Buscar

TEORIA GERAL DAS PROVAS

Prévia do material em texto

TEORIA GERAL DAS PROVAS
- Prova é o modo pelo qual o juiz forma convencimento sobre as alegações das partes. É um instituto tipicamente processual.
- As provas são colhidas na fase instrutória.
- O destinatário da prova é o juiz.
- Meios de prova podem ser diretos (inspeção judicial, fatos notórios) ou indiretos (documentos, testemunhas).
- Conteúdo da prova: é o resultado que o meio produz, ou seja, o convencimento que o juiz passa a ter da ocorrência ou inocorrência dos fatos.
- Não há hierarquia entre as provas: livre convencimento motivado do juiz (art.131).
 - Meios de provas: depoimento pessoal, confissão, exibição de documento ou coisa, documental, testemunhal, pericial e inspeção judicial. Porém, não haverá hierarquia quando a norma determinar expressamente a prevalência de um meio sobre o outro. Ex: art. 230/CC prevê que nos casos em que a lei exclui o cabimento de prova testemunhal também não será admitida prova mediante o emprego da presunção. Alguns defendem que essas exceções ofendem o contraditório e a ampla defesa, entretanto, a jurisprudência tem admitido essas regras.
-Também são admitidos outros meios atípicos, desde que não sejam ilícitos nem moralmente inadmissíveis (art. 332).
- Nenhuma outra prova pode suprir a falta de instrumento público, quando ele for da substância do ato. Ex: proibição de prova meramente testemunhal para demonstração da existência de contratos com valor superior a 10 SM (Art. 401). 
- O momento adequado para produzir a prova é na audiência de instrução e julgamento, porém, há exceções: a prova documental deve ser produzida, em regra, na propositura da ação e na resposta do réu (art. 283 e 297), só podendo ser apresentado em outro momento quando houver fatos novos; prova pericial deve anteceder a audiência, pois a parte poderá requerer ao juiz a intimação do perito para esclarecimentos na audiência de instrução e julgamento. Inspeção judicial: a qualquer momento, até a prolação da sentença (art. 44).
-O destinatário da prova é sempre o juiz, e uma vez produzida passa a integrar o processo, não importando quem teve a iniciativa de requerê-la. A parte que a produziu não pode seccionar a prova e aproveitar só a parte que lhe interessa. Mesmo que traga prejuízo à parte que a produziu, passa a integrar o processo (princípio da comunhão da prova).
- Os terceiros em relação ao processo têm o dever de colaborar com a instrução probatória. Ex: se uma testemunha se recusa a comparecer à audiência, é conduzida à força a juízo e responde penalmente (art.421/CPC, 330/CP). Já as partes têm o ônus de colaborar com as provas. Se a parte se nega a prestar depoimento, ocorre a confissão ficta; se ela se recusar a exibir documentos que está em seu poder e é relevante para a causa, serão presumidos verdadeiros os fatos alegados pelo adversário. Além disso, o CC admite mais duas regras: 
*Aquele que se nega a se submeter a exame médico necessário não poderá aproveitar-se da escusa (art. 231) 
*E a recusa á perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame (art. 232). Ex: homem que se recusa a realizar o exame de paternidade.
- Devem-se provar os fatos, não o direito, pois o tribunal conhece os direitos. Exceção: quando se trata de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, deve-se provar o conteúdo da norma e sua vigência. (prova: certidão emanada pela câmara dos vereadores, atestando sua existência e não revogação; no direito consuetudinário, a prova é feita por meio testemunhal). A falta da prova pode levar ao indeferimento da pretensão, pois não há certeza de que existe vigência do direito invocado.
Fatos que independem de prova:
Fatos incontroversos (art. 334, III): são aqueles que as partes não discutem aquele que o réu não impugna. Se todos os fatos são incontroversos, o CPC admite o julgamento antecipado (art. 330, I), independente da fase instrutória.
Fatos notórios: seu conceito não é unânime: uns dizem que são os fatos de conhecimento geral (datas históricas), outros restringem á região e época em que o litígio se instaurou, afirmando que são aqueles de conhecimento do homem de cultura mediana, e um terceiro diz que são fatos sobre os quais nenhum dos sujeitos processuais possui dúvida. Se o juiz conhece o fato, mas a parte não, e ela cabe a prova e vice-versa. A prova só é dispensada quando todos acham que o fato é conhecido.
Fatos irrelevantes ou inconcludentes: não precisam de prova os fatos que não tem relevância para o processo, ou seja, quando eles não constituem, extinguem, impedem ou modificam o direito invocado pelo autor. Alguns fatos indiretamente relevantes, pertinentes, também podem ser usados como prova.
Fatos intuitivos: não são demonstrados no processo, mas têm-se como existentes pelos indícios. Ex: se a parte demonstra que o veículo estava em excesso de velocidade sobre o asfalto molhado, não é preciso provar que o condutor não conseguiu contornar a curva.
Fatos objeto de presunção absoluta.
Prova emprestada
- Prova obtida de outro processo, através de cópias. Se a prova é testemunhal, são trazidas cópias da petição de requerimento da prova testemunhal, da petição de arrolamento da testemunha, da decisão do deferimento da prova, do termo de audiência, etc.
- Para a validade da prova é preciso: que tenha sido validamente produzida; que a parte contra a qual ela vai ser usada tenha podido participar, em regime contraditório, do processo de origem; e que seja submetida ao contraditório, no processo para o qual é trazida. Parece que a utilização de depoimentos em inquérito policial não é admitida, pois ele é peça informativa, inquisitorial e sem garantia do contraditório.
- Deverá receber do juiz o valor compatível com a situação concreta.
Atividade do juiz: o juiz pode determinar de oficio as provas necessárias à descoberta da verdade, independente da iniciativa das partes (Art. 130). O juiz deve se atentar a vários princípios: o tempo que já se gastou com o processo, os valores patrimoniais e não patrimoniais envolvidos com o litígio, a condição das partes, as efetivas chances de que a prova sirva para esclarecer os fatos, etc.
Ônus da prova
- O ônus da prova é fundamental quando não há prova de determinado fato no processo. Como a prova não pertence à parte, cabe-lhe manuseá-la o seu favor. Se as provas forem produzidas, não importando quem as trouxe, as regras dos ônus são desnecessárias. 
- O ônus da prova é do autor, quando ele quer provar fato constitutivo do seu direito. Se ele for réu, deverá provar fato impeditivo, extintivo ou modificativo da pretensão do autor. 
- É proibida a alteração do ônus da prova em se tratando de direito indisponível ou quando se tornar muito difícil o exercício (art. 333). Há leis que permitem a inversão do ônus da prova (Ex: art. 6º do CDC).
- Negativa de fatos: ocorre quando, na impugnação, o réu simplesmente alegue que o fato não ocorreu. Nesse caso, o réu está isento de apresentar provas, pois caberá ao autor provar que o fato ocorreu.
- Fato negativo: afirma-se que um fato não aconteceu, e dessa inexistência é que se busca a conseqüência jurídica. (Ex: o CC prevê que a servidão sobre imóveis pode ser cancelada pelo proprietário, desde que comprove seu não uso durante 10 anos contínuos, art. 1389, III). Então, na ação judicial de cancelamento de servidão, ou autor terá que provar um fato negativo, o não uso por 10 anos. Esse é o caso de um fato definido, que pode ser provado, ao contrário do fato negativo indefinido, que não cabe prova (Ex: não se pode provar que alguém jamais possuiu um anel).
- Prova ilícita: há três correntes sobre o tema: 
1- Obstativa: considera a prova ilícita inadmissível em qualquer hipótese (teoria do fruto da árvore envenenada).
2- Permissiva: aceita a prova, por entender que o ilícito se refere ao meio de obtenção de prova, não a seu conteúdo. Entende que quem produziu a prova deva ser punido, mas seu conteúdo aproveitado.
3- Intermediária: Admite a provailícita, dependendo dos valores jurídicos e morais em jogo. Aplica-se o princípio da proporcionalidade. O autor considera que essa é a que melhor se coaduna com os princípios constitucionais, desde que a questão for relevante.
Presunção relativa (juris tantum)
- Ocorre a partir de um fato conhecido (indício) e chega-se à razoável suposição de ser verdadeiro um fato não conhecido (não diretamente provado). A presunção é relativa quando, apesar de sua ocorrência, sucumbe ante prova em contrário, ou seja, é presumido verdadeiro até que haja prova em contrário. Ele pode estar prevista na lei (“presunção legal”) ou não (presunção comum). Em ambos os casos, comporta prova em sentido contrário. 
- Presunção legal: a lei prevê que, diante da comprovação de um fato, se presuma a existência ou inexistência de outro fato. Ex: efeito principal de revelia; se o réu não contesta, presume-se que os fatos alegados pelo autor sejam verídicos.
- Máximas de experiência: o juiz pode considerar aquilo que acontece no cotidiano para formar seu convencimento; são as noções gerais da vida prática. Assim, ele deduza ocorrência de certos fatos a partir de outros que já são formados. Ex: se uma pessoa bebeu numa festa, é razoável deduzir que foi ela quem causou o acidente de trânsito. Também é presunção relativa. 
Presunção absoluta (juris et de jure):
- Quando a lei não admite prova em contrário. Quando não se trata de investigar fatos. Ela está no terreno do direito material.
PROVAS EM ESPÉCIE
DEPOIMENTO PESSOAL
É o meio de prova em que o juiz ouve diretamente as partes e terceiros intervenientes que assumem condição de parte (ex: litisdenunciado). É muito importante, pois o juiz pode inquirir as partes sobre todos os pormenores. As demais pessoas (testemunha, perito, assistente), respondem às perguntas, mas não prestam depoimento pessoal.
O objetivo é extrair da parte a confissão. Não posso exigir que o juiz colha o depoimento do meu cliente, mas posso exigir que ele ouça o depoimento da parte contrária. Isso porque o objetivo do depoimento é confessar.
A parte deve ser alertada que, caso ela não compareça, ou, comparecendo, se recuse a depor, haverá um prejuízo, porque se presumirão verdadeiros os fatos narrados (confissão ficta). 
Só a parte pode depor, pois é indelegável. Porém, há exceções:
 1) Procurador com poderes expressos com conhecimento direto dos fatos, pode depor em nome da parte;
 2) Preposto (quando a parte for pessoa jurídica), inclusive com poderes para confessar.
O depoimento pessoal pode gerar confissão real, seja espontânea ou provocada. Quando a parte confessa, a prova sobre o fato está dispensada (art. 334, II), porque a confissão é meio de prova. O depoimento também pode gerar a confissão ficta, que consiste em se considerarem confessados os fatos controvertidos quando a parte, intimada, não comparece ou, comparecendo, se recusa a responder.
-Diferencia-se da prova testemunhal, por que a testemunha não deve emitir juízo de valor, mas limita-se a relatar os fatos que sabe.
-Diferencia-se do meio pericial, porque, embora possa ter conhecimento técnico sobre os fatos litigiosos, não cabe a ele esclarecer o juiz sobre isso.
Espécies de depoimento pessoal:
Interrogatório (art.342): o juiz age de ofício, e pode fazê-lo a qualquer momento, com objetivo de se esclarecer.
Depoimento pessoal propriamente dito (art.343): é preciso que a parte contrária faça o requerimento dessa prova. Só ocorre na audiência de instrução e julgamento, e pode provocar a confissão. Ainda que o juiz tenha realizado o interrogatório anteriormente à audiência, pode-se requerer o depoimento. 
- Confissão ficta ou presumida: não comparecimento da parte ou recusa ao depoimento. Ocorre só no depoimento pessoal propriamente dito, não no interrogatório. Como se trata de prova requerida pela parte contrária, é um ônus processual. Se descumprida, não há necessidade de outra prova, pois se presumem confessados tais fatos. 
Só há confissão ficta se, além do requerimento da parte contrária, o depoente tiver sido intimado.
Cabe ao juiz analisar as outras provas existentes para verificar se deve ou não considerar ter havido confissão ficta (princípio do livre convencimento motivado)
A confissão ficta não atinge o litisconsorte (nem mesmo a confissão real pode prejudicá-lo)
Tanto no interrogatório como no depoimento pessoal propriamente dito, são produzidos da mesma forma como se colhe a prova testemunhal: 1º o juiz ouve o autor e depois o réu, separadamente, não podendo presenciar o depoimento da parte contrária aquele que ainda não depôs.
- Depoimento pessoal propriamente dito: após o juiz concluir as perguntas à parte, o procurador da parte adversa pode formular perguntas, porém, o procurador da parte não pode formular perguntas, pois o objetivo do depoimento é a confissão, e não interessa à parte depoente a confissão. Entretanto, tem-se admitido a sua intervenção, solicitando a palavra pela ordem, quando algum esclarecimento relevante tiver que ser feito.
- No interrogatório não são admitidas reperguntadas, porque o objetivo não é a confissão, e sim o esclarecimento dos fatos. Os advogados não podem intervir.
- É possível o depoimento pessoal por carta precatória, rogatória ou de ordem. Se a expedição da carta houver sido requerida antes do saneamento do processo, em princípio, o juiz deverá aguardar seu cumprimento, para depois sentenciar (art. 338 cc 265, IV, b). Porém, se o juiz não reputar a prova objeto da carta imprescindível, ele não precisará aguardar seu retorno.
- O contrário também é verdadeiro: mesmo que a parte tenha requerido a carta depois do saneamento do processo, haverá casos em que o juiz aguardará seu retorno, para só depois decidir, por que considera a prova essencial para a solução do processo. 
- A parte não é obrigada a responder sobre fatos que possam lhe trazer conseqüências mais sérias do que a sucumbência. Assim, é justa a recusa à resposta sobre fatos criminosos ou torpes, que lhe tenham sido imputada. O mesmo ocorre quando o conhecimento dos fatos resulta de estado ou profissão, que imponha á pessoa o dever de sigilo. Nas questões de estado, como por exemplo, seria indigno obrigar os filhos a deporem contra os pais. Isso não se aplica às questões de filiação, separação judicial e de anulação de casamento (art.347). O autor discorda, pois se nem mesmo no processo penal o acusado é obrigado a confessar o crime, certamente também não estará nas ações relativas a filiação ou casamento.
2-CONFISSÃO
- Confissão: quando a parte admite a verdade dos fatos, contrário a seu interesse e favorável a seu adversário (art. 348). É meio de prova, pois revela a verdade de um fato que tenha sido alegado por uma das partes.
Já foi chamada de rainha das provas, porém, regra geral, não há hierarquia entre os meios de prova, além disso, um fato confessado pode não ser verdadeiro, ou mesmo o juiz desconsiderar a confissão, caso a considere inverossímil. Também há o princípio do livre convencimento motivado, e nada impede que o juiz afaste a confissão, por que pode ocorrer com o intuito de acobertar terceiro, ou de colusão, permitindo que processos fraudulentos fossem iniciados com objetivo de impedir o juiz de julgar amplamente os elementos da causa, (Ex: se a parte confessa dívida inexistente somente para, judicialmente, transferir seus bens a outrem, em prejuízo a seus verdadeiros credores).
- O reconhecimento da procedência do pedido (art. 269, II) e da renúncia ao direito em que se funda a ação (art. 269, V) diferem da confissão difere por que:
1) O reconhecimento só pode ser praticado pelo réu e a renúncia pelo autor, enquanto qualquer das partes pode confessar.
2) Ambos são atos de disposição, e não cabe ao juiz desconhecer o ato; já a confissão não é ato de disposição, mas declaração de ciência de que o fato é verídico, e, por isso, não tem efeito vinculante.
- Requisito para a confissão: o confidente deve ser capaz. Só se pode confessaracerca de fatos referentes a direitos disponíveis. O incapaz não pode confessar, mesmo que seja praticado pelo representante legal.
Classificação da confissão:
Judicial: quando obtida dentro do processo. Pode ser espontânea ou provocada:
Espontânea: pode ser oral ou escrita, na primeira, tem que ser tomada por termo, e assinada pelo confidente e pelo juiz.
Provocada: quando oriunda de outro meio de prova, qual seja o depoimento pessoal (propriamente dito ou interrogatório). Não significa que o conteúdo da confissão terá sido provocado, e sim a sua ocorrência.
Extrajudicial: ocorre fora do processo, por escrito diretamente à parte adversa ou seu representante. Tem o mesmo valor probante que a judicial. Porém, se feita a terceiros deve ser recebida com reservas, pois o juiz a analisará junto com as demais provas.
Características:
Indivisibilidade: a confissão pode ter uma parte favorável e outra desfavorável, e deve ser reconhecida como um todo, não pode ser usado apenas a parcela que favorece a parte. Divisibilidade: embora a regra diga que toda prova é indivisível, há uma exceção (art.354): será divisível quando o confidente lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção. Ou seja, a parte não pode, pela sua confissão, pretender fazer prova em seu favor. Para esse caso, seguem as regras do ônus da prova.
Irretratabilidade: é irretratável, embora não haja regra no CPC a respeito disso.
Revogabilidade: a confissão obtida com vício de vontade pode ser revogada, seja no curso do processo, seja com ação anulatória, seja com ação rescisória. Cabe ao confitente a iniciativa de propor a demanda de revogar a decisão, portanto, cabe a ele o ônus de demonstrar o vício de vontade.
Confissão por mandatário: só é aceita a confissão espontânea, já que ele não pode prestar depoimento pessoal, em regra. Exigem-se poderes específicos. 
Confissão real e ficta: a ficta é quando se presume a confissão, quando a parte na o comparece ou se recusa e responder as perguntas. Admite-se contraprova.
Limitação: existem algumas situações em que a confissão é rejeitada: a) prova legal (art. 366), ou seja, quando o instrumento público for essência do ato, a confissão não tem valor probante; b) ela não prejudica o litisconsorte: se uma litisconsorte confessa um fato que é prejudicial ao demais, esta confissão, sozinha, não pode ser admitida, pois não pode alcançar aqueles que não a confessaram; c) confissão de fatos relativos a direitos indisponíveis, com exceção de alguns casos, como nas ações de alimentos (seria ilógico supor que, numa ação de paternidade, não se pudesse aceitar a confissão do réu);d) o juiz pode rejeitar a confissão de fatos inverossímeis.
3- PROVA DOCUMENTAL
- Não é simplesmente a palavra escrita, pode ser também uma fotografia, um mapa, um CD, ou uma simples pedra com inscrições ou símbolos. Tudo o que trouxer caracteres suficientes para atestar que um fato ocorreu.
- Também chamado de prova real, no sentido de ser constituído por uma coisa.
- Também é indivisível
- Autoria: há dois tipos: o autor material, que é quem cria o documento, lançando idéias que não são suas; e autor intelectual é quem transmite o pensamento que se tornará o conteúdo do documento. A distinção é importante porque medida que um documento fará prova contra o autor intelectual quando tiver sua assinatura, mesmo que tenha sido ordenada por ele sua confecção, ou quando o documento já estiver previamente concluído no momento de sua assinatura (contrato de adesão).
 - A prova documental, em regra, é trazida na petição inicial e na contestação. Exceções:
	1) Para contrapor novas alegações. Ex: autor solicita o pagamento de um débito, e o réu apresenta a contestação com um fato impeditivo (pagamento, prescrição, etc.), e o autor então apresenta outro documento mostrando que a dívida não prescreveu. 
	2) Quando ocorrer fato novo. Ex: entro com ação contra um médico pela perda da mão, mas no transcorrer do processo ela perde também o braço.
	Sempre que um documento novo for juntado aos autos, o juiz deverá ouvir a parte contrária em cinco dias.
Classificação dos documentos:
Públicos: Quando o autor material for autoridade pública. Nesse caso, autores intelectuais e materiais nunca se confundem, pois o funcionário público elabora o documento com base nos dados que são transmitidos pelo particular. O documento público prova a sua existência quanto às declarações nele contidas, ou seja, são presumidas verdadeiras. Como as autoridades gozam de fé pública, os documentos públicos fazem prova de validade e veracidade, porém, não faz prova de veracidade das informações prestadas pelo particular, ou seja, o autor intelectual. Os fatos transmitidos ao funcionário público não se provam pelo documento público, pois são responsabilidade de quem os prolatou.
- O documento público pode ser:
A- documento judicial: oriundos do processo sejam produzidos pelo escrivão (certidões), pelas partes (petições) ou pelo juiz (sentença). Todos eles podem servir de prova (prova emprestada).
B- documento administrativo: todos os demais
2) Particulares: quando elaborados pela própria pessoa. Nesse caso, o autor material pode ou não se confundir com o intelectual. Confundem-se quando quem elabora o documento é quem transmite o pensamento. Em regra o documento produz efeitos inter partes somente sendo oponível erga omnes se forem levado a registro público. Nos documentos particulares, as declarações nele contidas só vinculam aquele que assinou o documento. 
Autenticidade
A autenticidade não se refere necessariamente ao seu conteúdo.
Reputam-se autênticos os documentos públicos, independente da concordância das partes. Caso haja vício na formação do documento público (inobservância de forma, p.ex.), ou for feito por pessoa incompetente, ele terá a mesma validade de documento particular.
Quando a lei exigir um documento público, nenhum outro documento particular o poderá substituir, por mais que a prova seja relevante.
Os documentos particulares são considerados autênticos: antes do processo, quando tiver reconhecimento de firma, e, já como prova desde que a parte contraria admita sua autenticidade. Cabe a parte o ônus de impugnar a prova.
Autenticidade não se confunde com ser o documento original ou cópia. Em relação à fotografia, ela deve ser acompanhada do negativo.
O documento particular fica momentaneamente sem autenticidade quando contestada sua assinatura. Preenchimento de documento em branco: pode-se pactuar que isso seja permitido em momento posterior, desde que os limites do que foi pactuado não seja extrapolado. Nessa hipótese, o documento só terá força probante após verificação de ter ou não havido abuso.
Tem mesmo valor que o documento original: extratos digitais de bancos de dados, públicos ou privados- art. 365. Os originais dos documentos digitalizados deverão ser preservados até o trânsito em julgado ou até o fim do prazo para ajuizamento da ação rescisória.
Documentos eletrônicos são considerados originais.
No momento que o documento é trazido, se a parte contrária não se manifestar sobre sua falsidade, o documento será considerado como verdadeiro. 
Documento estrangeiro deverá ser traduzido por tradutor juramentado.
O momento adequado para se apresentar o documento é na petição inicial e com a resposta, sob pena de preclusão. Exceção para os documentos novos, ou seja, quando são relativos a fatos ocorridos depois da fase postulatória e quando apresentados como contraprova de documento apresentado pela parte contrária. Nesse ultimo caso, avaliar se a ocultação não viola o princípio da lealdade processual (carta na manga), ou seja, não apresentou por que até então o fato não havia sido alegado. A jurisprudência tem sido bem condescendente com a juntada de documento fora do prazo, com base no princípio do livre convencimento motivado. Tem-se admitido a juntada até com o recurso. Basta que se respeite o princípio docontraditório, sendo nula a sentença fundada em documento que não se permitiu a impugnação. Tem-se entendido que penas os documentos indispensáveis terão de ser juntados na fase postulatória.
Os documentos administrativos podem ser requisitados pelo juiz, e oficio ou a requerimento do interessado, a qualquer momento (inclusive em fase recursal), sempre que necessário. 
- Se o documento estiver na petição inicial, à falsidade deve ser alegada na contestação. Se o documento for juntado em outro momento, haverá 10 dias para alegar. O juiz deve ouvir a parte contrária e depois mandar fazer a perícia. O juiz poderá dispensar a falsidade se a parte que produziu o documento concordar que ele seja removido dos autos.
Arguição de falsidade 
Falsidade material: quando o documento foi formado com vício ou quando foi adulterado, independente da veracidade ou não do seu conteúdo: supressão ou substituição de palavras, sobreposição de negativos para formar foto adulterada.
Falsidade intelectual: se liga ao conteúdo, ainda que o documento esteja materialmente perfeito, expressão de um fato não acontecido. A coisa é perfeita, mas o conteúdo é falso.
Só cabe arguição de falsidade quando for falsidade material, por que o falso conteúdo pode ser provado dentro do próprio processo ou por reclamação autônoma. Quando a falsidade se referir a vício de consentimento do ato praticado, não se trata propriamente de falsidade documental, mas sim de anulação de ato jurídico. Essa hipótese precisa de ação autônoma, de cunho constitutivo negativo.
A arguição é ação incidental usada para afastar a autenticidade que aparentemente o documento tem. É admissível na fase instrutória, após o encerramento e até em ação autônoma (art. 390 SS); em qualquer tempo ou grau de jurisdição. Entretanto, deve ser exercida no prazo da contestação (para o réu, em relação aos documentos juntados à inicial) ou em 10 dias, a partir do momento em que a parte foi intimada do documento juntado. Caso contrário, há preclusão. 
 É incidental por que é julgada por sentença.
O processo é suspenso com a argüição, e a parte que produziu o documento tem 10 dias para responder, findo o qual o juiz ordenará a perícia. Não haverá perícia se as partes concordarem em desentranhar o documento.
Nessa ação incidental, é possível a cumulação ao pedido principal (declaração de falsidade) de outros pedidos acessórios, como o de PD, ou indenização por dano moral, caso ao documento falso se tenha dado publicidade que gere direito à indenização.
Quando a assinatura é contestada, não há ensejo ao incidente. É caso de se demonstrar a autenticidade no próprio processo. Nesse caso, o ônus da prova é de quem assinou (art. 389).
Livros Comerciais:
- Os livros comerciais fazem prova, inclusive contra o próprio comerciante. O comerciante não pode exigir que os livros não sejam usados. Ex: pessoa jurídica entra com ação contra um veículo de comunicação (TV, rádio), pedindo indenização por danos morais e materiais. O juiz pode pedir a perícia dos livros, para avaliar se houve prejuízos.
4- EXIBIÇÕES DE DOCUMENTO OU COISA
- Exceção à regra de que a prova deve ser produzida por quem a alega. Nesse caso, a exibição de documento é o meio de prova que deve ser produzido pela parte contrária a quem alega, ou por 3º, ou ainda por iniciativa do juiz, de oficio, caso ele constate que alguém detém documento ou coisa que pode esclarecer ponto relevante da demanda. A exibição dos documentos pode ser feita via eletrônica.
- Como se trata de documento ou coisa, percebe-se que esse é um meio de se produzir prova material, e não oral.
- Há dois meios de se obter a exibição: 
- Como incidente processual (art. 355, SS) 
- Como ação cautelar preparatória (art. 844).
 O procedimento de ambos é o mesmo.
Classificação: a exibição pode ser pedida contra a parte contrária e contra 3º:
1- Contra a parte contrária: pode ser pedido na fase postulatória como posteriormente, mas é essencial que se explique os motivos do pedido de exibição e as razões que levam a afirmar que a coisa esteja em posse da parte adversa, além da exata especificação do objeto.
- O incidente ocorre, nos mesmos autos da ação principal. A parte contrária pode responder em cinco dias, quando poderá negar a posse, se recusar a exibir, ou silenciar. No 1º caso, o requerido pode provar que não possui a coisa, e no 2º, o juiz decidirá se a recusa é justa ou não. A recusa é injusta quando houver: 
A) Obrigação legal de exibi-la (testamenteiro; livros comerciais de exibição obrigatória).
B) Quando for documento comum (relativos a Negócios Jurídicos bilaterais: contrato). 
C) Quando a parte que se recusa a exibir faz menção ao objeto no processo.
- Ao julgar o incidente, caso o documento ou coisa não venha aos autos, o fato será considerado provado, tanto em se tratando de recusa injusta como do silêncio. É uma decisão interlocutória, passível de agravo. É um meio de prova, que não interfere necessariamente na demanda, pois o fato será analisado junto com outras provas.
2- Contra terceiro: aqui não é mero incidente processual, e sim, exercício do direito de ação entre as partes e 3º, formando nova relação jurídica, com autos apartados. É feita petição inicial, e o 3º é citado para responder em 10 dias, e também poderá assumir uma das três posições acima (art. 360 e 361). Se não houver imediata exibição, é feita audiência de instrução e julgamento. O recurso cabível é a apelação; a sentença tem cunho mandamental, por que o 3º tem obrigação de exibir, e não o ônus. Se não apresentar, caso o juiz assim determine, era expedido mandado de apreensão, que pode ser cumprido com ajuda de força policial, independentemente do 3º ser responsabilizado por crime de desobediência. 
A exibição pode também ser de responsabilidade do 3º, sem ter que ser instaurada nova ação. Nesse caso, o juiz pode ordenar de oficio, a exibição da coisa ou do documento, independente de iniciativa das partes (art. 130), se os documentos forem relevantes e se constar nos autos que o 3º está em posse da coisa. Nessa hipótese, como é dever de qualquer pessoa colaborar com o descobrimento da verdade, não se trata de ação, mas de simples instrução da causa determinado pelo juiz (art. 341, II). O 3º também pode apresentar escusas legais (justa causa).
- Nem a parte ou o 3º são obrigados a exibir documento ou coisa quando sua apresentação for dar publicidade a fatos criminosos ou desonrosos, relativas á sua pessoa ou à família. Outras circunstâncias, que não de cunho familiar ou criminal, podem representar justa causa; o juiz analisará se o motivo é grave (art.363). Nesse caso, ocorre uma exceção à indivisibilidade de documento. Se os motivos da escusa se referirem apenas à parte do documento, o juiz pode determinar o translado da fração não comprometedora, preservando o interesse e a honra familiar.
- Em qualquer hipótese a exibição pode ser indeferida, caso o juiz entenda que é desnecessária, ou por que o fato já está provado por outro meio, ou por que é incontroverso ou se ocorrer a presunção da veracidade.
5- PROVA TESTEMUNHAL
- É a mais sujeita a imprecisões, seja por falibilidade da memória ou por malícia.
Requisitos: 
Pessoa capaz, que não seja suspeita nem impedida. Não pode ter interesse legítimo (não se confunde com parte). Se ausente quando intimada, pode ser conduzida coercitivamente (a parte cabe a pena de confissão). O perito não pode ser testemunha, pois é considerado auxiliar da justiça que esclarece questões técnicas.
- Capacidade para ser testemunha não se confunde com capacidade civil. Cego e surdo não são incapazes civilmente, mas não podem ser testemunhas caso não consigam narrar o fato, porém, se conseguir se comunicar por sinais poderá. Maior de 16 e menor de 18 podem, mas não responderá por crime de falso testemunho, pois é inimputável. O menor pode, em algumas situações, ser ouvido como informante, mas o valor probatório é bem inferior ao testemunhal. (comum em direito de família)
 
- Ossuspeitos, impedidos e incapazes não podem ser testemunhas. Não está totalmente afastada a hipótese de depoimento de testemunha suspeita ou impedida, pois há situações em que apenas essas pessoas têm conhecimento dos fatos. Apenas não prestam o compromisso de dizerem a verdade, e suas palavras serão analisadas com reservas. Seriam apenas informantes.
- Art. 405.: Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.  
 
São incapazes: (§1º, art. 405):
I - o interdito por demência; 
II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções; 
III - o menor de 16 anos; 
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.
-Suspeitos (§3º, art. 405):
1- Pessoa condenada, com sentença transitada m julgado, por crime de falso testemunho.
2- Quem, por seus costumes, não for digno de fé: dispositivo preconceituoso, de duvidosa constitucionalidade, além disso, é um critério subjetivo.
Inimigo capital ou amigo íntimo da parte. São os mesmo critérios para a suspeição do juiz (art. 135, I).
O que tiver interesse no litígio
- Impedidos (§2º, art. 405)
 1- O cônjuge e os parentes (colateral até 3º grau). Exceção para quando há interesse público, ou relativo ao estado da pessoa, e desde que inexistam outros meios de prova. Também tem se admitido nos casos de direito de família, principalmente separação judicial e quanto à filiação (são os integrantes da família que presenciam os fatos ocorridos no lar). Para concurso, colocar que não podem depor.
2- Quem for parte. Isso na hipótese de litisconsórcio, não pode outro litisconsorte testemunhar.
3- Aquele que intervém em nome da parte, no processo, como tutor, curador, mandatário, representante legal, juiz da causa, advogado, órgão do MP. Para o juiz da causa testemunhar, ele deverá passar a causa para seu substituto. Nesse caso, a parte que o arrolou não poderá desistir de seu depoimento.
-Classificação das testemunhas:
1- Presenciais: são as que tiveram contato direto com o fato. Maior credibilidade.
2- De ouvida (ou de referência): tiveram noticia do fato por uma 3ª pessoa.
3- Referidas: embora não tenham sido arroladas pelas partes, surgiram através de depoimentos de outras testemunhas. Podem ser ouvidas de ofício ou a requerimento das partes.
Admissibilidade:
- A prova testemunhal é sempre admissível, só sendo afastada por exceção:
1- O juiz indeferirá a prova testemunhal quando o fato já tiver provado por documento ou confissão (art. 400, I). No caso de direitos indisponíveis, a confissão não vale, e nesse caso, a prova testemunhal é admitida.
2- Quando o fato só puder ser provado por documento ou perícia. Quanto à perícia, a vedação é de ordem técnica, e não jurídica; pois se fato depender de conhecimento técnico, não se admite a prova testemunhal. Se a testemunha tiver conhecimento técnico, poderá ser nomeado perita, ou assistente técnico. Quanto ao documento, não se admite prova testemunhal quando o ato jurídico exigir forma escrita (casamento, e compra e venda de imóvel).
3- Não se admite prova exclusivamente testemunhal nos contratos de valor maior que o décuplo do SM (art. 401). Entretanto, a jurisprudência tem acatado a prova exclusivamente testemunhal. Tem-se entendido que não se trata de provar o contrato, mas sim a prestação de serviços, ou a entrega d coisa, pois muitas vezes os costumes determinam contratos verbais de valores elevados, como ocorre na compra de gado em certos locais do país. O código admite a prova testemunhal, independente do valor do contrato, quando houver início de prova escrita, ou quando a prova-documento for impossível por temor reverencial, ou ainda quando se pretende provar os vícios de consentimento. 
Obrigações da testemunha:
Comparecer a juízo: caso contrário, pode ser coagida mediante condução, além de ser responsabilizada pelas despesas decorrentes. Só são obrigados a comparecer as testemunhas intimadas, aqueles que a parte dispensa a intimação, comprometendo-se a levar a testemunha, o não comparecimento não autoriza a condução coercitiva, pois ocorre a presunção da desistência de seu depoimento. O funcionário público e os militares serão requisitados aos seus superiores.
 2- Prestar o depoimento: há o dever de colaboração. Esse dever só desaparece quando os fatos indagados possam representar dano de ordem moral, para si ou para a família, ou quando deva guardar sigilo, por estado ou profissão, ou quando implicar a possibilidade de resultar contra si processo criminal.
3- Dizer a verdade: crime de falso testemunho, pois a testemunha não existe para favorecer a parte que a arrolou, e sim para que o juiz conheça os fatos.
Direito da testemunha:
1- Ter o depoimento tomado pelo juiz, não podendo os advogados se dirigir diretamente a ela.
2- Ser tratada com respeito e urbanidade, sendo vedadas perguntas capciosas e de cunho vexatório.
3- Recusar-se a responder, nas hipóteses já referidas.
4- Ressarcimento das despesas sofridas (pagas pela parte que arrolou) e a impossibilidade de desconto de salários, por se tratar de serviço público.
Procedimento da prova testemunhal:
- Rol de testemunhas: máximo 10, e o juiz pode limitar a 3, quando destinadas a provar o mesmo fato. Depois que o rol é depositado em juízo, não pode mais alterar, salvo em casos excepcionais. Elas poderão ser substituídas em caso de falecimento da testemunha; de doença; de mudança de endereço.
Deve conter nome, profissão e endereço para intimação. 
- O rol deve ser depositado, no rito ordinário, no prazo fixado pelo juiz ao designar a audiência de instrução e julgamento ou, na falta dessa fixação, no prazo de 10 dias (art. 407).
No sumário, elas devem ser arroladas na inicial e na contestação (art. 276 e 278). O 1º dia é o da audiência (se exclui). A falta de arrolamento causa preclusão, porém, o juiz pode de oficio, determinar a ouvida das testemunhas, se houver nos autos elementos que indiquem que eles têm ciência de algum fato relevante.
- Ouvida de testemunha residente fora da comarca, a parte deve requerer a expedição de carta precatória, rogatória ou de ordem, junto com o rol. Porém, no procedimento ordinário, o momento de apresentar o rol é posterior ao saneamento do processo, então, para que a parte se assegure que o juiz não sentenciará antes do retorno da carta, deve indicar mesmo antes do saneamento sua intenção de ouvir a testemunha, requerendo desde logo a expedição da carta.
- A apresentação prévia do rol de testemunhas é devido ao princípio do contraditório, pois permite à parte ter ciência das provas que o adversário produzirá, para exercer o direito de impugnar (contraditar) a testemunha arrolada. Por isso não se admite a substituição das testemunhas, exceto nos casos de falecimento, doença grave, ou mudança de residência, não sendo mais encontrada a testemunha (art. 408). Ocorrendo a substituição, nesses casos, a parte contrária deve ter o mesmo anterior à audiência para conhecer a testemunha substituta. Se o fato autorizador da substituição se der dentro de 5 dias antecedentes à audiência, esta deve ser redesignada.
- Colheita da prova testemunhal é na audiência de instrução e julgamento, salvo as hipóteses que a lei previu de ser outro momento. Exemplos:
1) Testemunha impossibilitada de comparecer em juízo (o juiz pode determinar que ela seja ouvida em casa); 
2) Testemunha ouvida por carta precatória; 
3) Produção antecipada de provas (processo cautelar);
 4) Autoridades: Presidente da República e vice, ministros do Estado, presidentes do Senado e Câmara, seus vices, dep. Estadual, federal, senador, ministros dos Tribunais Superiores, TCU, PGR, governadores, juízes, desembargadores, embaixadores, cujo país de origem conceda idêntica prerrogativa ao agente diplomático brasileiro (art. 411). Nesse último caso, eles dirão ao juiz o horário queestarão disponíveis, e vão depor na sua residência ou no local em que exercerem suas funções.
-A testemunha é ouvida após o esclarecimento do perito e dos depoimentos pessoais. 
- Ordem das testemunhas: do autor e do réu. Havendo litisconsórcio, segue-se a ordem da petição inicial. Todas as testemunhas são ouvidas separadamente, não podendo uma presenciar o depoimento da outra, mesmo que já tenha sido inquirida, dada a possibilidade de acareação.
- Antes de iniciar o depoimento, a testemunha será indagada sobre sua qualificação, incapacidade, suspeição ou impedimento. Nesse momento a parte contrária pode contraditá-la, surgindo uma questão incidental que deve ser solvida na própria audiência. 
- Após o juiz inquirir a testemunha, têm lugar as reperguntas (indagações das partes). Primeiro repergunta a parte que arrolou. O termo pode ser por computador, etc., e as partes poderão gravar o depoimento. Se for feito por meio não datilográfico, ele será transcrito no caso de recurso, ou quando for necessário. Todo o documento pode ser gravado, como ocorre nos juizados, assinando-se somente o termo de audiência (art. 417, 169).
- É vedada pergunta de cunho subjetivo ou que importe juízo de valor. Não é permitido que a testemunha traga seu depoimento previamente escrito, porém, permite-se a consulta a breves anotações, para esclarecer algum ponto duvidoso.
- Caso em que a pessoa não consiga se expressar oralmente ou não fale o idioma, o juiz nomeará um intérprete. No caso do surdo-mudo, se ele souber se expressar por escrito, o intérprete será desnecessário.
Acareação:
- Quando houver divergência entre os depoimentos prestados por duas ou mais testemunhas, ou entre testemunhas e a parte, o juiz pode determinar, de oficio ou a requerimento, a acareação. Caso se comprove que alguma testemunha faltou com a verdade, o juiz deve extrais cópias das peças processuais e remetê-las ao MINISTÉRIO PÚBLICO.
- A acareação só ocorre quando a divergência for sobre ponto relevante, capaz de influir na decisão do litígio.
- Não se admite acareação entre as partes.
6- PROVA PERICIAL
- O perito é nomeado pelo juiz. Cada vara possui uma lista de peritos. O juiz fixa um prazo para a entrega do laudo pericial, tendo em vista a complexidade (prazo judicial). Depois que o perito é nomeado, as partes são intimadas para apresentarem quesitos (perguntas) e assistentes técnicos no prazo de cinco dias. 
- Os fatos podem ser simples ou complexos: simples: uma vez ocorrido, gera conseqüências jurídicas imediatamente (para o inventário não preciso saber a causa mortis); complexa: para gerar conseqüências jurídicas, tem que demonstrar certos elementos intrínsecos à sua ocorrência, que não são facilmente visualizáveis (se um prédio ruir, para que o construtor seja condenado à reparação, deve se descobrir os motivos da queda). Os fatos complexos precisam de conhecimentos científicos ou técnicos. 
-Nem que o juiz tenha conhecimento cientifico para esclarecer o ponto controvertido, mas nem assim se afasta a perícia, pois ela tem dupla função: dirimir as dúvidas do juiz e mostrar às partes a realidade do ocorrido. Cria segurança para o juiz e para as partes a respeito da verdade dos fatos.
- A perícia desestimula o recurso (ex: exame de paternidade)
- Regras da experiência comum: leis da física, da biologia, etc.; máximas da experiência que todos têm (art. 335), mas, na dúvida, deve ser feita prova pericial.
- O perito não prova o fato, apenas o esclarece.
Classificação:
1- Exame: é a perícia propriamente dita. Inspeciona coisas móveis e pessoas. Ex: exame de DNA
2- Vistoria: é um exame para bens imóveis
3- Avaliação: dá valores para bens jurídicos, móveis ou imóveis.
Classificação de acordo com o grau de formalidade observado para sua produção:
1- Judicial: ocorre dentro do processo, por requerimento das partes ou de oficio, com perito nomeado pelo juiz.
2- Extrajudicial: o litigante contrata profissional de sua confiança e incumbe a ele o exame da coisa litigiosa. Porém, por não ter contraditório, se as partes discordarem do parecer e a dúvida continuar, o juiz deve determinar a perícia judicial. 
3- Informal: está dispensado o laudo. Quando o fato permitir, o juiz pode determinar só a inquirição do perito e dos assistentes técnicos acerca daquilo que verificaram, sem o formalismo da confecção do laudo. É facultado às partes acompanhar a diligência.
Cabimento:
A) Deve ser útil: só é usada para esclarecer dúvida e quando tiver influencia na decisão. B) Necessária: a perícia é dispensada quando o fato já tiver sido esclarecido por outro meio. 
C) Praticável: não se defere prova pericial quando seu objeto não permitir mais o exame. 
Ex: perícia sobre veículo sinistrado, se ele já foi reparado.
Perito:
- Especialista em determinado ramo, convocado com auxiliar da justiça. Deve ter conhecimento técnico ou cientifico.
- Devem ser escolhidos de preferência profissionais de nível superior, inscritos no órgão de classe; mas pode ser qualquer pessoa, desde que tenha conhecimento para aquela tarefa, onde não houver profissionais com a capacitação exigida (art. 145). A nomeação de determinados especialistas, e não de qualquer pessoa, é só para quando se tratar de falsidade documental ou perícia médico-legal, já que o art. 434 determina que seja escolhido perito o técnico dos estabelecimentos oficiais especializados (IML). Porém, com a ressalva “de preferência”, pois, onde não houver, a nomeação recairá sobre aquele que melhor estiver aparelhado para a função.
- O perito é alguém de confiança do juiz, nomeado por ele.
Art. 145 - Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no Art. 421.
§ 1º - Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário, devidamente inscrito no órgão de classe competente, respeitado o disposto no  Livro I, Título VIII, Capítulo VI, Seção VII, deste Código. 
§ 2º - Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que estiverem inscritos. 
§ 3º - Nas localidades onde não houver profissionais qualificados que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos peritos será de livre escolha do juiz. 
Art. 146 - O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. A escusa será apresentada dentro de cinco dias, contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la (Art. 423). 
O perito também pode reputar-se suspeito, inclusive por motivo de foro íntimo
Art. 147 - O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por dois anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer. Tb será comunicada a entidade de classe no caso de não cumprimento do encargo.
 Art. 421 - O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo. 
§ 1º - Incumbe às partes, dentro em cinco dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:
 I - indicar o assistente técnico;
 II - apresentar quesitos.
§ 2º - Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado.
 
Art. 422 - O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. 
 
Art. 423 - O perito pode escusar-se (Art. 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (Art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.Art. 424 - O perito pode ser substituído quando: 
I - carecer de conhecimento técnico ou científico;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. Nesse caso, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.
 
Art. 425 - Poderá as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.
Art. 426 - Compete ao juiz: 
I - indeferir quesitos impertinentes;
.II - formular os que entenderem necessários ao esclarecimento da causa.
 
Art. 427 - O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes.  
Art. 428 - Quando a prova tiver de realizar-se por carta, poderá proceder-se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.
 
Art. 429 - Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar-se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.
 
Art. 431-A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. (garantia do Contraditório durante a produção de provas)
Art. 431-B. Tratando-se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. 
Art. 432 - Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz conceder-lhe-á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.
 
Art. 433 - O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 dias antes da audiência de instrução e julgamento.
 
Parágrafo único - Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo (pelo perito). 
 
Art. 434 - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de natureza médico-legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juiz autorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento.
 
Parágrafo único - Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.
 
Art. 435 - A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos, quando intimados cinco dias antes da audiência.
 
Art. 436 - O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.
 
Art. 437 - O juiz poderá determinar de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida.
Art. 438 - A 2ª perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.
Art. 439 - A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a primeira.
Parágrafo único - A 2ª perícia não substitui a 1ª, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.
 
 Honorários:
- É arcada pela parte que requereu a prova, ou pelo autor, quando ambas as partes requererem ou quando determinada de oficio pelo juiz. Os honorários são antecipados, sob pena de precluir a oportunidade de prova, mediante depósito bancário, para ser levantado quando da entrega do laudo, podendo ocorrer liberação parcial (art.33) para que ele inicie o trabalho (essa é a praxe).
- Quando o juiz nomeia o perito, ele faz a proposta dos honorários, a parte deve ser consultada para aceitar ou não tais honorários. Se houver divergências, cabe ao juiz fixá-los, levando em consideração o trabalho a ser feito e a tabela de honorários das entidades de classe. Os honorários integram a verba de sucumbência (art. 20).
- A remuneração do assistente técnico é encargo da parte, e não é necessário ser acertado pelo juiz. O vencido também será condenado a ressarcir esses honorários.
- Os honorários também serão abrangidos pela assistência judiciária: o beneficiário não precisa depositá-los previamente, pois o vencido os arcará no final.
Procedimento.
- Procedimento ordinário: a perícia é requerida na inicial e na contestação, apenas como meio de prova; só no saneamento é que se exige a delimitação da perícia, com apresentação dos quesitos.
- Procedimento sumário: deve formular os quesitos já na inicial e na contestação, e indicar assistente técnico.
- Ao nomear o perito, o juiz já fixa o prazo para entrega do laudo. Nomeado o perito, as partes devem indicar os assistentes técnicos e apresentar os quesitos, nos 5 dias seguintes à intimação (art. 421). O assistente não presta compromisso, como o perito. Chamam-se quesitos básicos os apresentados quando da nomeação do perito, e quesitos suplementares aqueles que podem apresentar durante a diligência. O juiz analisará cada um, indeferindo os impertinentes e formulando outros que achar necessário.
- O perito pode consultar autos, ouvir testemunhas, realizar exames em laboratório, solicitar documentos das partes ou em repartições públicas (art.429) e orientar-se com o juiz acerca dos procedimentos a adotar.
- É possível realizar a perícia por carta (precatória, rogatória ou de ordem), e é recomendável que a nomeação do perito seja feita pelo juiz incumbido de cumprir a carta.
-LAUDO: uma parte expositiva, em que o perito descreve o objeto da perícia e os procedimentos que adotou, e uma parte conclusiva, onde responde os quesitos. O laudo não pode conter conceitos jurídicos, não pode dizer se agiu ou não com culpa. Depois de apresentado o laudo, as partes podem se manifestar, e os assistentes podem entregar os documentos/pareceres em até 10 dias. 
- PARECER: elaborado pelos assistentes técnicos. Deve seguir a mesma orientação do laudo. O juiz pode basear-se nele para fundamentar sua decisão.
- O juiz não está adstrito ao laudo, devido ao princípio do livre convencimento motivado. A perícia não se sobrepõe a outras provas. Mesmo no caso em que a perícia é obrigatória (ex: interdição), o juiz pode analisar livremente toda a prova produzida, servindo o laudo apenas como mais um elemento para conhecimento dos fatos.
- O juiz pode determinar a realização de uma segunda perícia.
7- INSPEÇÕES JUDICIAIS
- É o meio de prova pelo qual o próprio juiz examina pessoas (partes e 3º, são obrigados, art. 340), coisas (móveis, documento ou semoventes) ou locais, sempre que os demais meios de prova forem insuficientes para seu convencimento. É um meio de prova subsidiário, pois é para o juiz esclarecer o fato, e não para que ele conheça o fato (art. 440)
- Procedimento: pode ser requerida na fase postulatória ou após o encerramento da fase instrutória, e também ser decretada de ofício. Deve ser designada data para sua realização, com a necessária intimação das partes e seus procuradores, assegurando o contraditório. Em regra, a coisa ou pessoa deve se apresentar em juízo, mas há três circunstâncias em que a inspeçãoocorre onde se encontre seu objeto: 
1) Para melhor verificação dos fatos (locais);
 2) Inviabilidade de transporte da coisa;
 3) Reconstituição dos fatos.
- As partes podem estar presentes na inspeção judicial, podendo até manifestar-se com esclarecimentos e observações. Deve-se entender a diligência como uma extensão da audiência, e por isso segue as mesmas regras desta. O juiz pode indagar livremente sobre os fatos que está presenciando. É facultado o acompanhamento de peritos, quando o juiz verificar a necessidade de esclarecimento técnico ou científico. Nesse caso, as partes podem ser acompanhadas pelos seus assistentes técnicos.
- O escrivão deve ir documentando tudo o que ocorrer, pois, concluída, é lavrado um auto circunstanciado. Esse auto será a prova produzida, e podem ser acompanhado de fotos, desenhos, que foram colhidas na inspeção. O juiz pode determinar a lavratura de termo contando as declarações de pessoas que encontrar no local, que será imprescindível até para efeitos recursais.

Continue navegando