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Crime Culposo: Conceito e Elementos

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Vejamos o artigo 18 do Código Penal:
“Diz-se o crime:
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
Parágrafo Único: Salvo os casos expressos em lei, ninguém poderá ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.
CONSCIENTE – Prevê o previsível
 
“(...) o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
A Culpa consiste em uma conduta voluntária, que realiza um fato típico não querido pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou que não foi previsto mas era previsível (culpa inconsciente), caso o mesmo tivesse adotado os deveres objetivos de cuidado. Este conceito foi retirado do artigo 33 do Código Penal Militar.
O crime culposo consiste, tradicionalmente, na inobservância de um dever objetivo de cuidado, em situações nas quais o resultado era previsível. 
- A lei exige a inobservância de um dever objetivo de cuidado, que pode ocorrer através da imprudência, da negligência ou da imperícia.
Imprudência: Está relacionada a uma ação! Exemplo: correr com o carro.
 Negligência: Está relacionada a uma omissão! Exemplo: não trocar a pastilha de freio do carro.
 Imperícia: Está relacionada a um caráter técnico! Exemplo: inobservância de deveres técnicos no desenvolvimento de uma arte, um ofício, uma profissão. Esse crime só poderá ser praticado por aquele profissional, que tem o dever de dominar aquelas técnicas.
 
 A nossa doutrina vai afirmar que o crime culposo tem que ser material, o que significa que precisamos da superveniência de um resultado, para que seja atingida a consumação. Nesse sentido, se a conduta imprudente, negligente ou imperita não gerar resultado naturalístico, não teremos condições de imputar a conduta culposa ao agente, pelo fato de a mesma não ter gerado lesão a um bem jurídico.
 
Tem que ocorrer aquilo que Zaffaroni e Pierangeli chamam de “componente de azar”, que é justamente a ocorrência do resultado.
Porém, há algumas exceções em que o crime culposo se consuma, mesmo sem a ocorrência de um resultado naturalístico:
 Exceção I: Artigo 13 da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento):
 “Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade”.
 Exceção II: Artigo 38 da Lei n.º 11.343/2006 (Lei Anti-Drogas):
“Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
- A doutrina também afirma que é necessária a previsibilidade objetiva, para que possamos falar em crime culposo. Ora, o que seria isso? A previsibilidade objetiva é a capacidade do homem médio de prever aquele resultado.
O homem médio é o homem de discernimento comum, que possui um padrão mediano de cuidado e atenção, sendo considerado o homem teoricamente comum da sociedade, que observa os deveres objetivos de cuidado na sua vida.
Nesse sentido, para que o crime possa ser punido a título de culpa, é necessário que o agente tenha condições de prever que aquele resultado pode acontecer.
Exemplo: eu estou treinando tiro ao alvo em uma ilha completamente deserta, sem nenhuma embarcação em volta e totalmente solitário. Porém, de repente, acerto um tiro na cabeça de um mergulhador, que se levanta na frente do meu alvo.
Por mais absurdo que este exemplo vem a ser, ele demonstra a questão da previsibilidade objetiva. Seria possível, para mim, prever que surgiria um mergulhador em uma ilha deserta? A resposta só pode ser negativa! Sendo assim, não havia previsibilidade objetiva na minha conduta e a mesma deveria ser considerada atípica, já que eu não agi com imprudência, negligência ou imperícia.
Note, que o agente não precisa prever o resultado! Ele precisa, apenas, ter a possibilidade de prever a ocorrência do resultado, para que possamos ter a culpa inconsciente (o agente não previu o resultado previsível).
Resumidamente, podemos dizer que se o resultado era imprevisível, ele não poderia ser atribuído ao agente, nem a título de culpa, sendo o fato atípico.
ATENÇÃO: A doutrina minoritária e garantista dispõe que a previsibilidade a ser estudada é a subjetiva, que não diz respeito ao homem médio e sim ao próprio agente. Aquele agente, naquelas circunstâncias, tinha condições de prever aquele resultado? Porém, esta corrente é minoritária, o que significa que a doutrina tradicional, clássica e majoritária, exige, apenas, a previsibilidade objetiva.
ATENÇÃO: Não há participação em crime culposo! Vamos estudar isto mais a frente, quando analisarmos o concurso de agente. Por enquanto, o importante é sabermos, que o crime culposo só admite co-autoria e jamais a participação. Isto ocorre, uma vez que a conduta do agente tem que dar causa ao resultado e a conduta do partícipe não dá causa ao resultado.

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