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Artigo 157, CP 
 Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer 
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, 
emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a 
impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: 
I – (revogado); 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente 
conhece tal circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado 
para outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, 
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego. 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma 
branca; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de 
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de 
arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena 
prevista no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019) 
§ 3º Se da violência resulta: 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) 
anos, e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
 
 
Nomen juris: roubo 
Objetividade jurídica 
Posse, propriedade, incolumidade física e psíquica. 
Formas típicas 
- roubo próprio: artigo 157, caput: é a subtração efetuada com o emprego 
de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio que impossibilite a 
capacidade de resistência da vítima (a violência, a grave ameaça ou 
qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima 
constituem os meios para que o agente se apodere dos bens da vítima). 
- roubo impróprio: artigo 157, § 1º: quando o agente empregar violência ou 
grave ameaça contra pessoa logo após o cometimento da subtração, com 
o fim de assegurar a impunidade ou a detenção da coisa. Ex: ‘A’ entrou na 
casa de ‘B’ para furtar a TV. Ocorre, porém, que ‘B’ chegou antes do 
previsto por ‘A’, surpreendendo-o, razão pela qual este empregou violência 
contra ‘B’ para com isso assegurar a detenção da coisa subtraída. 
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por 
qualquer pessoa. 
Sujeito passivo 
O proprietário e o possuidor da coisa, bem como a pessoa atingida pela 
violência ou grave ameaça. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2
Violência 
Em todos os casos, a violência é necessária à consecução da almejada 
tirada da coisa no crime de roubo, sob pena de deslocar a conduta para o 
crime de furto. A violência pode ser: 
1. própria: pode ser 
a) física: praticada contra a pessoa (vis corporalis), com emprego de força 
sobre o corpo da vítima, mas que não danifiquem a integridade corporal, 
sob pena de qualificar o crime (§§ 2º e 3º). 
b) moral (vis compulsiva): é a grave ameaça, aquela capaz de criar no 
espírito da vítima fundado temor de grave e iminente mal, físico ou moral 
contra sua pessoa ou a terceiro com vínculos afetivos ou próximos com a 
vítima. Ex.: ameaça com armas (de fogo, facas, canivetes etc.), ameaça de 
espancamento ou morte, ameaça de entregar uma carta manuscrita onde 
a vítima (do roubo) confessa um crime praticado no passado etc. 
2. imprópria: advém da expressão “por qualquer meio” (caput). Diz respeito 
às práticas que neutralizam a capacidade de reagir da vítima, sem 
utilizar-se de violência própria, mas uma violência presumida (equiparada). 
Ex.: embriagar a vítima, narcotizar, hipnose etc. Tais meios devem ser 
empregados de forma subrepticia (ardil, ocultos), pois, se houver emprego 
violência (força) ou ameaça para fazer ingerir a substância ou álcool, v.g., 
haverá, óbvio, violência própria. 
Consumação: 
- roubo próprio: duas correntes (em ambas a tentativa é admissível) 
* Minoritária - o roubo se consuma quando o bem sai da esfera de 
vigilância da vítima e entra na posse tranquila do agente, ainda que por 
pouco tempo. 
* Majoritária - o roubo se consuma com o arrebatamento da coisa logo 
após a violência ou grave ameaça. 
- roubo impróprio: consuma-se no momento em que o agente emprega a 
violência com o escopo de garantir a posse do bem, pouco importando se 
consiga ou não. A jurisprudência majoritária entende que não é possível a 
tentativa, pois, ou o agente emprega a violência, e neste caso estaremos 
diante do roubo impróprio, ou não emprega e estaremos diante do furto. 
Causas de aumento de pena (artigo 157, §2º) 
I – Revogado pela Lei 13.654, de 23.04.2018 
A redação antes da revogação era a seguinte: “se a violência ou ameaça é 
exercida com emprego de arma”. A revogação se deu pois a mesma Lei 
13.654/2018 acrescentou o emprego de arma de fogo no §2º-A, inciso I, 
ensejando maior aumento de pena (vide abaixo). Porém, se por um lado 
aumentou a exasperação pelo emprego de arma de fogo, por outro retirou 
a viabilidade de aumento na hipótese de emprego de outros instrumentos 
vulnerantes taxados como armas brancas, tais como facas, canivetes, 
facões, martelos, barras de ferro, canos, tacos etc., causando séria crítica 
da doutrina. De fato, a Lei 13.654/2018 tratou de verdadeira abolitio 
criminis afastando o aumento para emprego de outras armas diversas de 
arma de fogo, evidenciando a necessidade de afastamento dessa causa 
de aumento também aos casos anteriores (art. 5º, inciso XL CF). Porém, 
há precedente autorizando a utilização de arma branca como circunstância 
judicial do artigo 59 do Código Penal, autorizando a exasperação da pena 
base. Exatamente por isso, a Lei 13.964/2019, acabou incluindo neste 
parágrafo 2º o inciso VII (vide abaixo), implementando a hipótese de 
aumento para o caso de utilização de outras armas. 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas 
A razão de ser dessa majorante encontra-se no potencial intimidativo 
resultante do maior número de meliantes na prática delituosa. Como já 
estudamos no furto, basta a participação, não havendo necessidade que 
todos agentes executem o crime (coautoria). Ingressa no cômputo 
numéricos eventuais inimputáveis. É desnecessária a prisão de todos os 
membros, bastando a palavra da vítima para comprovar o concurso de 
agentes. Se há associação criminosa para prática de roubo, não incidirá 
essa causa de aumento, mas concurso material (art. 69 CP) entre o roubo 
simples (caput) e o crime de associação criminosa (art. 288 CP), pois, 
caso contrário geraria bis in idem. 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente 
conhece tal circunstância 
Tal adveio do modelo norte americano onde os gangsters alarmavam com 
estes tipos de crime, apesar de, posteriormente, no Brasil, também 
tornar-se prática rotineira. 
a) transporte: representa que a vítima está a serviço de outrem, não 
pertencem à vítima os valores transportados. Uma experimenta desfalque 
patrimonial (proprietário) e outra experimenta a violência (transportador). 
Caso a vítima esteja a transporte de valores para si própria, não incide a 
majorante. Daí a maior proteção do legislador: resguardaraqueles que tem 
a perigosa incumbência de transportar valores. Ainda no tocante a 
transporte, o veículo é necessário, pois, caso os valores sejam levados “a 
pé”, tal não se subsume a conduta de transportar. 
b) valores: representa não só o dinheiro, mas metais e pedras preciosas, 
jóias, títulos, vales (refeição, transporte) etc. 
c) agente conhece tal circunstância: o sujeito deve saber que a vítima está 
a serviço de transporte de valores, mesmo que eventual ou episódico o 
transporte. Ou seja, o dolo deve integrar a conduta, caso contrário não 
incidirá esta qualificadora. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado 
para outro Estado ou para o exterior 
Cabíveis as mesmas considerações feitas ao crime de furto (art. 155, § 5º 
CP), salvo com a ressalva que a subtração agora se deu com violência 
contra pessoa ou grave ameaça, ou após ter levado à vítima à 
impossibilidade de resistência. 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade 
Essa causa de aumento foi introduzida através da L. 9.426/96, onde antes 
dessa lei essa situação levava a aplicação do concurso material entre 
roubo e sequestro e cárcere privado (art. 148 CP) ou absorção deste 
último crime pelo roubo. 
a) vítima em seu poder: implica em manter a vítima direta e imediatamente 
sobre atuação física presente do roubador. Assim, se a vítima é deixada 
amarrada em uma árvore não incide a majorante. Da mesma forma que 
roubar um banco de madrugada e deixar o vigia do período noturno 
trancado no banheiro até os funcionários o encontrarem pela manhã. 
b) restringindo sua liberdade: restringir significa tornar menor, diminuir, 
limitar, reduzir. Estará configurada a majorante quando a vítima ficar algum 
tempo em poder do rapinador. A restrição de liberdade instantânea, de 
curtíssima duração, v.g., para se apoderar dos objetos da vítima, para 
retirar o aparelho toca CD do veículo, revistar a vítima etc., não deve fazer 
incidir essa majorante. Afinal, todo roubo exige uma certa restrição da 
liberdade da vítima, por mais curta que seja, logo, a finalidade do 
legislador foi apenar mais gravemente a conduta do agente que atuou 
mais do que o necessário. 
c) “sequestro relâmpago”: popularmente diz-se sequestro relâmpago 
aqueles roubos onde a vítima é levada para saques em bancos e é 
mantida em poder dos agentes para consumação do roubo. Estas 
condutas, apesar do nome, se amoldam ao crime de roubo agravado pela 
restrição da liberdade da vítima. A L. 11.923, de 17.04.2009 entrou em 
vigor prevendo a figura autônoma do “sequestro relâmpago”. Daí que, a 
partir dessa data (17.04.09) tal conduta se amoldará ao novo tipo penal 
acrescentado ao art. 158 CP (Extorsão), em seu parágrafo terceiro. 
Quando do estudo deste crime verificaremos sua redação. 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, 
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou 
emprego 
Essa causa de aumento foi acrescida pela Lei 13.654, de 23.4.2018. Isso 
se deu em razão da utilização de substâncias explosivas para fins da 
prática de outros crimes, em especial por organizações criminosas. 
Abordamos o tema no crime de furto, ao qual se aplicam as mesmas 
considerações. 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma 
branca 
Essa causa de aumento foi acrescida pela Lei 13.964, de 24.12.2019. 
Como visto acima, a Lei 13.654/2018 acabou implementando causa de 
aumento específica para emprego de arma de fogo (§2º-A), omitindo-se 
quanto a demais armas. Com a nova Lei, o legislador acabou regulando 
(novamente) o emprego de armas brancas diante da maior vulnerabilidade 
da vítima, o que justifica o aumento da pena. A respeito de arma branca, o 
Decreto 3.665, de 20.11.2000, que tratava da fiscalização de produtos 
controlados, assim definia arma braça em seu artigo 3º, inciso XI: artefato 
cortante ou perfurante, normalmente constituído por peça em lâmina ou 
oblonga. Ocorre que este decreto foi revogado pelo Decreto 9.493, de 
05.09.2018, que nada previa a respeito de arma branca, e que também foi 
revogado pelo Decreto 10.030, de 30.09.2019 que, apesar de ainda 
vigente, nada manifesta a respeito de arma branca. Atualmente, armas 
brancas tem mesmo significado de armas impróprias, ou seja, são 
instrumentos vulnerantes diversos de arma de fogo, tenham ou não 
natureza de armas de defesa. Assim, são armas brancas facas, espadas, 
canivetes, facões, navalha, gilete, machados, foice, pé de cabra, chave de 
fenda, soco inglês, porretes, tacos, pedras etc. Anote-se que a vigência 
dessa lei 13.964/2019 se deu apenas a partir de 23.01.2020, sendo 
inaplicável a retroatividade para fatos anteriores à vigência desta Lei. 
Dessa forma, agentes presos por roubo portando armas brancas antes 
dessa data não poderão receber o aumento de pena previsto neste 
parágrafo segundo, tratando-se de lei nova prejudicial aos réus ou 
condenados, por isso irretroativa (art. 5º, inciso XL, CF). 
Arma de fogo - causas de aumento (§ 2º-A, inc. I e §2º-B) 
Como vimos, o parágrafo §2º-A, inc. I foi acrescido pela Lei 13.654/2018, 
enquanto que o §2º-B através da Lei 13.964/2019. Em ambos os casos a 
essência da maior exasperação da pena reside na maior gravidade na 
conduta do agente ensejando um maior desvalor. Apesar de anteriormente 
estar incluída como causa de aumento do inciso I do parágrafo 2º deste 
artigo 157, revogado pela Lei 13.654/18, essa maior exasperação denota 
um maior interesse punitivo estatal. Tratando-se de Lei que prevê maior 
rigor punitivo, não retroagirá aos crimes de roubo praticados antes de sua 
vigência (art. 5º, XL, CF). 
Arma de fogo de uso permitido, restrito ou proibido 
A diferença entre ao parágrafos 2º-A, inc. I e 2º-B reside no potencial 
ofensivo da arma. Enquanto a arma de uso permitido permite ao agente a 
fixação de aumento de 2/3 previsto no §2º-A, inc. I, na hipótese de 
emprego de arma de uso restrito ou proibido o fará receber aumento do 
dobro (§2º-B). O assunto é regulado pelo Decreto 9.847, de 25.06.2019. A 
classificação se dá de acordo com o calibre (dimensão da munição) e 
energia cinética (energia associada ao movimento do projétil). Dessa 
forma, de acordo com essa classificação temos: 
- Arma de uso permitido (art. 2º, inciso I, Decreto 9.847, de 25.06.2019): as 
armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, 
cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na 
saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas 
libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; b) portáteis de alma lisa; ou c) 
portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição 
comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a 
mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules. Ex.: 380 
Automatic, 45 Colt, 22 Hornet, 38-40 Winchester, 9x19mm Parabellum etc. 
- Arma de uso restrito (art. 2º, inciso II, Decreto 9.847, de 25.06.2019): “as 
armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que 
sejam: a) não portáteis; b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização 
de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética 
superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou c) 
portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição 
comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e 
duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;” Exemplo: 41 
Remington Magnum; 44 Remington Magnum; 500 Special; 8mm Mauser 
(8x57); 300 Winchester Short Magnum etc. 
- Arma de uso proibido (art. 2º, inciso III, Decreto 9.847, de 25.06.2019): 
“a) as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados 
internacionais dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; 
ou b) as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos 
inofensivos;” Ex.: armas nucleares (Decreto 2.864, de 07.12.1998) 
Emprego 
A expressãoutilizada pelo legislador – empregar – demanda a prova de 
efetiva utilização da arma, seja para atacar fisicamente (mirando), como 
também simplesmente portá-la ameaçadoramente (na cintura) visando 
incutir temor capaz de anular ou diminuir a resistência da vítima. O simples 
trazer consigo a arma (por exemplo, no bolso), não significa utilizá-la, 
mister valer-se o agente dela para consecução do crime. 
Arma de brinquedo, simulacros, armas de pressão, armas quebradas e 
armas desmuniciadas 
A grande celeuma dessa causa de aumento de pena reside na hipótese de 
emprego arma de brinquedo, simulacros ou armas desmuniciadas. 
Segundo a teoria objetiva para o agravamento da pena é necessário que a 
arma utilizada tenha uma potencialidade objetiva de lesionar a integridade 
física da vítima (potencialidade lesiva), sendo mister demonstrar o perigo 
real proporcionado pela utilização da arma, que é um instrumento hábil a 
vulnerar a integridade física de alguém. Já, para os adeptos da teoria 
subjetiva, a causa de aumento de pena deveria ser aplicada em função do 
aumento do temor da vítima em relação ao objeto utilizado e que em 
virtude do desconhecimento da natureza falsa, seria apta a ensejar a 
aplicação da causa de aumento da sanção. Esta era a redação da Súmula 
174: “No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo 
autoriza o aumento da pena”. Porém, através do julgamento do Recurso 
Especial nº 213.054-SP (sessão de 24.10.2001), foi deliberado o 
cancelamento dessa súmula. Segundo a teoria objetiva, armas nestas 
condições (brinquedo, desmuniciada ou quebrada) não servem à aplicação 
do aumento por ausência de potencialidade lesiva. É teoria mais sensata. 
Afinal, armas sem potencialidade lesiva alguma servem meramente para 
“grave ameaça”, que já é prevista no caput. Nessas hipóteses, acrescentar 
a causa de aumento é, sem dúvida, gritante interpretação extensiva diante 
da ausência da essência da causa de aumento pelo emprego de arma de 
fogo, que reside na prova da potencialidade lesiva inerente a arma de 
fogo. Claro que, para comprovar essa condição deverá haver perícia na 
arma, logo, sua apreensão. E se a arma não for apreendida? Pensamos 
que, mesmo tendo a vítima indicado utilização, não comprovado que 
efetivamente era arma de fogo, e que fosse apta ao uso (em condições de 
disparar e municiada) deve-se utilizar o princípio in dubio pro reo e não 
aplicar a majorante. Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal 
formalizou entendimento sobre a desnecessidade de apreensão de arma 
para incidência dessa causa de aumento de pena (HC 96099). Da mesma 
forma, há diversos julgados no STJ autorizando aplicação dessa majorante 
ainda que não tenha sido apreendida. Assim, se não houve disparo, e a 
arma não foi apreendida, não se tem condição alguma de saber sobre 
potencialidade lesiva. Dessa forma, inviável aplicar-se o aumento. No 
tocante ao simulacro, é vedada sua fabricação no Brasil (Art. 2º, § 1 do 
Decreto 9.847, de 25.06.2019). 
Causa de aumento (§2º-A, inc. II) - se há destruição ou rompimento de 
obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que 
cause perigo comum. 
Essa hipótese de aumento não era prevista anteriormente, tratando-se de 
novidade acrescida pela Lei 13.654, de 23.4.2018. Visa maior apenamento 
(aumento em 2/3) quando há utilização de explosivos ou artefatos similar 
em razão do maior perigo comum advindo destes objetos, daí ensejando 
maior gravidade ao crime de roubo. Exige-se efetiva destruição ou 
rompimento do obstáculo. Destruição significa demolir, desfazer ou 
desintegrar algo, enquanto que rompimento significa partir, rasgar, abrir 
uma brecha ou fenda no objeto sem sua destruição. Na hipótese de não 
utilização do artefato ou sua falha, não incidirá essa causa de aumento. 
Como dito anteriormente, a só posse do artefato explosivo ou análogo 
configura crime previsto no artigo 16, inciso III da L. 10.826/03. Porém, a 
configuração da causa de aumento pelo emprego de explosivo impede o 
concurso com este crime, sob pena de bis in idem. Finalmente, exige-se a 
demonstração de perigo efetivo advindo da expressão “que cause perigo”, 
sendo exigível a demonstração de perigo concreto para aplicação dessa 
majorante. Na hipótese do fato criminoso ser praticado em local isolado de 
civilização, por exemplo, numa estrada ou local ermo, não deve incidir a 
majorante. 
Roubo qualificado (art. 157, § 3º) 
O roubo será qualificado quando resultar lesão grave ou morte da vítima, 
pouco importando se o resultado agravador adveio de dolo ou culpa. Caso 
o resultado agravador seja doloso, essa situação deverá ser observada no 
momento de aplicação da pena – art. 59, CP (fixação da pena-base). A 
qualificadora é aplicável tanto ao roubo próprio como impróprio, mas não 
será aplicada as causas de aumento de pena a esta figura, tendo em vista 
que há uma pena em abstrato para esta última. 
Objetividade jurídica 
Patrimônio, vida, incolumidade física. Estamos diante de um crime contra o 
patrimônio, pois o escopo do agente é o patrimônio, sendo o crime contra 
a pessoa praticado como modo de execução da subtração. Trata-se, pois, 
de um crime pluriofensivo, pois há mais de um bem jurídico sendo 
tutelado. Quando resultar lesão leve, estas serão absorvidas pelo roubo. 
Sujeito ativo 
Qualquer pessoa. Crime comum 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa. 
Crime hediondo 
Anteriormente a Lei 13.964/2019 era considerado hediondo apenas o 
roubo qualificado morte (art. 1º, inc. II da L. 8.072/90)). A nova Lei 
acrescentou ouras modalidades de roubo no rol de crimes hediondos, 
evidenciando um maior recrudescimento a este crime. Sempre observando 
que o acréscimo de outras modalidades de roubo à Lei dos Crimes 
Hediondos deve obedecer ao Princípio da irretroatividade da Lei Penal. 
Assim, atualmente, considera-se crime hediondo o roubo: 
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, 
inciso V); 
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) 
ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. 157, § 
2º-B); 
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º); 
No tocante as armas de uso proibido ou restrito, tais definições constam no 
artigo 2º do Decreto 9.847, de 25.06.2019 que regulamenta o Estatuto do 
Desarmamento, tratando-se de norma penal em branco. 
Consumação 
Com a morte da vítima (latrocínio) e com a lesão, na hipótese de lesão 
grave. Deve-se observar que haverá latrocínio somente quando a morte 
resulta de violência empregada, não admitindo a grave ameaça, pois o § 
3º expressamente determina esta figura qualificada indicando a forma de 
execução como sendo a violência. Assim, se a vítima morre em razão de 
grave ameaça, o agente responderá por roubo simples em concurso formal 
com homicídio (doloso ou culposo, conforme o caso). Ex: vítima morre de 
parada cardíaca em virtude do fato de ter-lhe sido apontada uma arma 
quando o roubo. Situações de consumação e tentativa: 
- quando há subtração e morte tentados = latrocínio tentado; 
- quando há e morte consumadas = latrocínio consumado; 
- quando há subtração consumada e morte tentada = latrocínio tentado; 
- quando há subtração tentada e morte consumada = latrocínio 
consumado. 
A tentativa é possível, também, na hipótese de lesão grave, quando o 
sujeito ativo, tendo ferido gravemente a vítima, não consegue consumar a 
subtração patrimonial. Súmula 610 STF: “Há crime de latrocínio, quando o 
homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração dos 
bens da vítima”. 
Pena 
Roubo simples (caput): reclusão de 4 a 10 anos, e multa 
Roubo agravado (causa de aumento - §§ 2º, 2º-A, 2º-B e especial da L. 
8.072/90): aumento de 1/3 até ½ (§ 2º), 2/3 (§2º-A), dobro (§2º-B) ou 
aumento de ½ (L. 8.072/90, art. 9º). 
Roubo qualificado (§ 3º): lesão grave – reclusão de 7 a 18 anos, e multa; 
latrocínio – reclusão de 20 a 30 anos, e multa. 
Ação penal 
Pública Incondicionada

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