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Sistema de Produção do Cacau

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2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MINISTRO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO 
MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAIS 
 
DIRETOR DA CEPLAC 
HILTON KRUSCHEWSKY DUARTE 
 
SUPERINTENDENTE REGIONAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL 
ADEMIR CONCEIÇÃO CARVALHO TEIXEIRA 
 
SERVIÇO DE PESQUISA 
RAIMUNDO CARLOS MÓIA BARBOSA 
 
SERVIÇO DE EXTENSÃO RURAL 
CARLOS EDILSON SILVA DE OLIVEIRA 
 
SEÇÃO DE GERAÇÃO DE TECNOLOGIA 
PAULO JÚLIO DA SILVA NETO 
 
SUPERINTENDENTE REGIONAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL 
JOÃO VALÉRIO DA SILVA FILHO 
 
SERVIÇO DE PESQUISA 
CAIO MÁRCIO VASCONCELOS CORDEIRO DE ALMEIDA 
 
SERVIÇO DE EXTENSÃO RURAL 
PAULO GIL GONÇALVES DE MATOS 
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO 
COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA AMAZÔNIA ORIENTAL 
Km 7, Rodovia augusto Montenegro, CEP 66.635-110 
Caixa Postal 1801, Belém, Pará, Brasil 
 
SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA AMAZÔNIA OCIDENTAL 
Av. Jorge Teixeira, nº 85, Bairro Nova Porto Velho, 
CEP 78.906-100, Porto Velho, Rondônia, Brasil 
 
 
2001 
 
 
COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA 
CACAUEIRA 
SISTEMA DE PRODUÇÃO 
DE CACAU PARA A 
AMAZÔNIA BRASILEIRA 
 
 
4 
 
ORGANIZAÇÃO 
 
Paulo Júlio da Silva Neto - Coordenador 
Paulo Gil Gonçalves de Matos 
António Carlos de Souza Martins 
Acácio de Paula Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
633.74 
S586 Silva Neto, P. J. da et ai 
Sistema de produção de cacau para a Amazónia brasileira. 
Belém, CEPLAC, 2001. 
125p. 
ISSN 0102-5511 
1. Botânica 2. Agricultura 3. Cacau 4. Vassoura-de-bruxa 
I. Matos, Paulo Gil Gonçalves de II. Martins, António Carlos 
de Souza III. Silva, Acácio de Paula IV. Título. 
 
 
 
5 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Nos últimos anos, e particularmente nesta década, o cenário agropecuário brasileiro tem 
passado por profundas transformações. Tais mudanças, sinalizam de forma bastante clara para a 
seguinte conjuntura: nos dias atuais, não basta simplesmente que o produtor rural disponha de 
determinação, força e terra disponível para plantar. A realidade tem demonstrado, que além 
desses fatores, é de suma importância que o homem do campo busque e utilize tecnologias que 
viabilizem a produção e o acúmulo de riquezas, ou seja, a qualificação e o uso de tecnologias 
apropriadas são condições indispensáveis para que o agricultor não só possa produzir com 
segurança e competitividade, mas principalmente, lhe possibilite manter a viabilidade económica 
de suas ati vidades agropecuárias. Com base nessas considerações e sintonizada com os anseios e 
necessidades advindas do meio rural, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - 
CEPLAC tem a satisfação de oferecer ao público em geral - e em particular aos seus parceiros - 
clientes (produtores), técnicos, empresários, organizações associativistas ligadas à cadeia 
produtiva do cacau e aos estudantes de Ciências Agrárias - a publicação revisada do "Sistema de 
Produção de Cacau para a Amazônia Brasileira" . 
Dessa forma, este trabalho significa mais uma contribuição atualizada e organizada para 
difundir o elenco de tecnologias desenvolvidas através dos resultados da pesquisa e 
experimentação agrícola, bem como de experiências bem sucedidas de técnicos e produtores. 
Almeja-se desse modo, que as informações e recomendações possam reduzir os custos de 
implantação e de manutenção de áreas cacaueiras e gerar aumento de produtividade para os 
agricultores amazônidas, através da oferta de opções tecnológicas que sejam adaptáveis e 
acessíveis aos produtores tornando os sistemas de produção mais rentáveis técnica e 
economicamente. 
 
Hilton Kruschewsky Duarte 
Diretor Geral – CEPLAC 
 
 
 
Ademir Conceição Carvalho Teixeira João Valéria da Silva Filho 
Superintendente Regional da Amazónia Oriental Superintendente Regional da Amazónia Ocidental 
 
 
6 
 
AGRADECIMENTOS 
 
O Grupo de Trabalho manifesta seu reconhecimento a todos aqueles que direta ou 
indiretamente contribuíram para a realização deste Sistema de Produção: 
Aos Srs. Superintendentes, da SUPOR, Dr. Ademir Conceição Carvalho Teixeira e da 
SUPOC, Dr. João Valério Silva Filho; 
Aos colegas interiorizados e aos agricultores, pela solicitude com que nos acompanharam, 
bem como pelas informações que de certa forma enriqueceram este trabalho; 
Agradecemos ainda, às seguintes pessoas: 
Cleber Novais Bastos, Jailson Rocha Brandão, Alino Zavarise Bis, Francisco das Chagas de 
Medeiros Costa, Paulo Herinque Fernandes Santos, Carlos Edilson de Oliveira, Diemerson Corrêa 
Barile, Paulo Sérgio Beviláqua de Albuquerque, Aliomar Arapiraca da Silva, Jasson Luiz Pinheiro 
Moreira, Caio Márcio Vasconcelos Cordeiro de Almeida, Gláucio César Vieira da Silva, Fernando 
António Teixeira Mendes, Ana Maria Duarte Lima, António Hermes Zacchi, Carlos Alberto 
Corrêa, Olzeno Trevizan, Suely Paraense Vidal, Renata Teixeira da Silva, Dorival Alves de Aguiar, 
Amintas de Oliveira Brandão, António Francisco Neto, José António Monteiro dos Santos, Pedro 
Paulo da Costa Mota, Pedro Corrêa do Santos, Admilson Mota de Brito pelas valiosas 
contribuições, comentários, críticas e sugestões. 
Na oportunidade, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, através das 
Superintendências Regionais da Amazónia Oriental e Amazónia Ocidental, e os autores agradecem 
o empenho especial do Banco da Amazónia S/A e da Associação de Assistência Técnica de 
Extensão Rural de Rondônia-EMATER(RO), pelo patrocínio prestado à edição desta publicação. 
 
 
7 
 
SUMÁRIO 
 
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .......................................................................................................... 8 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................ 9 
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA ................................................................................................................... 10 
Característica da Planta ............................................................................................................................. 10 
REGIÕES PRODUTORAS DE CACAU NA AMAZÔNIA ..................................................................... 12 
ASPECTOS EDAFOCLIMÁTICOS PARA O CULTIVO ......................................................................... 14 
Clima ............................................................................................................................................................ 14 
Solo ............................................................................................................................................................... 15 
ESCOLHA E PREPARO DE ÁREA ............................................................................................................ 16 
Escolha de área ........................................................................................................................................... 16 
Preparo de área .......................................................................................................................................... 16 
Balizamento ................................................................................................................................................ 16 
FORMAÇÃO DE MUDAS........................................................................................................................... 17 
Construção do Viveiro .............................................................................................................................. 17 
Semeadura .................................................................................................................................................. 17 
Tratos Culturais no Viveiro ...................................................................................................................... 18 
PLANTIO DO SOMBREAMENTO PROVISÓRIO E DEFINITIVO ....................................................... 21 
PLANTIO DO CACAUEIRO ....................................................................................................................... 22 
MANEJO DE CACAUEIRO NO CAMPO ................................................................................................. 23 
Controle de Plantas Daninhas .................................................................................................................. 23 
Poda e Desbrota ......................................................................................................................................... 24 
Manejo do Sombreamento ........................................................................................................................ 24 
Manejo Químico do Solo para o Cacaueiro ............................................................................................ 24 
Manejo das Pragas ..................................................................................................................................... 34 
Principais Doenças do Cacaueiro e Medidas de Controle ................................................................... 44 
Precauções Gerais no Uso de Agrotóxicos ............................................................................................. 50 
O CACAUEIRO NOS ECOSSISTEMAS DAS VÁRZEAS DOS ESTADOS DO PARÁ E 
AMAZONAS .................................................................................................................................................. 54 
BENEFICIAMENTO DO CACAU .............................................................................................................. 57 
ARMAZENAMENTO DE CACAU ............................................................................................................ 60 
PADRONIZAÇÃO DE AMÊNDOAS DE CACAU .................................................................................. 61 
APROVEITAMENTO DE SUBPRODUTOS E RESÍDUOS DO CACAU .............................................. 63 
ENFOQUES SOBRE CACAUEIROS EM SISTEMAS AGROFLORESTAIS .......................................... 67 
ÍNDICES TÉCNICOS .................................................................................................................................... 73 
CALENDÁRIO AGRÍCOLA PARA O CULTIVO DO CACAUEIRO ................................................... 77 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................................................ 79 
 
 
8 
 
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES 
 
A exploração agropecuária do trópico úmido brasileiro tem se caracterizado como um grande 
desafio para todos aqueles diretamente envolvidos na elaboração, estabelecimento e condução de programas 
e projetos agrícolas sustentáveis. 
A necessidade de que esse ecossistema seja explorado racionalmente pelo homem, implica, não 
somente, na colocação em prática de sistemas agrícolas que possam contribuir para o desenvolvimento 
económico da região e à consequente melhoria de renda e do nível de vida das populações aí estabelecidas, 
mas, principalmente, com o equilíbrio do ecossistema. Em outras palavras, implica a necessidade do 
estabelecimento e exploração de atividades que apresentem comprovada relevância económica, bem como, 
reais possibilidades de incremento à sustentabilidade ambiental. 
Dentro desta perspectiva, não há dúvidas que a cacauicultura tem se mostrado um empreendimento 
apropriado e bastante promissor para a região. Isto porque, essa lavoura, pelas suas características 
particulares — por possibilitar interessante retorno financeiro, mantenedora do equilíbrio ecológico, fixadora 
do homem à terra -. além de se enquadrar perfeitamente às peculiaridades agroecológicas dos trópicos 
úmidos, também tem demonstrado ser uma alternativa segura para a melhoria das condições sócio-
econômícas de suas populações. 
A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, no início das suas atividades 
junto aos agricultores e comunidades rurais amazônidas, se por um lado, dispunha de informações 
relevantes acerca das características, notencialidades e limitações edafoclnnáticas da região. Por outro, 
contava com limitado grau de informações e de conhecimentos específicos sobre o comportamento e 
possibilidades de desenvolvimento da cacauicultura nessas novas áreas. Como consequência, veio a 
conduzir seu programa de expansão da cacauicultura na Região Amazônica, calcada, em grande parte, na 
adaptação de resultados e procedimentos oriundos de experimentos de pesquisas produzidos no Estado da 
Bahia. 
Somente com o passar dos anos é que, paulatinamente, foram sendo produzidos conhecimentos, 
bem como, geradas informações mais adaptadas ao comportamento, possibilidades e desempenho dessa 
lavoura no âmbito desse novo contexto. Dessas observações e resultados de pesquisa, foram produzidos em 
1980 e 1985 os Sistemas de Produção de Cacaueiros para a Amazónia Brasileira. O conteúdo de tais publicações, até 
o presente momento, tem se constituído em peças importantes da CEPLAC, principalmente, no que concerne 
à orientação e ao trabalho de assistência técnica aos agricultores. 
Evidentemente, que daquela época aos dias de hoje, muito já foi observado, estudado e produzido, 
não só pêlos setores da pesquisa - inclusive com experimentos concluídos e publicados -, como também por 
agricultores. Ou seja, existe sem dúvida, uma gama de resultados e informações de interesse relevante sobre 
a exploração racional da cacauicultura em condições amazônicas. Entretanto, a exemplo do que foi feito em 
anos anteriores, é preciso que todo esse acervo de conhecimentos seja analisado, discutido e repassado à 
clientela demandante do nosso trabalho, que são os agricultores. 
Com base nestas considerações, colocamos à disposição dos interessados esta publicação. Neste 
trabalho, procuramos revisar a literatura disponível, conversar com técnicos e especialistas que trabalham no 
setor de pesquisa, visitar áreas de agricultores, trocar ideias com os mesmos, com os extensionistas das 
diversas localidades, na tentativa de atualizar e consolidar o que de mais relevante e de mais aderente à 
realidade dos nossos produtores, tem sido produzido sobre a lavoura cacaueira nos trópicos úmidos. 
Além deste enfoque relacionado à atualização dos "Sistemas de Produção do Cacaueiro na 
Amazónia Brasileira", tendo em vista as novas demandas dos agricultores, também nos preocupamos em 
coletar, revisar e analisar informações disponíveis sobre o cultivo do cacaueiro em áreas de várzeas,bem 
como, a exploração dessa lavoura associada a outras culturas de reconhecido valor económico. 
Sobre estas temáticas, já existem alguns resultados de pesquisa, trabalhos publicados por diversas 
Instituições com atividades na área, unidades de observação e experimentos conduzidos por especialistas e 
agricultores com resultados surpreendentes. 
Com base nestas informações e dados, discorremos sobre alguns arranjos envolvendo cacaueiros 
com espécies perenes, semi-perenes e anuais que apresentam características favoráveis ao cultivo 
consorciado. Tal iniciativa tem por base oferecer novas possibilidades de exploração aos agricultores,que 
permitam, além de oferecer maior equilíbrio ecológico, maiores ganhos económicos por área explorada. 
COMISSÃO ORGANIZADORA 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
Antonio Carlos de Souza Martins 
No Brasil, embora o cacaueiro (Theobroma cacao) se encontrasse vegetando naturalmente 
como uma parcela significativa do revestimento florestal amazônico, e já fizesse parte da cultura 
indígena desde muito antes da chegada dos colonizadores – principalmente no que concerne ao 
aproveitamento da sua polpa para produção de vinho -, as primeiras iniciativas de exploração 
econômica do produto na Região Amazônica só começaram a ganhar impulso durante o período 
colonial. Os esforços deflagrados pela Coroa Portuguesa com vistas a solucionar deficiências 
financeiras irão desencadear uma série de intervenções governamentais, cujo objetivo primordial 
consistia em fomentar o cultivo deliberado dessa planta e o conseqüente aproveitamento comercial 
da matéria prima proveniente do seu beneficiamento. 
Entretanto, não obstante os significativos resultados obtidos e a constituição da 
cacauicultura no principal componente da pauta dos produtos vendidos ao exterior pela 
Amazônia – especialmente no século compreendido entre os anos de 1730 e 1830, com exportações 
anuais de até 100 mil arrobas de amêndoas secas de cacau para o mercado português -, deve ser 
ressaltado que o desenvolvimento da lavoura cacaueira no Norte do Brasil sempre se efetivou e se 
encaminhou centralizado numa forma rudimentar de exploração. Ou seja, alicerçado no 
aproveitamento e beneficiamento de um produto que vegetava e se reproduzia espontaneamente, 
sem a menor preocupação com o melhoramento genético das plantações e o conseqüente emprego 
de práticas direcionadas ao aprimoramento das características de produção, produtividade, 
resistência as pragas, doenças etc. Tratava-se, na verdade, de uma economia efetuada sob regime 
eminentemente extrativista e que apresentava uma debilidade latente. 
Neste contexto, se de um lado foi uma atividade agrícola surgida como opção econômica 
viável – e por muito tempo de importância no quadro das exportações regionais – de outro, a falta 
de preocupação das autoridades governamentais quanto à necessidade do estabelecimento de um 
programa compromissado com a execução da política cacaueira fundamentada em bases técnicas e 
racionais de exploração constituiu-se no fator determinante para que o cultivo dessa planta não se 
desenvolvesse de maneira sustentada e permanente na Amazônia. 
Assim, com o decorrer do tempo, a fragilidade de uma economia do cacau calcada 
primordialmente na exploração extrativa começou a demonstrar sua vulnerabilidade. No início do 
século XIX, as plantações ingressaram em fase de decadência irreversível, caracterizada pelo 
declínio sistemático e acentuado na quantidade de frutos colhidos e no volume de matéria-prima 
produzida, cujos desdobramentos tiveram reflexos significativos no desempenho das exportações. 
Tal performance de "débâcle", coligada com alguns acontecimentos desencadeados na 
primeira metade deste século foi decisiva a perda de hegemonia da cacauicultura e sua paulatina 
substituição pela exploração econômica da borracha proveniente dos seringais da Amazônia. Isto 
se deu particularmente graças à descoberta da vulcanização por Goodyear em 1839, que conferiu 
maior rentabilidade econômica à exploração da seringueira (Hevea brasiliensis) e com isso tornou a 
atividade agrícola de extração do látex muito mais atraente em termos financeiros do que as 
demais opções agropecuárias colocadas à disposição dos colonos. 
Somente a partir da década de 1960, com o início das atividades da CEPLAC na Região 
Amazônica e mais precisamente no decorrer de 1976, com o advento do Plano de Diretrizes para 
Expansão da Cacauicultura Nacional (PROCACAU)1, é que essa atividade iria receber um impulso 
notável e começar a se constituir em uma atividade econômica explorada de maneira racional e 
com orientação técnica qualificada nos Estados amazônicos. 
 
1 Com esse programa - que objetivava a maximização da produção brasileira para elevá-la a um patamar de 700 mil toneladas de amêndoas secas/ano e garantir a 
consolidação do Brasil como principal produtor mundial -, o Governo Federal deu início, através da CEPLAC, a implantação de 300 mil hectares de novos 
cacaueiros e a renovação de outros 150 mil hectares em plantações decadentes e de baixa produtividade da Bahia e Espírito Santo. Além dessa área, tendo em vista a 
impossibilidade das regiões cacauicultoras tradicionais assumirem sozinhas as diretrizes e metas estabelecidas pelos planos de expansão da cacauicultura, a CEPLAC 
sincronizou seus objetivos com as ações do Governo Federal de apoio e incentivo à ocupação da Região Amazônica e também direcionou para o norte do país uma 
parcela desse programa. 
 
 
10 
 
No Brasil, o cultivo do cacaueiro encontra-se disseminado por cinco Estados da Federação. 
No Estado da Bahia figura como principal produto agrícola, bem como, tem sido durante décadas, 
um dos seus mais importantes fatores de desenvolvimento econômico. 
Em conformidade com as diretrizes do Ministério da Agricultura e do Abastecimento para 
as regiões produtoras do Brasil, a CEPLAC possui um programa de desenvolvimento sustentado 
na Amazônia com uma estrutura operacional que contempla, para o leste amazônico, a 
Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR), com sede em Belém-PA e responsável 
pela coordenação das atividades dos pólos cacaueiros situados nos Estados do Pará e Mato Grosso. 
O oeste da região é de responsabilidade da Superintendência Regional da Amazônia Ocidental 
(SUPOC), com sede em Porto Velho-RO, e responsável pela coordenação das atividades dos pólos 
cacaueiros situados nos Estados de Rondônia e Amazonas. 
Desta forma, partindo de uma área inexpressiva em termos de produção de 1.500 
toneladas/ano, caracterizada por um estágio incipiente e limitada de conhecimentos tecnológicos, 
tanto com relação ao cultivo do cacaueiro, quanto ao beneficiamento do cacau e seus subprodutos. 
A CEPLAC atualmente assessora e orienta tecnicamente nos Estados do Pará, Rondônia, 
Amazonas e Mato Grosso o plantio de aproximadamente 90 mil hectares de lavouras cacaueiras. 
Assiste também a um total de 11.000 estabelecimentos rurais que, juntos, produzem 
aproximadamente 60.000 toneladas de amêndoas secas de cacau. 
Com base nestas considerações, almeja-se que as informações, experiências e conhecimentos 
oriundos da investigação e experimentação com o cultivo do cacaueiro, bem como as percepções e 
concepções emanadas dos produtores rurais, contidas neste trabalho, se traduzam não somente em 
contribuições relevantes aos sistemas de produção em uso pelos agricultores, mas que contribuam 
principalmente para manter a expansão da cacauicultura em bases técnicas e racionais na Região 
Amazônica. 
 
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA 
Paulo Júlio da Silva Neto 
O cacaueiro é uma planta da família Sterculiaceae, gênero Theobroma. É uma planta 
originária do continente Sul Americano, provavelmente das bacias dos rios Amazonas e Orinoco, 
onde foi encontrado, em condições naturais, sob o dossel de grandes árvores da floresta tropical. 
No início do século XVII, o cacau foi citado pela primeira vez na literatura botânica, por 
Charles de L’Écluse que o descreveu com o nome de Cacao fructus, porém, em 1737 foi classificado 
por Linneu como Theobroma fructus, para em 1753 ser modificado para Theobroma cacao, 
denominação que permanece atualmente. 
Característica da Planta 
O cacaueiro é uma planta que pode atingir 5 a 8m de altura e 4 a 6m de diâmetro da copa, 
quando proveniente de semente. Em conseqüência dos fatores ambientais que influenciam no 
crescimento estas dimensões podem ser ultrapassadas. 
Quandoo cultivo é feito a pleno sol, sua altura pode ser reduzida, entretanto pode alcançar 
até 20m em condição de floresta, devido a competição por luz com outras espécies. 
O sistema radicular consta de uma raiz pivotante que tem o seu comprimento e forma 
variando de acordo com a estrutura, textura e consistência do solo. Em solos profundos com boa 
aeração constatou-se um crescimento da raiz pivotante de até 2m. As raízes secundárias estão 
localizadas em maior número na parte superior da pivotante e afastam-se desta de 5 a 6 metros. 
Estas raízes são responsáveis pela nutrição da planta e geralmente encontram-se de 70 a 90% nos 
primeiros 30cm do solo. 
 
 
11 
 
O caule é ereto, e com a idade aproximada de 2 anos, tem o crescimento da gema terminal 
detido a uma altura entre 1,0 e 1,5m, surgindo nessa ocasião a primeira ramificação ou coroa, 
composta de 3 a 5 ramos principais, os quais multiplicam-se em outros laterais e secundários. 
Nos primeiros anos, o cacaueiro apresenta a casca do tronco lisa. Mais tarde, em 
decorrência do permanente desenvolvimento das almofadas florais, a mesma torna-se áspera e 
rugosa. As folhas, quando novas, apresentam uma gradação de tonalidades a depender de cultivar 
ou clone, do verde pálido mais ou menos rosado ao violeta, de acordo com a quantidade de 
pigmentos de antocianina presente. Com o amadurecimento, as folhas perdem sua pigmentação, 
tornando-se de cor verde-pálidas, e por fim, verde-escuras, adquirindo rigidez. As folhas são 
oblongas, acuminadas e glabas com nervura central proeminente. 
O cacaueiro é uma planta caulifloria, as flores surgem em almofadas florais no tronco ou 
nos ramos lenhosos, em uma gema desenvolvida no lugar da axila de uma antiga folha. As flores 
são hermafroditas e possuem a seguinte constituição: cinco sépalas, cinco pétalas, cinco 
estaminóides, cinco estames e um pistilo cujo ovário possui cinco lojas. 
Na Região Amazônica o cacaueiro apresenta dois picos de floração: um menor que coincide 
com o início do período menos chuvoso e um principal que ocorre no final do período de estiagem 
e início do período chuvoso. Anualmente, um cacaueiro adulto pode produzir até mais de 100.000 
flores, das quais menos de 5% são fertilizadas, sendo que apenas cerca de 0,1% se transformam em 
frutos. As flores não polinizadas caem no período de quarenta e oito horas. 
Os botões florais, atingindo o máximo de desenvolvimento, iniciam a abertura à tarde com 
a separação das extremidades das sépalas, completando-se na manhã seguinte, nas primeiras 
horas. Quando as flores, depois de polinizadas, são realmente fertilizadas, permanecem fixadas no 
pedúnculo, desenvolvendo o ovário em futuro fruto. 
As flores do cacaueiro apresentam caracteres estruturais que limitam sua polinização quase 
que exclusivamente a insetos, apesar de hermafroditas e homógamas. Isto deve-se ao fato do 
estigma (feminino) encontrar-se envolvido por um círculo de estaminóides (masculino) e de suas 
anteras apresentarem envolvidas por formação recurvadas das pétalas, denominadas de cógula. 
Os principais agentes polinizadores do cacaueiro são constituídos por um pequeno grupo de 
insetos, da família Ceratopogonidae, gênero Forcipomya. A sincronização entre os períodos de 
floração intensa e o período de maior população de adultos Forcipomya é que permitirá o maior ou 
menor sucesso no processo reprodutivo do cacaueiro. Por esta razão não é recomendável realizar a 
aplicação de agrotóxicos, principalmente de inseticidas, evitando-se assim, prejudicar a 
polinização. 
O fruto de cacau apresenta um pericarpo carnoso composto de três partes distintas: o 
epicarpo que é carnoso e espesso, cujo extrato epidérmico exterior pode estar pigmentado, o 
mesocarpo, que é delgado e duro, mais ou menos lignificado, e o endocarpo, que é carnoso, 
mais ou menos espesso. 
O fruto está sustentado por pedúnculo lenhoso, proveniente do engrossamento do pedicelo 
da flor. 
Normalmente, os frutos quando jovens apresentam coloração verde, e amarela quando 
maduros. Outros são de cor roxa (vermelho-vinho) na fase de desenvolvimento e alaranjado no 
período de maturação. 
O período compreendido entre a polinização e o amadurecimento do fruto varia de 140 a 
205 dias, com uma média de 167 dias. 
O índice de frutos (nº de frutos necessários para obter 1 kg de cacau comercial) é em geral, 
de 15 a 31 frutos. 
A semente de cacau tem a forma que varia de elipsóide a ovóide, com 2 a 3cm de 
comprimento é recoberta por uma polpa mucilaginosa de coloração branca, de sabor açucarado e 
ácido. O embrião é formado por dois cotilédones, cujas cores podem variar do branco ao violeta. 
 
 
12 
 
As sementes do cacaueiro são muito sensíveis às mudanças de temperatura e morrem em pouco 
tempo, quando sofrem desidratação. 
A semente é o principal produto comercializado, após fermentação e secagem, para 
fabricação de chocolate, nas diversas formas. Das sementes extrai-se também a manteiga, muito 
utilizada na indústria farmacológica e na fabricação de cosméticos. A polpa que envolve as 
sementes é rica em açúcares, sendo utilizada na fabricação de geléia, vinho, liquor, vinagre e suco. 
Com relação ao ciclo de vida, o cacaueiro apresenta características de perenidade, cujo o 
ciclo pode ultrapassar a cem anos, ainda apresentando desenvolvimento vegetativo com potenciais 
para boa produtividade. 
Na Região Amazônica, em condições naturais, na floresta, existem áreas, principalmente as 
de várzea, em que os agricultores que cuidam da lavoura cacaueira já estão na 3ª geração da 
família. 
 
REGIÕES PRODUTORAS DE CACAU NA AMAZÔNIA 
Antonio Carlos de Souza Martins 
Paulo Gil Gonçalves de Matos 
João Marivaldo Silva de Sousa 
A Amazônia brasileira é uma região possuidora de uma vasta extensão de terras, que 
totalizam 488 milhões de hectares. Destas, aproximadamente 32 milhões de hectares são solos com 
excelentes características físicas e químicas. No início da década de 70, como diretriz da política de 
integração nacional, o governo federal passou a incentivar a expansão da fronteira agrícola para a 
região. 
Para o estabelecimento dessa estratégia governamental, grandes rodovias foram abertas, 
projetos integrados de colonização foram criados, a política de incentivos fiscais facilitou a 
expansão do capital aos Estados localizados na região e, por conta dessas iniciativas, houve a 
implantação de um novo modelo agropecuário. 
Nesta nova perspectiva, o fato do cultivo do cacaueiro apresentar de um lado, significativo 
potencial no que diz respeito aos aspectos estratégicos, ecológicos e políticos, e de outro, 
reconhecida adaptabilidade a sistemas de multicultivos com outras espécies florestais, se 
constituíram em fatores determinantes para a criação, em parte desta área, dos pólos cacaueiros da 
Amazônia. 
O trabalho de expansão da cacauicultura na Região Amazônica foi efetivado com respaldo 
institucional da CEPLAC, Órgão do governo federal subordinado ao Ministério da Agricultura e 
do Abastecimento. O modelo agrícola usado está embasado na ação de um único órgão integrando 
todas as atividades necessárias ao desenvolvimento técnico e racional da cacauicultura: pesquisa 
agrícola, assistência técnica, fomento agrícola e treinamento de mão-de-obra, bem como ao Manejo 
Integrado de Sistemas Agroflorestais (SAF), com vistas ao enriquecimento das lavouras de cacau já 
existentes ou que venham a ser implantadas, com essências madeireiras florestais e frutíferas 
regionais de reconhecido valor econômico. 
Atualmente na Amazônia, a região produtora de cacau assistida pela CEPLAC, engloba os 
seguintes Estados: Rondônia, Amazonas, Pará e Mato Grosso. Nos Estados de Rondônia e 
Amazonas as atividades da CEPLAC são coordenadas e executadas pela Superintendência 
Regional da Amazônia Ocidental (SUPOC). 
No Estado de Rondônia, a CEPLAC desenvolvesuas atividades em um universo de 6.000 
produtores rurais, em 31 Municípios, especificados no mapa político-administrativo de Rondônia 
(ver mapa nº1). Nesses Municípios estão implantados cerca de 40 mil hectares de cacaueiros, com 
produção em torno de 16 mil toneladas/ano, de amêndoas secas de cacau. 
 
 
 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No Estado do Amazonas, a CEPLAC atua com 706 famílias, nos seguintes Municípios: 
Manaus, Manacapurú, Careiro da Várzea, Itacoatiara, Silves, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, 
Urucurituba, Urucará, Apuí, Manicoré e Novo Aripuanã. Estes 12 Municípios possuem uma área de 5 
mil hectares de cacaueiros e produzem mil e quinhentas toneladas de amêndoas secas de cacau/ano. 
Torna-se importante salientar que, no Estado do Amazonas, a CEPLAC vem dando ênfase a 
exploração de cacauais em várzeas, uma vez que o maciço cacaueiro nesse Estado concentra-se nessas 
áreas. Isso se justifica em função dos seguintes aspectos: essas plantações nativas se constituem na 
forma tradicional de exploração, tal atividade tem se configurado uma importante fonte de renda para 
os produtores ribeirinhos, haja vista o baixo custo de sua exploração e os preços praticados atualmente. 
Já no tocante aos Estados do Pará e Mato Grosso, os trabalhos estão ao encargo da 
Superintendência Regional da Amazônia Oriental (SUPOR). 
No âmbito do Estado do Pará, a atuação da CEPLAC encontra-se direcionada para o 
atendimento de agricultores e comunidades rurais estabelecidos em 45 Municípios e 7 pólos 
espontâneos localizados nas Mesorregiões Metropolitanas de Belém, Baixo Amazonas, Nordeste, Sudoeste e 
Sudeste Paraense, especificadas no mapa político-administrativo do Pará (ver mapa nº2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. Ariquemes 
2. Theobroma 
3. Machadinho 
4. Cacaulândia 
5. Cujubim 
6. Alto Paraíso 
7. Rio Crespo 
8. Buritis 
9. Campo Novo 
10. Monte Negro 
11. Gov. Jorge Teixeira 
12. Ji-Paraná 
13. Presidente Médice 
14. Urupá 
15. Ouro Preto d'Oeste 
16. Jarú 
17. Nova União 
18. Teixeirópolis 
 
 
19. Mirante da Serra 
20. Alvorada do Oeste 
21. Vale do Paraíso 
22. Ministro Andreazza 
23. Cacoal 
24. Rolim de Moura 
25. São Filipe 
26. Santa Luzia 
27. Corumbiara 
28. Colorado do Oeste 
29. Cerejeiras 
30. Pimenteiras 
31. Cabixi 
 
 Mapa nº1 – Localização dos Municípios assistidos pela CEPLAC/SUPOC no Estado de 
Rondônia 
 
 
Mapa nº2 – Localização dos Municípios 
assistidos pela CEPLAC/ SUPOR no Estado 
do Pará. 
 
 
 
14 
 
Baixo Amazonas – Santarém, Alenquer, Óbidos, Curuá e Monte Alegre. 
Sudoeste do Pará – Placas, Rurópolis, Itaituba, Aveiro, Trairão, Pacajá, Anapú, Altamira, Senador 
José Porfírio, Vitória do Xingú, Brasil Novo, Medicilândia e Uruará. 
Nordeste do Pará – Tomé-Açu, Acará, Mojú, Concórdia do Pará, Cametá, Mocajuba, Oeiras do Pará, 
Limoeiro do Ajurú, Garrafão do Norte, Igarapé-Açu, São Francisco do Pará, Terra Alta, Santa 
Maria do Pará e São Miguel do Guamá. 
Metropolitana de Belém - Benevides, Santa Izabel, Santa Bárbara, Castanhal e Inhangapí. 
Sudeste do Pará – Tucumã, São Félix do Xingú, Ourilândia do Norte, Cumaru do Norte, Água Azul, 
Novo Repartimento, Itupiranga e Paragominas. 
Pólos Espontâneos: Bannach, Eldorado do Carajás, Curinópolis, Parauapebas, Rio Maria, São Geraldo 
do Araguaia e Sapucaia. 
Nessa área trabalhada existem implantados 50.568,00 hectares de lavouras cacaueiras, um 
público de 5.664 agricultores e uma produção de 32.000 toneladas de amêndoas secas de cacau/ano. 
Além da cacauicultura, a CEPLAC também desenvolve um trabalho de diversificação agroeconômica 
com assessoramento e orientação técnica direcionando as seguintes culturas: coco, cupuaçu, pupunha, 
açaí, pimenta-do-reino, banana, café, mandioca, maracujá entre outros. 
Com relação ao Estado de Mato Grosso as atividades da CEPLAC se desenvolvem nos 
seguintes Municípios: Alta Floresta, Paranaíta, Carlinda, Nova Bandeirante, Novo Mundo, 
Apiacá, Terra Nova do Norte e Nova Guarita. O espaço delimitado pela ação da CEPLAC 
engloba uma área de 2.712,0 hectares de lavouras cacaueiras, um público de 284 agricultores 
e uma produção de 900 toneladas de amêndoas secas de cacau/ano. 
 
ASPECTOS EDAFOCLIMÁTICOS PARA O CULTIVO 
Clima 
Ruth Maria Cordeiro Scerne 
Para expressarem plenamente seu potencial genético, as plantas necessitam ser cultivadas 
sob condições ótimas de solo e de clima, principalmente aos fatores relacionados com o 
crescimento e desenvolvimento vegetal. 
Na Amazônia, de um modo geral, o clima caracteriza-se pela abundância das chuvas e pela 
constância de temperaturas elevadas. O cacaueiro é uma planta típica dos trópicos úmidos, e é 
cultivado em regiões onde o clima apresenta variações relativamente pequenas durante o ano, 
especialmente em termos de temperatura, radiação solar e comprimento do dia. 
Pelo fato da precipitação pluvial, junto com a radiação global, ser o componente mais 
importante do clima e de esta apresentar muita variabilidade é que a chuva se constitui um dos 
principais fatores de risco para a cacauicultura regional. Por esse motivo é que, para o 
estabelecimento de plantios de cacauais economicamente viáveis, deve ser rigorosamente 
observado o regime das chuvas, principalmente em relação à sua distribuição ao longo dos meses, 
nas áreas onde deverão ser instalados os empreendimentos cacaueiros. 
A precipitação ideal para o cacau deve apresentar um total anual acima de 1.250mm, bem 
distribuídos em todos os meses, com mínimas mensais de 100mm e ausência de estação seca bem 
definida e intensa que apresente meses com menos de 60 mm de chuva. 
Por regra geral a quantidade ótima de chuva está entre 1.800 a 2.500mm ao ano. Os 
períodos secos com mais de três meses são prejudiciais. 
Outro componente climático que deve ser considerado é a velocidade do vento, pois em 
localidades com ventos que apresentam velocidade superior a 2,5 m/s, é recomendável a instalação de 
quebra ventos, para que seja reduzida a evapotranspiração dos cacaueiros, a queima e queda das 
folhas, principalmente as mais novas, que são sensíveis ao movimento do ar. Cacaueiros expostos a 
ventos fortes crescem com as copas envassouradas e dificilmente atingem desenvolvimento normal. 
 
 
15 
 
Solo 
Raimundo Carlos Moia Barbosa 
O solo deve apresentar uma profundidade mínima de 1 metro e 20 centímetros sendo ideal 
em torno de 1 metro e 50 centímetros. Para o desenvolvimento normal do sistema radicular do 
cacaueiro, o solo não deve conter concreções lateríticas em sua parte superior, bem como não deve 
possuir camadas pedregosas e compactas no seu perfil. Solos com impedimentos físicos dessa 
natureza dificultam o desenvolvimento normal do sistema radicular do cacaueiro, provocando 
principalmente o atrofiamento da raiz principal (Fig. 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deve ser bem drenado e quando apresentar sinais de gleização, mosqueamento ou possuir 
lençol freático próximo a superfície, deve ser recuperado através da abertura de canais de 
drenagem. Sua textura deve permitir boa capacidade de retenção de água. Solos argilosos e siltosos 
são apropriados para regiões com períodos definidos de estiagem, embora possam ocorrer problemas 
de encharcamento do solo em períodos intensos de chuva. A textura areno-argilosa é apropriada para 
regiões de altas precipitações pluviométricas, mas bem distribuídas durante o ano. Solos leves, com 
pouca argila não são recomendados por apresentarem baixa retenção de umidade e permitirem a 
lixiviação intensa de nutrientes. A fertilidade é fundamental, considerando-se o alto custo dos 
corretivos e fertilizantes. O cacaueiro desenvolve-se, entretanto,em solos com os mais diferentes níveis 
de fertilidade, sendo ideal aqueles que apresentam níveis de média a alta fertilidade natural, com pH 
na faixa de 6,0 – 6,5, onde ocorre disponibilidade máxima de muitos nutrientes (Fig. 2) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Áreas ocupadas com mata, capoeira, outros cultivos ou até pastagem, podem ser 
selecionadas, desde que o clima e o solo apresentem condições desejáveis para a cacauicultura. 
 
Fig.1 – Desenvolvimento do 
sistema radicular do 
cacaueiro. 
A – Sistema radicular prejudicado 
por impedimento físico 
(camada pedregosa e/ou 
piçarra). 
B – Sistema radicular com 
desenvolvimento normal 
quando em solos profundos e 
sem impedimento físico. 
 
 
 
Fig. 2 – Relação entre pH e disponibilidade de 
elementos no solo (Malavolta, 1980). 
 
 
16 
 
ESCOLHA E PREPARO DE ÁREA 
Paulo Júlio da Silva Neto 
Escolha de área 
Os critérios de escolha de áreas para o plantio de cacau na Região Amazônica brasileira 
devem levar em conta, preferencialmente, o relevo, a fertilidade e a profundidade efetiva dos 
solos, além de consulta prévia, em caso de existência, do zoneamento agroecológico de cada 
Município ou região, sem deixar de levar em consideração os aspectos climáticos, principalmente a 
precipitação pluviométrica. 
 
Preparo de área 
Para o preparo de área há que se considerar inicialmente o sistema de implantação a ser 
adotado, que por sua vez está condicionado ao tipo de cobertura florística existente e a condição 
do produtor para instalar e manter o modelo escolhido. Esses aspectos são de grande importância, 
pois, a partir dessas considerações deverá ser tomada uma decisão que terá implicações diretas no 
sucesso ou insucesso do empreendimento. 
O estabelecimento do cacaual, nas diversas regiões produtoras do mundo, é realizado 
basicamente de duas maneiras, após a eliminação parcial da vegetação original ou em seguida ao 
desmatamento completo. O primeiro método é conhecido no Brasil, como ―cabruca‖ e o segundo, 
como ―derruba total‖. 
Têm-se verificado na Região Amazônica que no método de ―cabruca‖ os cacaueiros, 
quando comparados com os que crescem e desenvolvem-se em áreas de derruba total, apresentam 
diâmetro do caule inferior, na fase de implantação (até 5 anos) e baixa produtividade na fase 
produtiva. 
Para o plantio do cacaual, a derruba total é o sistema mais utilizado na região e o que tem 
mostrado melhores resultados. Consiste na eliminação da vegetação primária ou secundária para 
posterior formação dos sombreamentos provisório e definitivo. Este sistema consiste nas seguintes 
fases: broca, derruba, queima, balizamento e plantio dos sombreamentos. 
Para implementação desse sistema, dependendo do tamanho da área a ser preparada, há 
necessidade de autorização prévia para desmatamento expedida pelo Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, conforme legislação vigente. 
Em áreas já trabalhadas com cultivo (ex.: pastagens, cana-de-açúcar, cultivos anuais etc.) ou 
em áreas alteradas, inicia-se o trabalho a partir do balizamento, após a limpeza de área. 
 
Balizamento 
Após o preparo de área inicia-se o balizamento para o cacaueiro. Recomenda-se o 
espaçamento de 3,0 x 3,0 metros o que eqüivale a 1.111 plantas/hectare, porém, dependendo das 
condições poderá ser utilizado 3,5 x 3,5 metros (816 plantas/hectare); 4,0 x 4,0 metros (625 
plantas/hectare) e 2,0 x 2,0 x 4,0 metros (1666 plantas/hectare). As balizas marcam os lugares onde 
serão abertas as covas para plantio das mudas de cacau. 
O balizamento tem a vantagem do melhor aproveitamento da área, bem como, permite 
melhor crescimento e distribuição uniforme da copa dos cacaueiros, permitindo ainda, maior 
facilidade na execução das práticas culturais como limpeza de área, combate às pragas e doenças, 
adubação e colheita. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
Fig.3 – Viveiro rústico 
FORMAÇÃO DE MUDAS 
Paulo Gil Gonçalves de Matos 
O plantio de cacaueiros é feito a partir de mudas, por fornecerem vantagens como vigor e 
uniformidade dos cacaueiros, menor número de falhas nas plantações e provavelmente 
antecipação da fase produtiva das plantas. 
Os trabalhos de formação da muda de cacau devem ser iniciados durante o plantio dos 
sombreamentos provisório e definitivo. Na formação das mudas, três fases são bem distintas: 
construção do viveiro, semeadura e tratos culturais. 
Construção do Viveiro 
Alguns fatores devem ser considerados no sentido de fornecer as condições adequadas ao 
bom desenvolvimento das mudas e de reduzir seus custos durante a manutenção e transporte para 
o local definitivo. 
Tamanho - Varia em função do número de mudas que se pretende formar. Um método 
prático para se calcular o tamanho do viveiro é dividir o número de mudas por 30. Assim, se 
precisamos preparar 15.000 mudas, temos: 
15.000 30= 500. O viveiro deverá medir 500 m2, podendo ser de 20x25 metros. 
Localização – Deve-se considerar alguns fatores importantes: 
Distância – não deve ficar distante da área do plantio definitivo, pois na época do transplantio o 
custo com transporte será menor. Também não deve ficar distante de uma fonte de água, já que durante 
o verão será necessário regar as mudas. 
Topografia – o local deve ser plano ou levemente inclinado para facilitar a arrumação dos 
saquinhos. 
Drenagem – deve ser construído em local com solos bem drenados para evitar excesso de 
umidade que possa favorecer o aparecimento de doenças. 
Penetração de luz – a penetração dos raios solares é fundamental para permitir maior aeração ao 
ambiente, diminuindo assim os riscos de doenças. Permite ainda o desenvolvimento mais rápido das 
plântulas. 
Material – Para construção do viveiro devem ser utilizados 
materiais de baixo custo, de preferência encontrados na 
propriedade. A altura deve permitir que um homem de estatura 
média caminhe normalmente dentro do mesmo. Com esteios de 
2,50 metros consegue-se uma boa altura. Os esteios devem ser 
dispostos de 3 em 3 metros e a cobertura é feita com palhas de 
palmeira estendidas sobre fios de arame. A cobertura deve permitir 
50% de entrada de luz e as laterais também devem ser protegidas 
contra a ação de ventos e animais. 
 
Semeadura 
Também devem ser considerados alguns fatores de relevada importância, como: 
Escolha e preparo do terriço – O terriço pode ser retirado da manta superficial (até 20 
centímetros de profundidade) de solos ocupados com mata primária ou secundária. Quando 
coletados a maior profundidade, o substrato deve ser misturado na seguinte proporção: utilizar 
700 l de terra de subsolo (abaixo de 50 cm) acrescido de 300 l de esterco de galinha + 5,0 kg de 
Yoorin Master (P, Ca, Mg, B, Cu, Fe, Mn, Zn e Si) + 2,0 kg de calcário dolomítico + 0,5 kg de cloreto 
de potássio. 
 
 
18 
 
A utilização do subsolo diminui as sementeiras de ervas daninhas, nematóides, fungos e 
pragas do solo. 
Tamanho dos sacos – A escolha dos sacos está em função do período de permanência das 
mudas no viveiro e este período depende das condições do sombreamento provisório, da 
disponibilidade de sementes e da precipitação pluviométrica na época do plantio e nos meses 
subsequentes. 
Quando as mudas, por quaisquer dos motivos acima citados tiverem de permanecer por 
maior período no viveiro (cinco a seis meses), devem ser utilizados sacos do tipo padrão (28 
centímetros de comprimento por 38 centímetros de circunferência). Se no entanto, a permanência no 
viveiro for por um espaço de tempo mais curto (dois a quatro meses), devem ser utilizados sacos 
de dimensões menores (28 centímetros de comprimento por 32 centímetros de circunferência). 
Enchimento dos sacose semeio – Os sacos devem ser cheios até uns 3 centímetros da boca, 
tendo-se o cuidado de batê-los no chão algumas vezes, para que o terriço não fique muito fofo. 
Antes de encher as sacolas, deve-se ter o cuidado de abrir um orifício no fundo para facilitar a 
drenagem e evitar que a raiz principal (pivotante) dobre no seu interior. O terriço deve estar livre 
de torrões e pedras. Depois de cheios, os sacos devem ser arrumados em faixas de 1 metro de 
largura deixando-se ruas também de 1 metro. 
Após a quebra dos frutos, deve ser retirada a polpa ou mucilagem que envolve as 
sementes. Esta operação é feita misturando-se as sementes com pó de serra seco, esfregando-se em 
seguida com as mãos. 
O semeio é feito com sementes provenientes de material genético melhorado colocando-se a 
semente a 1 centímetro da superfície do terriço, com a parte larga voltada para baixo. Em caso de 
dúvida sobre qual a parte mais larga, pode-se colocá-la ―deitada‖. O restante dos 3 centímetros do 
saco deve ser preenchido com pó de serra bem curtido. Antes do semeio deve ser feita uma rega 
nos sacos para que as sementes encontrem ambiente propício ao início do processo de germinação. 
O semeio é feito em época que dê condições para a muda ir para o campo com dois a seis 
meses de idade. Como já foi discutido, o transplantio está em função da disponibilidade das 
sementes, sombreamento e condições de pluviosidade. 
É oportuno ressaltar, que a produção de mudas de cacaueiro e de bananeira, devem estar 
de acordo com a Portaria emitida pelas Delegacias Federal de Agricultura de cada Estado da 
Região: 
2Estado de Rondônia - Portaria Nº 098, de 19 de Dezembro de 1997 
3Estado do Pará - Portaria Nº 069, de 01 de Julho de 1996 
4Estado de Mato Grosso - Portaria Nº 098, de 25 de Setembro de 1998 
 
Tratos Culturais no Viveiro 
São os cuidados que devem ser dispensados às mudas até a época do transplantio. 
Basicamente consiste na retirada de plantas daninhas, irrigação, adubação, manejo de sombra e 
tratos fitossanitários. 
a) plantas daninhas – Apesar da proteção exercida pelo pó de serra, periodicamente 
ocorre plantas daninhas que competem com as plântulas; tais invasoras devem ser eliminadas 
manualmente, e com zelo, para não abalar o sistema radicular da muda. 
b) irrigação – Em dias chuvosos não há necessidade de molhar as mudas, entretanto, após 
alguns dias de estiagem deve ser feita a irrigação em dias alternados. 
 
2 Normas Técnicas e Padrões para Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado de Rondônia (atualizada pela Portaria nº 026, de 27 de Maio de 1999). 
3 Normas Técnicas e Padrões para a Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado do Pará (1997). 
4 Normas Técnicas para a Produção de Mudas Fiscalizadas no Estado de Mato Grosso (1998). 
 
 
19 
 
c) adubação – Esta prática deve ser realizada somente quando as mudas de cacau 
apresentarem deficiência de nitrogênio caracterizada pela coloração verde pálido das folhas velhas 
ou de outros nutrientes. Neste caso, recomenda-se pulverizar quinzenalmente uréia a 0,5% 
(cinqüenta gramas de uréia em dez litros de água) até que as plantas voltem a mostrar aspecto 
normal. 
d) manejo de sombra – Para permitir melhor arejamento e penetração de luz no viveiro, 
ao iniciar o período chuvoso, deve-se retirar algumas palhas de sua cobertura. O mesmo 
procedimento deve ser feito nos dias que antecedem ao transplante, para que as mudas comecem a 
se adaptar às futuras condições ambientais. 
e) combate às pragas e controle de enfermidades – Durante a fase de viveiro, as plântulas 
estão sujeitas ao ataque de pragas e à incidência de doenças. Nos quadros 1 e 2 estão relacionados 
às pragas e enfermidades, os danos causados às plantas e os métodos de controle. Tanto no 
combate às pragas como no controle de doenças é aconselhável usar máquinas manuais com o 
objetivo de não causar danos às plantas jovens. 
Quadro 1 – Ocorrência das principais pragas de mudas enviveiradas, danos e medidas de controle. 
Enfermidade 
Natureza dos 
Danos 
Medidas de Controle 
Inseticida 
(Principio 
Ativo) 
Formulação 
Dosagem 
e/ou 
concentração 
Época de aplicação 
e equipamentos 
recomendados 
Ácaro 
Mexicano 
(Tetranychus 
mexicanus) 
Aparecimento de 
manchas cloróticas 
no limbo foliar 
Malatol 50E 
(malation) 
Concentrado 
emulsionável 
0,5% 
Usar pulverizador 
manual 
Vaquinhas 
(Percolaphis 
ornata) 
(Colaspis spp) 
(Taimbezinha 
theobroma) 
Rendilhamento das 
folhas novas, 
manifestam-se nas 
épocas de 
lançamento. 
Thiodan 20P ou 
30P 
(endosulfan) 
malatol 4% 
(malation) 
Pó - Quando observado 
algum dano usar 
polvilhadeira 
manual 
Lagarta 
enrola-folha 
(Sylepta 
prorogata) 
Danifica o limbo 
das folhas novas 
que ficam 
rendilhadas de 
forma irregular e 
enroladas 
Dipterex 2,5% 
(trichlorfon) 
Pó 0,5% 
Dipterex 50E 
(trichlorfon) 
Concentrado 
emulsionável 
- 
Pulverizador 
manual 
Fonte: CEPLAC/CEPEC – Seção de Zoologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Quadro 2 – Ocorrência das principais doenças em viveiros, danos e métodos de controle. 
Enfermidade Natureza dos Danos 
Medidas de Controle 
Fungicida 
(Principio 
Ativo) 
Formulação 
Dosagem 
e/ou 
concentração 
Época de aplicação 
e equipamentos 
recomendados 
Antracnose 
(Colletotrichum 
gloeosporioides) 
O patógeno 
normalmente ataca 
folhas novas 
causando lesões 
circulares isoladas 
no ápice e nas 
margens do limbo. 
Dithane M-45 
(mancozeb) 
Pó molhável 0,2% 
15 a 20 dias após a 
germinação das 
sementes realizar 
pulverizações 
quinzenais usando 
pulverizador 
manual. 
Queima-das-
folhas 
(Phytophthora 
spp.) 
 
Caracteriza-se pelo 
aparecimento de 
grandes manchas 
irregulares nas 
folhas. 
Cobre Sandoz 
(óxido cuproso) 
Pó molhável 
50% 
0,3% 
Pulverizações 
mensais intercaladas 
com os tratamentos 
para a antracnose. 
As folhas 
apresentam aspecto 
de queima. 
Funguran 
(oxicloreto de 
cobre) 
Pó molhável 
50% 
0,3% 
Usar pulverizador 
manual. 
Em alguns casos, o 
coleto das plantas é 
lesionado, 
ocorrendo a morte 
da planta. 
Coprantol 
(oxicloreto de 
cobre) 
F.W. 30% 0,5% 
 
Kauritol 
(oxicloreto de 
cobre) 
Oleosa 35% 0,5% 
 
Cupuran 
(hidróxido de 
cobre) 
Pó molhável 
45% 
0,3% 
Se necessário, usar espalhante adesivo a 0,1% em caso de usar pulverizador motorizado (não recomendado) a 
concentração deve ser de 2%. 
Obs.: Pode-se usar Preposan (oxicloreto + zineb + maneb) a 0,5% em pulverização, objetivando o controle às 
duas enfermidades e, neste caso, basta que se façam pulverizações de 30 dias no período crítico 
(condições favoráveis à ocorrência de doenças). 
Fonte: CEPLAC/CEPEC – Seção de Fitopatologia 
 
 
 
21 
 
PLANTIO DO SOMBREAMENTO PROVISÓRIO E DEFINITIVO 
Paulo Gil Gonçalves de Matos 
Por suas próprias características, o cultivo do cacaueiro, se constitui naturalmente, num 
sistema agroflorestal e trata-se de uma espécie que requer uma associação a outras espécies, cuja 
finalidade é a de sombreá-lo tanto durante a fase de implantação (sombra provisória), quanto 
durante a fase produtiva (sombra definitiva). 
O sombreamento tem como função amenizar os fatores ambientais adversos ao cacaueiro, 
em excesso não é desejável por propiciar maior umidade ao ambiente, proporcionando assim, 
condições favoráveis à proliferação de doenças. No entanto, a escassez de sombra permite a 
incidência direta dos raios solares sobre as copas dos cacaueiros, condicionando as plantas a um 
intenso metabolismo, exigindo com isso maior suprimento de água enutrientes do solo. Se houver 
disponibilidade desses elementos ocorrerá intensa emissão de folhas, 
fato este desejável, por condicionar à planta um maior crescimento e 
produção, mas por outro lado, favorece o aparecimento de surtos de 
pragas que em condições normais não atingiriam níveis tão elevados. 
A escassez de água e nutrientes, nas quantidades exigidas pelas 
plantas, desencadeia transtornos fisiológicos graves, provocando 
efeitos depressivos sobre o rendimento das mesmas. Portanto, 
aconselha-se o maior cuidado na formação dos sombreamentos. Como 
regra, recomenda-se que nos primeiros estádios de desenvolvimento 
seja permitida entrada de luz em torno de 25 a 50%. À medida que as 
plantas se desenvolvem deve-se aumentar a quantidade de luz para 
70% através do desbaste das espécies que foram utilizadas no 
sombreamento provisório. 
Sombreamento Provisório – Protege as plantas durante a fase de crescimento juvenil 
contra os efeitos maléficos do excesso de sol e ventos. 
Recomenda-se o plantio de bananeiras das variedades prata, roxa, terra, caipira, FHIA-01, 
FHIA-02, FHIA-03, FHIA-20, FHIA-21, PV03-44 e pelipita, por serem mais resistentes às doenças e 
insetos. A bananeira é plantada em espaçamento de 3,0 x 3,0 metros, ficando cada cova no centro 
do quadrado formado por quatro balizas do cacaueiro. Em áreas cujo relevo permita o emprego de 
máquinas agrícolas, a bananeira deve ser plantada na mesma linha do cacaueiro. A bananeira 
também deverá ser plantada em espaçamentos de acordo com o utilizado no plantio do cacaueiro. 
Deve-se ter o cuidado de selecionar bananais sadios como fonte fornecedora de mudas. Na época 
do plantio adicionar na cova das bananeiras 30 gramas de Terracur como tratamento preventivo 
contra o moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus Germar). 
Outras espécies que podem ser utilizadas como sombreamento provisório ou mesmo como 
complemento deste são: mandioca, macaxeira, feijão guandu e mamona. Estas espécies são 
plantadas a 1,0 x 1,0 metro ou 1,5 x 1,5 metros de modo a não fechar muito a área. A mamona deve 
sofrer a ―capação‖ (retirada das flores) permitindo assim maior longevidade vegetativa. O mamão 
também pode ser utilizado num espaçamento de 2,5 x 2,5 metros ou 3,0 x 3,0 metros. 
O sombreamento provisório deve ser plantado de quatro a seis meses antes do plantio do 
cacaueiro, independentemente da existência de pimentais ou maracujazeiros remanescentes. No 
caso da área de mamoal, se este ainda apresenta estado vegetativo capaz de permanecer na área 
por dois anos ou mais, é dispensável o plantio de outras espécies para o sombreamento provisório. 
Sombreamento Definitivo – Proporciona condições ambientais mais estáveis, sem 
oscilações bruscas de temperatura e umidade no cacaual. 
Recomenda-se o consórcio entre duas ou mais espécies arbóreas, utilizando-se inclusive 
plantas nativas, desde que apresentem bom desenvolvimento vegetativo e boa distribuição de 
 
 
Fig. 4 – Sombreamento provisório 
 
 
22 
 
copa. Dentre as espécies arbóreas, as recomendadas são as seguintes: mogno (Swietenia macrophylla 
King), freijó (Cordia alliodora), bandarra (Schyzolobium amazonicum) e Eritryna spp. 
O espaçamento varia em função do diâmetro da copa, utilizado comumente de 18 x 18 
metros, 21 x 21 metros e 24 x 24 metros entre plantas e linhas. 
As árvores de sombra podem ser plantadas na mesma linha do cacaueiro, permitindo assim 
a roçagem mecanizada na fase inicial da plantação. Neste caso é aconselhável utilizar essências 
florestais de menor competitividade com o cacaueiro. 
O plantio do sombreamento definitivo é feito na mesma época do sombreamento 
provisório, exceto o mogno, cujo plantio poderá ser efetuado de 2 a 3 anos após o plantio das 
mudas de cacau no campo. 
 
PLANTIO DO CACAUEIRO 
Paulo Gil Gonçalves de Matos 
Para o plantio das mudas de cacau no local definitivo, dois fatores importantes devem ser 
considerados: o sombreamento e a distribuição das chuvas. Se o sombreamento provisório já 
estiver formado, o plantio das mudas deve ser feito no início do período chuvoso, com mudas de 
dois a seis meses de idade. Em casos excepcionais, as mudas podem ainda ser transplantadas com 
uma antecedência de dois meses do início do período seco do ano, preferindo-se neste caso, 
plantas de maior idade, ou seja, de quatro a seis meses. 
Após a seleção das plantas vigorosas e sadias o plantio do cacaueiro deve ser feito em covas 
de 40 x 40 x 40 centímetros removendo-se o saco plástico sem que seja destruído o torrão. A muda 
deve ser colocada na cova de modo que o nível superior do torrão fique no mesmo plano da 
superfície do solo. Para isso, coloca-se a terra no fundo da cova até que se consiga a altura ideal e 
depois se completa com o enchimento dos lados, sempre fazendo ligeira pressão no solo. 
Recomenda-se deixar um montículo ao redor do caule e nunca uma depressão (Fig. 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 5 – Plantio de muda no campo 
 
 
23 
 
MANEJO DE CACAUEIRO NO CAMPO 
Paulo Júlio da Silva Neto 
Controle de Plantas Daninhas 
O controle de plantas daninhas no cacaueiro tem como objetivo reduzir a competição pelos 
fatores do ambiente (luz, água, nutrientes etc.) exercida pelas invasoras sobre a cultura do cacau, 
bem como facilitar a realização de outras práticas culturais. 
Em cacaueiros jovens, a necessidade de controle é indispensável e deverá persistir até que a 
plantação de cacau atinja o estádio de ―bate-folha‖. Na etapa inicial as plantas daninhas podem 
ser controladas através de métodos de controle associados, os quais envolvem: 
Implantação e manejo do sombreamento provisório – quando realizado, oferece efeitos 
positivos no controle de invasoras, tendo em vista que a pouca incidência de luz oferece redução 
no crescimento, no desenvolvimento e na quantidade de plantas daninhas. 
Utilização de cobertura morta – o resto de material vegetal proveniente do raleamento e 
debaste do sombreamento provisório, ou de culturas implantadas na propriedade, deverá ser 
utilizado como ―mulching‖ ao redor dos cacaueiros, pois tal prática evita a invasão de plantas 
daninhas e ajuda a conservar a umidade do solo em épocas de déficit hídrico, além de aumentar o 
teor de matéria orgânica e de fornecer nutrientes às plantas na camada superficial do solo. 
Culturas intercalares – o sistema intercalar que é caracterizado pelo plantio de outras culturas 
de ciclo curto, nas entrelinhas dos cacaueiros, quando realizado de modo racional, considerando com 
cuidado a cultura intercalar a ser usada, poderá contribuir para reduzir os custos de implantação, além 
de proporcionar uma renda líquida imediata ao cacauicultor, com melhor uso da terra. Na Região da 
Transamazônica é comum os produtores realizarem após o preparo da área, o plantio do milho e em 
seguida o feijão nas entrelinhas no primeiro ano de cultivo do cacau. 
Roçagem manual – deve ser realizada de modo a evitar que as plantas daninhas produzam 
sementes para reinfestar a área. 
Emprego de herbicidas – o controle de plantas daninhas através do uso de herbicidas, 
promove efeito mais prolongado no controle e também na reinfestação do mato. Para se realizar a 
aplicação dos herbicidas, as plantas daninhas deverão estar a uma altura de, aproximadamente, 
30cm do solo. Os herbicidas que estão registrados para serem utilizados na cultura do cacau, desde 
que observadas as instruções técnicas, eficiência e as precauções na aplicação, são os seguintes: 
Quadro 3 – Herbicidas registrados para utilização na cultura do cacau. 
Nome comum Nome comercial Formulação 
Doses (l ou kg/ha) do 
produto comercial 
atrazine 
Atrazinax 500, Gesaprim 500, Herbitrim 500 
Br e Siptran 500 SC 
SC, 500 g/l 3,0 – 6,0 
glyphosate 
Roundup, Glifosato Nortox,Glion e Trop SC, 360 g/l 2,0 – 5,0 
Rodeo SA 480 g/l 5,0 – 7,0 
Direct GRDA, 720 g/kg 0,5 – 3,5 
ghyphosate + simazin Tropazin SC, 115 + 480 g/l 3,0 – 6,0 
diuron + MSMA Fortex FW SC, 140 + 360 g/l 8,0 
diuron + paraquat Gramocil SC, 100 + 200 g/l 2,0 – 3,0 
diuron 
Diuron Nortox e Karmex 800 PM, 800 g/kg 1,0 – 4,0 
Cention SC, Diuron 500 SC, Herburon 500 BR 
e Karmex 500 SC 
SC, 500 g/l 2,0 – 5,0 
linuron Afalon 500 BR e Linurex PM, 500 g/kg 1,5 – 6,0 
paraquat Gramoxone 200 SA, 200 g/l 1,5 – 4,0 
simazine 
Sipazina 800 PM PM 800 g/kg 2,5 – 5,0 
Gesatop 500 FW, Herbazin 500 BR e 
Sipazina 500 BR 
SC, 500 g/kg 4,0 – 8,0 
Convenções: 
SA – Solução Aquosa; SC – Suspensão Concentrada; 
PM – Pó Molhável; GRDA – Grânulos Dispersíveis em Água. 
 
 
24 
 
Em cacaueiros safreiros, o controle de plantas daninhas é realizado somente nos locais onde 
há penetração de luz, em decorrência de falhas e/ou má formação de cacaueiros. Nestes locais, as 
plantas daninhas crescem e desenvolvem-se e o controle deverá ser realizado através de roçagens 
e/ou aplicação de herbicidas. Em época oportuna, realizar o replantio nas falhas com cacaueiro, 
bananeira, espécies arbóreas ou frutíferas. 
 
 
Poda e Desbrota 
Paulo Júlio da Silva Neto 
A poda de formação em cacaueiros jovens deve ser evitada devido aos seus efeitos danosos 
na planta e conseqüente aumento de lançamentos de brotos e chupões. Entretanto, 
aproximadamente 96% dos frutos produzidos em cacaueiros safreiros estão de 3,5m para baixo. 
Assim, surge a necessidade de se controlar a altura do cacaueiro desde a sua formação, 
eliminando-se ramas que possuem crescimento vertical, principalmente, as ramas chupadeiras, 
que são vigorosas, semelhantes aos chupões, de coloração marrom brilhante, e tendem, quando 
desenvolvidos, possuir uma forma achatada, atrofiando as ramas vizinhas e deformando a 
arquitetura inicial das plantas. Esta prática inicial contribuirá futuramente para redução dos custos 
de controle cultural da vassoura-de-bruxa (Crinipellis perniciosa). 
Em cacaueiros safreiros é desejável realizar a poda fitossanitária que consiste na retirada 
de ramos enfermos, sombreados, mal formados, de frutos secos e doentes. A desbrota ou retirada 
dos ―chupões‖ deve ser realizada sempre que necessário, durante todo o ano. 
 
 
Manejo do Sombreamento 
Paulo Júlio da Silva Neto 
As touceiras de bananeiras devem ser evitadas, mantendo-se no máximo três bananeiras 
por cova, e as folhas secas também devem ser retiradas. Ao iniciar-se o período chuvoso, que 
ocorre após aproximadamente 10 a 12 meses após o plantio, eliminar filas alternadas de bananeiras 
na orientação norte-sul, observando o espaçamento de 3,0 x 6,0 metros. Ao final do segundo ano, 
no início do período chuvoso, eliminar a outra fila de bananeiras deixando o espaçamento em 6,0 x 
6,0 metros. No período final do terceiro ano, o espaçamento deve ser de 12,0 x 12,0 metros, 
retirando-se filas alternadas do espaçamento de 6,0 x 6,0 metros. O sombreamento provisório deve 
ser totalmente retirado durante o quarto ano. 
As recomendações acima devem ser seguidas até que o sombreamento provisório do 
cacaueiro deva ser substituído pelo definitivo. 
 
 
Manejo Químico do Solo para o Cacaueiro 
Luiza Hitomi Igarashi Nakayama 
O cacaueiro é uma planta tropical de elevada exigência nutricional, encontrando-se, em 
geral, implantada em solos de média a alta fertilidade e sem limitações nas suas propriedades 
físicas. Há evidências de que na fase de expansão da cultura, nas principais regiões produtoras de 
cacau do mundo, os produtores tentaram utilizar solos de baixa fertilidade e, sem êxito, 
abandonaram as plantações ou substituíram-nas por outras culturas menos exigentes. A melhoria 
do nível de tecnologia utilizado através do emprego de fertilização da cultura, responsável por 
grande parte dos incrementos de produtividade alcançados, tem possibilitado o estabelecimento 
de plantações de cacau em solos de propriedades químicas menos favorecidas. Dentre os fatores 
de produção, a adubação e a calagem bem orientadas constituem o meio mais rápido e mais barato 
para aumentar a produtividade, podendo contribuir com até 40% da mesma. 
 
 
25 
 
Exigências nutricionais do cacaueiro 
Em termos práticos, o cacaueiro exige a aplicação dos macronutrientes N - Nitrogênio, P - 
Fósforo, K - Potássio, Ca - Cálcio, Mg - Magnésio e S - Enxofre e micronutrientes B - Boro, Cu - 
Cobre, Fe - Ferro, Mn - Manganês, Mo - Molibdênio e Zn - Zinco. 
As plantas diferem uma das outras quanto às quantidades de nutrientes requeridas, para 
atingir um determinado potencial de colheita. Além do conhecimento das quantidades dos 
nutrientes absorvidas, também é importante saber as quantidades exportadas na colheita e a 
remanescente nos restos de cultura, que podem ser devolvidas ao solo e, consequentemente, 
reduzir a quantidade de adubo requerida. No Quadro 4 estão apresentadas as exigências do 
cacaueiro nos diferentes estádios de desenvolvimento e para a produção de 1000 kg de sementes 
secas. 
Quadro 4 – Exigências de nutrientes pelas plantas de cacaueiro nos diferentes estádios de 
desenvolvimento e para produção de 1000 kg de sementes secas (Thong e Ng, 1978). 
Fase da Planta 
Idade 
(meses) 
Requerimento Médio de Nutrientes (kg/ha) 
N P K Ca Mg Mn Zn 
Viveiro 5-12 2,4 0,6 2,4 2,3 1,1 0,04 0,01 
Desenvolvimento 28 135 14 151 113 47 3,9 0,05 
Início Produção 39 212 23 321 140 71 7,1 0,09 
Plena Produção 50-87 438 48 633 373 129 6,1 1,5 
Sementes (1) 50-87 20,4 3,6 10,5 1,1 2,7 0,03 0,05 
Casca (1) 50-87 31,0 4,9 53,8 4,9 5,2 0,11 0,09 
(1) Nutrientes extraídos em sementes e casca de uma plantação com 50-87 meses de idade e produtividade 
de 1000 kg/ha de sementes secas de cacau. 
A ordem de extração dos nutrientes, portanto para plantas em plena produção, é: K > N > 
Ca > Mg > P > Mn > Zn. 
Verifica-se que os nutrientes K, Ca e N são removidos em maior quantidade pelo cacaueiro 
de 50-87 meses de idade. Para manter seu crescimento e produzir 1000 kg de sementes secas por 
ano, precisa-se de 824 kg de K2O, 529 kg de CaO, 469kg de N, 212 kg de MgO e 121 kg de P2O5. 
Avaliação da fertilidade do solo 
Existe um grande número de métodos para a avaliação da fertilidade do solo, todos 
apresentando vantagens e desvantagens, dependendo do propósito da avaliação. A escolha de um 
dos métodos depende da precisão exigida para melhor interpretar e manejar os solos. 
Os métodos mais utilizados para avaliar a fertilidade do solo são: 
a) diagnose visual – avaliação dos sintomas de deficiências e toxidez, onde a falta ou 
excesso de um determinado elemento provoca sempre a mesma manifestação visível da 
anormalidade, visto que as funções exercidas pelo elemento na vida da planta são sempre as 
mesmas. Nas figuras (6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15) observam-se os principais sintomas de 
deficiências de nutrientes em folhas de cacaueiro. 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig. 9 – Deficiência de Potássio 
Fig. 11 – Deficiência de Enxofre 
Fig. 13 – Deficiência de Manganês 
Fig. 14 – Deficiência de Cobre 
Fig. 10 - Deficiência de magnésio 
Fig. 12 – Deficiência de Zinco 
Fig. 15 – Deficiência de Boro 
Fig.6 – Deficiência de Nitrogênio 
 
Fig. 7 – Deficiência de Fósforo 
Fig. 8 – Deficiência de Cálcio 
 
 
27 
 
b) diagnose foliar – análises dos tecidos vegetais. O uso deste método baseia-se na 
premissa de que, dentro de certos limites, devem existir relações diretas entre: b1) dose de adubo 
(ou nível de fertilidade do solo) e produção; b2) dose do adubo e teor foliar; e b3) teor foliar e 
produção. Neste caso a avaliação do estadonutricional depende de um órgão representativo. De 
um modo geral, a folha recém madura, a 3ª folha a partir da ponta de lançamento recém-
amadurecido, reflete bem o estado nutricional da planta inteira. 
c) análises químicas do solo – entre os métodos de avaliação da fertilidade, a análise do 
solo é o método mais difundido e utilizado devido as seguintes vantagens: c1) pode ser feita em 
tempo relativamente curto e permitindo analisar um grande número de amostras; c2) as análises 
podem ser feitas em qualquer época do ano, são relativamente baratas e oferecem boa precisão nas 
determinações; e c3) os resultados obtidos podem ser aplicados para a cultura do ano. Entretanto, 
o sucesso na interpretação correta de uma análise de solo exige um bom conhecimento dos solos 
de uma região, dos sistemas de produção utilizados e do meio ambiente (clima). 
Dentre as fases citadas acima, a amostragem do solo é a mais crítica, devido a 
heterogeneidade do solo. Uma amostragem mal feita pode causar facilmente erros de 50% ou mais 
na avaliação da fertilidade. 
A amostragem do solo em áreas para plantio deve ser coletada antes e depois da 
queima, a fim de considerar o efeito das cinzas como corretivo de solo e teor de 
nutrientes, principalmente cálcio e magnésio. O procedimento para a retirada de 
amostras a uma profundidade de 0 – 20 cm, deve ser efetuado da seguinte maneira: 
divide-se a gleba ou quadras em áreas homogêneas de 1,0 a 2,0 hectares, após esta 
etapa, percorre-se a área demarcada em ―zigue-zague‖, retirando amostras de solos, 
procurando-se cobrir toda a área. Cada amostra deve ser composta de, no mínimo, 15 
amostras simples (sub-amostras) para cada quadra. As manchas de fertilidade de 
determinada área devem constituir amostras a parte. Em plantações que vem sendo 
adubada, a cada 2 a 3 anos é interessante retirar amostras para monitorar a fertilidade 
da mesma. 
A interpretação dos dados para o fósforo e potássio está dividida em três 
classes de teores, enquanto que para o Ca+ Mg e Al em duas classes. 
Quadro 5 – Interpretação dos teores de P, K, Ca + Mg e Al em solos (Garcia et al, 1985). 
Teor P (mg/dm3) K (meq.100-1g) Teor Ca + Mg Al 
Baixo 6 0,12 meq.100-1g 
Médio 7 – 15 0,13 – 0,30 Baixo < 3,0 < 0,5 
Alto > 15 > 0,30 Médio/Alto 3,0 0,5 
Quanto ao pH, há predominância de amostras com valores abaixos de 5,5 em 
todos os pólos, exceção para o pólo de Altamira, que apresenta 50% das amostras 
com pH > 5,6 (Pereira e Morais, 1987). No Quadro 5 está apresentada a 
correspondência entre pH em H 2O, a percentagem de saturação de bases (V%) e a 
saturação em alumínio (m). 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Quadro 6 – Relação aproximada entre parâmetros associados à acidez do solo. 
pH em H2O V % m % 
4,4 4 90 
4,6 12 68 
4,8 20 49 
5,0 28 32 
5,2 36 18 
5,4 41 7 
5,6 52 0 
5,8 60 - 
6,0 68 - 
6,2 76 - 
6,4 84 - 
6,6 92 - 
6,8 100 - 
 
Calagem 
Os dados de pesquisas obtidos nos solos da Amazônia, têm mostrado que o crescimento e 
produção do cacaueiro não apresentaram resposta à calagem (Campos, 1981; Morais e Campos, 
1984; Pereira e Morais, 1987). No Latossolo Amarelo, argiloso da série Manaus, Campos (1981) 
observou somente melhoria nas propriedades químicas deste solo quanto ao aumento do pH, dos 
teores trocáveis de Ca e Mg e diminuição do alumínio trocável. Pereira e Morais (1987) mostraram 
que os solos das áreas Bragantina e de Tomé-Açu(PA) apresentaram teores de Ca + Mg < 3,0 meq. 
100-1g, considerados baixos, numa freqüência de 60 a 95% das amostras analisadas. Apesar destes 
resultados é interessante considerar que: 
A calagem bem efetuada traz inúmeros benefícios, dentre os quais podem ser citados: a) 
fornece Ca2+ e Mg2+ como nutrientes; b) neutraliza o Al 3+ e Mn2+ tóxicos às plantas; c) aumenta a 
disponibilidade de P e do Mo; d) favorece a mineralização da matéria orgânica; e) aumenta a 
fixação simbiótica do N; f) estimula o desenvolvimento do sistema radicular e a absorção de água e 
nutrientes; e g) melhora as propriedades físicas do solo (devido ao fato do Ca2+ e Mg2+ serem 
elementos floculantes) 
Apesar de todos estes benefícios, a calagem precisa ser criteriosa, pois pode reduzir a 
disponibilidade de K+ e de micronutrientes. A resposta da cultura à calagem depende de uma 
série de fatores ligados à planta, ao solo e ao corretivo utilizado, a conjugação destes fatores, leva à 
obtenção da máxima eficiência desta prática agrícola. Assim, deve-se considerar que o cacaueiro 
não foge a regra das outras culturas, necessitando-se de cálcio e magnésio como nutrientes para o 
crescimento, desenvolvimento, início e plena produção, principalmente quando esta cultura está 
localizada na região com Latossolo Amarelo distrófico e de textura média, necessitando elevar os 
teores de cálcio e magnésio trocáveis, no mínimo, para 3, 0 meq.100-1g (ou 30 mmolc. kg-1). 
A calagem tem um efeito residual prolongado, que perdura por vários anos, sendo o 
retorno deste investimento, cumulativo. 
Os produtos considerados corretivos da acidez dos solos são aqueles que contêm como 
―constituinte neutralizante‖, carbonatos, óxidos, hidróxidos ou silicatos de Ca2+ e/ou Mg2+. 
Os calcários agrícolas passam a ter as classificações: 
 
 
29 
 
 I - Quanto à concentração de MgO 
 a) calcítico – menos de 5% 
 b) magnesiano – de 5 a 12% 
 c) dolomítico – acima de 12% 
 II – Quanto ao PRNT (Poder Real de Neutralização Total) 
 a) Faixa A – PRNT entre 45,0 e 60,0 
 b) Faixa B – PRNT entre 60,1 e 75,0 
 c) Faixa C – PRNT entre 75,1 e 90,0 
 d) Faixa D – PRNT superior a 90,0 
Os corretivos de acidez deverão ser comercializados de acordo com suas características 
próprias e com valores mínimos constantes no quadro a seguir: 
Quadro 7 – Corretivos de acidez. 
Materiais corretivos de acidez 
Poder de Neutralização Soma 
% CaCO3 % CaO + % MgO 
Calcários 67 38 
Cal virgem agrícola 125 68 
Cal hidratada agrícola 94 50 
Escórias 60 30 
Outros materiais 67 38 
Critério de Recomendação: 
Calcário (t/ha) = 1,5 x Al Onde: Al = teor de alumínio trocável do solo 
 
Adubação verde e orgânica 
Em áreas de solos de textura média a arenosa é de extrema importância a utilização da 
adubação verde e orgânica. 
A adubação verde é prática agrícola muito antiga, porém de utilização restrita. Consta da 
incorporação ao solo de qualquer material vegetal, ainda não decomposto, produzido no próprio 
terreno, visando a incorporação de nutrientes e produção de húmus, com conseqüente aumento do 
teor de matéria orgânica do solo. 
As leguminosas são as plantas preferidas para a formação desta matéria orgânica, em 
virtude da grande massa produzida por unidade de área, da sua riqueza em elementos minerais, 
do seu sistema radicular bastante profundo e ramificado, capaz de uma melhor mobilização dos 
nutrientes minerais do solo e, principalmente pela possibilidade de aproveitamento no N 
atmosférico, através das bactérias nitrificadoras. Com base nestas informações, é possível a 
utilização da Pueraria phaseoloides, como adubo verde mais apropriado, em solos pobres, para o 
cacaueiro em formação e produtivo. 
Quanto à utilização de adubos orgânicos, tem-se verificado resultados positivos, 
principalmente quando utilizado para viveiro (Campos, 1982) e no plantio de mudas (Campos et 
al, 1982). Os estercos poderão substituir parcialmente a adubação de plantio, devendo-se, no 
entanto, proceder a análise do material, em termos de % de N, de P2O5 e de K2O e do teor de 
umidade. 
 
 
 
 
30 
 
Quadro 8. Composição aproximada (%) de alguns adubos orgânicos 
Material 
C/N C Umid N P2O5 K2O CaO MgO S Cu Zn 
g/kg mg/kg 
Esterco de gado 20 100 620 5 3 6 2 1 1 6 33 
Esterco de galinha 10 140 550 14 8 7 23 5 2 14 138

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