a aparecer, sendo que em 7 o animal pode ir a óbito. o AAS Deve ser usado com um adaptador de mucosa nos primeiros dias, pela irritação que causa. Pode levar a óbito. Em gatos a gastroenterite hemorrágica é mais severa que nas outras espécies, podendo causam além disso febre, náusea, úlceras e convulsões em cães, e depressão, acidose metabólica, hepatite, depressão de medula óssea, convulsões e morte em gatos. O tratamento também é sintomático, com fluidoterapia de reposição, indução da êmese, correção da acidose metabólica e uso de catárticos osmóticos. o Paracetamol De uso proibido em felinos. Seu metabólito tem efeito hepatotóxico, além de causae, em gatos, hemólise, gerando anemia e cianose. O tratamento inclui também o tratamento sintomático e oxigenioterapia. Indução de êmese e o uso de catárticos são indicados apenas até 2 horas da intoxicação. o Ibuprofeno e Cetoprofeno Causam uma leve depressão de SNC, além de êmese, anorexia, irritação e úlceras gastrointestinais e hemorragia. O cetoprofeno é menos ulcerogênico que os demais AINES. O tratamento para ambos é sintomático. Medicamentos com ação no Sistema Respiratório São comercializados livremente facilitando intoxicações. São compostos por vários princípios ativos, o que é um problema, pois não se tem como saber qual causou a intoxicação. o Expectorantes Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 2 Podem ser reflexos (aumentam a produção de muco), mucolíticos (diminuem a viscosidade das secreções) ou inalantes (fluidificam as secreções). Os sinais clínicos envolvem aumento de secreções salivares, nasais e lacrimais, êmese e náuseas. O tratamento é de suporte, com interrupção do uso. o Descongestionantes nasais Os descongestionantes são usados para vasoconstricção nos cornetos nasais, reduzir secreções respiratórias, tratamento de rinites e sinusites, e podem ser tópicos ou sistêmicos Os sinais clínicos envolvem hipotensão, bradicardia, secreções aumentadas, náuseas, fraqueza, etc, e os tratamentos envolvem lavagem gástrica, carvão ativado, oxigênioterapia, e envolve mais o tratamento sintomático que o específico. o Anti-histamínicos São utilizados para tratamento de broncoconstricção e tosse, com ação em SNC, nervos periféricos, trato gastrointestinal, trato respiratório e endotélio de capilares. Seus sinais clínicos são depressão de SNC e efeitos anticolinérgicos. O tratamento é sintomático, com uso da oxigenioterapia. A êmese NÃO deve ser feitam porque o animal estará com depressão de SNC, apático, então a chance de acontecer falsa via é muito alta. o Antitussígenos Não pode ser usado em tosses produtivas, pois com a alta produção de muco, o animal precisa elimina-lo. Os antitussígenos narcóticos causam constipação, náusea, êmese, sonolência (em cães) e excitação (em equinos e gatos). Os não narcóticos causam depressão respiratória. O tratamento é sintomático, e com uso de naloxona no caso dos narcóticos, aliada a oxigenioterapia. o Broncodilatadores Podem ser adrenérgicos, metilxantinas ou anticolinérgicos. Os sinais clínicos são hiperatividade, taquicardia, taquipneia, tremores musculares, convulsões, êmese e óbito. O tratamento é de suporte, e pode ser feito por lavagem gástrica e uso de catárticos no caso de medicamentos via oral. Medicamentos com Ação do Sistema Cardiovascular Existem alterações farmacológicas, como sinergismo, antagonismo, podendo levar a intoxicações. o Digitálicos São derivados da planta digitalis, a dedaleira, com os princípios ativos digoxina e digitoxina. São utilizados para insuficiências de miocárdio, arritmias, insuficiência sistólicas, através do uso oral prolongado. Os sinais clínicos envolvem alterações gastrointestinais (anorexia, náuseas, êmese), neurológicas (letargia, sonolência, convulsões) e cardíacas (taquirritmias e bradirritmias). O tratamento é sintomático, e com uso de carvão ativado em doses seriadas. Em casos leves, a medicação é interrompida temporariamente, e deve-se retornar com doses menores. Medicamentos com ação no Sistema Nervoso Central o Antidepressivos tricíclicos Instituto Federal Catarinense – Campus Araquari Alberto Gonçalves Evangelista Toxicologia Veterinária e Plantas Tóxicas 3 São utilizados para distúrbios depressivos, comportamentais e dores crônicas. Causam hipotensão, mioclonia, convulsões e óbitos. Os sinais clínicos são muito rápidos, podendo levar a óbitos de 1 a 2 horas após a intoxicação, e deve ser feito o monitoramento após 24h após a cessação dos sinais clínicos. O tratamento envolve indução da êmese, lavagem gástrica, uso de catárticos. Deve ser feito o tratamento sintomático. o Benzodiazepínicos São tranquilizantes, com propriedades sedativas, hipnóticas, ansiolíticas, relaxantes musculares e anticonvulsivantes. Causam ataxia, depressão respiratória, coma, e redução do fluxo sanguíneo no SNC (apenas midazolan). Possuem efeitos teratogênicos. Tratamento à base de flumazenil (antagonista do GABA) em doses sucessivas, e por carvão ativado. o Barbitúricos São sedativos hipnóticos e anticonvulsivantes. Levam a sedação, coma, óbito, ataxia, letargia, depressão respiratória, perda dos reflexos, sendo que o uso crônico também pode levar a hepatotoxicidade e depressão de medula óssea. O tratamento é de suporte, e diminuir a dose no caso de tratamento crônico, além do uso de catárticos. Antibióticos o Penicilinas Causam principalmente reações de hipersensibilidade, então é um tratamento de emergência. Pode levar a choque anafilático e ir a óbito, sendo que podem causar também anemia hemolítica em equinos. Avermectinas e Milbemicinas Antiparasitários. Muitos casos são causados por erros da dose. Algumas raças de cães não podem tomar avermectinas, pois elas agem com ação neurotôxica. Além disso essas raças não possuem Glicoproteína-P, que retiram a substância do sistema. Os sinais clínicos são hiperatividade,head pressing, vocalização, agressividade, convulsões, desorientação, êmese, midríase, coma e morte. O tratamento é feito com a indução de êmese, tratamento sintomático e de suporte, lavagem gástrica e uso de catárticos.
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