Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS CURSO DE HOTELARIA MARIA ULDILÉIA FELIX DA SILVA A ADAPTAÇÃO DOS HOTÉIS DA AVENIDA LITORÂNEA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS São Luís 2015 MARIA ULDILÉIA FELIX DA SILVA A ADAPTAÇÃO DOS HOTÉIS DA AVENIDA LITORÂNEA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Trabalho de conclusão de curso, apresentada ao curso de graduação em Hotelaria da Universidade Federal do Maranhão, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Hotelaria. Orientador: Prof. Ms. Jonilson Costa Correia. São Luís 2015 Silva, Maria Uldileia Felix da. A Adaptação dos hotéis da Avenida Litorânea para pessoas com necessidades especiais / Maria Uldileia Felix da Silva. – São Luís, 2015. 64 f. Impresso por computador (fotocópia). Orientadora: Prof. Ms. Jonilson Costa Correia. Monografia (Curso de Hotelaria – Bacharelado) – Universidade Federal do Maranhão, 2015. 1. Hotelaria. 2. Acessibilidade. 3. Inclusão social. 4. Atendimento especial. I. Universidade Federal do Maranhão. II. Título. CDU: 316.444-053.9 MARIA ULDILÉIA FELIX DA SILVA A ADAPTAÇÃO DOS HOTÉIS DA AVENIDA LITORÂNEA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Trabalho de conclusão de curso, apresentada ao curso de graduação em Hotelaria da Universidade Federal do Maranhão, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Hotelaria. Orientador: Prof. Ms. Jonilson Costa Correia. Aprovado em: ___/____/_____ BANCA EXAMINADORA _________________________________________________ Profª Ms. Jonilson Costa Correia (Orientador) Universidade Federal do Maranhão _________________________________________________ Profª. Esp. Ana Letícia Burity da Silva Universidade Federal do Maranhão _________________________________________________ Profª. Msc. Luciana Brandão Ferreira Universidade Federal do Maranhão Á Deus e minha família pelo apoio incondicional. E em especial a Pedro Vieira de Aguiar, homem íntegro, batalhador a quem tive a honra de chamar de pai e a Maria Felix dos Santos, mulher forte, guerreira a quém muito me orgulho de ter tido como mãe. AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos a todos aqueles que de alguma forma doaram um pouco de si para que a conclusão deste trabalho se tornasse possível. Ao professor Jonilson Costa, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia. Aos meus amigos e colegas que vão fazer pra sempre parte dessa história, em especial a Isaura Cristina Carvalho amiga de todas as horas, e Jeisy Kelly Muniz companheira fiel de todos os momentos. As amigas Miríam Barros, Denise dos Santos pelo incentivo e apoio incondicional. Aos meus pais, Maria Joelma Felix Aguiar e José Felix da Silva, pelo amor e carinho, as minhas irmãs e irmãos, minha filha Bianca Felix e a toda minha família que, com muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. “Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” I Coríntios 15: 57 RESUMO Esta monografia resulta de duas etapas: primeira, uma pesquisa bibliográfica cuja abordagem empregada é quantitativa e qualitativa, e o instrumento utilizado foi um questionário com onze questões para cinco hotéis da Avenida Litorânea: Calhau Praia Hotel, Classic Praia Hotel, L’ Authentique Cristal, Litorânea Praia Hotel e Tulip Inn Praia Bella Hotel, com dois objetivos, o primeiro de coletar informações dos funcionários a respeito da acessibilidade nos empreendimentos e serviços prestados e o segundo com o objetivo de analisar diretamente até que ponto os padrões da acessibilidade podem ser considerados adequados para os clientes que chegam a esses empreendimentos hoteleiros, localizados na orla da Praia do Calhau em São Luis-MA. O trabalho tem como objetivo geral; analisar como os hotéis da Av. Litorânea estão se adaptando para receber e atender melhor hóspedes com necessidades especiais, verificando se há uma estrutura acessível para tal ação. Os objetivos específicos relacionam- se em: Identificar as problemáticas dos hotéis de adaptação; Conhecer as necessidades e expectativas dos funcionários do setor quanto ao atendimento para esses hóspedes; Relacionar as normas de acessibilidade em hotéis com a prática dos hotéis da Av. Litorânea. O trabalho apresenta também sobre a deficiência com conceitos de termos mais usados e um pouco também sobre o contexto normativo para portadores de deficiência física, trata também sobre a hotelaria e a acessibilidade, mostrando a necessidade de adaptações na estrutura do hotel, no melhor atendimento para o bem estar, uma hospitalidade inclusiva e um atendimento adequado para esses hóspedes portadores de deficiência física. Logo, o presente estudo contribuirá com os hotéis em questão, no sentido que constatou que a todos necessitam de maiores investimentos na estrutura física e em treinamentos e práticas de acessibilidade na capacitação dos seus funcionários, para que possam ser considerados como empreendimentos hospitaleiros e acessiveis na prestação e apresentação de seus serviços. Palavras-Chave: Hotelaria. Acessibilidade. São Luís. RÉSUMÉ Cette monographie est le résultat de deux étapes: d'abord, une littérature dont l'approche utilisée est quantitative et qualitative, et l'instrument était un questionnaire avec onze questions pour cinq hôtels de l'avenue Litorânea: Calhau Praia Hotel, Classic Praia Hotel, L’ Authentique Cristal, Litorânea Praia Hotel e Tulip Inn Praia Bella Hotel, visant à recueillir des informations auprès des employés en ce qui concerne l'accessibilité des installations et services et seconde afin d'analyser directement la mesure dans laquelle les normes d'accessibilité peuvent être considérés comme appropriés pour les clients arriver à ces projets hôteliers, situés sur le bord de plage do Calhau à São Luis-MA. Le travail a pour objectif général; analyser comment Hôtels Av. Litorânea sont adapte à recevoir et à mieux servir les clients ayant des besoins spéciaux, la vérification d'un cadre abordable pour une telle action. Les objectifs spécifiques dans relacionam-: Identifier les problèmes de hôtels d'adaptation; Connaître les besoins et les attentes des employés dans le secteur que le service pour les clients; Relier les normes d'accessibilité dans les hôtels de la pratique des Hôtels Av. Litorânea. Le travail dispose également sur le handicap avec les concepts des termes couramment utilisés et certains également sur le cadre réglementaire pour les handicapés, traite également de l'hospitalité et de l'accessibilité, montrant la nécessité d'ajustements dans la structure de l'hôtel, les meilleurs soins pour le bien-être, l'hospitalité inclusive et des soins adéquats pour ces transporteurs invité handicap. Ainsi, la présente étude contribuera aux hôtels enquestion dans le sens que l'on trouve que tous exigent de plus grands investissements dans l'infrastructure physique et à la formation et à l'accessibilité des pratiques dans la formation de ses employés afin qu'ils puissent être considérés comme des entreprises accueillants et accessibles livraison et la présentation de vos services. Mots-clés: Hospitality. Accessibilité. São Luis. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Quadro 1 – Leis , Decretos e Normas Técnicas ..................................................... 19 Quadro 2 – População residente com alguma deficiência ...................................... 21 Figura 1 – Símbolo Internacional de Acesso ......................................................... 30 Quadro 3 – Hotéis pesquisados .............................................................................. 38 Quadro 4 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 1 .................... 40 Quadro 5 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 2 .................... 41 Quadro 6 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 3 .................... 41 Quadro 7 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 4 .................... 42 Quadro 8 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 5 .................... 43 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo, atual Instituto Brasileiro de Turismo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MTur – Ministério de Turismo NBR – Norma Brasileira ONU – Organização das Nações Unidas ONU – Organização das Nações Unidas PPD – Pessoa Portadora de Deficiência SNPD – Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13 2 DEFICIÊNCIA: notas Introdutórias .............................................................. 15 2.1 Sobre o contexto normativo ........................................................................ 18 3 HOTELARIA E ACESSIBILIDADE ................................................................ 23 3.1 Sobre novo projeto ou adaptação de hotéis .............................................. 24 3.1.1 Pisos ............................................................................................................... 26 3.1.2 Equipamentos eletromecânicos de circulação ................................................ 27 3.1.3 Janelas ........................................................................................................... 28 3.1.4 Portaria/Recepção/Atendimento ..................................................................... 28 3.1.5 Quartos de dormir dos apartamentos de meio de hospedagem ..................... 29 3.1.6 Sanitários ........................................................................................................ 29 3.1.7 Chuveiro e ducha ............................................................................................ 30 3.1.8 Comunicação e sinalização ............................................................................ 30 3.1.9 Sinalização ..................................................................................................... 31 3.2 Orientações para o bem-estar das pessoas com necessidades especiais ........................................................................................................ 31 3.2.1 Atendimento Adequado .................................................................................. 32 3.2.2 Hospitalidade inclusiva ................................................................................... 34 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 37 4.1 Caracterização do cenário da pesquisa ...................................................... 38 4.1.1 Hotel 1 – Calhau Praia Hotel .......................................................................... 38 4.1.2 Hotel 2 – Classic Praia Hotel .......................................................................... 39 4.1.3 Hotel 3 – L’Authentique Cristal ....................................................................... 39 4.1.4 Hotel 4 – Litorânea Praia Hotel ....................................................................... 40 4.1.5 Hotel 5 – Tulip Inn PraiaBella Hotel ................................................................ 40 4.2 Caracterização dos participantes da pesquisa .......................................... 40 5 A ADAPTAÇÃO DOS HOTÉIS DA AVENIDA LITORÂNEA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS ............................................ 44 5.1 A percepção dos funcionários .................................................................... 44 5.2 A oferta acessível: analise e discussão dos resultados ........................... 49 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 51 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 53 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO EM CAMPO .......................... 56 ANEXO A – LEI Nº 10.048, DE 8 DE NOVEMBRO DE 2000 ........................ 59 ANEXO B – LEI Nº 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000 ....................... 60 13 1 INTRODUÇÃO A deficiência em um país marcado por grandes contrastes e desigualdades sociais como o Brasil, é sinônimo de estar mais distante de receber atenção em alguns aspectos tais como: saúde com qualidade, uma educação de bom nível e uma digna oportunidade de trabalho no mercado formal. Grandes desafios e inúmeros obstáculos também ainda são enfrentados quando pessoas com deficiência buscam atividades relacionadas ao lazer e ao turismo. Atualmente, as instituições vêm discutindo que possibilidades de melhorar o atendimento às pessoas com deficiência. Muitas pessoas com deficiência física ainda não contam com o “direito” de ir e vim em áreas públicas, devido a falta de estrutura básica para que isso aconteça, pois muito se tem falado em acessibilidade, inclusive leis foram criadas com este objetivo, mas a realidade mostra que estas estão longe de serem plenamente cumpridas. Com o aumento da participação de pessoas portadoras de deficiência em atividades que antes só eram praticadas por pessoas não portadoras de deficiência, tais como olimpíadas, eventos como os mundiais e atividades turísticas, surgiu à necessidade de hotéis adaptados para receber esse público. Visualizando a hospitalidade de uma maneira administrativa, pode-se entendê-la como uma ferramenta eficaz dentro desse cenário crescente, pois suas práticas têm se tornado destaque nas empresas como um elemento determinante para o encantamento e a fidelidade, sendo vista pelos gestores como uma estratégia eficiente e imprescindível. Como fonte para esta pesquisa, consideramos os hotéis da Avenida Litorânea na praia do Calhau em São Luís do Maranhão, que são muito requisitados por turistas, especialmente por estarem localizados na orla da praia. Iremos abordar todos os estabelecimentos hoteleiros que se consideram hotéis na referida Avenida. O presente estudo teve como objetivo geral; identificar se os hotéis da Av. Litorânea estão se adaptando para receber e atender melhor hóspedes com necessidades especiais, verificando se há uma estrutura acessível para tal ação. Os objetivos específicos relacionam-se em:14 a) Identificar as problemáticas de adaptação dos hotéis; b) Conhecer as necessidades e expectativas dos funcionários do setor quanto ao atendimento para esses hóspedes; c) Relacionar as normas de acessibilidade em hotéis com a prática dos hotéis da Av. Litorânea. A escolha dos hotéis da Avenida Litorânea justifica-se pelo fato de observarmos que, apesar da estrutura elegante e serviços elogiados, ainda há dificuldades com relação à aplicabilidade das práticas hospitaleiras na prestação do serviço as pessoas portadoras de deficiência física, e aqui entra uma necessidade de adaptações nas instalações desses hotéis também. No presente trabalho são abordados no capítulo 2, sobre a deficiência com conceitos de termos mais usados e um pouco também sobre o contexto normativo para portadores de deficiência física. Já no capítulo 3, fala sobre a hotelaria e a acessibilidade, mostrando a necessidade de adaptações na estrutura do hotel, no melhor atendimento para o bem-estar, uma hospitalidade inclusiva e um atendimento adequado para esses hóspedes portadores de deficiência física. O trabalho traz ainda, o capítulo 4, os procedimentos metodológicos empregados na pesquisa, para a coleta e análise dos dados, caracterizando o cenário e os participantes da pesquisa. Enquanto o capítulo 5 mostra a adaptação dos hotéis da avenida litorânea para pessoas com necessidades especiais, na percepção dos funcionários fazendo assim uma análise dos resultados encontrados e observados na pesquisa. Concluindo, mostram-se os resultados dos questionários aplicados, avaliando se a pesquisa alcançou seus principais objetivos. 15 2 DEFICIÊNCIA: notas Introdutórias De acordo com o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas que integra o Programa Diversidade, as discussões sobre o conceito de deficiência acompanham o homem desde o princípio da civilização, sob diferentes aspectos. Dependendo do momento histórico e sócio- cultural em que a questão da deficiência se situa, a abordagem utilizada assume diferentes paradigmas e passa a ser estudada por uma nova ótica, não se limitando a uma visão simplesmente biológica, onde, muitas vezes, deficiência se confunde com doença. Na Idade média as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiência eram na maioria das vezes abandonadas, mutiladas e até mesmo sacrificadas, séculos mais tarde ainda eram discriminadas e deixadas à margem da sociedade, pois suas limitações eram vistas como um castigo de Deus, do qual os homens dessa época se utilizavam desse mito, crença ou desculpa para cometer barbaridades com seus semelhantes. Roma Antiga. Segundo Silva (1987, p. 130), [...] cegos, surdos, deficientes mentais, deficientes físicos e outros tipos de pessoas nascidos com má formação eram também, de quando em quando, ligados a casas comerciais, tavernas e bordéis; bem como a atividades dos circos romanos, para serviços simples e às vezes humilhantes. No século XIX os homens da alta sociedade escondiam seus filhos deficientes do resto do mundo com vergonha ou por medo da discriminação. De acordo com Figueira (2008 apud GARCIA, 2010, p. 4), a Organização das Nações Unidas (ONU) em 1981 declarou o ano como Ano Internacional da Pessoa Deficiente. Se até aqui a pessoa com deficiência ‘caminhou em silêncio’, excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981 – Ano Internacional da Pessoa Deficiente –, tomando consciência de si, passou a se ‘organizar politicamente’. E, como consequência, a ser notada na sociedade, atingindo significativas conquistas em pouco mais de 25 anos de militância. A partir dessa análise histórica, é possível identificar mudanças na relação da sociedade diante de pessoas com deficiência, é possível também entender o termo deficiência a partir das modificações introduzidas na legislação em diferentes campos: educação, direitos adquiridos ou lazer e turismo. A ocorrência de duas guerras mundiais também fez aumentar muito o número de pessoas com deficiência de locomoção, de audição e de visão e tornou- se um importante fator histórico para o estudo da proteção das pessoas com 16 deficiência. Embora no Brasil a ocorrência das guerras não tenha acarretado a conscientização deste problema, como ocorreu em outros países, a proteção às pessoas com deficiência é garantida pela Constituição (SANSIVIERO, 2004, p. 4). É um grande desafio possuir algum tipo de limitação física em um país marcado por amplos contrastes e desigualdades sociais como o Brasil, isso significa não só ter que enfrentar inúmeros obstáculos como estar mais distante de receber um atendimento de saúde com qualidade, uma educação de bom nível e uma digna oportunidade de trabalho no mercado formal, distante até mesmo de se locomover com independência na sua rua, no seu bairro, na sua cidade é angustiante ver ou imaginar um idoso ou cadeirante pegando ônibus em uma cidade como São Luís, o despreparo dos profissionais, a falta de infraestrutura dos locais e da grande maioria dos coletivos, do mesmo modo também é um desafio enfrentado pela pessoa com necessidade especial, buscar atividades relacionadas ao lazer e ao turismo que comportem suas limitações seja ela qual for. Neste Sentido, um fato que gera outras dificuldades é que na grande maioria das vezes quando se fala das “pessoas portadoras de deficiência”, comumente imagina- se somente os deficientes físicos, que andam em cadeiras de rodas ou que tem alguma limitação física, pensamento esse que tapa os olhos para outros tipos e níveis de deficiências o que deixa o serviço ainda mais precário. De acordo com o Decreto n. 3.298 de 20 de Dezembro de 1999, regulamenta a lei 7.853 de 24 de Dezembro de 1989 editada um ano após a constituição, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa portadora de Deficiência garantindo às pessoas portadoras de deficiência, Importante destacar como os termos então utilizados refletem o padrão que prevalecia naquela época para lidar com essa temática, essa “integração” que foi substituída atualmente pela “inclusão social” é relevante destacar também que a referida lei representou um avanço para a época, superando-se um período de segregação, reclusão e marginalização social das pessoas com deficiência, o acesso aos programas governamentais nas áreas de: educação, saúde, formação profissional, recursos humanos e edificações, como pode-se ver nos artigos 3º e 4º avalia a pessoa com deficiência a que se enquadra nas seguintes categorias: Deficiência física, Deficiência auditiva, Deficiência visual, Deficiência mental e 17 Deficiência múltipla. Para efeito da pesquisa consideramos apenas as definições de Deficiência física, auditiva e visual. De acordo ainda com o decreto n. 3298/99, conceitua as seguintes deficiências: I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correçãoóptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60 o ; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores (BRASIL, 1999). O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, apresenta dados socioeconômicos da população brasileira. Avaliando informações sobre cidadãos com algum tipo de deficiência, podem-se destacar as seguintes: a) o censo revelou que 45,6 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência – comparando o mesmo dado com o censo de 2003 houve aumento de 21 milhões de pessoas; b) dos deficientes que possuem ocupação, 46,4% recebem até 1 salário mínimo, já para a população sem qualquer deficiência esta parcela cai para 37,1% c) o censo revelou que a tendência para pessoas com deficiência é encerrar os estudos entre o meio e fim do ensino médio, apenas 6,7% possuem ensino superior completo – o número para pessoas sem qualquer deficiência é de 10,7% d) a situação é mais difícil para deficientes mentais e motores, 28% deste público possui renda entre meio e 1 salário mínimo, a parcela economicamente ativa do grupo não passa de 25% 18 e) o panorama para deficientes visuais é diferente, 63,7% dos homens 43,9% das mulheres têm vida economicamente ativa. Com faixa salarial se concentrando entre 1 e 2 salários mínimos f) as pessoas que possuem algum tipo de deficiência representam 23,6% da força de trabalho do Brasil, são 20,3 milhões de um total de 86,3 milhões de pessoas. No entanto cerca de 54% de pessoas com deficiência estava desocupadas ou não eram economicamente ativas g) o censo também revelou que 40,2% das pessoas com deficiência ocupadas possuíam carteira assinada, o mesmo percentual para pessoas sem qualquer deficiência era de 49,2% Corroborando com Segundo o Manual do Ministério do Turismo, Turismo e acessibilidade: manual de orientações. Define pessoa com deficiência sendo “[...] a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de algum tipo de atividade”. (BRASIL, 2006, p. 14). Sendo assim, podemos notar que as pessoas com necessidades especiais, no caso da hotelaria, os hóspedes, tem limitações diversas carecendo de acessibilidade, de boa qualidade nos serviços hoteleiros e principalmente do atendimento adequado para cada tipo de deficiência a ser suprida diante das distintas necessidades de uma delas. 2.1 Sobre o contexto normativo No Brasil houve uma grande evolução da legislação em favor dos indivíduos com deficiência afim de garantia de seus direitos. Nesse sentido o texto constitucional de 1988 definiu diretrizes gerais e garantiu direitos que, na maioria dos casos, dependeriam de legislação posterior para sua regulamentação, pretendendo promover eficazmente a inclusão das pessoas portadoras de deficiência na escola, na família e na sociedade, o exemplo é a cota para as universidades e para os concursos públicos. Segundo Villatore (2000, p. 56), “[...] a partir de 1948 quando a ONU decretou a declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os homens passaram a ser considerados iguais”. Esses direitos dizem respeito ao idêntico atendimento às 19 necessidades fundamentais de uma pessoa e surgem como uma regra de precisão de todos os estabelecimentos privados e vias públicas. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, os tratados e convenções específicos e a legislação criada no país para implementar políticas que atendam às exigências de tratados internacionais constituem as fontes das garantias de realização dos direitos humanos a todos os cidadãos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012). Nesse cenário, a partir da promulgação da Constituição de 1988, multiplicam-se no Brasil legislações e normas para a promoção dos direitos das pessoas com deficiência e das com mobilidade reduzida, que preveem a acessibilidade ao meio físico, à informação, à comunicação e ao transporte. O manual de turismo e acessibilidade feito pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2006) traz algumas leis, decretos e regras da ABNT a despeito da melhor acessibilidade para os portadores de deficiência e/ou mobilidade reduzida, conforme Quadro 1 abaixo: Quadro 1 – Leis , Decretos e Normas Técnicas DOCUMENTO EMENTA Lei nº. 10.048, de 08 de novembro de 2000 Dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e dá outras providências. Lei nº. 10.098, de 19 de dezembro de 2000 Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003 Dispõe sobre o Estatuto do Idoso Lei nº. 11.126, de 27 de junho de 2005 Dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhado de cão-guia. Decreto nº. 5.626, de 22 de dezembro de 2005 Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Decreto nº. 5.296, de 02 de dezembro de 2004 Regulamenta a Lei nº 10.048/2000, que dá prioridade e atendimento às pessoas e a Lei nº 10.098/2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006 Regulamenta a Lei nº 11.126, de 27 de junho de 2005, que dispõe sobre o direito da pessoa com deficiência visual de ingressar e permanecer em ambientes de uso coletivo acompanhada de cão-guia e dá outras providências. NBR 9050:2004 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos NBR 14022:1998 Acessibilidade à pessoa com deficiência em ônibus e trólebus, para atendimento urbano e intermunicipal. NBR 14273:1999 Acessibilidade da pessoa com deficiência no transporte aéreo comercial. NBR 13994:2000 Elevadores de passageiros - elevadores para transporte de pessoa com deficiência. NBR 15320:2005 Acessibilidade à pessoa com deficiência no transporte rodoviário. NBR 14021:2005 Transporte - Acessibilidade no sistema de trem urbano e 20 metropolitano. NBR 15250:2005 Acessibilidade em caixa de auto- atendimento bancário. NBR 15290:2005 Acessibilidade em comunicação na televisão. Fonte: BRASIL (2006). Existem outras diversas leis infraconstitucionais voltadas à realização da inclusão de pessoas portadoras de deficiência na escola, na família e na sociedade como um todo, como por exemplo a Lei nº 8.160, de 08 de janeiro de 1991 que obriga a colocação do “símbolo internacional de surdez” em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por pessoas portadoras de deficiência auditiva; Na era digital em que vivemos a informação é muito mais acessível e quase tudo está na “rede” ao alcance das mãos e dos olhos, logo, pode-se consultar uma lei ou denunciar a falta de cumprimento desta pelo notebook, tablet e até mesmo pelo celular, basta usar a internet para fazer um boletim de ocorrência online por exemplo. O fato é que com tantas facilidades seja na hora de denunciar o descumprimento de leis, ou como na hora de procurar lugares como hotéis, pousadas ou restaurantes, o cliente sabe que há necessidade de um atendimento especial, que este é legalmente amparado e que não ficará calado ou passivo diante de qualquer desrespeito, irá onde ele sabe que sua limitação não será um obstáculo e que suas necessidades serãosatisfeitas. Contudo, segundo Fávero (2006, p. 165), bastariam os dispositivos constitucionais relacionados ao tema para que as pessoas com deficiência fossem efetivamente incluídas na sociedade. O que se vê sem sombra de dúvida é a falta de políticas públicas que esclareçam e conscientizem a população, no geral, desses direitos e garantias. A ausência de uma educação social faz com que todas essas normas e leis sejam vista como obrigações, uma coação e como tal feita de má vontade, quando na verdade deveriam ser vistas como um dever de cidadãos. O IBGE divulgou um quadro reproduzido na cartilha de pessoas com deficiência nos estados brasileiros com pelo menos uma das deficiências investigadas, visual, auditiva e motora – censo 2010 – população residente e proporção. 21 Quadro 2 – População residente com alguma deficiência LOCAL POPULAÇÃO RESIDENTE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (%) Brasil 45 623 910 23,92% Rondônia 345 411 162 22,11% Acre 165 823 22,61% Amazonas 791 162 22,71% Roraima 95 774 21,26% Pará 1 791 299 23,63% Amapá 158 749 23,71% Tocantins 307 350 22,22% Maranhão 1 641 404 24,97% Piauí 860 430 27,59% Ceará 2 340 150 27,69% Rio Grande do Norte 882 681 27,86% Paraíba 1 045 631 27,76% Pernambuco 2 426 106 27,58% Alagoas 859 515 27,54% Sergipe 518 901 25,09% Bahia 3 558 895 25,39% Minas Gerais 4 432 456 22,62% Espírito Santo 824 095 23,45% Rio de Janeiro 3 900 870 24,40% São Paulo 9 349 553 22,66% Paraná 2 283 022 21,86% Santa Catarina 1 331 445 21,31% Rio Grande do Sul 2 549 691 23,84% Mato Grosso do Sul 526 672 21,51% Mato Grosso 669 010 22,04% Goiás 1 393 540 23,21% Distrito Federal 574 275 22,34% Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012). A Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) mostra também na referida cartilha, entre outros dados, como a geografia – física, social e econômica – afeta as pessoas com deficiência. O lugar onde a pessoa nasce e se desenvolve tem grande influência na sua qualidade de vida, na realização de suas aspirações e na participação plena em suas comunidades. No Censo de 2010 o IBGE pesquisou a situação do entorno dos domicílios brasileiros. Este é um tema importante para as pessoas com deficiência porque elas precisam circular, diariamente, pelas suas cidades, calçadas, ruas, além dos prédios onde estão os serviços, trabalho e lazer. Os resultados mostraram um ambiente facilitador para a mobilidade das pessoas com deficiência. Em cada face de quadra foram observados os seguintes itens: Meio fio / guia; Calçada / passeio e, Rampa para cadeirante. Os dados mostram que somente 5,4% dos domicílios brasileiros possuíam rampas, 5,8% dos quais nas faces de quadras de moradias adequadas; 1,9% em moradias semiadequadas e, 0,2% em moradias inadequadas. O item Calçada / passeio estava presente no entorno de 80% 22 das moradias adequadas, 43% nas semiadequadas e em somente 9% das inadequadas. Meio fio / guia foi encontrado em 86,1% das moradias adequadas, 55,6% nas semiadequadas e14, 1% nas inadequadas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2012). Com esses resultados partimos para pesquisar no setor hoteleiro da Avenida Litorânea situada na cidade de São Luís capital do estado onde aparece no censo com 1 641 404 cerca de 24,97% de deficientes. 23 3 HOTELARIA E ACESSIBILIDADE Muito já se falou do termo acessibilidade, mas o que é Acessibilidade? De acordo com Goulart (2007) o conceito de acessibilidade para a pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida traduz a: [...] condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte, dos dispositivos e meios de comunicação e informação (GOULART, 2007, p. 32). De acordo com o Ministério de Turismo (BRASIL, 2006), a acessibilidade é a condição básica para que uma pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida possa utilizar com segurança e autonomia, seja ela assistida ou não, de espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, edificações, transportes e meios de comunicação. Dentre estes espaços e equipamentos urbanos encontram-se os hotéis, restaurantes, bares, entre outros. Onde a preocupação em adequar-se e adaptar-se para receber esses clientes estão cada vez mais forte. A grande maioria dos hotéis brasileiros se preocupa com ações de sustentabilidade, porém não investem na acessibilidade para receber hóspedes com deficiência o que pode representar um diferencial competitivo e um grande reforço de marca e imagem. Segundo reportagem da Revista Hotéis, A maioria absoluta dos hotéis brasileiros ainda não se conscientizou da importância que é adequar o empreendimento para atender este público, seja ele cadeirante, cego, surdo, mudo ou mesmo uma pessoa com problema de locomoção na terceira idade. Para atender a legislação e tentar agradar aos hóspedes, a grande maioria dos hotéis reservam uma pequena parte do número de apartamentos para deficientes, colocam algumas barras de apoio no banheiro e acreditam que o problema está resolvido. Uma unidade habitacional não fica acessível e dentro da lei por ter um banheiro adaptado apenas. Outras condições são necessárias. Um alarme de emergência nos banheiros se faz tão importante quanto uma boa barra de apoio (ACESSIBILIDADE..., 2011). Notamos que antes o que tornava um hotel competitivo era o conforto e hospitalidade em receber, entretanto como tudo na vida, surgem outras necessidades e antes o que era um atrativo passou a ser obrigação, pois a necessidade agora é outra e a competitividade de um hotel está no quanto de adequações e adaptações às necessidades de seus novos e futuros hóspedes poderão desfrutar. Esses são os portadores de deficiência e/ou com limitações de 24 locomoção, como por exemplo, os idosos, que cada vez mais precisam de lazer, conforto e acessibilidade, sem mencionar que é uma população crescente mundialmente e na demanda hoteleira não é diferente já que cada vez mais estão com tempo e disposição para viagens, o poder aquisitivo desses clientes, os tornam um público capaz de manter seus anseios em cada estadia, sendo cobiçados pelas redes hoteleiras. 3.1 Sobre novo projeto ou adaptação de hotéis Segundo Castelli (2003), uma organização hoteleira pode ser entendida como sendo uma empresa que, mediante o pagamento de diárias, oferece alojamento à clientela indiscriminada. No sistema brasileiro de classificação dos meios de hospedagem, as questões de acessibilidade não têm um peso significativo, e por esse motivo não é difícil encontrar hotéis 5 (cinco) estrelas com espaços não acessíveis as necessidades dos portadores, o que distingue muitas cidades de Países desenvolvidos do Brasil. Para Goulart (2007), “[...] muitos hoteleiros interpretam a adaptação do seu meio de hospedagem como um gasto” pensamento que ao longo dos anos vem se transformando, entretanto ainda não é algo que chegue a fazer muita diferença. A falta de visão e criatividade de gestores de hotéis cega novos horizontes ao ponto do fato de que em alguns hotéis somente uma pequena modificação na disposição dos móveis, já resolveria um grande problema de acesso a determinados ambientes, essa falta de sensibilidade deixa os hotéis brasileiros e sobre tudo os maranhenses abaixo do padrão esperado. Geralmente as adaptações são criadas para gerar facilidades às pessoas com deficiência, mas que agradam também a todas as pessoas que utilizam um determinadoespaço. Uma rampa ao invés de uma escada, com certeza também será bem mais confortável para idosos, gestantes, carrinhos de bebês, crianças, malas com rodinhas e até mesmo pessoas com mobilidades reduzidas temporárias, fato que geraria conforto a todos. A NBR 9050/2004 traz algumas definições pertinentes ao trabalho: 25 I - Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. II - Acessível: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação. III - Adaptável: espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características possam ser alteradas para que se torne acessível. 3.4 adaptado: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características originais foram alteradas posteriormente para serem acessíveis. 3.5 adequado: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características foram originalmente planejadas para serem acessíveis (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). Segundo Lopes (2009) em seu artigo intitulado “Acessibilidade: o direito de ir e vir com independência”, afirma que “[...] toda e qualquer ideia ou projeto deve ter que nascer respeitando o conceito de sustentabilidade para todos. Os portadores de deficiência têm o livre direito de locomover- se”. Lopes (2009, p. 1) diz ainda: [...] a eliminação dessas barreiras e o entendimento de que novas barreiras não devem ser construídas passará a ser uma realidade para profissionais como arquitetos, engenheiros, urbanistas, pois devemos planejar, projetar e construir levando em consideração as limitações, capacidades e necessidades que as pessoas apresentam. Assim, devemos entender de uma vez por todas que não são as pessoas que são portadoras de deficiência e sim as edificações, transportes, praças, as cidades em geral, que são planejados e projetados com conceitos ultrapassados, ineficientes para o uso do homem (eu, você, todos). Portanto se faz de suma importância que o termo Acessibilidade seja realmente praticado, pois os portadores de deficiência precisam continuar tendo uma qualidade de vida acessível como as pessoas ditas como normais mantém na sociedade. Normas e leis estão prontas para serem seguidas, só falta os empreendimentos sejam eles públicos ou privados, começarem a colocar em prática. Para definir com detalhes de como deveriam ser os meios de hospedagens adaptados, a Empresa Brasileira de Turismo, atual Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR) lançou em 1999 o Manual de recepção e acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência a empreendimentos e equipamentos turísticos, que embora não seja obrigatória a sua utilização, o manual mostra as adaptações que devem ser feitas nos projetos hoteleiros. Segundo o documento os hotéis que proverem alojamento e acomodações, e em muitos casos, restaurantes, sala de reuniões, de áreas de lazer, são os empreendimentos que mais precisam de 26 adaptações para a acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência. Essas adaptações previstas no manual compreendem áreas de circulações como: portarias, recepção, UH´s, sanitários, áreas de eventos, entre outros. O manual sugere ainda as seguintes adaptações que vão desde o piso até a sinalização: 3.1.1 Pisos Segundo o manual as áreas de acesso e circulações devem possuir superfície regular, firme, estável e antiderrapante, sobe qualquer condição climática, admitindo-se inclinação transversal da superfície de até 2%. Para facilitar a identificação do percurso pelas pessoas portadoras de deficiência sensorial visual, é recomendado a utilização de faixas de piso com textura e cor diferenciadas. As juntas de dilatação e grelhas devem ser embutidas no piso, transversalmente à direção do movimento e, preferencialmente, instaladas fora do fluxo principal de circulação. Os capachos e forrações devem ser embutidos no piso e nivelados de maneira que a sobrelevação não exceda 1,5 cm. As forrações devem ter as bordas firmemente fixadas ao piso e devem ser aplicadas de maneira a evitar eventual enrugamento de sua superfície. Os hotéis devem possuir áreas para circulação de cadeiras de rodas, com dimensões que assegurem uma faixa de circulação livre de barreiras ou obstáculos de modo a permitir os diversos tipos de deslocamento, 0,80 m para circulação de uma cadeira de rodas, 1,20 para circulação simultânea de uma pessoa e uma cadeira de rodas e 1,50 m para circulação simultânea de duas cadeiras de rodas. São necessárias áreas mínimas para manobra de rotação sem deslocamento, 1,20 x 1,20 para rotação de 90°, 1,50x1,50 para rotação de 180° e um círculo de 1,50 m de diâmetro para rotação de 360°. Para manobras de rotação com deslocamento o manual recomenda que a área ideal deve ser definida em função do raio necessário para efetuar a rotação, de modo a permitir a passagem por corredores de diferentes dimensões. O manual recomenda a existência de uma área de descanso fora do fluxo de circulação a cada 60 m para piso com até 3% de inclinação ou a cada 30m para piso com 3 a 5% de inclinação. 27 As rampas devem obedecer aos limites estabelecidos na tabela abaixo, sendo que sua inclinação transversal deve ser, no máximo, de 2%. A largura mínima admissível para as rampas é de 1,20, sendo recomendável 1,50 m. As rampas curvas devem ter inclinação máxima de 8,33% e raio mínimo de 3m, medidos no perímetro interno à curva. Segundo o manual os patamares devem estar disponíveis no início e término da rampa, medindo no mínimo, 1,20 m na direção do movimento, além da área de circulação adjacente. Os patamares externos devem ter inclinação transversal, no máximo, 2%. As Gulas de balizamentos devem ser previstas bordas laterais, em forma de ressalto, com altura mínima de 5 cm para a orientação e proteção dos portadores de deficiência. Nos degraus e escada fixas não devem ser utilizados espelhos vazados ou com o piso saliente em relação ao espelho (bocel) nas áreas de circulação do fluxo principal. Os espelhos de degraus isolados devem ser superior a 15 cm e inferior a 18 cm. As dimensões dos pisos e espelhos devem ser constantes em toda a escada. É permitida a inclinação transversal de até 2% e largura mínima de 1,20 m para as escadas fixas. O primeiro e último degraus de um lance de escadas devem distar, pelo menos, 0,30 m de área de circulação adjacente. Os patamares devem estar disponíveis na proporção de 1 a cada 3,20 m de desnível e sempre que houve mudança de direção. É obrigatória a instalação de corrimão e guarda-corpo nos dois lados das rampas e escadas fixas, devendo ser construídos com materiais rígidos, firmemente fixados às paredes ou barras de suporte, oferecendo condições seguras para sua utilização. 3.1.2 Equipamentos eletromecânicos de circulação As portas devem possuir vão livre mínimo de 0,80 m, inclusive os dos elevadores, ausência de esforço superior a 35,61N para puxa-la ou empurra-la, abertura em único movimento, com maçanetas do tipo alavanca; revestimentos resistente a impactos provocados por bengalas, muletas e cadeiras de rodas (pelos menos na sua parte inferior até uma altura mínima de 0,40 m). 28 a) Características específicas: Portas de sanitários com barra horizontal; Portas localizadas junto ao patamarcom previsão de vestíbulo de, no mínimo, 1,50 m de largura por 1,20 m de comprimento, além da área de abertura da porta de largura por 1,20m de comprimento, além da área de abertura da porta; Portas localizadas em áreas confinadas ou em meio à circulação com um espaço mínimo de 0,60 m, contíguo ao vão de abertura; Portas de vaivém com visor localizado no lado oposto às dobradiças, de largura mínima de 0,20 m, com sua face inferior situada entre 0,40 m e o 0,90 m de piso e a face superior no mínimo a 1,50 m; Portas de correr com trilho ou guias inferiores que não projetam acima da superfície do piso; Previsão de outro acesso sinalizado sempre que houver barreiras e obstáculos, do tipo portas giratórias, catracas, etc. 3.1.8 Janelas As janelas devem situar-se em altura acessível ao alcance visual de pessoas em cadeiras de rodas, de modo que cada uma das suas folhas possa ser aberta com um único movimento e um mínimo de esforço. Os comandos e trincos devem ser do tipo de alavanca, situando-se na altura do limite de ação e alcance manual do portador de deficiência. 3.1.9 Portaria/Recepção/Atendimento Devem possuir balcões de atendimento automáticos ou prever o rebaixamento de uma parte do balcão a uma altura livre mínima de 0,70 do piso, que permita a aproximação frontal de pelo menos uma cadeira de rodas, possibilitando ainda o atendimento a pessoas idosas, gestantes e de baixa estatura, que precisam sentar para preencher fichas e cheques. Esse trecho deve ser sinalizado com o 29 Símbolo Internacional de Acesso e deve dispor sempre de uma cadeira próxima para utilização das pessoas anteriormente referidas. 3.1.10 Quartos de dormir dos apartamentos de meio de hospedagem Um quarto confortável para pessoas em cadeira de rodas deve permitir a rotação completa (360°) desse equipamentos, dispondo, para esse fim, de um círculo com 1,50 m de diâmetro. Todos os comandos de aparelhos, interruptores e tomadas devem estar dentro da altura de acessibilidade do portador de deficiência. As camas, poltronas, cadeiras e bancos devem ser providos de encosto e ter uma altura um pouco menor que a do assento da cadeira de rodas, cerca de 0,46 de altura do piso, preferencialmente com espaço livre ou reentrância na parte inferior. Os armários devem ter sua parte inferior instalada a 0,30 m do piso, deixando o espaço abaixo livre de qualquer saliência ou obstáculo, de modo a permitir a aproximação frontal. A altura máxima para a utilização do armário deve ser de 1,20 m a partir do piso. Os puxadores e fechaduras devem estar na faixa de conforto de 0,80m a 1,00 m de altura do solo. 3.1.11 Sanitários As áreas sociais devem situar-se em locais acessíveis, próximos à circulação principal, devidamente sinalizados, com, no mínimo, 5% do total de cada peça adequado ao uso de portador de deficiência ambulatória ou, em caso de sanitários menores, com uma unidade de cada peça adequada a esse fim. Essas disposições aplicam-se tanto ao sanitário masculino quanto no feminino. Os sanitários devem ter características específicas que facilitem a manobra, áreas de aproximação e transferência, permitindo a utilização da peça sanitária pelo portador de deficiência, mediante, respectivamente, a transposição da pessoa para a peça ou a chega junto à mesma, para dela fazer uso. Devem ter dimensões de 1,10 m por 0,80 e estar situados frontal ou lateralmente à peça. 30 São necessárias barras sanitárias para apoio e transferência do portador de deficiência, barras horizontais localizadas na lateral e no fundo, junto à bacia, fixadas a 0,30 m de altura em relação ao assento da bacia, dispondo de comprimento mínimo de 0,90 m e distância máxima de 0,24 m da face lateral da bacia. A barra lateral deve estar posicionada de modo a avançar 0,50 m da extremidade frontal da barra. 3.1.12 Chuveiro e ducha O boxe para chuveiro/ducha deve possuir área de transferência. O boxe deve ser provido de barra horizontal e vertical localizada na parede de encosto do banco. 3.1.8 Comunicação e sinalização O manual adota como forma de comunicação: visual, tátil e auditiva. A indicação de visual de acessibilidade às edificações e equipamentos deve ser feita por meio do Símbolo Internacional às edificações e equipamentos deve ser feita por meio do Símbolo internacional de Acesso. As cores usadas para este símbolo devem ter contraste nítido, sendo o fundo na cor Azul- escura e o pictograma brancos. O Símbolo Internacional de acesso deve ter dimensões e localização adequadas, para sua fácil visualização. Figura 1 – Símbolo Internacional de Acesso Fonte: Radar automotivo (2011). 31 A comunicação tátil é dirigida às pessoas portadoras de deficiência visual, por meio de informações em Braile e diferenças de textura e superfícies. Já a comunicação auditiva é dirigida às pessoas portadoras de deficiência visual, por meio da sinalização sonora padronizada. 3.1.9 Sinalização Nas entradas principais dos empreendimentos que tenham acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, deve existir o Símbolo Internacional de Acesso. Nas circulações que possibilitem acesso às pessoas portadoras de deficiência devem ser sinalizadas com o Símbolo Internacional de Acesso, acompanhado quando necessário, de seta indicativa do sentido de deslocamento. Os degraus, rampas e escadas fixas devem ter faixas com texturas diferenciadas, com o mínimo de 0,28m, ocupando toda a largura dos degraus, rampas e escadas fixas, localizadas antes do início e após o término da mudança de inclinação ou de plano. As rampas em passeio devem ter faixa de piso com textura diferenciada da faixa do passeio e da faixa do próprio piso. Junto às portas dos elevadores para pessoas portadoras de deficiência deve ser afixado o Símbolo Internacional de Acesso. As botoeiras e comandos devem ser acompanhados de comunicação tátil. Para um número de paradas superior a dois, deve também haver comunicação auditiva, dentro da cabine do elevador, indicando o andar onde o elevador se encontra parado. Como podemos observar, as sugestões são numerosas de adaptações e todas precisam da atenção redobrada dos arquitetos e engenheiros. 3.2 Orientações para o bem-estar das pessoas com necessidades especiais Com o aumento da procura de hospedagens por pessoas com deficiência, surgem mudanças que visam melhorar o relacionamento do meio de hospedagem para com essas pessoas, um simples balcão mais baixo em determinado espaço é um exemplo de como atender melhor uma pessoa na condição de nanismo. 32 O relacionamento harmonioso entre pessoas com diferentes hábitos, comportamentos e necessidades é algo vital para a sociedade, e compreender as necessidades específicas das outras pessoas é fundamental para o início de um relacionamento saudável e harmonioso. Todas as pessoas têm características singulares que as tornam diferentes umas das outras. As pessoas com deficiência também são diferentes, mas não mais do que qualquer cidadão, pois todo mundo é normal, diferente de todo mundo. A maior diferença é a de ser mais visível. Todas as pessoas têm direitos e deveres perante a sociedade, independentemente de sua origem, cor, crença, religião, idioma, sexo, deficiência e condição social. 3.2.1 Atendimento Adequado As pessoas com deficiência e as com mobilidade reduzida, como os idosos, exigem atitudes e atendimento harmônicos com suas necessidades, precisam ter atendimento imediato e diferenciado, as pessoas comdeficiência e as com mobilidade reduzida, segundo o Decreto nº. 5.296/2004 que regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, dá prioridade de atendimento às pessoas que especificadas, e a Lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. a) Assentos de uso preferencial sinalizados, espaços e instalações acessíveis; b) mobiliário de recepção e atendimento obrigatoriamente adaptado à altura e à condição física de pessoas em cadeira de rodas, conforme estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT; c) serviços de atendimento para pessoas com deficiência auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas capacitadas em Língua Brasileira de Sinais, Libras, e no trato com aquelas que não se comuniquem em Libras, e para pessoas surdo cegas, prestado por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas neste tipo de atendimento; d) pessoal capacitado para prestar atendimento às pessoas com deficiência visual, mental e múltipla, bem como às pessoas idosas; 33 e) disponibilidade de área especial para embarque e desembarque de pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; f) sinalização ambiental para orientação das pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida; g) divulgação, em lugar visível, do direito de atendimento prioritário das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida; h) admissão de entrada e permanência de cão-guia ou cão-guia de acompanhamento junto de pessoa com deficiência ou de treinador nos órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos bem como nas demais edificações de uso público e naquelas de uso coletivo, mediante apresentação da carteira de vacina atualizada do animal; i) locais de atendimento adequados. A pessoa com deficiência e o idoso sempre devem ser consultados sobre a melhor maneira de serem atendidos ou abordados, evitando-se, assim, constrangimentos desnecessários. No entanto, segundo o manual de turismo e acessibilidade feito pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2006) algumas recomendações ou dicas podem ajudar no dia a dia dessas pessoas: Ao falar com uma pessoa em cadeira de rodas, procure situar-se de frente e na mesma altura da pessoa, sentando-se, por exemplo, pergunte ao usuário se quer alguma ajuda, dirigindo-se sempre a ele e não ao acompanhante, se for o caso. Ao ajudar um usuário de cadeira de rodas a descer uma rampa inclinada é preferível usar a “marcha ré”, para evitar que, pela excessiva inclinação, a pessoa desequilibre e possa cair para frente. Para auxiliar a subir e descer de um meio de transporte não adaptado proceda da seguinte forma: - Coloque a cadeira de rodas freada, paralela ao veículo. Para maior segurança é conveniente a ajuda de duas pessoas: uma para segurar o tronco (axilas) e outra para segurar as pernas, logo abaixo dos joelhos - Para subir, deve-se posicionar a pessoa de costas para o degrau ou porta do veículo, conduzindo-a para o interior - Para descer, deve-se adotar o mesmo procedimento, sendo que quem segura pelas pernas deve descer primeiro, apoiado por quem segura pelo tronco (BRASIL, 2006, p. 16). O Manual de turismo e acessibilidade (BRASIL, 2006) continua ainda, nas páginas 17 e 18, com mais algumas recomendações gerais para melhor atender os PPD e/ou com mobilidade reduzida, vejamos: 34 Procure não ficar nervoso diante de uma pessoa que tem dificuldade para falar. Compreenda que o ritmo e a pronúncia dessas pessoas são distintas. Não aparente ter compreendido uma mensagem, se não a entendeu; Faça com que o surdo enxergue a boca de quem está falando. A leitura dos lábios fica impossível se for gesticulada com algo na frente ou contra a luz Fale com o tom normal de voz, a não ser que lhe peçam para levantá-la; Seja expressivo. Como os surdos não percebem as mudanças sutis do tom da voz, a maioria deles “leem” as expressões faciais, os gestos ou os movimentos do corpo para entender o que se quer comunicar; Ao desejar falar com uma pessoa surda, chame a atenção dela, seja sinalizando com a mão ou tocando-lhe o braço; Diante de dificuldade de entendimento sinta-se à vontade para pedir que a pessoa repita. Caso ainda não a entenda, peça-lhe para escrever. Caso o surdo esteja acompanhado, fale diretamente com ele. Ao dirigir-se a alguém com deficiência visual, identifique-se sempre Ao guiar uma pessoa cega: - dê-lhe o braço para que a mesma possa acompanhar seu movimento - não a deixe falando sozinha Ao conduzir um cego a uma cadeira guie a mão para o encosto, informando se a cadeira tem braços ou não. Com pessoas que possuem baixa visão (sérias dificuldades visuais) proceda com o mesmo respeito, perguntando-lhe se precisa de ajuda se notar que ela está com dificuldades. Informe à pessoa cega quando estiver passando por um obstáculo qualquer evitando assim possíveis acidentes. Ao apresentar alguém cego faça com que a pessoa apresentada fique de frente à pessoa cega, de modo que ela estenda a mão para o lado certo. Cumprimente a pessoa com deficiência mental normalmente, evitando superproteção. A pessoa com deficiência mental deve fazer sozinha tudo o que puder; ajude-a quando realmente for necessário. A deficiência mental pode ser consequência de uma doença, mas não é uma doença, é uma condição. Nunca use expressões pejorativas como doentinho e outras. (BRASIL, 2006). Podemos notar que está evidenciado que o portador de deficiência e/ou com mobilidade reduzida precisa de uma atenção especial no atendimento em quaisquer que seja o lugar, e na hotelaria principalmente, essas recomendações do Ministério do Turismo precisam ser adotadas por toda rede hoteleira do país para que esses hóspedes se sintam cada vez mais acolhido. 3.2.2 Hospitalidade inclusiva Mullins (2001, p. 33) diz que “[...] a maior característica do setor da hospitalidade é o papel desempenhado pelas pessoas e o contato direto e as interações entre a equipe de trabalho e os clientes”. A hospitalidade dentro da hotelaria pode ser entendida como um meio de melhor receber e atender, fazendo com que mesmo fora de casa eles possam se sentir em nela. Em se tratando de portadores de deficiência essa prática hospitaleira deve ser aplicada de maneira 35 especial e diferenciada atrelada com os recursos oferecidos pelo meio de hospedagem. Todavia ainda existem hotéis que não se adequaram e “excluem” os PPD da possibilidade de hospedagem. Onde ambas as partes envolvidas acabam perdendo. Quando se trata de pessoas com deficiência, geralmente se pensa em acessibilidade, principalmente para empreendimentos ou equipamentos. Entretanto o jeito como se recebe ou atende uma pessoa com deficiência, em algumas situações pode ser mais importante do que recursos materiais. Quando se trata, por exemplo, de destinos e atrativos históricos e naturais, como é o Município de São Luís, onde é inviável colocar rampas, elevadores ou realizar qualquer tipo de interferência que descaracterize o local o atendimento torna- se de suma importância. Os guias de turismo devem estar capacitados para conduzir um cadeirante, passando por ruínas históricas ou ajudando na transferência para uma calçada. Um guia também pode fazer descrições de tudo o que acontece durante um passeio, para uma pessoa com deficiência visual. Isso deve ser feito com muitos detalhes, para que ela possa entender com clareza os detalhes um objeto ou situação. E no caso de pessoas com deficiência auditiva, torna- se indispensável o guia possuirentendimento em libras. São atitudes totalmente possíveis que além de inserir o destino em um ciclo de inclusão social também tornaria o a empresa de turismo ou hotel que ofereça o serviço, mais competitiva e atrativa com um encanto a mais. Inclusão segundo Dutra (2005, p. 17) [...] é a inserção total e plena da pessoa com deficiência (e outros segmentos socialmente excluídos) na vida social, como membro ativo da sociedade. Algo que deve acontecer nas áreas de educação, trabalho, transporte, vida doméstica, religião, esporte, lazer e recreação. De acordo com essa afirmação, podemos notar que o ato de incluir trata- se de inserir na sociedade ou em um meio em particular aqueles chamados de excluídos, no nosso caso, os deficientes e/ou com mobilidade reduzida. Desse modo podemos concluir que a hospitalidade inclusiva é portando a ação de trazer e fazer a diferença na vida e no tratamento dos PPD e com mobilidade reduzida, como os idosos. É destruir as barreiras que os portadores de deficiência possuem no seu cotidiano, fortalecendo os laços do bom tratamento, da 36 educação, do respeito, e da ajuda mútua, e principalmente levando o conceito de que somos todos iguais. 37 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho visou identificar através da pesquisa qualitativa e quantitativa, além da bibliográfica, os aspectos e indicadores que caracterizam os serviços nos hotéis da Avenida Litorânea estão se adaptando para receber e atender melhor hóspedes com necessidades especiais. Santos (2006, p. 71-72) cita que: A pesquisa de natureza qualitativa é aquela que permite que o acadêmico levante dados subjetivos, bem como outros níveis de consciência da população estudada, a partir de depoimentos dos entrevistados, ou seja, informações pertinentes ao universo a ser investigado, que leve em conta a ideia de processo, de visão sistêmica, de significações e de contexto cultural. [...] A pesquisa de natureza quantitativa é a que tem por objetivo mensurar algumas variáveis, transformando os dados alcançados em ilustrações como tabelas, quadros, gráficos ou figuras. Em geral, o instrumento de levantamento de dados mais adequados a esse tipo de pesquisa é o questionário. Segundo Reis (2008, p. 57-58), A abordagem quantitativa tem como objetivos: Interpretar e dar significados aos fenômenos analisados; Descrever a complexidade de um específico problema; Analisar a interação de certas variáveis; Compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais; Possibilitar o entendimento das possibilidades do comportamento dos indivíduos; Interpretar os fenômenos. Já o método quantitativo busca pela justificação em garantir resultados, traduzindo em números as informações analisadas e dados coletados (REIS, 2008). Muito importante frisar que na pesquisa bibliográfica foi feito o levantamento da fundamentação teórica com base em autores Otto Marques da Silva e Emílio Figueira, estudiosos sobre a temática da pesquisa, por meio de livros relacionados ao tema, e análise de documentos. A pesquisa foi realizada nos hotéis: Calhau Praia Hotel, Classic Praia Hotel, L’Authentique Cristal, Litorânea Praia Hotel e Tulip Inn PraiaBella Hotel. Foram aplicados questionários para os funcionários dos hotéis citados, em diferentes setores como recepção, A&B, gerencia, reserva, escolhidos a fim de que expusessem suas opiniões quanto ao tema pesquisado. Foi feita uma abordagem direta, onde pode ser relatada a real importância das práticas de acessibilidade e hospitalidade nos serviços com qualidade para hóspedes 38 portadores de deficiências, obtendo suas percepções sobre esses serviços nos hotéis. O questionário continha (ver no APÊNDICE A), 11 (onze) questões, que facilitaram o tempo, o resultado da coleta e a análise dos dados obtidos. Inicialmente foram aplicados 75 questionários em 5 hotéis dividido 15 em cada hotel. Foram aplicados entre os dias 18 e 20 de maio de 2015. A receptividade e disponibilidade para responder os questionários foram muito boa o que tornou possível a pesquisa. Apresentaremos os resultados em duas partes: A primeira caracterizando o cenário da pesquisa, e a segunda o perfil dos funcionários entrevistados, onde teremos respostas sobre o respondente e também mais específicas sobre o assunto abordado neste trabalho. 4.1 Caracterização do cenário da pesquisa Nessa parte da pesquisa dividiremos os hotéis pesquisados por numeração, sendo de 1 a 5 no total, conforme Quadro 3: Quadro 3 – Hotéis pesquisados HOTEL NÚMERO DE UH’s UH ADAPTADA ANO DE INAUGURAÇÃO 1. Calhau Praia hotel 78 1 1998 2. Classic Praia Hotel 19 0 2006 3. L’Authentique Cristal 60 0 2008 4. Litorânea Praia Hotel 60 1 5. Tulip Inn PraiaBella Hotel 78 2 2009 Fonte: Pesquisa de campo. Maio/2015. Vejamos: 4.1.1 Hotel 1 – Calhau Praia Hotel O Calhau Praia Hotel está situado à beira-mar, diretamente na Praia da Avenida Litorânea. Dispõe de uma piscina privativa ao ar livre com vista para a praia. Os quartos do Calhau Praia são espaçosos e bem-iluminados. Todos dispõem de banheiro privativo, TV a cabo e ar-condicionado. 39 O restaurante do hotel serve um buffet de café-da-manhã e pratos regionais do Maranhão. Possui recepção 24 horas, podendo solicitar serviços de massagem no local. 4.1.2 Hotel 2 – Classic Praia Hotel Situado em frente à Praia do Calhau, o Classic Praia Hotel oferece quartos com ar-condicionado, wi-fi e estacionamento gratuitos. O hotel fica a apenas 6 km do centro histórico de São Luís, enquanto o Aeroporto Marechal Hugo da Cunha Machado fica a 14 km de distância. Todos os quartos dispõem de ar-condicionado, TV, frigobar e banheiro privativo. Além disso, todos apresentam uma decoração simples e incluem roupas de cama e toalhas de banho. O buffet de café-da-manhã situa- se na sala de refeições, que inclui uma variedade de frutas, pães, bolos e frios, além de uma seleção de bebidas quentes e frias. Nasceu como Solar da praia em 2006 e só 2 anos depois passou a ter o nome Classic Para hotel. 4.1.3 Hotel 3 – L’Authentique Cristal Inaugurado em 2008 e situado a apenas 1 quarteirão da Praia do Calhau, o L'Authentique Cristal oferece um terraço na cobertura com piscina, bar e vista panorâmica do mar. Os quartos são modernos e dispõem de uma varanda com vista para o mar e wi-fi gratuito. O Hotel também oferece academia, sauna e um restaurante que serve especialidades locais. Arejadas e bem-iluminadas, as acomodações contam com ar- condicionado, menu de travesseiros, serviço noturno de arrumação de cama e jornal local. Também incluem comodidades como TV LCD a cabo, telefone e frigobar. 40 4.1.4 Hotel 4 – Litorânea Praia Hotel O Litorânea Praia Hotel está localizado em frente à Praia do Calhau. Oferece quartos com ar-condicionado, além de wi-fi e estacionamento, ambos gratuitos. As acomodações espaçosas dispõem de ar-condicionado, frigobar, telefone, cofre e mesa de trabalho. O hotel conta com serviços de quarto e lavanderia, além de um restaurante e bar, que servem pratos de frutos do mar da região, bem como bebidas brasileiras famosas, como caipirinha. 4.1.5 Hotel 5 – Tulip Inn PraiaBella Hotel O Tulip Inn Praiabella São Luis está localizado na praia do Calhau, na Avenida Litoranea. O hotel conta com 78 quartos distribuídos em três andares. Todos os apartamentos são equipados com ar condicionado, cofre eletrônico, TV a cabo, minibar, mesa de trabalho, telefone e conexão a internet.O hotel dispõe do serviço de Cyber, estacionamento, restaurante, serviço de quarto 24 horas, piscina, academia e uma sala de eventos que pode acomodar até 120 pessoas e formato auditório. 4.2 Caracterização dos participantes da pesquisa ]Nessa parte da pesquisa, iremos detalhar as questões sobre o respondente (funcionário). Mostraremos os resultados de cada hotel, sendo caracterizado em: Hotel 1, Hotel 2, Hotel 3, Hotel 4 e Hotel 5. Quanto as perguntas sobre o respondente, veremos as tabelas abaixo: Quadro 4 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 1 SEXO FORMAÇÃO TEMPO DE EMPRESA CARGO Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Superior Incompleto Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Superior Incompleto Mais de 1 ano Recepcionista Masculino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Superior Mais de 1 ano Organizadora de eventos Feminino Superior Mais de 1 ano Agente de Reserva Feminino Superior Mais de 1 ano Ger. de Recepção 41 Feminino Médio Mais de 1 ano Garçom Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Feminino Médio Menos de 1 ano Garçonete Masculino Médio Menos de 1 ano Garçom Fonte: Pesquisa de campo. Maio/2015. Nota-se que no hotel 1, 86% feminino e 14% do sexo masculino, Em relação a escolaridade, percebemos que 57% possuindo ensino médio, 29% ensino superior completo e 14% incompleto, Com relação a tempo de trabalho vemos 86% que já atuam mais de 1 ano e 14% menos de 1 ano, em relação ao tempo de serviço 38% de garçonetes/garçons, 23% de recepcionistas, 23% de camareiras, 8% de organizadora de eventos e 8% de gerente de recepção. Quadro 5 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 2 SEXO FORMAÇÃO TEMPO DE EMPRESA CARGO Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Médio Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Médio Mais de 1 ano Cozinheira Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Masculino Médio Mais de 1 ano Recepcionista Masculino Superior Mais de 1 ano Gerente Masculino Médio Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Médio Mais de 1 ano Cozinheira Fonte: Pesquisa de campo. Maio/2015. No Hotel 2, são 85% feminino e 15% masculino, sobre o nível de escolaridade é possível observar que 93% com ensino médio e 7% com ensino superior, já em relação ao tempo de serviço nota-se que 100% dos funcionários trabalham a mais de 1 ano no hotel, quanto aos cargos serão 36% de camareiras, 29% de recepcionistas, 14% de cozinheiras, 14% de garçonetes/garçons e 7% de gerentes. Quadro 6 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 3 SEXO FORMAÇÃO TEMPO DE EMPRESA CARGO Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Feminino Médio Mais de 1 ano Cozinheira Feminino Superior Mais de 1 ano Agente de reservas 42 Feminino Superior Mais de 1 ano Reservas Masculino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Masculino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Masculino Médio Mais de 1 ano Garçom Masculino Médio Mais de 1 ano Garçom Masculino Médio Mais de 1 ano Garçom Fonte: Pesquisa de campo. Maio/2015. No Hotel 3, o gênero predominante é feminino com 67% e masculino com 33%, já em relação ao tempo de serviço nota-se que 100% dos funcionários trabalham a mais de 1 ano no hotel, veremos que em relação ao nível escolar que são 67% com ensino médio e 33% com ensino superior. sobre os cargos teremos 33% de garçonetes/garçons, 27% de camareiras, 20% de recepcionistas, 7% de agentes de reservas, 7% de reservas e 6% de cozinheiras. Quadro 7 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 4 SEXO FORMAÇÃO TEMPO DE EMPRESA CARGO Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Camareira Feminino Médio Mais de 1 ano Cozinheira Feminino Médio Mais de 1 ano Cozinheira Feminino Médio Mais de 1 ano Garçonete Feminino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Feminino Superior Mais de 1 ano Agente de reservas Masculino Superior Mais de 1 ano Agente de reservas Masculino Médio Mais de 1 ano Garçom Masculino Médio Mais de 1 ano Garçom Masculino Superior Mais de 1 ano Recepcionista Fonte: Pesquisa de campo. Maio/2015. No Hotel 4, sobre o gênero são 73% feminino e 27% masculino, 100% dos funcionários trabalham a mais de 1 ano no hotel, é possível observar também que serão 60% com ensino médio e 40% com ensino superior, sobre os cargos serão 27% de camareiras, 27% de recepcionistas, 20% de garçonetes/garçons, 13% de cozinheiras e 13% de agente de reservas. 43 Quadro 8 – Caracterização de funcionários entrevistados do Hotel 5 SEXO FORMAÇÃO TEMPO DE EMPRESA CARGO Masculino Nível médio Menos de um ano Mensageiro Masculino Nível médio Mais de um ano Mensageiro Masculino Nível médio Mais de um ano Recepcionista Masculino Nível médio Mais de um ano Recepcionista Masculino Nível médio Mais de um ano Recepcionista Masculino Nível médio Mais de um ano Zelador Masculino Nível fundamental Mais de um ano Zelador Masculino Nível médio Mais de um ano Garçom Masculino Nível médio Mais de um ano Garçom Feminino Nível médio Mais de um ano Camareira Feminino Nível médio Mais de um ano Camareira Feminino Nível médio Mais de um ano Camareira Feminino Nível médio Mais de um ano Garçonete Feminino Nível médio Mais de um ano Garçonete Feminino Nível médio Menos de um ano Camareira Fonte: Pesquisa de campo. Maio/2015. E no Hotel 5, muda um pouco, pois são 60% masculino e 40% feminino, teremos 93% com ensino médio e 7% com ensino fundamental, Ainda teremos, 87% com mais de 1 ano e 13% com menos de 1 ano, constata-se ainda que 28% são de recepcionistas, 18% de camareiras, garçonetes/garçons, mensageiros e zeladores respectivamente com a mesma porcentagem. Percebemos, que nos 05 hotéis, a maioria dos funcionários são do gênero feminino, possuindo ensino médio, com mais de 1 ano na função e variando bastante de cargo, onde podemos encontrar maioria de camareiras, recepcionistas e garçonetes/garçons. 44 5 A ADAPTAÇÃO DOS HOTÉIS DA AVENIDA LITORÂNEA PARA PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Nesta parte apresentamos os resultados mais específicos da pesquisa, subdividido na percepção dos funcionários e a oferta acessível: Analise e discussão dos resultados. A importância dessa pesquisa relaciona-se em conhecer se as normas de acessibilidade em hotéis estão sendo praticadas nos hotéis da Av. Litorânea, assim como, conhecer as necessidades e expectativas dos funcionários quanto ao atendimento para os hóspedes PPD. Para expor de forma clara e organizada os resultados encontrados na pesquisa, estes serão apresentados em forma de porcentagens. Os hotéis participantes da pesquisa estão localizados na Avenida Litorânea, mais precisamente na orla da Praia do Calhau.
Compartilhar