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EduFatecie E D I T O R A ANÁLISE DE CIRCUITOS Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Giani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto Marcelino Fernando Rodrigues Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Pedro Vinícius de Lima Machado EDITORA-CHEFE Prof. Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto EDITOR-ADJUNTO Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme ASSESSORIA JURÍDICA Prof. Dra. Letícia Baptista Rosa FICHA CATALOGRÁFICA Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos REVISÃO ORTOGRÁFICA Prof. Esp. Bruna Tavares Fernandes SECRETÁRIA Mariana Bidóia Machado Yasmin Cristina de Miranda Andretta SETOR TÉCNICO Fernando dos Santos Barbosa FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP S237a Santos, Lucas Delapria dos Análise de circuitos / Lucas Delapria dos Santos. Paranavaí: EduFatecie, 2023. 107 p.: il. Color. ISBN 978-65-5433-046-6 1. Circuitos elétricos. 2. Circuitos magnéticos. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23 ed. 621.3195 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas do banco de imagens Shutterstock. 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ 3 AUTOR Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos ● Mestre Bioenergia e energias renováveis pela UEM – Universidade Estadual de Maringá. ● Bacharel em Engenharia Elétrica pela UEM – Universidade Estadual de Maringá. ● Bacharel em Engenharia de Produção pela Unicesumar. ● Especialista em Engenharia de segurança do trabalho pela Universidade Cândido Mendes. ● Especialista em Gestão da qualidade pela UniFCV. ● Professor Formador EAD – Unicesumar. ● Tutor EAD Unicesumar. Vasta experiência com projetos elétricos de sistemas fotovoltaicos, instalações prediais e em obras de subestações e linhas de transmissão de 69 a 550 kV. Atuo na área da docência desde 2018, já tendo elaborado materiais didáticos, banco de questões, vídeo aulas e podcasts para diversos centros universitários, além de ser professor formador dos cursos de engenharia da Unicesumar desde 2020. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2332132875006556 http://lattes.cnpq.br/2332132875006556 4 Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre os conceitos fundamentais da estratégia de marketing, ou seja, os produtos e as marcas. Além de conhecer seus principais conceitos e definições, vamos explorar as mais diversas aplicações do desenvolvimento e gestão de marcas e produtos pelas organizações. Na unidade I começaremos a nossa jornada pelo conceito de produto, os dife- rentes níveis que um produto pode possuir, bem como as classificações dos produtos e implicâncias nas decisões de compra dos consumidores. Esta noção é necessária para que possamos trabalhar a segunda unidade do livro, que versará sobre o desenvolvimen- to de novos produtos. Já na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a concepção de produtos. Para isso, vamos detalhar cada uma das etapas para o desenvolvimento de um produto, para que serve a prototipagem e o pré-teste e, por fim, as funções da do designer e embalagens e sua classificação. Depois, nas unidades III e IV vamos tratar especificamente da marca, sua con- cepção (criação), o desenvolvimento do posicionamento e a gestão da marca, também conhecida como branding. Ao longo da unidade III, vamos destacar porque as marcas são tão importantes para o sucesso das empresas e também vamos conhecer as características para a criação de uma marca forte. Na unidade IV, vamos entender o papel da criação de valor para a satisfação do consumidor e sua fidelização. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo ! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Leis da eletricidade; • Associação de resistores, capacitores e indutores; • Fontes independentes e dependentes. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar as leis da eletricidade; • Compreender o método de associação de resistores, capacitores e indutores; • Estabelecer a importância das fontes dependentes e independentes. 1UNIDADEUNIDADE INTRODUÇÃO ÀINTRODUÇÃO À ANÁLISE DE ANÁLISE DE CIRCUITOSCIRCUITOS Professor Me. Lucas Delapria Dias Dos Santos 7 Olá, aluno (a), tudo bem? Seja bem-vindo (a) ao primeiro capítulo do nosso material de Análise de Circui- tos.repentinamente retirada do circuito e a energia do capacitor é entregue a um ou mais resistores a ele associados. A seguir, vamos dividir nossa análise em duas etapas: Circuitos com fonte de ten- são e, posteriormente, sem fontes de tensão. Apesar de utilizarmos fontes de tensão nas análises, é possível também fazê-las com fontes de corrente. 1.1 Circuito RC com Fonte de Tensão Na Figura 1, temos um circuito RC associado a uma fonte de tensão. Neste circuito, o valor de tensão Vs é constante e uma corrente irá variar no tempo para carregar o capa- citor C através do resistor R. Contudo, para este circuito, fica difícil estabelecer o momento exato em que a corrente começa a fluir pelo resistor até chegar ao capacitor. Para isso, iremos adicionar uma chave ideal ao circuito RC para ilustrar esta dinâmica. 57 1 CIRCUITOS DE PRIMEIRA ORDEM TÓPICO UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II FIGURA 01 – CIRCUITO RC Fonte: O autor (2022). Em termos de eletricidade, uma chave ideal simboliza um dispositivo teórico que tem a capacidade de interromper ou permitir a passagem de corrente elétrica pelos seus terminais, de forma perfeita, ou seja, sem perdas. Por definição, em uma chave ideal, quan- do aberta, a corrente será nula. Agora quando esta estiver fechada, a tensão sobre ela será nula e a corrente será uma consequência dos demais elementos conectados ao circuito. Seguindo para o circuito da Figura 2, o elemento S simboliza a chave ideal. A seta que atravessa a chave simboliza o movimento da chave e em qual momento este movimen- to acontece. FIGURA 02 – CIRCUITO RC COM UMA CHAVE S Fonte: O autor (2022). Descrevendo a dinâmica do circuito: no tempo t = 0 , a chave passa instantanea- mente da posição aberta para a fechada, conectando a fonte Vs ao resistor e capacitor, permitindo a passagem de corrente. Aplicando LKT no circuito após o fechamento da chave (t > 0 ), temos 58UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Você pode acompanhar todo o desenvolvimento matemático das derivadas e inte- grais em nosso livro base. O intuito aqui é chegar em uma equação matemática que nos ajude a resolver problemas relacionados a circuitos de primeira ordem. Dessa forma, ao final da resolução das equações (1) e (2), teremos que a equação dê a tensão no capacitor durante a carga é: Em que Vc é a tensão no capacitor em função do tempo, Vs é a tensão cc da fonte (ou valor final), V0 é a tensão cc armazenada no capacitor até o instante t0 (ou tensão inicial), R é a resistência série com o capacitor e C é a capacitância. Um caso particular acontece quando o capacitor está totalmente descarregado no instante t = t0 , ou seja, V0 = 0. Desta forma, podemos simplificar a Equação (3) Em ambas as equações (3) e (4) aparece um coeficiente que divide o tempo t, a constante de tempo ꞇ, onde Desta forma, podemos reescrever as equações (3) e (4) Em que ꞇ é a constante de tempo do circuito RC, medida em segundos, R é a resistência em Ω e C é a capacitância em farads. O conceito da constante de tempo t apresenta um parâmetro importante na análise de circuitos RC. Uma vez que conhecemos este parâmetro, podemos estimar qual o tempo necessário para a tensão do capacitor atingir um valor de interesse. A Tabela 1 relaciona esses valores a partir da equação (7). Na Figura 3 está ilustrada a curva de carga de um capacitor. 59UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II TABELA 01 - RELAÇÃO DA CARGA DO CAPACITOR EM RELAÇÃO AOS VALORES DE T MÚLTIPLOS DE ꞇ Fonte: O autor (2022). FIGURA 03 – COMPORTAMENTO DA TENSÃO DO CAPACITOR EM RELAÇÃO AO VALOR DE T Fonte: O autor (2022). 1.1.1 Circuito Rc sem Fonte de Tensão A segunda situação que estudaremos acontece quando um capacitor é carregado por uma fonte de tensão e, em um momento posterior, a fonte independente é retirada e o capacitor é descarregado de maneira natural nos demais elementos passivos do circuito. A Figura 4 ilustra o circuito com um capacitor C e um resistor R. A seta atravessando a chave S simboliza a sua abertura, desconectando a fonte Vs do circuito RC. FIGURA 04 – CIRCUITO RC SEM FONTE Fonte: O autor (2022). 60UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Entende-se que, no exato momento anterior à abertura da chave S, o capacitor está carregado com tensão Vs. Após a abertura da chave, a energia acumulada pelo capacitor será dissipada pelo resistor R. Dessa forma, podemos dizer que o capacitor atua momen- taneamente como uma fonte de energia. O comportamento da tensão no capacitor é o inverso da estudada anteriormente: a tensão decai exponencialmente após partir de um valor máximo. Matematicamente, pode- mos assumir que na junção entre o capacitor e o resistor temos um nó e aplicamos LKC e as mesmas técnicas de desenvolvimento do tópico anterior, teremos que: O comportamento da tensão no capacitor dado pela equação (8) é mostrado na Figura 5. FIGURA 05 - COMPORTAMENTO DA TENSÃO NO CAPACITOR DURANTE A DESCARGA EM RELAÇÃO AO VALOR DE ꞇ Fonte: O autor (2022). 1.2 Circuitos RL De forma análoga ao circuito RC, vamos analisar o circuito com Resistores e Indu- tores, chamado de Circuito RL. Vejamos. O indutor é, assim como o capacitor, um armazenador de energia e, portanto, a dinâmica do circuito RL é semelhante ao do circuito RC, contemplando as situações: 1. Quando uma fonte cc é conectada repentinamente ao circuito, fornece energia ao indutor, que se carrega. 2. Quando uma fonte cc é desconectada repentinamente do circuito e a energia do indutor é entregue à rede de componentes conectados a ele. 61UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Vamos, a seguir, separar nossa análise em duas etapas: Circuitos RL com fonte de tensão e, posteriormente, Circuito RL sem fonte de tensão. 1.2.1 Circuito RL com fonte de tensão A Figura 6 mostra um circuito RL alimentado por uma fonte de tensão independente. A tensão constante da fonte Vs fornece uma corrente que irá variar no tempo até carregar totalmente o indutor L e atingir a estabilidade. Para facilitar a compreensão do momento em que os eventos acontecem, vamos utilizar o conceito de chave ideal. FIGURA 06 - CIRCUITO RL COM FONTE DE TENSÃO Fonte: O autor (2022). A Figura 7 mostra o circuito RL da Figura 17 com a adição de uma chave ideal. FIGURA 7 - CIRCUITO RL COM FONTE DE TENSÃO E CHAVE S Fonte: O autor (2022). A partir do instante em que a chave S se fecha, uma corrente Is flui através do re- sistor e do indutor. A seguir, vamos descrever o comportamento do circuito. Aplicando LKT no circuito após o fechamento da chave S e realizando os desenvolvimentos necessários, teremos que: 62UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Em que iL é a corrente no indutor em função do tempo, iS é o valor máximo da corrente cc fornecida pela fonte (ou valor final), i0 é a corrente cc armazenada no indutor até o instante t0 (ou corrente inicial), R é a resistência série com o indutor e L é a indutância. Assim como fizemos na equação (9) para o capacitor, temos que ꞇ = L/R. Assim, podemos reescrever a equação que define a corrente no indutor como: Caso o indutor não tenha corrente armazenada em t = 0, podemos simplificar a equação: Perceba que, se substituirmos a fonte de tensão Vs no circuito da Figura 7 por uma fonte de corrente Is, a equação se manterá. A Tabela 1 também é válida para os circuitos RL. Perceba que o comportamento da corrente no indutor é semelhante ao comportamento da tensão no capacitor. FIGURA 08 – COMPORTAMENTO DA CORRENTE NO INDUTOR EM RELAÇÃO AO VALOR DE T Fonte: O autor (2022). 63UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II 1.2.2 Circuito RL sem Fonte de Tensão Assim como no tópico “Circuito RC sem Fonte de Tensão”, em que analisamos o circuito RC sem uma fonte de alimentação, faremos o mesmo com o circuito RL. Neste caso, a fontede tensão será retirada e a energia armazenada no indutor se dissipará nos outros elementos do circuito que L está inserido. A Figura 9 mostra o circuito com um indutor L e um resistor R. A seta atravessando a chave S simboliza a sua abertura, a qual desconecta a fonte Vs do circuito. FIGURA 09 - CIRCUITO RL SEM FONTE Fonte: O autor (2022). O comportamento da corrente a partir do instante da abertura da chave S é inverso ao do gráfico da Figura 9, ou seja, ela decai exponencialmente após partir de um valor máximo. Isso é mostrado na Figura 10. FIGURA 10 - COMPORTAMENTO DA TENSÃO NO CAPACITOR DURANTE A DESCARGA EM RELAÇÃO AO VALOR DE T Fonte: O autor (2022). Na próxima unidade, trataremos de algumas situações em que os três componentes estarão, de alguma forma, associados, os chamados RLC. 64UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . No tópico 1, estudamos aqueles circuitos que possuem, além de um resistor, ape- nas um elemento armazenador: capacitor ou indutor. Agora, abordaremos circuitos com dois elementos armazenadores no mesmo circuito. O resultado da análise será, equações com derivadas segundas, também conhe- cidas como circuitos de segunda ordem. Apesar de circuitos com dois capacitores ou com dois indutores também serem circuitos de segunda ordem, exploraremos com mais ênfase aqueles com um capacitor e um indutor. A análise destes circuitos será semelhante àquela aplicada aos circuitos anteriores: uma chave altera a alimentação do circuito que dará início a um comportamento transitório da tensão e da corrente nos elementos até atingir novamente a estabilidade. Valor inicial (V0 ou I0) é um valor estável (cc) nulo ou armazenado pelo capacitor, ou indutor antes da etapa transitória do circuito. Valor final (V∞ ou I∞) é um valor estável (cc) nulo ou armazenado pelo capacitor, ou indutor, momentos após a etapa transitória do circuito. É importante entendermos que os valores iniciais e finais ocorrem antes e depois do período transiente. “Um capacitor sem variação de tensão (cc estável) é entendido como um circuito aberto. Um indutor sem variação de corrente (cc estável) é entendido como um curto-circui- to.” (Alexander e Sadiku, 2013, p. 278) Para exemplificar, vamos determinar os valores iniciais e finais da tensão no capa- citor e da corrente no indutor do circuito RLC da Figura 11. 65 2 CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM TÓPICO UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Considere que a chave S1 ficou fechada por um longo período de tempo e em t = 0 abriu. FIGURA 11 - CÁLCULO DOS VALORES INICIAIS E FINAIS Fonte: O autor (2022). Vamos dividir a análise para encontrar os valores iniciais e finais em duas etapas: • Antes da abertura da chave, em que o instante t=0- significa o exato momento anterior à mudança de estado da chave. • E em uma segunda etapa, muito tempo após a abertura (em t=∞). Analisando o circuito da Figura 11, a chave está fechada e a fonte de tensão de 12 V está conectada aos elementos. Logo, o capacitor e o indutor estão completamente carregados e estabilizados. Sabemos que o capacitor é, em cc, entendido como um circuito aberto. Da mesma forma, dizemos que um indutor é, em cc, um curto-circuito. Com essas definições, podemos refazer o diagrama da Figura 12: FIGURA 12 – CIRCUITO EQUIVALENTE EM T = 0- Fonte: O autor (2022). 66UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Perceba que, uma vez que o capacitor é entendido como um circuito aberto, o resistor de 500 Ω não é mais percorrido por corrente, portanto, não apresenta queda de tensão, podendo ser desconsiderado da análise, neste momento. A corrente iL(0-) será a própria corrente que sairá da fonte em um único caminho por meio dos resistores de 800 Ω e 400 Ω. e a tensão Vc0- será a tensão sobre o resistor de 400 Ω Assim, já determinamos os valores iniciais de tensão no capacitor e corrente no indutor. O próximo passo é determinar os valores finais para as mesmas variáveis. Para isso, devemos considerar que a chave S1 mudou de estado (abriu) e a fonte de 12V foi desconec- tada do circuito. Logo, as fontes de energia serão o capacitor e o indutor. Independentemente do valor da energia armazenada, em algum momento estes valores serão reduzidos a zero. Logo, os valores finais de tensão no capacitor e corrente no indutor serão nulos: 67UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Muitas vezes devemos criar sistemas lineares para resolver problemas de circuitos elétricos. Neste contexto, realizar operações com funções trigonométricas, como seno e cos- seno, pode não ser muito conveniente. Uma alternativa para esta questão é aplicar Fasores. Desta forma, iremos nos deparar com operações matemáticas mais simples quando traba- lhamos com fasores em vez de funções seno ou cosseno. “Um Fasor é um número complexo que contém a amplitude e a fase de uma senóide.” (Alexander e Sadiku, 2013, p. 335). Antes de adentrarmos ao mundo dos fasores, temos que entender o que são senóides. Uma senóide representa um sinal elétrico alternado que respeita a função trigono- métrica seno ou cosseno e é a forma natural da conhecida corrente alternada. Apesar de existirem vários outros aspectos, a forma senoidal é a mais aplicada e toda esta seção é baseada neste modelo. A forma senoidal da corrente ou tensão elétrica é comumente percebida, pois é o resultado natural do movimento circular de um gerador elétrico de uma usina hidrelétrica, por exemplo. Da mesma forma, quando aplicada a máquinas elétricas como motores de in- dução, cria naturalmente campos eletromagnéticos girantes responsáveis pelo movimento circular desses dispositivos. A Figura 13 ilustra uma senóide e suas características. Perceba que, tomando como referência qualquer ponto da forma de onda, obteremos o mesmo valor a uma distância “T”, seja ela para a direita ou esquerda. Além disso, podemos identificar o seu valor máximo, o qual chamamos de Amplitude, simbolizada por Vs . Note que o módulo do valor máximo também aparece como valor mínimo. Isso porque a onda é puramente alternada, ou seja, não possui componente CC. 68 3 ESTUDO DE CIRCUITOS EM REGIME PERMANENTE SENOIDAL TÓPICO UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II FIGURA 13 - CARACTERÍSTICAS DE UMA SENÓIDE Fonte: O autor (2022). A forma de onda da senóide pode ser expressa na forma de equação: Em que v(t) representa uma senóide de tensão que varia no tempo, VS representa a amplitude do sinal alternado e t, o tempo medido em segundos. Para obter o entendimento completo das manipulações matemáticas e acrescentar certa simplicidade na análise, é comum expressarmos a senóide da seguinte forma: Em que ω é conhecida como frequência angular medida em radianos por segundo (rad/s). Podemos obter a frequência angular em função da frequência em hertz, fazendo: Operando a função seno ou cosseno em radianos,podemos definir que todo ciclo completo de uma onda senoidal possui o período de 2π radianos. Assim, não se faz neces- sário trabalhar matematicamente com a unidade segundos, o que torna mais simples as operações matemáticas com estes sinais. Na Figura 14, ilustramos a função seno em função de ωt: 69UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II FIGURA 14 – ESBOÇO DO SINAL DE V EM FUNÇÃO DE ΩT Fonte: O autor (2022). Outro parâmetro importante de uma senóide é o ângulo de fase ou simplesmente fase. A fase ɸ representa o deslocamento horizontal que a onda apresenta. Na Figura 15, as senóides estão defasadas, em que v2(ωt) está adiantada em relação à v1(ωt) por um deslocamento ɸ. Neste caso, escrevemos as senóides como: FIGURA 15 - ONDAS SENOIDAIS DEFASADAS POR ɸ Fonte: O autor (2022). 70UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II É importante destacar que ɸ representa um ângulo e deve ser expresso de acordo com a variável cuja senóide está em função. Por exemplo, se estamos expressando o período completo como 2π radianos, logo ɸ deve ser expresso em radianos. Contudo, é comum que o ângulo de fase seja expresso em graus. Logo, é necessário converter ωt em graus caso deseje somar os valores. A relação entre uma senóide z(t) e um fasor Z é a seguinte: Em que A representa a amplitude (valor máximo) da senóide e também o módulo do fasor Z, ω é a frequência angular e ɸ o ângulo de fase. Perceba que as variáveis frequência angular e tempo não são representadas na forma fasorial. Isto porque quando trabalhamos com fasor, devemos compreender que estamos analisando um comportamento em regime permanente, ou seja, estável. Além disso, entende-se que a frequência também não sofrerá alterações. Um detalhe importante é que só podemos realizar operações entre fasores para aqueles sinais que possuem a mesma frequência. Para converter uma senóide em fasor, vamos adotar como convenção que a função no tempo deve sempre estar na forma de cosseno positivo. Para converter de uma função, seno para cosseno, basta seguirmos a relação a seguir: QUADRO 01 - CONVERSÃO DE SENÓIDES NA FORMA DE COSSENO POSITIVO Fonte: O autor (2022). Exemplo: Converta para fasor as senóides a seguir 71UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II Solução a) Primeiro, devemos expressar a senoide na forma de cosseno: Em seguida, utilizar a forma de cosseno para obter o módulo e o ângulo b) c) 3.1 Tensão e Corrente Senoidais em um Resistor Se considerarmos que um resistor R, percorrido por uma corrente senoidal i(ωt) , tal que: Em que Ip é a amplitude da senoide e ɸ o ângulo de fase, a tensão nos terminais desse resistor pode ser encontrada aplicando a Lei de Ohm: Perceba que o ângulo de fase da tensão resultante é o mesmo da corrente aplicada ao resistor. Neste caso, dizemos que a tensão e a corrente no resistor estão em fase. Isto porque a relação entre a corrente e a tensão em um resistor é a multiplicação pela constante R. No domínio fasorial, teremos: em que: 72UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II 3.2 Tensões e Correntes Senoidais em um Indutor No domínio fasorial, podemos escrever a tensão no indutor como: e como o fasor de corrente é: Temos: 3.3 Tensões e Correntes Senoidais em um Capacitor No domínio fasorial, podemos escrever a corrente no capacitor como e como o fasor de tensão é: Temos: 73UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quando pensamos no estudo da potência em corrente alternada, essencialmente estamos falando em analisar correntes e tensões senoidais. Os valores de tensão e corren- te em um elemento estão variando no tempo e a potência instantânea é aquela cujo valor é dependente do tempo. Vamos considerar um elemento sendo abastecido por uma fonte de corrente alter- nada. Esta potência é entregue pelo sistema de alimentação e pode ser calculada como o produto entre a tensão v t - entre os terminais do elemento e a corrente i(t) que o atravessa: Em que p(t) representa a potência instantânea. FIGURA 16 - CORRENTE E TENSÃO EM UMA IMPEDÂNCIA Fonte: O autor (2022). 74 4 ANÁLISE DE POTÊNCIA EM CIRCUITOS CA TÓPICO UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II A potência instantânea é o produto das senóides de tensão e corrente em um elemento e pode ser calculada em qualquer instante, medida em watts (W). O sentido da corrente e a polaridade da tensão indicam se a potência é absorvida ou fornecida pelo elemento. Podemos dizer que: Perceba que a potência mostrada na acima contém duas componentes: a primeira não possui a variável t, portanto, não depende do tempo. A segunda possui a variável t dentro do cosseno e varia com o tempo, mais precisamente com o dobro da frequência das senóides de tensão e corrente. 4.1 Potência Média A potência instantânea varia no tempo e é difícil de medir. A potência média não depende do tempo, portanto é mais conveniente de ser medida. A média de uma onda de tensão e corrente puramente senoidal é nula. Contudo, percebemos que a média da onda de potência pode não ser nula. A potência média é aquela especificada nos equipamentos como motores e eletro- domésticos, sendo esse o valor medido pelo wattímetro. A potência média pode ser calculada por: Em que P é a potência média, em watts , Vp representa o valor de pico da onda de tensão, Ip é o valor de pico da senóide de corrente, ɸv é o ângulo de fase da tensão e ɸi é o ângulo de fase da corrente. Vimos, anteriormente, que para analisar circuitos em corrente alternada é conveniente trabalhar com fasores. A forma fasorial das senóides de tensão e corrente são, respectivamente. e podemos representar P em função dos fasores: 75UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II 4.1.1 Potência Média em um Resistor, Capacitor e indutor Como vimos, a relação tensão-corrente é dada pela constante R e não altera a relação de fase entre as variáveis. Portanto, dizemos que, para um resistor, a tensão e a corrente sempre estão em fase ou ɸv= ɸi . Logo, para o cálculo da potência, temos: Para o capacitor ou para o indutor, vimos que a relação entre a tensão e a corrente são defasadas em 90°, em que ɸv - ɸi = ±90 . Podemos afirmar que a potência média em um resistor é sempre máxima enquanto para capacitores e indutores a potência média é zero. Exemplo: Uma impedância Z=10+j10 possui uma tensão em seus terminais igual a v(t)=100cos cos (377t + 120°) V . Determine a expressão da potência instantânea e o valor da potência média absorvida neste elemento. Solução: O ângulo e o módulo da carga são, respectivamente: então, podemos concluir que a corrente i(t) pode ser expressa como: A potência instantânea pode ser escrita como: A potência média é determinada por: 76UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II 77UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II 77 O mundo em que vivemos hoje não seria possível sem os avanços que a tecnologia de corrente alternada nos proporcionou. Geradores e motores elétricos, sistemas de transmissão e distribuição de energia, além dos eletrodomésticos, usam em grande maioria tensões e correntes variantes no tempo. Isso graças a um engenheiro eletricista austríaco que viveu entre o final do século XIX e o início do século XX: Nikola Tesla. Dentre suas principais invenções, destaca-se o motor de indução e os transformadoresde alta tensão. Tesla viveu na mesma época que outro grande inventor do mundo da eletricidade, Thomas Edison e juntos firmaram a chamada “guerra das correntes”, em que Edison defendia os sistemas baseados em correntes contínuas, chegando a fazer campanhas contra os sistemas CA, criado por Tesla. Após se associar a George Westinghouse, um engenheiro e grande empresário americano, Tesla construiu a primeira usina hidrelétri- ca moderna, tecnologia que usamos até hoje. Fonte: SESI PARANÁ. A guerra das correntes. Disponível em: https://www.sesipr.org.br/idiomas/a-guerra-das- -correntes-1-19487-221944.shtml#:~:text=A%20Guerra%20das%20Correntes%20 Acesso em: 07 jul. 2022. A frequência f de uma onda alternada representa o número de vezes que o sinal se repetiu no intervalo de um segundo, medida em hertz (Hz). Fonte: Dorf e Svoboda (2013, p. 427). https://www.sesipr.org.br/idiomas/a-guerra-das-correntes-1-19487-221944.shtml#:~:text=A%20Guerra%20das%20Correntes%20 https://www.sesipr.org.br/idiomas/a-guerra-das-correntes-1-19487-221944.shtml#:~:text=A%20Guerra%20das%20Correntes%20 78 Nesta unidade, caro aluno (a), nos aprofundamos um pouco mais nas análises de circuitos, onde introduzimos os elementos capacitivos e indutivos em nossos circuitos. Como foi visto, estes elementos armazenadores de energia mudam completa- mente o equacionamento dos circuitos, tornando-os mais complexos de resolverem. Além disso, ao decorrer desta unidade aprendemos que as relações de fase nos elementos são extremamente importantes para o entendimento do comportamento dos circuitos em CA. É também interessante destacar que este ângulo entre a tensão e a corrente sobre os elementos não depende de seus valores das amplitudes das senóides. Espero que você tenha entendido como se analisar circuitos de primeira ordem (RL e RC) e circuitos de segunda ordem (RLC). Nos vemos na próxima unidade ! CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II 79 Como leitura complementar, indico o artigo “Análise De Circuito Elétrico Rlc De Se- gunda Ordem”, escrito pelos pesquisadores, Manoel Lucas Dantas dos Santos e Idalmir de Souza Queiroz Júnior. Neste artigo, os autores trazem uma abordagem através de software para a resolução de problemas envolvendo circuitos elétricos e equações de primeira e segunda ordem. Vale a pena conferir! Fonte: DOS SANTOS, M. L. D; JÚNIOR, I. S. Q. Análise de Circuito Elétrico RLC de Segunda Ordem. Universidade Federal Rural do Semiárido – UFERSA. Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufersa.edu. br/bitstream/prefix/4572/1/ManoelLDS_ART.pdf Acesso em: 05 jul. 2022. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II https://repositorio.ufersa.edu.br/bitstream/prefix/4572/1/ManoelLDS_ART.pdf https://repositorio.ufersa.edu.br/bitstream/prefix/4572/1/ManoelLDS_ART.pdf 80 LIVRO Título: Análise Básica de Circuitos para Engenharia Autor: J. David Irwin e R. Mark Nelms. Editora: LTC. Sinopse: Análise Básica de Circuitos de Engenharia é considera- da uma fonte confiável para os cursos de engenharia elétrica e afins. Os principais conceitos são explicados claramente e ilus- trados, o que permite que os alunos trabalhem com problemas semelhantes e comparem seus resultados com as respostas fornecidas. FILME / VÍDEO Título: Catching the Sun Ano: 2015. Sinopse: Talvez o documentário mais disseminado sobre energia solar até hoje, ele mostra as histórias de trabalhado- res americanos desempregados em busca de recolocação no mercado de energia solar, em Richmond, na Califórnia. Sua saga é entrelaçada com a de um ativista do Partido do Chá, assim como a de empresários chineses em busca de liderança mundial na direção de um futuro de energia limpa. A cineasta e ativista ambiental Shalini Kantayya, procura encontrar as res- postas para questões sobre como construir uma economia de energia limpa e renovável, a partir do olhar dos trabalhadores envolvidos com essa atividade. MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Circuitos Polifásicos; • Circuitos Acoplados Magneticamente; • Frequência Complexa; • Análise de Circuitos usando transformada de Laplace. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar circuitos polifásicos; • Compreender o que são os circuitos acoplados magneticamente; • Entender como se aplica a frequência complexa; • Realizar análises de circuitos usando transformada de Laplace. 4UNIDADEUNIDADE CIRCUITOS CIRCUITOS MAGNÉTICOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE E ESTUDOS DE FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS Professor Me. Lucas Delapria Dias dos Santos 82 Eletromagnetismo é o ramo da engenharia elétrica (ou da física) que lida com aná- lise e aplicação de campos elétricos e magnéticos. Veremos, em eletromagnetismo, que a análise de circuitos elétricos é aplicada em baixas frequências. Os princípios do eletromagnetismo (EM) são aplicados em várias disciplinas afins, como máquinas elétricas, conversão de energia eletromecânica, meteorologia com uso de radares, sensoriamento remoto, comunicação via satélite, bioeletromagnetismo, compatibi- lidade e interferência eletromagnética, plasmas e fibra óptica. Entre os dispositivos eletro- magnéticos, temos motores e geradores elétricos, transformadores, eletroímãs, levitação magnética, antenas, radares, fornos de micro-ondas, antenas parabólicas de micro-ondas, supercondutores e eletrocardiogramas. O projeto desses dispositivos requer um conheci- mento abrangente das leis e dos princípios dessa área. Eletromagnetismo é considerado uma das disciplinas mais difíceis da engenharia elétrica. Uma razão para tal é que os fenômenos eletromagnéticos são bastante abstra- tos. Mas, se a pessoa gostar de matemática e for capaz de visualizar o invisível, deveria considerar a possibilidade de se tornar um especialista em eletromagnetismo, já que poucos engenheiros elétricos se especializam nessa área, e os que se especializam são necessários na indústria de micro-ondas, estações de rádio/TV, laboratórios de pesquisa em eletromagnetismo e vários outros setores da comunicação. INTRODUÇÃO UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Chegamos à última e não menos importante unidade de nosso estudo de funda- mentos de Circuitos Elétricos. O estudo dos sistemas trifásicos é amplo e o objetivo desta seção é apresentar um parecer geral que possibilite análises avançadas no futuro. Iniciare- mos apresentandoa estrutura básica de um sistema trifásico e, em seguida, analisaremos um circuito trifásico balanceado em diversas configurações. Um gerador elétrico trifásico converte a energia da forma mecânica para energia elétrica. Esta energia mecânica pode ser proveniente da energia potencial das barragens em hidrelétricas, da energia cinética em parques eólicos ou mesmo do acoplamento de motores à combustão em geradores diesel. Um gerador elétrico trifásico é constituído, basicamente, por um rotor que gira envolto por um estator. O estator é formado por três ou mais grupos de bobinas chamados enrolamentos de armadura (a, b e c) dispostos 120° afastados uns dos outros, conforme mostrado na Figura 1. À medida que o eixo gira, três tensões são induzidas nas bobinas conforme a Lei de Faraday e o movimento rotacional do gerador dá origem à forma senoidal das tensões. 1 CIRCUITOS POLIFÁSICOS TÓPICO UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA FIGURA 01 – GERADOR TRIFÁSICO E TENSÕES SIMÉTRICAS Fonte: O autor (2022). Perceba que as três tensões senoidais têm a mesma amplitude e frequência, sendo diferentes apenas na fase. Estas tensões podem ser aproveitadas separadamente em circuitos monofásicos ou, de forma associada, nos circuitos trifásicos. Nesta unidade, daremos ênfase à última forma citada. Usando como referência a fase a , as demais fases b e c são defasadas em 120° conforme o diagrama fasorial da Figura 2. Podemos escrever as três senoides da forma: em que Vp , representa o valor de pico da senóide. As defasagens apresentadas em (1) representam a sequência positiva que indica que a senoide b está atrasada 120° em relação a a e, consequentemente, a senoide c está atrasada 120° em relação à c . Este modelo é o mais usado e será o adotado por padrão, exceto se for citado o contrário. 84UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA FIGURA 02 – DIAGRAMA FASORIAL EM SEQUÊNCIA POSITIVA Fonte: O autor (2022). Podemos escrever as tensões trifásicas na forma de fasor: O sistema formado pelas tensões geradas é dito balanceado, pois todas possuem o mesmo valor de amplitude e frequência, defasadas em 120°. Podemos provar o balan- ceamento fazendo Um sistema trifásico é, portanto, formado por três fontes de tensão que podem ser conectadas à carga por meio de três ou quatro fios a partir de uma linha de transmissão (ou barramento). As fontes de tensão podem ser ligadas de duas formas: configuração estrela (também chamada de Y) ou triângulo (também conhecida como delta). A Figura 3 mostra as duas formas de conexão. 85UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA FIGURA 03 – CONFIGURAÇÕES TRIFÁSICAS: (A) ESTRELA E (B) TRIÂNGULO Fonte: O autor (2022). Cada uma das configurações do sistema trifásico implica em uma forma diferente de entregar as tensões e correntes à carga. Na configuração estrela, você pode perceber que as correntes que atravessam as fontes de tensão são as mesmas aos terminais da linha de transmissão. Em contrapartida, a tensão entregue à linha de transmissão é a diferença entre as tensões nodais Va e Vb. Podemos determinar a tensão Vab fazendo Em que Neste caso, escrevemos: 86UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Então podemos concluir que a tensão entregue à linha de transmissão possui am- plitude maior em um fator √3 e é adiantada em 30°. Vamos conferir no diagrama fasorial. FIGURA 04 – DIAGRAMA FASORIAL DA FORMAÇÃO DA TENSÃO DE LINHA VAB Fonte: O autor (2022). O mesmo vale para as tensões . Às tensões damos o nome de Tensões de Linha. As tensões são chamadas de Tensões de Fase. Na configuração triângulo, as tensões das fontes já são as próprias tensões de linha. Em contrapartida, as correntes de linha não são as mesmas correntes que saem das fontes. A relação entre as correntes para a configuração triângulo é Em que representa o ângulo entre a tensão e a corrente. Da mesma forma que as fontes de tensão, as impedâncias de carga também podem ser configuradas em estrela ou triângulo. Isso irá depender da forma em que o circuito será aplicado. A Figura 5 ilustra as impedâncias ligadas em estrela e em triângulo. A conexão n se refere ao ponto neutro. Na conexão da carga, ele pode ou não ser conectado. 87UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA FIGURA 05 - CARGAS LIGADAS EM (A) ESTRELA E (B) TRIÂNGULO Fonte: O autor (2022). Quando estamos lidando com um sistema em estrela equilibrada, a relação entre as impedâncias é: Da mesma forma, para um sistema em triângulo, temos Podemos converter um sistema de cargas em triângulo para estrela e vice-versa aplicando a transformação, já vista em disciplinas anteriores, temos: E A seguir, vamos analisar os circuitos unindo as fontes de tensão trifásicas às cargas trifásicas nas formas: • Y - Y equilibrada. • Y - Δ equilibrada. • Δ - Δ equilibrada. • Δ - Y equilibrada. 88UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA 1.1 Circuito Estrela-Estrela Vamos começar nossas análises pelo circuito Estrela-Estrela equilibrado. Perce- ba que, além das fontes de tensão, temos também a impedância série de cada gerador . A conexão entre a carga e as fontes de tensão é uma impedância da linha . E a conexão do neutro é feita a partir da impedância de neutro, (BOYLESTAD, 2012) FIGURA 06 - CIRCUITO ESTRELA-ESTRELA EQUILIBRADO Fonte: O autor (2022). Quando consideramos um circuito equilibrado, temos: Considerando as tensões fase em sequência positiva, temos Como vimos, as tensões de entre linhas, ou simplesmente tensões de linha, são Neste caso, como temos as fontes de tensão equilibradas, as correntes também terão mesma amplitude e diferença de fase de 120° entre si e, por consequência, a corrente no neutro In será nula para qualquer valor de . 89UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Uma vez que não há corrente circulando no neutro, podemos dizer que não há dife- rença de potencial entre os nós n e N. Logo, a impedância de neutro Zn não cria nenhuma influência no circuito, podendo ser até removida da análise (BOYLESTAD, 2012). Definindo que o circuito trifásico é totalmente balanceado, podemos analisá-lo por um circuito monofásico equivalente por fase, como indicado na Figura 7. FIGURA 07 – CIRCUITO MONOFÁSICO EQUIVALENTE PARA A FASE A Fonte: O autor (2022). Uma vez que temos, agora, um circuito em série, podemos encontrar a corrente Ia fazendo de onde podemos simplificar fazendo chegando a Exemplo: Uma carga equilibrada em estrela com impedância de 5+j10 está co- nectada a um gerador trifásico equilibrado e sequência positiva ligado em triângulo com que possui uma impedância série de por meio de uma linha de transmissão com impedância de . Calcule as correntes de linha, as tensões de linha entre os terminais de entrada da carga (A, B e C) e a corrente que atravessa cada impedância da carga (BOYLESTAD, 2012). 90UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Solução: Com o sistema equilibrado, podemos calcular a impedância equivalente estrela fazendo A corrente de linha será conforme Como as tensões de fase complementares são Então as correntes de linha serão: Para calcular as tensões de linha no terminal de carga, fazemos em que e resolvendo, chegamos a A tensão de linha nos terminais da carga será Ou, ainda, podemos fazer 91UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Então Por fim, a corrente que atravessa a impedância de carga é a mesma corrente de linha 92UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Os circuitos estudados até agora podem ser considerados como acoplamento condutivo, pois afetam o vizinho pela condução de eletricidade. Quando dois circuitos com ou sem contatos entre eles se afetam por meio do campo magnético gerado por um deles, diz-se que são acoplados magneticamente. Os transformadores são um dispositivo elétrico projetado tendo como base o conceito de acoplamento magnético, pois usam bobinas acopladas magneticamente para transferir energia de um circuito para outro. Também são elementos de circuito fundamen- tais, utilizados em sistemas de geração de energia elétrica para elevar ou abaixar tensões ou correntes CA, assim como são usados em circuitos como receptores de rádio e televisão para finalidades como casamento de impedâncias, isolar uma parte de um circuito de outra e, repetido, elevar ou abaixar tensões ou correntes C. Iniciaremos com o conceito de indutância mútua e introduziremos a convenção do ponto usada para determinar as polaridades das tensões de componentes acopladas indu- tivamente. Tomando como base o conceito de indutância mútua, introduziremos a seguir o elemento de circuito conhecido como transformador. Quando dois indutores (ou bobinas) estiverem bem próximos um do outro, o fluxo magnético provocado pela corrente em uma bobina se associa com a outra bobina induzin- do, consequentemente, tensão nessa última. Esse fenômeno é conhecido como indutância mútua (BOYLESTAD, 2012). 2 CIRCUITOS ACOPLADOS MAGNETICAMENTE TÓPICO UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Consideremos, primeiro, um único indutor, uma bobina com N espiras. Quando a corrente i flui através da bobina, é produzido um fluxo magnético ɸ em torno dela FIGURA 08 - FLUXO MAGNÉTICO PRODUZIDO POR UMA ÚNICA BOBINA COM N ESPIRAS Fonte: O autor (2022). A indutância L do indutor é dada, portanto, por Essa indutância é comumente denominada auto indutância, pois ela relaciona a tensão induzida em uma bobina por uma corrente variável no tempo na mesma bobina. Consideremos agora duas bobinas com auto indutâncias L1 e L2 que estão bem próximas uma da outra, como na Figura 9 FIGURA 09 - INDUTÂNCIA MÚTUA M21 DA BOBINA 2 EM RELAÇÃO À BOBINA 1 Fonte: O autor (2022). A tensão mútua no circuito aberto (ou tensão induzida) na bobina 2 é M21 é conhecida como a indutância mútua da bobina 2 em relação à bobina 1. O subscrito 21 indica que a indutância M21 relaciona a tensão induzida na bobina 2 com a corrente na bobina 1. A tensão mútua de circuito aberto na bobina 1 é 94UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 959595 O conceito de transformação deve lhe ser familiar agora. Ao usar fasores para a aná- lise de circuitos, transformamos o circuito do domínio do tempo para o domínio da frequência ou para o domínio fasorial. Assim que obtemos o resultado fasorial, o transformamos de volta para o domínio do tempo. O método das transformadas de Laplace segue o mesmo processo: usamos as transformadas de Laplace para transformar o circuito do domínio do tempo para o domínio da frequência, obtemos a solução e aplicamos a transformada de Laplace inversa ao resultado para transformá-lo novamente para o domínio do tempo. Dada uma função f(t), sua transformada de Laplace, representada por F(s) ou L[f(t)] é definida por em que s é uma variável complexa dada por Quando a transformada de Laplace é aplicada à análise de circuitos, as equações diferenciais representam o circuito no domínio do tempo. Os termos nas equações dife- renciais tomam o lugar de f(t). Suas transformadas de Laplace, que correspondem a F(s), constituem equações algébricas representando o circuito no domínio da frequência. 3 FREQUÊNCIA COMPLEXA TÓPICO UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA 3.1 Propriedades das transformadas de Laplace As propriedades das transformadas de Laplace nos ajudam a obter pares de trans- formação sem usar diretamente a equação anterior. A Tabela 1 fornece uma lista das propriedades da transformada de Laplace. Existem outras propriedades, porém, estas já são suficientes para os propósitos atuais. TABELA 01 - PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE Fonte: O autor (2022). 96UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA A Tabela 2 traz um resumo das transformadas de Laplace de algumas funções comuns. Omitimos o fator u(t), exceto onde ele for necessário. TABELA 02 - PARES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE Fonte: O autor (2022). 97UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Exemplo 01: Obtenha a transformada de Laplace de Solução: Pela propriedade da linearidade, Exemplo 02: Determine a transformada de Laplace de Solução: Sabemos que Usando diferenciação de frequência 98UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 999999 Agora que introduzimos as transformadas de Laplace, veremos o que fazer com elas. Tenha em mente que, com as transformações de Laplace, temos, efetivamente, uma das mais poderosas ferramentas matemáticas para análise, síntese e projeto. Ser capaz de analisar circuitos e sistemas no domínio só pode nos ajudar a compreender como nossos circuitos e sistemas realmente funcionam. É totalmente apropriado considerar os circuitos como sistemas. Historicamente, os circuitos foram discutidos como um tópico separado de sistemas, de modo que, na verdade, trataremos de circuitos e sistemas neste capítulo cientes de que circuitos nada mais são que uma classe de sistemas elétricos. Sistema é um modelo matemático de um processo físico que estabelece uma rela- ção entre entrada e saída. 4.1 Etapas na aplicação da transformada de Laplace: 1. Transformar o circuito do domínio do tempo para o domínio s. 2. Resolver o circuito usando análise nodal, análise de malhas, transformação de fontes, superposição ou qualquer outra técnica de análise de circuitos com a qual estejamos familiarizados. 3. Efetuar a transformada inversa da solução e, portanto, obter a solução factível no domínio do tempo 4 ANÁLISE DE CIRCUITOS USANDO TRANSFORMADA DE LAPLACE TÓPICO UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Os equivalentes no domínio são mostrados na Figura 10. Com equivalentes no domínio das transformadas de Laplace podem ser usadas imediatamente. FIGURA 10: REPRESENTAÇÃO DE UM CAPACITOR: (A) EQUIVALENTE NO DOMÍNIO DO TEMPO; (B) E (C) EQUIVALENTES NO DOMÍNIO S Fonte: O autor (2022). Além disso, definimos a impedância no domínio s como a razão entre a transfor- mada de tensão e a transformada de corrente sob condições iniciais zero. Portanto, as impedâncias dos três elementos de circuitos são: TABELA 03 - IMPEDÂNCIA DE UM ELEMENTONO DOMÍNIO S.* Fonte: O autor (2022). Exemplo: Determine vo(t) no circuito supondo condições iniciais zero. 100UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA Solução: Primeiro, transformamos o circuito do domínio do tempo para o domínio s. O circuito resultante no domínio s é aquele indicado na Figura a seguir. Aplicaremos, agora, a análise de malhas. Para a malha 1, Para a malha 2: Substituindo essa última na Equação anterior: Multiplicando por 3s, obtemos Extraindo a transformada inversa nos leva 101UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA 102UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA James Clerk Maxwell (1831-1879), formado em matemática pela Cambridge University, Maxwell escreveu, em 1865, um artigo memorável no qual ele unificou matematicamente as leis de Faraday e de Ampère. Essa relação entre os campos elétrico e magnético serviu como base para o que, mais tarde, foi denominado ondas e campos eletromagnéticos, um importante campo de estudo da engenharia elétrica. O Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) usa uma representação gráfica desse princípio em seu logotipo, no qual uma seta em linha reta representa corrente e uma seta em linha curva representa o campo ele- tromagnético. Essa relação é comumente conhecida como a regra da mão direita. Maxwell foi um cientista e teórico muito ativo. Ele é mais conhecido pelas “equações de Maxwell”. O Maxwell, unidade de fluxo magnético, recebeu esse nome em sua homenagem. Fonte: ALEXANDER, C. K; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. O transformador é um dispositivo magnético que tira proveito do fenômeno da indutância mútua, e o introduzimos como um novo elemento de circuito. Fonte: O autor (2022). 103 Todo o conteúdo visto até aqui é aplicado em diversos campos da engenharia, como sistemas de controle é uma área da engenharia elétrica que usa em larga escala a análise de circuitos. Um sistema de controle projetado para regular o comportamento de uma ou mais variáveis de alguma forma desejada e que desempenha importantes funções em nos- sa vida cotidiana. Eletrodomésticos como sistemas de aquecimento e de ar-condicionado, termostatos controlados por chaves, máquinas de lavar roupa e secadoras, instrumentação de bordo em automóveis, elevadores, semáforos, plantas industriais, sistemas de navega- ção – todos esses equipamentos utilizam sistemas de controle. A engenharia de controle integra as teorias de circuitos e de comunicações. Não se limitando a qualquer disciplina específica da engenharia, pode envolver os seguintes campos da engenharia: química, aeronáutica, mecânica, civil e elétrica. Por exemplo, uma tarefa comum para um engenheiro de sistemas de controle poderia ser: projetar um regu- lador de velocidade para a cabeça de uma unidade de disco. Dominar completamente as técnicas de sistemas de controle é essencial para o engenheiro elétrico e é de grande valia no projeto de sistemas de controle para realizar a tarefa desejada. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA 104 O Artigos “ TECNOLOGIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA SEM FIO (WIRE- LESS POWER TRANSFER) ”, disponível no link a seguir: https://periodicos.unis.edu.br/ index.php/mythos/article/view/567, tem como tema a tecnologia de transmissão de energia sem fio (Wireless Power Transfer – WPT). Assim como a comunicação verbal que se de- senvolveu com a implementação do rádio, celulares e depois com a internet, temos hoje a WPT, que consiste em transmitir cargas elétricas sem condutores. O artigo busca esclarecer dúvidas sobre o tema explicando: O que é? Como funciona? Quais os ganhos e as perdas em relação a energia transmitida através de condutores? Para isso, os autores utilizaram os conhecimentos de eletromagnetismo e circuitos elétricos estudados ao decorrer da gra- duação, além da pesquisa em artigos, monografias e teses sobre o tema. Fonte: CASTRO, W. R, et al. Tecnologia de Transmissão de Energia sem fio (Wi- reless Power Transfer). Revista Mythos, 15(1), p. 105-117, 2021. Disponível em: https:// periodicos.unis.edu.br/index.php/mythos/issue/view/48 Acesso em: 10 ago. 2022. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA https://periodicos.unis.edu.br/index.php/mythos/article/view/567 https://periodicos.unis.edu.br/index.php/mythos/article/view/567 https://periodicos.unis.edu.br/index.php/mythos/issue/view/48 https://periodicos.unis.edu.br/index.php/mythos/issue/view/48 https://periodicos.unis.edu.br/index.php/mythos/issue/view/48 105 LIVRO Título: Análise De Circuitos Autor: J ohn O’malley. Editora: Pearson; 2ª edição. Sinopse: O livro é focado para prática e assimilação por reso- lução de exercícios. Seu ponto forte é esse, não reservando tempo nem muito espaço para longas e detalhadas explicações sobre o tema. FILME / VÍDEO Título: A batalha das correntes Ano: 2019. Sinopse: Ambientado no final do século XIX, a Guerra das Correntes, que foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) so- bre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse defendia a corrente alternada. MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 4 CIRCUITOS MAGNÉTICOS E ESTUDOS DE FREQUÊNCIA 106 ALEXANDER, C. K; SADIKU, M.N.O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. BOYLESTAD, R. Introdução à Análise de Circuitos. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2012. DORF, R. C.; SVOBODA, J. A. Introduction to electric circuits - 9th. Wiley, 2013. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 107 Bom, caro estudante, chegamos ao fim da nossa disciplina de Análise de cir- cuitos elétricos. Ao longo destes quatro capítulos, passamos por diversos assuntos e conceitos que servirão como norte em todas as disciplinas relacionadas à energia, eletricidade e magnetismo. Durante a primeira unidade, vimos de perto as leis da eletricidade, quais são os princípios físicos que regem os circuitos elétricos, como funciona a associação de resisto- res, capacitores e indutores. Essas associações são importantes na criação, composição e análise de qualquer tipo de circuito elétrico. Além disso, vimos a existência e o funciona- mento de fontes dependentes e independentes de tensão e de corrente. No segundo capítulo, aprendemos alguns dos principais métodos utilizados na leitu- ra e análise de circuitos elétricos, como análise de malhas, análise nodal e conceitos como super malha e super nó. Todos esses conceitos e métodos de análise serão aplicados em circuitos elétricos CA e CC, veremos aplicabilidade em sinais e sistemas lineares, circuitos de microeletrônica e diversos outros campos da engenharia elétrica. Seguindo para a unidade seguinte, estudamos os circuitos RL e RLC, classificados como circuitos de primeira e segunda ordem, respectivamente. Nestes circuitos são introdu- zidos elementos que tornam a nossa análise mais complexa, como indutores e capacitores. Indo mais além, estudamos a análise desses circuitos em regime senoidal permanente, além de aprendermos a analisar a potência em circuitos CA. Por fim, em nossa última unidade, fomos mais ainda mais longe em nossas análises, onde abordamos circuitos acoplados magneticamente, frequência complexa e aprendemos a analisar circuitos utilizando o método da transformada de Laplace. Este método nos per- mite simplificar a análise de circuitos de primeira e segunda ordem. Com todo este conteúdo, você, caro aluno (a), está pronto para seguir os seus estudos em nosso curso. CONCLUSÃO GERAL ENDEREÇO MEGAPOLO SEDE Praça Brasil , 250 - Centro CEP 87702 - 320 Paranavaí - PR - Brasil TELEFONE (44) 3045 - 9898 ENDEREÇO CAMPUS SEDE Rodovia BR-376, 1000 KM 102 - Chácara Jaraguá CEP 87701 - 970Paranavaí - PR - Brasil TELEFONE (44) 3045 - 9898 EduFatecie E D I T O R A Shutterstock Site UniFatecie 5: Site EduFatecie 3: Botão 11: Botão 10: Botão 9: Botão 8: Unidade 01: Unidade 02: Unidade 03: Unidade 04:Como sabemos, o estudo da engenharia elétrica é dividido em, basicamente, duas teorias não exclusivas: a teoria dos circuitos elétricos e a teoria do eletromagnetismo. Todo e qualquer curso cuja base seja uma ramificação da engenharia elétrica (como, por exemplo, engenharia de energia, instrumentação, eletrônica, computação, entre outras) estuda, de uma forma ou de outra, a teoria dos circuitos elétricos. A teoria de circuitos elétricos, por sua vez, pode ser dividida em dois ramos distintos: a análise de circuitos de corrente contínua, e a análise de circuitos de corrente alternada. Nesta unidade, caro estudante, começaremos aprendendo o básico para que possamos realizar uma análise completa de um circuito elétrico. Aqui, veremos as leis da eletricidade aplicadas ao circuito elétrico, entenderemos como ocorre a associação de resistores, capa- citores e indutores e calcularemos o valor equivalente desta associação, e finalizaremos o material estudando fontes dependentes e independentes em circuitos elétricos. Vamos lá ?! INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 Iniciaremos agora os estudos de conceitos básicos que permeiam o estudo da eletricidade. 1.1 Campo Elétrico O campo elétrico é um fenômeno que ocorre devido à interação entre átomos pró- ximos. Logo, é necessário um entendimento básico sobre o átomo e sua estrutura, para prosseguirmos na análise do campo elétrico. Um átomo é formado por prótons, nêutrons e elétrons, dividido em duas regiões distintas. Os prótons e nêutrons existem no que chamamos de núcleo atômico, enquanto os elétrons existem em camadas concêntricas orbitais em torno do núcleo. FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DOS ÁTOMOS DE HIDROGÊNIO E HÉLIO Fonte: Adaptado de: Boylestad, (2012, p. 25). 1 LEIS DA ELETRICIDADE TÓPICO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS Na figura Representação dos átomos de hidrogênio e hélio, em (a) temos os átomos de hidrogênio, que contém um único próton e um único elétron, e em (b) temos um átomo de hélio, que contém dois prótons, dois elétrons, e dois nêutrons. Como o próprio nome já diz, a eletricidade se baseia na interação entre elétrons. Logo, nosso estudo será focado nesta partícula. Um elétron apresenta, por definição, uma carga elétrica negativa, igual em módulo à carga positiva do próton. Logo, um elétron cancela um próton, e átomos estáveis apresentam um número igual de prótons e elétrons. Átomos que possuem núcleos mais complexos (com maior quantidade de prótons) ne- cessitam de mais elétrons para se cancelarem e se tornarem estáveis, e sendo assim, é necessário comportar estes elétrons em torno do núcleo. Cada camada pode comportar um número finito de elétrons. A primeira camada comporta 2 elétrons, e as camadas seguintes comportam 2n2 elétrons, onde n é o número de camadas. Tomamos o átomo de cobre como exemplo. O cobre é o metal mais comumente utilizado na indústria eletroeletrônica, pois apresenta uma excelente interação eletrônica. Essa interação se dá devido à configuração eletrônica desse átomo. O cobre apresenta 29 prótons e 29 nêutrons em seu núcleo, e consequentemente, necessita de 29 elétrons para ser estável. Seguindo a regra das camadas exposta no parágrafo anterior, a primeira camada possui 2 elétrons, a segunda camada, 2.22 = 8 elétrons, a terceira camada, 2.32 = 18 elétrons, e a quarta camada, poderia comportar no máximo 2.42 = 32 elétrons. Mas lembre-se que o cobre possui somente 29 elétrons! Logo, na quarta (última) camada, temos somente um único elétron (pois 2 elétrons na 1ª camada + 8 elétrons na 2ª camada + 18 elétrons na 3ª camada totalizam 28 elétrons, sobrando somente 1 elétron para a última camada). Esta configuração é ilustrada na figura Estrutura atômica do cobre. FIGURA 02 - ESTRUTURA ATÔMICA DO COBRE Fonte: Adaptado de Boylestad, (2012, p. 25). 9UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS Este último elétron apresenta algumas características importantes. Primeiro, átomos com camadas completas apresentam uma interação entre o núcleo e os elétrons mais fortes. Quanto mais próximo do número máximo de elétrons da camada, mais forte esta interação (ou seja, mais estável esta camada está). Segundo, quanto mais longe do núcleo os elétrons estão, mais fraca a interação entre o núcleo e o elétron. Logo, o cobre apresenta uma camada com interação extremamente fraca, pois esta camada apresenta o menor número de elétrons possível e este elétron está o mais longe o possível do núcleo. O resultado é que este último elétron está ligado ao núcleo de maneira extremamente fraca, e pouca energia é necessária para que este elétron se desvencilhar do átomo original. Caso isto aconteça, este átomo é chamado de elétron livre. 1.2 Diferença de potencial elétrico (tensão elétrica) Suponha agora duas regiões que apresentem uma diferença eletrônica, apresen- tada na figura Definição de tensão entre dois pontos (a). Logo, existirá uma interação entre elas, mas não é possível que elétrons migrem de uma região para a outra. Ou seja, existe uma diferença de potencial elétrico que é mantida. Suponha ainda que seja colocado uma carga negativa de 1 coulomb próximo a região com carga positiva, e queremos mo- vimentar esta carga negativa para próximo da região com carga negativa. Para tal, será necessário despender de energia para vencer a força de repulsão entre a carga negativa de 1 coulomb e a região negativa. Neste processo de deslocamento da carga de um ponto a outro, define-se a unidade volt (V), utilizada para representar uma diferença de potencial elétrico, comumente chamado de Tensão Elétrica. Tensão (ou diferença de potencial) é a energia necessária para deslocar uma carga unitária através de um elemento, medida em volts (V). 10UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS O cobre não é o melhor condutor elétrico, e sim a prata. Relativamente falando, a prata apresenta con- dutibilidade de 108%, o cobre 100%, o ouro 70%, alumínio 60%, e titânio apenas 1% (todos relativos ao cobre). Em linhas de transmissão de alta tensão, utiliza-se alumínio no lugar do cobre. Por que você acha que isso acontece? Fonte: Boylestad (2012, p. 30). FIGURA 03 - DEFINIÇÃO DE TENSÃO ENTRE DOIS PONTOS Fonte: Adaptado de Boylestad, (2012, p. 27) A Figura 3-(b) mostra que, se necessitamos de 1 joule para movimentar uma carga de 1 coulomb, temos 1 volt de diferença de potencial ou tensão elétrica. Se necessitamos de 2 joules para movimentar a mesma carga, temos 2 volts de tensão, conforme mostra a Figura 3-(c). Por conseguinte, necessitando de 4,8 joules, temos uma tensão de 4,8 volts, conforme Figura 4-(d). Utilizando um caso do cotidiano, as baterias utilizadas nos carros são especificadas para uma tensão de 12V. Isso quer dizer que, para movimentar uma carga negativa de 1 coulomb, é necessário 12 joules de energia. 1.3 Carga e Corrente Elétrica Agora, vamos considerar a corrente elétrica. Junto com a tensão, forma-se a base de qualquer fenômeno que envolve a eletricidade. Suponha que pegamos um fio de cobre e que utilizamos este fio para conectar duas regiões com carga elétrica diferente (os pólos de uma bateria de 12V, por exemplo). Os últimos elétrons dos átomos do fio de cobre estão sujeitos a tensão elétrica da bateria, e por consequência, querem migrar para a região em que tem poucos elétrons. De outra forma, as cargas positivas se deslocam para o terminal negativo, e as cargas negativas se deslocam para o terminal positivo,buscando o equilíbrio. É importante notar que cargas elétricas não são criadas nem destruídas, apenas transferidas. Logo, a soma algébrica de um sistema não se altera. A este deslocamento de cargas dá-se o nome de corrente elétrica. Por definição: Corrente elétrica é o fluxo de carga por unidade de tempo, medido em ampères (A). 11UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS A corrente não necessita ser constante, ela pode variar conforme o tempo. Pode- mos classificar a corrente elétrica de duas formas básicas: (1) se a corrente não muda com o tempo (ou seja, é constante), chamamos de corrente contínua (CC); (2) se a corrente varia com o tempo segundo uma função senoidal, chamamos de corrente alternada (CA). 12UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.1 Associação de Resistores Muitas vezes, é conveniente (e possível) associar resistores em série e em paralelo a fim de reduzir uma rede resistiva a uma única resistência equivalente, facilitando a análise de redes complexas. Para entendermos como funciona uma associação de resistores em série, utilizare- mos da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) e da Lei de Ohm. 2.1.1 Resistência equivalente em série Suponha um circuito com dois resistores, e , conectados em série, conforme mostra a Figura 4. FIGURA 04 - UM CIRCUITO COM UM ÚNICO LAÇO E DOIS RESISTORES EM SÉRIE Fonte: Alexander e Sadiku, (2013, p. 39). 2 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES, CAPACITORES E INDUTORES TÓPICO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS Sabemos que, para elementos conectados em série, a corrente que passa por eles é a mesma. Logo, a corrente em ambos os resistores será a mesma. Aplicando a Lei de Ohm em ambos os resistores, temos: Aplicando a LKT no laço, obtemos a seguinte equação: Combinando as equações (1) e (2): Ou, ainda: Pela equação (3), vemos que a resistência total do circuito é a soma de R1 com R2. Logo, podemos substituí-los por um único resistor equivalente FIGURA 05 - CIRCUITO EQUIVALENTE AO APRESENTADO NA FIGURA 1 Fonte: Alexander e Sadiku, (2013, p. 39). Assim, dizemos que o circuito da Figura 5 é equivalente ao circuito da Figura 4. A resistência equivalente de qualquer número de resistores ligados em série é igual a soma das resistências individuais. 14UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS Se tivermos N resistores em série, podemos, matematicamente, definir a resistência equivalente como: A equivalência de resistores em série é útil quando queremos simplificar a análise de um circuito, pois podemos reduzir o número de elementos do mesmo. 2.1.2 Divisor de tensão Veja que, caso desejamos obter a tensão em cada um dos resistores do circuito da figura 4, simplesmente substituímos a equação (4) na equação (1), assim: Pela equação (7), notamos que a tensão é dividida de forma proporcional às resis- tências. Quanto maior for a resistência, maior será a queda de tensão no resistor. O circuito da Figura 4 é denominado divisor de tensão. 2.1.3 Resistência equivalente em paralelo Considere um circuito com dois resistores, R1 e R2, conectados em paralelo com uma fonte de tensão, mostrado na Figura 6. FIGURA 06 - CIRCUITO COM DOIS RESISTORES EM PARALELO Fonte: Alexander e Sadiku, (2013, p. 40). 15UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS Sabemos que, para elementos conectados em paralelo, a tensão entre eles deve ser a mesma. Logo, a tensão nos resistores deve ser, pela Lei de Ohm: Ou ainda: Aplicando a LKC ao nó a, obtém-se: Substituindo a equação (9) em (10), temos: Onde Req é a resistência equivalente dos resistores em paralelo: Simplificando algebricamente a equação (12), tem-se: A equação (13) mostra como é a equivalência de dois resistores em paralelo. A resistência equivalente de dois resistores em paralelo é igual ao produto de suas resis- tências dividido pela sua soma. Para N resistores em paralelo, estendemos a equação (13): DICA: Caso os resistores forem TODOS de mesma resistência, a resistência equi- valente é igual a resistência individual, dividido pelo número de resistores. No caso, Req = 40/4 = 10Ω Por exemplo, se tivermos quatro resistores de 40Ω ligados em paralelo, a resistên- cia equivalente deste arranjo será de 10Ω. 16UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS 2.1.4 Divisor de corrente Sabendo a resistência equivalente do arranjo, como podemos obter as correntes individuais de cada resistor? Pela Lei de Ohm: Combinando as equações (10) com a (15), temos: A equação (16) mostra que a corrente i é dividida com os resistores numa proporção inversa à sua resistência. Ou seja, em um arranjo paralelo, quanto maior a resistência, menor será a corrente. Este comportamento é conhecido como princípio da divisão de corrente, e o circuito apresentado na Figura 6 é conhecido como divisor de corrente. Para um divisor de corrente, é importante analisarmos o caso especial de uma das resistências do arranjo para um curto-circuito, ou um circuito aberto. Quando temos um curto-circuito em paralelo com algum elemento (comumente referenciado como elemento em curto), é necessário considerar duas coisas: 1. A resistência equivalente é nula (Req= 0), vide equação (16) com R2 = 0; 2. Toda a corrente flui pelo curto-circuito. Já quando temos um circuito aberto, consideramos também duas coisas: A resistência equivalente é igual a resistência; Toda a corrente flui pela resistência (não existe corrente em um circuito aberto). 2.2 Associação de capacitores A associação de elementos permite a simplificação de arranjos, a fim de diminuir o trabalho ao se analisar um circuito. Nesse âmbito, é possível simplificar arranjos de capaci- tores, utilizando as mesmas técnicas usadas para redes resistivas. 2.2.1 Associação de vários capacitores em série e em paralelo Considere, inicialmente, um arranjo de N capacitores em paralelo, apresentado, como exemplo, na Figura 7. 17UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS FIGURA 07 - N CAPACITORES EM PARALELO Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 196). Aplicando a LCK no circuito, há: A corrente no capacitor k, no entanto, é ik = Ck dv/dt . Assim, é possível reescrever (17): Sendo que: A capacitância equivalente de N capacitores ligados em paralelo é a soma de suas capacitâncias individuais (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 196). Agora, considere um arranjo de N capacitores em série, conforme ilustra a Figura 8. FIGURA 08 - N CAPACITORES EM SÉRIE Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 197). Aplicando a LTK no circuito, obtemos: 18UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS A relação (19), todavia, fornece a tensão em um capacitor: Desenvolvendo essa integral, temos que: A capacitância equivalente de N capacitores associados em série é o inverso da soma dos inversos das capacitâncias individuais (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 197). Desse modo, é possível afirmar que a associação em série de capacitores é calcu- lada de modo semelhante à associação em paralelo de resistores. 2.3 Associação de indutores De forma análoga à associação de capacitores, é possível associar indutores, a fim de simplificar a análise de circuitos, obtendo-se um equivalente mais simples. 2.3.1 Associação de vários indutores em série e em paralelo Considere um arranjo de N indutores em série, conforme demonstra a Figura 9. FIGURA 09 - N INDUTORES EM SÉRIE Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 203). Aplicando a LTK no circuito, há: 19UNIDADE 1 INTRODUÇÃOÀ ANÁLISE DE CIRCUITOS Porém, para um indutor, vk = Lk di/dt. Assim, reescrevendo (22): Em que: A indutância equivalente de N indutores conectados em série é a soma das indutân- cias individuais (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 203). Assim, os indutores em série são associados da mesma forma que os resistores em série. Considere, agora, um circuito com N capacitores conectados em paralelo, como o exposto na Figura 10. FIGURA 10 - N INDUTORES EM PARALELO Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 203). Aplicando a LCK, há: Para um indutor, a sua corrente é determinada pela relação a seguir: Unindo as equações (24) e (25) e simplificando, temos: 20UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS A indutância equivalente de indutores em paralelo é o inverso da soma dos inversos das indutâncias individuais. Desse modo, os indutores em paralelo se comportam de forma semelhante a resis- tores em paralelo. 21UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Focamos agora na separação das cargas, a fim de criar uma diferença de potencial, e como representar, na teoria de circuitos, tais diferenças de potencial. Existem diversas formas de se separar a carga e estabelecer uma tensão elétrica. A forma mais simples é por ação química, utilizada nas mais diversas baterias. Podemos ainda transformar energia mecânica em tensão elétrica, como, por exemplo, em hidrelétri- cas ou moinhos de vento. Todas as formas, no entanto, têm o único objetivo de criar uma separação da carga, gerando tensão elétrica. Estas regiões de carga positiva e negativa são usualmente chamadas de polos. Toda fonte de tensão apresenta dois pólos, um com carga positiva, e outro com carga negativa. Usualmente, o polo positivo é representado pela cor vermelha, e o polo negativo, com a cor preta. Lembre-se que estamos falando de diferenças de cargas entre regiões, ou seja, a tensão só existe quando comparamos duas regiões com diferença de cargas. Entenderemos melhor o efeito que as fontes de tensão causam em um circuito elétrico. 3.1 Fontes de tensão Para representarmos uma fonte de tensão em diagramas de circuitos elétricos, uti- lizamos da simbologia demonstrada na Figura 11, onde em (a) temos uma fonte de tensão independente (representada por um círculo), e em (b), uma fonte de tensão dependente (representada por um losango). Ambas simbolizam uma separação de cargas elétricas, mas enquanto a fonte independente fornece uma tensão elétrica constante (por exemplo, 9V), a fonte dependente fornece uma tensão elétrica variável, dependente de alguma outra variável do circuito. 3 FONTES INDEPENDENTES E DEPENDENTES TÓPICO UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS FIGURA 11 - SIMBOLOGIA DE FONTES DE TENSÃO Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 14). A Figura 12 mostra a tensão através de um elemento, representado por um bloco retangular, cujos terminais são denominados a e b. Os sinais positivo (+) e negativo (-) são utilizados para denominar a polaridade (ou a região com maior ou menor carga elétrica) e podemos interpretar esta tensão de duas formas: (1) se dissermos que o ponto a possui um potencial maior que o ponto b, ou que (2) o ponto b possui um potencial maior que o ponto a. Logicamente que, para um mesmo elemento, Vab = Vba. FIGURA 12 - POLARIDADE DA TENSÃO VAB Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 09). 23UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS É importante notar que, uma fonte de tensão ideal irá fornecer qualquer corrente necessária para garantir a tensão especificada. Em outras palavras, em uma fonte de ten- são, conhecemos a tensão, mas não a sua corrente. 3.2 Fontes de corrente Uma fonte de corrente é um elemento da teoria de circuitos cuja função é fornecer corrente. De forma recíproca a uma fonte de tensão ideal, uma fonte de corrente ideal irá fornecer a tensão necessária para garantir o fluxo de corrente especificado. Em outras palavras, para uma fonte de corrente, somente a sua corrente é conhecida, e não a sua tensão. Na Figura 13, temos a simbologia das fontes de corrente para a teoria de circuitos, cujo em (a) temos uma fonte de corrente independente, e em (b), uma fonte de corrente dependente. FIGURA 13 - SIMBOLOGIA DE FONTES DE CORRENTE Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 14). Uma fonte ideal (de tensão ou de corrente) pode, teoricamente, fornecer uma quan- tidade de energia infinita, ou ainda, absorver energia. 24UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS 25UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS Como vimos, podemos associar elementos de consumo em série e em paralelo. Você sabe o que acontece se ligarmos duas lâmpadas idênticas em série a uma fonte de tensão? Se considerarmos que cada uma das lâmpadas são, na verdade, equipamentos resisitivos, a corrente e a tensão irão respeitar os princípios de divisor de corrente e divisor de tensão vistos ao longo desta unidade. Fonte: O autor (2022). 26 A energia elétrica é fundamental para o nosso estilo de vida contemporâneo. Para entender como ela funciona, começamos com os conceitos elementares de eletricidade abordados neste capítulo. A corrente elétrica resultante da interação entre um campo elétrico e elétrons livres, permite a transmissão de energia entre dois pontos distintos, possibilitando a transmissão de energia elétrica ou de sinais de comunicação. Como elemento condutor, muitas aplica- ções fazem uso extensivo do cobre e do alumínio (por exemplo, em linhas de transmissão de energia e condutores), do ouro e da prata (por exemplo, em circuitos eletrônicos e em baterias automotivas), e agora entendemos o porquê. Além disso, aprendemos a calcular a associação equivalente de resistores, capaci- tores e indutores em série e em paralelo. Tal conhecimento irá simplificar as nossas futuras análises em circuitos elétricos. Por fim, os conceitos apresentados neste capítulo irão acompanhar o leitor durante todo o estudo de análise de circuitos elétricos, sendo necessária uma boa fixação conceitual. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS 27 LIVRO Título: Fundamentos da física: Eletromagnetismo Autor: Halliday & Resnick. Editora: LTC – Livros técnicos e científicos. Sinopse: Fundamentos de Eletricidade cobre tudo o que se precisa saber do assunto, desde o estudo das cargas elétricas estáticas e suas manifestações até os vários tipos de circuitos. O livro é rico em diagramas, figuras e exercícios resolvidos, necessários para o melhor entendimento dos conceitos apre- sentados. O estudante encontrará ainda, nos dois apêndices do livro, uma relação de equipamentos de laboratório e as respostas dos exercícios numéricos. FILME / VÍDEO Título: A batalha das correntes Ano: 2019. Sinopse: Ambientado no final do século XIX, a Guerra das Correntes, que foi uma disputa entre Thomas Edison (Benedict Cumberbatch) e George Westinghouse (Michael Shannon) so- bre como deveria ser feita a distribuição da eletricidade. Edison fez uma campanha pela utilização da corrente contínua para isso, enquanto Westinghouse defendia a corrente alternada. MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Teoremas aplicados (superposição) a circuitos elétricos; • Introdução a teorias de circuitos; • Métodos para análise de circuitos em CC. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar o teorema da superposição; • Conhecer as teorias aplicadas em circuitos elétricos; • Compreender a teoria e métodos de análise dos circuitos em corrente contínua. 2UNIDADEUNIDADE TEOREMAS E TEOREMAS E MÉTODOS PARA MÉTODOS PARA ANÁLISES DEANÁLISES DE CIRCUITOS ICIRCUITOS I Professor Me. Lucas Delapria Dias Dos Santos 29 Caro estudante, neste capítulo apresentaremos algumas técnicas para análise de circuitos elétricos. A habilidade de analisar o mesmo problema através de diversos prismas diferentes, é uma necessidade para a Engenharia, pois, muitas vezes, um problema dito complexo pode ser analisado e simplificado, simplesmente, por meio de uma abordagem alternativa mais conveniente. Além disso, veremos conceitos como Linearidade. No contexto da análise de circuitos, quando é possível simplificar um circuito, a fim de facilitar o trabalho de analisá-lo? Ao se transformar elementos do circuito, de fato, ele está sendo simplificado? A linearidade dos circuitos elétricos é fundamental para permitir a simplificação da sua análise, permitindo, por exemplo, que grandes redes de transmissão de energia sejam modeladas por circuitos mais simples, que podem ser analisados mais facilmente. A linearidade também permite a construção, análise e uso de circuitos especiais (filtros) para o tratamento de sinais de áudio, vídeo, etc. Vamos lá ?! INTRODUÇÃO UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1 Linearidade A linearidade é a propriedade de um elemento de apresentar uma relação linear entre causa e efeito. Embora a linearidade seja também a característica de alguns outros elementos de circuitos, o foco deste capítulo são os resistores. Ademais, a linearidade é composta por duas propriedades: a homogeneidade (fator de escala) e a aditividade. Quando um elemento obedece a ambas as propriedades, ele obedece à linearidade, ou seja, é linear. A propriedade da homogeneidade refere-se ao modo particular de reagir de um elemento (saída), de acordo com o estímulo recebido (entrada). Por exemplo, se o elemento for linear e o estímulo dobrar, a reação desse elemento também deve dobrar. Para o caso de um resistor, considere a Lei de Ohm, que relaciona a entrada, i , com a saída, v : Caso a entrada seja aumentada por uma constante, k, a saída também deve au- mentar k vezes. Matematicamente, v = iR # (1) No que se refere à propriedade da aditividade, para uma entrada composta por uma soma de entradas, a saída será composta pela soma das respostas do elemento a cada entrada aplicada individualmente. Por exemplo, segundo a Lei de Ohm, um mesmo resistor, sujeito a correntes diferentes, i1 e i2 , resultará em quedas de tensão proporcionais, v1 e v2 . Matematicamente, kv = kiR # (2) 303030 1 TEOREMAS APLICADOS À CIRCUITOS ELÉTRICOS TÓPICO UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Caso esse mesmo resistor, R, seja estimulado por uma corrente composta pela soma de i1 e i2, então, a queda de tensão gerada será a soma de v1 e v2 . Logo, Um circuito é linear se todos os elementos que o compõem forem lineares. Ademais, um circuito linear pode ser analisado por meio do Princípio da Superposição dos Efeitos, assunto deste capítulo, e de técnicas como a Análise Nodal e Análise de Malhas. Também é importante notar que a relação de potência-tensão, ou potência-cor- rente, não é linear, pois ambas as relações ( P = v2 / R e P = Ri2 ) apresentam um termo quadrático e, assim, não linear. 1.2 Princípio de superposição para tensões e correntes Pela linearidade, é possível analisar um circuito de forma diferente. Ao ser excitado por mais de uma fonte, o efeito final será determinado pela soma dos efeitos de cada uma das fontes. Essa característica é denominada Princípio da Superposição dos Efeitos. “O Princípio da Superposição afirma que a tensão (ou corrente) em um elemento de um circuito linear é a soma algébrica da soma das tensões (ou correntes) naquele ele- mento, em virtude da atuação isolada de cada uma das fontes independentes” (ALEXAN- DER; SADIKU, 2013, p. 115). Tendo em vista que o efeito de cada fonte será determinado de maneira indepen- dente, o número de circuitos a ser analisado será igual ao número de fontes (BOYLESTAD, 2012, p. 287). Para aplicar o princípio da superposição, é preciso considerar uma fonte independente por vez, calculando o efeito gerado por ela, desligando todas as outras fontes independentes. Desligar uma fonte independente significa substituir uma fonte de tensão por um curto-circuito (ou seja, zero volt), ou uma fonte de corrente por um circuito aberto (ou seja, zero ampère) (BOYLESTAD, 2012, p. 287). Também é necessário frisar que fontes dependentes permanecem inalteradas, pois elas são controladas por outras variáveis do circuito e, portanto, sua influência depende de como o circuito reage à excitação. Para analisar um circuito pelo princípio da superposição, é possível determinar três etapas, as quais estão expostas a seguir. 1. Desative todas as fontes independentes, menos uma, e calcule a variável de interesse (tensão ou corrente) gerada por essa fonte; 2. Repita a etapa 1 para todas as demais fontes independentes; 3. Calcule a soma algébrica de cada uma das contribuições individuais, obtendo, assim, o valor final da variável de interesse desejada (tensão ou corrente). 31UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Agora, considere a Figura “Circuito com duas fontes independentes”, sendo que a intenção é obter a tensão no resistor de 4 Ω. Para isso, é utilizado o princípio da superposição. FIGURA 01 - CIRCUITO COM DUAS FONTES INDEPENDENTES Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 116). Por meio da superposição, é possível saber que a tensão v no resistor de 4 Ω é resultante da influência individual das fontes de 6 V e 3 A. Logo, Nesse caso, v1 e v2 são as quedas de tensão geradas pelas fontes de 6 V e 3 A, respectivamente. Para obter v1 , é necessário desligar a fonte de corrente de 3 A, e calcular a queda de tensão no resistor de 4 Ω. Tal circuito é apresentado na Figura 2. FIGURA 02 - CIRCUITO COM UMAS DAS FONTES DESLIGADAS Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 116). 32UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Os dois resistores formam um divisor de tensão. Calculando a tensão no resistor de 4 Ω , obtemos: É possível utilizar qualquer técnica para calcular a saída (tensão ou corrente), como: divisor de tensão/corrente, Lei de Kirchhoff das Tensões/Correntes ou Análise Nodal/Malha. Para obter v2 , é preciso desligar a fonte de tensão e ligar a fonte de corrente, o que resulta no circuito apresentado na Figura “Circuito coma fonte remanescente ligada”. FIGURA 03 - CIRCUITO COM A FONTE REMANESCENTE LIGADA Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 116). Nesse caso, há um divisor de corrente. Primeiramente, deve-se calcular a corrente i3 : Calculando a tensão no resistor de 4 Ω , obtemos: Combinando as Equações (6) e (8) com a Equação (5), temos: O Princípio da Superposição não pode ser aplicado para calcular diretamente a po- tência final em um resistor como a soma de potências individuais, pois a potência varia com o quadrado das tensões e correntes. A potência final, entretanto, pode ser calculada a partir da tensão ou corrente final, obtida pelo princípio da superposição. (BOYLESTAD, 2012). 33UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As técnicas de análise de circuitos, embora genéricas, normalmente resultam em análises complexas. Ao utilizar técnicas de simplificação do circuito, como a associação de resistores, é necessário simplificar a análise do problema, sendo que a capacidade de transformar fontes é mais uma ferramenta desse nicho de simplificação. 2.1 Transformação de fontes A transformação de fontes é o processo de substituir uma fonte de tensão em série a um resistor por uma fonte de corrente em paralelo a um mesmo resistor, ou vice-versa (ALEXANDER; SADIKU, 2013, p. 120). 2.1.1 Conceito de equivalência Qualquer técnica de simplificação baseia-se no princípio da equivalência. Dois circuitos (ou elementos) são equivalentes se eles apresentam as mesmas características de tensão e corrente do ponto de vista do restante do circuito, que está conectado ao trecho substituído pelo circuito equivalente (ALEXANDER; SADIKU, 2013, p. 120). 2.1.2 Transformação para fontes independentes Na Figura 4, há dois circuitos equivalentes entre si. 34 2 INTRODUÇÃO À TEORIA DE CIRCUITOS TÓPICO UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I FIGURA 04 - TRANSFORMAÇÃO DE FONTES INDEPENDENTES Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 120). Por inspeção, é possível verificar a equivalência dos dois circuitos. Se as fontes fossem desligadas, ambos os circuitos apresentariam uma resistência entre os terminais ab igual a R. Por sua vez, caso os terminais ab sejam curto-circuitados, a corrente que irá fluir no curto será a mesma ( is ). Logo, utiliza-se a Lei de Ohm como ferramenta matemática: É importante frisar a necessidade do resistor em série/paralelo, para que seja possível efetuar uma transformação de fontes. Fontes de tensão necessitam de resistores em série, enquanto fontes de corrente necessitam de resistores em paralelo. Considere o circuito apresentado na Figura 5. FIGURA 05 - EXEMPLO PARA O TÓPICO DE TRANSFORMAÇÃO DE FONTES Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 121). Para obter a tensão vo no resistor de 8 Ω, é preciso utilizar a transformação de fontes, para simplificar a análise. Primeiramente, a fonte de tensão de 12 V pode ser trans- formada com a associação em série dos resistores de 4 Ω e 2 Ω, resultando em uma fonte de corrente de 2 A (pois is = 12/6 =2 A) em paralelo ao resistor de 6 Ω, como demonstra a figura “Primeira simplificação do exemplo”. 35UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Observe o sentido da nova fonte de corrente, apontando para baixo. Ela obedece ao sentido da antiga fonte de tensão (que também apontava para baixo). FIGURA 06 - PRIMEIRA SIMPLIFICAÇÃO DO EXEMPLO Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 121). Associando os resistores de e em paralelo, o resultado é um resistor de . Da mesma forma, as fontes de corrente de e em paralelo resultam em uma fonte de corrente de , pois, pela Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK), a soma das correntes que entram e saem de um nó deve ser zero, como mostra a Figura 7. FIGURA 07 - SEGUNDA SIMPLIFICAÇÃO DO EXEMPLO Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 121). Como os resistores de 8 Ω e 2 Ω estão em paralelo, eles possuem a mesma tensão. Logo, o resistor equivalente da associação em paralelo desses dois resistores terá a mesma tensão vo. Assim, 8 Ω em paralelo a 2 Ω resulta em um resistor de 1,6 Ω que, sujeito a uma corrente de 2 A da fonte de corrente, resulta em uma tensão vo = 3,2 V. 2.1.3 Transformação para fontes dependentes A transformação de fontes dependentes funciona da mesma forma, utilizando a mesma relação (9) apresentada anteriormente. Na Figura “Transformação de fontes depen- dentes”, há a simbologia utilizada em fontes dependentes. 36UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I FIGURA 08 - TRANSFORMAÇÃO DE FONTES DEPENDENTES Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 120). Tanto para as fontes dependentes como independentes, o sentido da fonte de corrente segue a polaridade da fonte de tensão e vice-versa. Agora, considere o circuito apresentado na Figura 9. Nesse caso, é possível obter a tensão vx sobre o resistor de 2 Ω . FIGURA 09 - EXEMPLO PARA A TRANSFORMAÇÃO DE FONTE DEPENDENTE Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 122). Transformando a fonte de corrente de 0,25vx associada em paralelo com o resistor de 4 Ω, obtém-se uma fonte de tensão vs = 4.0,25vx = vx , associada em série a uma resistência de 4 Ω. Também é possível transformar a fonte de tensão de 6 V em série com o resistor de 2 Ω, resultando em uma fonte de corrente is = 6/2 = 3 A, associada em paralelo a um resistor de 2 Ω, conforme mostra a Figura 10. FIGURA 10 - PRIMEIRA SIMPLIFICAÇÃO DO EXEMPLO DE TRANSFORMAÇÃO DE FONTES DEPENDENTES Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 122). 37UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Assim, é possível associar os dois resistores de 2 Ω em paralelo, resultando em uma resistência de 1 Ω, associada em paralelo à fonte de 3 A. Transformando essa asso- ciação de fonte de corrente e resistência em série, obtém-se uma fonte de tensão vs= 3 V, associada em série a um resistor de 1 Ω, conforme mostra a Figura 11. O resistor de 2 Ω, sobre o qual há a tensão vx no circuito original, agora, não está mais no circuito. A tensão vx , no entanto, permanece entre os mesmos pontos. FIGURA 11 - SEGUNDA SIMPLIFICAÇÃO DO EXEMPLO DE TRANSFORMAÇÃO DE FONTES DEPENDENTES Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 122). Finalmente, é possível aplicar a LTK na malha resultante: Observe, porém, que vx é a soma das tensões da fonte de tensão de 3 V com a queda de tensão do resistor de 1 Ω , ou seja, Combinando (11) e (12), é possível calcular a corrente da malha: Assim, combinando (12) e (13), obtém-se vx : Por fim, confira os exercícios apresentados na bibliografia básica, a fim de fixar os conceitos apresentados neste capítulo. 38UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 Análise Nodal A análise nodal é uma técnica de análise de circuitos baseada na aplicação sis- temática da Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK). Ao analisar as tensões dos nós (no lugar das tensões dos elementos), reduz-se a quantidade de equações necessárias para a análise docircuito. Por exemplo, em um circuito com N nós, utilizando a análise nodal, deve-se obter a tensão de (N-1) nós, que exige a solução de (N-1) equações simultâneas (BOYLESTAD, 2012, p. 254). 3.1.1 Análise Nodal Com Fontes De Corrente Independente e Dependente Supondo um circuito genérico com n nós, podemos obter as tensões nodais se- guindo três etapas simples (BOYLESTAD, 2012, p. 254): 1. Escolha um nó de referência e rotule cada nó restante com um valor subscrito de tensão v1 , v2 , e assim por diante; 2. Defina arbitrariamente o sentido das correntes do circuito, e aplique a LCK a todos os nós, exceto ao nó de referência, respeitando o sentido arbitrário escolhido; 3. Resolva o sistema de equações resultante para obter as tensões nodais. 39 3 MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS EM CC TÓPICO UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Embora possa parecer complexo, será esmiuçada cada uma das etapas. Primeiro, seleciona-se o nó de referência, comumente chamado de terra (GND). Pode ser qualquer nó do circuito. As tensões nodais serão diferentes, mas as tensões reais sobre os elementos serão as mesmas, independente do nó de referência adotado. Esse nó é representado por um dos três símbolos apresentados na Figura 13. FIGURA 13 - SÍMBOLOS COMUNS PARA NÓ DE REFERÊNCIA Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 72). Em qualquer um desses casos, o referencial tem o mesmo objetivo: servir como referência de tensão para as outras tensões nodais. Assim que escolhido o nó de referência, atribuem-se tensões simbólicas a cada um dos nós do circuito. Considere o circuito ilustrado na Figura 14. Para tal circuito, há três nós: o nó de referência e os nós 1 e 2. Veja que os elementos R1 e R3 apresentam tensões v1 e v2, respectivamente. Essas tensões não são tensões nodais, mas sim as tensões sobre os elementos indicados. 40UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I O termo terra é comum em equipamentos elétricos. A tomada residencial, por exemplo, tem um pino para a conexão do terra. Por que o referencial é chamado de terra? Existe alguma correlação, em sua opinião, com o termo aterramento? Fonte: O autor (2022). FIGURA 15 - CIRCUITO EXEMPLO PARA ANÁLISE NODAL Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 72). É importante não confundir as tensões nodais v1 e v2 com as quedas de tensões nos resistores R1 e R3 . Para esse fim e para simplificar a representação do circuito (e evitar a poluição do desenho), esse circuito é redesenhado, conforme a Figura 16, em que retiramos as tensões dos resistores e adicionamos as correntes i1 , i2 e i3 que fluem nos ramos de R1 , R2 e R3 , respectivamente. FIGURA 16 - CIRCUITO EXEMPLO REDESENHADO PARA MOSTRAR AS TENSÕES NODAIS Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 72). É necessário lembrar de que, pela convenção de sinal passivo, a corrente sempre deve fluir do maior para o menor potencial. Ao referenciar o nó inferior como terra, supõe-se que as tensões nodais v1 e v2 são maiores que o referencial; portanto, a corrente deve fluir dos nós e para o nó GND. Após a resolução do circuito, é possível, a partir do sinal das tensões nodais calculadas, definir o sentido real das correntes. 41UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Para analisar circuito da Figura 16, primeiramente, aplica-se a LCK no nó 1: I1 = I2 + i1 + i2 (15) E no nó 2: I1 + i2 = i3 (16) Agora, aplica-se a Lei de Ohm para expressarmos as tensões nodais em termos de i1 , i2 e i3 . Pela convenção do sinal passivo, pode-se expressar a Lei de Ohm da seguinte forma: Sendo assim, obtêm-se as seguintes relações: Substituindo as Equações (18), (19) e (20) nas Equações (15) e (16), encontramos duas equações: Multiplicando a Equação (21) por R1 R2 e a Equação (22) por R2 R3 , e simplificando, obtemos: Na forma matricial, podemos escrever as Equações (23) e (24) como: 42UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I A terceira etapa da análise nodal consiste em resolver o sistema de equações (constituído pelas Equações (23) e (24), nesse caso), assim obtendo as tensões nodais. A resolução do sistema de equações não é foco deste material, porém pode-se utilizar qualquer método-padrão que o leitor se sinta à vontade, como substituição, eliminação, regra de Cramer, ou, ainda, inversão de matrizes. Na análise nodal, muitas vezes, é interessante trabalhar com condutâncias (ao in- vés de resistências). Isso se dá devido ao processo matemático, as resistências do circuito sempre aparecem no denominador das equações. Para evitar uma manipulação algébrica tediosa, reescrevem-se as Equações (21) e (22) em termos de condutâncias: Podemos, enfim, representar tal sistema na forma matricial, para resolvê-lo pelo método de Cramer: Além das técnicas já mencionadas, podemos ainda resolver tais sistemas utilizando ferramentas computacionais, como calculadoras, e softwares, como SciLAB (gratuito) ou MatLAB (licença paga). A inserção de uma fonte de corrente dependente não atrapalha o método já des- crito. A única diferença se dá pelo fato de que a corrente que referencia a fonte de corrente dependente já tem nome e sentido definido e é necessário respeitá-los. Atente-se: uma fonte de corrente dependente pode depender não somente de uma corrente, mas também de uma tensão em outra parte do circuito. 3.1.2 Análise Nodal Com Fontes De Tensão Será estudado, agora, o caso da análise nodal com fontes de tensão. Caso a fonte de tensão (dependente ou independente) esteja conectada por meio de um de seus nós ao nó de referência, simplesmente define-se a tensão nodal do nó que não é de referência como sendo a tensão da fonte. Considere a fonte de tensão de 10 V, ilustrada na Figura 17. Nesse caso, definimos a tensão nodal v1 : 43UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I O raciocínio se desenvolve da seguinte forma: se for definido que o nó de referência possui 0 V e a fonte de tensão apresenta uma diferença de potencial de 10 V entre o nó de referência e o nó 1, então, v1 , obrigatoriamente, deve ter 10 V em relação ao referencial. Pode-se, então, seguir com a análise normalmente, porém já conhecendo uma das tensões (efetivamente, simplificando a análise). FIGURA 17 - CIRCUITO EXEMPLO COM FONTE DE TENSÃO E SUPERNÓ Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 78). 3.1.3 Conceito De Supernó Se a fonte de tensão estiver conectada em dois nós, que não sejam de referência (por exemplo, a fonte de da Figura 17), esses dois nós formam o que chamamos de supernó, e é necessário aplicar tanto a LCK quanto a LTK para a análise do circuito (ALE- XANDER; SADIKU, 2013, p. 78). “Um supernó é formado por uma fonte de tensão (dependente ou independente), conectada em dois nós quaisquer que não sejam o de referência, e quaisquer elementos conectados em paralelo a essa fonte” (ALEXANDER; SADIKU, 2013, p. 78). Um supernó apresenta algumas propriedades pertinentes. 1. A fonte de tensão dentro do supernó fornece uma equação necessária para a solução das tensões nodais; 2. Um supernó não apresenta tensão própria; 3. É necessário aplicar tanto a LCK quanto a LTK para analisar um supernó. 44UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Formado o supernó, continua-se a análise normalmente, aplicando a LCK nos nós, a fim de determinar as equações nodais do circuito. Vejamos um exemplo: FIGURA 18 – CIRCUITO ELÉTRICO COM SUPERNÓ Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 79). Observe que esse circuito apresenta quatro nós, além do nó de referência, e que, entre eles, há dois supernós, um entre os nós 1 e 2 e outro entre os nós 3 e 4. Montando os supernós e definindo o sentido das correntes no circuito, nos resultando na Figura 19: FIGURA 19 – CIRCUITO ELÉTRICO COM SUPERNÓ Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 79). Aplicando a LCK no supernó 1-2, observa-se a seguinte relação: 45UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISEDE CIRCUITOS I Reescrevendo (30) pela Lei de Ohm: Simplificando (31): De forma similar, aplicando a LCK no supernó 3-4: Aplicando a LTK nos supernós, inicialmente, no supernó 1-2: Ou, ainda: E, agora, no supernó 3-4: Porém, vx = v1 - v4 . Logo, (36) pode ser reescrita como: Ou, finalmente: Assim, constitui-se o sistema com as Equações (32), (33), (35) e (38): 46UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Resolvendo o sistema, obtém-se os seguintes resultados: Como o circuito apresentado tem quatro tensões nodais, o sistema resultante será de quatro equações, e a sua solução, muitas vezes, é problemática. Por exemplo, se tentar- mos resolver pelo método de Cramer, será necessário calcular o determinante de matrizes 4x4, tarefa essa também problemática. 3.2 Análise de malhas A análise de malhas é um método para analisar circuitos elétricos, com o qual procura-se estudar as correntes que fluem nas malhas de tais circuitos. Esse método é conveniente, pois fornece uma metodologia padrão para análise e, muitas vezes, diminui a quantidade de equações matemáticas necessárias para a solução do problema (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 81). Alguns conceitos importantes: Uma malha é um laço que não contém nenhum outro laço em seu interior (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 82). Um laço é um caminho fechado que não passa mais de uma vez pelo mesmo nó. Logo, uma malha é um caminho fechado que não passa no mesmo nó e que não contém nenhum outro laço em seu interior. FIGURA 20 - CIRCUITO COM DUAS MALHAS Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 82). 47UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Observe que esse circuito apresenta três laços: abefa, bcdeb e abcdefa. Desses três laços, dois são malhas, abefa e bcdeb. O laço abcdefa não é uma malha, pois, dentro dele, temos outros dois laços (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 82). Na análise de malha, interessam as correntes i1 e i2 que circulam nas malhas abefa e bcdeb, respectivamente. Essas correntes são chamadas de correntes de malha. Para se obterem essas correntes, utiliza-se a Lei das Tensões de Kirchhoff (LTK), seguindo três passos simples (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 82): ● Atribuir correntes de malha i1 , i2, ..., in a n malhas. ● Aplicar a LTK em cada uma das n malhas, usando a Lei de Ohm para expressar as tensões dos resistores em termos das correntes de malha. ● Resolver as n equações simultaneamente, obtendo assim as correntes de malha. Como exemplo para as etapas apresentadas, considere um circuito com resistores e fontes de tensão independentes, conforme apresentado anteriormente na Figura 19 A primeira etapa diz para atribuírem-se correntes a cada uma das duas malhas. Con- vencionalmente, se atribuem correntes no sentido horário, nesse caso, as correntes i1 e i2 . Na segunda etapa, aplica-se a LTK em ambas as malhas, obtendo, assim, duas equações para duas correntes de malha. Para a primeira malha, tem-se: Já para a segunda malha, tem-se: Preste atenção nos termos R3 (i1- i2) da Equação (39) e - R3 (i1- i2) da Equação (40). Essas subtrações vêm da Lei de Ohm, pois, para que a corrente obedeça à Lei de Ohm, ela deve fluir do terminal positivo para o negativo do resistor, obedecendo ao sentido mostrado pela corrente I3. Ao analisar a interação das duas correntes de malha i1 e i2 no ramo de R3, supondo ambas correntes positivas, percebe-se que, como as duas correntes fluem em sentidos opostos (i1 flui do nó b para o nó e, enquanto i2 flui do nó e para o nó b), então, seus efeitos são contrários, sendo necessário subtraí-las. Obedecendo à polaridade imposta, nota-se que a corrente no ramo de R3 deve fluir do nó b para o nó e e, então, tem-se a subtração (i1- i2) como corrente desse ramo. Veja que esse termo é usado em ambas as Equações (39) e (40). O sinal positivo de R3 (i1- i2) na Equação (39) é obtido, pois, ao ser aplicada 48UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I a LTK na malha, acompanha-se a polaridade do ramo (terminal positivo para o terminal negativo). Já na Equação (40), ao ser aplicada a LTK, o sinal encontrado ao caminhar pela malha 2 é negativo e, assim, é necessário o sinal negativo em R3 (i1- i2). As Equações (39) e (40) constituem um sistema de equações com duas variáveis, i1 e i2. Colocando essas variáveis em evidência em ambas as equações, pode-se represen- tá-las como um sistema de equações, na forma: Na forma matricial, o sistema (41) é apresentado como: É possível resolver esse sistema da forma que você desejar, obtendo, assim, as correntes de malha i1 e i2 . É importante notar, porém, que correntes de malha são diferentes das correntes dos ramos ( apresentadas no circuito exemplo como I1, I2 e I3 ). Para diferen- ciar umas das outras, use a letra minúscula para correntes de malha, e a letra maiúscula, para correntes de ramo. Pode-se relacionar as correntes de ramo e de malha por inspeção do próprio circuito. As correntes de malha são distintas das correntes reais nos elementos apenas nos ramos em que há mais de uma corrente de malha atuando. Nesses casos, a corrente real é obtida pela combinação das correntes de malha, observando o sentido da corrente resultante. No circuito exemplo apresentado, temos: Assim, podem ser relacionadas as correntes que fluem nos elementos do circuito com as correntes de malha. A existência de fontes de tensão dependentes no circuito não influencia em nada a análise de malha. Só é necessária atenção na hora de aplicar a LTK, pois essas fontes dependentes utilizam como referencial variáveis do próprio circuito. A existência de fontes de corrente no circuito facilita a aplicação da análise de ma- lha. No caso de a fonte de corrente estar posicionada de forma que ela faça parte somente de uma malha, como na Figura 21, simplesmente, define-se a corrente de malha como sendo a corrente da fonte, e a análise segue. Assim, i2 = - 5 A. 49UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I FIGURA 21 - CIRCUITO COM FONTE DE CORRENTE Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 85). Já no caso de a fonte de corrente estar posicionada entre duas malhas, temos o que chamamos de supermalha. Uma supermalha resulta da combinação de duas malhas que possuem uma fonte de corrente (dependente ou independente) em comum, como ilustrado na Figura 22 (SADIKU; ALEXANDER, 2013, p. 86). FIGURA 22 - DUAS MALHAS COM FONTE DE CORRENTE EM COMUM Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 86). Para analisar o caso da supermalha, considere o circuito apresentado na Figura acima. Para constituir uma supermalha, são retirados a fonte de 6 A e todos os elementos associados em série a ela. A malha resultante da exclusão desses elementos é a superma- lha, como vemos na figura 23. 50UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I FIGURA 23 - SUPERMALHA RESULTANTE Fonte: Alexander; Sadiku, (2013, p. 86). Caso um circuito tenha duas ou mais supermalhas, e elas se interceptam, deve- se combiná-las, formando uma supermalha maior. Uma supermalha apresenta algumas características: a) a fonte de corrente que existe na supermalha fornece a equação necessária para a solução do problema; b) uma supermalha não possui corrente; c) uma supermalha necessita tanto da LTK quanto da LCK. Formada a supermalha, aplica-se a LTK normalmente a ela, tomando o cuidado de respeitar as correntes de malhas respectivas de cada elemento do circuito. No caso, tem-se: Simplificando: Há duas variáveis no circuito, porém somente uma equação. Para se obter a segunda equação necessária para a solução do circuito, é preciso aplicar a LCK em algum nó do circuito original ligado ao nó comum às duas malhas. No caso da Figura “Duas malhas com fontes de corrente em comum”, aplicando a LCK no nó 0, tem-se: 51UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I Resultando em i1 = -3,2 A e i2 = 2,8 A. A existência de fontes dependentes não mudaa análise nodal com fontes de cor- rente. É necessária, novamente, a atenção ao aplicar a LTK. 52UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I “Os circuitos elétricos são utilizados para ligar dispositivos elétricos e eletrônicos, de acordo com suas es- pecificações de funcionamento, referentes à tensão elétrica de operação e à corrente elétrica suportada pelo dispositivo. Além disso, são usados para distribuição da energia elétrica em residências e indústrias, conectando diversos dispositivos elétricos por meio de fios condutores, conectores e tomadas. De acordo com seus componentes básicos, um circuito elétrico pode desempenhar diversas funções: eli- minar picos de corrente elétrica, que são prejudiciais para alguns aparelhos mais sensíveis; aumentar a tensão elétrica de entrada ou, até mesmo, abaixá-la; transformar uma corrente alternada em uma corrente contínua; aquecer algo, entre outras.” Fonte: HELERBROCK, R. Circuitos elétricos. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/ fisica/circuitos-eletricos.htm. Acesso em: 20 jun. 2022. https://brasilescola.uol.com.br/ http://fisica/circuitos-eletricos.htm. 53 Como você já sabe, para a análise de circuitos por meio do Princípio da Superpo- sição, os elementos que constituem o circuito deve ser lineares, sendo que um elemento linear obedece a dois princípios: a homogeneidade e a aditividade. Para que seja possível simplificar um circuito mediante a técnica estudada, com o fim de facilitar a análise, é ne- cessário que todos os seus elementos tenham comportamento linear. Nesse contexto, é possível afirmar que elementos práticos não apresentam linea- ridade completa, pois sua resposta característica depende de fatores externos, como tem- peratura ou umidade. Logo, são comuns elementos apresentarem comportamento linear dentro de somente uma região de funcionamento. Assim, desde que sejam respeitadas estas faixas de operação, as técnicas trabalhadas são válidas e representativas. Ademais, uma forma de interpretar um circuito é a superposição, na qual o efeito ocasionado por uma combinação de fontes é calculado pela soma dos efeitos individuais provocados por cada uma das fontes. Vale ressaltar que esse conceito é genérico e é utilizado, extensivamente, nos mais diversos campos da Engenharia. CONSIDERAÇÕES FINAIS UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I 54 LIVRO Título: Teoria e desenvolvimento de projetos de circuitos eletrônicos Autor: Otávio Markus e Waldir Sandrini Antonio Marco V. Cipelli. Editora: Érica. Sinopse: Esta publicação aborda os principais dispositivos eletrônicos discretos e integrados, desde os princípios de fun- cionamento até às especificações técnicas. Dentre eles estão os diodos (zener e retificadores controlado e não controlado), transistores (bipolar, FET e UJT), sensores (PTC, NTC e LDR), reguladores de tensão, amplificador operacional, temporizador e amplificador integrado. Para cada dispositivo apresenta as aplicações mais comuns e os métodos de projeto dos circuitos que os empregam, principalmente as diversas configurações de e de alimentação e amplificadores transistorizados. FILME / VÍDEO Título: O jogo da imitação Ano: 2015. Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britâni- co monta uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de 27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto, para que o proje- to dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe e tem Joan Clarke (Keira Knightley) sua grande incentivadora. MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE 2 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Circuitos de primeira ordem; • Circuitos de segunda ordem; • Estudo de circuitos em regime permanente senoidal; • Análise de potência em circuitos CA. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar circuitos de primeira e segunda ordem; • Compreender a análise de circuitos em regime permanente senoidal; • Aprender a realizar análises de potência em circuitos CA. 3UNIDADEUNIDADE Professor Me. Lucas Delapria Dias Dos Santos TEOREMAS E TEOREMAS E MÉTODOS PARA MÉTODOS PARA ANÁLISES DEANÁLISES DE CIRCUITOS IICIRCUITOS II 56 Olá, estudante, tudo bem? Seja bem-vindo a nossa terceira unidade da disciplina de Análise de circuitos. Há esta altura em nossos estudos, já conhecemos os principais elementos que podem existir em um circuito elétrico, correto? Recapitulando, temos os resistores, capacitores, indutores e fontes de corrente e tensão. Nesta unidade, estudaremos aqueles circuitos que possuem, além do resistor, um elemento armazenador: capacitor ou indutor. A partir deste ponto, abordaremos os circuitos de Primeira e Segunda ordem. Ou seja, aqueles circuitos com um ou com dois elementos armazenadores. O resultado da análise será, equações com derivadas de primeira e segunda ordem. Apesar de circuitos com dois capacitores ou com dois indutores também serem circuitos de segunda ordem, exploraremos com mais ênfase aqueles com um capacitor e um indutor. A análise destes circuitos será semelhante àquela aplicada aos circuitos das unidades anteriores: uma chave altera a alimentação do circuito que dará início a um comportamento transitório da tensão e da corrente nos elementos até atingir novamente a estabilidade. Agora que já entendemos um pouquinho do que vem pela frente, estamos prontos para mergulhar nestes tópicos! Vamos lá?! INTRODUÇÃO UNIDADE 3 TEOREMAS E MÉTODOS PARA ANÁLISE DE CIRCUITOS II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quando unimos um capacitor e um resistor ou um indutor e um resistor em um cir- cuito, temos a configuração conhecida como circuito RC ou RL. Estes circuitos são conhe- cidos como Circuitos de Primeira Ordem, visto que as suas condições iniciais são definidas através de equações com derivadas de primeira ordem. Primeiramente estudaremos os circuitos RC. Este circuito possibilita duas situações: 1. Quando uma fonte CC é conectada repentinamente ao circuito, fornecendo energia ao capacitor, que se carrega; 2. Quando uma fonte CC é