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3Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
U
lti
m
at
o 
im
ag
em
Experiências de jardim
O Cântico das criaturas1, de São Francisco de Assis 
(1182–1226), o mais antigo poema religioso em lín-
gua italiana, está completando 800 anos. O autor 
estava cego e muito doente quando o escreveu, 
morrendo um ano depois.
Os quatro primeiros versos são uma doxolo-
gia semelhante à de Apocalipse 4.8: “Altíssimo, 
onipotente, bom Senhor, / teus são o louvor, a 
glória e a honra e toda a bênção. / Somente a ti, ó 
Altíssimo, eles convêm, / e homem algum é digno 
de mencionar-te”.
As demais estrofes começam com a expres-
são “Louvado sejas, meu Senhor”, listando, em 
seguida, o motivo do louvor: “Com todas as tuas 
criaturas, especialmente o Senhor Irmão Sol / pela 
irmã lua e pelas estrelas, / pelo irmão vento, e pelo 
ar e pelas nuvens e pelo sereno e todo o tempo, / 
pela irmã água / pelo irmão fogo / pela irmã nossa, 
a mãe terra”. 
Esse cântico, com adaptações, está presente 
na maioria dos hinários usados nas igrejas evan-
gélicas, com o título “Vós, criaturas de Deus Pai”. 
Alguns consideram que esse hino tenha sido 
inspirado no Salmo 148, um chamado ao louvor 
cósmico. Mas certamente é também fruto das 
“experiências de jardim” de seu autor – “Francisco 
ama todas as criaturas que vê, encontra, com que 
interage. Ele as vê, não só as olha, contempla-as 
até exultar e alegrar-se por sua existência ou pre-
sença” (Enzo Bianchi).2
“Experiências de jardim” é o selo editorial 
de Ultimato que acolhe textos ou imagens que 
nascem a partir da contemplação da criação de 
Deus, quando nos deparamos com os “ecos de 
Deus” – “Com seu sopro [Deus] deu beleza aos 
céus […] Essas são apenas bordas do seu cami-
nho, e dele só percebemos um frágil eco. Quem 
poderia compreender o estrondo do seu poder?” 
(Jó 26.14). São momentos em que somos tomados 
por deslumbramento diante da criação e por um 
enorme sentimento de gratidão e louvor a Deus.
Davi é o personagem bíblico que mais regis-
trou experiências de jardim. Como Francisco de 
Assis, ele também escreveu poemas a partir delas. 
No Salmo 19, Davi fala do testemunho mudo da 
criação – “Os céus declaram a glória de Deus; o 
firmamento proclama a obra das suas mãos” (v. 1) 
– e, em seguida, do testemunho da Lei do Senhor. 
Juntos, eles produzem em Davi certezas a respeito 
do Deus Criador e Salvador.
No Salmo 104, depois de listar as obras do 
Criador, o autor exclama: “Que variedade, Senhor, 
nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; 
cheia está a terra das tuas riquezas” (v. 24). São 
riquezas de Deus, obras dele, que o tornam 
excelso, majestoso e com as quais ele próprio se 
deleita – “E viu Deus que era bom” (Gn 1). Como 
não admirá-las e reverenciar o seu Criador?
É preciso recuperar a capacidade de se espan-
tar com a criação. As experiências de jardim apon-
tam para o Criador – e para Cristo, “o primogênito 
da criação, por meio de quem e para quem todas 
as coisas foram criadas, no qual tudo subsiste” (Cl 
1.15-20). Elas nos lembram que a criação geme, 
mas que ela também está abraçada pela reconci-
liação realizada na cruz, e que nossa esperança é 
de novo céu e nova terra, uma cidade-jardim onde 
todas as coisas serão feitas novas (Ap 21).
E, não menos importante, elas nos inspiram no 
cuidado do jardim e no envolvimento com boas 
práticas de cuidado do meio ambiente.
Notas
1. Cântico do Irmão Sol. Disponível em bit.ly/413-irmao-sol.
2. O Cântico do Irmão Sol – Francisco de Assis “já não era mais 
um homem que orava, havia se tornado uma oração viva”. Dis-
ponível em bit.ly/413-francisco.
Klênia Fassoni, diretora da Editora Ultimato, é avó de 
quatro netos.
ABERTURA
4 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
CARTA AO LEITOR
A capa desta edição traz a oração ensinada por Jesus destacando o 
pedido: “Livra-nos do mal”. O mal e o Maligno existem. E precisamos 
recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção. Seguindo a tradição edi-
torial da revista, não poderíamos deixar de incluir entre os artigos o 
Antes de amarrar Satanás, amarre a si mesmo, de Elben César (p. 20) e 
deixar claro que, para nós, essa pequena oração traduz dois pedidos: 
“Guarda-nos de nós mesmos e do Diabo” (Bíblia A Mensagem).
A presença do mal está descrita nas Escrituras. Em Gênesis, um 
jardim, a árvore do conhecimento do bem e do mal, uma serpente, uma 
palavra de desconfiança a respeito da bondade de Deus, a desobediên-
cia da humanidade e as portas abertas para o sofrimento e a maldade. 
Nos Salmos, a lembrança do Deus fiel, que guarda os que são seus: “O 
Senhor te guardará de todo mal; guardará a tua alma” (Sl 121.7). Nos 
profetas, o ministério dedicado a exortar o povo de Deus a desviar-se 
do mal: “Buscai o bem e não o mal, para que vivais” (Am 5.14).
Do Novo Testamento, como não se lembrar de Paulo confessando: 
“Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” 
(Rm 7.19) e, também, alertando: “A nossa luta não é contra o sangue 
e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os domi-
nadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, 
nas regiões celestes” (Ef 6.12). E de Pedro e João: “Sede sóbrios e 
vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão 
que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé.” 
(1Pe 5.8-9) e “Amado, não imiteis o que é mau, senão o que é bom. 
Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal 
jamais viu a Deus” (3Jo 1.11).
Pela 29ª vez Ultimato está apoiando o Mutirão Mundial de Oração 
por Crianças e Adolescentes Socialmente Vulneráveis, que em 2025 
acontecerá de 6 a 8 de junho, com o tema “Vida plena para todas as 
crianças” (p. 9). Conheça essa iniciativa e participe! 
Será uma alegria para nós saber o que achou desta edição. Escreva 
para cartas@ultimato.com.br.
Boa leitura!
Klênia Fassoni e Ariane Gomes
Guarda-nos de nós 
mesmos e do Diabo
ISSN 1415-3165
Revista Ultimato – Ano LVIII – N° 413
Maio/Junho 2025
www.ultimato.com.br
Publicação evangélica não denominacional destinada à 
evangelização e edificação, Ultimato relaciona Escritura 
com Escritura e acontecimentos com Escrituras. Visa 
contribuir para criar uma mentalidade bíblica e estimular a 
arte de encarar os acontecimentos sob uma perspectiva 
cristã. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com 
as obras, a evangelização com a ação social, a oração com 
a ação, a conversão com santidade de vida, o suor de hoje 
com a glória por vir.
Circula em meses ímpares
Fundadores
Elben M. Lenz César
Djanira Momesso César
Projeto gráfico: Rick Szuecs 
Diagramação: Ana Cláudia Nunes
Impressão: Esdeva
Tiragem: 8.000 exemplares
Colunistas: Alderi Matos • Carlos “Catito” Grzybowski 
Carlinhos Veiga • Dagmar Fuchs Grzybowski • Gladir Cabral 
Marcos Bontempo • Paul Freston • Ricardo Barbosa de 
Sousa • Valdir Steuernagel
Participam desta edição: André Daniel Reinke • Ariane 
Gomes • Arthur Henrique Soares dos Santos • Christian 
Gillis • Christopher Wright • Délio Porto • Elben César 
Emiliano Cambuim • Jony W. de Almeida • Jorge Nelson de 
Oliveira Júnior • Klênia Fassoni • Rebeca Sousa • Shih Li Li 
Yoshimoto • William Lacy Lane
Publicidade: anuncio@ultimato.com.br
Assinaturas e edições anteriores:
atendimento@ultimato.com.br
Reprodução permitida: Favor mencionar a fonte. 
Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro
da Associação de Editores Cristãos (AsEC)
Editora Ultimato
Telefone: (31) 3611-8500
Caixa Postal 43
36570-970 — Viçosa, MG
EQUIPE ULTIMATO:
Klênia Fassoni, diretora geral
Emmanuel Bastos, diretor financeiro
Marcos Bontempo, diretor editorial
Colaboradores:
Ro
be
rt
 A
na
sc
h
Filipe Rodrigues
Larissa Fávero
Laura Queiroz
Lucas Carvalho
Lúcia Viana
Romilda Oliveira
Vanilda Costa
Ana Laura Morais
Ariane Gomes
Bernadete Ribeiro
Cristina Pereira
Daniel César
Érica Oliveira
Fábio Freitas
6 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
PASTORAIS
JONY W. DE ALMEIDA
O choque, a aceitação e a exclamação
Ao ler o capítulo 6 do livro bíblico deTRATA DA 
INFLUÊNCIA 
SOBRE CRIANÇAS 
E ADOLESCENTES
27Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
28 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
�FAZER TUA VONTADE�
Há alguns textos bíblicos que 
nos fazem companhia fre-
quente. Reaparecem de vez 
em quando. É possível que, à medi-
da que você lê estas linhas, algum 
texto assim pipoque em sua mente. 
Acontece comigo. Às vezes dife-
rentes um do outro, eles vão nos 
enriquecendo em nossa caminhada 
de fé. Dois deles voltaram à minha 
memória quando me preparava 
para escrever este artigo. Ambos 
fazem parte de uma longa conver-
sa de Paulo em Antioquia da Pisí-
dia, lá nos inícios de sua primeira 
viagem missionária. É importante 
lembrar que Paulo está falando 
numa sinagoga, num sábado, e 
menciona diferen-
tes personagens e 
episódios da histó-
ria do povo de Isra-
el ao apontar para 
Jesus, por meio de 
quem é justificado 
aquele que crê (At 
13.38-39). Em dois 
momentos diferentes, Paulo faz 
alusão a Davi, com quem seus ou-
vintes estavam familiarizados. 
Primeiro, Paulo diz que Davi 
foi uma pessoa segundo o coração 
de Deus, fazendo tudo segundo a 
vontade dele (13.22); e, mais adian-
te, diz que Davi serviu aos propósi-
tos de Deus na sua geração e depois 
foi sepultado com os seus antepas-
sados (v. 36). Essas duas palavras 
têm me acompanhado faz um bom 
tempo e voltaram à minha mente 
diante dos complexos desafios que 
marcam os nossos dias e lapidam a 
vivência da nossa vocação hoje. Por 
um lado, diz Paulo, Davi foi uma 
pessoa segundo o coração de Deus, 
e não consigo pensar numa forma 
mais expressiva do que essa ao se 
desenhar o que foi a vida de uma 
pessoa. Ser alguém que vive de 
acordo com aquilo que Deus es-
pera de nós significa, usando uma 
expressão de Jesus, fazer da vonta-
de de Deus a nossa comida, como 
ele fez (Jo 4.34). É uma comida que 
alimenta o nosso interior e pauta o 
nosso exterior. As Escrituras cui-
dam para não deixar que fazer a 
vontade de Deus seja transforma-
do em algo abstrato, intimista ou 
mesmo um ritual, mas se expresse 
no cotidiano da vida. Há um pro-
feta que, como se falasse conosco, 
diz de forma bem específica que 
Deus �mostrou a você, ó homem, o 
que é bom e o que o Senhor exige: 
Pratique a justiça, ame a fidelidade 
e ande humildemente com o seu 
Deus� (Mq 6.8). 
Se atentarmos para a palavra 
deste profeta, veremos que ele está 
condenando tanto meras práticas 
ritualísticas, como a oferta de mi-
lhares de carneiros (v. 7), balanças 
desonestas e pesos falsos (v. 11), em 
alusão a um comportamento social 
injusto. Em contraposição a essas 
práticas, Deus espera uma relação 
de transparência, de intimidade e 
de adoração para com ele, e uma 
prática de cuidado, de acolhimen-
to e de equidade para com o outro 
� especialmente o que está sendo 
injustiçado e oprimido. 
Em sua outra alusão a Davi, 
Paulo afirma que este serviu ao pro-
pósito de Deus em sua geração, no 
seu tempo, e assim cumpriu a sua 
missão de vida. A vocação com a 
qual Deus nos agracia visa o cum-
primento do propósito de Deus, 
e isso sempre acontece no tempo 
e no espaço, na história e na geo-
grafia. Não existe obediência cristã 
sem endereço, e disso Jesus é nosso 
exemplo e inspiração. Ele viveu en-
tre nós e fez questão de qualificar 
essa vivência como sendo a de cha-
mar pecadores para si e de cuidar 
dos doentes que lhe traziam � o 
que lhe causou enorme dificuldade 
com os que se consideravam justos 
e saudáveis (Mc 2.17). A missão que 
Deus tem para nós precisa marcar a 
nossa sociedade com o jeito de Je-
sus, com o impacto de Jesus e com 
o tipo de consequência com que 
o próprio Jesus teve de lidar. Ao 
O Rei Davi, Peter Paul Rubens
Re
pr
od
uç
ão
A VOCAÇÃO COM 
A QUAL DEUS 
NOS AGRACIA 
SEMPRE ACONTECE 
NO TEMPO E 
NO ESPAÇO, NA 
HISTÓRIA E NA 
GEOGRAFIA
REDESCOBRINDO A PALAVRA DE DEUS
VALDIR STEUERNAGEL
29Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
reverberar esta palavra dentro de 
mim, temo que, às vezes, entenda-
mos a nossa missão como sendo de 
tal forma isolada de um endereço 
que nos tornemos intimistas e ir-
relevantes. Não seria o nosso papel 
nos misturarmos com as coisas do 
mundo; portanto, o abandonamos 
ao seu próprio destino, como se 
dele não fizéssemos parte. A vida 
cristã não é claustrofóbica, mas 
encarnada. Do outro lado desse 
isolamento está uma �misturança� 
(permitam-me usar essa palavra) 
tal que perdemos qualquer nota 
distintiva. Jesus, no entanto, assu-
miu a humanidade plena sem nun-
ca se adequar a este mundo. Sempre 
o criticou, tanto em sua dimensão 
religiosa como na sociopolítica, e 
sempre buscou a sua transforma-
ção, curando enfermos, libertando 
oprimidos e anunciando o tempo 
restaurador de Deus. Onde quer que 
ele chegasse, as coisas mudavam, 
pois passavam a ser confrontadas e 
transformadas pelo poder do reino 
de Deus. 
Essas duas referências a Davi 
têm me servido como molduras 
para viver neste tempo, em busca 
da vivência da vontade de Deus, 
que é sempre graciosa e transfor-
madora, e nunca meramente ex-
cludente e discriminatória, como 
o profeta nos ensinou e como Jesus 
modelou. É a ele que somos chama-
dos a seguir no afã de viver segun-
do o coração de Deus. Num hino 
intitulado �Tua vontade�, o com-
positor Marcell Steuernagel assim 
o expressa:
Fazer tua vontade, seguir tuas 
pegadas,
é o pão de cada dia para nós.
Servir em tua mesa, saber lavar 
os pés, cantando de alegria a ti, 
Senhor!
Buscar em tua presença sustento 
para [a] alma,
vivendo cada dia aos teus pés.
Bebendo da Palavra que torna 
morte em vida
e dá-nos alegria pra servir!
Como tu fizeste, Senhor,
nós queremos fazer!
Tua vontade, ó Pai,
transforma em nosso querer
Tua vontade.1
Nota
1. “Tua vontade”. LCI321. Livro de canto 
da IECLB. Portal Luterano. Disponível em: 
https://www.luterano.org.br/lci-321-tua-
-vontade/.
Valdir Steuernagel é pastor lute-
rano, membro da Comunidade do 
Redentor, em Curitiba, PR, e embai-
xador da Aliança Cristã Evangélica 
Brasileira e da Visão Mundial. @silva.
steuernagel.
Nossa identidade, nossa vocaçãoNossa identidade, nossa vocação
bit.ly/413-redescobrindobit.ly/413-redescobrindo
MAIS NA INTERNET
30 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
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CAMINHOS DA MISSÃO
EMILIANO CAMBUIM
Que é um privilégio fazer 
parte da missão de Deus 
nenhum cristão genuíno 
discorda. Mas ver de perto ou-
tras pessoas sendo despertadas, 
abrindo os olhos para o mundo 
missionário, se sentindo irresis-
tivelmente atraídas a Deus a pon-
to de desejar ser instrumento em 
suas mãos para impactar vidas 
com suas ações � ah, isso é mais 
que um privilégio! É algo único, 
que me enche de 
um sentimento 
indescritível!
Desde 2012, 
o Senhor tem 
me permitido 
desfrutar desse 
sentimento ao 
acompanhar a 
trajetória de diversos jovens pelo 
caminho missionário, passando 
pelo despertamento, engajamen-
to, prática e envio.
Tudo começou numa cida-
dezinha do interior da Paraíba 
no Projeto Missionário do Betel 
Brasileiro. Uma cidade muito pe-
quena. Uma escola sem grande 
estrutura. Racionamento de água 
e outros desafios. Foi assim que 
Cubati recebeu um grupo de se-
tenta missionários. E foi nesse ce-
nário que Deus me mostrou como 
é lindo fazer missões e como ele 
tem levantado uma geração que 
deseja servi-lo.
Ver jovens saindo daquela ex-
periência já fazendo a matrícula 
no seminário, firmando-se na 
equipe de evangelização em pra-
ças, pregando por meio da arte 
e mostrando a todos o evange-
lho pelo qual se apaixonaram... 
Fiquei convicto de que éramos 
meros coadjuvantes de um ator 
principal: Deus.
Mas ele tinha reservado pla-
nos ainda maiores do que os 
meus: me fez atravessar o Atlân-
tico, ao lado de um grupo divi-
namente selecionado, para ver 
que o que ele estava fazendo no 
Velho Continente. Ele me deu 
a oportunidade de pregar e ver 
pessoas seconvertendo no inte-
rior de Portugal � um país com 
tão pouca presença evangélica e 
tão carente de Jesus. Conhecer a 
cultura cigana e ver jovens dan-
çando e cantando para o Senhor 
de forma exuberante e com uma 
alegria contagiante reforçou ain-
da mais em mim a certeza de que 
os caminhos missionários eram 
preciosos demais para não serem 
percorridos.
Como se não fosse suficiente, 
Deus me fez cair de paraquedas 
no movimento que realmente 
virou meu mundo de cabeça pra 
baixo, o Vocare. Conhecer e me 
envolver com uma juventude 
que está buscando entender seu 
lugar na missão de Deus, que está 
consciente de que �não veio a esse 
mundo a passeio� e que tem uma 
missão a cumprir foi um presente!
Com tanta coisa massa que 
Deus tem me permitido viver, 
uma coisa ficou escrita nas tábuas 
do meu coração: o Deus da mis-
são está agindo em muitos luga-
res e pessoas, na sua rua, na sua 
igreja, no sertão, na capital, no 
Brasil e fora dele. Ele está levan-
do a Água da Vida a uma geração 
sedenta, alcançando e transfor-
mando vidas.
Termino com um breve con-
selho: não perca tempo e venha 
também. Acredite, você não vai 
querer ficar de fora dessa!
Emiliano Cambuim, casado e pai 
de três meninos, é pastor do Betel 
Brasileiro em João Pessoa, PB, mobi-
lizador de missões e coordenador 
nacional do Movimento Vocare.
A INCRÍVEL JORNADA DE ACOMPANHAR 
JOVENS NA TRAJETÓRIA MISSIONÁRIA
Nova liderança, mesmo DeusNova liderança, mesmo Deus
bit.ly/413-caminhos-missaobit.ly/413-caminhos-missao
MAIS NA INTERNET
O DEUS DA MISSÃO 
ESTÁ AGINDO EM 
MUITOS LUGARES 
E PESSOAS, NA 
SUA RUA, NA SUA 
IGREJA, NO SERTÃO, 
NA CAPITAL, NO 
BRASIL E FORA DELE
32 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
Confesso que sempre que eu 
lia o verso 12 do Salmo 90 
tinha dúvidas sobre o que 
significava a expressão �contar os 
nossos dias�.
A primeira ideia vem quando a 
vemos nesse contexto da oração de 
Moisés, na qual ele nos traz a cons-
ciência da brevidade, da fragilidade 
da nossa vida, 
e que nossos 
dias �voam� 
e, em poucas 
décadas, nossa 
vida desa pare-
cerá (v. 10). 
Somos como 
a relva, que 
nasce pela manhã, floresce, mas, 
à tarde, murcha e seca. Na Nova 
Versão Transformadora (NVT), 
esse versículo foi traduzido assim: 
�Ajuda-nos a entender como a vida 
é breve, para que vivamos com 
sabedoria�.
Diante dessa constatação, o 
piedoso Moisés faz quatro pedidos: 
�Satisfaze-nos a cada dia com 
o teu amor, para que cantemos de 
alegria até o final da vida� (v. 14).
�Dá-nos alegria em meio ao 
inevitável sofrimento� (v. 15).
�Que nós e nossos filhos pos-
samos ver a glória e os feitos do 
Senhor� (v. 16).
�Que a bondade do Senhor seja 
sobre nós e faze prosperar nossos 
esforços� (v. 17).
Tais coisas são essenciais para 
uma vida abundante e significativa: 
satisfação, cantoria, alegria para 
aguentar o sofrimento, contempla-
ção e vislumbre da glória de Deus, 
e ver que os nossos esforços não 
foram em vão, que frutificaram, 
perpetuaram e prosperaram. 
Outro pensamento me ajudou 
a entender melhor como �con-
tar os nossos dias� (inspirei-me 
nas quatro operações básicas de 
matemática):
Ordenar: definir o que vem pri-
meiro, o que é mais importante � o 
que me fez lembrar do que Jesus 
disse sobre �buscar em primeiro 
lugar o Reino de Deus e a sua 
justiça, e todas as coisas vos serão 
acrescentadas� (Mt 6.33). 
Somar: Uma busca por acres-
centar virtudes e aprofundar no 
conhecimento de Deus, bem mais 
do que as riquezas e conhecimen-
tos do mundo (2Pe 1.5-9).
Subtrair: Tirar os excessos, os 
vícios, as distrações e tudo aquilo 
que nos impede de enxergar Deus 
e experiementar mais dele, e nos 
envolver nos negócios de seu reino 
(Ef 4.22 e Hb 12.1).
Dividir e multiplicar: Para mim, 
essas duas operações se comple-
mentam, pois saber dividir as tare-
fas, no sentido de não fazer tudo 
sozinho, saber encarregar e treinar 
outros faz com que, de um lado, 
não nos sobrecarreguemos; e, de 
outro, façamos discípulos e multi-
pliquemos os dons e talentos con-
fiados por Deus a nós (Mt 28.19).
Precisamos aprender a carre-
gar e a dividir os fardos também 
(Gl 6.2) Muitas vezes nos torna-
mos resmungões e ranzinzas por-
que esquecemos de levar nossos 
sofrimento e sentimentos ruins a 
Jesus, e de ouvi-lo a nos admoestar, 
como ele fez com a querida Marta: 
�Andas inquieta e te preocupas 
com muitas coisas. Entretanto, 
pouco é necessário ou mesmo 
uma só coisa; Maria, pois, escolheu 
a boa parte, e esta não lhe será 
tirada� (Lc 10.40-42).
Continuo nessa busca por 
alcançar um coração sábio, um 
coração como o de Maria num 
mundo de Marta; com os olhos 
fitos no que é eterno, com alegria 
e satisfação no coração, transmi-
tindo uma fé profícua que sustenta 
nos dias difíceis, e claro... recheado 
de canções, e aguardando com 
grande expectativa o encontro 
com o meu amado Salvador. 
Shih Li Li Yoshimoto, 55 anos, psicó-
loga, é mestre em divindades e em 
aconselhamento bíblico. Fundadora 
do ministério de formação e capaci-
tação de conselheiros bíblicos Mais 
Barnabés (@maisbarnabes). Casada 
com o pastor Daniel Yoshimoto e mãe 
de Jonathan, Ester e Sayuri.
“ENSINA-NOS A CONTAR 
OS NOSSOS DIAS”
SESSENTA +
SHIH LI LI YOSHIMOTO
QUANDO SABEMOS 
DIVIDIR AS TAREFAS 
COM OS OUTROS, 
FAZEMOS DISCÍPULOS 
E MULTIPLICAMOS OS 
DONS E TALENTOS 
CONFIADOS POR 
DEUS A NÓS A
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33Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
34 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
REFLEXÃO
REBECA SOUSA
MELHOR, MAIOR E MAIS TANGÍVEL
Ainda que os homens voltassem a errar, teriam um lugar seguro
para recorrer: ao Nome de Jesus
Não muito tempo atrás, 
Aquele que é sempre forte 
vivenciou um horror des-
concertante. 
Descalço, caminhou um lon-
go e tortuoso desfile de zombaria 
e vergonha. O nosso Amigo foi 
rodeado por uma horda infernal 
que lhe batia, lhe cuspia, lhe dava 
pontapés, insultavam-no.
Sobressaltado com inúmeras 
dores, foi coroado com espinhos 
grossos que penetraram sua pele 
e batizaram sua face com mais e 
mais sangue.
Arrastado até a cruz, não hou-
ve silêncio quando um dos vilões 
atravessou seu corpo com uma 
lança afiada (Jo 19.34). A multi-
dão, furiosa, dirigia palavras cru-
éis ao Autor da vida. Sua roupa foi 
retirada e sorteada (Mc 15.24) e, 
amarrado à áspera cruz por gros-
sos pregos que lesaram ainda mais 
seu corpo, ouviu o riso mesquinho 
de seus assassinos (Lc 23.33-43).
Como um cordeiro, não ofen-
deu os seus ofensores: ele ergueu 
seus olhos para o céu e disse: �Pai, 
perdoa-lhes, pois eles não sabem o 
que fazem� (Lc 23.34).
A razão de seu doloroso sacri-
fício era a redenção das criaturas 
humanas. O pecado endureceu o 
coração daquele povo, deixando-
-o tão rígido como uma rocha. As 
pessoas viviam segundo o prínci-
pe da potestade do ar, do espírito 
que agora atua nos filhos da deso-
bediência (Ef 2.1-10). Somente um 
sacrifício perfeito poderia rever-
ter a situação.
A terra foi coberta por trevas. 
Tudo estava escuro (Mc 15.33-34). 
O sol escondeu a sua face da 
crueldade. Após horas de tor-
tura, o Cristo anunciou: �Está 
consumado!�, curvou a cabeça e 
entregou o espírito (Jo 19.28-30). 
Naquele instante, uma história 
melhor, maior e mais tangível 
começou a agir.
O véu do santuário rasgou-se 
em duas partes e a terra tremeu 
(Mt 27.51). Os amigos do Nazare-
no, com medo, fugiram e algumas 
amigas do Cristo assistiam a cena 
com pesar (Mt 27.56).
O mal pensou ter triunfado, 
certo de que aquele que é o Início 
havia chegado ao seu fim.
Cristo foi sepultado e, certo 
dia, seu túmulo recebia a visita 
de duas amigas. Imagino que não 
foi um momento fácil para elas: 
quem nunca chorou ao perder 
um amigo? Elas desejavam ficar 
ali por horas e horas, quando ou-
viram um grande barulho segui-
do de uma notícia melhor, maior 
e mais tangível do que qualquer 
outra: �Não tenham medo! Sei 
que vocês estão procurandoJe-
sus, que foi crucificado. Ele não 
está aqui; ressuscitou, como ti-
nha dito� (Mt 28.5-6). Depressa, 
as amigas saíram do túmulo para 
anunciar aos demais que o Rei 
estava vivo.
As sombras haviam ido em-
bora e todas as cores estavam de 
volta. Iluminado e ainda maior do 
que o sol nascente, o Ungido es-
tava vivo; a própria morte andou 
para trás. O Messias, Deus forte e 
Príncipe da paz, ressuscitou.
Depois dali, o Herói ressurre-
to foi rever o seu povo. O governo 
sádico de seu inimigo era muito 
perverso, mas o seu sacrifício re-
viveu os corações. O Rei resgatou 
o povo do domínio das trevas e o 
inseriu num reino de amor, e, ain-
da que os homens voltassem a er-
rar, teriam um lugar seguro para 
recorrer: ao seu Nome (At 4.12). 
Esse é o nosso Senhor � melhor, 
maior e mais tangível que os de-
mais senhores.
Depois disso, os corações en-
durecidos foram revertidos, subs-
tituídos por corações reais (Ez 
36.26-28) e aos que predestinou, a 
estes também chamou; e aos que 
chamou, a estes igualmente justi-
ficou; e aos que justificou, a estes 
também glorificou (Rm 8.30).
Por toda a terra, nunca se 
ouviu história igual à do Carpin-
teiro: alguém que deu a própria 
vida por causa de seus amigos 
(Jo 15.13). Esse é o princípio do 
final feliz melhor, maior e mais 
tangível que qualquer outro ofe-
recido a nós.
Em Jesus Cristo, pessoas de 
todas as gerações encontrarão o 
mesmo amigo precioso de sempre, 
que se sacrificou por nós, e a quem 
devemos nos dirigir nas horas es-
curas em nossos jardins de afli-
ções. Ele oferecerá à alma de cada 
um consolo melhor, maior e mais 
tangível que qualquer outro.
Rebeca Sousa é teóloga pernam-
bucana, escritora de ficção cristã e 
especialista em teologia bíblica e exe-
gética em Novo Testamento.
Versão ampliada de “Melhor, maior e mais tangível”Versão ampliada de “Melhor, maior e mais tangível”
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MAIS NA INTERNET
500 Anos do Anabatismo
O ano de 2025 é de comemoração para a comunidade anabatista mundial
INFORME
Há 500 anos, um movimento que começou na 
cidade de Zurique se espalhou pela Europa e deu origem 
às igrejas anabatistas em todo o mundo.
A reforma de Zurique, iniciada pelas ações do 
sacerdote Ulrich Zwinglio, se intensificou com um 
grupo que ficou conhecido como os “Irmãos Suíços”. O 
aprofundamento dos estudos das Sagradas Escrituras 
os levou a questionar algumas práticas dentro da igreja 
da época, como a presença de 
imagens e o batismo infantil. Isso 
fez com que o grupo praticasse o 
rebatismo (anabatismo), com o 
sacramento sendo ministrado 
como fruto de uma decisão 
pessoal, de acordo com a fé do 
indivíduo.
Os Irmãos Suíços sofreram 
perseguições por suas posições 
teológicas em Zurique, e foram 
expulsos da cidade. A fé anabatista se espalhou para 
outras regiões da Europa, onde havia tolerância 
religiosa. 
A essência deste movimento foi sintetizada nos 
sete pontos da Confissão de Schleitheim, de 1527, que 
defendia o batismo como decisão pessoal, a separação 
da igreja do Estado, o pacifismo cristão, entre outros 
fundamentos da fé cristã.
O movimento anabatista, através da comunidade 
menonita, se estabeleceu no Brasil no século XX. 
Diversas dessas igrejas estão reunidas na Convenção 
Brasileira das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas - 
COBIM. Cremos que Deus guiou este povo para 
também ser luz e testemunho nesta nação.
No mundo os menonitas estão presentes na África 
(804 mil), na América do Norte (611 mil), na Ásia e 
Pacifico (442 mil), na América Latina (201 mil) e na 
Europa (67 mil), totalizando 2,126 milhões.
Os primeiros anabatistas no Brasil
No final de 1929, um grupo de alemães, em sua maioria 
menonitas, decidiu deixar a Rússia via Moscou devido à 
perseguição comunista. Após um 
período de transição na Alemanha, a 
partir de 1930, cerca de 1.200 
pessoas chegaram ao Brasil como 
refugiados, estabelecendo-se na 
cidade de Ibirama, em Santa 
Catarina. No próprio navio, os líderes 
já iniciaram a organização da igreja. 
Como vieram menonitas das mais 
diferentes regiões da Rússia, não 
havia uma coordenação central. 
Alguns anos mais tarde, outro grupo veio da Rússia 
ao Brasil, fugindo pela China. Na década de 1960, 
menonitas norte-americanos também chegaram ao 
nosso país para atuar como missionários em diversos 
estados. Hoje, o total dos membros das igrejas filiadas 
às Convenções menonitas é de 12,5 mil.
Os princípios anabatistas essenciais são: 1 – Jesus 
é o centro da nossa fé; 2 – A comunidade é o centro da 
nossa vida; 3 – A reconciliação é o centro do nosso 
ministério.
Em resumo, o foco da atuação dos menonitas tem 
sido a transformação de vidas — tanto na esfera 
espiritual quanto na social — sempre com o objetivo de 
integrar as pessoas à vida da igreja e da comunidade.
Confissão de Schleitheim, impressa em 1550, exposta na Sala 
Anabatista do Museu de História Local em Schleitheim, Suíça.
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36 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
Muitos povos do mundo são 
duramente assolados por 
guerras, epidemias ou ca-
tástrofes climáticas. O Brasil tem 
a sua tragédia peculiar: a pavorosa 
realidade do crime, em suas múl-
tiplas manifestações, que aflige e 
contamina de modo crescente toda 
a sociedade. Os brasileiros de hoje 
vivem com medo, seja nos grandes 
centros ou mesmo no interior, es-
condendo-se atrás de muros refor-
çados, arame farpado e câmeras de 
segurança. Quando saem às ruas, 
nunca se sabe o que pode acontecer. 
Os delitos que mais chocam 
são os atentados violentos contra a 
vida e a propriedade. Em 2024, um 
querido casal amigo, muito dedi-
cado ao trabalho cristão, dirigia-se 
da Zona Leste de São Paulo para o 
litoral, onde deveriam participar da 
despedida de um neto que estava 
indo para o exterior. No caminho 
foram assaltados por dois bandidos, 
que os levaram no carro. Avisada, 
a polícia saiu em perseguição e o 
veículo acidentou-se gravemente. A 
senhora morreu na hora e o marido, 
que havia sido colocado no porta-
-malas, ficou muito ferido, vindo a 
falecer algumas semanas depois.
Por horrendos que sejam, os 
latrocínios são apenas uma parte 
desse flagelo. A lista de delitos é 
interminável, muitas vezes asso-
ciados a grave violência: roubo de 
celulares, roubo de cargas, contra-
bando, garimpo ilegal, destruição 
do meio ambiente, sem falar nos 
crimes de trânsito e no pavoroso 
espectro do feminicídio. Existe 
ainda uma infinidade de golpes 
que as pessoas sofrem dentro de 
suas residências, pelo telefone ou 
pela internet. A cada quadrilha que 
é presa, surgem inúmeras outras. 
O número de brasileiros envolvi-
dos com atividades criminosas é 
assustador, o que confirma o Brasil 
como uma sociedade retrógrada 
e subdesenvolvida, muito distante 
dos padrões de ética e conduta dos 
povos mais evoluídos.
Essa dura realidade nacional 
traz à mente algumas invectivas 
dos profetas bíblicos contra o Israel 
antigo: �Ai da nação pecaminosa, 
povo carregado de iniquidade, raça 
de malignos, filhos corruptores� 
(Is 1.4). Oseias sentenciou: �O que só 
prevalece é perjurar, mentir, matar, 
furtar e adulterar, e há arrombamen-
tos e homicídios sobre homicídios� 
(4.2). Miqueias foi além, denun-
ciando que, à semelhança do Brasil 
atual, nenhuma classe escapava às 
condutas delituosas: �[...] O prín-
cipe exige condenação, o juiz aceita 
suborno, o grande fala dos maus 
desejos da sua alma, e, assim, todos 
eles juntamente urdem a trama� (7.3).
A criminalidade brasileira 
tem origens históricas e culturais. 
Começou no longo período colonial, 
sem lei, sem ordem, sem autoridade, 
sem instituições sólidas. A formação 
educacionale moral do povo brasi-
leiro foi precária, solidificando-se o 
individualismo e o pouco respeito às 
normas. A cultura do jeitinho e da 
esperteza, reforçada geração após 
geração, resultou na lamentável situ-
ação atual. As carências do presente 
� na educação, na economia e na 
política � perpetuam e agravam esse 
quadro. A falta de acesso de imenso 
número de famílias a oportunidades 
de estudo, de trabalho e de vida con-
digna é uma parte dessa equação.
Os responsáveis pela solução do 
problema � os agentes governamen-
tais � se mostram, com frequência, 
passivos, inaptos ou, em casos mais 
graves, envolvidos em práticas deso-
nestas. A corrupção de mandatários 
públicos é por demais conhecida e até 
aceita com certa naturalidade. Um 
recente relatório da Transparência 
Internacional sobre percepção da 
corrupção mostra que o Brasil ocupa 
sua pior posição na série histórica. 
Ainda assim, a suprema corte do 
país vem sistematicamente anulando 
condenações e acordos de delação 
premiada nesse âmbito. 
Tal realidade contamina todos 
os poderes da república. No legis-
lativo, as emendas parlamentares e 
os orçamentos secretos se prestam 
NAÇÃO PECAMINOSA
�Tudo quanto quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a 
eles� (Mt 7.12). É disso que o Brasil precisa
HISTÓRIA
ALDERI SOUZA DE MATOS
Ad
ob
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St
oc
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37Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
para todo tipo de irregularidades. 
No judiciário, multiplicam-se 
os casos de juízes de altas cortes 
estaduais envolvidos em venda de 
sentenças, com punições que ficam 
muito aquém do desejável. Outro 
elemento deletério é a busca ansiosa 
de ampliação de rendimentos por 
meio de ações que, se não são pro-
priamente delituosas, revelam-se 
antiéticas e contribuem indireta-
mente para o crime. Ainda recen-
temente, o jornal O Estado de S. 
Paulo publicou uma longa série de 
reportagens com o título �País dos 
privilégios�, escancarando essa prá-
tica nociva. E quem está tomando 
providências quanto a isso?
As soluções são conhecidas: 
aperfeiçoamento da legislação cri-
minal, agravamento das penas para 
delitos hediondos, aperfeiçoamento 
do sistema prisional, modernização 
do aparato policial, combate eficaz 
ao crime organizado, moralização do 
serviço público e, em especial, elimi-
nação dos bolsões de miséria, princi-
palmente nas periferias das grandes 
cidades. Outra ação imprescindível é 
a mobilização da sociedade civil, rei-
vindicando, indo às ruas e exigindo 
o direito à segurança em contrapres-
tação à opressiva carga tributária 
recolhida pelo Estado.
E os cristãos, o que têm a ver 
com tudo isso? Em primeiro lugar, 
como integrantes da população, eles 
também são impactados pela crimi-
nalidade que angustia o país. Porém, 
mais que isso, são herdeiros do mais 
grandioso legado moral e ético que 
o mundo já conheceu � a tradição 
judaico-cristã �, com sua vigorosa 
ênfase no direito, na justiça, na ver-
dade e na equidade. �Antes, corra o 
juízo como as águas; e a justiça como 
ribeiro perene� (Am 5.24). 
O apóstolo Paulo sabiamente 
observou que a autoridade é 
�ministro de Deus� para o nosso 
bem, devendo recompensar os 
bons e castigar os maus, e fazer isso 
constantemente (Rm 13.4-6). Por 
sua vez, o Senhor Jesus, o Mestre dos 
mestres, insistiu na célebre �regra de 
ouro�, um dos princípios mais subli-
mes de todos os tempos, indispen-
sável para que a vida em sociedade 
seja viável e fraterna: �Tudo quanto 
quereis que os homens vos façam, 
assim fazei-o vós também a eles� 
(Mt 7.12). O Brasil precisa disso, nós 
precisamos disso.
Alderi Souza de Matos é doutor em 
história da igreja pela Universidade 
de Boston e professor no Centro 
Presbiteriano de Pós-Graduação 
Andrew Jumper. É autor de Erasmo 
Braga, o Protestantismo e a Sociedade 
Brasileira; A Caminhada Cristã na 
História; Fundamentos da Teologia 
Histórica e Às Ciências Divinas e 
Humanas (150 anos do Instituto Pres-
biteriano Mackenzie). Está residindo 
por um ano nas proximidades da 
Filadélfia, nos Estados Unidos. 
Corrupção – do Éden ao jeitinho brasileiro
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TEOLOGIA
38 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
�Durante quarenta dias, [Jesus] foi 
tentado pelo Diabo.� Lucas 4.2
Jesus passa quarenta dias no de-
serto. É claro que há um signi-
ficado no número: os israelitas 
passaram quarenta anos no deserto. 
Jesus, o perfeito israelita, passa qua-
renta dias e vence as tentações mais 
fortes. Há também outro significa-
do: Jesus, nas condições mais adver-
sas, venceu; quando Adão, nas con-
dições mais favoráveis, sucumbiu.
Porém, atentemo-nos para outro 
aspecto dessa estada prolongada no 
deserto. Estamos falando da única 
vez que o Criador se encarna em 
seu próprio mundo. Um evento sui 
generis, prenhe de potencialidades. 
Em vez de aparecer de repente, já 
como adulto, pregando e operando 
maravilhas, o Deus encarnado des-
perdiça nove meses no útero e trinta 
anos no anonimato. Agora, quando 
esperamos que ele finalmente entre 
em ação, vai para um retiro espiri-
tual por quase um mês e meio. Será 
que ele não teve tempo suficiente 
no céu? Ele só viverá uns 33 anos 
(outro absurdo); mesmo assim já 
desperdiçou mais de 90% do tempo.
Começamos a desconfiar que 
o relógio de Deus não é igual ao 
nosso. Segue outros critérios de 
mensuração, mais qualitativos 
que quantitativos. Até durante os 
três anos de intensa atividade que 
se iniciam, Jesus buscará regu-
larmente a solidão. Novamente 
vemos a realidade da encarnação; 
como homem, Jesus precisava da 
solidão, e por isso pode ser modelo 
para nós. Nesses quarenta dias no 
deserto, ele assenta uma estratégia 
ministerial.
Ninguém pode andar com se-
gurança entre os homens, salvo 
aquele que ama a solidão. Ninguém 
pode falar com segurança, salvo 
aquele que ama o silêncio.1 
Nossas vidas na cidade moderna 
tornam-se demasiado complexas 
e cheias [...]. Os momentos para as 
profundezas do silêncio do coração 
parecem tão raros [...] [Mas] esta-
mos dando uma explicação falsa 
da complexidade de nossas vidas. 
Culpamos o ambiente complexo 
[...]. As distrações exteriores dos 
nossos interesses refletem a falta in-
terior de integração [...]. Queremos 
ser vários egos ao mesmo tempo, 
sem que todos esses egos sejam 
organizados por uma única e so-
berana vida dentro de nós [...]. 
Se aceitamos servir na comissão 
de uma obra social, continuamos 
a sentir remorso por não poder 
também ensinar na igreja [...].
No entanto, desde além das 
margens da vida vem um sussurro, 
um apelo indistinto, um presságio 
de uma vida mais rica [...]. Ah! se 
pudéssemos ao menos passar para 
aquele centro! Se pudéssemos des-
cobrir o silêncio que é a fonte do 
som! [...] �Se o teu olho for singelo, 
todo o corpo será cheio de luz� [...]. 
Se centrarmo-nos e vivermos no 
silêncio que é mais precioso que a 
vida, e levarmos nosso programa 
para os lugares silenciosos do co-
ração, com abertura total, prontos 
a fazer ou renunciar segundo a sua 
direção, muitas das coisas que atu-
almente fazemos perderão a sua 
importância [...].
Estou falando de um estilo re-
volucionário de viver. A religião 
não é algo que acrescentamos às 
nossas outras tarefas, tornando as 
nossas vidas ainda mais comple-
xas. A vida com Deus é o centro 
da vida, e tudo mais é remoldado e 
PARA QUE SERVE A SOLIDÃO?
O relógio de Deus não é igual ao nosso, segue outros critérios de mensuração
ÉTICA
PAUL FRESTON
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O Espítito o leva ao deserto, Bernardo Ramonfaur
39Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
integrado de acordo. É isso que dá 
a singeleza de visão [...]. Deste cen-
tro santo vêm os encargos davida.2
Esses quarenta dias no deserto 
foram fundamentais para os anos 
seguintes de Jesus. A retirada total 
da presença humana sedimentou 
as estratégias e acumulou os recur-
sos interiores para os três anos de 
intensa atividade e crescimento 
vertiginoso de sua fama. Atividade 
e fama: duas coisas que costumam 
virar a cabeça de qualquer um e 
derrubar as boas intenções � o caso 
de muitos políticos e muitos líderes 
religiosos. Ter tido consciência de 
sua identidade desde antes dos 12 
anos não seria suficiente para que 
o homem de 30 anos desenvolvesse 
o seu ministério (quantos cristãos 
hoje, sob a desculpa de serem 
�filhos do rei�, cometem os maio-
res disparates!). Muitas questões 
ainda estavam por resolver. Era 
somente no silêncio, privado dos 
apoios externos que tão facilmente 
confundimos com a nossa própria 
força, que as tentações da fama, do 
poder, do estilo de vida e estilo de 
missão podiam ser reconhecidas e 
enfrentadas.
Que lástima alguns dos nossos lí-
deres eclesiásticos e políticos não 
cultivarem tal prática! �Não seja o 
adorno [...] o que é exterior [...]; 
seja, porém, o homem interior do 
coração, unido ao incorruptível 
trajo de um espírito manso e tran-
quilo� (1Pe 3.3-4). O líder religioso, 
como também o político, são acos-
sados pela tentação de assegurar 
o seu �adorno exterior� (dinheiro, 
fama, poder). Em última análise, 
a única salvaguarda é a incorrup-
tibilidade de um espírito formado 
na mansidão e no silêncio interior.
A aceitação do silêncio 
é elemento necessário para o 
autoconhecimento e a oração. 
Pascal disse que �a maioria dos 
problemas do homem provém da 
sua incapacidade de ficar em si-
lêncio no seu quarto� [...]. [O si-
lêncio] é uma condição da alma 
caracterizada pela sobriedade, vi-
gilância interior, atenção a Deus. 
Para haver a verdadeira oração, 
deve haver uma disciplina men-
tal através da prática do silêncio, 
e uma disciplina do corpo através 
da prática de certo grau de solidão 
e quietude.3
Porém, temos de entender que
silêncio não é simplesmente não 
falar. É, antes que qualquer outra 
coisa, o silêncio interior fecundo, e 
é o controle da língua e dos julga-
mentos internos [...]. �Um homem 
pode parecer silencioso, mas se em 
seu coração está condenando os 
outros, está falando sem cessar�.4
Desenvolver os recursos inte-
riores de silêncio e quietude é uma 
das tarefas centrais da educação na 
oração. Numa cultura que quase 
proíbe o silêncio, urge que os cris-
tãos criem oásis, centros para o 
cultivo do silêncio interior.5
Notas
1. A imitação de Cristo. Livro 1, capítulo 
XX.
2. Thomas Kelly (autor quaker do século 
20). A simplificação da vida. mimeo.
3. Kenneth Leech. Soul friend. Londres: 
Sheldon Press, 1977. p. 179.
4. Segundo Galilea. Op. cit., p. 56.
5. Kenneth Leech. Op. cit., p. 180.
Publicado originalmente no livro Nem 
Monge, Nem Executivo (Editora Ultimato).
Paul Freston, inglês naturalizado 
brasileiro, é professor colaborador 
do programa de pós-graduação em 
sociologia na Universidade Federal de 
São Carlos e professor catedrático de 
religião e política em contexto global 
na Balsillie School of International 
Affairs e na Wilfrid Laurier University, 
em Waterloo, Ontário, Canadá.
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40 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
A RELAÇÃO APAIXONADA DOS 
EVANGÉLICOS COM ISRAEL
Em que consiste �a paixão evangélica por Israel�? Quais são os motivos desta 
�paixão�? Este fenômeno se tornou mais evidente nas últimas décadas? 
TENDÊNCIAS
ANDRÉ DANIEL REINKE
Fr
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pi
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Minha adolescência foi marcada 
pelo entusiasmo escatoló-
gico estimulado por livros 
como A Agonia do Grande Planeta 
Terra, de Hal Lindsey. A teologia de 
fundo dessa obra teve sua versão 
ficcional na série Deixados para 
trás, de Tim LaHaye, publicada no 
Brasil no início dos anos 2000. O 
sucesso desse tipo de literatura era 
sinal da vitalidade da hermenêutica 
dispensacionalista entre evangéli-
cos brasileiros. E, nessa linha esca-
tológica, o povo judeu e o Estado 
de Israel desempenham um papel 
central. Essa era a forma tradicio-
nal pela qual nós, evangélicos, nos 
aproximávamos de Israel: o país era 
o �relógio de Deus� nos derradeiros 
capítulos do tempo do fim.
Desde então, a aproximação 
evangélica a Israel ganhou novos 
contornos. As viagens à Terra San- 
ta aumentaram significativamente, 
mais acessíveis ao bolso e guiadas 
por pastores atendendo a todos 
os gostos teológicos, com direito a 
batismo no Jordão e souvenirs os 
mais diversos. Produtos de origem 
judaica são oferecidos por lojas 
evangélicas físicas e virtuais, resul-
tado comercial que reflete um fenô-
meno mais recente: a aproximação 
simbólica aos judeus e a Israel.
Nas últimas décadas tem 
ocorrido uma certa judaização de 
costumes em muitas igrejas, espe-
cialmente no meio neopentecostal. 
Em alguns casos, vemos apenas 
uma aproximação litúrgica, como 
a celebração de festas judaicas (que 
também estão determinadas na 
Torá) em versões contemporâneas. 
Eventualmente, a aproximação 
se ampliou pelo uso de símbolos 
judaico-bíblicos, como o menorá, 
o shofar e o talit; também passaram 
a se usar ornamentos pós-bíblicos, 
como o quipá; e inclusive o símbolo 
extra-bíblico da estrela de Davi. Em 
muitas igrejas, a bandeira de Israel 
está ostentada junto ao púlpito, 
embora seja um símbolo nacional 
laico. Trata-se de um desenvol-
vimento novo na aproximação 
evangélica aos judeus e a Israel, 
não pautada pela escatologia, mas 
pela imitação de suas liturgias e 
símbolos.
É um fenômeno complexo e 
normalmente sujeito a avaliações 
muito apressadas. Trincheiras cos-
tumam ser cavadas antes mesmo 
de se verificar o que está aconte-
cendo. Por isso, cabem algumas 
ponderações.
A busca das origens da fé
A história da Reforma está encra-
vada em uma ideia: a de retornar 
aos fundamentos da fé, à igreja 
primitiva. A tendência de buscar as 
fontes mais �puras� do cristianismo 
viria a permear inúmeras vertentes 
do protestantismo, incluindo os 
movimentos pentecostais (neste 
caso, pela via da experiência dos 
primitivos com o Espírito Santo).
Estudos acadêmicos, tanto 
da teologia como da história, 
trouxeram um crescente entendi-
mento de Jesus e de Paulo como 
autênticos judeus dialogando no 
judaísmo, não mais como per-
sonalidades anti-judaicas (como 
fora a tendência do cristianismo 
ao longo de séculos). Com isso, 
gradativamente se olhou com mais 
simpatia para a religião judaica, 
compreendido como a origem do 
cristianismo.
41Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
Nossas igrejas não estudam 
a história do cristianismo, tam-
pouco a formação das doutrinas. 
Tornam-se presas fáceis para 
especulações que creditam a 
Constantino uma imposição da 
ortodoxia e das crenças funda-
mentais do cristianismo. Com isso, 
cresceu a desconfiança na doutrina 
tal como foi gestada nos primeiros 
séculos, entendida como produto 
de uma helenização indesejada e 
submissa à filosofia pagã. A incer-
teza com as doutrinas fundamen-
tais (como a Trindade e a cristo-
logia), somada ao vazio simbólico 
deixado pela iconoclastia do puri-
tanismo e do anabatismo � recebi-
dos do contexto norte-americano 
� levou muitos grupos brasileiros a 
buscarem suas liturgias e símbolos 
na própria Bíblia � e nela estão o 
menorá e as festas da Torá.
Não deixa de ser uma busca 
pela pureza das origens da fé, 
mas que não chega sem alguns 
anacronismos.
O imaginário em torno 
das origens
Muitos evangélicos buscam uma 
expressão eclesiástica mais �pura�, 
despida do que se tem entendido 
como uma �paganização� da fé 
bíblica. Então veio a rejeição de 
festas cristãs, como o Natal � subs-
tituído pelo Chanucá, porexem-
plo � e a busca de uma celebração 
da Páscoa mais próxima dos ritos 
judaicos. A tentativa é retornar à 
igreja primitiva de Atos, uma igreja 
judaica da qual os gentios passaram 
a fazer parte. Ou seja, uma igreja 
que celebrava o culto ao modo do 
judaísmo.
Entretanto, como buscar 
esse judaísmo primitivo a fim 
de resgatar uma tradição mais 
pura? Entram em cena alguns 
anacronismos. Muitos rituais 
foram desenvolvidos nos séculos 
posteriores a Cristo, como o Sêder 
(o cerimonial judaico do Pessach), 
e novos símbolos foram agregados 
ao longo do tempo � caso do quipá, 
do segundo século, ou da estrela de 
Davi, implementada no judaísmo 
de Praga a partir do século 17. As 
vertentes do judaísmo mudaram ao 
longo de dois mil anos.
Como os símbolos possuem 
a peculiaridade de se vincularem 
à essência de um povo, acabam 
sendo entendidos como supra-his-
tóricos. Muito facilmente se passa 
a imaginar os judeus da época de 
Cristo usando talit azul e branco e 
uma correntinha com a estrela de 
Davi, quando esses elementos são 
de culturas materiais posteriores. O 
judaísmo da igreja primitiva acaba 
sendo imaginado como o judaísmo 
que os evangélicos encontram 
diante de si no mundo contem-
porâneo. Não deixa de ser uma 
aproximação de um Israel imagi-
nário. Por isso, pode ocorrer certa 
ambiguidade: quando o evangélico 
encontra o Israel ou o judeu real 
(como o secularizado e progres-
sista, por exemplo) pode acabar 
descambando para algum tipo de 
antissemitismo, uma vez que, para 
ele, parece ter �algo de errado� com 
o judeu que encontrou. 
Enfim, a aproximação dos ele-
mentos judaicos é uma tentativa de 
se aproximar dos símbolos bíblicos 
do tempo de Jesus e dos apóstolos. O 
que acontece é um entrecruzamento, 
na imaginação evangélica, dos ele-
mentos judaicos do presente com 
aqueles supostamente utilizados 
pelos primeiros seguidores de Jesus.
A pluralidade da judaiza-
ção evangélica
Não pense que esse fenômeno é 
homogêneo. Há movimentos de 
aproximação ao judaísmo nas mais 
diversas vertentes. Não é porque 
alguém está usando um talit para 
orar que se trata da judaização 
criticada por Paulo, pois nem 
todo caso tem caráter legalista ou 
soteriológico.
Há grupos fazendo uso de ele-
mentos judaicos por pura estética. 
Outros, como os restauracionistas, 
procuram uma teologia e liturgia 
primitivas. Há muitos evangélicos 
gentios se aproximando de algum 
tipo de judaísmo messiânico, 
enquanto outros descobrem sua 
origem judaica 
(os marranos 
são comuns no 
Brasil). Mas tam-
bém há aqueles 
que apostatam 
definitivamente 
da ortodoxia e 
adentram para 
um ebionismo 
moderno, negando a divindade de 
Cristo. Cada caso deve ser obser-
vado com cuidado para não sermos 
injustos com irmãos que estão 
apenas preocupados em obedecer a 
Deus. Em outras palavras: observe e 
compreenda antes de julgar.
Esse e outros desdobramen-
tos da relação apaixonada dos 
evangélicos por Israel é tema do 
livro recém-publicado Paixão por 
Israel: judaização, sionismo cristão 
e outras ambiguidades evangélicas, 
produto de pesquisas de mestrado 
e doutorado do autor. É uma leitura 
essencial para compreender melhor 
o fenômeno e suas implicações para 
a doutrina, a política e o diálogo 
religioso no Brasil.
André Daniel Reinke é bacharel em 
desenho industrial (habilitação em 
programação visual), licenciado em 
história, mestre e doutor em teologia 
(concentração em história das teolo-
gias e religiões). Autor dos livros Os 
Outros da Bíblia, Aqueles da Bíblia, 
Nós e a Bíblia, Atlas Bíblico Ilustrado e 
Paixão por Israel.
A APROXIMAÇÃO 
DOS ELEMENTOS 
JUDAICOS É UMA 
TENTATIVA DE 
SE APROXIMAR 
DOS SÍMBOLOS 
BÍBLICOS DO 
TEMPO DE 
JESUS E DOS 
APÓSTOLOS 
44 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
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ARTE E CULTURA
LITERATURA E CULTURA
GLADIR CABRAL
Humor, reflexões profundas sobre a vida humana, 
diálogo criativo com a tradição literária inaugura-
da por Miguel de Cervantes, crítica aos regimes au-
toritários da Espanha e de outras partes do mundo, 
reflexões teológicas e éticas sensíveis � tudo isso 
num pequeno livro que vai se tornando um novo 
clássico da literatura ocidental: Monsenhor Quixo-
te, de Graham Greene, publicado em 1982.
O personagem principal da história é o padre 
Quixote, que cuida de uma pequena paróquia na 
vila de Toboso, na Espanha, e que inesperadamente 
acolhe um bispo italiano em sua casa, um visitante 
acidental que seguia para Madri, mas cujo auto-
móvel ficara sem gasolina. Padre Quixote recebe o 
bispo em sua casa e o ajuda a seguir viagem. Sema-
nas depois, uma carta direto de Roma concede-lhe 
o título de monsenhor. Como um homem simples 
e que nunca havia saído de sua paróquia ao longo 
de décadas, padre Quixote não se sente confortável 
com o título que lhe é concedido.
Cheio de dúvidas em relação às mudanças em 
sua vida, mas ajudado por seu amigo Sancho, an-
tigo prefeito da cidade de Toboso e comunista con-
victo, eles partem em uma aventura pelas estradas 
da Mancha até o destino final. A história se pas-
sa na Espanha de 1975, período logo após o final 
da ditadura do general Franco. O país vivia uma 
abertura política, mas as forças repressoras ainda 
estavam muito vivas naquele momento. Era tam-
bém um período marcado por grandes mudanças 
na Igreja Católica pós-Vaticano II. Internamente, 
as tensões entre a vanguarda e a força do conserva-
dorismo ainda era muito forte.
Logo no início da narrativa já se anuncia a es-
treita ligação entre o padre Quixote e seu ances-
tral famoso, Dom Quixote de la Mancha. É assim 
mesmo que ele se vê, como descendente de Dom 
Quixote. Muito natural, não fosse o fato de que o 
ancestral do padre é, na verdade, um personagem 
de ficção, o que empresta à história uma boa dose 
de ironia e humor. No final, a questão da busca 
pela identidade é uma das temáticas centrais do ro-
mance. O que somos nós? O que é a subjetividade 
senão uma ficção que 
vamos articulando 
ao longo da vida? 
�Talvez sejamos to-
dos ficções, padre, 
na mente de Deus� 
(Greene, 1982).
Ao colocar os 
personagens em cir-
culação pelo país e 
em situações inusita-
das, chamando a atenção de policiais, observadores 
e vigilantes, a história mostra como um simples 
passeio se torna uma verdadeira fuga. O romance 
evidencia quanto as instituições políticas e eclesiás-
ticas tentam controlar a vida das pessoas, conforme 
seu comportamento revela algum sinal de rebel-
dia, dissenso ou rejeição dos dogmas que a todos 
envolvem.
Em meio a diálogos muito bem construídos e 
espirituosos, o romance mostra também como a 
amizade tem o poder de fazer com que as pessoas 
superem suas diferenças e preconceitos. Um ho-
mem religioso tem muito a aprender com seu amigo 
ateu, e vice-versa, pois, no fundo, o que nos move e 
nos transforma é a empatia, a compaixão, que nada 
mais é do que o amor pelo outro, além da honesta 
reflexão sobre a própria vida. Cada um desses perso-
nagens tem seus defeitos, suas fragilidades � como, 
por exemplo, o descontrolado consumo de bebidas 
alcoólicas �, mas eles conseguem transcender esses 
desafios pela força da dignidade e do afeto.
Este livro é uma grande celebração da vida huma-
na, cheio de amor, humor e sabedoria. Estamos em 
movimento contínuo, tudo muda. �Não há pássaros 
este ano nos ninhos do ano passado� (Greene, 1982).
Gladir Cabral é pastor, músico e professor de letras na 
Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Acompanhe 
o seu blog pessoal: ultimato.com.br/sites/gladircabral.
AS PEREGRINAÇÕES DO PADRE QUIXOTE NA OBRA 
MONSENHOR QUIXOTE, DE GRAHAM GREENE
O exercício da leitura em Dom Quixote
bit.ly/413-literatura
MAIS NA INTERNET
VAMOS LER!
ARTHUR HENRIQUE SOARES DOS SANTOS
COMO PENSAR SOBRE A ÉTICA DE DEUS 
E O PROBLEMA DO MAL?
O problema do mal é amplamente reconhecido 
como um dos principais desafios à crença em Deus. 
Resumidamente, existem filósofos que argumentamque o mal e o sofrimento � ou talvez a quantidade e a 
intensidade do mal que existe no mundo � colocam 
em xeque a existência de um Deus perfeitamente 
bom, onipotente e onisciente. Esse tema é muito deba-
tido em materiais da filosofia analítica da religião. Na 
própria série Filosofia e Fé Cristã, o Manual Oxford 
de Teologia Filosófica aborda esse problema em três 
capítulos. Mas será que não existem pressupostos 
que precisam de mais atenção? Por exemplo, como a 
visão que assumimos sobre a ética de Deus impacta 
nossa reflexão acerca do problema do mal? No livro 
A Ética de Deus, nova publicação da Editora Ultimato 
em parceria com a Associação Brasileira de Cristãos 
na Ciência (ABC2), Mark C. Murphy, professor de 
filosofia religiosa na Universidade Georgetown, se 
dedica a lidar atentamente com a relação entre a ética 
da agência divina e o problema do mal.
Para fazer isso, Murphy, em primeiro lugar, ana-
lisa o conceito de Deus a partir da tradição do filósofo 
medieval Santo Anselmo. Para a tradição anselmiana, 
Deus é o ser cujas perfeições são todas elevadas a 
seu nível máximo intrínseco. Por exemplo, Deus não 
é apenas conhecedor, Deus é onisciente; Deus não é 
apenas bom, ele é perfeitamente bom. A partir dessa 
maneira de compreender Deus, Murphy tenta com-
preender qual o núcleo da ética de Deus, isto é, como 
devemos pensar sobre as razões de Deus para agir 
de uma maneira em vez de outra. Ao fazer isso, ele 
defende � de modo bastante rigoroso � que Deus 
tem uma ética própria distinta das normas morais às 
quais suas criaturas estão sujeitas. 
Isso tem uma implicação central para o debate 
acerca do problema do mal. Boa parte dos filósofos 
que debatem sobre tal questão, seja a favor ou contra a 
existência de Deus, tendem a adotar uma posição que 
trata Deus como se ele estivesse sujeito às mesmas 
normas morais que nós, suas criaturas, estamos 
sujeitos. Contudo, Murphy sugere boas razões para 
pensarmos que talvez isso seja um pressuposto pro-
blemático. E, se Murphy estiver correto, isso signi-
fica que os argumentos contra a existência de Deus 
que partem do mal e do 
sofrimento estão fadados 
ao fracasso. Afinal de 
contas, tais argumentos 
seriam embasados em 
uma visão da ética de 
Deus que eles não pode-
riam presumir. Assim, 
o trabalho de Murphy 
implica que não é pos-
sível usar o problema 
do mal para argumentar 
contra a existência de 
Deus.
Dito isso, gostaria de 
elencar alguns motivos 
pelos quais a leitura da 
obra de Mark Murphy vale muito a pena para teó-
logos, filósofos e até cristãos em geral que tenham 
interesse em temas da teologia filosófica. Em pri-
meiro lugar, A Ética de Deus é um exemplo primo-
roso da reflexão filosófica séria e rigorosa acerca de 
Deus, de modo que pode levar o leitor a compre-
ender melhor o que significa Deus ser perfeitamente 
bom e perfeitamente amoroso. Em segundo lugar, a 
obra oferece uma ótima alternativa para pensar uma 
resposta teísta ao problema do mal. Em contextos de 
igrejas nas quais os jovens têm dúvidas intelectuais 
sobre a fé cristã, inclusive sobre o problema do mal, 
essa obra se torna imprescindível para líderes cujo 
coração pastoral deve levar ao cuidado amoroso 
com esses jovens. E, em terceiro lugar, uma das teses 
mais interessantes de Murphy é a de que o amor de 
Deus é algo contingente: Deus poderia não nos amar, 
mas ainda assim ele livremente nos ama. Refletir 
filosoficamente sobre isso não é útil apenas inte- 
lectualmente, é algo que deve nos encher de louvor e 
admiração por um Deus que livremente decidiu nos 
amar. E, em meio a todo o rigor filosófico, A Ética de 
Deus nos leva ao louvor e à admiração por esse Deus 
amoroso. 
Arthur Henrique Soares dos Santos é graduado e 
mestrando em filosofia pela Universidade Federal do 
Pará (UFPA).
45Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
ACONTECEU COMIGO
MEU ENCONTRO COM JESUS
O PRIMEIRO 
SERMÃO 
QUE OUVI A
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JORGE NELSON DE 
OLIVEIRA JUNIOR
Conheci a Cristo quando 
tinha 10 anos de idade. 
Estava doente e os médicos 
não sabiam o que era. Foi quando 
minha mãe me convidou para as-
sistir a uma oração na televisão. 
Era a nossa última esperança.
Alguns meses depois de co-
meçarmos a orar diariamente 
pela minha saúde, me vi curado! 
Foi um milagre! Deus respondeu 
às nossas orações.
Nessa época, ganhei do meu 
pai uma Bíblia que pertencera à 
minha bisavó. Eu a lia todos os 
dias, queria saber mais sobre esse 
Jesus que me curou.
Aos 16 anos, fui convidado 
por um amigo para visitar sua 
igreja. Ali aceitei Jesus Cristo 
como meu Salvador. E depois fui 
batizado. Meu relacionamento 
com o Senhor se aprofundou. 
Mas, algum tempo depois, saí 
dessa igreja. Na procura de uma 
nova comunidade, fui fazendo 
amigos.
Conheci uma jovem especial, 
que, percebendo a minha decep-
ção com a igreja e o meu coração 
endurecido, me dizia: �Não exis-
te nada que você faça, que fará o 
Senhor te amar mais ou menos�. 
Hoje, essa jovem é a minha espo-
sa. Sou grato por ela e outras pes-
soas que Deus colocou em minha 
vida.
Em 2013, comecei a frequen-
tar um ponto missionário da Igre-
ja Metodista no interior de São 
Paulo. Tinha acabado de me mudar 
para a cidade! Nesse período, 
minha vida espiritual foi se re-
novando. E um dia, conversan-
do com Deus sobre a história da 
minha vida, ouvi a seguinte per-
gunta: �Sabe qual foi o primeiro 
sermão que você ouviu?�. Com 
temor, respondi que não. 
Então surgiu uma memória 
da infância. Minha mãe e eu está-
vamos na cidade de Pirapora, in-
terior de São Paulo, em excursão 
com vizinhos e familiares, e uma 
cena chamou a minha atenção: 
duas senhoras sentadas no chão, 
pedindo ajuda. Alguém passou 
e deu um saco de pão para uma 
delas, que começou a comer rapi-
damente. A outra senhora pediu 
um pão, e sua colega negou. Ela 
baixou a cabeça triste e parou de 
pedir ajuda. 
Diante da cena, eu disse: 
�Mamãe, dá dinheiro pra ela�. 
Ela respondeu: �Eu não tenho�. 
Insisti, pois sabia que ela tinha. 
Então calmamente andamos até 
um banco e sentamos. Ela me 
explicou que só tinha dinheiro 
para pagar a nossa entrada no 
parque, que era a razão da via-
gem.Vendo a tristeza da senhora, 
eu disse que ela precisava do di-
nheiro. Ela respondeu: �Filho, se 
dermos o dinheiro, não iremos 
ao parque!�. Aceitei a condição e 
me comprometi a não chorar por 
não ir ao parque com todos. Ela 
me entregou o dinheiro e o levei 
para a senhora, que agradeceu: 
�Deus abençoe, filho, que nada 
lhe falte!�.
Depois dessa lembrança, o 
Senhor falou ao meu coração: 
�Esse foi o primeiro sermão que 
você ouviu. Foi sua mãe quem 
pregou�. Eu chorei.
Dias depois, fui visitar a mi-
nha mãe e contei a experiência. 
Ela ficou surpresa com essas 
lembranças, pois eu tinha apenas 
3 anos de idade. Contei o que o 
Senhor me falou, que ela pregou 
o primeiro sermão que ouvi.
Acho que foi naquele dia que 
conheci Jesus. 
Pensando melhor, acredito 
que posso dizer como o salmista 
Davi:
�Tu formaste o meu interior e me 
teceste no ventre da minha mãe 
[...] 
Tu me observavas quando estava 
sendo formado em segredo [...] 
Como são preciosos os teus pen-
samentos ao meu respeito. 
(Adaptação de Salmos 139.13-17)
Poder escrever isso hoje é um 
milagre, ou melhor, uma dádiva. 
Jorge Nelson de Oliveira Junior, 
39 anos, casado com Carla Oliveira 
e pai de Jordan. Formado em jorna-
lismo e membro da Igreja Metodista 
Livre Saúde (IMeL) em São Paulo, SP.
O cão de caça do céu e o menino sorriso
bit.ly/413-testemunho
MAIS NA INTERNET
46 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
PÓS GRADUAÇÃO
EM COSMOVISÃO
CRISTÃ E EDUCAÇÃO
Inscreva-se
100% EAD Tutoria
Especializada
Corpo Docente
Qualificado
● Capacite-se para atuar 
com excelência na educação 
fundamentada em princípios 
cristãos
● Estude de onde estiver, 
com autonomia e qualidade
● Indicado paraprofessores, 
gestores, pastores e 
missionários. 
unievangelica.edu.brEclesiastes, 
escandalizo-me de pronto. Pois deparo-me com frases 
como esta: “[…] aquele a quem Deus conferiu riquezas, 
bens e honra, e nada lhe falta de tudo o que a sua alma 
deseja, mas Deus não lhe concede que desfrute disso; 
ficará para um estranho” (v. 2). Essa falta de desfrute 
imposta por Deus àquele que primeiramente ele agra-
ciou incomoda-me profundamente.
Outra frase muito desagradável: “Todo trabalho do 
ser humano é para a sua boca; contudo, o seu apetite 
nunca se satisfaz” (v. 7). Continua aqui a ênfase na 
falta de satisfação do ser humano, como algo apa-
rentemente determinista que lhe impõe uma rotina 
escravizante.
Porém a mais chocante de todas as afirmativas, 
que me deixa extremamente desconfortável, à beira 
de uma desistência existencial da vida é: “Se alguém 
gerar cem filhos e viver muitos anos, até uma idade 
avançada, e se a sua alma não se fartar do bem, e além 
disso não tiver sepultura, digo que um aborto é mais 
feliz do que ele” (v. 3).
A continuação dessa expressão é, no mínimo, 
macabra: “Pois o aborto vem ao mundo para nada e 
desaparece na calada da noite, e as trevas encobrem o 
seu nome. Não viu o sol, nada conhece, porém tem mais 
descanso do que o outro, ainda que aquele vivesse duas 
vezes mil anos, mas não desfrutasse do bem. Por acaso, 
não vão todos para o mesmo lugar?” (v. 4-6).
Será que estamos todos em um circo de horrores 
que debocha de nós minuto a minuto e por um tempo 
insuportável e infindável? Somos esse espetáculo de 
alguém sem graça alguma? “Que dor, meu Deus!” Eu 
grito do mais entranhável do meu ser.
Assim como Jó (31.35), resolvi entregar a minha 
tensa angústia da alma diante do Senhor Deus. E ele 
ouviu-me e acolheu-me com uma simples e impressio-
nante lembrança: “Não é isso que incomoda intima-
mente seu coração há anos?”. Lembrei-me de tantas 
e tantas vezes que me perturbei na alma com a falta 
de contentamento pleno neste viver em meio a um 
tempo fugidio. É aquele sentimento que contempla a 
eternidade a partir da perspectiva temporal e perce-
be-a totalmente sem sentido. Pois que graça tem viver 
para sempre nesta falta de plenitude?
Até o momento em que me dei conta que a Palavra 
de Deus aqui em Eclesiastes expressa de maneira viva e 
completa o meu sentimento mais uterino, algo que eu 
sinto, mas nunca consegui expressar tão bem. Como 
é bom reconhecer o ser recebido e compreendido em 
minha angústia mais opressiva e lamentável! E agora 
verbalizá-la lendo a passagem de Eclesiastes 6 como 
se fossem palavras ditas por mim. “Que aceitação, meu 
Senhor!” Eu grito do mais entranhável do meu ser.
A seguir, ouvi de Jesus, assim como o intérprete da 
lei diante da parábola do samaritano (Lc 10.37): “Vá e 
viva este seu tempo fugaz a partir da realidade eterna”. 
Tão simples, tão revelador e tão libertador! É o contrá-
rio do que eu enxergava até aqui. O chamado é para 
viver o hoje na perspectiva do plano vindouro cheio 
de plenitude. Agora e já. Tudo muda de horizonte. “Ó 
profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do 
conhecimento de Deus!” (Rm 11.33). Junto com o após-
tolo Paulo, eu exclamo do mais entranhável do meu ser.
Jony W. de Almeida é pastor na Igreja Presbiteriana de 
Viçosa, em Viçosa, MG.
Contentamento – “Aprendi o segredo de viver contente 
em toda e qualquer situação” (Fp 4.13)
bit.ly/413-pastorais
MAIS NA INTERNET
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7Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
SUMÁRIO
14 CAPA 
SEÇÕES
A capa desta edição traz a oração ensinada por Jesus destacando 
o pedido: “Livra-nos do mal”. O mal e o Maligno existem. E 
precisamos recorrer a Deus, o nosso Pai, por proteção.
O que sabemos sobre o mal? A que textos bíblicos recorremos 
para refletir e falar do assunto? Como o mal nos afeta [e como 
afetamos os outros com o mal] e por que pedimos para sermos 
livres dele? Por que os cristãos e a igreja precisam levar esse 
assunto a sério?
SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO LEITOR
Para assinar ou adquirir exemplares anteriores, consultar dados 
de sua assinatura, comunicar alteração de endereço, tirar dúvidas 
sobre pagamento ou entrega, renovação e outros serviços.
• 31 3611 8500 31 99437 0043
de segunda a sexta, das 8h às 18h
• atendimento@ultimato.com.br 
Editora Ultimato – Caixa postal 43 | CEP 36570-970, Viçosa, MG
ABERTURA
CARTA AO LEITOR
PASTORAIS
CARTAS
MAIS DO QUE NOTÍCIAS
ARTE E CULTURA
FAMÍLIA
O perigo das telas
Carlos “Catito” e Dagmar Grzybowski
26
ACONTECEU COMIGO – MEU 
ENCONTRO COM JESUS
O primeiro sermão que ouvi
Jorge Nelson de Oliveira Junior
46
REFLEXÃO
Melhor, maior e mais tangível
Rebeca Sousa
34
/editora.ultimato
Podcast Ultimato
/editoraultimato
@ultimato
@editoraultimato
Mais de 86 mil pessoas já “curtiram” a página 
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promoções da Editora Ultimato no Instagram. 
Mais de 83.700 pessoas já nos seguem.
44
REDESCOBRINDO A PALAVRA DE DEUS
�Fazer tua vontade�
Valdir Steuernagel
28
HISTÓRIA
Nação pecaminosa
Alderi Souza de Matos 
36
TENDÊNCIAS
A relação apaixonada dos 
evangélicos com Israel
André Daniel Reinke
40
SESSENTA+
�Ensina-nos a contar os nossos dias�
Shih Li Li Yoshimoto
32
CAMINHOS DA MISSÃO
A incrível jornada de acompanhar 
jovens na trajetória missionária
Emiliano Cambuim
30
ÉTICA
Para que serve a solidão?
Paul Freston
38
8 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
CARTASCARTAS
Estou lendo e relendo cada artigo da 
edição que tem Esperança na capa! 
Como estava precisando disso! Que 
Deus continue abençoando vocês por 
nos trazer esse alimento dos céus!
Lilian Mendes, São Paulo, SP
 
Li e gostei dos artigos desta edição. 
Ultimato tem sido um instrumento 
muito útil para seus leitores. Aprecio 
com interesse os temas abordados, 
especialmente os que tratam de 
assuntos contemporâneos, que os 
cristãos evangélicos devem inserir no 
contexto de nossas igrejas. Espero que 
adolescentes e jovens tenham acesso 
aos diversos temas nas publicações da 
revista.
Zefanias Lima, Rio de Janeiro
Obrigado, Cynthia e Ultimato, pela 
excelente elaboração e exposição do 
artigo Como vivem os que têm espe-
rança?. É uma ótima e atual questão 
que, na minha percepção, foge dos 
aspectos tradicionais que são ofer-
tados. Sem dúvida, como mencionado, 
“ter esperança” passa ou passará em 
algum momento por possuir e exercer 
o contentamento.
Adriano Alves
 
Queridíssima Ultimato, o Cacau 
Marques (Esperança engajada com 
a vida) tem que ser colunista fixo de 
vocês! Do portal e da revista impressa. 
Ele é um dos melhores que temos atu-
almente! Fica a dica!
Tiago Melo
 
AS CAPAS DE ULTIMATO
É uma alegria receber Ultimato. 
Cada edição bem recheada de muito 
conhecimento e reflexões que nos 
ajudam a construir uma fé mais 
sólida e racional. Mas, além do exce-
lente conteúdo, Ultimato tem trazido 
capas maravilhosas que encantam e 
prendem a atenção de tão lindas. Meu 
pedido-sugestão é de compartilhar 
essas imagens em tamanho maior para 
o leitor. Eu adoraria ter uma dessas 
capas tão lindas e com tanto signifi-
cado adornando a minha casa.
Andressa B. Barella
A TENTATIVA DE GOLPE E A REAÇÃO 
EVANGÉLICA
Quero agradecer e cumprimentar 
o doutor Paul Freston pela lucidez, 
profundidade, qualidade e coragem 
expressos no texto de sua lavra A ten-
tativa de golpe e a reação evangélica, 
publicado na edição de janeiro/feve-
reiro de Ultimato.
João Batista Pereira
O QUE SUA IGREJA PRECISA SABER 
SOBRE OS 60+
A igreja somos todos nós, independen-
temente da idade. É necessário viver o 
nosso momento com sabedoria e fruti-
ficando até o fim. Nós, 60+, pavimen-
tamos a estrada e abrimos caminho 
para as novas gerações. No final, tudo 
dará certo e estaremos juntos na Nova 
Jerusalém.
Levi Capellari
Não aguento mais ficar em pé por 
quase meia horapara uma oração 
em conjunto. Não me falta respeito 
ao Senhor, assim espero. Mas minhas 
pernas doem.
Claire Scorzi
Falta sabedoria a alguns pastores mais 
jovens. Assumem igrejas tradicionais, 
com história e longa trajetória. Na pri-
meira oportunidade, levantam slogans 
evocando uma pretensa “nova menta-
lidade”, “novos rumos” e coisas seme-
lhantes. A princípio sutilmente, depois 
de forma ostensiva, vão pondo de lado 
líderes experientes. Alguns chegam 
a ponto de proclamar, de púlpito, o 
“orgulho em não ter ninguém com 
mais de 50 anos de idade na diretoria”. 
Esquecem-se que a idade é algo inexo-
rável. E o pior, esquecem que a igreja 
ainda é conduzida, em sua maioria, 
pelos mais experientes.
Washington Fazolato
CARTA DA PRISÃO
Ultimato, agradeço o envio de um 
livro e da revista. Gostaria de saber se 
vocês conhecem pessoas evangélicas 
que queiram se corresponder comigo. 
Há poucos evangélicos aqui e me sinto 
muito só. Gosto de fazer amizades, 
especialmente com pessoas que pro-
fessam a fé e amam Jesus Cristo. Tenho 
boas intenções, mente sã e conheço a 
Palavra de Deus.
A. L. F. C., Iaras, SP
– Se você tem interesse em se corres-
ponder com A. L. F. C., escreva para 
cartas@ultimato.com.br.
PORTAL E REDES SOCIAIS 
Muito obrigado pelo post “O que o 
autismo tem me ensinado” (Instagram 
Ultimato, 9/4/2025). Viver e conviver 
com o autismo é um exercício de 
fé diário, e 95% das vezes, um exer-
cício solitário, tornando-se um triste 
indicativo de como a convivência 
cristã tem de extrapolar a barreira 
do conforto, do desconhecido, e 
abraçar os milhares de “estrangeiros” 
que frequentam os cultos todos os 
domingos, mas sentem receio de se 
envolver mais, por causa de suas difi-
culdades. Que a igreja desenvolva 
sabedoria e maturidade para alcançar 
o próximo.
Ronei Jr.
Como poeta cordelista, fico extrema-
mente feliz em ver a obra O Peregrino 
– adaptação da obra de John Bunyan, 
de Jénerson Alves, ganhar espaço na 
literatura cristã brasileira (“Notícia”, 
19/3/2025). Parabéns ao autor e a 
Ultimato por divulgar o evangelho e a 
cultura para o Brasil.
Euriano Sales
Parabéns pelo excelente artigo publi-
cado no editorial do boletim Últimas, 
edição 741 (18/2/2025), Arte para todo 
lado! Sou professora de arte, educação 
e também uso a arte como expressão 
maior. Já li alguns dos livros citados no 
boletim. Parabéns por desenvolverem 
uma revista tão importante e bem 
elaborada para os cristãos poderem 
divulgar a fé cristã.
Sônia V. Gattaz
9Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
10 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
// NOTÍCIAS
ARIANE GOMES
de reais é o valor do prejuízo 
com a pirataria de livros no 
Brasil em 2024
1.200.000.000
espécies de plantas, 3,3 mil de 
fungos, 2 mil de borboletas, 900 de 
aves, 625 de anfíbios, 350 de peixes 
de água doce, 320 de mamíferos e 
300 espécies de répteis colocam 
a Mata Atlântica entre as maiores 
biodiversidades do mundo
17.400
crianças e 
adolescentes são 
vítimas de violência 
sexual no Brasil a 
cada hora. Apenas 
8,5% dos casos são 
denunciados
8
toneladas de embalagens 
PET foram recicladas no 
Brasil em 2024, montante 
14% superior às 359 mil 
toneladas recicladas 
em 2022
410.000
de pessoas no Japão � população 
total � têm menos de 10 mil igrejas 
à disposição, incluindo católicas 
e ortodoxas. Em 2016, 81% das 
igrejas protestantes tinham menos 
de cinquenta participantes e 
quase três quartos dos pastores 
tinham mais de 60 anos
125.000.000
+ DO QUE NOTÍCIAS
Há nove anos a Missão Evangélica de Assistência aos 
Pescadores (MEAP) estendia os braços – acostumados com 
trabalhos nas áreas litorâneas do Brasil há trinta anos – para 
lançar as redes em comunidades ribeirinhas no norte do país.
Na época, o pastor Oscar Oliveira contou: “Chegamos 
em junho de 2016 com dois casais e hoje somos 22 obreiros 
trabalhando com igrejas e agências missionárias para levar 
o evangelho às comunidades não alcançadas do rio Purus”.
O tempo passou e as comunidades da região conti-
nuam sendo alcançadas pelo evangelho.
Em carta escrita em março de 2025, um dos obreiros 
da MEAP contou:
Três igrejas foram plantadas, todas com obreiros envol-
vidos em ações de discipulado. As crianças continuam 
sendo ensinadas na Palavra de Deus e aconselhadas. 
Concluímos o primeiro curso bíblico de formação de 
liderança nativa, com 28 alunos de cinco comunidades.
Mais dez sistemas de abastecimento de água foram 
instalados, promovendo saúde e bem-estar aos ribeiri-
nhos e indígenas. Novos alunos estão estudando a dis-
tância e alguns deles foram capacitados para instalar 
internet via satélite em outras comunidades, obtendo 
renda extra para sua família.
Contudo, o que mais alegrou nosso coração foi 
o despertar evangelístico dos obreiros nativos. Em 
janeiro, realizamos uma escola de missões e um pro-
jeto missionário para prática. Todos se empenharam na 
evangelização dos seus parentes. Os corações estão 
queimando por missões.
EVANGELIZANDO RIBEIRINHOS EM 
PURUS, AM
Jesus Film Project, um ministério da Cruzada Estudantil 
Internacional, alcançou a marca de tradução do filme 
Jesus para 2.200 línguas em março de 2025. A versão 
mais recente foi lançada em Bouna, um dialeto da língua 
kulango, falado na Costa do Marfim, na África Ocidental.
A ideia do filme teve início em 1950, com Bill Bright, 
fundador da CRU Internacional, e seu lançamento acon-
teceu trinta anos depois, graças aos esforços de Paul 
Eshleman, fundador do Jesus Film Project. Desde o início, 
o objetivo do projeto é apresentar o evangelho em línguas 
nativas, dando oportunidade para muitas pessoas conhe-
cerem Jesus. Exibido em diversos países, Jesus é conside-
rado o filme mais traduzido no mundo. 
De acordo com o Jesus Film Project, há muitos anal-
fabetos em Bouna, e apenas um pequeno grupo de mora-
dores é cristão. Neste contexto, o filme é valioso tanto 
para apoiar a comunidade cristã como para ajudar os não 
cristãos a conhecerem a história de Jesus.
A atenção aos detalhes culturais e linguísticos na tra-
dução do filme é central. Segundo os responsáveis pelo 
projeto, para muitos que nunca ouviram o evangelho em 
sua língua, Jesus não é apenas um filme, mas um encontro 
com o Senhor.
FILME JESUS É TRADUZIDO PARA 
A 2.200ª LÍNGUA, O BOUNA
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11Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
FRASES
Deus quer que amemos as pessoas e usemos as 
coisas, não o contrário.
Jaime Fernández 
Escritor, músico e colunista do site Protestante digital
O descanso não é merecimento após grande esforço 
de trabalho, mas é ponto de partida. A semana 
começa com o domingo, com o descanso na graça, 
e desse descanso dado por Cristo vem a força – 
graciosa – para trabalhar!
Cássia Coutinho
Mestre em teologia filosófica
Não apenas devemos nos esforçar para criar, como 
temos também o dever de criar coisas dignas, 
nobres, belas e boas, pois o papel do artista só seria 
arbitrário em um mundo sem Deus.
Humberto Schubert Coelho
Professor de filosofia moderna e metafísica e historiador
A banalização da violência nos videogames, nas 
redes sociais – que trazem a automutilação, a morte, 
o suicídio como atos que apenas respondem aos 
cliques e interações geradas por consoles – tem 
dificultado a percepção de crianças e jovens não 
apenas do que é concreto e factível, mas também de 
suas consequências.
Januária Cristina Alves
Mestre em comunicação social, jornalista e educomunicadora
ALGUNS DOS
 VISTOS
	⬛ O Discípulo 
Radical 
John Stott
	⬛ A Bíblia Toda, 
o Ano Todo 
John Stott
	⬛ Lendo o Sermão 
do Monte com 
John Stott 
John Stott 
ALGUNS DOS
 LIDOS
ARTIGOS
 
LIVROS
A UM CLIQUE
Todo o conteúdo 
oferecido em “MAIS 
NA INTERNET” des-
ta edição em bit.ly/
ult413-mais
A C E S S E U L T I M A T O . C O M . B R 
E L E I A A S N OV I DA D ES D E 
U LT I M ATO TO D OS OS D I AS
PARA LER O CONTEÚDO DESTA SEÇÃO, ACESSE:
WWW.ULTIMATO.COM.BR/SITES/BLOGDAULTIMATO/ULT413ULTIMATOONLINE
SENHOR, NÃO CONCEDAS AOS 
ÍMPIOS OS MAUS DESEJOS; 
NÃO PERMITAS QUE SEU PLANO 
PERVERSO SE CONCRETIZE.
Salmos 140.8
	⬛ Maria Juraceia 
Ferreira 
(1970–2025): Ela 
tornou visível o 
Deus invisível 
Obituário
	⬛ Há esperança de 
êxito na criação de 
nossos filhos hoje? 
Ana Paula P. 
Formigari
	⬛ A gratidão mata 
a ansiedade 
Ronaldo Lidório
ULTIMATO LANÇA 
APLICATIVO
Ultimato acaba de lançar seu 
aplicativo, que reúne todo o 
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Além das edições da revista 
Ultimato na íntegra, o leitor vai 
encontrar estudos bíblicos, notí-
cias e artigos publicados no site, 
além de vídeos e podcasts.
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destacamos: compartilhar ou 
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load da edição da revista para 
ler quando estiver sem conexão 
com a internet, acesso à loja Ul-
timato, entre outras.
O app funciona em celula-
res e tablets dos sistemas iOS e 
Android e está disponível para 
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e Play Store (Google). 
Baixe o aplicativo, é gratui-
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12 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
+ DO QUE NOTÍCIAS+ DO QUE NOTÍCIAS
“Geração Z lidera reviravolta emocionante na 
frequência à igreja”
Essa afirmação é feita a partir de dados da 
pesquisa Reavivamento silencioso – conduzida 
pela Sociedade Bíblica Inglesa – que mostra que o 
crescimento marcante da igreja no Reino Unido nos 
últimos anos está acontecendo graças à aproxima-
ção do público jovem de suas atividades.
Dados da pesquisa mostram que, em 2018, ape-
nas 4% dos jovens de 18 a 24 anos frequentavam a 
igreja pelo menos mensalmente. Atualmente, esse 
número subiu para 16%. Em relação a seis anos 
atrás, mais de dois milhões de pessoas estão fre-
quentando a igreja atualmente.
Essa é uma boa notícia em dois sentidos: a 
geração Z é protagonista do reavivamento da igreja 
num país europeu, continente que durante vários 
anos tem sido destacado pelo marcante declínio no 
número de cristãos e de igrejas.
A pesquisa revela também outros dados:
• Os homens (13%) são mais propensos a fre-
quentar a igreja do que as mulheres (10%); 
• A igreja está se tornando mais etnicamente 
diversificada – Uma em cada cinco pessoas per-
tence a uma minoria étnica; 
• A leitura da Bíblia e a confiança nela aumen-
taram – cerca de 67% dos cristãos da igreja leem a 
Bíblia semanalmente fora da igreja; 
• Os cristãos relatam maior satisfação com a 
vida e maior conexão com sua comunidade do que 
os não cristãos; 
• O nível de estresse, ansiedade, depressão, 
particularmente entre mulheres, é menor entre as 
frequentadoras da igreja.
Acesse o relatório The Quiet Revival em bit.ly/413-gera-
caoz.
Nascido em 4 de fevereiro de 1906, Dietrich 
Bonhoeffer legou de sua família um intelecto agu-
çado, aptidão musical distinta e confortável situa-
ção de vida. Mas não foi o legado que recebeu o que 
determinou sua vocação e trabalho. Contrariando 
as expectativas familiares, estudou teologia e atuou 
como pastor, escritor e ativista social.
Bonhoeffer atuou abertamente na contramão 
do regime nazista: com suas palestras e ensino 
teológico, com seus escritos, com militância ativa 
como parte do serviço alemão antiespionagem e, 
com a morte – foi preso em março de 1943, julgado 
e condenado ao enforcamento em 9 de abril de 
1945 – há oitenta anos. Suas últimas palavras foram: 
“É o fim, para mim é o começo da vida”.
Para Eduardo Delás, pastor e doutor em teolo-
gia sistemática, “a vida de piedade que distinguiu 
Bonhoeffer é relevante não só porque seu pen-
samento tem sido uma fonte de inspiração para a 
teologia contemporânea, mas porque o valor de sua 
exemplaridade constitui um convite permanente 
para deixar nossa zona de conforto onde se instam a 
mediocridade e os conformismos inapresentáveis”. 
E mais, “o seguimento de Jesus, que deve ser prati-
cado no mundo, não é a redenção da nossa angús-
tia, preocupações e sofrimentos, como se pudésse-
mos ser magicamente separados da realidade, mas 
a proposta de que a vida terrena seja provada no 
meio dos conflitos desta história a partir do poder 
do Espírito”.
GERAÇÃO Z LIDERA 
REAVIVAMENTO DA IGREJA NO 
REINO UNIDO
BONHOEFFER – UM COMEÇO 
NO FIM
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// IGREJA EM AÇÃO
ARIANE GOMES
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14 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
MATÉRIA DE CAPA
A oração que Jesus ensinou aos discípulos 
(Mt 6.9-13, Lc 11.2-4) é um dos textos mais lem-
brados e, talvez, mais recitados das Escrituras.
É uma oração ousada quanto ao tratamento a 
Deus, que nela é chamado Pai – não apenas Pai de 
Jesus, mas Pai nosso. Ele é a pessoa central da ora-
ção, e dele o nome deve ser santificado, e a vonta-
de feita na terra como é feita no céu.
A oração inclui também assuntos que dizem 
respeito àqueles que invocam o Pai: o pão, o per-
dão e a proteção. O pão referindo-se à dependên-
cia do Criador e Provedor; o perdão para um viver 
livre e sadio com Deus e com os outros; e a prote-
ção da tentação e do mal, que são parte da expe-
riência de toda a humanidade, incluindo os filhos 
de Deus.
Sobre o pão e o perdão, bastante tem sido dito, 
escrito, refletido, e todos nós temos histórias pes-
soais e comunitárias de provisão e de perdão. Mas, 
e quanto ao ser livre do mal, o que sabemos? A que 
textos bíblicos recorremos para refletir e falar do 
assunto? Como o mal nos afeta [e como afetamos 
os outros com o mal] e por que pedimos para ser-
mos livres dele?
Um olhar panorâmico sobre as Escrituras per-
mite lembrar episódios, ensinos e exortações 
sobre o mal e sua influência sobre o coração hu-
mano – onde a injustiça, a opressão, a destruição, 
a impiedade, a corrupção são geradas – e per-
mite também saber que os desígnios do Maligno 
(diabo, Satanás, adversário, opositor, acusador), 
são contra a humanidade e contra Deus.
Os artigos a seguir são unânimes ao afirmar 
que a desobediência a Deus é responsabilidade 
da humanidade e que o resultado dela são oposi-
ção ao bem e à vida, tragédia, inimizade e morte. 
Por isso o destaque tanto para a consciência pes-
soal do mal quanto para a necessidade de salva-
ção e de reconciliação com Deus garantidas pela 
vitória de Cristo na cruz.
Há unanimidade também quanto à esperança 
cristã. Porque têm esperança, os cristãos aguar-
dam com confiança o dia em que o mal terá o seu 
fim, e vivem submissos ao poder do Espírito para 
vencê-lo. Por outro lado, enquanto aguardam, 
os crentes resistem e denunciam o mal, e traba-
lham em favor do bem, do que é bom e justo. Há 
pessoas ao redor que aguardam boas notícias de 
salvação, libertação e reconciliação. Como água 
para o sedento, a bondade, a liberdade e o perdão 
são desejados por aqueles que anseiam pelo pão, 
perdão e proteção que só Deus dá.
Ultimato deseja que o pedido “livra-nos do 
mal” seja levado a sério por cada cristão e por 
toda a igreja – até o dia em que o tabernáculo de 
Deus [o Pai] estará com os homens e “Deus habi-
tará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus 
mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos 
olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já 
não haverá luto, nem pranto, nem dor” (Ap 21.3-4).
S empre que nos deparamos com calamidades 
e tragédias individuais ou coletivas somos 
levados a refletir sobre a realidade do mal e 
como enfrentá-lo. A pecaminosidade humana, 
a imoralidade e tantas formas de opressão e de 
injustiça despertam também questionamentos 
sobre o mal e as angústias que ele provoca nas 
pessoas.
A narrativa bíblica mostra que Deus criou 
todas as coisas e viu que eram muito boas (Gn 
1.31). Mas a ordem da criação foi perturbada pela 
desobediência humana ao mandamento de Deus. 
Consequentemente, o ser humano foi expulsoda 
presença de Deus e a desordem e a maldade se 
instalaram na criação e nas criaturas de Deus. 
Contudo, a esperança cristã se pauta na realidade 
do desfecho da história: quando a ordem criada 
será restaurada e toda maldição será eliminada 
(Ap 22.1-5).
Apesar de a Bíblia não oferecer grandes de-
bates sobre a origem do mal, ela não deixa de 
reconhecê-lo e apontar para a resposta divina e 
a solução final sobre toda a maldade. Esse realis-
mo bíblico a respeito do mal humano e estrutu-
ral, assim como da bondade divina, não deixa de 
ser muito apropriado para combater ideias tanto 
antigas quanto modernas 
sobre o mal. Entre as pesso-
as, há desde um pessimismo 
quanto a força e a inevitabi-
lidade do mal humano uni-
versal como um otimismo 
que subestima e nega o mal 
ou o idealiza na forma de 
uma espiritualidade triun-
falista. 
É muito fácil, mesmo 
aos cristãos, cedermos a 
uma visão maniqueísta da 
realidade que entende que 
estamos em meio a um conflito entre o bem e o 
mal, e cabe a nós, por meio da oração, da escra-
vização do corpo, da vida ascética, vencer o mal. 
Esse dualismo tem reflexos diretos na espiritua-
lidade cristã e no modo como entendemos nossas 
ações e intenções no corpo de Cristo, a Igreja. A 
Bíblia não promove essa visão, embora reconheça 
a existência do mal.
Uma compreensão dualista leva a uma rup-
tura radical entre vida religiosa e espiritual e 
vida secular e carnal. Do ponto de vista ético, é 
uma visão desastrosa. A espiritualidade se torna 
A RESPOSTA HUMANA 
AO SOFRIMENTO E À 
MALDADE É RESISTIR 
A ELES NÃO SÓ EM 
OBEDIÊNCIA E FIDELIDADE 
A DEUS, MAS, SOBRETUDO, 
NA ESPERANÇA E NA 
CONVICÇÃO DE QUE O 
MAL FOI DERROTADO 
EM CRISTO JESUS
O MAL ENTRE NÓS E A PAZ DE CRISTO 
William Lacy Lane
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1515Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
um enlevo sobrenatural desconexo da vivência 
relacional e ética. Por outro lado, as responsabili-
dades humanas, sociais e econômicas se reduzem 
a obras mortas, carnais e sem importância para 
Deus. Não é de se surpreender que pessoas mui-
to �espiritualizadas� se envolvem em escândalos 
morais e éticos tão danosos ao corpo de Cristo. A 
ruptura radical entre espírito e corpo precisa ser 
superada por uma visão holística da obra de Deus 
e da espiritualidade humana. Isso só é possível 
por meio de uma lucidez a respeito do mal.
A Bíblia mostra que há uma distinção entre o 
mal qualitativo e o moral. Algo pode ser mal por 
sua natureza ou condição. Nesse sentido, denota 
algo desagradável, inútil, corrompido, sem um 
sentido moral. Coisas, lugares, 
pessoas, situações e épocas são 
caracterizadas como ruins, amea-
çadoras e danosas. Causam muita 
aflição e angústia nas pessoas.
Contudo, o mal é também en-
tendido no sentido espiritual ou 
moral. Está relacionado a tudo 
que envolve desobediência aos 
mandamentos de Deus e a atos 
imorais e pecaminosos. As Escrituras indicam 
que a desobediência a Deus levou o ser humano 
a ser expulso da presença de Deus e a viver sob as 
consequências e maldições dessa desobediência. 
Atos de rebeldia a Deus têm consequências dano-
sas aos indivíduos e à comunidade.1
Apesar da distinção, em certo sentido, o mal 
qualitativo ou natural é também consequência do 
mal moral.2 A Bíblia indica que a desobediência 
humana leva a tragédias. Porém, nem sempre se 
percebe uma relação direta de causa e efeito entre 
uma tragédia e a causa moral do indivíduo ou da 
comunidade. É muito comum ao cristão querer 
encontrar o pecado humano individual que le-
vou alguém a se acidentar ou a contrair alguma 
enfermidade terminal. Muito do que acontece de 
ruim às pessoas não se deve a atos imorais e pe-
caminosos, mas ao mal estrutural que, em última 
instância, se origina no pecado humano.
Além disso, a Bíblia, especialmente no Novo 
Testamento, se refere ao Maligno (Mt 13.19), que 
vem e arranca a semente do reino plantada no 
coração humano, também chamado de Satanás 
na passagem paralela de Marcos 4.15 e Diabo em 
Lucas 8.12. Trata-se de um agente não humano 
e não divino que atenta contra o próprio Deus e 
contra a humanidade. Para muitos, o diabo é a 
causa última de todo mal e é ele quem tem de ser 
combatido e resistido. Mas, novamente, isso não 
deve nos levar a um dualismo, nem à negação da 
responsabilidade humana do mal existente den-
tro do coração humano (Pv 6.14). 
A boa notícia é que �vem o dia [em que] todos 
os arrogantes e todos os malfeitores serão como 
palha, e aquele dia, que está chegando, ateará fogo 
neles � diz o Senhor dos Exércitos. � Não sobrará 
raiz ou galho algum. Mas para vocês que reveren-
ciam o meu nome, o sol da justiça se levantará 
trazendo cura em suas asas. E vocês sairão e salta-
rão como bezerros soltos do curral. Depois esma-
garão os ímpios, que serão como pó sob as solas 
dos seus pés, no dia em que eu agir � diz o Senhor 
dos Exércitos� (Ml 4.1-3, NVI).
As Escrituras nos ensinam que a resposta hu-
mana ao sofrimento e à maldade é resistir a eles 
não só em obediência e fidelidade a Deus, mas, 
sobretudo, na esperança e na convicção de que o 
mal foi derrotado em Cristo Jesus (Hb 2.14-15; Ap 
12.9). A realidade do mal não nos torna comba-
tentes contra as forças do mal. A realidade do mal 
nos torna pessoas confiantes na proteção do Pai 
que não nos tira do mundo, mas nos protege do 
Maligno (Jo 17.15), confiantes em Cristo, que se 
manifestou para destruir as obras do diabo (1Jo 
3.8), e esperançosos que o dragão será lançado no 
abismo (Ap 20.2-3). 
Essa confiança e esperança dão ao cristão o 
alento diante do sofrimento e lhe permite expe-
rimentar a paz de Cristo que excede todo enten-
dimento (Fp 4.7) mesmo em meio às aflições (Jo 
16.33). Mesmo diante do mal natural, das tenta-
ções do pecado e das artimanhas do diabo, o fiel 
encontra força, dignidade e paz em Cristo.
Notas
1. Watson, Duane F. “Evil”, in: Freedman, David Noel, org. The 
Anchor Yale Bible Dictionary. New York: Doubleday, 1992.
2. Gerstner, J. H. “mal”, in: Elwell, Walter A., org. Enciclopé-
dia histórico-teológica da igreja cristã. Sociedade Religiosa 
Edições Vida Nova, 1990, p. 466-467.
A REALIDADE DO MAL 
NOS TORNA PESSOAS 
CONFIANTES NA PROTEÇÃO 
DO PAI QUE NÃO NOS TIRA 
DO MUNDO, MAS NOS 
PROTEGE DO MALIGNO
William Lacy Lane (Billy) é pastor presbiteriano e 
doutor em Antigo Testamento. É também professor e 
capelão no Seminário Presbiteriano do Sul, e tradutor 
de obras teológicas. É autor do livro O Propósito Bíblico 
da Missão.
16 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
MATÉRIA DE CAPA
Primeiramente, ele não é Deus. Nem mesmo 
outro deus. A Bíblia deixa claro que não de-
vemos cair em tipo algum de dualismo � um 
deus bom, que fez um mundo bom e agradável, 
e um deus mau, que bagunçou tudo. Algumas 
lendas cristãs populares vão exatamente nessa 
direção e dão a Satanás um poder bem maior e 
uma atenção bem mais obsessiva do que é reco-
mendada na Bíblia. E tal dualismo alimenta boa 
parte das ficções semirreligiosas, as quais muitos 
cristãos leem mais frequentemente e com mais fé 
do que suas Bíblias.
Porém, Satanás não é Deus, nunca foi e nunca 
será. Isso significa que, apesar de a Bíblia clara-
mente retratar Satanás como realmente poderoso, 
ele não é onipotente. Da mesma forma, apesar de 
a Bíblia dizer que Satanás comanda legiões de ou-
tros anjos caídos (demônios) que fazem seu traba-
lho sujo, ele não é onipresente. Satanás não pode 
estar em todos os lugares ao mesmo tempo (como 
só Deus pode e está). E, apesar de a Bíblia mostrar 
que Satanás é inteligente, arguto e traiçoeiro, ele 
não é onisciente. Ele não sabe todas as coisas e não 
tem o soberano conhecimento do futuro da for-
ma que Deus tem para realizar seus planos para a 
criação e para a história.
Sendo um anjo entre outros anjos caídos, mes-
mo sendo o príncipe deles, o diabo é um ser cria-
do. Isso significa que ele está sujeito à autoridade 
de Deus e ao seu controle. Como tudo o mais na 
criação, Satanás é limitado, dependente, contin-
gente e, em último caso,destrutível. Devemos 
levar Satanás a sério, mas não devemos honrá-lo 
com mais credibilidade e poder do que aquilo que 
é próprio de uma criatura.
Mas seria o diabo pessoal? Será que Satanás é 
uma pessoa como nós? Será que ele é uma pessoa 
como Deus?
Devemos ter cuidado ao responder a essa per-
gunta. Parece-me que há perigos em simplesmen-
te responder sim ou não. Por outro lado, a Bíblia 
é clara ao referir-se ao diabo de uma forma que 
normalmente associamos a pessoas. Ele é um 
agente ativo, com capacidade de inteligência, de 
intencionalidade e de comunicação. Ou seja, a 
Bíblia descreve o diabo agindo, pensando e falando 
do mesmo jeito que nós e de formas que certa-
mente são mais complexas que as de um animal 
comum. Quando a Bíblia fala a respeito do diabo, 
fica claro que ela se refere a algo maior que uma 
atmosfera ou tendência maligna ou uma personi-
ficação meramente metafórica dos desejos do mal 
dentro de nós � individual ou coletivamente. A 
Bíblia nos adverte que, no diabo, confrontamos 
uma realidade objetiva inteligente com a intenção 
implacável do mal. E os Evangelhos reforçam essa 
análise ao descrever a 
batalha que Jesus teve 
com o diabo em seu mi-
nistério. As Escrituras 
afirmam que o diabo é 
muito real, muito po-
deroso e muitas vezes 
age exatamente como 
as pessoas que sabemos 
que somos.
Em Satanás não há relacionamento amoroso 
duradouro, apreço pelo bem ou pela beleza, não 
há misericórdia, honra, �lado bom� ou �atos re-
dentores�.
E, acima de tudo, enquanto nenhuma pessoa 
neste mundo, por mais cruel e corrompida que 
seja, está privada de nossa compaixão amorosa 
e de nossas orações para que se arrependa e seja 
salva, não há informação alguma na Bíblia de 
que Satanás é uma pessoa que podemos amar, 
alguém por quem podemos nos compadecer e 
orar ou que pode ser redimido. Pelo contrário, 
Satanás é descrito como totalmente malevolen-
te, inflexivelmente hostil a tudo que Deus é e faz, 
um mentiroso e assassino incansável, implacavel-
mente violento, impiedosamente cruel, perpetua-
mente traidor, pervertido, destruidor, maligno e 
condenado.
Trecho do livro O Deus Que eu Não Entendo, de Christopher J. 
H. Wright (Editora Ultimato, 2011).
DEVEMOS LEVAR SATANÁS 
A SÉRIO, MAS NÃO 
DEVEMOS HONRÁ-LO COM 
MAIS CREDIBILIDADE E 
PODER DO QUE AQUILO 
QUE É PRÓPRIO DE 
UMA CRIATURA
O QUE É O DIABO OU SATANÁS?
 Christopher J. H. Wright
Christopher J. H. Wright é teólogo e diretor interna-
cional da Langham Partnership, onde assumiu a função 
ocupada por John Stott.
17Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
MATÉRIA DE CAPA
“Está consumado!� Esta foi a última sentença 
de Jesus na cruz antes de expirar. Ele não 
fez essa declaração depois de sua ressur-
reição, nem quando assumiu seu lugar no trono 
em sua ascensão. �Está consumado� aconteceu 
na cruz, em meio ao sofrimento e à morte. O 
que está consumado? O que foi feito naquela 
sexta-feira no Gólgota que está definitivamente 
feito? Será que entendemos o que Jesus realizou 
de uma vez por todas no Calvário?
Sabemos que alguma coisa extraordinária, 
única e definitiva aconteceu naquelas três horas 
em que as trevas cobriram a terra no meio do 
dia; quando se ouviu o grito: �Deus meu, Deus 
meu, por que me desamparaste?�; quando o véu 
do santuário se rasgou de cima a baixo; a terra 
tremeu, as rochas fenderam-
-se; os túmulos se abriram e 
muitos corpos de santos res-
suscitaram. 
O centurião romano 
responsável pelos soldados 
que guardavam o Calvário, 
vendo tudo o que estava 
acontecendo, com grande 
temor, disse: �Verdadeira-
mente este era o Filho de Deus�. Ele, como os 
outros soldados, reconheceu que aquele homem 
na cruz, com seu corpo desfigurado, não era um 
ser humano comum, e sua morte não foi como 
a morte dos outros dois ladrões ou de qualquer 
outro ser humano. 
Algo extraordinário aconteceu. Será que 
conseguimos compreender o que aconteceu na-
quela sexta-feira? Será que conseguimos com-
preender que o preço pelo nosso resgate foi 
definitivamente pago na cruz? Que o sangue 
derramado pelo Cordeiro de Deus foi para nos 
resgatar da escravidão do pecado e da morte? 
Que naquela cruz Deus estava reconciliando 
consigo o mundo? Não apenas o ser humano, 
mas toda a criação? Que o Deus santo estava ali, 
nos salvando da ira de Deus, para sermos acei-
tos por Deus e vivermos para a glória de Deus? 
Será que compreendemos isso?
Será que conseguimos compreender que 
naquela cruz os poderes foram definitivamen-
te vencidos? Que não precisamos mais viver 
subjugados pelos principados e potestades que 
atuam no mundo e na cultura porque na cruz 
eles foram expostos ao total desprezo? Será que 
compreendemos que não são eles que deter-
minam a forma como vivemos ou nos relacio-
namos? Que podemos perdoar uns aos outros 
como Cristo nos perdoou? Será que consegui-
mos compreender que a morte de Jesus na cruz 
foi a mais perfeita manifestação da glória de 
Deus? Que, por causa de sua obediência até a 
morte, e morte de cruz, ele foi exaltado e re-
cebeu um nome acima de todo nome para que 
diante dele se dobre todo joelho no céu, na 
terra e em todo lugar, e toda língua confesse 
que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de 
Deus Pai? Será que compreendemos tudo isso e 
muito mais? Não, claro que não.
O MAL E A CRUZ DE CRISTO –
 “ESTÁ CONSUMADO!”
Ricardo Barbosa
ALGUMA COISA 
EXTRAORDINÁRIA, ÚNICA 
E DEFINITIVA ACONTECEU 
NAQUELAS TRÊS HORAS EM 
QUE AS TREVAS COBRIRAM 
A TERRA NO MEIO DO DIA
O Calvário, Gustave Doré, 1877
18 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
Não conseguimos compreender por que 
a cruz, o crucificado e a sua mensagem são 
um escândalo e uma loucura. Ela não pode 
ser compreendida pelos mesmos critérios que 
usamos para compreender qualquer outro as-
sunto. Foi o que aconteceu com os dois discí-
pulos que retornavam para sua casa em Emaús 
depois daquela semana intensa. No meio do 
caminho recebem a companhia de um desco-
nhecido e comentam com ele suas tristezas e 
frustrações. Reconhecem que Jesus foi �um 
varão profeta, poderoso em obras e palavras, 
diante de Deus e de todo o povo�, que realizou 
muitos sinais, curas e milagres que somente 
Deus poderia realizar. Tinham certeza de que 
Deus estava com ele. Ele era o Salvador espe-
rado, mas, de repente, surge uma cruz no meio 
do caminho, e tudo fica confuso. O que pa-
recia ser claro como o sol do meio-dia, agora 
ficou obscuro e incompreensível. Se por um 
lado havia os sinais visíveis que facilitam a fé, 
por outro, havia uma cruz sem qualquer sinal 
poderoso, apenas uma vergonhosa e maldita 
cruz. Não compreendemos o que aconteceu ali 
porque a cruz não faz sentido, porque o que ve-
mos nela é grotesco e vil. O que de bom poderia 
vir de uma cruz e do crucificado? 
Todos, inclusive ateus, admiram a vida e o 
ensino de Jesus. Não encontraremos ninguém 
que despreze ou mesmo critique o Sermão 
do Monte, a Parábola do Filho Pródigo, Jesus 
curando um cego de nascença ou fazendo um 
paralítico andar. A vida 
e os feitos de Jesus são 
admiráveis. A ressurrei-
ção é também conside-
rada com apreço como 
expressão da esperança 
que temos em relação ao 
que virá depois da mor-
te. Mas e a cruz? A visão 
da cruz e do crucificado 
agride o ser humano in-
telectual, cultural, mo-
ral e religiosamente. No 
fundo, gostaríamos de um evangelho sem cruz. 
A fé cristã é real e viva por causa da cruz de 
Cristo. Por causa dela e somente por ela é que 
podemos compreender o que aconteceu naque-
la sexta-feira. Todo o poder do mal, do pecado 
e de Satanás foram vencidos � não aniquilados, 
mas vencidos. Todos estes poderes foram expos-
tos ao desprezo na cruz do Calvário.Expressões 
como salvação, libertação, redenção, resgate, 
tem o mesmo significado. Na cruz, fomos sal-
vos da escravidão do pecado, libertos do medo 
e da opressão dos poderes, incluindo a própria 
morte. �Graças a Deus, que nos dá a vitória por 
intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.�
Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja 
Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro 
Cristão de Estudos, em Brasília, DF. É autor de, entre 
outros, A Cruz e o Paradoxo da Autoestima, Quando 
a Alegria Não Vem pela Manhã, A Espiritualidade, o 
Evangelho e a Igreja, Pensamentos Transformados, 
Emoções Redimidas e O Caminho do Coração.
POR CAUSA DA CRUZ DE 
CRISTO E SOMENTE POR 
ELA TODO O PODER DO 
MAL, DO PECADO E DE 
SATANÁS FORAM VENCIDOS 
� NÃO ANIQUILADOS, MAS 
VENCIDOS. TODOS FORAM 
EXPOSTOS AO DESPREZO 
NA CRUZ DO CALVÁRIO
19Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
MATÉRIA DE CAPAMATÉRIA DE CAPA
Antes de amarrar Satanás, amarre seus pés. 
São eles que o levam para o conselho dos ím-
pios, para o caminho dos pecadores e para a 
roda dos escarnecedores (Sl 1.1). Retire o seu pé 
do mal, da casa da mulher adúltera, do caminho 
largo, do altar dos ídolos, da multidão dos que 
não servem a Deus (Pv 4.26-27).
Antes de amarrar Satanás, amarre seus joe-
lhos, para eles não se dobrarem diante do tenta-
dor (Lc 4.7), diante de Baal (1Rs 19.18) e diante 
das riquezas (Mt 6.24).
Antes de amarrar Satanás, amarre suas mãos. 
Se elas o fazem tropeçar, corte-as. Pois é �melhor 
entrar na vida eterna sem mão ou sem pé do que 
ficar com eles e ser jogado no fogo eterno� (Mt 
18.8). As mãos precisam ser santas (1Tm 2.8).
Antes de amarrar Satanás, amarre seu cora-
ção. Ele não pode amar outra pessoa além de seu 
cônjuge, outro deus além de Deus. Ele não pode 
amar o mundo nem o que há no mundo (1Jo 2.15).
Antes de amarrar Satanás, amarre sua língua. 
Ela é um mal incontrolável, cheio de veneno mor-
tífero. Ela contamina a pessoa por inteiro, incen-
deia todo o curso de uma vida (Tg 3.1-12).
Antes de amarrar Satanás, amarre seus ouvi-
dos. Eles não podem ouvir blasfêmias, irreverên-
cias e mentiras.
Antes de amarrar Satanás, amarre seus olhos. 
Se os seus olhos forem maus, o seu corpo todo fi-
cará na escuridão. Olhos altivos, olhos de cobiça, 
olhos cheios de adultério, olhos que nunca olham 
para cima, precisam ser amarrados dia após dia.
Antes de amarrar Satanás, amarre sua men-
te. Ela precisa ficar cativa a Cristo. Você só pode 
pensar naquilo que é verdadeiro, nobre, correto, 
puro, amável e de boa fama.
Antes de amarrar Satanás, amarre seu gênio. 
Se você não suporta um revés, uma ofensa, uma 
crítica, uma dor, você é incapaz de viver neste 
mundo. Você não pode pedir fogo do céu para 
consumir os que não batem palma para você.
Antes de amarrar Satanás, amarre sua vaida-
de pessoal. A soberba é um pecado latente que 
precisa ser dominado. É um pecado perigoso. A 
desgraça está a um passo depois do orgulho e 
logo depois da vaidade vem a queda. 
Antes de amarrar Satanás, amarre sua 
incredulidade. Ela é um entrava enorme e uma 
ofensa contra Deus, pois sem fé é impossível 
agradá-lo. 
Antes de amarrar Satanás, amarre sua pre-
guiça. Preguiça faz cair em profundo sono e in-
venta mil desculpas para você não se mover.
Antes de amarrar Satanás, amarre seu �eu�. 
Você foi crucificado com Cristo. Assim já não é 
você quem vive, mas Cristo vive em você. Você 
não tem direitos. Convém que Jesus cresça e que 
você diminua.
Antes de amarrar Satanás, amarre o pecado 
que habita em você. Deixe à míngua o apetite da 
pecaminosidade latente. Ofereça-o em sacrifício 
vivo, santo e agradável a Deus.
Depois de tudo amarrado, sinta-se à vontade 
para amarrar também o próprio Satanás. Peça a 
Deus proteção não só do pecado residente, mas 
também do �príncipe da potestade do ar�. Ele co-
manda um exército de anjos caídos, todos às suas 
ordens no espaço e no tempo, enquanto não chega 
até nós a plenitude visível e universal da salvação 
já obtida por Jesus. Troque o leão com l minúsculo 
pelo Leão com L maiúsculo. Feche cada vez mais a 
porta para o leão que ruge (1Pe 5.8) e abra cada vez 
mais a porta para o �Leão da tribo de Judá�, aquele 
Leão que desatou os sete selos e deu continuidade 
à história para que chegássemos ao grand finale, ao 
clímax da salvação (Ap 5.8)!
Elben César (1930-2016), fundador e diretor-redator de 
Ultimato. 
ANTES DE AMARRAR SATANÁS, 
AMARRE A SI MESMO
Elben César
Ed
so
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Fa
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20 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
A igreja que frequento implantou recentemente 
uma política de proteção à criança e ao ado-
lescente, visando um ambiente seguro e o 
bem-estar dos menores. Por que a necessidade 
dessa ação? Não seria a igreja, por definição, um 
lugar seguro, uma espécie de embaixada do rei-
no? Acontece, porém, que o privilégio de circular 
pelos corredores dessa embaixada não preserva a 
pessoa da maldade � sua própria e a de outros �, 
seja em ações ou em palavras. Oferecer proteção 
é, portanto, admitir que sempre haverá uma bre-
cha de oportunidade para o mal.
O mal está presente em cada lugar e em cada 
pessoa, sejam lugares sagrados, sejam pessoas 
que confessam um compromisso cristão. Essa 
característica do mal é muitas vezes relegada e 
difícil de tolerar. Deveria deixar as igrejas mais 
alertas e a cristandade menos ufanista.
“Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar 
boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai 
de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos 
que lhe pedirem!” (Mt 7.11)
Pelos atos de bondade aprendemos um pouco 
do caráter de Deus. Temos a capacidade de oscilar 
entre a bondade e a maldade. Há bondade naquele 
que não teme a Deus, pois ele demonstra amor, 
solidariedade, sacrifício, empatia, laços de famí-
lia etc. Por sua vez, aquele que teme a Deus não 
está livre de expressar o mal na forma de inveja, 
facções, ganância, insensibilidade social etc. Al-
gumas pessoas se destacam pela sua bondade; ou-
tras, pela maldade. A Bíblia não apoia aqueles que 
desejam traçar uma linha para separar uns e ou-
tros. Os seres humanos são mais surpreendentes.
Em suma, o mal e a bondade estão juntos e 
misturados.
“Só se veem maldição, mentira e assassinatos, 
roubo e mais roubo, adultério mais adultério; 
ultrapassam todos os limites! E o derramamen-
to de sangue é constante. Por causa disso a terra 
pranteia, e todos os seus habitantes desfalecem; 
os animais do campo, as aves do céu e os peixes 
do mar estão morrendo.” (Os 4.2-3)
O propósito do mal é a destruição da humanidade 
e da criação. A Bíblia contém muitos alertas desse 
perigo. Apenas no Novo Testamento listei noven-
ta menções das palavras �mal� e �maligno�, como 
substantivos e adjetivos, dentre as quais algumas 
poucas vezes empregando maligno para designar 
um ser espiritual. Ao contrário da tendência po-
pular, que atribui a maior parte do mal do mun-
do à ação do diabo, a ênfase bíblica está no que 
as pessoas fazem com a sua capacidade inata de 
realizar o mal. 
No que tange à realidade visível � não a seres 
espirituais �, há três aspectos sobre o mal per-
cebidos nos textos da Bíblia. Primeiro, o mal é 
a maldade, é a perversidade: uma malignidade 
dirigida pelo ser humano a outro ser humano e 
à criação, tornada concreta no mundo natural 
e na comunidade. O segundo é a ideia do mal 
como defeito, ou mácula: são as realidades que 
negam o plano original de Deus para o coração 
humano e para as relações humanas. No terceiro 
aspecto, o mal é entendido como desgraça, como 
infelicidade: uma piora na vida das pessoas e da 
sociedade.
“Não retribuam mal com mal nem insulto com 
insulto; pelo contrário, bendigam; pois para 
isso vocês foram chamados, para receberem 
bênção por herança.” (1Pe 3.11)
Por ter rédeas soltas, não há limites para o que 
o mal é capaz. As pessoas podem até mesmo en-
contrarsatisfação na prática do mal. A bondade, 
por sua vez, anda um pouco contida e necessi-
tada de incentivos, pois não oferece benefícios 
imediatos para satisfazer um coração desejoso de 
reparação. 
É na comunidade que essa tensão se verifica. 
Uma comunidade sadia é aquela que restringe 
os destemperos de seus membros e se torna uma 
bênção na oposição ao mal. Ela provê tanto o ter-
ritório quanto a motivação para seus membros se 
expressarem em oposição ao mal.
Ai daquele que não possui um círculo de 
amizade, ou perdeu a aferição de amigos e amigas 
quanto aos seus atos e palavras! E caso esteja 
O MAL E A BONDADE, 
JUNTOS E MISTURADOS
Délio Porto
21Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
afastado da igreja, perdeu o benefício da disciplina 
comunitária � um meio de graça importante para 
o progresso da vida espiritual.
“Amo a lei de Deus de todo o coração. Contudo, 
há outra lei dentro de mim que está em guerra 
com minha mente e me torna escravo do pecado 
que permanece dentro de mim. Como sou mi-
serável! Quem me libertará deste corpo mortal 
dominado pelo pecado?” (Rm 7.22-24)
Onde está, ou de onde vem, o remédio para 
nos livrar do mal que habita em nós? A visão bí-
blica usa a metáfora da escravidão para se referir 
à ação do mal nas pessoas: o escravo é constan-
temente humilhado, defraudado e exigido pelo 
poder que o subjuga. Há uma imposição do mal 
sobre a natureza humana.
Não é a prática da bondade que tornará al-
guém livre do mal, mas outra coisa muito mais 
poderosa. A respeito dessa condição humana e 
do poder libertador, Jesus disse: �Eu lhes digo a 
verdade: todo o que peca é escravo do pecado. O 
escravo não é membro permanente da família, 
mas o filho faz parte da família, para sempre. 
Portanto, se o Filho os libertar, vocês serão livres 
de fato� (Jo 8.34-36). Como escreveu Blaise Pas-
cal a respeito da vinda de Cristo: �A encarnação 
mostra ao homem a grandeza de sua miséria pela 
grandeza do remédio que se fez necessário�.1
Encontrar a Cristo pela fé não é, portanto, 
encontrar um bom exem-
plo de resignação e de 
conduta diante do mal, 
mas é encontrar um amor 
libertador. A intervenção 
de Deus em Cristo criou 
as condições para a vitó-
ria sobre o mal. O após-
tolo Paulo lembra que, 
�se o Espírito de Deus que ressuscitou Jesus dos 
mortos habita em vocês, o Deus que ressuscitou 
Cristo Jesus dos mortos dará vida a seu corpo 
mortal, por meio desse mesmo Espírito que ha-
bita em vocês� (Rm 8.11). Para os que começa-
ram a conhecer a Cristo, a exigência é a bonda-
de, não o mal.
Mas a bondade em si não soluciona a presença 
do mal e suas consequências. Alguns gostariam 
que a solução viesse na forma de poderes militares 
das hostes celestiais. Porém, a ira dos cavaleiros 
do apocalipse não retirará o mal da terra. A 
vitória sobre o mal já está entre nós, na forma de 
perdão.
“Que outro Deus há semelhante a ti, que perdoas a 
culpa do remanescente e esqueces os pecados dos 
que te pertencem? Não permanecerás irado com 
teu povo para sempre, pois tens prazer em mostrar 
teu amor. Voltarás a ter compaixão de nós; pisarás 
nossas maldades sob teus pés e lançarás nossos pe-
cados nas profundezas do mar.” (Mq 7.18-19)
Uma metáfora para o perdão é o mal sendo jo-
gado no mar do esquecimento. A Bíblia ensina que 
o perdão faz parte do processo de cura deste mun-
do e que isso foi planejado por Deus e realizado 
por meio de Cristo. Quando este processo estiver 
completo, o mal já não existirá. Como escreveu 
N. T. Wright: �O Novo Testamento promete um 
mundo em que o perdão será oferecido por Deus e 
também por seu povo. Parte da alegria dos redimi-
dos é que, ao conseguirem, por fim, perdoar com-
pletamente tudo o que foi feito contra suas vidas e 
contra a sua felicidade, não haverá mais sombra do 
passado trazendo sofrimento e injustiça�.2
Quando você e eu pudermos perdoar todo o 
mal que nos foi infligido; quando você e eu rece-
bermos o perdão por todo o mal que infligimos a 
outros; quando nossa mente não for mais assom-
brada pela culpa, nem pelo ressentimento, nem 
pelo desejo de retaliação, então saberemos que 
conseguimos dar e receber o perdão que vence o 
mal. Por isso há uma luta sendo travada contra 
o mal em nosso ser interior. A petição final da 
oração ensinada por Jesus é mais que um pedido 
genérico de proteção contra forças espirituais. É o 
reconhecimento dessa luta.
“Pai nosso, que estás nos céus! [...] livra-nos do 
mal” (Mt 6.9, 13)
Enquanto espera a resposta dessa oração, pro-
cure discernir seus próprios desejos, não aja des-
cuidadamente, não fale precipitadamente, nem 
deixe de olhar para Jesus.
Notas
1. PASCAL, Blaise. Pensamentos (La 352 e Br 526). Folha de 
São Paulo, 2015.
2. WRIGHT, N. T. O mal e a justiça de Deus. Viçosa: Ultimato, 
2009.
Délio Porto é engenheiro aposentado e mora em 
Viçosa, MG.
NÃO É A PRÁTICA DA 
BONDADE QUE TORNARÁ 
ALGUÉM LIVRE DO MAL, 
MAS OUTRA COISA MUITO 
MAIS PODEROSA
22 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
MATÉRIA DE CAPA
Alguns imaginam fantasiosamente que podem 
amarar o mal por meio de declarações e de-
cretos proferidos do alto de morros, ou nas 
correntes de oração às sextas-feiras à noite ou 
ainda colando adesivos nas casas e carros. Até a 
Bíblia aberta no Salmo 91 é usada como amuleto 
para afastar o mal do lar, entre outras mandigas 
inventadas pelo povo para precaver-se do que é 
ruim, perverso, danoso, maligno, maldoso, ad-
verso, desfavorável, que traz dor, sofrimento ou 
prejuízo para a vida pessoal, conjugal, familiar ou 
nos negócios. De qualquer forma o mal é levado a 
sério � não como categoria filosófica, teológica ou 
moral para ser considerada conceitualmente, mas 
como realidade prática que afeta negativamente a 
existência.
Jesus considerou o mal, a malignidade e o Ma-
ligno como realidades das quais era necessário 
precaver-se e proteger-se. Jesus percebeu e cons-
tatou a ação e as insinuações malignas do Adver-
sário e libertou as pessoas que sofriam os efeitos 
dolorosos da presença e da proximidade das for-
ças do mal.
Jesus foi pessoalmente tentado a desviar-se 
de sua vocação e missão pelo mal personificado 
em Satanás; Jesus enfrentou espíritos malignos 
e percebeu o mal nas ações de líderes religiosos 
que usavam a própria Lei Mosaica para oprimir 
e explorar pessoas e nos sistemas sociais injus-
tos da época. O mal não é apenas uma realidade 
moral subjetiva e psicológica. O mal se manifesta 
também em estruturas sociais injustas, eivadas 
de racismo, machismo, sistemas de castas e clas-
ses, desigualdades econômicas e concentração de 
riqueza. Jesus desafiou essas práticas e pregou o 
amor, a justiça e a misericórdia. Ele experimentou 
a força do mal social e político quando foi traído, 
abandonado pelos seus amigos, julgado de forma 
injusta, entregue para ser crucificado, sofrendo o 
máximo de dor física e emocional, experimentan-
do o mal espiritual absoluto que é a sensação do 
afastamento do Pai Celeste.
Jesus nos ensinou a orar pedindo preventi-
vamente por livramento do mal. Mas que �mal� 
Jesus tinha em mente? Seria o infortúnio nos 
relacionamentos afetivos ou nos negócios? 
Considerando a própria oração de Jesus, o mal 
é não conhecer a Deus como Pai; é não relacio-
nar-se com o Pai Celestial pessoalmente; é não 
perceber a santidade, a exclusividade, a distinção 
e a prioridade que o Nome 
e a Pessoa de Deus têm, no 
coração, sobre toda a cria-
ção; é viver aqui na terra 
querendo que no Céu seja 
feita a vontade egoísta do 
próprio ego; é experimentar 
a falta do pão e do que é bá-
sico para a sobrevivência; é 
andar sobrecarregado pela 
culpa, tentando por meio de ritos, observâncias 
religiosas e justiça própria obter operdão; é carre-
gar no coração amargura, ira e desejo de vingança 
contra aqueles que eventualmente nos feriram e 
deixar-se ser regido por isso; é deixar-se ser le-
vado pelos encantamentos, seduções e enganos 
que nos atravessam diariamente na forma de toda 
sorte de tentações. Tudo isso é considerado mal 
na perspectiva da oração básica que Jesus ensinou 
aos seus discípulos e discípulas.
O mal está no interior, no coração e na mente 
das pessoas.
Christian Gillis é pastor na Igreja Batista da Redenção, 
em Belo Horizonte, MG.
QUE �MAL� JESUS 
TINHA EM MENTE 
QUANDO NOS ENSINOU 
A ORAR PEDINDO 
PREVENTIVAMENTE 
POR LIVRAMENTO?
LIVRAMENTO E LIBERTAÇÃO DE TODO O MAL
Christian Gillis
Fr
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pi
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23Maio/Junho 2025 • ULTIMATO
MATÉRIA DE CAPAMATÉRIA DE CAPA
Levante-se e clame de noite, no princípio das 
vigílias. Derrame, como água, o coração diante 
do Senhor. (Lamentações 2.19)
Degradação, violação de direitos, agressão, 
doença, desigualdade, inimizade, ameaça, 
separação, fome, indiferença, briga, afronta, 
trapaça, angústia. Quem nunca se deparou com 
um dessse males?
Viver tendo diante dos olhos e, muitas vezes, 
debaixo do próprio teto � em casa, na igreja, na 
cidade ou no país � realidades como essas não é 
fácil. Sentimo-nos esgotados, ficamos perplexos e 
sem perspectivas. Nos aborrecemos, choramos, la-
mentamos e perguntamos: �Até quando, Senhor?�.
As orações de lamento são importantes por-
que atribuem a Deus toda a grandeza e o poder � 
Ah! Meu senhor! Se o Senhor Deus está conos-
co, por que nos aconteceu tudo isto? E onde estão 
todas as suas maravilhas que os nossos pais nos 
contaram? (Jz 6.13).
Pela manhã vocês dirão: �Ah! Quem dera já fos-
se noite!� E, à noitinha, vocês dirão: �Ah! Quem 
dera já fosse dia!� Isso pelo pavor que sentirão no 
coração e pelo espetáculo que terão diante dos 
olhos (Dt 28.67).
Cheguem perto de Deus, e ele se chegará a vo-
cês. Limpem as mãos, pecadores! E vocês que são 
indecisos, purifiquem o coração. Reconheçam a 
sua miséria, lamentem e chorem (Tg 4.8-10).
Sacerdotes, vistam roupa feita de pano de saco e 
pranteiem. Ministros do altar, lamentem. Minis-
tros do meu Deus, venham e passem a noite vesti-
dos de panos de saco. Reúnam os anciãos e todos 
os moradores desta terra na Casa do Senhor, seu 
Deus, e clamem ao Senhor (Jl 1.13-14).
DIANTE DO MAL – 
DEUS ESPERA NOSSO LAMENTO
Orem também para que sejamos livres das 
pessoas perversas e más; porque a fé não é de 
todos. Mas o Senhor é fiel. Ele os fortalecerá e 
os guardará do Maligno (2Ts 3.2-3).
� Lamentamos, Senhor, que haja homens maus. 
E recorremos ao Senhor em busca de proteção 
deles e do Maligno.
Sejam sóbrios e vigilantes. O inimigo de vocês, 
o diabo, anda em derredor, como leão que ruge 
procurando alguém para devorar. Resistam-lhe, 
firmes na fé, certos de que os irmãos de vocês, 
espalhados pelo mundo, estão passando por so-
frimentos iguais aos de vocês (1Pe 5.8-9).
� Que triste e que difícil, Senhor, que o nosso ini-
migo esteja sempre ao nosso redor a fim de nos 
desviar. Oramos para que tenhamos firmeza na 
fé e possamos resistir-lhe.
Até quando, Senhor, te esquecerás de mim? Será 
para sempre? Até quando esconderás de mim o 
teu rosto? Até quando estarei relutando em minha 
alma, com tristeza no coração cada dia? Até quan-
do o meu inimigo se exaltará sobre mim? (Sl 13.1-2).
ele ouve, age e transtorna o mal porque é todo-
-poderoso, justo, amoroso, fiel e vitorioso. O 
lamento sincero nos lembra de que somos pe-
cadores e necessitados, nos ajuda a reconhecer 
nossas limitações e a confessar que provocamos 
muitos males e somos vítimas deles. Lamentar 
ajuda a fazer frente e resistir ao mal e às suas 
consequências, declarando abertamente que ele 
incomoda, constrange, af lige, e não é bem-vin-
do. Por fim, o lamento permite escolher deixar 
tudo diante de Deus e confiar nele.
Ultimato selecionou versículos que podem 
ajudar o leitor a lamentar o mal que está diante 
de seus olhos. Escrevemos a nossa oração a par-
tir de alguns deles. Você também pode escrever 
uma lista pessoal de lamentos e orar a partir 
dela.
24 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
26 ULTIMATO • Maio/Junho 2025
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Crianças, adolescentes e o uso excessivo das telasCrianças, adolescentes e o uso excessivo das telas
bit.ly/413-familiabit.ly/413-familia
MAIS NA INTERNET
O PERIGO DAS TELAS
A tecnologia caminha a passos 
largos em nossos dias e as 
conquistas alcançadas nos 
últimos anos são fantásticas. É 
surpreendente que, há pouco 
mais de trinta anos, para se reali-
zar uma chamada telefônica para 
alguns países era necessária a in-
termediação de uma telefonista 
e, algumas vezes, uma espera de 
muito tempo até a ligação efeti-
var-se.
Hoje podemos conversar 
tranquilamente com alguém que 
esteja do outro lado do planeta 
caminhando pela rua e de forma 
imediata.
Todavia, se por um lado a 
tecnologia nos traz benefícios, 
por outro ela é igualmente ia-
trogênica, e talvez os problemas 
causados ultrapas-
sem os benefícios 
alcançados � pelo 
menos quando se 
trata da influência 
sobre crianças e 
adolescentes.
O primeiro si-
nal de alerta foi 
dado pelo neuro-
cientista Michel 
Desmurget1. Ele 
demonstra que o 
uso dos disposi-
tivos digitais afeta o desenvolvi-
mento neural das crianças e tem 
produzido a redução da capaci-
dade intelectual das mesmas. Por 
causa desses dados de alerta, vá-
rios países europeus � e também 
alguns estados brasileiros � têm 
tomado iniciativas restringindo 
o uso de celulares nas escolas2. A 
Austrália foi mais radical e proi-
biu o uso de redes sociais para 
menores de 16 anos, e o primei-
ro-ministro do país foi categó-
rico ao afirmar que a legislação 
é necessária para proteger os 
jovens dos �danos� causados 
pelas redes sociais3.
Na contramão desses estudos 
e iniciativas, muitos pais, espe-
cialmente no Brasil, são condes-
cendentes e alguns até promo-
vem o uso de telas pelos filhos já 
em tenra idade. Uma mãe (cristã) 
afirmou para mim alguns dias 
atrás: �Quando meu filho [de 5 
anos] está com o celular, pelo 
menos fica quietinho e não quer 
a minha atenção o tempo todo!�.
É chocante saber que pais 
terceirizam para as redes sociais 
e a internet o privilégio de edu-
car seus filhos e os expõem às 
influências de todo tipo de valo-
res anticristãos veiculados nesses 
meios. E, quando os filhos apre-
sentam comportamentos dis-
funcionais, tais pais recorrem a 
profissionais � que muitas vezes 
tentam corrigir essas condutas 
por meio de controles químicos 
e diagnósticos autojustificantes.
O apelo bíblico sempre foi 
para que os pais assumam ple-
namente a responsabilidade pela 
transmissão de valores aos filhos 
(Dt 6.6-7; Ef 6.4). Delegar essa 
tarefa a terceiros, sejam as telas 
ou até mesmo a escola dominical, 
pode ser um equívoco de conse-
quências catastróficas no seio da 
vida familiar. 
Notas
1. ‘Geração digital’: por que, pela 1ª vez, 
filhos têm QI inferior ao dos pais. Coor-
denadoria Futuro. Disponível em: https://
sites.ufpe.br/institutofuturo/2020/11/10/
geracao-digital-por-que-pela-1a-vez-filhos-
-tem-qi-inferior-ao-dos-pais/
2. Mais um país: Dinamarca vai proibir celu-
lares nas escolas. Olhar Digital. Disponível 
em: bit.ly/413-mais-um.
3. Os argumentos a favor e contra veto de 
redes sociais para menores de 16 anos na 
Austrália. BBC News Brasil. Disponível em: 
bit.ly/413-redes-australia.
Carlos �Catito� e Dagmar são 
casados, ambos psicólogos e tera-
peutas de casais e de família, e mem-
bros da Igreja Luterana. São autores 
de Pais Santos, Filhos Nem Tanto. 
Acompanhe o blog: ultimato.com.br/
sites/casamentoefamilia/
FAMÍLIA
CARLOS �CATITO� E DAGMAR GRZYBOWSKI
TALVEZ OS 
PROBLEMAS 
CAUSADOS PELA 
TECNOLOGIA 
ULTRAPASSEM 
OS BENEFÍCIOS 
ALCANÇADOS, 
PELO MENOS 
QUANDO SE

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