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CENTRO UNIVERSITÁRIO FILADÉLFIA 
 
ADRIELE RIBEIRO DE GOES 
MARTA MARIA BARROS 
 
 
 
 
 
 
 
TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO: prevenção, diagnóstico 
e tratamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Londrina 
2012 
1 
 
ADRIELE RIBEIRO DE GOES 
MARTA MARIA BARROS 
 
 
 
 
 
 
 
 
TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO: prevenção, diagnóstico 
e tratamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Especialização 
em Enfermagem Obstétrica do Centro Universitário 
Filadélfia – UniFil, como requisito para obtenção do 
título de especialista. 
 
Orientadora Profª Ms. Evanira L. J. Chiquetti. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Londrina-Pr 
2012 
2 
 
ADRIELE RIBEIRO DE GOES 
MARTA MARIA BARROS 
 
 
 
 
 
 
TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO: prevenção, diagnóstico 
e tratamento 
 
 
 
Monografia apresentada ao Centro Universitário Filadélfia – UniFil, como requisito 
para obtenção do título de Especialista em Enfermagem Obstétrica, com nota final 
igual a______, conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores: 
 
 
 
 
 
 
Prof.Ms. Evanira Luiza JanjacomoChiquetti 
Orientadora 
 
 
 
Prof. Dra. DamaresTomasinBiazin 
Membro da Banca Examinadora 
 
 
 
 
 
 
Londrina, 25 de setembro de 2012. 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dedicamos este trabalho às nossas 
famílias e a todos aqueles que de alguma 
forma estiveram e estão próximos de nós, 
fazendo a vida valer cada vez mais a pena. 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradecemos a Deus por iluminar nossos caminhos e por termos conquistado 
essa etapa de nossas vidas. 
À nossa orientadora, Profª. Ms. Evanira L. J. Chiquetti, por toda ajuda e contribuição 
na realização desta monografia. 
Aos professores e colegas, por todo apoio recebido durante este curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
GOES, Adriele Ribeiro de; BARROS, Marta Maria. Toxoplasmose na gestação:prevenção, 
diagnóstico e tratamento, 2012, 43 p. Monografia (Especialização em Enfermagem Obstétrica)- 
Centro Universitário Filadélfia – UniFil, Londrina, Pr,2012. 
RESUMO 
A infecção aguda pelo Toxoplasma gondiiem gestantes pode determinar infecção fetal através da 
passagem transplacentária. As crianças afetadas podem desenvolver coriorretinite e déficit 
neurológico, na ausência de tratamento adequado. Com o objetivo de discutir a produção científica 
relacionada ao diagnóstico, tratamento e prevenção da toxoplasmose congênita, foi realizada uma 
revisão bibliográfica de natureza exploratória, que utilizou a base de dados eletrônica SCIELO em 
parceria com a BIREME que contém artigos indexados específicos da área de saúde. A partir dos 
descritores toxoplasmose, toxoplasmose congênita, diagnóstico, foram encontrados 123 artigos que, 
após leitura e seleção, foram mantidos 8, que corresponderam a todos os critérios de inclusão e 
foram apresentados na sequência da revisão de literatura. O conhecimento das características 
epidemiológicas de cada região é muito importante para planejar programas de prevenção e 
assistência pré-natal e neonatal da toxoplasmose. Sendo assim, entende-se que é necessária a 
integração entre os diversos níveis de atendimento do sistema público de saúde para que possa 
atingir a máxima eficiência no controle da toxoplasmose gestacional e congênita. Dessa forma, será 
possível atingir, no futuro, um maior grau de evidência na abordagem preventiva da toxoplasmose 
congênita com critérios bem definidos para implementação destas estratégias, conforme a realidade 
de cada local. 
Descritores:toxoplasmose; toxoplasmose congênita; diagnóstico. 
 
ABSTRACT 
 
Acute infection by Toxoplasma gondii in pregnant women can determine fetal infection via 
transplacentaltransfer.Affected children may develop chorioretinitis and neurologic deficits in the 
absence of adequate treatment.In order to discuss the scientific production related to diagnosis, 
treatment and prevention of congenital toxoplasmosis, a literature review was exploratory in nature, 
which used the database eletrônia SCIELO in partnership with BIREME indexed articles containing 
specific health care .From the descriptors toxoplasmosis, toxoplasmosis, congenital diagnosis, 123 
articles were found that after reading and selection, were maintained 8, which correspond to all the 
inclusion criteria and were presented in the following literature review.The knowledge of the 
epidemiological characteristics of each region is very important for planning prevention programs and 
prenatal and neonatal toxoplasmosis.Thus, it is understood that integration is necessary between the 
various levels of care the public health system so that you can achieve maximum efficiency in the 
control of pregnancy and congenital toxoplasmosis this way you can achieve in the future, a greater 
degree of evidence the preventive approach of congenital toxoplasmosis with well defined criteria for 
implementation of these strategiesas the reality of each place. 
 
Keywords: toxoplasmosis, toxoplasmosis, congenital ,diagnosis . 
 
6 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 7 
2 METODOLOGIA .......................................................................................... 10 
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 12 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 36 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 38 
ANEXOS .......................................................................................................... 41 
ANEXO A - Fluxograma de diagnóstico e conduta em 
Toxoplasmose congênita ......................................................................... 42 
ANEXO B - Conduta Obstétrica ............................................................... 43 
 
 
 
7 
 
1INTRODUÇÃO 
 
A toxoplasmose é uma protozoose de ampla distribuição geográfica e a 
transmissão congênita pode ocorrer quando a mulher adquire a primoinfecção 
durante a gestação. Destes casos, 90% são assintomáticos ou oligossintomáticos 
(PESSANHA et al., 2011). 
Segundo os referidos autores, a infecção pelo Toxoplasma gondiina gestante 
pode causar danos fetais, como abortamento, crescimento intrauterino retardado, 
prematuridade e acometimento neurológico e oftálmico. No Brasil, diversos estudos 
em pacientes grávidas evidenciam uma soroprevalência que varia de 42 a 90%. 
 Após a infecção na gestante, o risco geral de infecção fetal é de 40%. Porém 
esse risco varia de acordo com a idade gestacional em que a mulher adquiriu a 
infecção, sendo menor no primeiro trimestre e maior no terceiro trimestre gestacional 
. 
O parasita atinge o conceptor por via transplacentária 
causando danos de diferentes graus de gravidade, 
dependendo da virulência da cepa do parasita, da capacidade 
da resposta imune da mãe e do período gestacional em que a 
mulher se encontra, podendo resultar, inclusive, em morte fetal 
ou em graves manifestações clínicas (DUNN et al, 1999 apud 
MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010, p.9). 
 
 
A infecção fetal poderia ser atenuada ou prevenida quando há tratamento 
materno após um diagnóstico precoce. Em diferentes países, a freqüência de 
aquisição de toxoplasmose durante a gravidez varia de 1 a 14 casos por 1000 
gestações; no entanto, a infecção congênita ocorre em 0,2 a 2 recém-nascidos por 
1000 nascimentos. Em alguns países como França e Áustria, a pesquisa sorológica 
é, por lei, obrigatória. Tal procedimento reduziu a incidência da toxoplasmose fetal 
de 40% a 7% (SPALDING et al., 2003). 
Segundo Couto e Leite (2004) no Brasil, entrede pesquisa. 4ª ed. São 
Paulo: Atlas, 2002. 
 
• INAGAKI, A.D.M.; SCHIMER, J. Toxoplasmose na gestação. Revista 
Científica de enfermagem, v. 7, n. 22, 2009. 
 
• LOPES-MORI, Fabiana Maria Ruiz et al. Programas de controle da 
toxoplasmose congênita. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 57, n. 5, out. 2011. 
Disponível em 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0104_42302011000500021&
Ing=pt&nrm=iso. Acesso em 29 jan. 2012. 
 
• MITSUKA-BREGANÓ, R.; LOPES-MÓRI,F.M.; NAVARRO, I.T. 
Toxoplasmose Adquirida naGestação e Congênita: vigilância em saúde, 
diagnóstico, tratamento e condutas. Londrina: EDUEL, 2010. 
 
• PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. Protocolo de Diretrizes Clínicas, 
Laboratoriais e Terapêuticas da Toxoplasmose Congênita do Programa de 
Gestaçãode Alto Risco. Curitiba, SESA, 2006, 18 p. Disponível 
em: 4 meses 
IgG(-) e 
IgM (-) 
Infecção ausente 
 
IgM (+) e 
IgG (-) ou IgG (+) 
Infecção aguda 
 
25 e 40% das gestantes são 
soronegativas para a toxoplasmose. O risco de infecção aguda durante a gestação é 
de aproximadamente 1% e a transmissão fetal ocorre em 30% dos casos, levando a 
infecção fetal de gravidade variável. 
As crianças podem ser gravemente comprometidas ou assintomáticas ao 
nascer. Os riscos estimados de desenvolvimento de hidrocefalia, coriorretinite e 
8 
 
calcificação intracraniana isolada são de 61% quando a infecção ocorre até a 13ª 
semana, 25% na 26ª semana e 9% na 36ª semana. O prognóstico é, portanto, mais 
favorável quanto mais tardiamente ocorre a infecção primária (REIS; TESSARO; 
D’AZEVEDO, 2006). 
A inclusão da toxoplasmose no programa de Triagem Neonatal, 
complementar à triagem materna, no Brasil, foi sugerida por vários especialistas. No 
estudo de Lopes-Mori et al.,( 2011)foram encontrados 190 casos de infecção 
confirmada em neonatos de Minas Gerais, o que corresponde a uma prevalência de 
1 em 770 nascidos vivos nessa população. A avaliação oftalmológica foi decisiva em 
28 crianças (15,7%) que tiveram suspeita de toxoplasmose, permitindo a 
confirmação de que tinham sido, de fato, infectadas congenitamente. Os autores 
ressaltam, ainda, que a triagem neonatal oferece outras vantagens, como menor 
custo e relativa simplicidade, além de permitir o estudo de grandes amostras. 
A utilização da biologia molecular revolucionou o acompanhamento pré-natal 
da toxoplasmose, pois, além de permitir a identificação dos fetos infectados, 
possibilitou que a terapia antiparasitária fosse iniciada precocemente, ainda na 
gestação. O diagnóstico pré-natal da toxoplasmose congênita apresenta importantes 
implicações para o prognóstico fetal, assim como para a evolução neonatal, 
possibilitando o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar, com identificação 
precoce de alterações durante a gestação, parto e no período pós-natal imediato, 
permitindo que os cuidados ao recém-nascido sejam otimizados a fim de melhorar o 
prognóstico dessas crianças (COUTO; LEITE, 2004). 
O toxoplasma gondiié um dos parasitas mais bem sucedidos de que se tem 
conhecimento, podendo infectar praticamente todo animal de sangue quente, em 
qualquer parte do planeta. De acordo comMitsuka-Breganó; Lopes-Móri; Navarro, 
(2010) estima-se que a infecção pelo T. gondii ocorra em pelo menos um terço da 
população humana mundial, com taxas mais altas de prevalência em locais quentes 
e úmidos. A via vertical foi a primeira a ser reconhecida como transmissora da 
toxoplasmose em humanos. Quando uma mulher soronegativa se infecta durante a 
gestação, parasitas presentes no sangue podem atingir a circulação fetal, após 
atravessarem a placenta. Apesar de o risco de transmissão transplacentária ser 
menor quando a gestante se infecta no início da gravidez, nessa fase a repercussão 
da infecção fetal é potencialmente mais grave, em um espectro que se estende 
9 
 
desde má formação profunda que pode levar ao aborto, até quadros sistêmicos e 
neurológicos graves com retardo mental e cegueira. 
Diante do exposto, foi realizado este estudo com objetivo de buscar na 
literatura fatores relacionados à prevenção, diagnóstico e tratamento da 
toxoplasmose congênita, além disso, buscar contribuições para a realização de uma 
assistência otimizada às pacientes em gestação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
2 METODOLOGIA 
 
2.1 Tipo de pesquisa 
 
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, exploratória realizada em periódicos 
relacionados à saúde. Foram encontrados artigos relacionados ao tema a partir de 
todos os descritores. Os descritores foram: toxoplasmose; toxoplasmose congênita e 
diagnóstico. Dessa forma, foram selecionados artigos com estudos relevantes sobre 
o tema. 
De acordo com Biazin& Scalco (2008) a revisão bibliográfica constitui uma 
pesquisa de estudos para análise e discussão de textos importantes já publicados 
na área a ser apresentada e, portanto, deve trazer contribuições de vários autores 
relacionando problemas e fundamentos sobre o tema. 
Segundo Gil (2002, p. 66) os periódicos científicos “constituem o meio mais 
importante para a comunicação científica.” Desta forma, os periódicos possibilitam a 
comunicação formal dos resultados de pesquisa e mantém a qualidade na 
investigação científica. 
 
2.2Universo da pesquisa 
Foi considerada para o levantamento das publicações, a base de dados 
eletrônica ScientificElectronic Library Online (SCIELO), onde buscou-se por artigos 
originais publicados em periódicos científicos que corresponderam ao tema 
proposto. 
A SCIELO é o resultado de um projeto de pesquisa da Fundação de Amparo 
à Pesquisa do Estado de São Paulo, em parceria com o Centro Latino Americano e 
do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (BIREME), sendo que, a partir de 
2002, o projeto conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico (CNPq). 
 
2.3Critérios de Inclusão 
 
• Artigos publicados nos últimos 15 anos 
• Artigos publicados na íntegra em língua portuguesa 
• Artigos que corresponderam ao objetivo proposto. 
11 
 
 
2.4Procedimento de análise de dados 
 
A partir dos descritores, foram encontrados 123 artigos que, após passarem 
pelos critérios de inclusão, leitura e seleção, foram mantidos 8 artigos para 
discussão neste estudo. Os artigos selecionados foram apresentados na revisão de 
literatura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
 
3.1Toxoplasmose Congênita 
 
A toxoplasmose é uma zoonose causada pelo protozoário Toxoplasmagondii 
(T. gondii), um parasita intracelular obrigatório. A infecção possui distribuição 
geográfica mundial e alta prevalência sorológica. No entanto, 90% das infecções são 
assintomáticas e os casos de doença clínica são menos frequentes. Nos Estados 
Unidos da América (EUA) e no Reino Unido (UK), estima-se que 16 a 40% da 
população humana adulta apresenta sorologia positiva para a toxoplasmose. Nas 
Américas Central e do Sul esses números estão entre 50 a 80%.(HILL; DUBEY, 
2002 apud MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
O toxoplasma foi descoberto por Splendore em 1908, num coelho de 
laboratório em São Paulo, no Brasil, e por Nicolle e Monceaux no gondii, roedor 
africano então usado na pesquisa de leishmaniose no instituto Pasteur de Túnis 
(capital da Tunísia, na República Africana, antiga colônia francesa). Em seres 
humanos, Jankus, em 1923, observou o parasita no olho de uma criança na 
Tchecoslováquia. Em 1927, no Rio de Janeiro, Torres, descreve-o como causa de 
meningoencefalite congênita, miocardite e miosite. A partir de 1937, Wolf e Cowan 
relataram vários casos da doença em crianças pequenas. Em adulto, a primeira 
infecção bem documentada de toxoplasmose foi descrita por Pinkerton e Weinman 
em um peruano, nos Estados Unidos, em 1940. Posteriormente, em 1942, Pinkerton 
e Henderson, no mesmo país, descreveram-na em um paciente com doença 
exantemática aguda e febril (INAGAKI; SCHIMER, 2009). 
Em 1948, Sabin e Feldman desenvolveram valiosa técnica para o diagnóstico 
da toxoplasmose, o Teste do Corante. Esse teste também é conhecido como Day 
Test ou Reação de Sabim Feldman. Em 1967, Hutchson foi o primeiro a demonstrar 
que gatos podiam eliminar Toxoplasma pelas fezes. Finalmenteem 1969 Frenkel e 
colaboradores comprovaram ser o gato o hospedeiro definitivo do Toxoplasma 
gondii, identificando-o como um protozoário, parasita, coccídeo, encontrado sob 
diversas formas ou estágios, sendo as três principais os oocistos, taquizoítos e 
bradizoítos (INAGAKI; SCHIMER, 2009). 
 
 
13 
 
3.1.1 Ciclo Biológico 
 
Felinos jovens, não imunes, infectam-se por meio da ingestão de presas 
contendo cistos teciduais ou ao ingerirem oocistos esporulados de ambientes 
contaminados. São considerados hospedeiros definitivosou completos, pois, em seu 
epitélio intestinal ocorre o ciclo sexuado do parasita, com a eliminação de milhões de 
oocistos nas fezes que contaminam o meio ambiente (MITSUKA- BREGANÓ; 
LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
A eliminação dos oocistos, tem início entre o terceiro e o vigésimo dia após a 
infecção e permanece por 7 a 15 dias. Os oocistos, quando eliminados, estão na 
forma de esporoblastos não infectantes e, na presença de oxigênio e temperatura 
entre 20°C e 30°C, esporulam em até três dias, tornando-se infectantes para 
mamíferos, incluindo o homem, e aves. Após sua maturação (esporulação), o 
oocisto é capaz de se manter viável por, pelo menos, um ano, resistindo à 
temperatura ambiente entre 20°C a 37,5°C (FRENKEL ,1971 apud MITSUKA- 
BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
Para os referidos autores, a evolução do T. gondii nos tecidos, tanto nos 
felídeos quanto nos hospedeiros intermediários, ocorre pelo processo de 
multiplicação assexuada e extraintestinal do parasita, formando os cistos teciduais 
Os oocistos ou cistos teciduais ingeridos pelos hospedeiros suscetíveis liberam os 
esporozoítas ou bradizoítas, respectivamente, que penetram em células nucleadas, 
onde se transformam em taquizoítas. Os taquizoítas reproduzem-se e disseminam-
se por via hematogênica e localizam-se nos mais variados órgãos e tecidos, como o 
sistema nervoso central, olhos, músculos esqueléticos, coração e placenta. 
 
Soroepidemiologia da toxoplasmose em gestantes a partir da implantação do 
Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida e Congênita em 
municípios da região oeste do Paraná (BITTENCOURT etal., 2012). 
 
O objetivo deste estudo foi avaliar a suscetibilidade das gestantes à 
toxoplasmose em serviço público de saúde de dois municípios da região oeste do 
Paraná. Foram avaliadas 422 gestantes por meio da pesquisa sorológica de 
anticorpos IgG e IgManti-Toxoplasmagondii (ELISA e MEIA). As soronegativas 
repetiram a sorologia no segundo e terceiro trimestre da gestação. Em um dos 
14 
 
municípios, também foi realizada a triagem neonatal em 27 recém-nascidos para 
detecção de IgManti-Toxoplasmagondii pelo teste de fluorometria. Todas as 
gestantes responderam a um questionário epidemiológico, para análise dos fatores 
associados ao risco da infecção pelo Toxoplasma gondii. Para análise estatística, 
foram consideradas a variável dependente da presença de IgGanti-
Toxoplasmagondii e as variáveis independentes contidas no questionário 
epidemiológico. 
 A prevalência de anticorpos IgGanti-Toxoplasmagondii nas gestantes foi de 
59,8% e 60,6%. A presença de imunoglobulina do tipo IgG significa que estas 
mulheres já apresentaram infecção prévia pelo Toxoplasma gondii e foram curadas e 
apresentando anticorpos circulantes nos seus organismos. Em um dos municípios, 
as variáveis associadas à presença de anticorpos IgG foram baixo nível de 
escolaridade e mais de uma gestação. Não houve associação com os outros fatores 
investigados, como a ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, vegetais crus, 
salames coloniais, manipulação de terra ou areia, horta em casa e gatos em casa. 
No outro município, não foi observada associação estatística com nenhuma das 
variáveis estudadas. Não foi confirmado nenhum caso de infecção aguda nem de 
soroconversão em ambos os municípios. Nenhum dos recém-nascidos avaliados 
apresentou positividade para toxoplasmose. 
Por se tratar de um estudo de prevalência, os fatores estudados foram 
associados à presença de anticorpos IgGanti-T. gondii. Como esses anticorpos 
permanecem presentes anos após a infecção, estas variáveis de comportamento e 
hábitos podem ter sido alteradas. O estudo ideal para analisar fatores de risco à 
infecção é o de coortes; no entanto, pelo fato de se tratar de uma doença de baixa 
incidência na gestação aliado ao alto custo, esse delineamento foi impossibilitado. 
Apesar disso, o conhecimento das características epidemiológicas da toxoplasmose, 
em cada região, é de extrema importância para traçar programas de controle 
adequados a cada realidade. 
A toxoplasmose é comum nas gestantes atendidas pelo serviço público de saúde da 
região estudada e há 40% delas suscetíveis à infecção. Esses dados reforçam a 
necessidade de manter o programa implantado nesses municípios. 
 
 
 
15 
 
3.1.2Transmissão 
 
A infecção por T. gondii, segundo Mitsuka-Breganó; Lopes-Móri; Navarro (2010) 
pode ocorrer por três vias principais: 
 
Fecal-oral: ingestão de oocistos eliminados nas fezes de gatos, presentes na água 
contaminada,no solo, areia, frutas e verduras. Os oocistos podem ser disseminados 
pelo ambiente por meio de baratas, moscas e formigas; 
Carnivorismo: pelo consumo de carnes e produtos de origem animal 
(principalmente de suínos, caprinos e ovinos) crus ou mal cozidos contendo cistos 
teciduais; 
Transplacentária: via circulação materno-fetal, com a passagem de taquizoítas 
presentes em grande número, na circulação materna durante a fase aguda da 
infecção. 
De acordo com Inagaki eSchimer (2009) alguns autores consideram 
transmissão através do leite cru não pasteurizado, principalmente de cabra, e 
através de ovo cru. Relatam também a presença de toxoplasma no colostro e na 
saliva, todavia, no ser humano, embora tenha sido encontrado o toxoplasmagondii 
na saliva, durante a fase aguda da infecção, não existem evidências de transmissão 
através do beijo ou por gotículas salivares. 
No homem, o período de incubação varia de 10 a 23 dias após a ingestão de 
carne mal cozida, e de 5 a 20 dias após ingestão de oocistos. O parasita pode 
causar uma grande destruição de células devido à sua própria ação ou pela 
hipersensibilidade apresentada pelo hospedeiro. As manifestações da doença no 
homem estão, geralmente, relacionadas a uma vulnerabilidade tissular especial 
associada à regeneração lenta ou ausente. A infecção materna, embora inaparente, 
pode determinar lesões destrutivas no feto (FRENKEL, 2002). 
 
Estudo prospectivo de gestantes e seus bebês com risco de transmissão de 
toxoplasmose congênita em município do Rio Grande do Sul (SPALDING et al., 
2003). 
A população estudada foi composta por 2.126 gestantes atendidas em 
unidades do Sistema Único de Saúde da região noroeste do Estado do Rio Grande 
do Sul. Após o screening sorológico inicial ocorreu o acompanhamento das 
16 
 
gestantes, durante o pré-natal, e de seus bebês. Foram realizadas dosagens de IgG, 
IgM, IgA, avidez de IgG, inoculação em camundongos, PCR e coleta de placenta e 
de cordões umbilicais para realizar a técnica de imuno-histoquímica além de 
avaliações clínicas. Das gestantes avaliadas, 74,5% eram IgG reagentes e 3,6% IgM 
reagentes. Nas avaliações oftalmológicas, foi observada lesão em dez gestantes e 
uma criança apresentou lesões oftalmológicas e calcificações cerebrais. A presença 
de IgM específico anti- T. gondii, durante toda a gestação não caracterizou a fase 
aguda recente da infecção, fazendo-se necessária a realização de testes 
complementares. 
Levando-se em conta a população examinada e analisando-se os dados de 
presença de anticorpos IgA na amostragem cujo acompanhamento foi efetuado, 
observou-se que 28 (56%) gestantes apresentaram IgA reagente. Essas pacientes, 
provavelmente, estavam na fase aguda da infecção por T. gondii durante a 
gestação. Isto representa 2% da população avaliada com possibilidade de 
transmissão congênita da toxoplasmose, por estar na fase aguda da infecção. Essa 
taxa é considerada alta se comparada à observada nos EUA e França, de 0,2 a 1%, 
na Noruega, de 0,2%, e na Dinamarca, onde 0,2% de mulheres soroconverteram na 
gestação e tiveram 19% de transmissão ao feto. 
No presente trabalho, das 51 crianças do grupo II acompanhadas, somente 
28 eram nascidas de mães com IgA reagente, provavelmente na fase aguda e com 
risco de transmissão congênita. Destas crianças, três (10,7%) apresentaram a 
transmissãocongênita, sendo que uma (3,6%) apresentou sintomatologia 
característica. Inferindo-se tais dados à população do estudo, encontra-se uma taxa 
de transmissão de 2,2 em 1.000 nascimentos e de 0,7 em 1.000 nascidos vivos 
apresentando sintomatologia. 
As taxas de transmissão congênita e as manifestações clínicas variam de 
forma acentuada entre os indivíduos com infecção por T. gondii. Dentre os fatores 
envolvidos, estão variações da resposta imune e idade do hospedeiro, variações 
étnicas, cepa do parasita, quantidade de inoculo, condições socioeconômicas, 
hábitos culturais e clima da região envolvida. 
Os resultados deste trabalho ressaltam a importância do acompanhamento de 
neonatos de mães com sorologia compatível com a infecção, ainda que não 
apresentem sinais e sintomas sugestivos de toxoplasmose congênita. Também 
17 
 
mostraram a importância das medidas profiláticas primárias na redução da 
transmissão congênita do T. gondii. 
 
 
3.1.3 Aspectos Clínicos 
 
A maioria dos casos de toxoplasmose em indivíduos imunocompetentes é 
assintomática. No entanto, de 10% a 20% dos adultos infectados apresentam, na 
fase aguda da doença, as seguintes formas clínicas: linfoglandular (mais frequente), 
meningoencefalite, pneumonite, hepatite, miosite, erupção cutânea e retinocoroidite 
(AMATO NETO; MARCHI, 2002). 
De acordo com Mitsuka-Breganó; Lopes-Móri; Navarro (2010) as 
manifestações clínicas mais comuns são a linfadenopatia e a astenia sem febre. A 
linfadenopatia pode ocasionalmente vir acompanhada de febre, mal estar, cefaléia, 
astenia, mialgia, exantema máculo-papular, odinofagia e hepatoesplenomegalia. 
Estes sintomas geralmente duram algumas semanas, porém, a adenomegalia e 
hepatoesplenomegalia podem durar meses. 
A forma congênita da doença apresenta-se de maneira muito severa, 
podendo causar abortamento e parto prematuro. As sequelas mais frequentes são 
hidrocefalia, microcefalia, calcificação cerebral, coriorretinite, retardo do 
desenvolvimento psicomotor, hepatoesplenomegalia, anencefalia, convulsão, 
catarata, cegueira, surdez, icterícia, febre, trombocitopenia, exantema maculo-
papular, anemia, linfadenopatia, crescimento intrauterino retardado e baixo peso ao 
nascer. Mesmo fetos de mulheres que tiveram toxoplasmose na gestação que 
nascem aparentemente normais, podem posteriormente desenvolver sequelas da 
toxoplasmose congênita (INAGAKI; SCHIMER, 2009). 
 
3.1.4Patogenia da Toxoplasmose Congênita 
 
Na toxoplasmose congênita, o parasita atinge o concepto por via 
transplacentária causando danos com diferentes graus de gravidade dependendo 
dos fatores como virulência, cepa do parasita, da capacidade da resposta imune da 
mãe e também do período gestacional em que a mulher se encontra, podendo 
resultar em morte fetal ou em graves sintomas clínicos (DUNN et al., 1999 apud 
18 
 
MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). Assim sendo, o 
acompanhamento sorológico deveria ser periódico durante toda a gestação nas 
mulheres soronegativas, buscando o diagnóstico de uma possível primoinfecção 
(VIDIGAL et al, 2002apud MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
Segundo os referidos autores, vários estudos demonstraram que o risco de 
infecção fetal aumenta com a idade gestacional, porém, a gravidade das sequelas 
diminui com ela, sendo as formas subclínicas neonatais próprias da infecção no 
terceiro trimestre da gestação. Portanto, a gravidade é inversamente proporcional ao 
tempo de gestação e a facilidade de transmissão é diretamente proporcional ao 
mesmo tempo. 
Como resultado da infecção intrauterina, a toxoplasmose neonatal varia em 
severidade no quadro clínico apresentado, do assintomático ao fatal. De acordo com 
Frenkel (2002) a patogenicidade varia segundo o trimestre gestacional da 
primoinfecção materna: 
a) infecção materna no primeiro trimestre de gestação: normalmente ocorre morte 
fetal; e 
b) infecção materna no segundo e terceiro trimestre de gestação: pode ocorrer 
prematuridade e ocasionar a chamada tétrade de Sabin: microcefalia, retinocoroidite, 
calcificações cerebrais e deficiência mental. O feto pode apresentar hidrocefalia, 
necrose periventricular com macro ou microcefalia (em 50% dos casos), acentuada 
destruição da retina, retinocoroidite (em 90% dos pacientes com infecção), 
calcificações cerebrais (em 69%) e retardo mental ou perturbações neurológicas (em 
60% dos casos), com sinais de encefalite com convulsões. 
Na maioria das vezes, no momento do nascimento, as infecções congênitas 
são assintomáticas, porém, podem apresentar sequelas que se manifestam em 
algum momento da vida, principalmente complicações oculares e do sistema 
nervoso central (MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
 
3.1.5 Diagnóstico materno 
 
A determinação do período em que a infecção ocorreu na gestante é 
importante pois a infecção antes da concepção apresenta baixo risco de transmissão 
para o feto, ao contrário do que ocorre quando a primoinfecção ocorre durante a 
gravidez. O diagnóstico clínico é pouco fidedigno, pois os sintomas, quando 
19 
 
referidos, são inespecíficos e semelhantes a um quadro gripal. A linfadenopatia e a 
febre são as queixas mais frequentes e podem estar a companhadas de cefaléia, 
coriza mialgia e astenia. Cerca de 80 a 90% dos casos são assintomáticos 
(SANTANA; ANDRADE; MORON, 2003). 
No diagnóstico laboratorial, os métodos indiretos, baseados na pesquisa de 
anticorpos específicos anti-T.gondii, são os mais utilizados para o diagnóstico da 
toxoplasmose. As curvas de ascenção e queda de títulos dos anticorpos específicos 
de diferentes isotipos (IgM, IgA, IgE e, principalmente, IgG) obedecem ritmos 
diversos e refletem a evolução da infecção (CAMARGO, 2001). 
Para melhor compreensão é preciso entender o papel dos anticorpos na 
toxoplasmose (MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010): 
Anticorpos IgG: surgem em 1 a 2 semanas chegando ao pico em 1 a 2 meses; 
caem variavelmente, podendo persistir por toda a vida. Valores elevados de IgG, 
com IgM negativo não significam maior probabilidade de infecção recente. 
Anticorpos IgM: aparecem dentro de 5 dias, desaparecendo depois de semanas ou 
meses e em alguns casos até por 1 ou 2 anos, não significando necessariamente 
infecção recente. Um resultado de IgM negativo ou positivo na gravidez não 
diagnostica ou afasta a infecção aguda, sendo necessária complementação 
diagnóstica. Não ultrapassa a placenta, sendo útil no diagnóstico da infecção 
congênita em recém-nascido. 
 Normalmente, o exame positivo de toxoplasmose IgG revela que esta 
gestante teve contato no passado com o T. gondii, mas o sistema de defesa desta 
pessoa pode ter funcionado muito bem e nenhum problema maior ou sintoma tenha 
aparecido. No caso da toxoplasmose IgM negativo, revela que a gestante não está 
infectada, a negatividade no exame IgM indica que a pessoa não está com a doença 
nesse momento e, neste caso, o bebê não corre risco de contrair essa infecção. 
Anticorpos IgA: detectados em infecções agudas e na doença congênita. Podem 
persistir por meses, até mais de 1 ano. Maior sensibilidade que IgM na infecção 
congênita. 
Teste de avidez IgG – Avidez baixa (menor que 0,30%) sugere infecção recente 
adquirida hà menos de 4 meses; avidez moderada(0,30% a 0, 35%)não exclui uma 
infecção recente; e avidez elevada (igual ou maior que 0, 35%) sugere que a 
infecção tenha ocorrido há mais de 4 meses. 
 
20 
 
Perfil sorológico para toxoplasmose em gestantes de um hospital público de 
Porto Alegre (REIS; TESSARO; D’AZEVEDO, 2006). 
 
 O objetivo do estudo foi analisar os resultados da sorologia convencional para 
toxoplasmose em gestantes acompanhadas pelo pré-natal do Hospital Materno 
Infantil Presidente Vargas em Porto Alegre. 
 IgG e IgM específicas foram processadas por testes fluorométricos sendo a 
IgM de captura. Na coleta em duas a três semanas foi solicitada às gestantesIgM 
positivas e as que estavam no início da gestação tiveram realizada a avidez de IgG. 
igM neonatal foi obtida nos partos realizados na instituição. A análise foi baseada na 
distribuição binominal, por meio do cálculo de uma proporção simples para estimar a 
prevalência de soropositividade e suscetibilidade à infecção pelo Toxoplasma gondii. 
A prevalência da infecção em 10.468 gestantes foi de 61,1 e 38,7% das gestantes 
eram suscetíveis. Entre as 272 gestantes IgG e IgM positivas, 87 retornaram para 
nova coleta e em 84 os níveis de anticorpos permaneceram inalterados. De nove 
gestantes com avidez, houve apenas uma gestante com avidez baixa e a IgM 
neonatal do recém-nascido foi positiva. 
 
Monitoramento de gestantes com toxoplasmose em serviços públicos de 
saúde (CASTILHO-PELLOSO et al., 2005). 
 
 Este trabalho teve como objetivo discutir as dificuldades no monitoramento 
dado às gestantes com suspeita de toxoplasmose aguda, atendidas em serviços 
públicos de saúde do noroeste do Estado do Paraná. O estudo foi observacional, 
longitudinal e retrospectivo, de janeiro de 2001 a dezembro de 2003. Foram 
incluídas mulheres em qualquer idade gestacional com imunoglobulina m (IgM) anti-
T. gondii reagente, atendidas nos serviços públicos da 15ª Regional de Saúde do 
Paraná (15ª RS), que compreende 30 municípios do noroeste do Estado. 
 Foram detectadas 290 gestantes IgManti-T. gondii reagentes, sendo que 264 
apresentaram informação sobre o pré-natal após busca ativa em seis diferentes 
serviços. Em 222 (76,5%) registros ambulatoriais e hospitalares os dados clínicos e 
laboratoriais estavam incompletos. Na maioria dos casos, uma única sorologia foi 
utilizada para a conduta terapêutica, indicando que o protocolo não estava sendo 
seguido na rotina de pré-natal dos serviços públicos. Na época do estudo, o 
21 
 
protocolo estadual de gestação de alto risco preconizava o acompanhamento da 
gestante com duas ou três amostras, seguidas de pesquisa de IgA. 
 O perfil sorológico detectado evidenciou a existência do risco de 
toxoplasmose aguda entre as gestantes da região estudada, semelhante ao 
observado em estudos nacionais de soroprevalência. Destaca-se que 78 (69,6%) 
das 112 gestantes tratadas não tiveram seguimento laboratorial algum após a 
primeira reação sorológica IgM reagente. 
 Neste trabalho evidenciou-se a necessidade de investimento em melhoria de 
técnicas laboratoriais, a fim de otimizar a assistência às gestantes e filhos expostos, 
uma vez que a indicação terapêutica pode ser onerosa ao serviço, apesar de saber-
se que a utilização de quimioprofilático pode reduzir a transmissão ou as sequelas 
ao feto. É necessário também intervir na qualidade das informações obtidas bem 
como sistematizá-las para facilitar a tomada de decisões. 
É importante integrar e agilizar os serviços prestados às gestantes por parte 
dos diferentes profissionais de saúde. A falta de consenso, a fragmentação da 
assistência e o não seguimento do protocolo dificultam a caracterização do risco 
gestacional e o andamento das ações de monitoramento pela equipe 
multiprofissional de saúde que acompanha o pré-natal , o que influencia, sobretudo, 
no acompanhamento da saúde da criança exposta à possível transmissão vertical. 
Segundo o Protocolo de Diretrizes Clínicas, Laboratoriais e Terapêuticas da 
Toxoplasmose Congênita do Programa de Gestação de Alto Risco da Secretaria 
Estadual de Saúde do Paraná, os cuidados com a gestante são (PARANÁ, 2006): 
 
1º Grupo – IgG e IgM não reagente (negativos): 
Gestante não infectada. Susceptível. Instituir cuidados profiláticos (prevenção 
primária da Toxoplasmose) e repetir exames (IgG e IgM) a cada trimestre nas 
gestantes de alto risco de contaminação ou entre a 24ª e 28ª semanas nas 
gestantes de baixo risco de contaminação; 
 
2º Grupo – IgG reagente (positivo) e IgM não reagente (negativo): 
Gestante com infecção pregressa, considerado como doença crônica, ou seja, 
IMUNE. 
Gestantes com risco de imunossupressão: manter prevenção primária da 
Toxoplasmose. 
22 
 
3º Grupo – IgM reagente (positivo) e IgG não reagente (negativo) 
Considera-se infecção aguda recente, orientando-se iniciar tratamento 
imediatamente (ver esquema de tratamento na pg. 29). 
IgM reagente (positivo) e IgG reagente (positivo): 
Solicitar avidez de IgG específico para Toxoplasmose: 
 
• Avidez fraca (Baixa Avidez) = Infecção aguda ( 4 meses): 
• Gestaçãode 
toxoplasmose congênita foram encontradas em todas as crianças infectadas. Todas 
as crianças não infectadas apresentaram declínio de IgG específica para 
toxoplasmose ao longo do acompanhamento ambulatorial; a idade média de IgG 
comprovadamente negativa nessas crianças foi de 5, 4 meses. 
24 
 
 Em conclusão, os resultados da pesquisa sugerem que, para o diagnóstico de 
infecção aguda pelo T. gondii na gestação, deve-se sempre considerar a realização 
do teste de avidez de IgG no primeiro trimestre nas gestantes com sorologia IgM 
positiva. A presença de sorologia positiva para IgM, como exame isolado, tem um 
valor limitado para detectar infecção recente e deve ser utilizada em associação com 
outros exames complementares para o diagnóstico de infecção aguda. Tal estratégia 
poderia reduzir a necessidade do tratamento das gestantes e do acompanhamento 
ambulatorial das crianças suspeitas. 
 
Toxoplasmose aguda: estudo da frequência, taxa de transmissão vertical e 
relação entre os testes diagnósticos materno-fetais em gestantes em estado da 
Região Centro-Oeste do Brasil (FIGUEIRÓ-FILHO etal., 2005) 
 
Este estudo objetivou estabelecer a frequência da toxoplasmose aguda em 
gestantes, a taxa de transmissão vertical e o resultado perinatal dos fetos infectados. 
Objetivou-se ainda, avaliar a relação entre os principais testes materno-fetais de 
diagnóstico da toxoplasmose durante a gestação, bem como a relação entre faixa 
etária e a infecção aguda pelo Toxoplasma gondii. Foi utilizado como método um 
estudo prospectivo longitudinal com 32.512 gestantes submetidas à triagem pré-
natal pelo Programa de Proteção à Gestante de Mato Grosso do Sul, no período de 
novembro de 2002 a outubro de 2003. Utilizaram-se método ELISA (IgG e IgM) e 
teste de avidez de anticorpos IgG para diagnóstico da toxoplasmose materna, e PCR 
no líquido amniótico, para diagnóstico de infecção fetal. A avaliação das variáveis foi 
feita pelas médias, ao passo que a correlação entre algumas variáveis foi avaliada 
pelo teste de Fisher bicaudado em tabelas de contingência de dupla entrada. 
Nos resultados encontrou-se uma frequência de 0,42% para a infecção aguda 
pelo T. gondii na população de gestantes, sendo 92% delas expostas previamente à 
infecção e 8% suscetíveis. Nas gestantes com sorologia IgM reagente, a faixa etária 
variou de 14 a 39 anos, com média de 23 anos. Não houve relação significativa 
estatisticamente entre faixa etária e infecção materna aguda pelo T. gondii (p=0,73). 
Verificou-se taxa de transmissão vertical de 3,9%. Houve relação estatisticamente 
significativa (p=0,001) entre o teste de avidez (IgG) baixo (60%). Houve associação significativa estatisticamente (p=0,001) entre 
infecção fetal (PCR em líquido amniótico) e infecção neonatal. 
Concluiu-se que a frequência da toxoplasmose aguda materna apresentou-se 
abaixo do observado em outras investigações no Brasil. Entretanto a taxa de 
transmissão vertical não foi discordante do encontrado em outros estudos. O teste 
de avidez dos anticorpos IgG, quando associado à idade gestacional e data de 
realização do exame, mostrou-se útil para orientar a terapêutica e avaliar o risco de 
transmissão vertical, permitindo afastá-lo quando havia avidez elevada previamente 
a 12 semanas. O PCR positivo foi associado à pior prognóstico neonatal, 
demonstrando-se método específico para diagnóstico intra-útero da infecção fetal. 
 
3.1.6 Diagnóstico pós-natal da infecção congênita 
 
Todas as gestantes com diagnóstico confirmado ou suspeito de infecção 
aguda devem ter seus filhos avaliados ainda na maternidade para se proceder a 
confirmação da infecção congênita e instituir o tratamento. Devido ao pleomorfismo 
da toxoplasmose congênita, da infecção subclínica ser mais frequente e da infecção 
se assemelhar a outras infecções congênitas ou perinatais, o diagnóstico da 
toxoplasmose congênita é mais complicado que o diagnóstico da infecção adquirida 
(MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
De acordo com os mesmos autores, esta avaliação deve ser realizada por 
infectopediatras, neurologistas, ofatlmologistas e fonoaudiólogos para determinar 
possíveis manifestações e sequelas da infecção. A confirmação da infecção 
congênita é feita com a realização de testes sorológicos em amostras de sangue do 
recém-nascido. 
O diagnóstico sorológico do recém-nascido é particularmente difícil devido à 
alta concentração de anticorpos igG maternos que atravessam a barreira 
transplacentária e atingem o sangue dos recém-nascidos. A presença de anticorpos 
IgM e/ou IgA no sangue do recém-nascido revela infecção congênita, pois estas 
duas classes de imunoglobulinas não atravessam a barreira transplacentária, 
embora a ausência de IgM e IgA não exclua a infecção na criança. Nestes casos, 
deve-se continuar o monitoramento sorológico por até um ano de vida. 
Detecção de IgM e/ou IgA específicos anti-T.gondii: a presença dessasduas 
classes de anticorpos depende do período em que ocorre a soroconversão materna. 
26 
 
Anticorpos IgM específicos são mais frequentemente detectados em sangue de 
recém-nascido quando a soroconversão materna ocorre no terceiro trimestre da 
gestação e a detecção de anticorpos IgA quando a soroconversão ocorre no 
primeiro ou segundo trimestre. A presença desses anticorpos confirma infecção 
congênita. 
Detecção de IgG: anticorpos da classe IgG presentes no soro do recém-
nascido podem ser próprios ou adquiridos da mãe por via transplacentária. Os níveis 
séricos de IgG materna adquirida passivamente diminuem gradativamente e 
desaparecem entre seis a 12 meses, enquanto os níveis séricos de IgG endógeno, 
produzidos pela criança infectada, persistem ou aumentam após o nascimento. No 
entanto, nos primeiros meses de vida, esses números diminuem. Assim, no lactente 
que não está em tratamento, só se pode excluir a infecção congênita quando os 
anticorpos IgG negativarem completamente. 
 
Comparação dos métodos para diagnóstico da toxoplasmose congênita. 
(CASTRO etal., 2001) 
 
O artigo selecionado teve como objetivo avaliar a eficácia da reação em 
cadeia da polimerase (PCR) no líquido amniótico para a detecção da contaminação 
fetal pelo Toxoplasma gondii em gestantes com infecção aguda e correlacionar com 
a técnica de inoculação e a histologia da placenta. Trinta e sete pacientes foram 
estudadas prospectivamente e o diagnóstico foi baseado na identificação da 
infecção aguda materna, seguido pela amniocentese, guiada pela ultra-sonografia 
para obtenção de líquido aminiótico para a realização de PCR e inoculação em 
camundongo. As pacientes foram tratadas com espiramicina durante a gestação; se 
a infecção fetal era demonstrada, primetamina e sulfadiazina eram acrescentadas ao 
esquema. As placentas foram encaminhadas para exame histológico. As crianças 
foram acompanhadas durante um período que variou de três a 23 meses para a 
confirmação ou exclusão da toxoplasmose congênita. 
Medidas de associação como sensibilidade, especificidade e valores 
preditivos foram calculadas para a PCR no líquido amniótico, a inoculação em 
camundongo e a histologia da placenta, mostrando os seguintes resultados: para a 
PCR, uma sensibilidade de 66,7% e especificidade de 87,1%; os respectivos valores 
27 
 
para a inoculação em camundongo foram 50 e 100% e para a histologia da placenta 
foram 80 e 66,7%. 
 
Tabela 1- Idade gestacional do diagnóstico da infecção materna, início do 
tratamento e dados dos RNs depacientes com resultados de PCR positivo. 
Casos IG_Infecção IG-Início do Sinais de infecçãoEvolução 
Materna(sem.) tratamento (sem.) ao nascimento 
1 8 32 (regular) Nenhum TC descartada-7 meses negativação 
IgG 
2 1527(regular) Nenhum TC descartada- 12 meses 
3 4 não utilizou Nenhum TC descartada- 7 meses 
4 12 26(irregular) Nenhum TC descartada – 6 meses 
5 15não utilizou NeomortoNecrópsia; coriorretinite, encefalite 
toxoplásmica, ventriculomegalia 
6 15 18 (regular) hidrocefalia, coriorretinite DVP aos 2 meses 
Proteinorraquia 
7 16 27 (regular) calcificações cerebrais 11 meses/ IgG positivo 
8 18 não utilizou Nenhum 23 meses IgG e IgM positivos 
exame clínico normal 
IG = idade gestacional; RN = recém-nascido; PCR = reação em cadeia da polimerase; 
TC = toxoplasmose congênita; DVP = derivação ventrículo-peritoneal 
Fonte: Comparação dos métodos para diagnóstico da toxoplasmose 
 Congênita (CASTRO et al., 2001, p. 280). 
 
 
De acordo com a tabela 1, entre os oito casos em que a PCR foi positiva, o 
diagnóstico pós-natal confirmou quatro e excluiu a doença em outros quatro. A 
inoculação de líquido amniótico em camundongo foi positiva em dois casos, dos 
quais em um a PCR foi negativa. O exame anatomopatológico da placenta foi 
alterado em dez casos, sendo concordante coma PCR em quatro. Esse exame 
também confirmou a presença de toxoplasmose congênita em dois casos cujo 
resultado da PCR foi negativo. 
Conclui-se que o diagnóstico pré-natal é de importância fundamental no 
acompanhamento de uma gestante com toxoplasmose aguda, no entanto,o método 
da PCR no líquido amniótico para diagnóstico antenatal de toxoplasmose congênita 
ainda apresenta dificuldades técnicas, não devendo ser utilizada, isoladamente, na 
prática clínica, porém, é um método promissor e necessita de maiores estudos para 
melhorar sua eficácia. 
 
3.1.7 Tratamento materno 
As drogas mais utilizadas no tratamento da toxoplasmose são: 
28 
 
Espiramicina: é indicada no primeiro trimestre da gestação para o tratamento de 
gestantes com infecção aguda, devido ao fato de não atravessar a barreira 
placentária e, portanto, não oferecer risco iatrogênico para o feto. 
Esquema tríplice: a combinação de sulfadiazina e pirimetamina, associada ao ácido 
folínico, é indicada para gestantes de idade gestacional superior a 18 semanas. Esta 
associação deve ser evitada no primeiro trimestre da gravidez, devido ao efeito 
potencialmente teratogênico da pirimetamina (FRENKEL, 2002). 
 
Esquema de tratamento de toxoplasmose na gestante segundo o Protocolo de 
Diretrizes Clínicas, Laboratoriais e Terapêuticas da Toxoplasmose Congênita 
do Programa de Gestação de Alto Risco da Secretaria Estadual de Saúde do 
Paraná (PARANÁ, 2006, p. 7): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:Protocolo de diretrizes clínicas, laboratoriais e terapêuticas da toxoplasmose congênita do 
Programa de Gestação de Alto Risco da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Espiramicina 35ª s 
 
Sulfadiazina + Pirimetamina + Ác.folínico 
 
32 
 
Espiramicina 29ª a 31ª semana 
Sulfadiazina + Pirimetamina + Ác.folínico 26ª a 28ª semana 
Espiramicina 23ª a 25ª semana 
Sulfadiazina + Pirimetamina + Ác.folínico 20ª a 22ª semana 
Espiramicina 17ª a 19ª semana 
Sulfadiazina + Pirimetamina + Ác.folínico 14ª a 16ª semana 
Espiramicina Diagnóstico até a 13ª 
semana 
Esquema terapêutico Semanas de gestação 
29 
 
Medicamentos utilizados e Doses recomendadas para Tratamento da 
Toxoplasmose na Gestante segundo o Protocolo de Diretrizes Clínicas, 
Laboratoriais e Terapêuticas da Toxoplasmose Congênita do Programa de 
Gestação de Alto Risco da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná (PARANÁ, 
2006, p. 8): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:Protocolo de diretrizes clínicas, laboratoriais e terapêuticas da toxoplasmose congênita do 
Programa de Gestação de Alto Risco da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná. 
 
 
Existem diversos protocolos de tratamento da toxoplasmose adquirida na 
gestação, porém, a efetividade em prevenir a transmissão para o feto e a eficácia 
no tratamento intraútero devem ser melhor avaliadas. Parece haver um consenso 
de que só um grande estudo caso-controle, multicêntrico e randomizado seriam 
capazes de comparar a eficácia do tratamento materno (MITSUKA- BREGANÓ; 
LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
 
3.1.8 Tratamento da criança 
 
O tratamento da criança com toxoplasmose congênita, suspeita ou 
confirmada, deve ser realizado desde o nascimento, utilizando-se o esquema tríplice. 
Nos casos confirmados de toxoplasmose congênita o tratamento deve se estender 
até um ano de idade. 
1 comp. ao dia 15 mg Ácido Folínico (15mg) 
2 comp. em dose únicadiária 50 mg Pirimetamina (25 mg) 
(Manutenção = outros 
18 dias) 
2 comp. de 12/12 h 100 mg Pirimetamina (25 mg) 
(Inicio = 3primeiros dias) 
2 cp. de 8/8 h ou 3 cp. de 12/12 
h 
3.000 mg(3,0g) Sulfadiazina (500 mg) 
2 comp. de 8/8 h 3.000 mg(3,0g) Espiramicina (500 mg) 
Posologia Dose diária Medicamento 
30 
 
SegundoVarella (2007) os efeitos colaterais que podem surgir com o uso de 
medicamentos não podem ser desprezados. Portanto, o manejo adequado dos 
recém-nascidos exige discriminar com maior precisão possível os bebês doentes 
entre os não doentes. Este cenário predispõe a maioria dos pediatras e 
neonatologistas a enfrentarem um dilema diante destas situações inconclusivas 
exigindo uma análise criteriosa na interpretação dos testes diagnósticos em 
toxoplasmose congênita. 
 
3.1.9 Profilaxia 
 
A profilaxia deve ser baseada em medidas que reduzam ao máximo o risco de 
infecção, tendo em vista as três formas de T. gondiirelacionadas com a transmissão: 
taquizoítas que podem ser transmitidos congenitamente, por via transplacentária, por 
tranfusões de sangue, transplantes de órgãos, acidentes em laboratórios e ingestão 
de leite de cabra; cistos de T. gondii presentes em carnes cruas ou mal cozidas; e 
oocistos presentes no solo, os vegetais, nos tanques de areia, podendo ser 
disseminados pelo ambiente por hospedeiros transportadores, como moscas, 
baratas, minhocas e pelo de cães (FRENKEL, 2002). 
 Os gatos são hospedeiros fundamentais para a manutenção do ciclo do T. 
gondiipor serem os únicos que apresentam todas as fases do ciclo evolutivo do 
parasita. Os gatos tornam-se infectados pela ingestão de cistos presentes em 
tecidos de animais infectados ou oocistos no meio ambiente. A infecção de gatos por 
meio da ingestão de cistos é muito importante, principalmente para os gatos de rua 
ou gatos domésticos que possuam hábitos de caçar para se alimentar. Como esses 
animais defecam no solo sem serem vistos, a contaminação dificilmente é 
controlada. (MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
Medidas profiláticas de acordo com Paraná (2006): 
 
• alimentar gatos com ração ou carne bem cozida; 
• usar luvas ou lavar bem as mãos após manipular a terra; 
• lavar bem as frutas e vegetais com água corrente, esfregando 
mecanicamente; 
• limpar , DIARIAMENTE, as caixas sanitárias dos gatos – gestantes não 
devem realizar esta tarefa; 
31 
 
• controlar moscas e baratas; 
• proteger as caixas de areia em áreas de recreação infantil para que 
gatos não defequem nelas; 
• ingerir apenas água tratada ou fervida; 
• ingerir carne bem cozida (67°C por 10 minutos); 
• o congelamento de carnes evita a maioria dos cistos teciduais (-18°C 
por 7 dias);lavar as mãos e a superfície de preparação (tábuas e facas) 
após manusear carne crua; 
• não experimentar carne crua; 
Quanto à gestante, é importante que os testes sorológicos para pesquisa de 
anticorpos específicos anti-T. gondiisejam realizados na primeira consulta de pré-
natal e, caso a gestante não apresente estes anticorpos, além de repetir a sorologia 
no segundo e terceiro trimestre de gestação,deve receber orientações sobre as 
medidas preventivas. A efetiva prevenção da toxoplasmose congênita consiste na 
prevenção da infecção durante a gestação. Estudo realizado na Bélgica demonstrou 
que a educação em saúde estava associada a uma redução de 63% de 
soroconversão materna (MITSUKA- BREGANÓ; LOPES-MÓRI; NAVARRO, 2010). 
 
3.1.10Diagnóstico Precoce 
 
O diagnóstico precoce assim como o tratamento antiparasitário adequado da 
mãe tem demonstrado ser capaz de reduzir a taxa de transmissão para o feto e por 
consequência o número de sequelas nos casos em que a infecção intra-uterina já 
ocorreu. A fim de providenciar tratamento apropriado para todas as crianças com 
risco de embriopatia pelo toxoplasma, diagnóstico definitivo da infecção congênita é 
obrigatório e deve ser prontamente realizado (CASTRO etal., 2001). 
Para os referidos autores, os testes convencionais para o estabelecimento do 
diagnóstico fetal da toxoplasmose incluem a identificação direta do parasita ou a 
inoculação de líquido amniótico em camundongo assim como em culturas de células 
e, apesar de apresentarem uma boa especificidade, requerem maior tempo para a 
obtenção do resultado e demonstram baixa sensibilidade. 
De acordo com Castilho-Pellosoet al. (2005) o diagnóstico laboratorial constitui um 
desafio para os profissionais de saúde envolvidos na assistência à gestante e ao 
32 
 
concepto com suspeita de infecção pelo T. gondii. Além da complexidade de 
interpretação de marcadores de fase aguda, as modernas técnicas laboratoriais nem 
sempre estão disponíveis nos serviços e saúde pública do país. 
 
 Programas de controle da toxoplasmose congênita (LOPES-MÓRI etal., 2011). 
 
 Desde que a Áustria e a França estabeleceram triagem pré-natal, a 
prevalência da toxoplasmose caiu de 50% para 35% e de 84% para 44%, 
respectivamente. Outros países, como o Reino Unido, adotam práticas educativas 
para reduzir o risco de infecção em gestantes soronegativas. No Brasi, a triagem 
pré-natal é realizada nos estados do Mato Grosso do 
Sul e Minas Gerais e nas cidades de Curitiba e Porto Alegre. Em Londrina, Paraná, 
foi implantado o “Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e 
Congênita”, que se baseia na triagem sorológica, com orientação sobre as medidas 
de prevenção e monitoramento sorológico trimestral nas gestantes inicialmente 
soronegativas, além do acompanhamento das gestantes e crianças com infecção 
aguda e notificação dos casos. 
 Nos primeiros quatro anos de implantação, a avaliação do programa 
demonstrou uma redução de 63% no número de gestantes e 42% no número de 
crianças encaminhadas aos serviços de referência, resultando na liberação de vagas 
para o atendimento de pacientes com outras doenças. Quanto aos medicamentos, 
houve redução de 62% no consumo de ácido folínico e de 67% de sulfadiazina. 
 Atualmente, o programa está implantado em outros municípios do Estado do 
Paraná, como Rolândia, Cambé, Cascavel, Palotina e Jesuítas, e está em fase de 
implantação em Ibiporã e Maringá. 
 Em Rolândia, foi observada prevalência de 54,4% de anticorpos IgGanti-T. 
gondiie associação significativa com a residência na zona rural, mais de uma 
gestação, baixo nível de escolaridade, baixa renda per capitae uma tendência 
àassociação estatística com o consumo de água não tratada; em Palotina, foi 
encontrada 61,3% de prevalência de anticorposIgGanti-T.gondiie associação entre o 
baixo nível de escolaridade, mais de uma gestação, presença de gato na residência 
e o hábito de comer salame colonial ; em Cambé, foi observada uma uma 
prevalência de 46, 4% de anticorpos IgGanti-T.gondiie associação apenas entre o 
baixo nível de escolaridade e baixa renda per capitae, em Cascavel, foi observada 
33 
 
prevalência de 53,0% de prevalência de anticorpos IgGanti-T. gondiie associação 
significativa com a faixa etária, mais de uma gestação e baixa renda per capita. 
 A definição dos protocolos resultou na padronização do atendimento e 
segurança para a tomada de decisões por parte dos médicos. Portanto, como 
existem diversos protocolos individualizados nos diversos serviços e regiões, o 
estabelecimento de uma conduta ideal e consensual, com respaldo técnico, 
implicará na adoção de medidas que, certamente, ocasionarão economia aos cofres 
públicos, com a diminuição da toxoplasmose congênita. 
 
3.1.11Prevenção 
 
 A prevenção da toxoplasmose congênita e das sequelas pode ser obtida por 
meio de uma ou de combinações das seguintes estratégias: educação das gestantes 
não imunes ou suscetíveis sobre comportamentos preventivos; tratamentos das 
gestantes com infecção aguda; tratamento dos fetos infectados e tratamento 
precoce dos recém-nascidos infectados, mesmo que assintomáticos. A estratégia 
mais adequada para prevenir toxoplasmose congênita em determinada população 
depende de inúmeros fatores e é difícil de definir (REIS; TESSARO; D’AZEVEDO, 
2006). 
Os programas de prevenção primária devem ser baseados nas características 
epidemiológicas e culturais de cada região. Desse modo, determinar os fatores de 
risco em cada população é de fundamental importância para determinar as 
estratégias de promoção à saúde que devem ser baseadas no conhecimento dos 
fatores que afetam o comportamento das gestantes (LOPES-MORI etal., 2011). 
Para os referidos autores, as orientações feitas pelos profissionais às gestantes de 
risco são mais eficazes que orientações impressas (revistas, folders, cartazes), as 
quais são insuficientes para a mudança dos comportamentos de risco para a 
toxoplasmose. Assim é fundamental que os profissionais da área de saúde possam 
se capacitar quanto às medidas de prevenção, a fim de orientar as gestantes 
corretamente. 
A triagem sorológica materna para detecção da toxoplasmose é uma 
importante ferramenta que permite a adoção de medidas profiláticas e terapêuticas 
precocemente e, assim, a diminuição da taxa de transmissão vertical e/ou danos ao 
desenvolvimento fetal. Dessa forma, torna-se fundamental o início do pré-natal no 
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primeiro trimestre de gestação, com a realização da sorologia, possibilitando a 
identificação precoce dos casos agudos de toxoplasmose gestacional. Nos casos de 
sorologia negativa, deve-se refazer o teste no segundo e terceiro trimestres da 
gravidez (LOPES-MORI etal., 2011). 
Segundo os referidos autores, a triagem pré-natal, embora defendida por 
alguns especialistas como essencial para a redução da toxoplasmose congênita, 
apresenta algumas limitações. Os exames sorológicos que detectam anticorpos da 
classe IgM, presentes nas infecções recentes, são os mais utilizados para 
diagnóstico de toxoplasmose aguda, porém os métodos mais modernos detectam 
quantidades mínimas por mais de um ano após a infecção inicial (IgM residual), 
limitando sua utilização. Um resultado de anticorpos IgM (IgM residual) falso-positivo 
causa muita ansiedade na mãe e sua família e reduz as expectativas positivas com 
relação à nova criança. Assim sendo, esse anticorpo não deve ser utilizado como 
único marcador de infecção aguda, a fim de não expor a mãe e o feto a um risco 
desnecessário para o procedimento de diagnóstico fetal e tratamento. 
Para Castilho-Pellosoet al (2005) a primoinfecção pelo T. gondii é detectada 
pela pesquisa laboratorial de marcadores sorológicos durante o acompanhamento 
pré-natal ou em estudos de soroprevalência. A importância de estabelecer o perfi 
sorológico de gestantes reside na possibilidade de adoção de medidas profiláticas e 
terapêuticas para minimizar a transmissão vertical e a ocorrência de danos ao 
desenvolvimento fetal. 
De acordo com Varella (2007) as medidas adotadas para a prevenção da 
toxoplasmose congênita podem variar de acordo com diferentes países, entretanto, 
as estratégias têm como base quatro objetivos: 
• identificar mulheres suscetíveis e limitar o risco de contaminação 
durante a gravidez;• identificar o mais precocemente possível o diagnóstico na gravidez e 
evitar ou limitar a transmissão ao feto; 
• após o diagnóstico de soroconversão materna realizar o diagnóstico de 
toxoplasmose fetal e tratar o feto intra-útero; e 
• diagnosticar e tratar ao nascimento os casos de toxoplasmose 
congênita, mesmo clinicamente inaparentes, para prevenir o risco de 
reativação e complicações tardias. 
35 
 
No Brasil, a triagem pré-natal é sugerida como política pública não obrigatória 
devido à elevada prevalência de toxoplasmose materna (superior a 40%), sendo 
oferecida gratuitamente em algumas regiões, com experiência isolada e protocolos 
próprios, mas sem uniformidade nas ações, como nos estados de Mato Grosso do 
Sul, minas Gerais, São Paulo e Goiás e nas cidades de Curitiba, no Paraná, e Porto 
Alegre, no Rio Grande do Sul(LOPES-MORI et al., 2011). 
De acordo com os referidos autores, o programa “Mãe Curitibana”, um dos 
primeiros implantados no Brasil, pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, 
Paraná, garante uma atenção especial à gestante, efetivando seu vínculo à 
maternidade onde realizará seu parto desde a sua primeira consulta no pré-natal na 
UBS. A sorologia para IgG e IgM é realizada na primeira consulta e repetida no 
segundo e terceiro trimestre caso o resultado do exame anterior seja não reagente e 
se a paciente for de alto risco para a aquisição da infecção. Se a gestante for 
considerada de baixo risco, a sorologia é repetida entre a 26ª e 28ª semana de 
gestação. Nos casos de sorologia reagente para IgG e IgM, o resultado é confirmado 
pelo teste de avidez de IgG. 
A triagem neonatal é considerada alternativa prática e de baixo custo quando 
a incidência da infecção primária na gestante é baixa. Foi adotada na Dinamarca e 
em outros países com o objetivo de identificar os recém-nascidos infectados e tratá-
los precocemente. Na Dinamarca, a presença de IgM neonatal por captura 
identificou 70-80% dos casos de infecção congênita. Em estudos recentes, as duas 
abordagens, triagem pré-natal e neonatal, têm sido comparadas, na tentativa de 
buscar relação custo-benefício favorável em regiões com alta prevalência da 
infecção (REIS; TESSARO; D’AZEVEDO, 2006). 
Contudo, de acordo com Lopes-Mori etal. (2011) a triagem neonatal, quando 
adotada como medida única, é responsável apenas pelo tratamento do neonato, 
deixando de tratar a mãe, mas esta estratégia, quando complementar à triagem 
materna, torna-se uma ferramenta vantajosa para ambos. 
 
 
 
 
 
 
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 A prevalência e a incidência de toxoplasmose em gestantes variam muito de 
um país para o outro, e entre as regiões de um mesmo país. O conhecimento da 
taxa de gestantes soronegativas e das características de cada região é muito 
importante para planejar programas de prevenção e assistência pré-natal e neonatal 
da toxoplasmose. 
No Paraná, na cidade de Londrina, a soropositividadefoi de 49,2% de 
anticorpos IgGanti-T. gondii; em Rolândia, foi observada prevalência de 54,4% de 
anticorpos IgGanti-T. gondiie associação com a residência na zona rural; em Cambé 
foi observada uma prevalência de 46,4% de anticorpos IgGanti-T. gondiie 
associação apenas entre o baixo nível de escolaridade e baixa renda per capitae em 
Palotina, foi encontrada 61,3% de prevalência de anticorpos IgGanti-T.gondii e 
associação entre o baixo nível de escolaridade, mais de uma gestação, a presença 
de gato na residência e o hábito de comer salame colonial, hábito típico dessa 
região (LOPES-MÓRI et al., 2011). 
Existe diversos protocolos individualizados, emdiferentes serviços e regiões, 
com a adoção de medidas diagnósticas e terapêuticas diferentes, sem avaliação dos 
resultados, e como não existe um conjunto padronizado de medidas que objetive a 
orientação preventiva com capilaridade tal que atinja a porta de entrada do sistema 
assistencial, o estabelecimento de uma conduta ideal e consensual, com respaldo 
técnico, implicaria na adoção de medidas que, certamente, ocasionariam economia 
aos cofres públicos, com a diminuição da toxoplasmose congênita. 
Entende-se que é necessária a integração entre os diversos níveis de 
atendimento do sistema público de saúde para que possa atingir a máxima eficiência 
no controle da toxoplasmose gestacional e congênita. 
 Recentemente, o Ministério da Saúde aprovou a portaria 2.472, de 31 de 
agosto de 2010, anexo III, que estabelece a Lista de Notificação Compulsória em 
Unidades Sentinelas (LNCS), incluindo a Notificação da toxoplasmose aguda 
gestacional e congênita, que permitirá avaliar os programas de controle existentes e 
fornecerá dados para a implantação de um programa em nível nacional. 
É importante ressaltar que o conhecimento sobre aspectos epidemiológicos 
da doença como incidência em diferentes regiões, a forma predominante de 
contaminação, bem como a padronização e qualidade dos métodos diagnósticos, a 
37 
 
centralização em serviços de referência e a necessidade de desenvolvimento de 
pesquisas específicas são aspectos fundamentais para o manejo e a otimização da 
assistência. 
Dessa forma será possível atingir, no futuro, um maior grau de evidência na 
abordagem preventiva da toxoplasmose congênita com critérios bem definidos para 
implementação destas estratégias conforme a realidade de cada local. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
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Paulo: Editora Atheneu,2002, cap. 12, p. 159-178. 
 
• BIAZIN, DamaresTomasin; SCALCO, Thais Fauro. Normas da ABNT 
&Padronização para Trabalhos Acadêmicos. Londrina: Ed. Unifil, 2008. 
 
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gestantes a partir da implantação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose 
Adquirida e Congênita em municípios da região oeste do Paraná. Rev. Bras. 
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. Acesso em 29 jan. 2012. 
 
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freqüência, taxa de transmissão vertical e relação entre os testes diagnósticos 
materno-fetais em gestantes em estado da Região Centro-Oeste no Brasil. Rev. 
Bras. Ginecol. Obstet., Rio de Janeiro, v. 27, n. 8, ago. 2005. Disponível em 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0100_72032005000800002&
Ing=pt&nrm=iso. Acesso em 29 jan. 2012. 
 
 
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• FRENKEL, J.K. Toxoplasmose. In: VERONESI, R.; FOCACCIA, R. Tratado 
de Infectologia, São Paulo: Guanabara Koogan,2002, cap. 99, p. 1310-1324. 
 
• GIL, Antonio Carlos, Como elaborar projetos

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