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Obrigação de dar ● Obrigação de dar são obrigações positivas pois exigem uma atividade do devedor para que a obrigação seja cumprida ● A obrigação de dar pode ser 1. Entregar: transferir a posse/domínio 2. restituir: é aquele que tem em sua posse, um bem alheio, de um terceiro 3. pagar: obrigação de pagar um valor (juros multa, perdas e danos…) Obrigaçã� d� da� cois� ce�t� ● Coisa certa: objeto determinado, está definido pela quantidade, espécie e qualidade ● Ex: João assumiu a obrigação de entregar (dar) para Maria 1.000 (quantidade) de camisas (espécie) algodão branco, manga longa marca delta, ref. 77 (qualidade) ● Princípio da identidade (313 C.C): o devedor/credor não pode obrigar o credor/devedor a aceitar/entregar coisa diversa da devida ainda que de maior ou menor valor Tradiçã� ● Tradição como transferência da propriedade: no Brasil o contrato tem natureza pessoal (só cria direitos e obrigações; NÃO transfere a propriedade). Aqui no Brasil a propriedade é transferida com a tradição (entrega para bens móveis e registro para bens imóveis) ● Até a tradição a coisa pertence ao devedor, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não quiser, poderá o devedor resolver a obrigação (237 CC) ex:se antes da tradição algumas vacas deram a luz a bezerros, o devedor pode pedir um preço maior por causa do aumento no número de animais e se o credor recusar ou ele extingue o contrato ou… Benfeitoria� � acessóri�� ● Princípio da gravitação jurídica: a obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados (ex: a obrigação de entregar o carro se estende para o rádio embutido) art. 233 ● Na obrigação de restituir se houver melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. ● Com despesa do devedor: se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis que fez e de retenção do bem principal, não sendo obrigado a devolvê-lo até que seu crédito, referente a tais benfeitorias, seja satisfeito. Já ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias (Art. 241, 242, 1.219 e 1.220) Pereciment� � deterioraçã� na� obri�. d� entrega� ● Perecimento (perda total das qualidades essenciais) e deterioração (perda parcial): ★ res perit domino: a coisa perece para o dono ★ sem culpa: não tem indenização por perdas e danos ★ com culpa: tem indenização por perdas e danos ● Perecimento antes da tradição sem culpa do devedor (234, 1ª parte, C.C): se, no caso da coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva (negócio jurídico está submetido a um evento futuro e incerto), fica resolvida a obrigação para ambas as partes ● Perecimento antes da tradição com culpa do devedor (234, 2ª parte, C.C): se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos (ressarcir e indenizar) ★ ex: joão ao dirigir embriagado (culpa) bateu o carro tendo PT antes de entregar o carro para Maria, nesse caso João será obrigado a dar o valor do veículo para Maria e, se for caso, mais perdas e danos sofridos por maria ● Deterioração antes da tradição sem culpa do devedor (235, C.C) o credor pode não aceitar a coisa com qualidade diversa ou aceitar com abatimento proporcional no preço. A escolha é do credor ● Deterioração antes da tradição com culpa do devedor (236, C.C): o credor pode não aceitar a coisa e receber o equivalente + perdas e danos ou pode aceitar a coisa deteriorada +valor da depreciação + perdas e danos Pereciment� � deterioraçã� na� obri�. d� restitui� ● perecimento antes da restituição sem culpa do devedor (238, C.C): credor sofrerá a perda e resolve- se a obrigação, não tendo mais o devedor a obrigação de devolver esse bem, mas o credor tem ressalvados os seus direitos até o dia da perda ★ ex: em um contrato de aluguel de carro o carro perece sem culpa do devedor, este não terá ogrigação de restituir o carro, mas o Credor terá seus direitos assegurados até o dia da perda do carro, ou seja, tem direito de receber o aluguel pelos dias que o devedor utilizou o carro até ele perecer ● Perecimento antes da restituição c/ culpa do devedor (239,C.C): o credor terá direito de receber o valor equivalente do bem+ perdas e danos ● Deterioração antes da restituição s/ culpa do devedor (240, 1ª parte, C.C): o credor deverá receber a coisa no estado em que se encontra e não terá direito a indenização (perdas e danos) ● deterioração antes da restituição c/ culpa do devedor (240, 2ª parte, C.C): credor pode escolher entre receber o equivalente em dinheiro + perdas e danos ou receber a coisa no estado em que se encontra + perdas e danos Obrigaçã� d� da� cois� ince�t� ● Coisa incerta: objeto determinável, está definido só pela quantidade e gênero ★ ex: João assumiu a obrigação de dar 1.000 (quantidade) canetas (espécie), mas não está definida a qualidade: azul? marca? ponta fina? ● Coisa incerta (relativamente indeterminada: espécie e quantidade) x coisa futura (é aquele coisa certa ou incerta que não existe no momento da celebração do contrato) ● O estado de indeterminação é provisório, pq alguém vai ter que escolher a qualidade da coisa. ● Escolha (244,C.C): é o ato de indicar a qualidade da coisa ➔ de regra, quem escolhe é o devedor; para a escolha ser do credor ou de um terceiro tem que ter previsão expressa no contrato ou acabado o prazo de escolha do credor ➔ critério da escolha: é a qualidade intermediária, não sendo obrigado a aceitar coisa pior ou obrigado a entregar coisa melhor ● Concentração (245, C.C): é o ato da escolha da coisa a ser entregue ao credor a partir da comunicação da escolha para a parte contrária; a coisa passa a ser CERTA. ● Gênero Ilimitado (246, C.C): o devedor não pode alegar perda ou deterioração da coisa incerta antes da escolha (concentração) pq não se sabe o que vai ser entregue ao Credor, não podendo alegar deterioração ou perda de uma coisa genérica ★ ex: A empresa C pagou para João a quantia de 4.000kg de gado bovino vivo ou abatido (gênero), João não pode alegar perecimento da coisa para se eximir de entregar esta, pq não foi estipulado uma qualidade então ele pode encontrar esses 4.000kg em outros lugares ● Gênero Limitado: quando a qualidade é escolhida e a coisa se acha em determinado local ou construída em uma determinada época. O perecimento extingue a obrigação. ★ ex: joão se comprometeu a entregar o gado de uma determinada fazenda, mas a fazenda pegou fogo e todo o gado morreu Obrigação de Fazer ● Do Ar. 247 a 251 do CC ● Definição de fazer: abrangem o serviço humano em geral, seja material ou imaterial (intelectual). As prestações consistem em atos ou serviços determinados pela quantidade, gênero, tempo e os atos a serem realizados pelo devedor com o resultado em favor do credor. ● Prestação de coisa (obrig de dar) x prestação de fato (obrig de fazer) ● Diferença da obrigação de dar para obrigação de fazer: se o devedor antes de entregar a coisa precisar previamente confeccioná-la a obrigação é de fazer, pois a entrega é uma consequência lógica do fazer, do contrário, a obrigação é de dar. ● Modalidades: 1. Obrigaçã� d� faze� infungíve� (pe�sonalíssim�): ➞ Interesse do credor recai nas qualidades pessoais do devedor; o devedor não pode ser substituído por um terceiros. A infungibilidade pode ser expressa ou tácita (resulta das qualidades pessoais do devedor) ➞ Art. 247, C.C. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. ➞ Inadimplemento das obrigações infungíveis ★ sem culpa do devedor: não podemos chamar de inadimplemento e sim de impossibilidade de cumprir a prestação; resolve-see extingue a obrigação sem perdas e danos. ★ Com culpa do devedor: inadimplemento. As perdas e danos são a última opção, uma vez que o credor pode exigir judicialmente que o devedor execute a prestação sob pena de multa diária. Se o devedor mesmo com fixação de multa diária não cumpre a prestação, só resta ao credor exigir perdas e danos. 2. Obrigaçã� d� faze� fungíve� (materia�/impessoa�): ➞ Interesse do credor recai no resultado; o devedor pode ser substituído por um terceiro pq as qualidades pessoais do devedor não são relevantes ➞ Inadimplemento das obrig de fazer fungíveis (o devedor pode ser substituído) ★ Sem urgência: o terceiro que irá realizar o serviço no lugar do devedor deverá ser autorizado judicialmente. ★ Com urgência: o credor poderá, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o ato para depois ser ressarcido. (249, parágrafo único, CPC). Trata-se do caso de autotutela, auto-executoriedade. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível. Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. Obrigação de Não Fazer ● Obrigação negativa pois o Devedor tem a obrigação de se abster, tolerar ou permitir algo (ex: obrigação de um funcionário de não revelar os segredos da empresa) ● São consideradas ilícitas as convenções de não fazer que atentam contra os direitos fundamentais do devedor, bem como aquelas que exigem sacrifício excessivo da liberdade do devedor e são absolutas (ex: não casar, não trabalhar, não namorar, não sair à rua). Já aquelas prestações que limitam a liberdade do devedor em caráter relativo são lícitas. ● Espécies da obrigação de não fazer: 1. Instantâneas: são aquelas que descumpridas uma única vez é impossível o seu desfazimento, ou seja, reconduzir as partes ao estado originário (ex: divulgação de um segredo industrial) 2. Permanentes: são aquelas que uma vez descumpridas, admitem a restituição das partes ao estado originário (ex: obrigação de não jogar lixo em determinado terreno) ● Inadimplemento ★ Sem urgência: o terceiro que irá desfazer o ato precisa de uma ordem judicial. ★ Com urgência: o terceiro que irá desfazer o ato não precisa de uma ordem judicial prévia. Autotutela. Art. 251, C.C. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigará, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido. ● Quando essa Obrigação se torna impossível: ★ Sem culpa: Extingue-se a obrigação de não fazer se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar (Art. 250) OBRIGAÇÃO CUMULATIVA OU CONJUNTIVA ● Obrigação composta com 2 ou + objetos (da, fazer, não fazer) ligados pela partícula “E” ● Adimplemento: todas as obrigações/prestações devem ser cumpridas para que se extinga a obrigação. ● É necessário que o título (instrumento contratual) seja o mesmo, e que fato jurídico seja único. ● O interesse do credor está no conjunto OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA OU DISJUNTIVA ● Obrigação composta com 2 ou + objetos ligados pela conjunção “OU”, podendo ser de natureza de dar, fazer ou não fazer ● Concentração: é a comunicação da escolha para a outra parte e o momento em que a obrigação alternativa se torna simples (com um único objeto) ● No início é relativamente indeterminada, mas se determina antes ou simultaneamente a execução do vínculo obrigacional ● Há apenas um vínculo obrigacional e pluralidade de prestações previstas ● Adimplemento: o devedor libera-se da obrigação assumida cumprindo quaisquer uma das obrigações previstas ● Obrig. de dar coisa incerta X Obrig. alternativa: ambas possuem um estado de indeterminação só que a incerteza na coisa incerta é na qualidade e na alternativa recai nos objetos ● Obrig. alternativa X Obrig. facultativa: enquanto na alternativa há pluralidade de prestações que posteriormente são concentradas, nas facultativas, há apenas uma prestação (obrigação simples) com a convenção de que o devedor libera-se do vínculo, executando ato diverso Escolh� ★ De regra, se o contrato for omisso, quem escolhe é o devedor, para a escolha ser de outra pessoa deve ter uma disposição externa nesse sentido (art. 252 CC) ★ Uma vez efetuada a escolha, a obrigação concentra-se. A escolha é definitiva e irrevogável, exceto se as partes houverem convencionado a possibilidade de retratação ★ Indivisibilidade do pagamento: Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra, limite da escolha, uma prestação exclui a outra ➞ Ex: Uma seguradora não pode obrigar o segurado a receber um veículo mais simples do que o acordado na apólice completando a diferença em dinheiro ou ele entrega o veículo ou o equivalente em dinheiro. A escolha pode ser deixada para o momento da execução da obrigação. ➞ Ex2: Se João obrigou-se a entregar 100 kg de feijão ou 100kg de milho, ele não pode entregar 50kg de cada ★ Prestações periódicas: se tratando de prestações periódicas, a escolha poderá ser exercida em cada período (durante 12 meses 100 sacas de café A ou 100 sacas de milho B) ➞ João obrigou-se a entregar semanalmente frutas ou sanduíches a uma creche, como a entrega é semanal toda semana João poderá escolher se irá entregar frutas ou sanduíches ★ No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. ★ Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes ➞ Três agricultores compraram uma fazenda de Rafael. Constava no contrato que os 3 agricultores deveriam pagar a quantia de R$300.000 em espécie ou o equivalente em madeira. Se os agricultores não entrarem em um acordo unânime será o Juiz que decidirá o que deverá ser entregue a Rafael para que a obrigação seja cumprida = R$ 300.000 ou o equivalente em madeira Imp�ssibilidad� d� prestaçã�: inexequíve� ● originária: é aquela que já nasce com a obrigação. Se são 2 prestações e uma delas é originariamente impossível, na verdade a obrigação sempre foi simples, pois para que uma obrigação seja alternativa é necessário que em algum momento após o nascimento da obrigação tenha existido a opção de exercer a escolha. ● superveniente: é aquela que acontece após a criação da obrigação. ● material: é aquela que resulta das leis físicas (perecimento e deterioração) ● jurídica: é aquela que resulta de uma vedação legal. Se uma prestação for juridicamente impossível, toda a obrigação será nula. Imp�ssibilidad� materia� � supervenient� d� prestaçã� ● Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.(253, C,C) ● Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.(256, C.C) ● Se uma das duas prestações se torna inexequível com culpa do devedor (255, C.C) ★ Escolha do credor: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; ★ Escolha do devedor: como a escolha é do devedor não haverá perdas e danos ● Se todas as prestações se tornarem inexequíveis com culpa do devedor (255 e 254 C.C) ★ Escolha do credor: ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos ➞ ex: Sendo a escolha de Rafael (credor) ele poderá exigir o valor de qualquer um dos três bois ★ Escolha do devedor: ficará obrigado a pagar ovalor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos. ➞ ex:João obrigou a entregar para Rafael qualquer um dos seus três bois que venceram os últimos rodeios. João em virtude do divorcio e não querer dividir sua fortuna com a esposa sacrificou todos os seus bois. Dessa forma João deverá pagar o valor equivalente a último boi que foi sacrificado + perdas e danos sofridos por Rafael (se houver) Obrigação facultativa ● Só uma prestação é devida logo sua inexequibilidade, sem ato imputável ao devedor, extingue a obrigação ● Se houver culpa ou dolo do devedor não poderá este se beneficiar de sua própria torpeza, de maneira que, neste caso, o credor poderá tanto exigir o equivalente à prestação principal acumulada com perdas e danos como também o cumprimento da prestação facultativa. A inexequibilidade da prestação facultativa não traz qualquer alteração à prestação principal. Neste caso, há tão somente a perda do devedor da opção de solver a obrigação por meio da prestação facultativa ● A faculdade substituição é exclusiva do devedor ● Faculdade do devedor de substituir a prestação devida (principal) por uma prestação diversa da devida e predeterminada na lei ou no contrato. Ex: Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor. Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente. Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la. ● Prestação devida X Prestação facultativa ★ Pelas lentes do devedor: o devedor pode se exonerar da obrigação cumprindo a prestação devida ou a facultativa. Para o devedor esta obrigação é alternativa ★ Pelas lentes do credor: a única prestação que o credor pode exigir do devedor é a devida, juridicamente não existe a prestação facultativa para o credor. Para o credor esta obrigação é simples ● Impossibilidade da prestação devida ★ Originária: a obrigação será nula ★ Superveniente: sem culpa do devedor a obrigação se extingue sem perdas e danos e com culpa do devedor, este deve cumprir a obrigação com a execução da prestação facultativa, sem perdas e danos porque a escolha é do devedor ● Ex 2: Pegar um livro na biblioteca trata-se de uma obrigação facultativa. Isso porque, o devedor pode entregar o livro ou pagar um valor prefixado, extinguindo a obrigação em ambos os casos obrigação divisível e indivisível ● Obrigação composta por multiplicidade de sujeitos ● Há interesse jurídico se o ben é indivisível ou divisível quando há multiplicidade de sujeitos ● Bens divisíveis: a prestação pode se cumpida de forma parcial pq podemos dividir esse bem, sem perda de valor, utilidade e substância (ex: uma pessoa me deve 10.000 reais, ai vai me pagar em 10 parcelas de 1.000 reais; dividir 1kg de feijão em dois potes) ● Bens indivisíveis: bens que não podem ser divididos pq a divisão acarreta alteração na substância, diminuição do valor ou prejuízo da utilidade (ex: se eu cortar um celular ao meio ele vai perder a sua utilidade, substância e seu valor) ★ A indivisibilidade pode ser determinada por convenção expressa das partes ou mesmo, tacitamente, quando as circunstância indicarem que essa tenha sido a intenção das partes ★ Origens: da lei (aquela que naturalmente seria divisível, mas a lei determinou que não é, ex: dívida alimentícia); da natureza (carro); da vontade das partes (a prestação por vontade das partes terá de ser cumprida de forma integral, transforma um bem naturalmente divisível em indivivisível); judicial (indivisibilidade decorrente de decisão judicial) ● Consequências jurídica da divisibilidade (257, CC) ★ Cada devedor só deve a sua cota parte e cada credor só tem direito a exigir a sua cota parte, e em regra a obrigação é distinta e dividida em partes iguais ➞ Ex com 2 credores e devedores: Em um contrato consta que joão e pedro (devedores) devem R$ 20.000 para Maria e Ana (credores) Como é uma obrigação divisível, segundo o artigo 257 do CC devemos dividir a obrigação em partes iguais. Como são dois devedores cada um deve pagar a quantia de r$ 10.000 e como são dois credores cada um deve receber a quantia de r$ 10.000 ➞ Se Maria resolver cobrar a dívida apenas de João, Maria somente poderá cobrar R $5000 pois como as obrigações são distintas os outros 5.000 que João deve cabem a Ana. Se João resolver pagar os r$ 10000 para Maria e a Ana, João terá quitado a sua dívida mesmo que Pedro não pague a parte dele pois as obrigações de João Pedro São distintas ★ A insolvência de um dos devedores não onera os demais devedores: na hipótese de insolvência de um dos codevedores é o credor quem arca com a perda decorrente do mau estado financeiro daquele, dado que não poderá exigir a integralidade da dívida de qualquer um dos demais devedores ★ O pagamento da dívida integral a um dos credores não isenta o devedor de pagar a cota parte dos demais credores, o credor que recebeu tudo ou paga a parte do outro credor ou devolve a diferença que recebeu da sua obrigação, se não configura enriquecimento ilícito ★ Suspensão e interrupção da prescrição é PESSOAL, não se comunica aos demais devedores ou credores ➞ Ex: Maria deve R$ 30.000 para João Pedro e Rafael Se João perdoar dívida de Maria ele só estará perdoando a sua parte da prestação (r$ 10.000) ★ Na perda ou deterioração do objeto de obrigação divisível, por culpa de todos os devedores todos responderam pro rata pelos prejuízos causados ao credor ★ Mas havendo culpa de apenas um dos devedores, este responderá integralmente pelas perdas e danos causados ao credor independente de se tratar de obrigação divisível ou não ● Consequências jurídicas da Indivisibilidade ★ A interrupção contra um dos sujeitos passivos atinge a todos os demais ★ Perda da indivisibilidade: quem torna a obrigação indivisível é o objeto da prestação, logo se a obrigação for convertida em perdas e danos ($$$$) deixa de ser indivisível. Quando a obrigação perde a qualidade de indivisível, os devedores serão responsáveis pelo pagamento da sua quota parte na obrigação + Perdas e Danos se houver (culpa de todos os devedores) ★ Se a culpa na deterioração ou perecimento for de um único devedor só este pagará perdas e danos ao credor e os que não tiveram culpa só serão responsáveis pelo pagamento da sua quota parte na obrigação ★ Na perda ou deterioração do objeto de obrigação indivisível, o credor poderá exigir integralmente o prejuízo de apenas um dos codevedores e este deverá buscar ressarcimento dos demais. ★ Pluralidade de devedores: (art. 259 C.C) a) Dívida inteira/totalidade: se a prestação não for divisível, cada devedor será obrigado pela dívida toda ➞ ex: João e Pedro por força de um contrato são obrigados a dar um carro no valor de r$ 50.000 para Maria, Como um carro é indivisível tanto João quanto Pedro são 100% responsáveis por dar o carro para Maria b) Sub-rogação: o devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos outros devedores ★ Pluralidade de credores: (art. 260, 261, 262 C.C) a) Dívida inteira/totalidade: cada credor pode exigir a dívida inteira (Se dois credores têm direito a receber um carro cara credor poderá exigir o carro por inteiro já que este é indivisível) b) Pagamento: Cada credor poderá exigir a dívida inteira, mas o devedor somente se desobrigará se pagar a todos os credores conjuntamente ou pagar a um dos credores desde que este credor dê uma caução de ratificação dos demais credores ➞ Ex: Maria obrigou-se a entregar um carro, se Maria entregar o carro para João e Pedro conjuntamente Maria cumpriu com a sua obrigação pois pagou conjuntamente todos os credores. Caução de ratificação é um documento assinado pelos demaiscredores autorizando que um (ou mais de um) credor receba a obrigação sozinho em nome dos demais credores c) Rateio do pagamento: Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. ➞ Se João receber o carro sozinho (dando caução de ratificação de Pedro) Pedro poderá exigir de João em dinheiro os r$ 25000 que era sua parte na prestação d) Remissão da dívida: perdão é bilateral, pq exige a concordância do devedor. Pode um credor remitir (perdoar) a dívida referente a sua parte, mas se isso acontecer a obrigação persistirá quanto aos demais credores. No entanto esses credores que não perdoaram a dívida somente poderão exigir, do devedor, o cumprimento da obrigação caso descontem a parte do credor que perdoou a dívida ➞ Ex: Maria obrigou-se a entregar um carro no valor de R$ 30.000 para João Pedro e Rafael. Se João perdoar dívida de Maria, Pedro e Rafael somente poderão exigir que Maria entregue o carro caso eles pagarem para Maria o valor de R$10.000 que é a parte de João do carro que ele perdoou ➞ Obs: Esse desconto somente ocorrerá caso tenha havido vantagem financeira por parte do devedor, se não houver não há o que restituir. Por exemplo: se a obrigação que Maria sumiu era de permitir passagem para o seu terreno, caso João perdoe a obrigação de Maria ela continuará obrigada a dar passagem para Pedro e Rafael sem nada receber em troca, pois o perdão de João não trouxe vantagem financeira para Maria Obrigação Solidária ● É uma ficção legal, pelo qual cada um dos devedores será responsável pela dívida toda, como se fosse o único devedor e cada credor terá direito à totalidade da prestação como se fosse o único credor, independentemente do objeto da prestação ser divisível ou indivisível. ● Indivisibilidade X Solidariedade: a indiv. → objeto; solidariedade → sujeito (é personalíssima, não se transmite aos herdeiros); enquanto a solidária decorre do título ou da lei, a indivisibilidade tem fundamento na própria natureza da prestação que não pode ser fracionada. A solidariedade cessa com a morte de um dos devedores e a indivisibilidade não; a indivisibilidade cessa quando há a subrogação em perdas e danos, mas tal efeito não sucede com a solidariedade ● Principais características: ➞ Pluralidade de sujeitos: Nas relações internas (entre os credores e entre os devedores) a obrigação é divisível; a solidariedade só existe nas relações externas (C – D). ➞ Unidade objetiva: O pagamento integral realizado por qualquer devedor ou o recebimento integral por qualquer dos credores, extingue a obrigação, impedindo que o pagamento ocorra mais de uma vez; ➞ Co-responsabilidade entre os devedores: cada devedor é garantidor dos demais devedores. Cada devedor responde pela insolvência dos demais. ● Princípios comuns à solidariedade ➞ Princípio da não presunção da solidariedade: decorre da lei ou da vontade das partes ➞ Princípio da variabilidade: a obrig. pode ser exigível em momentos distintos, pode ser pura e simples para um dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro ● Solidariedade ativa (pluralidade de credores, onde cada um é considerado credor do todo) ➞ Direito do credor: Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. ➞ Prevenção judicial: Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. ➞ Pagamento: O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago. ➞ Falecimento de um dos credores: a solidariedade é pessoal e não se transmite ao herdeiros. Estes serão credores de uma obrig divisível ou indivisível, mas não solidária, e cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário ➞ Conversão em perdas e danos: a solidariedade recai nos sujeitos, pouco importa o objeto (se a prestação converter em perdas e ganhos): permanece solidária. ➞ Remissão da dívida: remissão = perdão. Se o credor pode cobrar o todo, pode também perdoar o todo ➞ Exceções pessoais: meios de defesa, tudo que o devedor pode alegar contra o credor para não pagar, sendo que a um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. ➞ Extensão do julgamento: O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles ● Solidariedade passiva (pluralidade de devedores, cada um é considerado devedor do todo) ➞ Direito do credor: o credor pode escolher como e de quem cobrar ➞ Falecimento de um dos devedores: a solidariedade é pessoal, não se transmite aos herdeiros. Obs: quando a questão se referir ao espólio (complexo de direitos e obrigações do falecido), o espólio como representa o falecido é considerado SOLIDÁRIO. Se a questão mencionar herdeiros, estes não são solidários ➞ Cláusula ou obrigação adicional: como o contrato, de regra, produz efeitos entre as partes aquele que não participou os efeitos não irão recair sobre ele. ➞ Renúncia da solidariedade: o credor exonera o devedor da solidariedade, mas o devedor continua devedor, não mas solidário; é um ato unilateral, pois não depende da concordância do devedor x remissão da dívida é o perdão que acarreta a extinção da dívida; é um ato bilateral OBRIGAÇÃO DE MEIO, RESULTADO E GARANTIA ● Quant� a� fi� � qu� s� destin�: 1. Obrigação de Meio: ➞ Prestação assumida pelo devedor: é aquela na qual o devedor se compromete a empregar de forma correta e adequada todos os seus meios, técnicas e conhecimentos para alcançar um determinado resultado, sem, no entanto, se responsabilizar por ele. Se o devedor utilizou corretamente todos os meios e não alcançou o resultado desejado pelo credor, terá direito aos honorários (pagamento). ➞ Inadimplência: quando não utiliza todos os meios ou ao utilizar o faz de maneira incorreta, inadequada, imprudente e imperita. Quem tem o ônus de provar? O credor. 2. Obrigação de Resultado ➞ Prestação assumida pelo devedor: o devedor se compromete a alcançar o fim pretendido pelo credor. ➞ Inadimplência: Caso não alcance o resultado desejado é considerado inadimplente. Como o devedor se exime da responsabilidade pelo não alcance do resultado? Provando a culpa exclusiva da vítima, caso fortuito ou força maior. 3. Obrigação de Garantia ➞ Prestação assumida pelo devedor: é aquela que visa eliminar um risco que pesa sobre o credor ou as suas conseqüências. Ainda que as consequências do risco não ocorram, o simples fato de o devedor assumir o risco e os seus efeitos já caracteriza o adimplemento. ● Quant� a� moment� d� execuçã�: 1. Obrigação de execução instantânea: é aquela que se extingue com um único ato, imediatamente após a criação da obrigação. Ex: compra e venda à vista. 2. Obrigação de execução diferida: é aquela que se extingue com um único ato, mas em momento posterior a criação da obrigação. Ex: compra e venda a prazo: 90 dias. 3. Obrigação de execução sucessiva: é aquela que extingue com vários atos, periodicamente. Ex: contrato de aluguel OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS Obrigação Civil ou Perfeita ● É a regra, aquela cujo cumprimento pode ser exigido judicialmente; seu vínculo é composto de débito + responsabilidade. ● É dotada de coercibilidade. Obrigação Natural ou Imperfeita ● É aquela cujo cumprimento NÃO pode ser exigido judicialmente; seu vínculo é composto de débito SEM responsabilidade. ● Não pode compelir que pague, é desprovida de coercibilidade, não dá para forçar a cumprir a prestação ● Não é uma obrigação moral nem nula, é uma relação jurídica obrigacional, mas sem a característica de responsabilidade ● Efeitos: 1. Irrepetibilidade do pagamento: o pagamento espontaneamente realizado pelo devedoré válido, logo o devedor não poderá exigir a repetição, devolução do pagamento, salvo se decorreu de dolo, ou se o devedor for incapaz 2. Inadmissibilidade de garantias: como garantias pressupõe coercebilidade, não cabe garantias (fiança, hipoteca e penhor) nas obrigações naturais. 3. Execução parcial: o pagamento parcial de uma obrigação natural não torna juridicamente exigível o restante. Jogo e aposta Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo (doutrina também reconhece coação), ou se o perdente é menor ou interdito. § 1º Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.(terceiro de boa fé é aquele que não estava presente) § 2º O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo não proibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos. § 3º Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para o vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que os interessados se submetam às prescrições legais e regulamentares. Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar. PERMITIDAS: obrigação civil, regulamentadas por lei (loteria, mega sena) ➞ a única modalidade que o ganhador pode exigir judicialmente que o devedor pague TOLERADAS: obrigação natural, socialmente aceitos (apostar/jogar no baralho, dominó) PROIBIDAS: obrigação natural, violam a lei (jogo do bicho) OBRIGAÇÕES MISTAS OU HÍBRIDAS ★ Direit� pessoa� Direit� rea� Conceit� envolve obrigação, contrato ou família direito sobre alguma coisa Direçã� (par� ond� va� esse� direit��) valem inter partes, só obriga os sujeitos envolvidos erga omnes: em face de todos, você pode defender sua propriedade contra qualquer pessoa Víncul� une pessoas (credor e devedor) ligação entre pessoa e coisa Objet� sobr� � qu� reca� � direit� sobre prestação (dar, fazer ou não fazer) coisa, não é comportamento (ex: sobre um imóvel ou caminhão) Exercíci� (form� d� te� � resultad� d� direit�) precisa de colaboração do devedor não precisa de colaboração Descumpriment� corre em perdas e danos gera sequela, se uma pessoa tem a propriedade atacada é quando ele “pega” o direito real (o objeto segue o dono) Orige� (ond� nasc�) ou vem da vontade ou da lei só na lei ● tanto direito das obrigações quanto de direito reais ● direitos das obrigações recaem sobre as pessoas e é personalíssima ● direitos reais são os que caem sobre “coisas” materiais, tem direito de reaver a coisa de quem justa ou injustamente a possua (eficácia erga omnes ‘contra todos") ➞ É aquela que recai sobre uma pessoa, por força de ser titular de um determinado direito real sobre a coisa. O dever de prestar sempre vincula o titular de um direito real sobre a coisa. Enquanto que o direito real é um direito sobre a coisa, a obrigação propter rem é uma obrigação por causa da coisa. OBRIGAÇÃO PROPTER REM ➞ Propter rem: por causa da coisa, própria da coisa ➞ não importa quem seja o dono naquele momento, se a dívida tem como fato gerador a própria coisa, aquele dono do momento será cobrado ainda que não seja ele o causador da dívida ★ ex:uma pessoa compra um imóvel com 2 anos de IPTU atrasados, não importa que não foi ele o proprietário em anos anteriores, vai ter que pagar todo IPTU atrasado. Mas depois que pagou pode cobrar em regresso ao dono anterior ➞ A aquisição e a transferência das obrigações propter rem é automática, ou seja, com a aquisição do direito real sobre a coisa DIREITO COM EFICÁCIA REAL ➞ São aquelas oponíveis a terceiros que venha a adquirir determinado direito real sobre a coisa. Ao invés do credor exigir uma prestação apenas do sujeito passivo identificado no contrato, poderá exigir de qualquer um que venha a adquirir um determinado direito real sobre a coisa. ★ ex: José é inquilino de imóvel, se o dono vender o imóvel o novo dono não tem que respeitar o contrato anterior (só por alguns dias), mas se José tiver assinado um contrato de 5 anos. Para ele ter direito de permanecer no imóvel durante esse tempo sem ninguém expulsar ele, ele precisa pegar o contrato de locação e averbar na matrícula do imóvel. Aí o direito que ele tinha só conta o locador ele tem contra qualquer pessoa. Qualquer pessoa que comprar o imóvel terá que esperar 5 anos e não pode alegar que não sabia, pois tinha publicidade, estava no cartório. Isso é um direito com eficácia real
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