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Prova 1 resumo

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Conceito e âmbito do direito das obrigações
O direito das obrigações tem por objeto determinadas relações jurídicas que alguns denominam direitos de credito e outros chamam direitos pessoais ou obrigacionais.
O direito das obrigações compreende apenas aqueles vínculos de conteúdo patrimonial, que se estabelecem de pessoa a pessoa, colocando-as, uma em face da outra, como credora e devedora, de tal modo que uma esteja na situação de poder exigir a prestação, e a outra, na contingencia de cumpri-la.
O direito pode ser dividido em dois grandes ramos: o dos direitos não patrimoniais e os direitos patrimoniais.
Não patrimonial: Não se quantifica o não cumprimento da obrigação. Ex: se um pai deixar de proteger um filho, maltratá-lo, pode perder o pátrio poder, o poder familiar, mas não terá perdas econômicas, não precisará despender nenhum valor devido a isto.
Patrimonial: quando podemos quantificar em valor uma conduta negativa ou positiva. Ex: quando um prestador não realiza o serviço a contento do tomador, poderá ser solicitado o serviço de outro prestador e o custo ser cobrado desse primeiro.
Portanto, o assunto abordado nesta parte do Direito Civil irá se ater às obrigações de caráter de um dever jurídico patrimonial. (Arts. 233-416 CC)
OBRIGAÇÕES POSITIVA DE DAR (arts. 233 a 242)
Esta obrigação tem como conteúdo uma coisa. A prestação da obrigação é justamente a entrega de uma coisa. O fato da entrega da coisa não pode ser confundido com a obrigação de fazer. Ex: a obrigação que tem como objeto/prestação um quadro. Se o quadro não estiver pronto, a obrigação é de fazer; e se ele já foi pintado, a obrigação é de dar.
Obrigação de dar representa a entrega de alguma coisa pelo devedor ao credor.
Obs. Tecnicamente dar = entregar
		
 
		coisa certa
DAR 		coisa incerta
		restituir (devolver)
Obrigação de dar coisa certa:
O devedor fica adstrito a fornecer ao credor determinado bem, perfeitamente individuado, móvel ou imóvel. A coisa certa consta de objeto preciso, que se possa distinguir por características próprias de outros da mesma espécie. (coisa específica, determinada, individualizada).
Ex. o devedor deve entregar um animal de corrida, o credor tem que receber aquele animal.
A obrigação de dar coisa certa, só confere ao credor direito pessoal (um crédito) e não real (sobre as coisas), pois não transfere de logo o domínio, apenas obriga-se a transmiti-lo. Logo, não cabe ao credor reivindicar a coisa, mas tão somente mover ação de indenização. O domínio só acontece com a tradição (transmissão, transferência de posse)
Ex: contrato de compra e venda (obrigação de dar). O contrato gera o direito pessoal. O fim do contrato gera o direito real.
O direito real acompanha a coisa, já o direito pessoal, não! Se a primeira pessoa passou para outras pessoas, o direito a perdas e danos será cobrado do último.
Ex. Se A vende um cavalo a B, e B vende a C. O juiz não vai exigir de B a entrega para C, mas de A (do primeiro que deu a coisa), porque a obrigação de dar a coisa é pessoal. A tem o direito a perdas e danos contra B.
As obrigações de dar podem vir aglutinadas com outras obrigações de fazer e não fazer. Por exemplo: o vendedor além de se comprometer a entregar a coisa vendida, contrai, simultaneamente, salvo pacto em contrário, obrigação de responder pelos vícios redibitórios (que estão ocultos e diminuem o valor do produto, por ex. quadro com polia) e pela evicção (direito de regresso, ex: compro um carro e o Banco toma de mim porque o antigo dono estava devendo, eu tenho o direito de regresso contra o antigo dono).
Princípios:
1. Identidade, “aliud pro alio” (art. 313 CC) – A coisa não poderá ser substituída unilateralmente pelo devedor. O credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa, como também não pode exigir coisa diferente, ainda que menos valiosa. Não é lícito o devedor entregar coisa diversa da ajustada, pois estaria alterando unilateralmente o objeto da prestação. O adimplemento é específico, sem possibilidade de sub-rogação ou substituição por prestações diferentes, salvo com anuência do credor. Se fosse permitido aos devedores entregar coisa diversa da pactuada, geraria impugnações dos credores, perícias, comprometendo a distribuição da justiça.
A dação em pagamento não é exceção à regra, pois nesta há o expresso consentimento do credor em receber uma coisa por outra (art.356).
O art. 373, II exclui a possibilidade de compensação nos casos de comodato e depósito. O credor tem o direito de receber, de volta, a própria coisa emprestada ou depositada. (exceto depósitos tratados nos arts. 636 e 638).
“Art.636 O depositário, que por força maior houver perdido a coisa depositada e recebido outra em seu lugar, é obrigado a entregar a segunda ao depositante, e ceder-lhes as ações que no caso tiver contra terceiro responsável pela restituição da primeira.”
A entrega parcelada só é permitida mediante pacto expresso. Exceção: o portador da letra de cambio é obrigado a receber o pagamento parcial, ao tempo do vencimento.
2. Acessoriedade (art.233) – O acessório segue o destino do principal. Se eu não quiser que o acessório acompanhe a coisa, terei que fazer uma ressalva, salvo se resultar de uma circunstância. Essa regra se aplica aos frutos, produtos e benfeitorias.
Ex. 1- a entrega de terreno com suas árvores frutíferas inclui os frutos acaso pendentes.
 2- quem aliena um imóvel transmite o ônus do imposto as servidões existentes e direito de cobrar do inquilino o aluguel atrasado. São acessórios da coisa e seus acrescidos o direito real de usufruto.
3. Direito aos melhoramentos, frutos e produtos acrescidos (art.237)
Melhoramentos: Até a entrega, a coisa com seus melhoramentos e acréscimos (pelos quais poderá exigir aumento do preço) pertence ao devedor, após a entrega, ao credor. Ou seja, o devedor deve entregar os acessórios, mas se houver acréscimos, os chamados cômodos, pode o devedor cobrar por eles a respectiva importância.
Frutos: Pendentes (frutos na árvore) pertencem ao devedor, percipiendos (podiam ser colhidos, mas não foram) pertencem ao credor. 
Ex. o objeto da obrigação é um animal, este enquanto estava com o devedor gera um filhote ainda para nascer, o devedor não será compelido a entregar o animal com seu fruto. Ao devedor cabe o direito de exigir aumento de preço pelo acréscimo que teve a coisa.
Produtos: Idem aos frutos.
Obs: Se uma fazenda é vendida (ou locada), e antes da entrega a estrada onde ela está situada é asfaltada, há uma benfeitoria da qual o devedor (vendedor ou locatário) não participou, então ele não pode aumentar o preço (no caso do locatário, receber o valor da melhoria).
4. Perda (extinguir)/Deterioração (avariar) - arts 234 e 238 
Perda é o desaparecimento completo da coisa para fins jurídicos (incêndio, furto).
Obs. Deve-se identificar se houve culpa do devedor.
Se a coisa se perde, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva => resolve-se a obrigação (o devedor devolve o dinheiro ao credor). O único prejudicado é o devedor (proprietário). No entanto, se houver culpa do devedor, esse responderá pelo equivalente mais perdas e danos.
Ex. (perda sem culpa do devedor): A deveria entregar um determinado boi, antes da entrega eu já recebi o dinheiro, mas na noite anterior a da entrega cai um raio na cabeça do boi e ele morre, neste caso eu apenas devolvo o dinheiro e resolve-se a obrigação, sem pagamento de indenização a título de perdas e danos.
Perda da coisa com culpa do devedor: culpa do devedor no sentido amplo, para fins obrigacionais, que engloba o dolo: que é a intenção de prejudicar outrem e no sentido stritum, que é a culpa relacionada com negligência, imperícia e imprudência. Neste caso, se a coisa se perder com culpa do devedor, resolve-se a obrigação com perdas e danos.
Ex1: deveria entregar um determinado boi e já recebi o dinheiro, eu mato o boi intencionalmente;só que este boi iria participar de um rodeio, neste caso eu terei que devolver o dinheiro que foi pago pego boi e ressarcir os eventuais lucros cessantes que seriam recebidos com a exposição deste boi no rodeio em forma de indenização a título de perdas e danos.
Ex 2. antes da tradição por imperícia eu deixo o carro cair no penhasco. A perda será o que o credor deixou de ganhar sem poder trabalhar, por falta de carro. E danos o valor correspondente a destruição do carro.
Se a coisa se perde após a tradição, o risco é do credor (comprador). Com a entrega o devedor ficou coberto de todo risco.
Se a coisa estava à disposição do adquirente, por conta deste correm os riscos, salvo se houve fraude ou negligência do devedor.
Quando a coisa sofre danos sem desaparecer temos a deterioração.
Deterioração da coisa sem culpa do devedor (art.235 CC): se não há culpa do devedor não podemos falar de perdas e danos, neste caso o credor tem duas opções; ou resolve-se a obrigação (o devedor devolve o dinheiro ao credor sem perdas e danos), ou o credor fica com a coisa, no estado em que se encontrar, abatendo o valor do que se perdeu. Ex: eu vendo um carro e devido a um alagamento a lataria do carro fica prejudicada, com ferrugens e arranhada; ou devolvo o dinheiro, ou, o credor fica com o carro no estado que ficou (deteriorado), ou eu abato o valor da desvalorização.
Deterioração da coisa com culpa do devedor: (art. 236 CC) neste caso, se a deterioração da coisa foi por culpa do devedor, o credor terá a opção de exigir o equivalente à coisa, ou ficar com a coisa no estado que se encontrar, abatendo o preço da desvalorização em ambos os casos com perdas e danos.
Obrigações de restituir: 
Diferença entre a obrigação de dar e restituir:	
Na obrigação de dar a coisa pertence ao devedor até a tradição, e o credor recebe o que não lhe pertence; na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor mesmo antes do ato gerador da obrigação, ou seja, a coisa estava legitimamente em poder do devedor (para seu uso), pertencendo, porém ao credor , que tinha sobre ela o direito real.
Ex: em um contrato O Dono do Imóvel= Obrigação de Dar
		 O Inquilino= Obrigação de Restituir
Obs: a diferença interfere na questão do risco.
Obrigação de restituir: é a obrigação que tem como objetivo a transferência temporária da coisa para uso ou fruição (gozo).
Sem trabalho (Art. 241 CC) – lucro para o credor. Ex. se o devedor não participou das reformas do terreno, se quem asfaltou foi a Prefeitura, o lucro é para o credor.
Com trabalho (Art. 242 CC) – lucro para o devedor. 
Perda (desaparecer/extinguir) e Deterioração (danificar/deteriorar): Nos interessa a questão indenizatória.
Perda da coisa sem culpa do devedor na obrigação de restituir coisa certa: (art. 238 CC) o credor suportará a perda da coisa, ele nada poderá exigir do devedor (a coisa perece para o dono - “res perit domino”) Ex: eu empresto um veículo com contrato de comodato expresso a uma pessoa e na vigência desse contrato ela é assaltada a mão armada, neste caso eu perco a coisa, terei que suportar o prejuízo sem exigir nada do devedor. Se na vigência de uma locação o imóvel for destruído sem culpa do devedor, o credor não será restituído, porém se existirem débitos referentes a valores locatícios estes valores terão que ser pagos ao locador (art. 238 CC).
Perda da coisa com culpa do devedor na obrigação de restituir coisa certa: (art. 239 CC) o devedor responderá pelo equivalente (sem restituir a coisa no estado que se encontrar) da obrigação mais perdas e danos. A resolução acontece com perdas e danos. Ex. se eu causei um acidente na vigência do comodato e a coisa se perdeu eu terei que pagar um carro novo e outros prejuízos que você suportou porque eu não cumpri com a obrigação de restituí-lo.
Deterioração da coisa sem culpa do devedor na obrigação de restituir: (art. 240 CC) segue o mesmo raciocínio da perda sem culpa, a coisa perece para o credor, a única possibilidade que o credor tem será a de exigir a coisa no estado em que se encontrar.
Deterioração da coisa com culpa do devedor na obrigação de restituir: o art. 240 CC diz que se aplica o art. 239 CC: responderá o devedor pelo equivalente à coisa mais perdas e danos. O credor pode exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado que se encontrar, com direito a reclamar, em qualquer das duas hipóteses, indenização das perdas e danos.(cfe. enunciado 15 CJF, aprovado na primeira jornada de direito civil no conselho da justiça federal no STJ, que manda aplicar ao artigo art. 240 CC as disposições do art. 236 CC).
Sobre Perdas e Danos: Perdas= aquilo que se deixou de ganhar. Danos= o prejuízo. Ex: caso uma pessoa bata num táxi (com culpa) causando perda total neste veículo e o taxista se machucar precisando passar 04 meses sem trabalhar o causador do acidente terá que arcar com perdas e danos: a perda se dará pelo tempo que o taxista deixar de trabalhar e os danos pelo prejuízo causado no táxi.
Obs: Hoje no direito civil procura-se buscar a conservação máxima do negócio jurídico (Princípio da conservação do negócio jurídico ou do contrato).
Obrigação de dar coisa incerta:
Conceito: Consiste da relação obrigacional cujo objeto (que é o conteúdo da prestação) é indeterminado, sendo indicado ao menos pelo gênero e quantidade (e aí está a razão de ser chamada de obrigação genérica).
Obs: O ponto de referência para que possamos questionar a coisa é a escolha.
Escolha ou concentração: é o fato pelo qual a coisa incerta se transforma em coisa certa, determinada e específica, dessa forma, a obrigação que era de dar coisa incerta se transforma em obrigação de dar coisa certa, só podendo ser entregue o objeto escolhido.
Ex: Eu comprei cinco cabritos com 06 meses de vida para receber e não escolhi ainda, é coisa incerta, quando eu chego na fazenda e estou escolhendo os cinco cabritos esta é a fase da concentração/escolha, após a escolha ser feita a coisa passa a ser certa, determinada. 
Artigo 244 CC: este é um dispositivo que sempre desperta dúvida, porque em regra a escolha, a concentração da dívida cabe ao devedor, salvo previsão em contrário do instrumento, porque, dependendo do que estiver determinado no instrumento, a escolha pode ser feita pelo credor e até por um terceiro. Este dispositivo legal ainda traz que o devedor quando escolhe não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. Levando em conta a Vedação do Enriquecimento sem causa, pelo princípio da equivalência das prestações, temos que a escolha, no caso do devedor, sempre deve recair no termo médio, no gênero médio.
Ex: Se tenho cinco cavalos de raças diferentes, nem posso dar o pangaré, nem sou obrigada a dar o alazão premiado. Terei que escolher um dos outros três cavalos levando em conta a boa fé objetiva. 
Art. 246 CC: Não se fala em inadimplemento na obrigação de dar coisa incerta porque antes da escolha não pode o devedor alegar deterioração da coisa ainda que decorrente de caso fortuito, evento totalmente imprevisível e força maior.
Antes da escolha se houver perda ou deterioração, de quem é a culpa? Do devedor. Antes da escolha o devedor responde pela perda ou deterioração, mesmo que por caso fortuito ou força maior. A responsabilidade é do devedor, independente de culpa. O credor é eximido de qualquer culpa.
Obs: O gênero nunca perece “genus nunquam periti”, ou seja, o gênero não se perde. A coisa incerta não poderá se perder ou deteriorar, mesmo por caso fortuito ou força maior, porque não foi individualizada. 
Descumprimento de dar a coisa certa (art.461-a CPC):
Coisas móveis: busca e apreensão;
Coisas imóveis: emissão da posse.
Obrigação de Fazer
O devedor se vincula a determinado comportamento, consistente em praticar um ato ou realizar uma tarefa, donde decorre uma vantagem para o credor. 
Ex: Construir um muro, ministrar uma aula, realizar uma obra.
Obs: Dentro da idéia de FAZER, encontra-se a idéia de DAR. Quempromete a entrega de determinada prestação, a rigor, vincula-se a fazer referida entrega. Para diferenciar temos obrigação de fazer quando a entrega (dar) é conseqüência de um fazer, quando não é obrigação de dar.
A obrigação de fazer envolve uma atitude humana (ativa, positiva).
A obrigação fungível é aquela cujas qualidades pessoais do devedor não interessam, não são relevantes. Ex: a construção de um muro, qualquer pedreiro poderá fazer.(art.249)
A obrigação infungível não se funda nas qualidades pessoais e objetivas do devedor (cantor famoso), mas em CONDIÇÕES PARTICULARES, intuitu personae, (Ex. Marisa Monte). Ex: Caso ocorra algum problema num show de Marisa Monte, a ausência dela não poderá ser substituída por um outro cantor(a).(art.247)
Impossibilidade da Obrigação de Fazer:- (não tem como cumprir a prestação, torna-se impossível): 
Sem Culpa: Ex: O professor que deveria ministrar a aula e adoece no dia. Solução: Ele apresenta o atestado médico e daí resolve-se a obrigação (retorna ao estado anterior da desavença). Outro exemplo de Impossibilidade sem culpa seria a apresentação de um show numa festa de aniversário de 50 anos de casamento de um casal. Se o cantor adoecer no dia da festa, não adiantará ele fazer outro show depois, pois o aniversário já passou. Ou seja, tornou impossível a obrigação, não terá como fazê-la depois.
Com Culpa: Se o professor simplesmente faltar (tornando a obrigação impossível), sem uma justificativa, levará falta e não irá receber por aquela aula não ministrada. Ou seja, Resolve-se a obrigação + Perdas e Danos.
Descumprimento da Obrigação de Fazer: (há possibilidade de fazer, mas não no prazo convencional, já se caracteriza a má fé)
Sem Culpa: Assim como a Impossibilidade sem culpa, a solução do Descumprimento sem culpa também ocorre através da resolução da obrigação e retorno ao estado anterior. Ex: a entrega de uma obra em tempo posterior ao acordado porque a construtora não conseguiu cumprir o prazo estabelecido.
Com Culpa: 
Fungível (art. 249 CC) – Quando qualquer pessoa pode realizar a prestação. Solução da Lei (Perdas e Danos + terceiro): Se qualquer pessoa poderá realizar a prestação, o juiz solucionará o problema estabelecendo que um terceiro cumpra e “enviará a conta” para o devedor.
Infungível (art. 247 CC) – Se resolve automaticamente com Perdas e Danos.
Obs.1: Fungível ≠ Infungível: O segundo terá que ser apenas com Perdas e Danos porque não tem como um terceiro substituir a obrigação de fazer.
Obs.2: Execução da Obrigação de Fazer (art. 632 CPC): “Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado para satisfazê-la no prazo que o juiz lhe assinar, se outro não estiver determinado no título executivo”. Pode ainda o credor requerer a conversão em indenização (perdas e danos)
Obs.3: Art. 466-A CPC: “Condenado o devedor a emitir declaração de vontade, a sentença, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não emitida “.Ex. se vc paga o imóvel e o vendedor não assina a escritura, o juiz determina que o cartório emita a escritura sem assinatura do devedor.
Obrigação de Não Fazer
Conceito: ocorre quando um devedor assume um compromisso de se abster de um ato (apenas atos lícitos) que poderia praticar se não fosse o vínculo que o prende.
Ex. a pessoa que promete não vender uma casa a não ser para o credor.
A obrigação de não fazer envolve uma atitude humana (negativa, passiva).
Deve ser lícita – sem restrição sensível à liberdade individual, sem colidir com os fins da sociedade, não pode ser imoral ou anti-social. Ex. não casar, não trabalhar, etc.
Inadimplemento das obrigações de não fazer = Inadimplemento das obrigações de fazer
Art. 250 CC: “Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar”.
Ex: Se eu possuo terreno baldio que facilita o acesso de uma estrada para a praia e eu me comprometo com meus vizinhos a não permitir que ninguém utilize este terreno como passagem para evitar que pessoas desconhecidas caminhem pela vizinhança e o poder público manda que eu libere para a passagem das pessoas.
Art. 251 CC: “Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção de obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos”.
Obs. Em caso de urgência o credor pode desfazer ou mandar desfazer, independente de autorização judicial (cabe o ressarcimento).
Obrigação Alternativa (Arts. 252 a 256 CC)
Conceito: são aquelas obrigações que têm por objeto duas ou mais prestações, porém apenas uma deverá ser cumprida. Tal obrigação dará a opção ao devedor ou credor de escolher pela obrigação a ser cumprida. 
Obs. Não se pode inferir que a obrigação é alternativa, esta condição terá que estar expressa que é uma coisa ou outra, a conjunção OU deverá constar no contrato.
Após a escolha/concentração a obrigação passa a ser a de Dar Coisa Certa, de Fazer ou Não Fazer.
Ex: Um supermercado firmou contato com um fornecedor de todo dia 30 comprar leite condensado ou creme de leite. No dia 15 faz a escolha e no dia 30 recebe (até o dia 15 a obrigação é alternativa, depois é obrigação de dar coisa certa e simples).
A Obrigação de Fazer depende de um ato. O devedor faz a escolha em regra, mas nada impede que a escolha seja feita pelo credor. (ou seja, tanto um quanto o outro, depende do que for definido no contrato). A Obrigação também pode ser feita por sorteio (Art. 817 CPC: “Ressalvado o disposto no artigo 810 - ‘O indeferimento da medida obsta a que parte intente a ação, nem influi no julgamento desta, salvo se o juiz, no procedimento cautelar, acolher a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor’ - , a sentença proferida no arresto não faz coisa julgada na ação principal”).
Impossibilidade:
 Uma (Art. 253: “Se uma das duas prestações não puder ser objeto da obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra”).Ex. A deve entregar a B um jumento ou duas cabritas. Se o jumento morre A deve entregar
Sem culpa: as cabritas.
 Ambas (Art. 256: “Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa
				 do devedor, extinguir-se-á a obrigação”). 
Ambas com escolha do Devedor (Art. 254 CC). Solução da Lei: Devolve-se o valor da última prestação + Perdas e Danos.
Art 254: “Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determina”.
 Ambas com escolha do Credor (Art. 255 CC).Solução da Lei: O credor escolhe o valor de qualquer uma delas + Perdas e Danos. Ex: Dois animais X (custa R$ 100) e Y (custa R$120). X morreu primeiro e Y morreu por último. O Credor re-ceberá o valor de Y + Perdas e Danos.
 
Com culpa: Uma com escolha do Credor (Art. 255 CC).: prestação subsistente ou valor da outra mais perdas e danos. Ex Dois animais X (custa R$100) e Y (custa R$ 120). X morreu. O Credor receberá o animal Y + Perdas e Danos ou o valor de X que morreu + Perdas e Danos.
Art. 255: “Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos”.
Obrigação Cumulativa (Conjuntiva): 
São aquelas que possuem em sua prestação vários objetos ou várias obrigações que deverão ser cumpridas integralmente, sem exclusão de qualquer uma delas, sob pena de se haver por não cumprida (o devedor continuará inadimplente ou in mora).
Obs. Esse tipo de obrigação não está no C.C., é um reforço da Obrigação de Dar Coisa Certa. 
ObrigaçãoFacultativa: 
É aquela que, tendo por objeto uma só prestação, concede ao devedor a faculdade de substituí-la por outra. Essa faculdade pode derivar de convenção especial (acordo) ou de expressa disposição de lei (art. 157, § 2°)
Art. 157, § 2°: Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Obs. Esse tipo de obrigação não está no C.C., é apenas doutrinária.
Ex. Você faz um consórcio para receber uma moto, mas pode receber um carro.
Distinção entre obrigação alternativa e obrigação facultativa.
Alternativa: a obrigação se extingue com a entrega de um dos dois ou mais objetos existentes. Há pluralidade de objetos e todos são devidos até que se entregue um deles.
Facultativa: existe um objeto devido apenas e o devedor pode exonerar-se dela oferecendo outro no lugar daquele. Não pode porém, ser obrigado pelo credor a dar outra coisa.
Obs: Obrigação Impossível Obrig. Alternativa: continua existindo com relação aos demais.
 Obrig. Facultativa: extingue a obrigação (porque o objeto é único)
Perecimento sem culpa do devedor: tanto na Obrigação Alternativa (todos os objetos sem culpa) como na Obrigação Facultativa será extinta a obrigação.
Obrigações Divisíveis e Indivisíveis: 
As Obrigações Divisíveis e Indivisíveis dizem respeito ao Objeto da Prestação. A questão da divisibilidade ou indivisibilidade só se apresenta importante diante da pluralidade de sujeitos. 
Dos Bens Divisíveis
Art. 87 CC: Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Art. 88 C: Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
Obrigações Divisíveis: são as obrigações possíveis de cumprimento fracionado. É aquela cujo pagamento pode ser dividido em parcelas sem que se descaracterize o objeto da prestação.
Art. 257 CC: “Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quanto aos credores e devedores: 
Pluralidade de devedores: Divide-se em tantas obrigações iguais e distintas quanto os devedores. Ex: Despesas com condomínio; se o valor total do condomínio é de R$100 e existem 10 condôminos, o valor que deverá ser pago por cada um deles é de R$10.
Pluralidade de credores: O devedor comum paga a cada um dos credores a parcela da dívida global. Cada credor só poderá exigir a sua parcela. Ex: A divisão dos lucros de uma empresa entre os sócios. 
Obrigações Indivisíveis: são aquelas que só podem cumprir em sua integralidade. São aquelas cujo pagamento só pode ser efetuado de uma única vez, sob pena de descaracterizar o objeto da prestação.
Art. 258 CC: A Obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
Pluralidade de devedores: Cada um dos devedores será obrigado pela dívida toda. Ex: A e B devem um animal a C. Este poderá exigir de um ou de ambos. Se A pagar sub-roga-se no direito de credor em relação a B (art.259).
Art. 259 CC: “Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.
Parágrafo Único: O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados”.
Pluralidade de credores: qualquer um dos credores pode exigir do devedor a dívida inteira. Ex. C deve um automóvel a A e B. Tanto A como B podem exigir de C o automóvel. 
 A
 X B (credores)
(devedor) C
Obs: Se A, B e C adquirem um lote de terreno a X qualquer deles pode exigir de X o cumprimento integral da obrigação.
Art. 260 CC: “Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I – a todos conjuntamente;
II – a um, dando este caução de ratificação dos outros credores”.
Quando o devedor se desobriga? 
R. Ele se exime cumprindo a obrigação para todos, exigindo uma quitação (através de recibo) em nome de todos devedores. Pode também pagar a um só e este se compromete com os outros dois.
 Art. 261 CC: “Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total”. 
 Art. 262 CC: “Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente.
Parágrafo Único: O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão”. 
Portanto, se um dos credores disser que não quer a sua parte (remissão/perdão da dívida) não se deverá mais cobrar a quota deste credor ao devedor.
Art. 263 CC: “Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos.
§ 1º: Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partes iguais.
§ 2º Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos”.
Ex: Em uma dívida de R$30. Onde A, B e C são os devedores e X é o credor.
 A + B + C
(R$10 + P e D) (R$10) (R$10)
		 Animal (morto por culpa de A)
 X
Obs.: O objeto torna-se indivisível e o causador da culpa (neste caso, A) irá pagar a sua parte mais Perdas e Danos. Sem culpa não há responsabilidade civil.

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