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Projeto Integrador Transdiciplinar em Redes de Computadores I Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Giulio Guiyti Rossignolo Suzumura Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Brites Gerenciamento de Projetos e Análise de Requisitos • Introdução; • Gerenciamento de Projetos; • Análise de Requisitos. • Compreender que para um projeto seja bem-sucedido, sempre será necessário ha- ver uma supervisão sobre suas etapas de construção. O Gerenciamento de Projetos, desenvolvido por referências específi cas, auxilia na construção de quaisquer tipos de cenários. Como o nosso foco são redes de computadores, iniciaremos pela principal tarefa para se criar um projeto de redes, ou seja, analisando e levantando os requisi- tos do projeto. Reconhecer as necessidades de um projeto pode parecer algo trivial, porém, é necessário garimpar dados para extrair a real necessidade de um cliente para se criar um projeto adequado e viável. Nesta unidade, você aprenderá como coletar informações para futuramente produzir um projeto de redes. OBJETIVO DE APRENDIZADO Gerenciamento de Projetos e Análise de Requisitos Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Introdução Imagine duas situações: na primeira, uma família deseja reformar o banheiro da casa onde vivem e, em uma outra, uma pessoa que quer fazer um aplicativo de celular para facilitar a venda de ovos em domicílios. O que essas duas situações têm em comum? Ambas têm objetivos fins e podem ser classificados como projetos. Projetos podem ser definidos como objetivos definidos e claros, seja para criar um produto, serviço, processo ou resultado, com uma sequência de atividades que devem ser desenvolvidas com duração e recursos limitados. Para satisfazer um projeto com os recursos necessários dentro de um prazo estabelecido, é necessário haver uma supervisão, ou seja, um gerenciamento, com o intuito de aplicar conhecimentos, habilidades e técnicas específicas para os dife- rentes tipos do projeto. Gerenciamento de Projetos Para apresentar o que é o Gerenciamento de Projetos, é necessário um pouco de história, citar as principais referências que devem ser seguidas para que se possa compreender este estudo. Em 1969, nos Estados Unidos, mais precisamente na Pensilvânia, surgiu o Ins- tituto de Gerenciamento de Projetos PMI (Project Management Institute), um grupo formado por profissionais para discutir e compilar as melhores práticas do gerenciamento de projetos, que criou e deu formato ao guia PMBOK (Project Ma- nagement Body of Knowledge). Uma breve história do gerenciamento de projetos pode ser encontrada em: https://goo.gl/bLtkpt Guia PMBOK® e Padrões: https://goo.gl/YJSzLb. Ex pl or Utilizando as boas práticas em gerenciamento de projetos e prerrogativas do PMI, orientações sobre ge- renciamento de projetos foram compiladas e publicadas no documento de orientação ISO 21500 em 2012 pela Organização Internacional de Normalização ISO (Inter- national Organization for Standardization). A ISO 21500:2012 for- nece orientações sobre gerenciamento de pro- jeto; já a qualidade de projetos é tratada pela ISO 10006:2003. A crescente demanda de rapidez na entrega de projetos com menores recur- sos e garantia de qualidade criou diferentes desafios para quaisquer organizações. Com o intuito de satisfazer os diferentes tipos de projetos, o Gerenciamento de Projeto teve seus conceitos padronizados seguindo os padrões ISO e o guia do PMI. 8 9 Figura 1 – Gerenciamento de Projetos Fonte: iStock/Getty Images Resumidamente, o guia PMBOK explora três conceitos fundamentais para projetos: • o ciclo de vida do projeto; • o processo administrativo do projeto; e • as áreas de conhecimento. Todos esses conceitos estão intimamente ligados e são determinados de acordo com as necessidades e características do projeto, como, por exemplo, a facilidade de se definir o escopo do projeto, bem como se haverá valor em entregar uma documentação parcial ou integral. O guia não determina como deve ser gerenciado um projeto, apenas apre- senta boas práticas e deixa livre para o gerente de projeto escolher o que me- lhor se adapta ao seu projeto. Além disso, possui valiosas informações identifi- cadas por profissionais que, quando usadas, aumentam as chances de sucesso em diferentes projetos. Gerenciamento de Projetos de Redes Trazendo do cenário genérico proposto pelo PMBOK para a área de redes, é possível dizer que as interações de um projeto de redes seguem uma metodologia tradicional com fases bem definidas de início, meio e fim. Inicialmente, devem ser especificadas as necessidades dos clientes do projeto e, em seguida, após uma compilação das informações obtidas, é necessário compre- ender a viabilidade do projeto. O passo de confeccionar o projeto de redes efeti- vamente significa criar a solução lógica e física para o problema; já um passo final pode ser interpretado como a entrega do projeto para o cliente, após aprovação e validação. A implementação da rede, ou seja, a instalação de ativos e passivos de rede, não faz parte de um projeto de redes, mas faz uso desse para ser implementada. Sendo assim, podemos fazer uma distinção entre o Projeto de Rede e a Implementação de Rede. 9 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Após a apresentação dessas divisões, é fundamental desenvolver a ideia por trás de cada etapa proposta para projetar redes. De certa forma, o passo inicial pode ser traduzido como: identificar as partes interessadas, analisar os requisitos e estudar a viabilidade do projeto. Em seguida, é possível criar os projetos lógicos e físico da rede. Já um último passo seria obter a aprovação do projeto e entregar o documento contendo todas as informações necessárias para a futura implantação. O macroprocesso de Análise de Requisitos será apresentado na sequência. Já o Estudo de Viabilidade será formulado na próxima unidade, juntamente com a definição das Áreas de Gerenciamento propostas pelo PMBOK, que podem ter os conceitos trazidos para projetos de redes. Análise de Requisitos Requisitos nada mais são do que necessidades. Todo projeto, assim como um projeto de redes,começa com o estudo das necessidades de alguém. Portanto, a Análise de Requisitos pode ser interpretada como uma forma de criar critérios para produzir o projeto a partir dos objetivos do cliente. Imagine que uma pessoa quer que sua televisão do quarto se conecte na inter- net através de uma rede sem fio. Quem for criar esse projeto tem que analisar as necessidades, ou seja, todo os requisitos do cliente e então confeccionar o projeto. Para identificar a real necessidade do cliente alguns questionamentos devem ser realizados, como, por exemplo: • O cliente tem contrato com algum provedor de internet? • Já existe uma rede sem fio na casa do cliente? • Qual a distância da televisão até o possível ponto de acesso sem fio? • O ponto de acesso sem fio e o local da TV tem visada direta? • Qual o orçamento disponível? Quais poderiam ser outras perguntas inerentes ao problema? Elabore algumas. Ex pl or Diversas soluções podem ser aplicadas dependendo das respostas às perguntas pertinentes. Assim, é necessário criar um projeto completo para o cliente levantan- do os requisitos. Perceba que conectar a TV à internet é apenas o objetivo principal do cliente. Levantamento de Requisitos O principal processo para se criar qualquer tipo de projeto se inicia pelo Le- vantamento de Requisitos, ou seja, a realização da coleta de dados referente às necessidades do cliente para qualquer que seja sua requisição. 10 11 Para isso, os envolvidos trabalham juntos para tornar claro o problema a ser resolvido, apresentando os serviços existentes, o desem- penho necessário, restrições de hardware e ou- tras informações. A principal técnica para se levantar os re- quisito é através da realização de entrevistas e reuniões. Mesmo parecendo algo simples, es- sas técnicas são as principais ferramentas para obtenção de requisitos. Não há padrão específico para realizar essas tarefas, porém, é possível utilizar alguns crité- rios como guias – estabelecer os objetivos da reunião e decidir quem serão os participantes são alguns dos passos iniciais. Figura 2 – Entrevista com o cliente Fonte: iStock/Getty Images Imagine uma empresa que cresceu de forma desorganizada e atualmente ocupa uma grande sala comercial. Essa empresa tem em seu quadro 10 funcionários to- dos conectados a um único roteador sem fio e não existe um servidor de arquivos comum aos usuários, portanto, cada usuário guarda os documentos nos seus com- putadores pessoais. Para o exemplo apresentado, a primeira reunião poderia ser realizada com al- guns funcionários administrativos (não executam tarefas técnicas de rede de com- putadores) com o objetivo de descobrir as principais necessidades voltadas à rede. Nessa reunião, algumas questões poderiam ser realizadas em relação ao comparti- lhamento de arquivos, o conhecimento de cada um com sistemas operacionais, a velocidade da rede para diferentes situações. Se fossem realizadas entrevistas ao invés de reuniões, outras atividades poderiam ser: preparar o entrevistado previamente; defi nir uma estrutura e tipos de questões; iniciar com perguntas mais específi cas e fi nalizar com perguntas genéricas; entre outras abordagens para compreender melhor o ambiente do negócio do cliente. Ex pl or Após o completo julgamento das informações retiradas das reuniões ou entre- vistas, compreendendo o que é ou não necessário ao projeto, é possível criar um relatório completo sumarizando todos os requisitos do cliente. Esse processo é a base para a construção do projeto de redes. No exemplo anterior, sobre um cliente que deseja conectar sua televisão do quarto à internet, uma boa compilação de informações seria: O cliente já possui acesso à internet. Sua conexão é feita por um rotea- dor que fornece apenas rede cabeada, portanto será necessário adquirir um roteador sem fio. A configuração deverá estar da seguinte forma [...]. Será realizado um treinamento com o cliente sobre as configurações a serem efetuadas [...]. 11 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Não há um roteiro definido de como coletar e apresentar as informações, mas é fundamental mostrar todas as preocupações, necessidades e especifica- ções dos stakeholders. Stakeholders: São todos os envolvidos em um projeto, por exemplo: o gestor da empresa, o contratado, os usuários e todos os que terão contato com a rede após a conclusão do projeto. Ex pl or Os requisitos do projeto podem ser separados em duas categorias: • Requisitos do negócio; e • Requisitos técnicos. No restante desta unidade, serão apresentados alguns fatores comuns a diversos tipos de clientes relativos a ambos os tipos de requisitos. Por outro lado, os estudos não estão limitados às proposições aqui colocadas, ou seja, a particularidade de cada cliente impõe projetos únicos e personalizados. Importante! O intuito dessa estrutura é despertar em você o olhar crítico e curioso sobre o que o cliente deseja, o que realmente é necessário e o que é descartável. Importante! Requisitos do Negócio O projeto de rede é analisado em ter- mos do benefício proposto para o ne- gócio do cliente, e não em termos de elegância técnica e beleza. Portanto, co- nhecer os objetivos do cliente é essencial para ter sucesso no projeto. Através dos questionamentos realiza- dos para o cliente, é possível colher di- versas informações importantes, e então criar uma lista de requisitos. Os requisi- tos mais subjetivos podem ser extraídos conhecendo melhor o negócio e os ob- jetivos do cliente. Com a composição de todas as informações pertinentes, é pos- sível criar o escopo do projeto da rede, ou seja, compilar as informações do que o projeto deve ou não fazer. Requerimento de Negócio Figura 3 – Lista de Requisitos Fonte: iStock/Getty Images 12 13 Conhecendo o negócio do cliente Inicialmente, é necessário conhecer a área de negócio do cliente, o que produz ou quais serviços realiza, determinando também quem são seus concorrentes. Além de conhecer o mercado do cliente, é necessário conhecer seus fornecedo- res e parceiros. A finalidade do projeto para o cliente, na grande maioria das vezes, é obter uma vantagem compe- titiva, ou seja, melhorar sua posição no mercado. É incomum que empresários desejem implementar uma rede nova, ou ampliar uma existente, sem en- xergar isso como uma melhora na sua organização ou como um investimento. Além de descobrir mais informações sobre o cliente, as discussões realizadas entre o desenvolve- dor do projeto e o cliente podem mostrar a todos os stakeholders o benefício da criação do projeto. Após ter conhecimento sobre o negócio do cliente, é possível descobrir, a partir de outros questionamentos, sua estrutura organizacional. O objetivo de obter informações sobre os departa- mentos, linhas de negócio, filiais e grupos de usuá- rios é justamente o de construir um projeto perso- nalizado focando no sucesso. Suponha que uma rede de hospitais tem o desejo de construir um novo hospital em uma cidade qualquer. Mesmo após conhecer o negócio do cli- ente, é possível verifi car que a estrutura organiza- cional interna ao hospital é muito complexa. Precocemente, é possível identifi car alguns de- partamentos e necessidades, como a área relativa ao estoque de suprimentos médicos e suprimen- tos administrativos. Além disso, é possível imagi- nar o grande fl uxo de dados na rede por conta de acessos a banco de dados de pacientes, médicos, exames clínicos etc. Agora, suponha que o corpo médico e administra- tivo seja equivalente e a diferença entre os hospi- tais esteja na implementação tecnológica, ou seja, tem infl uência direta do projeto de redes. Qual hospital será melhor recomendado pelos usuários? Ex pl or Figura 4 – Informatização de um hospital Fonte: iStock/Getty Images 13 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Conhecendo os objetivos do cliente Após conhecer melhor o cliente, é imprescindível interpretar as necessidades dele para se construir um bom projeto,ou seja, filtrar conteúdos de reuniões, en- trevistas, questionários, brainstorms, e-mails, telefonemas e mensagens. O cliente necessita de um projeto de rede para seu negócio visando a um au- mento de produtividade, crescimento lógico ou físico, aumento de taxas de transfe- rência ou apenas porque tem problemas com a rede atual. Essas posições podem definir o objetivo principal, porém, além desse, diversos objetivos implícitos podem complementar a necessidade do projeto. Suponha que um cliente precise de uma nova rede sem fio pois a produtividade dos usuários foi prejudicada por conta da rede atual não conseguir suportar o crescimento de demanda. Nesse cenário, a ideia do cliente é a de aumentar a produtividade dos funcionários, portanto, o objetivo principal é possibilitar que os usuários da rede não tenham problemas de conexão. Habilitar novos pontos de rede sem fio, remanejar os atuais ou atualizar a tecnologia dos pontos de acesso atuais são os objetivos subjacentes nesse projeto. Ex pl or Figura 5 – Descobrindo os objetivos Fonte: iStock/Getty Images Identificando o escopo do projeto É possível que a nova rede seja projetada “a partir do zero”, isto é, seja criada por você, porém, como apresentado nos exemplos anteriores, pode ser que já exista uma rede prévia. Um projeto de rede pode ser criado para modificar algo que esteja prejudicando a rede atual ou ampliar uma solução já existente. Portanto, além do objetivo princi- pal, é necessário conhecer a situação inicial do cliente e projetar a situação futura. 14 15 O escopo pode ser entendido como um resumo de como a rede está e uma lista do que será necessário instalar ou remover na nova rede, fornecendo todos os da- dos possíveis da estrutura lógica e física do projeto. Figura 6 – Escopo do projeto Fonte: iStock/Getty Images Depois de uma análise completa sobre o negócio do cliente, entendendo sua estrutura organizacional, você deverá listar todos os objetivos relacionados à nova rede e como será possível alcançar esses objetivos, ou seja, o caminho que deverá ser percorrido para satisfazer o cliente. Mesmo conhecendo todos os requisitos do negócio do cliente, ainda existe uma lacuna a ser preenchida: os requisitos técnicos. Requisitos Técnicos A função da análise de requisitos é de traduzir frases dos clientes – como: “Quero que a rede seja rápida e que nunca caia” – para os reais requisitos do pro- jeto, apresentando ao cliente o que ele deverá fazer para alcançar o seu objetivo. No sentido de resolver um problema com a utilização de tecnologia, muitos clientes não sabem especificar suas necessidades técnicas com precisão para proje- tar uma rede. Analisar os requisitos técnicos é importante para poder recomendar tecnologias apropriadas para satisfazer todas as pessoas afetadas pela nova rede. Os requisitos técnicos podem ser divididos em: • Escalabilidade; • Disponibilidade; • Desempenho; • Segurança; • Gerência; Ao decorrer da sumarização de cada tipo de requi- sito técnico, tente relembrar os diferentes concei- tos estudados em outras disciplinas do curso. 15 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos • Usabilidade; • Adaptabilidade. Escalabilidade Escalabilidade significa o quanto um projeto de rede deve suportar um cresci- mento, ou seja, estar preparado para crescer. É um objetivo primário de quase todo projeto de rede que se adicione postos de trabalho, aplicações, sites ou conexões de rede a um ritmo veloz. Portanto, sempre se deve planejar uma possível expansão, sendo necessário descobrir qual é o cres- cimento planejado para a rede nos próximos anos. Dependendo da estrutura física do cliente, é possível que alguma tecnologia específica deva ser utilizada. Essa estrutura pode ser de diferentes tamanhos: Rede corporativa: rede envolvendo múltiplos campi; Rede de campus: rede com múltiplos prédios; Rede de prédio: rede com múltiplas LANs dentro de um único prédio; LAN: rede entre dispositivos interconectados. Ex pl or Para capturar e recomendar esse tipo de requisito técnico, é possível questionar o cliente em relação à quantidade de hosts que poderão ser adicionados ao longo do tempo, ou ao crescimento esperado da empresa. Disponibilidade Disponibilidade representa um percentual de tempo que a rede está disponível, sendo que o au- mento da disponibilidade é frequentemente o ob- jetivo principal de um projeto de rede de grandes empresas. Por exemplo, se uma rede pode pa- rar no máximo 8 horas em uma semana (que tem 168 horas), a disponibilidade dessa é de 95,24%, isso é, 1-(8/168) – valor normalmente considera- do muito ruim para sistemas grandes. A disponibilidade está vinculada à redundância, con- fiabilidade (taxas de erros, estabilidade, período de tem- po entre falhas), resiliência (grau de tolerância a falhas) e recuperabilidade (habilidade de se recuperar rapida- mente após uma falha). Em projetos de redes, é comum especificar o tempo máximo de downtime que o sistema pode ficar indisponível. Uma tabela pode Figura 7 – Disponibilidade Fonte: iStock/Getty Images 16 17 facilitar a visualização da relação entre uptime, ou seja, a taxa de disponibilidade, e o downtime permitido. Quadro1 – Downtime Permitido em Período de Tempo DISPONIBILIDADE (% UPTIME) ANUALMENTE MENSALMENTE SEMANALMENTE DIARIAMENTE 95% 438 h 36,5 h 8,4 h 1,2 h 99,5% 43,8 h 3,7 h 50,5 min. 7,2 min. 99,95% 4,38 h 21,9 min. 5,05 min. 43,2 s 99,98% 1,75 h 8,75 min. 2,0 min. 17,3 s 99,99% 0,88 h 4,4 min. 1,0 min. 8,7 s Sistemas de grande porte operam aproximadamente com 99,95% de taxa de uptime. Nesse cenário, os 5 minutos de downtime por semana, ou uma parada de 21 minutos aproximadamente no mês, permitem alguns transientes. 99,98% de uptime é desejável em muitos sistemas de missão crítica, e 99,99% é o limite da tecnologia atualmente. Dependendo do tipo de cliente, o custo do tempo parado é um fator de máxima prioridade. Durante o levantamento de requisitos do negócio do cliente, deve-se descobrir quanto dinheiro a empresa perde por hora de downtime. Em 2013, a Amazon teve uma perda fi nanceira de US$ 5 milhões em vendas causada por um downtime de 49 minutos, praticamente US$102.000,00/min! Saiba mais em: https://goo.gl/Dn21z8. Ex pl or A disponibilidade pode ser representada por um valor objetivo. Para se calcular esse valor efetivo, são utilizados dois parâmetros: • Tempo Médio entre Falhas (MTBF – Mean Time Between Failures); e • Tempo Médio para Reparos (MTTR – Mean Time To Repair). A disponibilidade pode ser calculada através de: Disponibilidade MTBF MTBF MTTR � � Por exemplo, a disponibilidade de um sistema que pode falhar, em média, a cada 4000 horas e deve ter o tempo médio de reparo de 1 hora pode ser calculada por: Disponibilidade � � � 4000 4000 1 99 98, % 17 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Desempenho O desempenho de uma rede pode ser definido de acordo com diversos parâme- tros, como: • Capacidade (bandwidth): capacidade de uma rede transmitir dados por tem- po, largura de banda; • Utilização: um percentual da capacidade usada na média; • Utilização máxima: valor da utilização em que a rede é considerada saturada; • Vazão: quantidade de dados úteis transferidos sem erro por segundo; • Carga oferecida: a soma de todo o tráfego oferecido à rede (em bps) num determinado momento; • Acurácia: quantidade de tráfego útil corretamente recebido; • Eficiência: quantidade de dados úteis transmitidos; • Atraso (latência): tempo médio entre o momento em que um quadro está pronto para ser transmitido e sua recepção em algum destino; • Variação de atraso (jitter): variação no atraso médio; • Tempo de resposta: tempo entre um pedido de serviço e a recepção de uma resposta. Este é mais um requisito que dificilmente o cliente terá conhecimento. Um bom projeto de redes deve conhecer esses valores para projetar a rede; dessa forma, não haverá “surpresas” após a implementação da rede. Quando a redeentrar em funcionamento, os valores deverão estar iguais, ou superiores, aos pré-estabelecidos. Dependendo da situação, uma ou várias dessas medidas se tornam importantes para o negócio do cliente. Segurança Problemas de segurança não devem afetar a habilidade da empresa em conduzir suas atividades, portanto, uma análise deve ser realizada para investigar a gravida- de da não implementação de segurança. Invasores podem atacar um servidor do cliente de diversas maneiras, como, por exemplo, usando recursos que não deveriam acessar, aproveitando brechas de se- gurança bem conhecidas em sistemas operacionais ou aplicações e realizando um ataque do tipo DDoS. Além da vulnerabilidade externa, um projeto de redes deve se preocupar com aspectos de segurança relativos a outros três diferentes tipos de problemas: os cau- sados por eventos maliciosos como vírus; os causados por erros de usuários; e os causados por usuários internos maliciosos. 18 19 Figura 8 – Vulnerabilidade Fonte: iStock/Getty Images Dependendo do projeto, é de extrema necessidade prever diversos tipos de pro- blemas relativos à segurança, sendo necessário se informar sobre a sensibilidade dos dados do cliente, bem como o possível efeito do roubo ou a alteração desses. O aumento de segurança sempre envolve um trade-off, ou seja, uma troca em situações com conflito de escolha. Nesse caso, quanto maior a segurança, menor a facilidade de uso e produtividade dos funcionários, e vice-versa. Requisitos típicos de segurança podem atingir objetivos, como a permissão de que pessoas externas acessem dados públicos, mas não dados internos. Outros re- quisitos poderiam ser: identificar, autenticar e autorizar usuários remotos; detectar “penetras” e identificar os danos causados pela intrusão; autenticar atualizações de tabelas de roteamento; proteger dados, aplicações, hosts e dispositivos através de senhas e direitos de uso. Gerenciamento Alguns clientes, principalmente os que têm em seu quadro funcionários específi- cos da área de redes, podem ter planos específicos de gerência de rede. Gerenciar a rede significa analisar o tráfego na rede e analisar diversos dispositivos, portanto, esse requisito afeta diretamente a escolha de equipamentos. O gerenciamento de uma rede pode ser dividido em 5 tipos: • Gerenciamento de falhas: com finalidade de detectar, isolar e corrigir falhas; • Gerenciamento de configuração: com o intuito de controlar, operar, iden- tificar dispositivos; • Gerenciamento de desempenho: evidenciando uma análise do tráfego dos principais aplicativos e da rede como um todo; • Gerenciamento de segurança: com a necessidade de monitorar e testar nor- mas de segurança; • Gerenciamento de contabilidade: com o intuito de contabilizar a utilização da rede para alocar custos a setores e novas mudanças. Descobrir a real necessidade da gerência da rede do cliente pode fazer com que sejam especificados softwares e hardwares com melhores custo-eficácia. 19 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Para gerenciar de forma satisfatória a rede de um cliente, não são necessários equipamentos com funções que nunca serão utilizadas.Ex pl or Usabilidade Enquanto o uso de gerência melhora a vida de um gerente de rede, a usabilidade foca o usuário final. Usabilidade diz respeito à facilidade com a qual usuários acessam os serviços via rede. Melhorar a usabilidade significa avaliar os impactos da política de segurança na facilida- de de uso, melhorar a facilidade com a qual a rede é configurada, tanto para o gerente de rede quanto para o usuário final. Além disso, pode ser necessário proporcionar facilidade com a qual a rede corporativa é usada remo- tamente, usando VPN por exemplo. Figura 9 – Usabilidade Fonte: iStock/Getty Images Adaptabilidade Se um projeto for utilizado para ampliar uma rede já existente, intuitivamente deve-se conhecer as tecnologias e os protocolos utilizados para a nova rede se adaptar à antiga. Se um projeto for “criado do zero”, ele deve prever possíveis adaptações também. A adaptabilidade descreve como o projeto de rede pode se adaptar a distintas mudanças, por exemplo: de tecnologia, de protocolos, de formas do negócio e de legislação. Após conhecer os requisitos de negócio e técnicos, é possível com- preender que as necessidades técnicas só podem ser fomentadas após um pleno conhecimento do cliente, dos seus objetivos e de suas necessidades. Após a coleta de dados referente aos requisitos de negócio, você deve ser capaz de especificar os requisitos técnicos para satisfazer o projeto. Além disso, essas especificações podem ser divididas entre os grupos apresentados. Importante! Você deve documentar quaisquer planos, como, por exemplo, planos de expansão de estações de trabalhos e servidores, planos de migração de dados. Também é impor- tante registrar os objetivos de disponibilidade para o novo sistema, identificar apli- cações que precisam de prioridade nos acessos e discutir a necessidade de segurança para todas as etapas. Em Síntese 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Processos de Gerenciamento de Projetos – Guia PMBOK 5. ed. Fornecido pelo Projectlab https://goo.gl/hgahs7 A complexidade de se entender o estudo de requisitos pode ser interpretada através de uma imagem https://goo.gl/fxrV2Q Introdução a Engenharia de Requisitos Em Gestão de Projetos, a Análise de Requisitos muitas vezes é definida como Engenharia de Requisitos. Um bom artigo referente a esse estudo complexo. https://goo.gl/Y7tzmC Analyzing Business Goals and Constraints of Network Design O capítulo Analyzing Business Goals, do livro de Priscilla Oppenheimer, disponível como cortesia da Cisco Press, apresenta diversos tipos de requisitos. https://goo.gl/Qzi7br +Requisitos do Negócio | Exemplos Uma matéria informal contendo exemplos de requisitos do negócio. https://goo.gl/Pqhw8J Análise de Requisitos O site InfoEscola também disponibiliza um bom artigo sobre a Análise de Requisitos voltada para a Engenharia de Software que pode ser, de certa forma, transposta para Projeto de Redes. https://goo.gl/zJb5qu 21 UNIDADE Gerenciamento de Projetose Análise de Requisitos Referências KUROSE, James F; ROSS, Keith W. Redes de computadores e a internet: uma abordagem top-down. 5. ed. São Paulo: Addison Wesley, 2010. MAIA, Luiz Paulo. Arquitetura de redes de computadores. 2. ed. Rio de Janei- ro: LTC, 2013. OLIFER, Natália. Redes de computadores: princípios, tecnologias e protocolos para o projeto de redes. Rio de Janeiro: LTC, 2008. OPPENHEIMER, Priscilla. Top-Down Network Design: A Systems Analysis Approach to Enterprise Network Design. 3. ed. Indiana: Cisco Press, 2011. WHITE, Curt M. Redes de computadores. São Paulo: Cengage Learning, 2013. 22