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Ação Civil Pública

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Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santo Ângelo
Curso de Direito Noturno
Disciplina: Direito Constitucional III
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
CONCEITO
A ação civil pública é um instrumento de defesa do interesse geral que busca defender um dos direitos resguardados pela Constituição Federal e leis especiais, podendo ter por fundamento a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, bem como o ato ilegal lesivo à coletividade sendo responsabilizado o infrator que lesa o patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico, da ordem econômica e da economia popular, e à defesa dos chamados interesses difusos e coletivos para a fixação da responsabilidade, e, consequentemente, a reparação pelos danos causados.
Entende melhor por interesses coletivos àqueles que são comuns à coletividade, desde que presente o vínculo jurídico entre os interessados, como o condomínio, a família, o sindicato, entre outros. Por outro lado, os interesses difusos, muito embora se refiram à coletividade, não obrigam juridicamente as partes envolvidas, por exemplo, a habitação, o consumo, entre outros. 
A ação civil pública é considerada um dos remédios constitucionais disponibilizados pelo legislador para a proteção e manutenção dos direitos civis que comporta várias particularidades. Se mostra como um instrumento eficiente para tutelar direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos, de forma a condenar em obrigação de fazer
ou não fazer e, ainda, de indenizar ou reparar o dano causado.
Está regulamentada no Art. 129, inciso III da CF, contêm lei própria nº 7.347/85, e as súmulas nº 643 STF; nº 183 STJ e 489 STJ.
HIPÓTESES DE CABIMENTO
	LEGITIMIDADE ATIVA E PASSIVA
Os legitimados ativos concorrentes a proporem a Ação Civil Pública, nos termos do art. 5º da Lei 7.347/85, são o Ministério Público, a União, os Estados e Municípios, além das autarquias, empresa pública, fundações, sociedade de economia mista ou associações constituídas a pelo menos 01 ano e que provem representatividade e institucionalidade adequada e definida para a defesa daqueles direitos específicos. A legitimidade ativa deste remédio constitucional é concorrente, autônoma e disjuntiva, pois, cada um dos legitimados pode impetrar a ação como litisconsorte ou isoladamente. Embora seja uma ação de função institucional, o Ministério Público não ficou como único legitimado, sendo que a C.F., assegurou o amplo acesso à justiça, porem quem atua mais ativamente é o Ministério Público. Nestas ações qualquer pessoa (física ou jurídica) pode ser o impetrado da ação. A este é concedida pela lei, a prerrogativa e o dever de instaurar o inquérito civil e propor a ação civil pública para defender os três tipos de interesse, desde que coerentes com a finalidade da instituição. Assim, o MP é legitimado para a defesa de interesses difusos, qualquer que seja sua natureza, uma vez que sempre se tratara de interesses sociais e públicos (com base no art. 129, inciso III e § 1º, C.F). Vale ressaltar que, após a propositura da Ação Civil Pública, com a desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa (Art. 4 º; § 3º da Lei 7.347/85).
Poderá figurar no polo passivo da ação civil pública qualquer pessoa física ou jurídica que cause danos a quaisquer interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos.
	COMPÊTENCIA
A competência para a ação civil pública possui característica territorial absoluta, a qual impossibilita o exercício de qualquer outro juízo para processar e julgar a demanda que não os previamente estabelecidos por lei. O artigo 2º da Lei nº 7.347/85 diz que as ações previstas nessa lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência para processar e julgar a causa. Contudo, se houver intervenção ou interesse da União, autarquia ou empresa pública federal, e não houver na comarca, Vara da Justiça Federal, será do mesmo juízo estadual local, com recurso ao Tribunal Regional Federal da Região respectiva.
Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção.
	POSSIBILIDADE DE LIMINAR
O art. 12 da Lei 7.347/85 prevê a possibilidade de concessão de liminar para evitar danos, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato. A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
	PRINCIPAIS REGRAS PROCEDIMENTAIS
A lei 7.347/85 determina que as certidões e informações necessárias à propositura da Ação Civil Pública sejam fornecidas pelas entidades no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do pedido. Se não entregues no prazo estabelecido na lei, ainda que o não fornecimento se deva ao fato das informações solicitadas dizerem respeito à sua condição de sigilosa, poderão ser requeridas pelo juiz que receber a Ação Popular desacompanhada de tais provas. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis (Art. 8 º; § 1º da Lei 7.347/85). O Ministério Público poderá ainda arquivar os autos se entender que não há fundamentos para propositura da ação, e as associações e seus sócios que litigarem de má fé sofrerão penalidades.
A sentença de mérito terá efeitos de acordo com o tipo de interesse tutelado pela lei da Ação Civil Pública (LACP). Assim os efeitos desta sentença serão: "erga omnes", para interesses difusos e individuais homogêneos, sendo que neste aproveita-se o particular somente se ele suspende sua própria ação e passa a integrar a ação coletiva; e será "inter partes", para interesses coletivos com a mesma ressalva feita acima. A sentença somente terá eficácia no território de competência do juízo proferido.
A decisão da Ação Civil Pública poderá ser declaratória, constitutiva dependendo do teor do pedido, mas na maioria das vezes ela é condenatória. Conforme a Lei 7.347/85, o pedido pode ser cumulado para prestação ou não de algum fato (fazer ou não fazer) e pedido de indenização pecuniária. No caso de indenização, o valor pecuniário da condenação será revertido a um fundo para reconstituição de bens lesados, conforme art. 13 da LACP, sendo que gerenciarão este fundo um Conselho Federal ou Estadual com a obrigatória participação do Ministério Público e dos representantes da comunidade quando o interesse for coletivo. 
Todos os recursos tanto para o juiz “a quo”, quanto para o juiz “ad quem”, admitidos pelo diploma processual civil vigente, quando apropriados, são admitidos. Recebendo recurso da sentença procedente caberá efeito suspensivo caso o magistrado atribua na intenção de evitar danos irreparáveis à parte, tendo ainda o efeito devolutivo. A sentença improcedente somente teráeficácia após a confirmação do recurso ordinário, portanto as partes não recorrendo caberá recurso de ofício. A execução definitiva da sentença deve ser providenciada pela parte interessada. No caso de associação, não promovendo está a execução em sessenta dias, o Ministério Público ou os demais legitimados poderão fazê-lo, conforme dispõem o artigo 15 da lei 7.347/85. Em razão da alteração promovida no processo de execução civil para as obrigações de dar e fazer (exceto de dar dinheiro), a sentença passa a expressar quase uma ordem mandamental, devendo ser cumprida, sob pena de incidirem as imposições dos artigos 461 e 461-A do CPC.
	INQUÉRITO CIVIL
O inquérito civil foi criado pela lei nº 7.347/85, onde está citado nos artigos 8º e 9º da Lei da Ação Civil Pública, hoje consagrado no art. 129, III, da Constituição Federal de 1988, é o meio pelo qual, diante de um caso concreto, o Ministério Público (MP) coleta dados e elementos, de forma clara e objetiva, a promoção da Ação Civil Pública. O inquérito civil, de instauração facultativa, é investigatório, de caráter inquisitivo, presidido e arquivado pelo MP. É um processo extra e pré-judicial, ou seja, anterior a uma eventual ação judicial, totalmente administrativo onde inclusive o MP poderá propor ao investigado um termo de ajustamento de conduta e nele não se fazem acusações, nem nele se impõem sanções ou penalidades.
Embora seja normalmente um procedimento prévio ao ajuizamento da ação civil pública, ele não é obrigatório, pois esta ação pode ser instaurada independentemente dele, caso se baseie em outros elementos de convicção. O inquérito civil, em suma, configura um procedimento preparatório, destinado a viabilizar o exercício responsável da ação civil pública. Com ele, frustra-se a possibilidade, sempre eventual, de instauração de lides temerárias. O Conselho Nacional do Ministério Público regulamentou o inquérito civil por meio da Resolução nº 23, de 17 de setembro de 2007 (posteriormente modificada pelas Resoluções nº 35, de 2009, 59, de 2010, e 107, de 2014).
	TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA
	O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que foi incluído no art. 5º, §6º, da Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985) é relevante instrumento para a solução extrajudicial de conflitos de interesses ou direitos difusos e coletivos, mediante o qual os órgãos públicos legitimados do art. 5º podem tomar, dos infratores desses interesses, o compromisso de ajustarem suas condutas às exigências legais, mediante cominações, com eficácia de título executivo extrajudicial.
O Termo de Ajustamento de Conduta vem sendo amplamente utilizado na tutela dos direitos coletivos lato sensu, especialmente pelo Ministério Público, que, por ter a legitimidade para instaurar o inquérito civil, possui uma maior facilidade para propor o ajuste, tendo por base o que restou apurado no procedimento inquisitivo antecedente. 
Por intermédio do TAC, evita-se a ação civil pública e promovem-se, eficazmente, os direitos fundamentais de terceira geração, privilegiando, sempre que possível, a reparação in natura dos bens da vida lesados em detrimento das perdas e danos, que somente emergem de forma complementar ou subsidiária. A natureza jurídica desse termo de ajustamento, todavia, é a legitimidade extraordinária dos órgãos públicos em contraposição à possibilidade de negociação para facilitar a reparação do dano e o aceite do ajuste por parte do infrator. 
É inegável que é muito mais econômico e eficiente para o Poder Público obter a reparação do dano extrajudicialmente, mediante o TAC, do que pela via judicial, a qual envolve o ajuizamento de uma ação civil pública sem prazo para terminar e de conclusão incerta. Sem contar que o termo também serve para diminuir os processos do Judiciário. 
Já sob a perspectiva do infrator da ordem jurídica coletiva, é unânime, entre os estudiosos consultados, a necessidade de sua aceitação para que o TAC seja firmado. Dessa forma, o infrator detém a faculdade de aceitar ou não o termo, com a ressalva de que, não o aceitando, será submetido a uma ação civil pública, no bojo da qual poderá valer-se da ampla defesa e do contraditório.

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