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Aulas 3 - Processo Civil(9)

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Direito Processual Civil
CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA – CESB
Instituto de Educação Superior de Brasília – IESB
Prof.: Diego Herrera
e-mail: diegoherreramoraes@gmail.com 
Jurisdição
A jurisdição é a forma estatal, por excelência, de composição de litígios, embora não seja a única. Com esse fim, o Estado, que veda a autotutela (exceto raras hipóteses), manifesta-se por seu órgão Judiciário, dotado de poder jurisdicional, que é regido pelas normas de direito processual
Jurisdição: do latim jurisdictio (“dizer o direito”), tem por fim a pacificação social e consiste em um poder-dever do Estado
Poder-dever: de um lado, manifestação do poder soberano do Estado, garantindo com o uso da força, se necessário, o império de suas decisões; de outro, dever que o Estado assume de dirimir qualquer conflito que lhe venha a ser apresentado.
Chiovenda: função jurisdicional é concebida como a função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade objetiva e concreta da lei visando à justa composição da lide*, mediante a substituição (sujeição) de uma atividade privada por uma atividade pública e imperativa (impor suas decisões)
Jurisdição
* lide: conflito de interesses qualificado pela pretensão de uma parte e resistência de outra
Em linhas gerais, processo civil é: a técnica de solução imperativa de conflitos que estabelece regras de regência da atividade jurisdicional (Estado-Juiz)
Qual âmbito de aplicação do DPC? Delineado por exclusão, dado sua característica generalidade (art. 1º)
Atividade estatal regulada pelo Ordenamento Jurídico (art. 126): exerce função instrumental
Duplo grau de jurisdição: princípio implícito
Territorialidade e investidura: o órgão judicial só exerce jurisdição quando seu membro (magistrado) esteja investido de poderes e no âmbito do foro que lhe é atribuído por lei
Por serem múltiplos os órgãos investidos de tal poder-dever, mais adiante estudaremos os órgãos jurisdicionais e suas competência
Características da Jurisdição
Inércia: a jurisdição é inerte, não é prestada de ofício.
A jurisdição só se exerce em casos concretos e o Estado-juiz não age ex officio (nemo iudex sine actore – não há juiz sem autor): princ. inércia judicial/impulso oficial (art. 2º e 262). 
Os interessados no exercício da função jurisdicional devem requerê-la, devem provocar a atuação do Estado-juiz. Inicialmente provocada por meio da petição inicial, caberá ao interessado promover sucessivos impulsos processuais e, caso não o faça, a tendência é a de que prevaleça o estado inicial de inércia (v. art. 485, III, NCPC). 
A inércia da jurisdição visa garantir a imparcialidade jurisdicional, mesmo escopo resguardado pelo “princípio do juiz natural”
Substitutividade: vedada que é a “autotutela”, necessária é a intervenção do Estado-juiz para dirimir conflitos de interesses que surgem ou estejam na iminência de surgir
A intervenção estatal impõe-se à vontade dos litigantes, que é substituída pela “vontade funcional” do Estado-juiz, o qual se pronunciará no curso do processo.
Características da Jurisdição
Inevitabilidade e Imperatividade: relação de autoridade/sujeição:
Desnecessária anuência do demandado para figurar no processo Mas, como autor, só figura quem quer e exercita seu direito de ação
Os litigantes devem se sujeitar ao que for decidido e, caso não o façam, o próprio Estado-juiz poderá usar seu monopólio da força
OBS.: (i) imunidades à jurisdição, estabelecida em tratados internacionais, por razões diplomáticas de convivência internacional; (ii) a instauração de processo arbitral depende de consenso das partes (art. 3º Lei 9.307/96)
Improrrogável: seus limites são traçados pela CF, vedado ao legislador ordinário alterá-los, nem para reluzi-los ou ampliá-los. 
Indelegável: vedada “delegação” da função jurisdicional a outros órgãos ou pessoas não autorizados pela CF.
Inafastável (ou indeclinável): o órgão investido tem o dever (não a faculdade) de prestar o serviço jurisdicional, o qual não pode ser recusado a nenhum título (art. 5º, XXXV, da CF)
Vedado o “non liquet”: rompida a inércia jurisdicional, o Estado-juiz há de responder ao jurisdicionado, mesmo que contrariamente a seus interesses, ainda que haja lacuna ou obscuridade na lei (art. 126 CPC)
Características da Jurisdição
Imutabilidade: os atos jurisdicionais são suscetíveis de se tornarem imutáveis, não podendo ser revistos ou modificados.
Autoridade da coisa julgada material, ostentada pelas sentenças com mérito (hipóteses: art. 269), também chamadas de sentenças definitivas (arts. 467 e 468).
Este é o “selo” de imutabilidade é chamado de “coisa julgada material”: “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada” (art. 5º, inc. XXXVI). 
Mas somente decisões que “resolvem o mérito” (art. 269), proferidas no âmbito da função jurisdicional, têm aptidão para se tornar imutáveis. Em prol do princípio maior da “segurança jurídica, visa impedir sua rediscução por quem quer que seja, inclusive pelo próprio Estado-juiz. 
Obs: sentenças terminativas, de extinção do proc. sem julgamento meritório (hipóteses: art. 267), não obstam o reajuizamente de idêntica demanda (arts. 28 e 268), nem que, no segundo processo, o juiz decida a mesma questão processual de modo diverso
Jurisd. Contenciosa e Voluntária (ou Graciosa)
No âmbito da “jurisdição voluntária” (arts. 1º e 1.103 a 1.210 CPC), o juiz pratica, bem diferentemente, atos integrativos da vontade dos interessados, de negócios jurídicos privados, os quais passam a ser administrados (e, neste sentido, tutelados) pelo Judiciário. 
Trata-se, pois, de administração pública de interesses privados. 
Na chamada “jurisdição voluntária” não se visa à atuação do direito, mas à constituição de situações jurídicas novas, ausente, portanto, litígio entre partes (interessados), característica esta que lhe difere da jurisdição contenciosa e explique o porquê de seu pronunciamento não ter caráter propriamente substitutivo, nem aptidão para fazer coisa julgada. 
Nestes casos, sem a intervenção do Estado-juiz o negócio jurídico não tem validade/eficácia, razão pela qual a jurisdição não é propriamente “voluntária”, mas necessária. Assim, o que distingue a jurisdição “contenciosa” da “voluntária” é a circunstância de nesta, não naquela, inexistir lide.
A Lei nº 11.441/07 retirou parcelas de “jurisdição voluntária” do Poder Judiciário, assim nos casos dos arts. 982 e 1.124-A, cabendo aos interessados, em tais casos, optar pela via judicial ou extrajudicial, orientação expressa no art. 2º da Resolução n. 35/07 do CNJ.
Jurisdição vis-à-vis outras funções estatais assemelhadas
Jurisdição
Estado-juiz, terceiro estranho e imparcial, substitui a atividade das partes, e está acima dos interesses em conflito
Independência do órgão julgador
Força de coisa julgada do pronunciamento final
Função administrativa judicante (p. ex. Ag. Regul.)
Objetiva a aplicação da lei em razão de interesses próprios da Administração Pública (autodefesa de seus interesses), que esteja em contenda com o interesse de particulares; não se trata, pois, de órgão fora e acima do litígio
Suas decisões podem ser revistas pelo Judiciário
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
É o art. 92 da Constituição Federal que prevê quais são os órgãos componentes do Poder Judiciário
Tribunais Superiores: Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal Superior do Trabalho e Superior Tribunal Eleitoral; 
Exercem, entre outras, competência recursal; como órgãos de sobreposição na estrutura judiciária visam uniformizar a interpretação e a aplicação do direito em todo o território nacional, por isso têm jurisdição em todo o território nacional (art. 92, § 2º, CF).
Não obstante seu nome, o “Superior Tribunal Militar” não tem natureza de Tribunal Superior, eis que exerce competência recursal plena.
Instâncias Ordinárias: Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; Tribunais Regionais do Trabalho e Juízes do Trabalho; Tribunais Regionais Eleitorais e Juízes
Eleitorais; Tribunais e Juízes Militares; e Tribunais Estaduais e Juízes dos Estados e DF.
A “justiça desportiva”, cuja existência é autorizada pelos §§ 1º e 2º do art. 217 da Constituição Federal, não tem caráter estatal nem jurisdicional
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
A União, no DF, e os Estados criarão (art. 98 da CF): 
Os “juizados especiais”, providos por juízes togados (ou togados e leigos), competentes para conciliação, julgamento e execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo (célere), permitido julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; 
No âmbito federal: Lei nº 10.259/01; estadual: Lei nº 9.099/95 - Juizados Especiais nos Estados e DF da “Fazenda Pública”: Lei nº 12.153/09
A “justiça de paz”, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de 4 anos e competência para celebrar casamentos, habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional (v. Resolução n. 16/2008 do CNJ); 
A lei estadual poderá prever outras funções aos juízes de paz conforme decidido pelo STF (Pleno, ADI 2.938/MG, rel. Min. Eros Grau, DJ 9.12.2005, p. 199).
Este Curso não se volta à análise do poder jurisdicional e das normas processuais particulares e relacionadas à justila trabalhista (arts. 111 a 116), eleitoral (arts. 118 a 121) ou militar (arts. 122 a 124 e 125, §§ 3º a 5º), mas insta lembrar que o direito processual civil (e o CPC), se lhes aplicam, ao menos, subsidiária e/ou suplementarmente (art. 15 NCPC).
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
Em prestígio a independência entre os três Poderes (art. 2º da CF), seu art. 99 garante ao Poder Judiciário autonomia administrativa e financeira. 
Tanto assim que são os próprios tribunais que elaboram suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias (art. 99, § 1º).
Além da estruturação financeira, os Tribunais podem-se organizar administrativamente, finalidade a que servem seus “Regimentos Internos” (art. 96, I, a, da CF). 
Os Regimentos Internos disciplinam, p. ex., como o Tribunal é organizado internamente, isto é, quais órgãos ou comissões que o compõem (órgão especial, Turmas, Seções, Câmaras, etc.); além de lhes distribuir (internamente) o exercício das competências atribuídas ao respectivo Tribunais pela Constituição e/ou pelas leis.
Órgãos Essenciais à Jurisd. Civil
STF: 11 Ministros (art. 101 CF) 
Órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro
Cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de
notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado
Como “guardião” da CF, cabe-lhe dar a “última palavra” sobre a interpretação constitucional no direito brasileiro, cujo sistema de controle é misto, composto pelo controle concentrado de constitucionalidade (ADINs, p. ex.) e pelo controle difuso (REs, p. ex.)
STJ: no mínimo, 33 Ministros (art. 104 CF)
Uniformizar interpretação das normas infraconstitucionais 
Cidadãos com mais de 35 e menos de 65 anos de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Do total de seus integrantes:
um terço dentre juízes dos TRFs e um terço dentre desembargadores dos TJs e um terço, em partes iguais, alternadamente indicados, dentre advogados e membros do MP (art. 94)
Quinto Constitucional: A escolha dos integrantes do “quinto constitucional” é feita a partir de “lista tríplice”, preparada pelo próprio Tribunal a partir de “lista sêxtupla” apresentada pelo MP e pela advocacia. 
Justiça Estadual e Distrital: Juízes de Direito (singulares) e Tribunais de Justiça
Competência residual: todos litígios não atribuídos pela CF a outros órgãos especializados do Judiciário.
No plano horizontal: 
Seus órgão são distribuídos por territórios; em primeiro grau são designados comarcas, em cada qual funciona um foro (composto de uma ou mais varas/juízos), de forma que o exercício de jurisdição de um foro não interfira no do outro. Ou seja, foro é a base territorial a cargo de cada órgão judiciário de qualquer grau. 
Os Tribunais de Justiça, como órgão de segundo grau, têm por foro (e, assim, exercem jurisdição) sobre a soma dos foros de todos os órgãos judiciais de primeiro grau a que a ele se reportam. Em suma, o foro de cada Tribunal de Justiça é o território do respectivo Estado. 
OBS.: na Just. Federal há foros federais, chamados de seções, que correspondem a extensão do território de todo o Estado (art. 110 da CF) e quando há subdivisão dos foros federais em extensões territoriais menores que o respectivo Estado são chamados de subseções judiciárias
Justiça Estadual e Distrital: Juízes de Direito (singulares) e Tribunais de Justiça
No plano vertical
Sobre os órgão de primeiro grau (Juízes de Direito) há sempre um Tribunal de Justiça, a quem lhes cabe primordialmente poder de revisão quanto aos atos dos órgãos que lhes são inferiores.
Critério de promoções verticais de magistrados: por merecimento e, alternadamente, por antiguidade, atendidas as exigências do inciso II art. 93. 
Designa-se magistratura o conjunto de pessoas investidas nos órgãos judiciários para exercício da jurisdição; portanto, a magistratura é justamente o conjunto todos os juízes do país.
Obs.: entrâncias, concernentes exclusivamente às carreiras judiciárias estaduais, se referem à etapa/degrau na carreira de juízes de direito e promotores de justiça, que igualmente são percorridas gradualmente, conforme critérios de merecimento e antiguidade (art. 93) 
Quinto constitucional nos Tribunais de Justiça : art. 94
Órgãos Essenciais à Jurisd. Civil
Juizados Especiais: inciso I do art. 98
Juizado Especial de Pequenas Causas e colegiado recursal
Processo orientado pela: oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade
Juizados de Paz: por voto e por 4 anos (inciso II art. 98)
Sem caráter jurisdic.: habilitação e celebração de casamento
Funções essenciais à Justiça: 
MP: art. 127
Advocacia: art. 131 a 133 
Defensoria Pública: art. 134
Principais Órgãos Auxiliares da Justiça

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