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Prévia do material em texto

1 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AAPPOOSSTTIILLAA DDEE EESSTTÁÁGGIIOO 
DDEE PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA 
 
EESSCCRRIITTÓÓRRIIOO II 
 
 
 
 
 
Elaboração: 
Profº. MSc. Rodrigo Jansen [elaboração e organização] 
 
 
 
 
Material de uso pedagógico interno – proibida qualquer tipo de 
publicação/vinculação na web sem autorização expressa do autor 
 
 
2 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 4 
2 TÉCNICA DA PETIÇÃO ............................................................................................... 5 
2.1 MARGENS ................................................................................................................ 5 
2.2 RECUO DE PARÁGRAFO ........................................................................................ 6 
2.2.1 Numeração dos parágrafos .................................................................................... 6 
2.3 FONTE, TAMANHO E COR ...................................................................................... 7 
2.4 ESPAÇAMENTO ....................................................................................................... 7 
2.5 CITAÇÕES ................................................................................................................ 7 
3. LINGUAGEM JURÍDICA ........................................................................................... 09 
3.1 FUNÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA .................................................................... 09 
3.2 LINGUAGEM UTILIZADA NO PROCESSO ............................................................. 10 
3.3 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO JURÍDICO .......................................................... 11 
3.3.1 Impessoalidade ...........................................................................................................12 
3.3.2 Concisão ............................................................................................................. 13 
3.3.3 Coesão ................................................................................................................. 13 
3.3.4 Coerência ............................................................................................................ 14 
3.3.5 Objetividade ......................................................................................................... 14 
3.3.6 Vernaculidade e abreviaturas ............................................................................ 14 
3.3.7 Clareza ................................................................................................................. 15 
3.3.8 Lógica .................................................................................................................. 15 
3.3.9 Cortesia ............................................................................................................... 16 
3.3.10 Ética ................................................................................................................... 16 
3.3.11 Elegância textual .............................................................................................. 17 
3.4 COMO REDIGIR UMA PETIÇÃO INICIAL ............................................................... 17 
3.5 MÉTODOS PARA IDENTIFICAR O JUÍZO COMPETENTE ....................... ............. 18 
3.5.1 A busca pelo juízo competente ......................................................................... 18 
3.5.2 Identificação da ação cabível (peça processual a ser elaborada) .....................19 
3.6 LINGUAGEM UTILIZADA – TERMINOLOGIA/DENOMINAÇÃO DAS PARTES ..... 20 
4 TERMINOLOGIA DAS PARTES NO PROCESSO .................................................... 21 
5 TERMINOLOGIA NA REDAÇÃO DA PEÇA .............................................................. 21 
6 PETIÇÃO INICIAL ...................................................................................................... 22 
6.1 CONCEITO .............................................................................................................. 22 
6.2 FINALIDADE ........................................................................................................... 23 
3 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
6.3 FORMA E ELABORAÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL ................................................... 23 
6.4 ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL ....................................................................... 24 
6.4.1 Preâmbulo ........................................................................................................... 25 
6.4.2 Cabeçalho ........................................................................................................... 26 
6.4.2.1 Nome da ação.............................................................................................................28 
6.4.3 Núcleo ou desenvolvimento ......................................................................................30 
6.4.3.1 Títulos e subtítulos - tópicos .............................................................................. 31 
6.4.4 Postulação .......................................................................................................... 32 
6.4.5 Encerramento/Fechamento ................................................................................ 34 
6.5 ORDEM PARA DECLINAR OS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL ..................... 37 
6.6 ORDEM PARA DECLINAR OS PEDIDOS E OS REQUERIMENTOS ..................... 38 
6.7 NÚMERO DE CÓPIAS ............................................................................................ 40 
6.8 PETIÇÕES NÃO-INICIAIS ....................................................................................... 40 
6.8.1 Epígrafe ............................................................................................................... 40 
7 DA AÇÃO ................................................................................................................... 42 
7.1 DISTRIBUIÇÃO ........................................................................................................ 42 
7.2 DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA .................................................................... 43 
8 DA RESPOSTA .......................................................................................................... 44 
8.1 REAÇÕES DO RÉU FRENTE À PETIÇÃO INICIAL ................................................ 44 
8.1.1 Contestação ........................................................................................................ 46 
8.1.1.1. Estrutura e requisitos da contestação ............................................................... 48 
8.1.1.2 Ordem para declinar os requisitos da contestação ............................................ 49 
8.1.1.3 Defesa processual (ou formal) ................................................................................50 
8.1.1.4 Defesa de mérito ............................................................................................... 51 
8.1.1.5 Princípio da eventualidade ................................................................................. 54 
8.1.2 Reconvenção ...................................................................................................... 54 
8.1.3 Exceção de Incompetência ................................................................................. 56 
8.1.4 Impugnação ao valor da causa ..........................................................................59 
8.1.5 Ação Declaratória Incidental ..........................................................................................61 
9 DA MANIFESTAÇÃO ACERCA DA CONTESTAÇÃO .............................................. 64 
10 RECURSOS ............................................................................................................. 65 
10.1 APELAÇÃO ........................................................................................................... 66 
10.2 AGRAVO ............................................................................................................... 70 
APÊNDICES ......................................................................................................................73 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 83 
4 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
É com muita satisfação que apresentamos aos acadêmicos 
esta Apostila de Estágio de Prática Jurídica no semestre letivo de 2012-1. 
Para otimizar o desenvolvimento da disciplina de Estágio de 
Prática Jurídica que tem por objetivo, ensinar as técnicas para elaboração da 
petição inicial, peças intermediárias, respostas e defesas processuais, entre outras 
atitudes que podem ser tomadas, mediante casos simulados, o Prof. MSc. Rodrigo 
Diego Jansen, desenvolveu este material pedagógico. 
As peças processuais, uma vez protocoladas junto à 
distribuição ou a vara única, passam a ter caráter de documento público. 
O trâmite de uma ação leva certo tempo de duração, fato que 
pode ocasionar o desenvolvimento de peças pertinentes ao mesmo processo por 
vários Acadêmicos. 
Diante disto, faz-se necessária a padronização das peças 
processuais desenvolvidas pelo NPJ da instituição, favorecendo a estética e 
uniformização de todas as peças processuais que comporão o processo. 
Obedecendo ainda o cabeçalho e rodapé que identifica a instituição. 
Diante disto, este material pedagógico estará em constante 
atualização e revisão e norteará sua caminhada nas disciplinas de estágio. 
Por fim, cumpre esclarecer, que esta apostila em momento 
algum pretende trazer modelos prontos, o objetivo é ensinar a criá-los e estimular a 
criatividade do acadêmico. 
Votos de boa aprendizagem! 
 
Prof. MSc. Rodrigo Jansen 
 
Fevereiro/2012. 
 
 
5 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
2 TÉCNICA DA PETIÇÃO 
Imbuídos com o espírito de aprimorar e criar uma identidade 
nas peças processuais desenvolvidas pelos acadêmicos nesta instituição de ensino 
superior segue as orientações metodológicas exigidas para a disciplina quanto às 
regras de formatação e padrões da prática. 
 
2.1 MARGENS 
Quanto às margens, adotam-se as seguintes dimensões: 
 
 3 cm 
 
 
 
 
 
 
 
 3 cm 2 cm 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 cm 
 
 
Importante se ter em mente que a margem esquerda é onde as 
folhas do documento redigido serão perfurados para a autuação do processo, por 
isso o recuo deve ser considerável para evitar a perfuração de palavras constantes 
da peça processual. 
Filippeto1 sustenta a necessidade de um recuo maior na 
margem esquerda, “para facilitar o encarte da petição no processo e para zelar pela 
 
1 FILIPPETTO, Maria Elizabeth Carvalho Pádua. Apontamentos de redação e prática forense. São 
Paulo: Memória Jurídica, 2001, p.61-62. 
1. DOS FATOS 
 
Início de parágrafo. 
Modelo para 
desenvolvimento escrito. 
Início de parágrafo. 
Modelo para 
desenvolvimento escrito. 
Início de parágrafo. 
Modelo para 
desenvolvimento escrito. 
Início de parágrafo. 
Modelo. 
 
 
 
Superior: 3cm 
 
Esquerda: 3cm 
 
Direita: 2cm 
 
Inferior: 2cm 
 
Parágrafo: 4cm 
 
6 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
integridade do texto” e salienta que “se a margem da esquerda for pequena, o texto 
será avariado, além de ficar com os inícios das frases escondidos, dificultando a 
leitura”. 
 
2.2 RECUO DE PARÁGRAFO 
A margem de parágrafo adotado será de 4 cm. 
 
2.2.1 Numeração dos parágrafos 
A numeração dos parágrafos, compondo-se em itens tende a 
facilitar a leitura e o raciocínio. Porém, em sentido contrário, Filippetto2 entende 
dispensável e despropositada. 
Justificativa razoável para essa prática poderia ser a louvável 
intenção do advogado em deixar clara a sequência de suas idéias, articulando-as, 
porém, não é a numeração dos parágrafos que conferirá maior clareza, lógica e 
coerência ao texto. 
Muitas vezes a petição apresenta-se totalmente articulada 
(exposta em artigos) e sua narrativa não obedece coerentemente a ordem numérica 
estabelecida, demonstrando um vaivém de idéias ou fatos que indicam ainda mais 
difíceis de serem compreendidos em razão da numeração. Porém a enumeração 
dos pedidos, quando mais de um, faz-se necessário numerá-los. 
A orientação é no sentido da não numeração dos fatos e nem 
do direito, mas de identificação dos pedidos, preferencialmente por alíneas em 
letras. 
 
 
 
 
2 FILIPPETTO, Maria Elizabeth Carvalho Pádua. Apontamentos de redação e prática forense. São 
Paulo: Memória Jurídica, 2001, p.69. 
7 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
2.3 FONTE, TAMANHO E COR 
A fonte exigida será unicamente ARIAL, tamanho 12 para o 
corpo da peça processual, ou seja, para os parágrafos jurídicos, conforme item 5.1 
da NBR 15287:2005. A cor somente será o preto. Não será admitido letras coloridas. 
 
2.4 ESPAÇAMENTO 
Aconselha-se a utilizar o espaçamento de 1,5 cm (um 
centímetro e meio) entre uma linha e outra, conforme item 5.3 da NBR 15287:2005, 
uma vez que o espaço simples deixa o texto muito compactado, podendo dificultar a 
leitura. 
 
2.5 CITAÇÕES 
Sempre que for necessário citar dispositivo legal, doutrina e/ou 
jurisprudência, será observada a NBR 10520:2002 da ABNT. 
As citações de dispositivos de lei, jurisprudência, doutrina são 
muito utilizadas na redação da prática forense, e, para Filippeto3 “funcionam como 
verdadeiras âncoras no desenvolvimento da tese”. Assim, recomenda-se a 
observância dos conselhos do autor referido: 
a) sejam transcritas fora da formatação dos parágrafos, com recuo, 
para se destacar do texto da redação; b) seja utilizado algum recurso 
para que a transcrição se sobressaia como: usar tipo ou tamanho de 
letra diferente da redação, negrito, itálico, aspas etc.; c) indicar 
sempre a fonte de onde foi extraído, o nome do autor, quando 
citação doutrinária, o tribunal julgador, tipo e número do recurso e 
data do julgamento, no caso de jurisprudência. 
Assim, as citações terão o mesmo recuo do parágrafo, qual 
seja, de 4 cm, porém de fonte 11 e espaçamento simples (NBR 15287:2005, item 
5.1). 
 
3 FILIPPETTO, Maria Elizabeth Carvalho Pádua. Apontamentos de redação e prática forense. São 
Paulo: Memória Jurídica, 2001, p.63. 
8 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXEMPLOS: 
 
Art. 186 CC. Aquele que,por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
 
A pretensão das partes encontra arrimo no art. 1.580, § 2º e 1.582, 
ambos do Código Civil: 
 
Art. 1.580, § 2º. O divórcio poderá ser requerido, por um ou por ambos os 
cônjuges, no caso de comprovada separação de fato por mais de dois anos. 
 
Segundo os ensinamentos de Maria Helena Diniz “O divórcio é a 
dissolução de um casamento válido, ou seja, extinção do vínculo matrimonial (CC, art. 
1.571, IV e § 1º), que se opera mediante sentença judicial ou escritura pública, 
habilitando as pessoas a convolar novas núpcias.” (In. Curso de direito civil brasileiro. v. 
5. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 336). 
 
É entendimento jurisprudencial: 
 
DIVÓRCIO DIRETO. IMPLEMENTAÇÃO DO REQUISITO TEMPORAL À ÈPOCA 
DO JULGAMENTO. DECRETAÇÃO. POSSIBILIDADE. 
É de ser admitida a ação de divórcio direto, ainda que o prazo tenha sido 
implementado após a sentença e antes do julgamento do recurso em sede 
recursal. Inteligência do art. 462 do Código de Processo Civil. Estando, 
outrossim, o feito, em condições de imediato julgamento, impositiva a 
decretação do divórcio pelo órgão colegiado, com fundamento no art. 515, 
§3º, do diploma processual civil. Apelo provido (TJRS, Apelação Cível nº 
70009031493/RS, Sétima Câmara Cível. Relatora: Desembargadora Maria 
Berenice Dias. Julgado em: 25.08.2004. Disponível em: 
<http://www.mariaberenice.com.br /uploads/70009031493.doc>. Acesso 
em: 21.02.2011). 
 
9 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
3. LINGUAGEM JURÍDICA 
Segundo Viana4, “Os profissionais do Direito afirmam de modo 
categórico que apresentam dificuldades na redação dos textos jurídicos, pois dizem 
que, entre as várias complexidades redacionais, a maior delas é escrever um texto 
claro e objetivo.”. 
Complementa o doutrinador: 
Não há dúvida de que o Advogado, o Juiz de Direito, o Promotor de 
Justiça, o Procurador do Estado, o Delegado de Polícia, o Defensor 
Público e outros operadores do Direito redigem diariamente peças 
processuais, tais como petições iniciais, contestações, recursos, 
portaria para instauração de inquéritos policiais, denúncias, 
sentenças etc., já que o ato de escrever é inerente ao 
desenvolvimento das atividades desses profissionais.5 
Portanto, para os operadores do Direito a leitura constante 
torna-se indispensável para a aquisição dos conhecimentos necessários para o 
desenvolvimento da boa escrita. A prática constante da leitura de bons textos 
colabora para um bom raciocínio e conduz à produção de bons textos, enquanto o 
pensamento confuso resulta em escrita confusa. 
 
3.1 FUNÇÃO DA LINGUAGEM JURÍDICA 
A linguagem forense deve ser clara é técnica, de forma a fazer 
com que todos captem a mensagem, pois sabemos que os maiores destinatários 
dos textos elaborados pelo Poder Legislativo e as sentenças prolatadas pelo Poder 
Judiciário, são os cidadãos. 
Viana6 ensina que, 
Um dos objetivos do estudo das funções da linguagem é auxiliar o 
operador de Direito na construção do texto jurídico – como, por 
exemplo, uma petição inicial ou uma contestação – capaz de 
 
4 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.1. 
5 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.1-2. 
6 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.14. 
10 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
estimular não só a leitura, mas também prender a atenção do 
receptor. Para que isso seja possível, além de outras técnicas 
redacionais, o operador do Direito precisa conhecer as funções da 
própria linguagem forense. 
Com isto, resta claro que com a mensagem dirigida ao receptor 
(no caso, o juiz) tem-se em mira a produção de reação favorável ao acolhimento do 
pedido formulado. 
Inegável que todo o operador do direito deva gostar de ler. Esta 
área exige atualização permanente! 
 
3.2 LINGUAGEM UTILIZADA NO PROCESSO 
A linguagem utilizada no processo deve ser mais acessível 
possível. Viana alerta para a necessidade de o operador do Direito observar que 
com a aplicação do vocabulário jurídico pode ocorrer o “aparecimento de palavras 
grotescas ou de difícil compreensão e aquelas rebuscadas, que devem ser evitadas, 
pois impedem a perfeita comunicação entre os profissionais do Direito. [...]”.7 O autor 
referido orienta para que se evite o rebuscamento e o preciosismo. 
Conforme leciona Pereira, “não é bom, outrossim a ‘bajulação’ 
exagerada ao juiz do tipo: ‘Fulano de Tal vem, à elevada presença de V. Exª’, ou 
‘mui respeitosamente.....’ (suponho que uns digam ‘à consagrada presença...’ ou 
dirão à ‘santa presença’ e outros adjetivos desnecessários.8 
Neste mesmo sentido é Campestrini e Florence9: 
É comum encontrar professores, articulistas, magistrados e outros 
sugerindo a simplificação do texto jurídico. Louvável a iniciativa. Não 
se pode, todavia, descaracterizar a linguagem jurídica – é ela a 
expressão de uma ciência. O que se deve condenar são os 
pedantismos (peça vestibular por petição inicial; ou vem à ínclita 
presença de Vossa Excelência); as expressões cheirando a mofo (se 
por al não estiver no ergástulo ou ao arrepio da lei); palavras e 
 
7 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p. 43-44. 
8 PEREIRA, Ézio Luiz. Da Petição Inicial – técnica, prática e persuasão. 6ª ed. CLEDIJUR: São 
Paulo, 2011, p. 56. 
9 CAMPESTRINI, Hildebrando. FLORENCE, Ruy Celso Barbosa. Como redigir petição inicial. São 
Paulo: Saraiva, 2010, p. 26. 
 
11 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
expressões estrangeiras (expert por perito, parquet por Ministério 
Público, ex positis, ex vi legis, custos legis e tantas outras); a falta de 
objetividade, clareza e lógica. Certo magistrado iniciou a decisão 
anotando que “o punctus prueins da questão era o domínio do 
imóvel”. Ocorre que punctus pruriens significa, literalmente, o ponto 
(local) que está com coceira – expressão no mínimo estranha. Não é 
demais repetir: texto que exige releitura ou consulta sistêmica a 
dicionário não está bem escrito. (grifos no original). 
De outro norte, não devem ser lançadas palavras ofensivas e 
desrespeitosas às partes, ao juiz e ao advogado da parte contrária. Nunca critique 
maldosamente. Conforme dispositivos legais do Código de Processo Civil e Código 
Penal estabelecem: 
Art. 15 CPC. É defeso às partes e seus advogados empregar 
expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, 
cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar 
riscá-las. 
Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas 
em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob 
pena de lhe ser cassada a palavra. 
 
Art. 142 CP. Não constituem injúria ou difamação punível: 
I – a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou 
por seu procurador. 
[...] 
Parágrafo único. Nos casos dos n. I e III, responde pela injúria ou 
difamação quem lhe dá publicidade. 
Necessário mencionar ainda que deve-se evitar o uso de gírias, 
pois indicam desconhecimento da linguagem técnico-forense, além de empobrecer a 
peça processual. 
 
3.3 CARACTERÍSTICAS DO TEXTO JURÍDICO 
Müssnich10 ensina que o “bom texto jurídico tem três 
características: clareza, objetividade, elegância. Uma palavra errada pode colocar a 
perderum processo. Muita gente erra porque não conhece a própria língua.” Pode-
se complementar estas características acrescentando um estilo claro, convincente e 
sem omissões. 
 
10 MÜSSNICH, Francisco. Cartas a um jovem advogado. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 
29-30. 
12 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
Diante disto, o emissor da mensagem tem várias maneiras de 
transmiti-la e descrevê-la. Diferente de falar é escrever, pois a escrita não possui 
outras articulações que complementam a mensagem, como os gestos, expressão 
facial e entonação de voz. 
Por isso, o profissional do Direito deve dominar o vocabulário 
jurídico, e isto é facilitado mediante muita leitura. 
Mesmo diante das limitações da escrita em transmitir a 
mensagem, é possível, gritar, sussurrar, contar, explicar, comentar, jurar, lembrar, 
enfatizar, retrucar, contradizer e afirmar. 
É o que propõe Müssnich da seguinte forma: “Faça uma 
experiência. Escreva: ‘Ele andou até o carro’. Agora, experimente retirar a palavra 
‘andou’ e trocar por uma dessas: ‘arrastou-se’, ‘cambaleou’, ‘marchou’, ‘saltitou’, 
correu’. Cada uma dessas sugere cena diferente”.11 
Da soma de todos os parágrafos jurídicos tem-se como 
resultado o texto jurídico organizado, ou seja, a própria peça processual completa. 
Deve-se evitar espaços significativos entre as partes do texto, 
tanto para não permitir qualquer inserção como também para economizar material.12 
 
3.3.1 Impessoalidade 
As petições devem sempre ser escritas na terceira pessoa, 
devendo ser evitado sempre que possível o uso constante de vocativos para chamar 
a atenção do juiz, como a exemplo “Ocorre Excelência...”. 
Como ensina Pereira, ao iniciar o texto na terceira pessoa, não 
se pode mudar para outra pessoa da conjugação verbal, sob pena de macular o 
aspecto linguístico. Ademais, o advogado fala pelo constituinte; não por si e diante 
disso, o referido autor exemplifica: 
Não se diz: “grifos nossos” (primeira pessoa), deve ser dito: “grifos do 
subscrito” ou “grifou-se”; não se diz: “em meu entendimento” 
(primeira pessoa), deve ser dito: “é do entendimento do Autor”; não 
 
11 MÜSSNICH, Francisco. Cartas a um jovem advogado. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007, p. 
30. 
12 CAMPESTRINI, Hildebrando. FLORENCE, Ruy Celso Barbosa. Como redigir petição inicial. 3ª 
ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 88. 
13 
Profº. Rodrigo Jansen 
r.jansen@terra.com.br 
 
 
se diz: “em que pese o nosso respeito pela parte contrária” (primeira 
pessoa), deve ser dito: “em que pese o respeito nutrido pela parte 
contrária”; não se diz: “os nossos tribunais têm entendido...”, deve 
ser dito: “os tribunais pátrios têm entendido...”. Não se usa as 
expressões nosso, nossos, meus, minhas, porque a redação deverá 
seguir uniforme, sempre na terceira pessoa.13 
 
3.3.2 Concisão 
Ser conciso significa trabalhar com fatos necessários, 
suficientes para formar o convencimento do juiz, ou seja, devem ser evitados fatos e 
expressões redundantes e repetitivos, que emitem dúvida ou são inúteis.14 
Para Viana, concisão “é o ato de exprimir muitas idéias, 
utilizando-se o menor número de palavras possíveis, evitando detalhes e repetições 
desnecessários. Isso significa que se deve ir direto ao assunto. As peças 
processuais com laudas extensas não garantem a vitória em uma ação judicial, mas 
o conhecimento jurídico que o profissional do Direito tem sobre o assunto que está 
‘sub judice’”.15 
A respeito disso, reforça Pereira “não ser conveniente elaborar 
parágrafos ‘quilométricos’, porque ficam cansativos para a leitura. [...]. Cansativos 
também são os petitórios com dezenas de decisão pretorianas (jurisprudência)”.16 
Devem ser afastados os extremos, a petição não dever ser 
muito extensa nem muito reduzida. O advogado deve se limitar ao estritamente 
necessário e para cada parágrafo formular uma única ideia ou fato. 
 
3.3.3 Coesão 
Coesão, segundo Viana, “é a competência linguística de se 
estabelecer uma relação de sentido entre as palavras, expressões ou enunciados 
que compõem a redação forense. É o encadeamento das idéias, uma seqüência de 
 
13 PEREIRA, Ézio Luiz. Da Petição Inicial – técnica, prática e persuasão. 6ª ed. CLEDIJUR: São 
Paulo, 2011, p. 20. 
14 Texto extraído do seguinte site: http://www.scribd.com/doc/16356130/Apostila-de-Pratica-
Processual-Civil. Acessado em 11 de dezembro de 2010. 
15 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.99. 
16 PEREIRA, Ézio Luiz. Da Petição Inicial – técnica, prática e persuasão. 6ª ed. CLEDIJUR: São 
Paulo, 2011, p. 21. 
14 
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enunciados que formam o texto jurídico”.17 Ou seja, a coesão deve estar em cada 
parágrafo. 
 
3.3.4 Coerência 
Para Viana, coerência “é a unidade de sentido de um texto, 
permitindo que suas várias partes estejam ligadas harmonicamente entre si, sua 
base é a lógica contextual, pois o texto coerente apresenta começo, meio e fim” 18. 
Deste modo, diferente da coesão, a coerência é a ligação de um parágrafo com o 
próximo, dando organicidade no texto de forma a facilitar a compreensão das idéias. 
 
3.3.5 Objetividade 
A linguagem objetiva importa em convencer o juiz com 
exposição lógica, coerente, segura, com serenidade e firmeza, que não se confunde 
com exaltação ou destempero. Assim, a objetividade não admite afirmações 
supérfluas e prolixas.19. 
 
3.3.6 Vernaculidade e abreviaturas 
Vernáculo é o idioma próprio e peculiar do país. Deve-se evitar 
o uso de expressões latinas e/ou estrangeiras. 
Dispõem a Constituição da Republica Federativa do Brasil, 
artigo 13 e o Código de Processo Civil, artigo 156: 
Art. 13 CRFB/1988. A língua portuguesa é o idioma oficial da 
República Federativa do Brasil. 
 
Art. 156 CPC. Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o 
uso do vernáculo. 
 
17 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.78-79. 
18 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.80-81. 
19 Texto extraído do seguinte site: http://www.scribd.com/doc/16356130/Apostila-de-Pratica-
Processual-Civil. Acessado em 11 de dezembro de 2010. 
15 
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Ressalta-se aconselhável evitar o uso de abreviaturas, salvo 
para referir-se à siglas, aos códigos ou à Constituição Federal, como por exemplo: 
CPC, CC, CLT, CF, CPP, OAB, PROCON, INSS, INPC etc. Algumas palavras 
especiais também podem vir abreviadas, tais como: CTPS, RG, CPF, CNPJ, CEP, 
FGTS, MM., TJSC, STF, STJ, doc., p. ex., séc., art., pág. etc. Neste sentido é o 
Código de Processo Civil: 
Art. 169, § 1º CPC. É vedado usar abreviaturas. 
Esta é a corrente favorável adotada pela doutrina de nunca 
abreviar. Pois muitas abreviações somente são conhecidas das pessoas que delas 
as utilizam20. 
 
3.3.7 Clareza 
Viana21 conceitua clareza como sendo a “capacidade de se 
organizar as idéias de forma a expô-las sem obscuridade. Vários fatores impedem a 
clareza de um texto jurídico, a saber: erros gramaticais, vocábulos imprecisos ou 
rebuscados, períodos longos, frases mal articuladas etc.” 
 
3.3.8 Lógica 
É a adequação das informações na ordem em que os fatos 
ocorreram, de forma sutil e pacífica, mas voltada ao convencimento do examinador.Assim, os argumentos lançados na fundamentação de uma petição inicial devem 
justificar os pedidos.22 
 
 
 
 
20 GONÇALVES, Mirian. Petição inicial no direito processual civil: teoria e prática. 2ª ed. – rev. e 
aum. – São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002, p. 29. 
21 VIANA, Joseval Martins. Manual de redação forense e prática jurídica. 2. ed. São Paulo: Juarez 
de Oliveira, 2005, p.99. 
22 Texto extraído do seguinte site: http://www.scribd.com/doc/16356130/Apostila-de-Pratica-
Processual-Civil. Acessado em 11 de dezembro de 2010. 
16 
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3.3.9 Cortesia 
É o dever de urbanidade entre os sujeitos da relação 
processual (as partes, o juiz, e os advogados entre si). Quanto a este aspecto, é 
importante lembrar o dispositivo legal da resolução do Código de Ética e Disciplina 
da Ordem dos Advogados do Brasil, art. 44: 
Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades 
e os funcionários do Juízo com respeito, discrição e independência, 
exigindo igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem 
direito. 
Frisa-se o dito no item 3.2 supra: ao elaborar suas petições, o 
advogado deve ter cuidado para não dar ao texto caráter de subordinação entre 
advogado e magistrado ou membros do Ministério Público (art. 6º do Estatuto da 
Advocacia – Lei nº 8.906/94). Deverá se manifestar com respeito e urbanidade em 
relação aos demais sujeitos do processo, mas nunca atribuir ao texto jurídico ou 
atuação oral tom de submissão ou inferioridade.23 
 
3.3.10 Ética 
Há um compromisso do advogado com a ética profissional, 
devendo prevalecer, em qualquer situação, o respeito à dignidade dos envolvidos. A 
necessária firmeza nos argumentos não permite agressões, ironias, calúnia ou 
injúria. A inviolabilidade do advogado não lhe dá o direito de colocar em prática este 
comportamento. 
O próprio CPC estabelece, nos incisos do art. 14, às partes e a 
todos aqueles que participam do processo, os deveres de “expor os fatos em juízo 
conforme a verdade”; “proceder com lealdade e boa-fé”; “não formular pretensões, 
nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento”; “não produzir 
provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do 
direito” e “cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar 
embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final”. 
Assim, deve-se postular no processo sem atacar as partes, juiz 
ou advogados. 
 
23 BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática Jurídica Civil. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011, p. 28. 
17 
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3.3.11 Elegância textual 
A elegância textual é o resultado que se deve obter com o texto 
jurídico finalizado, ante a observação de todas as características anteriormente 
estudadas. Estão incluídas na elegância textual, além do conteúdo, a originalidade e 
a estética da peça processual, ou seja, o próprio aspecto formal do texto jurídico, o 
qual deverá conter parágrafos e estar justificado. 
Pereira recomenda que “Esteticamente, as expressões latinas 
ou estrangeiras devem vir em negrito ou itálico. As citações importantes devem ser 
DESTACADAS, ‘e n f a t i z a d a s’, EVIDENCIADAS, de maneira tal que, ao 
manusear a petição, atraia o julgador e chame-o para a leitura; seja convite 
agradável”.24 Mas sem exageros. 
Finalizada peça processual pertinente, o profissional deverá 
revisá-lo para evitar adendos e rasuras. É o último estágio, efetuando os definitivos 
retoques. 
 
3.4 COMO REDIGIR UMA PETIÇÃO INICIAL 
Segundo Bortolai25, para se redigir uma petição inicial deve-se 
obedecer a ordem de dez critérios: 
1º Historiar os fatos em ordem cronológica. 
2º Verificar qual o direito do requerente em função dos fatos narrados 
(a que título formulará a pretensão), justificando. 
3º Verificar, pela matéria versada, qual o juízo competente: 
monocrático (federal, estadual ou especial) ou tribunal. 
4º Se Justiça estadual, verificar a comarca competente. 
5º Se capital, verificar se Vara especializada ou Regional. 
6º Verificar, dentre as ações existentes (conhecimento, execução, 
cautelar), qual a que interessa. 
7º Dentre essas ações selecionar aquela com rito adequado 
(ordinário, sumário, por exemplo, se executivo aquela pertinente 
etc.). 
8º Tendo em vista o direito do requerente (o direito aplicável à 
espécie) e o fato concreto (fato narrado e documentado), deduzir 
pretensão (formular pedido), observando o silogismo legal: P.M. – lei; 
p.m. – fato; cls. – pedido. 
 
24 PEREIRA, Ézio Luiz. Da Petição Inicial – técnica, prática e persuasão. 6ª ed. CLEDIJUR: São 
Paulo, 2011, p. 62. 
25 BORTOLAI, Edson Cosac. Manual de prática forense civil. 9. ed. São Paulo: RT, 2003, p. 37. 
18 
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9º Verificar pelos fatos narrados qual o valor envolvido, observando-
se o art. 259 do CPC. 
10º Analisar qual a melhor maneira de demonstrar ao juiz a 
ocorrência dos fatos alegados (ou verificar quais as provas de que se 
disporá no curso do processo: documental, oral, pericial ou outras). 
Gonçalves26 salienta que “os fatos devem ser descritos, mas 
não seja prolixo. Uma petição clara é muito mais adequada do que uma rebuscada. 
Por técnica da redação, não utilize parágrafos muito longos, pois, caso contrário, é 
certo que se perderá na concordância, e quem estiver lendo já se perderá no meio 
de algumas palavras”. 
 
3.5 MÉTODOS PARA IDENTIFICAR O JUÍZO COMPETENTE 
A localização da competência, na vida prática, nada mais é do 
que encontrar entre os órgãos do Poder Judiciário brasileiro e nas diversas divisões 
territoriais aquele que seja o único investido pela lei para processar e julgar o 
conflito.27 
 
3.5.1 A busca pelo juízo competente 
1º Verificar se a justiça brasileira é competente para julgar a 
causa (arts. 88-89, CPC); 
2º Investigar se é competência originária (juiz monocrático ou 
tribunal) ou órgão atípico (art. 51-52, CRFB/1988 - Senado Federal, Câmara dos 
Deputados, Assembléia Legislativa); 
3º Identificar se a competência é da justiça especial (eleitoral, 
trabalhista, militar) ou comum (estadual ou federal); 
4º Se comum: verificar se é federal (art. 109 CRFB/1988) ou 
estadual (residual); 
 
26 GONÇALVES, Mirian. Petição inicial no direito processual civil: teoria e prática. 2ª ed. – rev. e 
aum. – São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002, pp. 28/29. 
27
 BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática Jurídica Civil. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011, p. 77. 
19 
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5º Se estadual: buscar o foro (comarca) competente – local 
(cidade) onde a demanda deve ser proposta (arts. 94 a 100 do CPC); 
6º Verificar o juízo competente (vara especializada). 
Observação: competência estadual comum – é residual 
(remanescente). Todas as matérias que não estiverem definidas como sendo de 
competência de outros entes é de competência da justiça estadual. Assim, a 
localização da competência poderá ser realizada por critério de exclusão. 
 
3.5.2 Identificação da ação cabível (peça processual a ser elaborada) 
 
O primeiro passo que se deve buscar é verificar qual processo 
e o procedimento a ser seguido: de conhecimento – comum ou especial -, de 
execução ou cautelar, de acordo com o CPC, e o procedimento a ser seguido. Para 
tanto, deve-se examinarcuidadosamente o direito material e o direito processual28. 
As providências jurisdicionais advindas de cada um destes são 
diferentes. Assim, no conhecimento objetiva-se a certificação do direito (mediante 
uma condenação, constituição ou declaração), na execução pretende-se a 
realização do direito consubstanciado no título executivo e na cautelar pretende-se o 
acautelamento do resultado útil da certificação ou da atuação do direito, que pode se 
dar de maneira preventiva, preparatória ou incidental (no curso de outra ação). 
Santos aconselha usar o método de exclusão. “Primeiro veja se 
é caso de processo de execução, não sendo descarte-o, em seguida verifique se é 
processo cautelar, não sendo já se sabe que o processo é o de conhecimento”.29 
Parizatto30, a título de orientação para a propositura de ação 
judicial estabelece a seguinte ordem: 
a) Escolher o tipo de ação a ser ajuizada, prevista no processo de 
conhecimento, no processo de execução, no processo cautelar, nos 
processos especiais de jurisdição voluntária ou contenciosa. 
 
28 Quando o tipo de procedimento, escolhido pelo sujeito ativo, não corresponder à natureza da 
causa, ou ao valor da ação, e a petição inicial não puder se adaptar ao procedimento legal, esta será 
indeferida (CPC, art. 295, V). 
29 SANTOS, Vauledir Ribeiro. Como se preparar para o exame de ordem. 11. ed. São Paulo: 
Método, 2005, p. 203. 
30 PARIZZATO, João Roberto. Prática forense. v. 2. 10. ed. São Paulo: Edipa, 2010, p. 2501-2502. 
20 
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b) Escolher o procedimento para a ação (comum – ordinário ou, 
sumário, especiais de jurisdição voluntária, especiais de jurisdição 
contenciosa, de execução, cautelar ou previsto em outra lei 
extravagante). 
c) Verificar o juízo competente para a ação, inclusive Juizado 
Especial Cível. 
d) Verificar o valor da causa. 
e) Verificar a legitimidade ativa (do autor) e passiva (do réu) para a 
ação. 
f) Verificar se o direito não está prescrito ou se não ocorreu 
decadência. 
 
3.6 LINGUAGEM UTILIZADA – TERMINOLOGIA/DENOMINAÇÃO DAS PARTES 
Deve-se usar corretamente a terminologia jurídica e não a 
substituir por sinônimos. O direito é uma ciência e como tal exige rigor em sua 
linguagem. A terminologia correta é a que consta da doutrina e dos códigos. Ex. 
Petição inicial não deve ser substituída por, exordial, peça vestibular, prefacial, peça 
inaugural e outras equivalentes. O emprego correto do termo técnico não acarreta o 
menor problema na sua repetição, o que somente facilita a tarefa do leitor, no 
acompanhamento do raciocínio ali desenvolvido.31 
Devem-se evitar nomenclaturas abolidas pelo sistema 
processual atual, como a exemplo de suplicante e suplicado. 
Abaixo seguem algumas terminologias das partes no processo 
dependendo do tipo da ação intentada em juízo. Devendo profissional zelar em 
manter sempre as terminologias do começo ao final da redação, sem misturar, ainda 
que como sinônimos, a exemplo, uma hora denominar de autor e noutra de 
requerente. Assim, deve-se atentar para a uniformização da redação no tratamento 
das partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 CASSANY, Daniel. Descrever o escrever: como se aprende a escrever. Itajaí: Univali, 1999. 
21 
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4 TERMINOLOGIA DAS PARTES NO PROCESSO 
DEMANDAS/RECURSOS DESIGNAÇÃO DAS PARTES NO PROCESSO 
POLO ATIVO POLO PASSIVO 
Genérico para demandas 
Autor 
Requerente 
Demandante 
Réu 
Requerido 
Demandado 
Genérico para recursos Recorrente Recorrido 
Ação trabalhista Reclamante Reclamado 
Agravo Agravante Agravado 
Apelação Apelante Apelado 
Alimentos Alimentando/alimentado Alimentante 
Cobrança / Monitória Credor Devedor 
Consignação em pagamento Consignante Consignado/Consignatário 
Curatela Curador Curatelado 
Embargos Embargante Embargado 
Exceções Excipiente Excepto 
Execução Exequente/Credor Executado/Devedor 
Interdição Interditando Interditado 
Locação Locador Locatário/Inquilino 
Impugnação Impugnante Impugnado 
Inventário Inventariante Inventariado 
Mandado de Segurança Impetrante Impetrado 
Notificação Notificante Notificado 
Nunciação de Obra Nova Nunciante Nunciado 
Reconvenção Reconvinte Reconvindo 
Reivindicação Reivindicante Reivindicado 
Tutela Tutor Tutelado 
Usucapião Usucapiente Usucapiendo 
 
5 TERMINOLOGIA NA REDAÇÃO DA PEÇA 
 
Propor/Ingressar/Ajuizar Ações 
Promover Execuções 
Interpor Apenas para recursos 
Opor/arguir Exceções 
Impetrar 
Para remédios constitucionais, como Mandado de Segurança, 
Injunção, habeas corpus (paciente), habeas data etc. 
Apresentar/Oferecer/ 
Manifestar 
Réplica, contestação, respostas do réu e manifestações em geral 
durante o curso do processo. 
22 
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6 PETIÇÃO INICIAL 
Petição inicial é, sem dúvida, a mais importante peça 
processual que compõe um processo, eis que através dela se demonstra o que a 
parte pretende, como pretende, esclarecem-se os fatos e o enquadramento jurídico 
do pedido. Trata-se de ato solene. 
De regra, somente após a iniciativa da parte (autor ou 
interessado), é que o juiz poderá prestar a tutela jurisdicional, conforme dispõe art. 
2º do CPC: 
Art. 2º CPC. Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão 
quando à parte ou o interessado a requerer, nos casos e formas 
legais. 
Theodoro Junior ensina que “sem a petição inicial, não se 
estabelece a relação processual. É ela que tem a força de instaurar o processo e de 
fixar o objeto integral daquilo que vai ser solucionado pelo Órgão Jurisdicional: o 
litígio”.32 
Para Palaia33, a elaboração da petição inicial exige “cuidado na 
escolha da ação, precisão jurídica dos conceitos, clareza de idéias e de 
desenvolvimento do raciocínio, concisão na exposição dos fatos e fundamentos e 
perfeição lógica e jurídica, [...]”. 
 
6.1 CONCEITO 
Santos conceitua petição inicial como o “direito de agir, que é 
geral e abstrato, e que consiste no direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado 
para decidir sobre uma pretensão, manifesta-se em concreto por meio de uma 
petição escrita do autor ao juiz. A essa petição denomina-se petição inicial, ou 
simplesmente, inicial”.34 
 
32 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de processo civil. v. 1. 36. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2001, p. 318. 
33 PALAIA, Nelson. Técnica da petição inicial. 8 ed. rev. e atual. São Paulo: 2004, p. 21. 
34 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. v. 1. 26. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2009, p. 141. 
23 
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Wambier conceitua petição inicial “como o instrumento pelo 
qual se introduz a demanda em juízo. [...]. Como o ato processual escrito, pelo qual 
se exerce o direito de ação, dando início à atividade jurisdicional”.35 
 
6.2 FINALIDADE 
Casella leciona que “quando alguém pretende propor qualquer 
ação, que consiste no direito de invocar ‘tutela jurisdicional’ do Estado para decidir 
sobre uma pretensão resistida, manifesta-se através de um requerimento escrito 
dirigido ao juiz de direito ou tribunal, por meio de advogado devidamente habilitado e 
credenciado”.36 
Complementa o autor: 
Dá-se o nome de ‘petição inicial’ a esse requerimento. Na sua 
composição é necessário observar os requisitos previstos no art. 282 
do CPC, os quais são essenciais e não devem faltar qualquer 
espécie de ação. Seja qual for o rito processual previsto, ela se fará 
homogênea, somente se alterando no que tange aos fatos efundamentos jurídicos, que são próprios a cada ação a ser proposta. 
A petição inicial é o ato instrumental para o início da ação: Nemo 
judex sine actore (Não há juiz sem autor) e Ne procedat judex de 
offcio (O juiz não procede de ofício) – arts. 262 e 2º do CPC. A 
petição inicial é a peça mais importante do processo. É ela que 
estabelece os limites da própria sentença, a qual não pode ficar 
aquém, nem além e nem fora do que for nela articulado.37 
 
6.3 FORMA E ELABORAÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL 
Apesar de inexistir regra legal acerca da forma de como devem 
ser redigidas as petições apresentadas em juízo, tem-se que o profissional do direito 
deva fazê-la da melhor forma possível. Diante disso, frisa-se que será exigida a 
forma metodológica apresentada no item 2 desta apostila. 
Ademais se transcreve o dispositivo legal da resolução do 
Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, art. 45: 
 
35 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. v. 1. 8. ed. São Paulo: RT, 2006, 
p. 266. 
36 CASELLA, José Erasmo. Manual de prática forense. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 1. 
37 CASELLA, José Erasmo. Manual de prática forense. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 1-2. 
24 
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Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem 
escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos serviços. 
Muito embora não haja forma definida em lei, em regra, a 
petição inicial deverá ser manifestada por escrito, através de advogado constituído e 
habilitado (arts. 36 a 38 do CPC), salvo nos casos expressamente previstos em lei38. 
Não pode a parte, salvo se possuir habilitação legal, propor a ação, sem assistência 
de um advogado. 
 
6.4 ESTRUTURA DA PETIÇÃO INICIAL 
A petição inicial é composta por partes que podem ser divididas 
em introdução (identificação, que compreende preâmbulo, epígrafe e identificação 
completa das partes, inclusive endereço com CEP), corpo (narração/exposição dos 
fatos), postulação (petitório) e complementos. A divisão proposta e exigida é no 
sentido da utilização de 03 (três) grandes tópicos: DOS FATOS; DO DIREITO e 
DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS. 
Os requisitos que devem ser observados na elaboração da 
petição inicial são previstos no artigo 282 do CPC e aplicam-se a todas as ações 
judiciais, independentemente do procedimento. No entanto, devem ser observados 
os requisitos específicos em relação aos demais procedimentos, quando a 
legislação os estabelecer. 
Embora não constem como requisito do Código de Processo 
Civil, o número da carteira de identidade, bem como do CPF/MF, no caso de pessoa 
física ou CNPJ, no caso de pessoa jurídica, devem também constar das petições, 
conforme provimento 11/2008 do TJSC: 
 PROVIMENTO N. 11/2008 
 
Dispõe sobre a informação do número de inscrição das partes no 
Cadastro de Pessoas Físicas - CPF ou no Cadastro Nacional da 
Pessoa Jurídica - CNPJ da Receita Federal do Brasil. 
 
38 Por exemplo, nas causas de valor inferior a vinte salários mínimos, perante o Juizado Especial 
Cível, conforme art. 9º, da Lei nº 9.099/1995, nas causas de valor inferior a sessenta salários 
mínimos, perante os Juizados Especiais Federais Cíveis, conforme Lei nº 10.259/2001, a impetração 
de Habeas Corpus, nos termos do artigo 654 do CPP e do §1º do artigo 1º da Lei 8.906/1994, entre 
outros. 
25 
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213-A. As petições iniciais, de respostas e de recursos 
protocolizadas no Foro Judicial devem ter a indicação do CPF 
ou CNPJ do requerente e respectivo procurador. 
§ 1o O autor, na petição inicial, deverá indicar o CPF ou CNPJ do 
réu. 
§ 2o Na hipótese de a parte não possuir a inscrição nos 
cadastros da Receita Federal, ou quando para o réu não for 
conhecido o respectivo número, tais circunstâncias deverão ser 
declaradas na petição inicial, e responderá o declarante pela 
veracidade da afirmação, especialmente para os efeitos do art. 
17 do CPC. 
§ 3o A especificação do CPF e CNPJ também é obrigatória para os 
casos de pluralidade de partes (litisconsórcio ativo ou passivo). 
§ 4o Caso não seja indicado o número do CPF ou CNPJ da parte, o 
servidor procederá à intimação para suprir a omissão. 
§ 5o Persistindo a omissão, o Juiz poderá determinar diligências para 
suprir sua falta. 
[...]. 
Se for parte (autor ou réu) pessoa jurídica, deve ser qualificado, 
indicando quem a representa, em observação ao disposto no art. 12, VI do CPC. Tal 
dispositivo deverá ser observado para não incorrer em falta de legitimidade, em se 
tratando dos casos ali expressos. 
Deverá atentar-se para os casos de incapacidade (art. 3º e 4º 
do Código Civil) o qual incidirá a regra do art. 8º do CPC, conforme for o caso. 
 
6.4.1 Preâmbulo 
De acordo com Luz, “insere-se, nesse item, o destinatário da 
petição inicial, ou seja, a autoridade judicial que pretende o autor seja o responsável 
pela apreciação e julgamento da demanda”.39 
Em suma, é o endereçamento da petição, conforme art. 282, I 
do CPC, que dependendo de cada caso, deverá ser dirigido ao juiz de 1º grau 
(estadual ou federal), sem indicar a vara, porque depende de prévia distribuição, em 
regra. 
 
 
 
39 LUZ, Valdemar P. Manual Prático de iniciação à advocacia. 7. ed. Florianópolis: Conceito 
Editorial, 2009, p. 17. 
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Aconselha-se escrever todo o texto em maiúsculo, negrito e 
sem abreviação. (ver item 3.3.6 supra). 
 
6.4.2 Cabeçalho 
O cabeçalho, para Luz, “consiste na menção expressa, que se 
faz ao nome das partes (demandante, demandado), bem assim as suas respectivas 
qualificações (nacionalidade, estado civil, profissão) e respectivos endereços, ao que 
se acrescenta a denominação (nomem iuris) da ação que se pretende”.40 A 
indicação do rito logo após a denominação da demanda. 
É a qualificação das partes, conforme dispõe art. 282, II do 
CPC. Caso forem mais de um autor e/ou mais de um réu, todos deverão ser 
devidamente qualificados, podendo ser indicados na sequência ou um abaixo do 
outro, como preferir. 
 
40 LUZ, Valdemar P. Manual Prático de iniciação à advocacia. 7. ed. Florianópolis: Conceito 
Editorial, 2009, p. 19. 
EXEMPLOS: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __VARA CÍVEL DA COMARCA DE 
BLUMENAU – SANTA CATARINA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA 
DE BLUMENAU/SC - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE 
BLUMENAU - SANTA CATARINA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA CATARINA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO 
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
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 Quanto a forma, será a mesma da exigida para o 
endereçamento, ou seja, o nome das partes e a denominação jurídica da demanda 
devem ser escritos com letras maiúsculas e em negrito, conforme quadro abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
Embora muitas vezes não seja possível saber a qualificação 
completa das partes, por não se conhecer,por exemplo, o estado civil ou a profissão 
da parte oposta, é necessário que se faça a individualização destas para que, entre 
outras coisas, a sentença possa obrigar pessoas certas e também para evitar a 
citação de pessoas homônimas41. 
Gonçalves42 ensina que a ação é proposta em face de alguém 
e não contra alguém. A técnica é que o autor ingressa com a ação em face de 
alguém e contra o Estado. A parte contra o Estado não precisa ficar constando da 
inicial, pois é presumida. Também não é correta a expressão “face a”, que vem do 
Francês. Em português, o correto é em face de. 
Quanto a utilização de artigos no cabeçalho, em certas 
situações é aceitável, desde que a indicação do(s) artigo(s) se refira(m) apenas ao 
direito processual e nunca relativos a direito material.43 
É adequado, desde o início da petição (seja inicial, 
intermediária ou de resposta), enumerar os documentos que a instruem, e ao final 
catalogá-las em ordem no “rol de documentos”. 
 
41 É importante lembrar os casos de litisconsórcio necessário (CPC, art. 47, primeira parte), pois é 
indispensável que todos estejam figurando na petição inicial, sob pena de extinção do feito, uma vez 
que “a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo”. 
42 GONÇALVES, Mirian. Petição inicial no direito processual civil: teoria e prática. 2ª ed. – rev. e 
aum. – São Paulo: Juarez de Oliveira, 2002, p. 30. 
43 BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática Jurídica Civil. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011, p. 40. 
EXEMPLO: 
NOME DO REQUERENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e 
residência, RG e CPF, por intermédio de seu advogado que abaixo subscreve (procuração em anexo), 
ingressar com 
AÇÃO DE CONHECIMENTO, pelo rito ordinário 
 
em face de NOME DO REQUERIDO, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência, RG e 
CPF, pelos seguintes fatos e fundamentos que passa a expor: 
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Observação: entre o endereçamento da petição (preâmbulo) e 
a qualificação das partes (cabeçalho) deve-se deixar o máximo de espaço possível, 
pois, apesar de raro nos dias atuais, em determinadas situações, é nesse espaço 
que o juiz escreverá sua decisão ou despacho a respeito do pedido formulado. 
Ademais, neste espaço é indicado no número que os autos receberá, na forma de 
etiqueta adesiva. Assim, é aconselhável iniciar a qualificação das partes pouco 
abaixo da metade da folha do papel. 
 
6.4.2.1 Nome da ação 
Quanto ao nome da ação, pertinente trazer a crítica de Paiva44: 
É comum, na prática diária, depararmo-nos com ações nominadas 
(cobrança, indenização, declaratória, anulatória etc). Trata-se de 
prática comum e que não pode ser considerada errada. A nosso ver, 
entretanto, as ações não têm nome, na exata medida em que filiamo-
nos à teoria abstrata e autônoma quanto à natureza jurídica do direito 
de ação. Daí preferirmos nos limitarmos à utilização do nome da 
ação em relação ao tipo de processo: ação de conhecimento, ação 
de execução e ação cautelar. Nas ações submetidas a 
procedimentos especiais (depósito, consignação, monitória etc) 
utilizamos nominar a ação apenas com o objetivo de designar o 
procedimento adequado, isso, entretanto, não altera a sua natureza 
jurídica – por exemplo, as ações de procedimento especial são 
verdadeiras ações cognitivas, que em razão de dados específicos 
(direito discutido, partes) submetem-se a ritos processuais 
específicos. 
 
Neste sentido, Theotônio Negrão e José Roberto F. Gouvêa 
afirmam no verbete 11 do art. 250 que “O nome com qual se rotula a causa é sem 
relevância ara a ciência processual.”. 45 
No mesmo sentido é a crítica de Barroso e Lettière: 
Quanto da elaboração da petição inicial, não obstante a omissão do 
art. 282, é dever do autor indicar o tipo de ação e rito escolhido para 
o processamento da demanda. 
E assim, em se tratando de processo de conhecimento comum, 
basta ao autor indicar no preâmbulo AÇÃO PELO RITO ORDINÁRIO 
ou AÇÃO PELO RITO SUMÁRIO. 
Por outro lado, em caso de processo de conhecimento de rito 
especial (previsto no Código de Processo Civil – arts. 890 a 1.210 – 
 
44 PAIVA, Lúcio Flávio. Em material didático fornecido no site www.tvjustica.com.br. Acessado em 
28/11/2011. 
45 NEGRÃO, Theotônio, GOUVÊA, José Roberto F. Código de Processo Civil. 37ª ed. São Paulo: 
Saraiva, 2005, p. 335. 
 
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ou na legislação extravagante), o procedimento é nominado, ou seja, 
a ação é dotada de um nome previsto na lei, por exemplo, ação 
possessória, ação monitória, ação de divórcio, ação de alimentos, 
ação de consignação em pagamento etc. 
Temos assistido a inúmeras aberrações práticas ao presenciar 
advogados criando nomes para ações que, pela lei, são inominadas. 
Por exemplo, verificando em certa petição inicial o seguinte: (...) 
propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS 
CUMULADA COM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS 
MATERIAIS DE LUCROS CESSANTES, DANO ESTÉTICO E 
PENSÃO VITALÍCIA. 
Na verdade, no exemplo anterior, o advogado não indicou a ação 
nem o rito, apenas trouxe para o preâmbulo da petição inicial o 
pedido, ou seja, aquilo que deveria constar no final. E pior, deixou de 
indicar o rito da ação, o que, no caso, seria o mais importante. 
Devemos ressaltar que não existe ação de cobrança, ação de 
indenização, ação de reparação de danos, ação de obrigação de 
fazer, reivindicatória, imissão na posse etc. 
Na realidade, estas não são ações, mas o pedido contido em ações 
de conhecimento que tramitaram pelo rito ordinário ou sumário. Na 
prática presenciamos a maioria dos advogados usando tal forma, 
que, no entanto, não é técnica ou necessária. 
Não se trata aqui de exacerbar ou de preciosismo da técnica 
processual, isso é apenas um alerta para facilitar e simplificar a 
redação jurídica. Muitas vezes, o candidato no Exame de Ordem, ou 
mesmo o advogado, perde longo tempo tentando achar um nome 
para a ação (como se fosse legisladores), quando, na verdade, a lei 
não dá nome específico para aquela ação, bastando colocar o rito 
ordinário ou sumário (levando em consideração que se trata de 
processo de conhecimento). 
Tudo o que é realizado na prática merece uma explicação pelas 
regras de processo, sob pena de ser inútil ou não ter sentido legal. 
Assim, perguntamos: para o magistrado, o que é mais importante 
saber logo de fronte para a inicial: o objeto (cobrança, indenização) 
ou a ação (execução, cognição ou cautelar) e o rito? 
É indiferente para o magistrado conter no preâmbulo o objeto da 
ação. Mas é de fundamental importância que conste o rito, pois disso 
dependerá seu ato inicial: em se tratando de sumário, citaria para 
comparecer em audiência; sendo ordinário, a citação será para 
defesa no prazo legal; em execução de quantia certa contra devedor 
solvente, a citação se dará para o pagamento em 3 (três) dias, e 
assim por diante. 
Repita-se, ao criticar a fórmula adotada por muitos, temos por 
objetivo adequar a técnica à simplicidade, e não estimular a 
dificuldade de criar nomes para as ações que o legislador preferiu 
deixar inominadas.46 
 
Em que pese a pertinência das críticas, não podemos negar a 
linguagem tradicional dos advogados e da prática forense. 
 
46 BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática Jurídica Civil. 3. ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011, pp.83-84. 
 
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6.4.3 Núcleo ou desenvolvimento 
É o corpo da petição inicial, onde se inseremos fatos e o 
direito, conforme art. 282, III do CPC. 
Os fatos causadores da necessidade de ingressar em juízo 
devem ser relatados com clareza e simplicidade. O sujeito ativo deve demonstrar 
que possui um direito material a ser protegido (fundamentos jurídicos). 
Deve-se procurar narrar os fatos que fundamentam o pedido de 
modo desapaixonado, evitando o uso de expressões agressivas e narrativas 
repetitivas. É interessante que os fatos sejam contados progressiva e 
cronologicamente, de modo a possibilitar o convencimento do juiz acerca dos 
motivos que levaram o sujeito ativo a procurar a tutela jurisdicional do Estado. 
Ao colacionar legislação, doutrina ou jurisprudência, deve-se 
fazê-lo de modo restritivo, ou seja, limitar-se ao que for necessário para convencer o 
juiz de que o direito foi violado e de que é necessária a intervenção do Estado 
através da tutela jurisdicional. A sugestão é de citar jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do tribunal do Estado em que se 
postula a demanda e os dispositivos legais nesta ordem, como forma de realçar a 
aplicação do dispositivo legal cabível ao caso. 
Neste entendimento, aconselha-se a parafrasear o artigo de lei 
ao invés de transcrevê-lo literalmente. Deve-se interpretar a lei e não limitar-se a 
transcrever ou apenas mencionar/indicar o dispositivo legal. 
Barroso e Lettière assim ensinam: “a transcrição legal, como 
regra, é desnecessária, pois o juiz conhece o direito. Somente será imprescindível 
no caso de lei estadual ou municipal – ante sua especificidade e particularidade – ou 
de diploma legal pouco usual”.47 CPC, art. 337. 
Neste sentido o Professor Lúcio Flávio Paiva aborda: “Não é 
requisito previsto na lei a citação de doutrina e jurisprudência. Contudo, mostram-se 
úteis a corroborar o acerto da tese jurídica exposta na petição”.48 
 
47 BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática Jurídica Civil. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011, p. 40. 
48 PAIVA, Lúcio Flávio. Em material didático fornecido no site www.tvjustica.com.br. Acessado em 
28/11/2011. 
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Conquanto assim o seja, é recomendável, para efeito didático, 
a inserção do artigo de lei para facilitar a visualização do juiz, como recurso de 
comunicação. Não é obrigatório, mas é recomendável.49 
É importante frisar que se houver alegação de que se aplica ao 
caso específico direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, a parte 
possui o ônus de fornecer ao juízo a legislação aplicável, provando o teor e a 
vigência (CPC, art. 337, - sugere-se apresentar cópia em documento anexo à 
petição). 
Barroso e Lettière adverte que “inventar ou alterar julgado ou 
texto de doutrina constitui litigância de má-fé, nos termos dos arts. 14 e 17 do 
Código de Processo Civil, podendo implicar imposição de multa, bem como a 
instauração de procedimento ético disciplinar (art. 6º do Código de Ética 
Profissional). E isso porque o Estatuto da OAB é claro: ‘Art. 34. Constitui infração 
disciplinar: XIV – deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de 
julgado, bem como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, 
para confundir o adversário ou iludir o juiz da causa’”.50 
 
6.4.3.1 Títulos e subtítulos – tópicos 
Quando a petição for extensa ou complexa (tratando de vários 
assuntos distintos, como no caso da separação judicial, onde também se pode 
definir a partilha de bens e a guarda de filhos menores), ou ainda quando for 
necessário destacar um pedido de liminar ou de tutela antecipada, pode-se dividi-la 
em títulos e subtítulos.51 
Pode-se dividir tanto a descrição dos fatos como a 
argumentação do Direito. Assim, o tópico “DOS FATOS” (que é o título) pode 
compor-se dos seguintes subtítulos: i) do casamento; ii) dos filhos; iii) da guarda dos 
filhos; iv) dos alimentos; v) do direito de visita; vi) dos bens do casal; vii) da partilha 
 
49 PEREIRA, Ézio Luiz. Da Petição Inicial – técnica, prática e persuasão. 6ª ed. CLEDIJUR: São 
Paulo, 2011, p. 60. 
50 BARROSO, Darlan; LETTIÈRE, Juliana Francisca. Prática Jurídica Civil. 3ª ed. São Paulo: Editora 
Revista dos Tribunais, 2011, p. 41. 
51 Texto extraído do seguinte site: http://www.scribd.com/doc/16356130/Apostila-de-Pratica-
Processual-Civil. Acessado em 11 de dezembro de 2010. 
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dos bens; vii) do nome etc; e o tópico “DO DIREITO” (que é o título) poderá ser 
subdividido nos seguintes subtítulos: i) dos danos morais; ii) dos danos materiais; iii) 
do lucro cessante; iv) do quantum indenizatório; v) da antecipação da tutela vi) da 
inversão do ônus da prova etc. 
 
6.4.4 Postulação 
É onde contém o pedido e o requerimento, os quais não se 
confundem. Deve-se observar o contido no art. 282, IV, VI e VII do CPC. 
Pedido é o que o autor pretende com a ação. Decorre de um 
direito subjetivo, o qual deve ser provado. Quando apreciado provoca uma decisão 
do juiz sobre o direito material (decisão interlocutória ou sentença). “É a conclusão 
do pedido. Indica o autor, de maneira positiva, certa e congruente, o objetivo de sua 
pretensão”.52 
Requerimento tem por escopo exigir o cumprimento de um 
direito, decorre de direito objetivo e provoca um despacho ou uma decisão 
interlocutória. O juiz verificará apenas a presença ou não dos pressupostos 
necessários para o exercício do direito53. São as outras providências de ordem 
processual que o autor pretende sejam adotadas para o impulsionamento do 
processo54, não há discussão sobre direito material e não é decidido por sentença. 
Dinamarco55 diferencia pedido e requerimento da seguinte 
forma: “a manifestação da vontade de obter a sentença de mérito indicada é um 
pedido. A provocação ao juiz para que impulsione o processo, requerimento.”. 
O pedido apresenta dois aspectos: uma provisão jurisdicional 
(sentença declaratória, sentença constitutiva, sentença condenatória - que é o 
pedido imediato) e que tutela um bem jurídico (por exemplo: a indenização, os 
alimentos, a posse, a anulação de cláusula contratual – que constitui o pedido 
mediato). 
 
52 CASELLA, José Erasmo. Manual de prática forense. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 6. 
53 CAMPESTRINI, Hildebrando. FLORENCE, Ruy Celso Barbosa. Como redigir petição inicial. São 
Paulo: Saraiva, 2002, p. 101. 
54 Como, por exemplo, o requerimento de citação do réu, de produção de provas, de expedição de 
ofício para o empregador do réu. 
55 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v. 3. 4. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2004. p. 355 
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O pedido possui determinados requisitos: deve ser certo (vir 
expresso, explícito, claro, não sendo admitido pedido tácito - CPC, arts. 128, 293 e 
460) e determinado (definido, identificado, caracterizado e delimitado em sua 
qualidade e quantidade), e deve estar de acordo com a causa de pedir, ou seja, 
deve haver conexão entre a causa de pedir e o pedido (ser concludente - CPC, art. 
286 e seguintes). 
Quanto ao pedido certo e determinado, Pereira ensina: 
O que não precisa de ser explícito é pedido decorrente de lei, 
inseparável do bem jurídico. Por exemplo: não há necessidade de 
pedir, em ação condenatória, juros legais porque decorrente do art. 
293, do CPC. Não precisa pedir correção monetária porque decorre 
da lei nº 6.899/81. Não precisa pedir condenação em honorários 
porque a lei processual assimo determina, no art. 20, do CPC. Não 
precisa pedir explicação de multa cominatória na condenação em 
obrigação de fazer, porque o art. 461, com a nova roupagem ofertada 
pela lei nº 8.952/94, assim o determina. Não obstante, recomendo 
carreá-lo para o ato postulatório, porque uma coisa é ser bom, 
razoável; outra é ser ótimo.56 
Contudo, apesar deste entendimento, faz-se aconselhável a 
indicação para fins didáticos. 
Conforme o ensinamento de Theodoro Júnior57, o sujeito ativo 
“deve explicar com clareza qual a espécie de tutela jurisdicional solicitada: se de 
condenação a uma prestação, se de declaração de existência ou não de uma 
relação jurídica, ou se constituição de uma nova relação jurídica”, devendo “a 
prestação reclamada ou a relação jurídica a declarar ou constituir” também ser 
“explicitamente definidas e delimitadas.”. 
A petição inicial será inepta, ensejando o seu indeferimento, 
quando lhe faltar pedido ou causa de pedir, quando da narração dos fatos não 
decorrer logicamente a conclusão, e quando o pedido for juridicamente impossível 
(CPC, art. 295, I). 
 
56 PEREIRA, Ézio Luiz. Da Petição Inicial – técnica, prática e persuasão. 6ª ed. São Paulo: 
EDIJUR, 2011, p. 68. 
57 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. v. 1. 41. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2004. p. 683. 
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De acordo com Moreira58, o pedido é juridicamente relevante 
para: i) identificar e individualizar a ação proposta; ii) atribuir o valor à causa e iii) 
fixar o objeto do litígio e os limites objetivos da coisa julgada. 
É o pedido que determina os limites objetivos da sentença, de 
modo que não pode esta ser de natureza diferente da do pedido, condenar o réu em 
quantidade superior ou a objeto diverso do que foi pleiteado (CPC, arts. 128 e 460). 
Por isso, o pedido deve ser claro, não pode deixar dúvida no juiz. 
No pedido não se deve redigir o embasamento legal, nem a 
justificativa, pois estes devem figurar na exposição dos fatos e dos fundamentos 
jurídicos. 
Na prática forense, o requerimento não possui ordem. Pode ser 
colocado antes ou depois do pedido, obedecendo a ordem de despacho do juiz. 
Alguns doutrinadores, como Campestrini e Florence59, entendem que colocá-lo antes 
ofenderia a lógica, porque só é possível requerer a citação do réu depois que o juiz, 
conhecendo o fato e o pedido, receber a ação. 
Por questões didáticas, as petições elaboradas deverão 
observar a recomendação de separar o(s) pedido(s) do(s) requerimento(s), organizar 
objetivamente este(s), e redigir o(s) pedido(s) antes do(s) requerimento(s). 
Observação: quando postular mais de um pedido e/ou 
requerer mais de uma providência, recomenda-se dispor cada um (uma) em um item 
diferente, no intuito de evitar confusão, conforme orientação constante do item 2.2.1 
da apostila. 
 
6.4.5 Encerramento/Fechamento 
No encerramento está contido o valor da causa (art. 282, V, 
CPC), local, data, assinatura, nome do advogado e sua inscrição na OAB (art. 14 do 
Código de Ética do Advogado), rol de testemunhas e de documentos (art. 283, 
CPC), nesta ordem. 
 
58 MOREIRA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro. 18. ed. rev. e atual. Rio de 
Janeiro: Editora Forense, 1996, p.11-24. 
59 CAMPESTRINI, Hildebrando. FLORENCE, Ruy Celso Barbosa. Como redigir petição inicial. São 
Paulo: Saraiva, 2002, p. 114. 
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A expressão correta para indicar o valor da causa é a seguinte: 
“Dá à causa o valor de R$ ______ (.....)” ou “Valor da causa R$ _____ (.....)” ou 
ainda “Atribui à causa o valor de R$ ______ (.....)”. 
Encerrar a petição inicial é a indicação do seu fechamento, por 
meio da expressão: “Nesses termos, pede deferimento” ou “Termos em que pede 
deferimento” – em uma só linha. A petição inicial foi concluída tendo sido 
preenchidos todos os requisitos (arts. 282, 283 e 37 todos do CPC), seguido da 
indicação do local, data e assinatura. 
Neste aspecto Loyola leciona da seguinte maneira: 
A praxe se consolidou em encerrar a petição com a inclusão do local, 
data e assinatura. Nada disso, todavia, consta do art. 282. Quanto ao 
local e à data, realmente sua falta não ocasiona qualquer 
consequência prática (não importa onde a petição foi redigida, e de 
nada vale a data nela expressada). O mesmo não se pode dizer da 
assinatura, que é imprescindível para a validade da petição, até 
porque se trata de ato privativo de quem é advogado. 60 
Neste mesmo sentido é a lição de Campestrini e Florence61 em 
recomendar evitar as fórmulas esdrúxulas como “de Curitiba para Blumenau”. 
Entende-se por melhor indicar a cidade em que a peça foi elaborada e não à cidade 
que é endereçada. 
No local de indicação da assinatura do advogado, é muito 
comum na prática encontrarmos profissionais que incluem a expressão p.p. 
(abreviatura de por procuração), como se estivessem subscrevendo a petição por 
procuração de seu cliente. Contudo, a inclusão de p.p. antes da assinatura do 
advogado é errada. O advogado assina uma petição por capacidade postulatória 
que lhe é própria, nos termos da Constituição da República, do Código de Processo 
Civil e do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. A 
capacidade de assinar petição é do advogado; portanto, ele não pratica esse ato por 
procuração de seu cliente. Evidentemente o advogado está em juízo em mandato 
outorgado por seu cliente; no entanto, tal representação é para falar em nome dele. 
 
60 LOYOLA, Kheyder. Manual de prática da OAB 2ª fase. 1ª ed. São Paulo: Rideel, 2011, p. 07. 
61 CAMPESTRINI, Hildebrando. FLORENCE, Ruy Celso Barbosa. Como redigir petição inicial. 3ª 
ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 165. 
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Lembre-se: o ato de assinar petição é prerrogativa do advogado, que não cumpre 
esse ato por procuração.62 
Observação: quanto a assinatura, o(a) aluno(a) deverá assinar 
com seu nome seguido no número de sua matrícula no lugar do número da OAB/SC. 
Já para os acadêmicos da prática real assinaram a peça produzida ao final 
identificando-se como estagiários. Não colocar traço abaixo da assinatura, pois o 
traço compromete a estética e deve-se centralizar a assinatura. 
De acordo com o art. 258 do CPC, toda a causa deve ter um 
valor certo ainda que não tenha conteúdo econômico imediato (como, por exemplo, 
no caso de dano moral). Pode-se mencionar como consequências decorrentes do 
valor da causa, por exemplo, a determinação da competência (CPC, arts. 91, 102 e 
111) e do procedimento (CPC, art. 275, I, Lei nº 9.099/1995, art. 3º, I e Lei nº 
10.259/2001, art. 3º); e a fixação do valor do ônus da sucumbência. A falta ou sua 
indicação equivocada enseja determinação de emenda da inicial, sob pena de 
indeferimento. 
Expressões como “para efeitos meramente fiscais” está 
incorreta, porque o juiz não é fiscal de tributação, não é cobrador de impostos. Os 
efeitos imediatos não são os fiscais; são os legais, a lei assim o exige.63 
Assim, para Gonçalves “todas as demandas devem indicar o 
valor da causa, o que inclui a reconvenção, a oposição e os embargos de 
devedor".64 
Na fixação do valor é necessário obedecer aos critérios 
específicos para cada tipo de ação, mencionados nos arts. 259 e 260 do CPC, com 
o intuito também de evitar impugnação da parte contrária (art. 261 do CPC). 
É importante lembrar que os documentos indispensáveis à 
propositura da ação devem acompanhar a petição inicial, observando-se

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