Buscar

Fatos juridicos - matéria P2 - Lazzarini

Prévia do material em texto

FATOS JURÍDICOS – PROVA 2
DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO: Vícios de consentimento
Erro: é a ideia falsa da realidade, ou seja, é a incorreta interpretação de um fato.
Ignorância: é um nada a respeito do fato, isto é, é o completo desconhecimento da realidade. 
São tratados igualmente pelo código (Art. 130 a 144), mas são diferentes!!
ESPÉCIES DE ERRO.
Substancial ou essencial: contrapõe-se ao acidental. É o erro que tem papel decisivo na determinação da vontade do declarante, ou seja, recai sob circunstâncias relevantes do negócio jurídico. Tratado no art. 138, que leva a anulabilidade do negócio. “São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.”
Características segundo o art. 139: 
Erro sob a natureza do negócio (Error in negotio): o que interessa é a natureza do próprio negócio. O declarante pretende praticar um ato, mas pratica outro. Ex.: empréstimo e um bem, com a ideia de que haverá devolução do mesmo, mas não há. 
Erro sob o objeto principal (Error in corpori): incide sob a identidade do objeto. Ex.: A pessoa compra uma casa pensando que fica na cidade, mas é de campo. 
Erro sob alguma das qualidades essenciais do objeto (Error in substancia ou in qualitate): este erro ocorre quando recai sob uma das qualidades essenciais do objeto principal (objeto determinante do negócio jurídico). Ex.: A pessoa adquire um candelabro prateado pensando que era prata. Ou compra um quadro e descobre que era uma cópia. 
Erro quanto a identidade ou qualidade da pessoa a quem se refere a declaração de vontade (Error in persona): ocorre quando o negócio jurídico é feito em relação da pessoa (quando o negócio jurídico é feito intuitu persona). Ex.: O doador pensa que o donatário é seu filho natural (e não é). Nesse caso, o erro somente será considerado essencial quando realmente não se tem como apurar quem a pessoa realmente é. Podendo a pessoa ser identificada, o erro será ACIDENTAL. 
Erro de direito (Error juris): é a falsa ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica. É admitido como defeito do negócio quando este é realizado por pessoa que não tinha a intenção de descumprir a lei. (Art. 139, III, CC)
Obs.: Erro de fato: quando recai sobre qualquer elemento ou circunstância do negócio jurídico (pessoa, objeto, qualidade).
Diferença entre erro substancial e vício redibitório: o vício redibitório é o defeito oculto em um bem. Ele tem fundamento na obrigação do vendedor assegurar que entrega o bem sem defeitos. Também é o dever de garantir ao adquirente o uso da coisa. É objetivo, existe na coisa. O erro substancial é subjetivo, se referindo à manifestação da vontade (comprar um Apple pensando que era Samsung)
Acidental: é o que recai sob motivos e qualidades secundárias do objeto ou da pessoa, sem alterar a validade do negócio jurídico. Em outras palavras, são circunstâncias com importância menor que não desfazem o negócio. 
Escusável (art 138 – negócio jurídico anulável): o erro deve ser escusável, ou seja, justificável, desculpável. Entretanto, não se pode eixar de considerar a questão do ponto de vista do Declaratário. Em especial, com a finalidade de se verificar se ele não colaborou com o erro do declarante. 
Teoria da cognoscibilidade: essa, e não a da escusabilidade, que deve ser adotada. Para quem a adota, para que o erro seja um vício de consentimento, exige-se que o erro seja passível de reconhecimento da outra parte. Assim, o importante é perceber se o Declaratário tinha ou não condições de detectar oerro e de avisar o declarante de sua ideia equivocada. Decorre da teoria da confiança, fundada na boa-fé objetiva e na probidade, decorrentes do princípio da Eticidade.
Real: o erro tem que ser real, que cause efeito prejuízo ao interessado, para anular o negócio jurídico. Não há ato ilícito sem danos.
Erros: 
Falso motivo ou falsa causa: anulação. Art. 140: O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. 
Transmissão errônea de vontade: transmissão errônea por meios interpostos (mensageiro, por exemplo, passa a informação errada por engano. Mensagem truncada.). Interposto é diferente de representante. Art. 141: A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
De cálculo: apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Pode ser substancial ou acidental. (Art. 143).
Convalescimento do erro (art. 144): pode-se corrigir o erro entregando o que se queria. (Se o erro pode ser corrigido, ele pode convalescer). 
Interesse negativo: não é a ausência de interesse. Não está previsto no código civil, porém decorre do princípio da boa-fé. (Uma pessoa que não quer que o negócio jurídico seja desfeito por constituir prejuízo a ela. Prejuízo por uma decisão jurídica da qual ela não participou). 
DOLO (Art.145 a 150): é o artificio, a artimanha, a sugestão, ou a manobra maliciosa de uma parte com a finalidade de conseguir da outra parte (o destinatário da encenação) que emita uma vontade que traga proveito à parte que age com o artificio ou à terceiro. É o ato de enganar.
O dolo induz o Declaratário a se equivocar, o erro é espontâneo – o vício decorre da própria convicção do agente.
Dolo CIVIL é diferente de Dolo CRIMINAL: o civil é todo artificio para enganar alguém, gera a anulabilidade do negócio jurídico e eventualmente pode concretizar crime. O criminal tem como intenção praticar um ato contrário a lei. 
REQUISITOS
Intenção de induzir o declarante a praticar um negócio jurídico, portando o dolo deve ser essencial, ou seja, deve existir a intenção de enganar. 
Utilização de recursos fraudulentos graves, ou seja, o dolo deve ser grave e a gravidade deve ser analisada caso a caso. 
Há necessidade que esses artifícios sejam causa determinante da declaração de vontade. Em outro sentido, o dolo deve ser a causa da realização do negócio. 
Que procedem do outro contratante, ou sejam por estes conhecidos como procedente de terceiros. Em outras palavras, o dolo deve ter origem no declarante ou em terceira pessoa, se se tem conhecimento disto.
ESPÉCIES
Principal ou essencial (ou causal): art. 145, cc: São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. Anula o negócio jurídico. “Se eu não tivesse sido enganado, não teria feito o negócio”. 
Acidental (ou incidente): art. 146, cc: O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. Tem-se a intenção de enganar, mas não é a causa do negócio jurídico. “Eu iria fazer o negócio jurídico de qualquer jeito”. O negócio não será desfeito, mas há direito de indenização.
Bonus: leva-se em consideração a intensidade do dolo. Há uma menor intensidade no Bonus e o dolo é tolerado. Utilizado no comércio. Ex.: mentir para a cliente que o vestido está bom. 
Malus: dolo de intensa gravidade e, por isso, ele não é tolerado. Tem efetiva intenção de enganar. Vicia o consentimento porque tem a intenção de prejudicar. 
Positivo (ou comissivo. Decorre da ação): quando existem expedientes enganatórios destinados a induzir o erro.
Negativo (ou omissivo): é a reticência, a ausência maliciosa de ação para dar falsa ideia ao Declaratário. A omissão dolosa contraria o dever de informar. Art.147: Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado e art.180: O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. 
De terceiro: art. 148, cc: Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesseter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. O dolo de estranho vicia o negócio, se, sendo principal, era conhecido de uma das partes e esta não advertiu a outra, porque, neste caso, aceitou a maquinação, dela se tornou cumplice, e responde por sua má-fé. 
De representante: art. 149, cc: O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Representante age como se fosse o representado, por isso não é considerado terceiro. 
Bilateral: art. 150, cc: se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. As duas partes agiram com má-fé. 
Dolo de aproveitamento (lesão): art. 157, cc: ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Ocorre quando alguém se aproveita da necessidade premente do outro. 
COAÇÃO (Art. 151 a 155, CC): na coação, a manifestação de vontade deixa de ser espontânea. É toda ameaça ou pressão injusta exercida sobre um indivíduo para força-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio.
Absoluta (ou física): a vontade é totalmente tolhida, ou seja, na coação absoluta não há qualquer consentimento ou manifestação de vontade. 
Relativa (ou moral): é essa que caracteriza o vício de consentimento, pois com maior ou menor intensidade há a escolha do coacto. Torna o negócio jurídico anulável. Ou seja, a vontade do agente é somente restringida, não totalmente excluída. Art. 171, II, CC: é anulável o n.j. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Essencial (ou principal): ocorre quando ela é determinante no negócio jurídico, ela, quando causa determinante, justifica a anulação do negócio.
Acidental: quando influencia apenas nas condições do negócio. Iria fazer o negócio de qualquer jeito, mas fui induzido a pagar 200 e não 100 reais. 
REQUISITOS
Essencialidade: a coação deve ser determinante para o negócio, ou seja, o negócio jurídico só foi realizado em razão da ameaça.
Gravidade: a coação deve ser grave, ou seja, deve ter força suficiente para gerar o medo do mal cominado. Art. 152, cc: no apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Injustiça ou Ilicitude da ameaça: art. 153, cc: Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Dano atual ou iminente: a ameaça de um mal impossível, remoto ou evitável não constitui coação.
Ameaça de prejuízo a pessoas ou bens: se não haverá prejuízo, não há coação.
Coação tratada ou exercida por terceiros (art. 154: Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos e art. 155: Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.): Enquanto “um” faz negócio com “outro”, um terceiro coage o “outro”. 
ESTADO DE PERIGO (Art. 156: Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.) É a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva. 
Ex.: Estou desesperada, não sei se vou morrer, e aceito pagar um valor maior do que o normal por uma consulta médica. Por a pessoa estar em estado de extrema necessidade, aceita um contrato extremamente oneroso. 
ESTADO DE PERIGO (afeta a declaração de vontade do contratante que tem a sua liberdade de manifestação reduzida pelo temor do grave dano) X ESTADO DE NECESSIDADE (excludente de responsabilidade – Art. 188)
ESTADO DE PERIGO (o elemento objetivo é relevante, ou seja, o contrato é celebrado em condições excessivamente onerosas ou abusivas. Há um desequilíbrio entre as condições) X COAÇÃO (o elemento subjetivo que é relevante, pois aqui o que se considera é a manifestação de vontade declarada, que não corresponde à vontade real. As condições do negócio não têm relevância)
ELEMENTOS do Estado de Perigo
Situação de necessidade: a pessoa tem a necessidade de se salvar, ou de salvar alguém de sua família. 
Iminência de dano atual e grave: o perigo deve ser atual, capaz de gerar consequências desde logo. Se o perigo não for atual a parte pode afastar as consequências. Com relação à gravidade, tem que analisar um caso concreto. 
Nexo de causalidade entre a declaração de vontade e o perigo de grave dano: a vontade é distorcida pelo perigo de dano. O dano não precisa ser inevitável, mas há necessidade que a pessoa pense ou acredite que ele vá ocorrer se ela não atender a vontade da outra parte. 
Incidência da ameaça do dano sobre a pessoa do próprio declarante, de sua família ou, eventualmente, terceira pessoa.
Conhecimento da outra parte: a outra parte tem conhecimento do perigo e dele se aproveita.
Assunção de obrigação excessivamente onerosa: é a desproporcionalidade da obrigação que causa um grande desequilíbrio contratual. É o enorme sacrifício econômico do devedor para cumprir a obrigação, colocando, até, o seu patrimônio em risco. 
Art. 178, II: negócio jurídico feito mediante Estado de Perigo é anulável e seu prazo, para pedir a anulação, é de 4 anos. Se a outra parte está de má-fé anula-se o negócio, todavia, se o serviço foi prestado, pode ser alegado o enriquecimento sem causa. (Deve-se pagar o valor que deveria ter sido pago desde o início.
INSTITUTO DA LESÃO (Art. 157, CC: Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta)
Lesão é o prejuízo que um contratante experimenta em contrato comutativo quando não recebe da outra parte valor igual ou proporcional ao da prestação que forneceu. 
Contrato aleatório: Não se aplica o instituto da lesão. Reconhece-se a lesão quando o risco for além do normal. Esse contrato é aquele em que há o risco, em que há a extensão indeterminada da prestação. 
ELEMENTOS (Objetivo e Subjetivo)
Objetivo: é o lucro exagerado pela desproporção das prestações recíprocas. Essa desproporcionalidade deve ser verificada no momento do negócio. Se ela vem ocorrer por fato futuro, não se aplica o instituto da lesão. Art 157, 1º: Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
Subjetivo (dolo de aproveitamento): aproveitamento da inexperiência ou da premente necessidade do lesado. 
Inexperiência: não significa falta de cultura, pois qualquer um pode não ter o conhecimento apropriado para o tipo de transação realizada. Lei 1521, art. 4, b: obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou prometida. Inexperiência deve ser vista com cautela, pois se ultrapassar os limites razoáveis, há leviandade.
Necessidade do lesado: necessidade contratual, ou seja, a impossibilidade de evitar o contrato. Na caracterização da necessidade é irrelevante a situação financeira do lesado. Exemplo: pagar quantia absurda pela agua em época de seca porque você precisa da agua. 
EFEITOS da lesão: contrato anulável e o prazo para pedir a anulação é decadencial de 4 anos. (Art. 178, II). Não seanula o negócio se for suprida a diferença do que foi pago a mais ou se for oferecido suplemento suficiente. 
FRAUDE CONTRA CREDORES (Art. 158 a 165, CC): não é vício de consentimento, mas vício social. Aqui eu sei exatamente o que eu estou fazendo: é intencional prejudicar o credor. Outro vicio social é a simulação, só que a simulação não é defeito do negócio jurídico. 
Art. 957, CC: Não havendo título legal à preferência, terão os credores igual direito sobre os bens do devedor comum. O que garante que a pessoa vai pagar de volta é seu patrimônio.
Art. 591, CPC: O devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restrições estabelecidas em lei. Basicamente, o devedor deve pagar com os seus bens. 
A fraude contra credores acontece na hipótese em que o devedor se desfaz de seu patrimônio de maneira ambiciosa e substancial, afastando a garantia de pagar suas dívidas, tornando-se insolvente. 
ELEMENTOS da fraude contra credores
Objetivos (ou eventos damni): é o prejuízo causado pela insolvência, é a perda da garantia patrimonial. 
Subjetivos (ou consilium fraudis): negócios de transmissão gratuita ou de remissão de dívida (Art. 158: Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.) E contratos onerosos (Art. 159: Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.)
Negócio gratuito ou remissão de dívida: 
Negócio gratuito: doação, renúncia de herança, os que não tem contraprestação.
Remissão da dívida: é um ato de liberalidade que significa o perdão ou a renúncia do credor de receber um crédito seu.
Na hipótese do art. 158, basta o estado de insolvência para que o negócio jurídico seja considerado fraudulento. 
** Remição: direito de resgatar bem penhorado **
Contratos onerosos: na hipótese de a fraude ocorrer por causa deles, eu, credor, tenho que demonstrar a intenção do devedor de me prejudicar, pois num negócio oneroso a suposição é de que eu te dou um bem e você me paga por ele. (Não havendo modificação do meu patrimônio. Eu tinha uma casa, agora tenho dinheiro equivalente ao preço da casa). 
Tal qual está disposto no artigo 159, do Código Civil, serão anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente (devedor sem recursos de pagar a dívida), quando a insolvência for notória ou houver motivo para ser conhecida por parte do outro contratante. Aqui, a má-fé será constituída pela mera ciência por parte do adquirente do estado de insolvência do devedor.
A insolvência pode ser notória ou presumida. Será notória quando for de conhecimento público (protestos de títulos, ações judiciais que impliquem a vinculação de seus bens). Será presumida quando adquirente tinha especiais razões para saber do estado financeiro do alienante (por razão de parentesco, quer pelo preço do contrato ser vil, etc.). 
Outras situações de fraude contra credores: 
Art. 162: O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. Pagar dívida antecipadamente para um credor quirografário (aquele que não possui um direito real de garantia, pois seu crédito está representado por títulos oriundos de uma obrigação) – Credor sem garantia específica. 
Art. 163: Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. Outorga fraudulenta de garantias.
Art. 164: Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. 
AÇÃO PAULIANA: consiste numa ação pessoal movida por credores com intenção de anular negócio jurídico feito por devedores insolventes com bens que seriam usados para pagamento da dívida numa ação de execução. A ação pauliana funda-se no direito que assiste aos credores de revogarem ou anularem os atos praticados por seu devedor em prejuízo de seu crédito. Só estão legitimados a ajuizar ação pauliana os credores quirografários e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta - Art. 158: Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. Efeito da ação pauliana: ineficácia do negócio jurídico. 
SIMULAÇÃO: também é vicio social, consciente, com finalidade de enganar alguém. É um disfarce, uma declaração falsa de vontade, com a finalidade de aparentar um negócio jurídico diferente daquele desejado. O negócio é feito somente na aparência. 
CARACTERÍSTICAS:
Em regra, a simulação ocorre em negócio jurídico bilateral, pois envolve o acordo de vontade de duas pessoas. Pode acontecer em ato unilateral: nos negócios receptíveis (pessoa especifica). 
A simulação é sempre feita de acordo com outra parte ou com as pessoas a que se refere o negócio jurídico. Na simulação, a vítima é estranha à avença (ao negócio simulado). Não confundir simulação com dolo!
Na simulação a declaração é deliberadamente em desacordo da intenção. As partes escondem, para enganar, o seu pensamento.
A simulação tem finalidade de enganar terceiros ou a lei. 
ESPÉCIES
Absoluta: ocorre quando a declaração tem por finalidade somente enganar, sem realizar qualquer negócio.
Relativa: ocorre quando as partes fazem na aparência um negócio com a finalidade de fazer outro negócio. Na relativa, existem dois negócios jurídicos: 
Simulado: destinado a enganar. Aparenta o que não existe. Há o propósito de enganar sobre a existência do que não é verdadeiro. 
Dissimulado: oculto e verdadeiramente desejado. Oculta-se o que é verdadeiro, com a finalidade de enganar sobre a inexistência da situação real.
Ad persona (por interposição de pessoa): ocorre quando o negócio é real, mas a parte é aparente. Não é hipótese de representação. Aqui você age em meu nome, mas como se estivesse agindo por você mesmo. 
São todos passiveis de nulidade. Art. 167: É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Inocente: aquela sem intenção de prejudicar terceiros. (CC de 1918, art. 103)
Fraudulenta: era aquela com intenção de prejudicar (também CC de 1918)
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO (Art. 166 a 184)
Negócio jurídico inexistente: surge com a finalidade de resolver situações onde o negócio jurídico não é nulo, nem anulável. Não confundir existência jurídica da relação com existência de fato. 
Negócio jurídico nulo: a nulidade é a sanção imposta por lei (norma jurídica) do negócio jurídico realizado sem a observância da lei (ausência de requisitos essenciais). Há ofensas de preceitos de ordem pública. Quando há hipótese de negócio nulo é porque a lei reconhece que a situação é tão grave que não pode ser reconhecida a validade (e existência). 
Dos tipos de nulidade: 
Absoluta: Ocorre quando há um interesse social (não só individual). Priva o negócio de seus efeitos e qualquer pessoa interessada pode alegar nulidade absoluta. A nulidade, como regra, pode ser declara de oficio pelo próprio juiz. (Art. 168: As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.)
Relativa ou anulabilidade: fica a cargo de a parte interessada solicitar a anulação ou não. Enquanto o ato não for declarado ineficaz, produz normalmente todos os efeitos, pois antes disso será tido como válido. 
Total: atinge todo o negócio jurídico
Parcial: não atinge todo o negócio jurídico
Textual: expressa na lei. Ex.: art 548: É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador.
Virtual ou implícita: é deduzida combase na lei. Ex.: art. 380: não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exequente a compensação, de que contra o próprio credor disporia.
CAUSAS da nulidade: Art. 166 (rol exemplificativo).

Continue navegando