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MINISTÉRIO PÚBLICO

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MINISTÉRIO PÚBLICO: CONCEITO E EVOLUÇÃO
Para entendermos de onde surgiu o Ministério Público, adentramos na historia e percebemos na doutrina uma grande quantidade de institutos que em seus primórdios exerciam funções de tutela aos interesses primordialmente da coroa e com o decorrer do tempo, da sociedade; tendo como alguns destaques, há cerca de quatro mil anos atrás o funcionário real do Egito Antigo, que era conhecido como MAGIAI, que tinha funções de castigar os rebeldes, reprimir os violentos e proteger os cidadãos pacíficos. 
Há quem veja nos ÉFOROS de Esparta um Ministério Público embrionário, pois tinham por função, embora juízes, contrabalançar o poder real e o poder senatorial, exercendo o ius accusationis, ou ainda, nos THESMOTETIS gregos, forma rudimentar de acusador público, porem, a doutrina majoritária se inclina a reconhecer a origem francesa do MINISTER PUBLIC como a de matéria mais completa e primordial para a evolução da instituição que desde 1302 ate hoje vigora, e isso se deu basicamente por se diferenciar das demais no seu caráter inquisitório e de tutela aos interesses sociais e não mais restritivos a tutela dos interesses do monarca, sendo assim essa "transformação" de suma relevância pro que o Ministério Público representa hoje na sociedade. No Brasil, o Ministério Público só veio a ser expresso pela legislatura no código de processo criminal em 1932 e que constava apenas com breve referência ao "promotor da ação penal" que no decreto de 1843 encontrou regulamentação sobre o modo de nomeação para cargo de procurador geral da republica, desde então vários decretos e todas as próximas constituições trataram sobre a instituição, de forma que se aprimoraram as prerrogativas ao cargo e a toda a sistemática que envolve a área de atuação e o processo de ingresso, entre várias matérias necessárias ao eficiente funcionamento do instituto na assistência à prestação jurisdicional do estado. 
Até a atual e devida elaboração da matéria vigente sobre o Ministério Público na constituição de 1988 varias modificações ocorreram como por exemplo a integração do órgão público ao poder executivo, outrora judiciário e por fim e em definitivo a legislação que regulamentava a instituição como independente, autônoma e indivisível, isso se deu devido ao entendimento dos juristas que definiram a essência do Ministério Público como órgão não vinculado aos juízos de valores dos outros poderes da união, caso que traria a quebra da imparcialidade na resolução da ação penal ou civil públicas, e constituindo assim as garantias institucionais e o modelo atual de estrutura do órgão. A Constituição de 1988 em seus artigos 127 ao 130 e 130-A trata do Ministério Público que foi no momento da assembleia constituinte repensado e atualizado aos moldes de necessidade da sociedade e que passou a ser função essencial à justiça além de contar com princípios institucionais bem definidos e de ter prerrogativa para aplicação essencialmente no campo de defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses individuais e sociais indisponíveis.
ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO E CARGOS
O Ministério Público possui liberdade para posicionar-se de forma autônoma, sempre na defesa do interesse social. Por isso, frequentemente se posiciona contra os interesses do governo, ataca judicialmente atos administrativos que considera ilegais e promove ações para responsabilizar gestores e funcionários públicos que possam ter praticado atos ilegais.
As diferentes carreiras do Ministério Público possuem diferentes cargos, que são os seguintes:
a)         no Ministério Público Federal, os cargos da carreira são, na ordem ascendente, os de procurador da República, procurador regional da República e subprocurador-geral da República (para explicação mais detalhada da organização do MPF, veja o texto Órgãos e estrutura do Ministério Público Federal); o chefe da instituição é o Procurador-Geral da República;
b)        nos MPs estaduais e no MP do Distrito Federal e Territórios(MPDFT): os cargos são de promotor de justiça substituto (chamado depromotor de justiça adjunto no MPDFT – ambos são os promotores que ainda se encontram no estágio probatório), promotor de justiça eprocurador de justiça; há também o Procurador-Geral de Justiça, que é o cargo do chefe do Ministério Público estadual e do MPDFT;
c)         no MP do Trabalho (MPT), os cargos da carreira são os deProcurador do Trabalho, Procurador Regional do Trabalho eSubprocurador-Geral do Trabalho; tem como chefe o Procurador-Geral do Trabalho;
d)        no MP Militar (MPM), os cargos da carreira são os de Promotor da Justiça Militar, Procurador da Justiça Militar e Subprocurador-Geral da Justiça Militar; o chefe da instituição é o Procurador-Geral da Justiça Militar;
e)         existem ainda os Ministérios Públicos nos tribunais de contas, cuja carreira varia de acordo com a respectiva lei; em geral, seus cargos denominam-se procurador de contas e subprocurador-geral de contas; o chefe do órgão é o procurador-geral do MP de contas, ou denominação equivalente.
O MP Federal, o MP do Trabalho, o MP do Distrito Federal e Territórios e o MP Militar têm a peculiaridade de comporem o que a Constituição chama deMinistério Público da União (MPU). Essa instituição tem como chefe conjunto o Procurador-Geral da República, embora o MPT, o MPDFT e o MPM tenham seus próprios procuradores-gerais.
Em todos os casos, os cargos iniciais de cada carreira são necessariamente preenchidos por aprovação em concurso público, de provas e de títulos. Por se tratar de carreira, os cargos seguintes são alcançados por meio depromoção, que ocorre sempre que são criados por lei novos cargos ou quando surge vaga em um dos cargos já preenchidos, por aposentadoria, demissão, exoneração ou morte do ocupante. A promoção é feita com base nos critérios de antiguidade e merecimento, de forma alternada, isto é, uma promoção se faz por antiguidade, a seguinte por merecimento, e assim sucessivamente.
Nos cargos iniciais de cada carreira, uma vez aprovado no concurso público, o candidato toma posse e fica obrigado a cumprir o estágio probatório. Este é um período de dois anos, previsto no artigo 128, § (parágrafo) 5.º, inciso I, alínea a, durante o qual o novo membro da carreira precisa demonstrar capacidade para exercer suas funções e cumprir corretamente as exigências do cargo. Se for aprovado, adquire a garantia da vitaliciedade.
PRINCÍPIOS
Temos no artigo 127, §1º da CF os princípios que regem o Ministério Público, são eles: a unidade, indivisibilidade e a independência funcional.  A unidade significa um só corpo, atuam sob a mesma natureza seja federal ou estadual, ambos possuem suas respectivas competências, na esfera federal (art. 128, I, da CF): O Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o Ministério Público que atua junto ao Tribunal de contas da União. Fazem parte da esfera estadual (art. 128, II, da CF): o Ministério Público dos Estado e o Ministério Público que atua junto com o Tribunal de Contas dos Estados-membros. O princípio da indivisibilidade ressalta om princípio da unidade, como o Ministério Público é um só corpo, os membros não possuem vínculo no processo e assim podem ser substituídos uns pelos outros sem obter quaisquer prejuízo ou modificação em sua natureza, para dar continuidade na prestação de assistência jurídica. Um outro princípio é o da independência funcional, como existe a liberdade de seus membros de tomarem suas decisões de acordo com suas consciências e por não possuir hierarquização, seus posicionamentos são motivados e fundamentos, e suas condutas estão sujeitas ao controle de órgãos superiores.  
Observando esses princípios, entendemos que um complementa o outro, e ainda ressaltamos que os mesmos regem a Defensoria Pública. Analisando os princípios dos devidos órgãos, o Ministério Público e a Defensoria Pública são instituições indispensáveis, independentese livres em suas atuações, possuem contextos próprios e importantes para o papel que desempenham em prol da sociedade.
GARANTIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Garantias dos membros do MP- (art. 127, §5, CF/88)
Segundo a Constituição Federal, os membros do Ministério Público gozam das seguintes garantias: 
VITALICIEDADE, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial transitada em julgado quando a pena aplicada for superior a 4 (quatro) anos, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a administração pública ;
INAMOVIBILIDADE, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO, os subsídios recebidos pelos membros do MP não podem ser reduzidos, a não ser no caso do imposto de renda, pois a garantia da sua irredutibilidade representa a proteção da sua liberdade de atuação, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Garantias Institucionais do MP- (art. 127, CF/88)
AUTONOMIA FUNCIONAL- (art. 127, §2, CF/88)
Inerente a Instituição, ao cumprir os seus deveres institucionais, o membro do MP não se submeterá a nenhum outro “poder” (Legislativo, Executivo, Judiciário), órgão, autoridade pública, etc.
AUTONOMIA ADMINISTRATIVA- (art. 127, §2, CF/88)
Consiste na capacidade de direção de si próprio, autogestão, auto-administração, um governo de si, com criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares.
AUTONOMIA FINANCEIRA- (art. 127, §3, CF/88)
Pode elaborar seu orçamento dentro dos limites estabelecidos na Lei, podendo, autonomamente, administrar os recursos que lhe forem destinados.
Vedações Imputados aos membros do MP- (art. 127, §5, II, CF/88)
Receber a qualquer titulo e sob pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais; (esse impedimento serve para preservar a imparcialidade de atuação do orgão, pois o MP atua como custos legis, fiscal da lei.)
Exercer a advocacia e participar de sociedade comercial, pois essas duas atividades abrangem interesses que certamente iriam influenciar  nas decisões do Parquet (com exceção dos membros MP da União);
Exercer qualquer outra função pública, salvo uma no magistério (esse impedimento tem a finalidade de evitar que o acúmulo de tarefas possa prejudicar o Promotor de Justiça ou Procurador da República no exercício da função de resolução dos feitos judiciais). Mas em relação ao magistério, ele permite um conhecimento e arejamento intelectual.
Exercer qualquer tipo de atividade político-partidária ( A Emenda nº 45 acabou com essa possibilidade outorgada pela Lei Complementar nº 75/1993, desta forma nenhum membro do MP pode exercer atividades políticas, reforçando a imparcialidade e o comprometimento com a coisa pública).
Receber a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, salvo as exceções previstas em lei;
Exercer a advocacia em juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 (três) anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Funções Institucionais do MP
A Constituição Federal (Lei Maior) diz que são funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia (funcionando como fiscal da lei, resguardando a aplicação dos dispositivos constitucionais segundo os parâmetros da legalidade);
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
Conselho Nacional do MP – (art. 130-A, CF/88)
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) atua em prol do cidadão executando a fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público no Brasil e de seus membros, respeitando a autonomia da instituição. O órgão foi criado em 30 de dezembro de 2004, pela Emenda Constitucional nº 45, e tem sede em Brasília (DF).
 Formado por 14 membros, que representam setores diversos da sociedade, o CNMP tem como objetivo imprimir uma visão nacional ao MP. Ao Conselho cabe orientar e fiscalizar todos os ramos do MP brasileiro: o Ministério Público da União (MPU), que é composto pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Militar (MPM), Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Distrito Federal e Territórios (MPDFT); e o Ministério Público dos Estados (MPE).
 Presidido pelo procurador-geral da República, o Conselho é composto por quatro integrantes do MPU, três membros do MPE, dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça, dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.
 Antes da posse no CNMP, os nomes apresentados são apreciados pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), do Senado Federal, depois vão ao plenário do Senado e seguem para a sanção do presidente da República. 
 Pautado pelo controle e transparência administrativa do MP e de seus membros, o CNMP é uma entidade aberta ao cidadão e entidades brasileiras, que podem encaminhar reclamações contra membros ou órgãos do MP, inclusive contra seus serviços auxiliares. 
É papel do CNMP:
• Zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;
 
• Zelar pela observância do art. 37 da Constituição Federal e apreciar a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados;
 
• Receber reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;
 
• Rever os processos disciplinares de membros do Ministério Público da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
 
• Elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério Público no País e as atividades do Conselho.
 
*Competências determinadas pelo artigo 130-A, §2º, da Constituição Federal.
DEFENSORIA PÚBLICA
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A Defensoria Pública teve sua origem no Estadodo Rio de Janeiro, onde em 5 de maio de 1897 um Decreto instituiu a Assistência Judiciária no Distrito Federal, então a cidade do Rio de Janeiro. O Brasil é o único que deu tratamento constitucional ao direito de acesso dos insuficientes de recursos à Justiça, e a Defensoria Pública, com sua missão constitucional de garantir os princípios constitucionais de acesso à justiça e igualdade entre as partes, e o direito à efetivação de direitos e liberdades fundamentais, "o direito de ter direitos," desponta no cenário nacional e internacional como uma das mais relevantes Instituições públicas, essencialmente comprometida com a democracia, a igualdade e a construção de uma sociedade mais justa e solidária. 
A Organização dos Estados Americanos (OEA), durante a sua 41° Assembleia Geral, realizada no período de 5 a 7 de junho, na cidade de San Salvador, República de El Salvador, aprovou, por unanimidade, a Resolução AG/RES. 2656 (XLI-0/11) "Garantias para o acesso à Justiça. O papel dos defensores oficiais". 
O documento é o primeiro ato normativo aprovado pela OEA que aborda o tema do acesso à Justiça como um direito autônomo, que permite exercer e proteger outros direitos, além de impulsionar o papel da Defensoria Pública Oficial como ferramenta eficaz para garantir o acesso à Justiça das pessoas em condição de vulnerabilidade.
Dentre os pontos mais importantes da resolução se destaca a recomendação para que os "Estados membros que já disponham do serviço de assistência jurídica gratuita adotem medidas que garantam que os Defensores Públicos oficiais gozem de independência e autonomia funcional.“ E recomenda que os Estados que "ainda não disponham da instituição Defensoria Pública que considerem a possibilidade de criá-la em seus ordenamentos jurídicos.”
CONCEITO
À Defensoria Pública incumbe, em regra, prestar assistência jurídica integral e gratuita às pessoas que não podem pagar pelos serviços de um advogado, sendo a defesa dos financeiramente hipossuficientes sua função típica.
 A atuação da Defensoria Pública, entretanto, não se restringe em garantir a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; ela tem como objetivos a primazia da dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais; a afirmação do Estado Democrático de Direito; a prevalência e efetividade dos direitos humanos; e a garantia dos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório (artigo 3º-A da LC nº 80/94). Desse modo, a Instituição presta relevante serviço de justiça gratuita à imensa demanda dos excluídos socialmente, garantindo, assim, seus direitos humanos (artigo 1º, inciso III, e artigo 4º, inciso II, ambos da CF/88).
 Existem, contudo, hipóteses em que a Defensoria Pública atuará independentemente da condição financeira do assistido. Trata-se de funções atípicas, que tomam lugar toda vez que for verificada a hipossuficiência jurídica da parte, como, por exemplo, na defesa dos acusados que não constituiram advogado para a apresentação de defesa e nos casos da curatela especial, também conhecida como curadoria à lide, quando, por um dos motivos descritos no arts. 9º e 218 do Código de Processo Civil, presume-se prejudicado o direito de ação de o autor (art. 9º, I, do CPC) ou o requerido (art. 9º, II e 218 do CPC) são titulares.
 Outra hipótese da Defensoria Pública em função atípica é a da defesa de grupos organizacionalmente hipossuficientes (consumidor, idoso, criança e adolescente, mulheres vítimas de violência), legitimando a Defensoria para o ajuizamento de ações civis públicas em prol do interesse desses grupos.
A Defensoria Pública não integra formalmente o executivo, embora dele dependa financeiramente. Possui autonomia funcional e administrativa, e representa o compromisso do Constituinte de permitir que todos, inclusive os mais pobres, tenham acesso à justiça.
A Defensoria Pública presta consultoria jurídica, ou seja, fornece informações sobre os direitos e deveres das pessoas que recebem sua assistência. É com base na resposta à consulta que o assistido pela Defensoria Pública pode decidir melhor como agir em relação ao problema apresentado ao defensor público.
O DEFENSOR PÚBLICO
O Defensor é um agente político de transformação social. Não integra a advocacia, pública ou privada, e tem independência funcional no exercício de sua função.
 Os Defensores Públicos são pessoas formadas em Direito, que não necessitam de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), pois sua capacidade postulatória decorre exclusivamente de sua nomeação e posse no cargo público, nos termos do § 6º do art. 4º da Lei Complementar nº 80/94, e que ingressam na Defensoria Pública após contarem com no mínimo três anos de prática forense (EC 80/2014). A maneira de ingresso se dá através de aprovação em um rigoroso concurso público de provas e títulos.
Na defesa dos interesses de seus assistidos os Defensores Públicos têm atuação em todos os graus jurisdição, com titularidade e atribuições específicas em razão da matéria a ser examinada.
O Defensor Público é independente em seu mister, litigando em favor dos interesses de seus assistidos (pessoas físicas, jurídicas ou coletividade) em todas as instâncias, independente de quem ocupe o pólo contrário da relação processual, seja pessoa física ou pessoa jurídica, a Administração Pública Direta ou Indireta.
PEC 04/2014 – DEFENSORIA PARA TODOS
A Proposta de Emenda Constitucional 04/2014 tem a missão de corrigir uma seríssima violação aos Direitos Humanos de milhões de brasileiros: a falta de Defensores Públicos estaduais e federais, portanto a falta de “Acesso à Justiça”. Trata-se de uma demanda por Justiça, por garantia de direitos aos que mais necessitam deles. Isto porque existem poucos Defensores Públicos, gerando o sentimento na sociedade de que a Justiça é acessível apenas a quem pode pagar por um advogado. Segundo dados do IBGE de 2010, 82% da população brasileira tem renda de até 3 salários mínimos mensais. Este critério objetivo é adotado pela maioria das unidades da Defensoria Pública (estaduais e federal), o que significa dizer que já em uma primeira leitura, à Defensoria incumbe o atendimento de aproximadamente 160 milhões de brasileiros. Mas além deste critério objetivo, há o critério da vulnerabilidade, ou seja, qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade, como por exemplo as crianças, os idosos, as mulheres vítimas de violência doméstica, podem ser atendidas pela Defensoria, independentemente da renda. E aí podemos verificar que a quase totalidade de brasileiros é potencial usuária dos serviços da Defensoria. No entanto, há Defensoria Pública Estadual em apenas 28% das Comarcas, e Federal em somente 22% das subseções judiciárias do nosso país, segundo dados do IPEA/ANADEP.
A aprovação da PEC 04/2014 garantirá efetivo atendimento aos que já são atendidos e uma inaugural garantia de direitos aos mais de 115 milhões de brasileiros que hoje não têm acesso à Justiça (aqui entendida como algo maior do que acesso ao Judiciário). Serão mais de 115 milhões de brasileiros gratos ao Legislativo Federal e seus membros pela garantia de acesso à Justiça, que, somados aos aproximadamente 45 milhões que já contam com nossos serviços, mas o terão de forma mais adequada, estruturada, somam os 160 milhões de brasileiros umbilicalmente ligados à atuação da Defensoria.
A DEFENSORIA PÚBLICA ABRANGE: 
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIAO
DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 
DEFENSORIA PUBLICA DOS ESTADOS
PROBLEMÁTICAS DECIDIDAS PELA JURISPRUDENCIA DO STF E STJ
SERVIDOR PÚBLICO PROCESSADO, CIVIL OU CRIMINALMENTE, EM RAZÃO DE ATO PRATICADO NO “EXERCÍCIO REGULAR” DE SUAS FUNÇÕES TEM DIREITO À “ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA” DO ESTADO? ESSA ATRIBUIÇÃO PODE SER DESTINADA À DEFENSORIA PÚBLICA ESTADUAL?
Em 2004 o STF proferiu decisão entendendo que a assistência judicial aos servidores públicos, processados por ato praticado em razão do exercício de suas atribuiçõesfuncionais, não se daria pelo defensor público estatal. Isso porque, segundo o STF, considerou-se que ofendia o art. 134 da CF,alargando as atribuições da DP. (ADI 3.022/RS, REL. MIN. JOAQUIM BARBOSA, DJ DE 18.08.2004 – INF. 355/STF).
Assim, a chamada “assistência judiciária”, desde que em razão de ato praticado no exercício regular de suas funções, está reconhecida pelo STF, mas desde que prestada pelo procurador de estado, e não pelo defensor público estadual, sob pena de violar a finalidade constitucional específica da defensoria, que é a prestação da assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
PRAZO EM DOBRO E INTIMAÇÃO PESSOAL: PRERROGATIVAS DA DENFENSORIA PÚBLICA. A QUESTÃO DA REGRA DO PRAZO EM DOBRO PARA O PROCESSO PENAL.
São prerrogativas dos membros da defensoria pública receber intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, contando-se-lhe em dobro todos os prazos. Mas, para o processo penal, em relação ao pra em dobro, na medida em que o MP não goza de tal prerrogativa, questionou-se se, de fato, a regra poderia ser estabelecida para a defensoria pública quando atua como defensora da acusação formulada pelo MP, especialmente em relação aos princípios da isonomia e devido processo penal. O STF, ao analisar o tema, entendeu que a referida regra é constitucional até que a defensoria pública efetivamente se instale. Assim, o prazo em dobro para o processo penal só valerá enquanto a defensoria pública ainda não estiver eficazmente organizada. Quando tal se verificar, a regra tornar-se-á inconstitucional. 
AS PRERROGATIVAS DO PRAZO EM DOBRO E DA INTIMAÇÃO PESSOAL VALEM PARA OS ADVOGADOS DATIVOS¹?
Ninguém pode ser julgado sem um advogado, conforme assegura o Código de Processo Penal (CPP), e a Constituição Federal brasileira garante que o Estado dará assistência jurídica gratuita para as pessoas pobres, o que deve ocorrer por meio da Defensoria Pública. Dentre outras atribuições, a Defensoria Pública presta orientação jurídica e exerce a defesa dos necessitados, em todos os graus de jurisdição. No entanto, nem sempre a Defensoria Pública dispõe de quadros suficientes para atender a demanda por assistência jurídica gratuita, sendo necessária a nomeação do defensor dativo.
Segundo o CPP, se o acusado não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. O advogado dativo, portanto, não pertence à Defensoria Pública, mas exerce o papel de defensor público, ajudando, por indicação da Justiça, o cidadão comum. (FONTE: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/78885-noticia-servico 08/11/2015 as 15:45)
O Inf. 219/STF, que reproduz o entendimento do STF em um primeiro momento: “não se estendem aos defensores dativos as prerrogativas processuais da intimação pessoal e do prazo em dobro asseguradas aos defensores públicos em geral e aos profissionais que atuam nas causas patrocinadas pelos serviços estaduais de assistência judiciária (lei n. 7871/89 e lei complementar 80/94); No STJ assim se posicionaram, mas somente em relação ao prazo em dobro: “A contagem em dobro dos prazos processuais, prevista no art. 5°, §5°, da lei n. 1.060/50, somente é aplicável nos feitos em que o defensor p ou integrante do serviço estatal de assistência judiciária, não se incluindo nessa condição o defensor dativo e o advogado particular, mandatário de beneficiário da justiça gratuita.
*APÓS, EXPLICAR A RESPEITO DA INTIMAÇÃO PESSOAL EM MATÉRIA PENAL*
DEFENSOR PÚBLICO PODE EXERCER A ADVOCACIA FORA DE SUAS ATRIBUIÇÕES INSTITUCIONAIS?
Não. Nos termos do art. 134, §1°, lei complementar organizará a defensoria pública da união e do distrito federal e dos territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia de inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. Nesse sentido, o defensor público só pode advogar para cumprir a sua missão constitucional, que é a prestação da assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovem insuficiência de recursos.
A DEFENSORIA PÚBLICA PODE ATUAR NOS TRIBUNAIS SUPERIOS?
A questão foi discutida pelo STF, que entendeu não haver exclusividade da defensoria pública da união de atuação em tribunais superiores, como, no caso, no STJ. Isso porque, nos termos do art. 106, caput e parágrafo único, da lei complementar n. 80/94, a defensoria pública do estado prestará assistência jurídica aos necessitados, em todos os graus de jurisdição e instâncias administrativas do estado, cabendo interpor recursos aos tribunais superiores, quando cabíveis. 
REFERÊNCIAS: 
PEDRO LENZA, (15° EDIÇÃO, EDITORA SARAIVA)
http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/78885-noticia-servico 08/11/2015 as 15:45 
http://www.cnmp.gov.br/portal/conheca-o-cnmp ( data de acesso: 08/11/15)
wsaraiva.com/2013/07/18/cargos-carreiras-ministerio-publico/
Constituição Federal de 1988
Agra, Walber de Moura
Curso de direito constitucional/Walber de Moura Agra. 7ª Ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2012.

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