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GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL E GERENCIAMENTO DA ROTINA NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário Unidade 1: Gerenciamento da rotina do trabalho na ótica da Gestão da Qualidade Total ......................................................................................................... 4 Seção 1.1: Introdução ................................................................................................. 4 Seção 1.2: Gestão da qualidade total (GQT) .............................................................. 5 Unidade 2: Gerenciamento da rotina ..................................................................... 12 Seção 2.1: Introdução ............................................................................................... 12 Seção 2.2: Evoluções da gestão da qualidade.......................................................... 13 Seção 2.3: Gestão da qualidade total ....................................................................... 16 Seção 2.4: Processo Gerenciamento das Diretrizes – Programa 5S ........................ 20 Seção 2.5: Senso de utilização e seleção ................................................................. 22 Seção 2.6: Senso de organização e ordenação ........................................................ 22 Unidade 3: Implantação do gerenciamento da rotina do dia- a- dia (GRD) em uma empresa.................................................................................................................... 24 Seção 3.1: Introdução ............................................................................................... 24 Seção 3.2: Gerenciamento da rotina diária (GRD) e gerenciamento pelas diretrizes (GPD – Hoshin Kanri) ................................................................................................ 25 Seção 3.3: Padronização .......................................................................................... 27 Seção 3.4: Processo de implantação do gerenciamento da rotina diária (GRD)....... 27 Unidade 4: Proximidades entre gerenciamento da rotina na gestão pela qualidade total e gestão escolar ............................................................................ 29 Seção 4.1: Introdução ............................................................................................... 29 Seção 4.2: Educação de qualidade ........................................................................... 29 Seção 4.3: Gestão Escolar ........................................................................................ 31 Seção 4.4: Avaliação da educação básica brasileira ................................................ 34 Seção 4.5: O gerenciamento da rotina na gestão pela qualidade total ..................... 37 Seção 4.6: Proximidades entre gerenciamento da rotina na gestão pela qualidade total e gestão escolar ........................................................................................................ 39 Seção 4.7: Contribuições do gerenciamento da rotina da gestão pela qualidade total para a gestão escolar ................................................................................................ 39 Seção 4.8: Gestão Da Qualidade Total - TQM .......................................................... 43 Seção 4.9: Estrutura organizacional .......................................................................... 44 Seção 4.10: Importância do programa 5S ................................................................. 45 Referências .............................................................................................................. 47 4 Unidade 1: Gerenciamento da rotina do trabalho na ótica da Gestão da Qualidade Total Seção 1.1: Introdução Nos últimos anos muito se tem abordado com relação ao processo de globalização, das mudanças e avanços que esta vem causando principalmente no setor privado, trazendo a tona à necessidade de aprendizagem organizacional com vistas à continuidade das suas atividades neste ambiente turbulento. No entanto, os efeitos da complexidade deste ambiente não se localizaram apenas no privado, já que o setor público e as instituições que o integram também são focos das transformações e precisam reestruturar seus processos gerenciais. Para Lês Metcalfe e Sue Richards (1989 apud ABRÚCIO, 1997, p. 6) [...] o setor público não está numa situação em que as velhas verdades possam ser reafirmadas. É uma situação que requer o desenvolvimento de novos princípios. A administração pública deve enfrentar o desafio da inovação mais do que confiar na imitação. A melhora da gerência pública não é só uma questão de pôr-se em dia com o que está ocorrendo na iniciativa privada: significa também abrir novos caminhos. A administração pública no Brasil, em suas diferentes esferas, tem inserido o debate e ações relacionadas com a questão do gerenciamento das rotinas de trabalho. Exemplo disto corresponde à implementação, por parte do governo federal, do programa de Reestruturação das Universidades (REUNI), o qual objetiva criarem condições para a ampliação do acesso e permanência na educação de nível superior, bem como ao atendimento da demanda de conhecimento, ensino e tecnologias. Este processo de reestruturação requer que todo o escopo universitário esteja preparado, pois o aumento das atividades rotineiras será eminente. Assim, “o setor público brasileiro necessita consolidar inovações em suas organizações que lhes permita uma melhor efetividade de ações e de gestão” (LÖBLER, MARQUES e VICENTINI, 2006, p. 2). Sob esta ótica, programas gerenciais de rotina e de qualidade se apresentam como alternativa de solução, na busca de melhorias de atendimento, aumento da eficiência das atividades, dentre outros benefícios das instituições privadas. Nesse contexto, a Secretaria Acadêmica (SECAC) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) pode ser compreendida como um exemplo de repartição de uma instituição pública que busca modernizar seu sistema de gestão (foco do estudo de caso). Enfrentou vários problemas de ordem administrativa, como a falta de 5 organização do ambiente de trabalho, descontinuidade do fluxo dos processos administrativos, a desinteratividade interdepartamentais, o baixo quantitativo de funcionários para elaboração das rotinas e o aumento considerável das atividades administrativas em função da implantação do REUNI, onde contava com 19 cursos em 2006 passando para 27 cursos em 2009 e com projeção de um novo aumento para 36 cursos até 2012, estimando uma população acadêmica de 15.000 alunos aproximadamente. Diante das dificuldades acima citada, justifica a proposta de implantação de um programa de Gestão da Qualidade Total em função das dificuldadesde acordo com Cordeiro (2004), que as empresas se antecipem às necessidades futuras de seus clientes, o que gera um caráter estratégico para a obtenção da qualidade. A filosofia denominada Gestão da Qualidade Total (TQM - Total Quality Management) é baseada no princípio de melhoria contínua de produtos e processos e seu objetivo é a satisfação dos clientes. Para Lopes (2014), a melhoria contínua é um processo de mudanças continuadas. Essas mudanças melhoram a qualidade da organização, agregando valor à mesma. A Gestão da Qualidade consiste em atividades que servem para dirigir e controlar uma organização. Envolve o planejamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade. Segundo Paladini et al (2012), a Gestão da Qualidade é um dever de todos da empresa. A alta administração deve exercer forte liderança na equipe, estabelecer metas, educação e treinamento e desenvolver programas para obtenção da melhoria dos processos. Toledo et al (2013) consideram que para que a Gestão da Qualidade Total se realize é fundamental haver educação e treinamento, trabalho em equipe, comprometimento e envolvimento de todos com o processo de melhoria de produtos e serviços oferecidos. Cordeiro (2004) ratifica a importância da integração de todos os departamentos de uma empresa para a condução da mesma à competitividade duradoura. 38 O Gerenciamento da Rotina, um programa da Gestão pela Qualidade Total, é a denominação para “as ações e verificações diárias conduzidas para que cada pessoa possa assumir as responsabilidades no cumprimento das obrigações conferidas a cada indivíduo e a cada organização” (CAMPOS, 2013, p. 36) Para o autor, esse gerenciamento é a base da administração de uma empresa e precisa ser extremamente bem conduzido. Para Campos (2013), a gerência de uma empresa precisa elaborar metas para melhorar sempre. É fundamental que haja clareza de que mudanças acontecem e que é necessário se atualizar para acompanhar as transformações. A gerência também precisa verificar os motivos de não ter atingido uma meta, elaborar um plano de ação e executá-lo. Para resolver problemas, também se faz necessário o estabelecimento de metas e um planejamento de ações para que as mesmas sejam atingidas. Para isso é fundamental que haja conhecimento gerencial e conhecimento técnico do trabalho. A atuação do líder está diretamente associada ao desempenho da empresa. De acordo com Campos (2013), a experiência tem confirmado que uma empresa tem bons resultados quando possui um bom líder. O gerenciamento da rotina tem como objetivo melhorar os resultados da empresa. Para tal, é fundamental que os resultados sejam monitorados e divulgados para toda a equipe. Para a solução de alguns problemas há necessidade de um número reduzido de pessoas, que identificam a causa e podem atuar rapidamente na anomalia detectada. Para outros problemas, no entanto, faz-se necessário a participação de muitas pessoas para identificação das causas dos mesmos e elaboração de um plano de ação eficaz. Quando o plano de ação é elaborado em reunião com toda a equipe, ele será um produto do melhor conhecimento de todos. Os participantes assumem responsabilidades e têm vontade de aprender novos conhecimentos (CAMPOS, 2013) De acordo com Campos (2013), a motivação é uma das condições para o aprendizado e o gerente é o responsável pela motivação e crescimento das pessoas de sua equipe. É fundamental que seja estabelecido um item de controle sobre o tema, que sejam estabelecidas metas e que haja um gerenciamento da questão. O item de controle da motivação é o moral das pessoas. É possível medir o moral da equipe considerando as taxas de rotatividade, de faltas ao trabalho, de idas ao posto médico, de causas trabalhistas, de sugestões, entre outros. 39 Seção 4.6: Proximidades entre gerenciamento da rotina na gestão pela qualidade total e gestão escolar A partir da análise do Gerenciamento da Rotina da Gestão pela Qualidade Total e da gestão escolar, verifica-se a existência de pontos nodais comuns, o que caracteriza que há proximidade entre ambas. Destacam-se: Importância de planejamento, monitoramento e avaliação Elaboração de novas estratégias quando as anteriores foram ineficazes ou insuficientes Busca de melhoria contínua Permanente processo de mudança, de atualização de acordo com as transformações sociais Participação de todos os envolvidos no processo com comprometimento e responsabilidade Reuniões com a participação do grupo Valorização da integração da equipe Formação continuada dos profissionais em serviço Importância de um bom clima organizacional Importância da liderança do gestor Relação direta da gestão com a qualidade Seção 4.7: Contribuições do gerenciamento da rotina da gestão pela qualidade total para a gestão escolar A partir da constatação de que existem proximidades entre o Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total e a gestão escolar, torna-se fundamental uma análise de ferramentas utilizadas no Gerenciamento da Rotina na QTM para verificar sua contribuição na melhoria das práticas da gestão escolar. 40 CICLO PLAN, DO, CHECK AND ACT (PDCA) e CICLO STANDART, DO, CHECK AND ACT (SDCA) De acordo com Campos (2013), o Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total é baseado no Ciclo Plan, Do, Check and Act (PDCA), que possui 4 etapas. O planejamento é a etapa em que são definidas as metas de melhoria e determinados os métodos para alcançá-las. A execução engloba a educação e treinamento das pessoas que irão atuar no processo e a realização do trabalho previsto conforme determinado no plano de ação. O controle é a etapa em que são verificados os efeitos do trabalho realizado para confirmar se houve efetividade da ação. A atuação corretiva são as ações necessárias de acordo com os resultados verificados na etapa anterior. O PDCA é uma ferramenta de gestão que considera o planejamento como fundamental para o gerenciamento. Para a realização do mesmo, é imprescindível que os fatos, dados, informações e conhecimentos o embasem. Portanto, é fundamental que a capacidade de planejamento de toda a equipe seja continuamente aumentada. Quando uma meta foi atingida, faz-se necessário um gerenciamento para manter esse resultado por meio de operações padronizadas. O plano para essa manutenção é o procedimento operacional padrão (standart). O ciclo PDCA utilizado para manutenção de metas é denominado SDCA (standart, do, check and act). Quando o plano de ação, no entanto, tiver sido insuficiente e a meta prevista não tiver sido atingida, faz-se necessário que a questão seja encaminhada para uma reunião para que novos planos de ação sejam elaborados e possa ser novamente girado o ciclo PDCA. A motivação e a adesão na implementação dos planos de ação são maiores quando há a participação da equipe na sua elaboração. (CAMPOS, 2013) Os ciclos PDCA e SDCA, com suas metas, podem ser observados na figura 2. 41 Na gestão escolar, o planejamento, o monitoramento e a avaliação são fundamentais. Novas estratégias também precisam ser pensadas nos casos em que a avaliação aponte para ações insuficientes ou ineficazes. Organizando o ciclo PDCA, a gestão escolar consegue verificar com mais facilidade se cada etapa do processo está sendo efetivada e, consequentemente, possa fazer os acertos devidos. Desta forma, a gestão escolar poderá ser mais eficiente. PLANO DE AÇÃO 5W1H E 5W2H No Gerenciamento da Rotina na QTM, os planos de ação são fundamentais. Para sua elaboração, é importante que o gerente tenha estabelecido a meta de melhoria que precisa ser alcançada. Com a participação de todos os envolvidos, o gerente deve prestar os esclarecimentos sobre o problema detectado e a necessidade da meta estabelecida, assim como as vantagens quea meta irá proporcionar. A seguir, deve ser discutido com a equipe as possíveis causas do problema e as contramedidas que devem ser adotadas para se alcançar a meta. Para cada contramedida, é imprescindível que seja determinado quem será o responsável pela mesma, quando será feito, onde acontecerá, por que é necessária aquela atividade e como a mesma será executada. O registro do plano de ação deve ser feito sob a forma do 5W 1H, conforme demonstrado no quadro 1. 42 Quando o planejamento envolver custos, poderá ser utilizado o plano de ação 5W2H, acrescentando-se a pergunta “Quanto custa?” (How much). Para a gestão escolar, a elaboração de um plano de ação nos moldes do 5W1H pode ser bastante eficaz. Este modelo evita que discussões não sejam efetivadas por falta de definições claras e objetivas sobre qual será a ação, quem será o responsável pela ação, quando, onde e como ela acontecerá, além de ficar explícita a importância da mesma. Em caso de envolvimento de custos na ação, o plano deve incluir a questão sobre o valor necessário, sendo então utilizado o modelo 5W2H. Pretende-se, através da elaboração de planos de ação, que as ações necessárias na rotina da gestão escolar sejam efetivadas de forma plena, gerando melhorias para a qualidade da educação. GESTÃO À VISTA O Gerenciamento da Rotina tem como objetivo melhorar os resultados da empresa. É fundamental, no entanto, que os resultados sejam monitorados e divulgados para toda a equipe. Para a divulgação dos resultados, utiliza-se a Gestão à Vista. A Gestão à Vista é uma ferramenta da Gestão pela Qualidade Total que consiste na elaboração de material para socialização dos resultados obtidos com toda a equipe. O material deve ser exposto em local de fácil acesso para visualização de todos. Deve haver clareza e objetividade no material produzido para que todos consigam entendê-lo com facilidade, sem esforço de interpretação dos dados. (CAMPOS, 2013) A Gestão à Vista pode contribuir para efetivar a comunicação organizacional. Com a ampla divulgação dos resultados e das metas, toda a equipe ficará ciente dos sucessos e dos planos de ações, o que facilitará sua execução. 43 Seção 4.8: Gestão Da Qualidade Total - TQM A preocupação com a qualidade não é recente. Desde muitos anos as organizações buscam pela qualidade de seus produtos para satisfazer seus clientes. A partir da década de 50 nasce a preocupação com a gestão da qualidade que parte para a ideia de aplicação de novos conceitos a realidade. Como dito anteriormente, a qualidade teve seus maiores impulsos nas empresas japonesas durante o pós - segunda guerra, e logo se espalharam pelo mundo ocidental. Surge então a gestão da qualidade total como reorientação das organizações apresentando alguns pontos básicos como: foco no cliente, trabalho em equipe, busca constante da solução de problemas e diminuição de erros. A Figura 1 apresenta uma ilustração dos componentes da Qualidade Total. Várias são as definições para a gestão da qualidade total. Seguem abaixo algumas definições de autores diferentes apresentadas por Calarge (2001) em seu livro “Visão Sistêmica da Qualidade”: É essencialmente uma maneira de planejar, organizar e compreender cada atividade, e depende de cada indivíduo em cada nível. É um método que visa libertar os funcionários da execução de esforços inúteis, envolvendo cada um deles nos processos de melhoria, de tal modo que os resultados sejam obtidos em menos tempo (OAKLAND, 1994, apud CALARGE, 2001). Um conceito que emergiu como um meio de atingir as abordagens sistêmicas para o gerenciamento da qualidade (BADIRU & AYENI, 1994, apud CALARGE, 2001). Significa que a cultura da organização é definida pela busca constante da satisfação do cliente através de um sistema integrado de ferramentas, técnicas e treinamento. Isso envolve a melhoria contínua dos processos organizacionais, resultando em produtos e serviços de alta qualidade (SASHKIN & KISER, 1994, apud CALARGE, 2001). 44 Seção 4.9: Estrutura organizacional O objetivo principal do trabalho dentro de uma organização é satisfazer as necessidades daqueles que precisam do resultado do trabalho. Se este objetivo for alcançado, agrega-se valor ao trabalho e as pessoas só pagam por aquilo que na sua percepção tem valor (CAMPOS, 2004). Na estrutura organizacional, existem quatro tipos de funções: operação, supervisão, gerenciamento e direção, as quais são classificadas em operacionais e gerenciais. Cargo e função são itens diferentes: um mesmo cargo pode exercer várias funções (CAMPOS, 2004). A Figura 2 apresenta o tipo de trabalho exercido em cada função, quando tudo está normal ou quando ocorrem anomalias. Anomalias são eventos que fogem do seu estado normal, por exemplo, quebras de equipamentos, qualquer tipo de manutenção corretiva, defeitos em produto, refugos, retrabalhos, reclamações de clientes, entre outros. As anomalias precisam ser corrigidas e com isso não agregam valor ao trabalho e sim custo. Consequentemente elas devem ser eliminadas. 45 As funções operacionais de uma empresa ocupa grande parte da carga de trabalho e por serem repetitivas, elas devem receber uma padronização. Esta padronização é de grande valia para que os operadores possam trabalhar com mais segurança e saber o seu limite no trabalho, isto é, tendo em mãos um padrão de trabalho, o operador tem condições de visualizar o que realmente deve ser feito e o que ele pode optar por fazer diferente sem alterar o resultado final da atividade (CAMPOS, 2004). O gerenciamento é baseado em cumprimento de metas, mas para isso é necessário ter padrões de processos e a partir deste ponto levantar as metas. Quando anomalias são frequentes as pessoas gastam o tempo para tentar combatê-las e corrigi-las diminuindo seu tempo para atingir metas (CAMPOS, 2004). Seção 4.10: Importância do programa 5S O Programa 5S é uma filosofia baseada em cinco sensos (Seletividade, organização, limpeza, higiene e saúde, autodisciplina) que visa estabelecer um ambiente de trabalho agradável a todos os que nela passam sua maior parte do dia. Segue abaixo uma descrição sucinta de cada senso: 1. Seletividade: distinguir o necessário do desnecessário, eliminando o que não é utilizado; 46 2. Organização: organizar o ambiente de forma agradável, identificando os locais adequados para os itens necessários, facilitando assim a busca de algo; 3. Limpeza: limpar e eliminar focos de sujeira; 4. Saúde e Higiene: promover ações que visem o bem-estar das pessoas que vivem naquele ambiente; 5. Autodisciplina: manter o programa em execução, ter disciplina para cumprir os quatro primeiros sensos. De acordo com estes sensos percebe-se que o Programa 5S cria nas pessoas uma cultura de cumprir padrões, propor melhorias, organizar o que for necessário. Desta forma, isso pode contribuir positivamente para a implantação do GRD, pois as pessoas já vão ter criado tais culturas. 47 Referências ABRÚCIO, F. L.. O Impacto do Modelo Gerencial na Administração Pública: um breve estudo sobre a experiência internacional recente. Brasília: Cadernos ENAP, 1997. ADIZES, I. Os ciclos de vida das organizações: como e por que as empresas crescem e morrem e o que fazer a respeito. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. AKAO, Y. Desdobramento das diretrizes para o sucesso do TQM. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. ALI, N. A.; MAHATA, F.; ZAIRI, M. Testing the criticality of HR-TQM factors in the Malaysian higher education context. Total Quality Management, v. 21, n. 11, p. 1177- 1188, 2010. BERTA, N. M.; FERREIRA, G. M. V.; TALAMINI, E. Qualidade total na avicultura de corte: uma análise da percepção dos produtores rurais integrados deuma agroindústria. Revista de Administração da UFSM, v. 1, n. 1, art. 10, p. 153-170, 2008. BRASIL. 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A partir dessa realidade, a presente unidade apresenta uma proposta de estruturação organizacional na Secretaria Acadêmica da UFGD, embasado na teoria da Gestão da Qualidade Total apresentada por Campos (1998, 1999), Deming (1990) e Juran (1992), para servir de base à implantação em outros departamentos na gestão da documentação, comunicação, pessoas dos processos envolvidos. Como contribuição prática, buscam-se: minimizar as anomalias das atividades, melhorar o fluxo do processo e informação e padronizar os procedimentos administrativos. Além de permitir a reflexão teórica acerca do tema no setor público. Seção 1.2: Gestão da qualidade total (GQT) A GQT pode ser entendida como uma “ferramenta de melhoria da qualidade que não pode ser vista como um programa de tempo limitado; mas contínuo, gradual e permanente, podendo ainda ser definido em três formas diferentes: princípios, resultados e ferramentas” (VALLE, 1995, p. 37). Na mesma direção, Mezomo (1994, p. 20) considera que a “qualidade é uma propriedade (ou um conjunto de propriedades) de um produto (serviço) que o torna adequado à missão de uma organização comprometida com o pleno atendimento das necessidades de seus clientes”. Assim, a Gestão da Qualidade Total é “o esforço e o compromisso da organização em melhorar constantemente seu nível de performance” (MEZOMO, 1994, p. 33). Martins e Toledo (1998) consideram que a GQT objetiva a satisfação plena de seus clientes e fornecedores, agregando valores ao produto e ao processo. Sua 6 aplicação se deve a uma gestão científica dos processos, baseada em fatos e dados, voltada para a prevenção do erro e sua correção, mantendo e melhorando os padrões atuais continuamente, com a participação e o envolvimento de todos os membros da organização. Mezomo (1994) faz algumas ressalvas que define as bases da GQT, consistindo em: comprometimento geral dos envolvidos com a implementação, manutenção e correção; todos estarem realmente convencidos de que a razão de ser são seus clientes internos ou externos; existir trabalho em equipe; haver prioridade na educação para a melhoria da qualidade; que a tomada de decisão seja parte da função de todos; que gere dados confiáveis para posteriores tomadas de decisão; que haja um método específico para solução de anomalias; que seja possível medir parte do resultado e por fim; que tenha planejamento e ética por parte da organização. A Gestão da Qualidade Total está alicerçada em um tripé que Turchi (1997, p. 18) a define: A existência de um conjunto de princípios comuns e interdependentes entre as diversas abordagens de qualidade. O foco no cliente, a busca de melhorias contínua e a idéia de organizações como processos contínuos são elementos comuns encontrados, ainda que de forma pouco explícita, nos diversos conceitos e modelos de qualidade total. Recorrendo a Martins e Toledo (1998) a GQT pode ser vista sob três formas diferentes: princípios, resultados e ferramentas. Princípios podem ser considerados como a dedicação aos clientes, satisfação de suas necessidades, participação mútua de todos os colaboradores com o objetivo de melhores resultados. Resultados podem ser interpretados como a satisfação total do cliente. Ferramentas são “técnicas e metodologias [...] que possibilitam implementar os princípios para atingir os resultados” (MARTINS e TOLEDO, 1998, p. 53). Vários autores da qualidade como Campos (1998, 1999), Deming (1990) e Juran (1992), apresentam diversas ferramentas tais como: Controle Estatístico de Processo6 (CEP), Boas Práticas de Fabricação7 (BPF), Sistemas de Garantia da Qualidade8 (SGQ), Círculo de Controle da Qualidade9 (CCQ), Engenharias de Processo, Ciclo de PDCA, 5W2H, Shake Down, QC Story etc.. Contudo, como não é a intenção dessa pesquisa esgotar as discussões das ferramentas e conceitos dos pertinentes a Gestão da Qualidade Total, portanto na 7 sequência serão discutidas algumas ferramentas importantes e essenciais para o desenvolvimento do artigo. Antes, torna-se interessante o entendimento da necessidade de apoio da alta direção e da gerência e que a mesma seja participativa, para implantação de um programa consistente e contínuo (CAMPOS, 1999). A participação e obrigação da direção devem ser orientadas em: Articular a visão e os objetivos da mudança; mostrar as vantagens que advirão; entender a resistência das pessoas e vencê-la como o diálogo e não com a coerção; mostrar empenho e prover os recursos necessários (inclusive tempo para estudo, reuniões e debates); respeitar os prazos; inspirar confiança e premiar o esforço (MEZOMO, 1994, p. 129-130). Segundo Campos (1998), a GQT segue um roteiro pré-estabelecido, que se apresenta por etapas essenciais a serem cumpridas, basicamente são apresentadas quatro fases, entendidas como: (1) entendimento do trabalho, (2) arrumando a casa, (3) ajustando a máquina e (4) caminhando para o futuro. Na primeira fase para implantar a GQT, chamada de entendimento do trabalho, Campos (1998) considera que é necessário à compreensão da funcionalidade do ambiente, saber e entender como são conduzidas as atividades laborais e qual o tipo do trabalho em cada função e processo. É preciso entender que as pessoas trabalham numa empresa exercendo funções seguindo uma organização hierárquica. Nestas organizações as pessoas executam diversas funções que variam desde a direção, supervisão, assessoria, gerenciamento até a operação das atividades em si, entre outros. Os colaboradores devem saber exatamente qual a função que lhe compete, para assim saber realmente se o resultado da atividade que executará está condizente com aquilo que se espera dele (CAMPOS, 1998). Partindo dos conceitos apresentados, deduz-se que na primeira fase o conhecimento é vital, saber reconhecer a atividade executora de cada um é essencial. Deming (1990, p. 336) reafirma a importância do conhecimento dizendo que “ao contrário dos metais preciosos, que não podem ser repostos, o estoque de conhecimento, em qualquer área, pode ser aumentado através da educação” e seu desperdício é deplorável; e complementa, afirmando que a empresa, para se manter viva, deve “fazer uso do estoque de conhecimento que existe dentro dela, e aprender como fazer uso de auxílio externo quando este pode ser eficaz” (DEMING, 1990, p. 336). 8 Por conseguinte a segunda fase, organizar o ambiente, é necessário preparar o ambiente para que tenha condições favoráveis em termos de arrumação e organização, em função disto, Campos (1998, p.19) define o significado de arrumar a casa, como: Tomar providências para que as pessoas, ao exercerem as funções operacionais sejam as melhores do mundo naquilo que fazem (se a padronização fosse perfeita e se todos cumprissem os padrões, não deveriam haver anomalias! (grifos do autor). Campos (1998) ainda afirma para cada problema deve-se definir um item de controle com planejamento de metas em médio prazo (seis meses). Este ainda sugere ferramentas para superar estes problemas que por consequência inicia o processo de arrumação do ambiente, conforme segue: implantar o 5S, eliminar as Anomalias, padronizar todo o trabalho repetitivo, crítico ou prioritário e, por fim, organizar seu gerenciamento (estabelecer itens de controle e iniciar a prática do PDCA). - Implantar o 5S: O programa 5S compreende em um sistema de organização ambiental de melhoria comportamental, com sua principal característica, a simplicidade. A aplicação destes conceitos tornam as pessoas gerentes de si mesmas e proporciona uma melhora para a organização (FERNANDES e BASSO, 2006). A essência da implantação do 5S é que ele promova ocrescimento contínuo das pessoas, em um aperfeiçoamento contínuo das rotinas do trabalho, e por consequência melhora a qualidade de vida. “Promover um ambiente de trabalho que favoreça a Qualidade e a Produtividade das ações desenvolvidas pelos colaboradores da Empresa, trazendo benefícios tanto para eles como para os clientes internos e externos” (FERNANDES e BASSO, 2006, p. 25). Campos (1999, p. 173) afirma que o “5S não é somente um evento episódico de limpeza, mas uma nova maneira de conduzir a empresa com ganhos efetivos de produtividade” e complementa ainda que 5S “é um programa para todas as pessoas da empresa, do presidente aos operadores, para áreas administrativas, de serviço, de manutenção e de manufatura” (CAMPOS, 1999, p. 173). O programa 5S é dividido em cinco sensos, advindos de siglas de cinco palavras japonesas e tem conceitos básicos para facilidade de aplicação, conforme apresentado na figura 01. 9 - Eliminar anomalias: Campos (1998) define anomalia como qualquer evento que foge do normal e que, para aumentar a produtividade, é necessário que elas sejam eliminadas. É fundamental, também, que a empresa prepare os operadores para os cargos de chefia, para que seja possível diagnosticar as anomalias e poder tomar ações preventivas ou corretivas. - Padronizar todo o trabalho repetitivo, crítico ou prioritário: Campos (1998, p. 31), define padrão como “o instrumento que indica a meta (fim) e os procedimentos (meios) para execução dos trabalhos, de tal maneira que cada um tenha condições de assumir a responsabilidade pelos resultados de seu trabalho”. Ainda, Campos (1998, p. 31), aponta que padrão é o próprio planejamento do trabalho a ser executado por alguém, e que “não existe gerenciamento sem padronização”. Alguns modelos e metodologias de padronização de um ambiente são disponíveis, através de normas da série ISO 9000 ou modelos propostos por autores como: Crosby (1979), Deming (1990), Ishikawa (1992), Juran (1992), Feigenbaum e Costa Neto (1994), Campos (1998, 1999), entre outros. Martins e Toledo (1998, p. 55) afirmam que “os modelos sugeridos deverão ser utilizados como uma referência a ser seguida pela organização” e complementam que “a organização pode conceber seu próprio modelo de referência a partir dos referencias”. - Organizar seu gerenciamento: estabelecer itens de controle e iniciar a prática do PDCA. Campos (1998, p. 61) define itens de controle como as “características numéricas sobre as quais é necessário exercer o controle (gerenciamento)” e ainda diz que “o gerenciamento é conduzido para manter os resultados atuais e para melhorar estes resultados”. 10 A necessidade de estabelecer um item de controle, ou seja, um ponto a ser controlado, e este ponto deve ser caracterizado por aquilo que estiver causando problemas (anomalias), o controle poderá ser feito por meio de gráficos, tabelas, histogramas etc., possibilitando o controle. Estabelecidos os itens de controle na organização do ambiente, inicia-se a explanação dos conceitos do ciclo de PDCA, que é uma técnica de gerenciamento de processos ou de sistemas, é o caminho para atingir as metas estabelecidas (CAMPOS, 1998). Este método foi desenvolvido por Deming ao qual chamou de Shewhart PDCA Cycle, em homenagem ao mentor do método (DEMING, 1990). As letras que formam o nome PDCA têm seu significado em inglês, idioma de origem: Plan, Do, Check e Action que traduzindo para o português, significa: Planejar, Executar, Verificar e Ação. Suas etapas estão apresentadas na figura 02. A próxima fase para a implantação da Gestão da Qualidade Total, proposta por Campos (1998), é o que ele chama de ajustando a máquina, que compreende a terceira fase, onde ele propõe o aperfeiçoamento do monitoramento dos resultados do processo. Esse aprimoramento pode ser feito através da melhora dos itens de controle e na utilização do Ciclo do PDCA e do SDCA. A diferença entre os dois métodos é que o PDCA é para planejar uma ação, em função de uma anomalia, e o SDCA é usado para padronizar um provável resultado positivo, onde a palavra S em seu idioma significa Standart, que traduzindo para o português quer dizer Padrão. A figura 03 demonstra o funcionamento e sincronia do PDCA e SDCA. 11 A quarta fase e última apresentada por Campos (1998, p. 184) é caminhar para o futuro, que efetivamente, é o gerenciamento com uma meta arrojada. São atividades do trabalho centradas em pessoas e visando sempre nas melhorias sucessivas e que provoquem rupturas. É importante sempre ter os conceitos em mente, ter novas visões, pois o que ontem era considerado bom trabalho, pode ser considerado uma perda amanhã. Concluídas as fases propostas por Campos (1998), outras ferramentas e técnicas poderão ser agregadas ao processo de implantação de GQT para o gerenciamento da rotina, tais como: Diagrama de Causa-Efeito, o QC Story, Análise de Pareto, conhecido também como método 80/20, classificação ABC, fluxogramas, dentre outros. Por fim, Campos (1998) nota a importância do estabelecimento de planos de ação utilizando a ferramenta 5W2H, que detalha cada passo e etapa do planejamento. Suas siglas são baseadas em palavras do idioma inglês, What, Why, Where, When, Who, How e How Much, e traduzindo para português significam respectivamente, O quê, Por quê, Onde, Quando, Quem, Como e Quanto. Esta ferramenta pode variar conforme o ambiente de aplicação, podendo ter menos etapas do que o previsto. Neste sentido, são vários os estudos relacionados ao tema que podem ser citados, tanto no campo internacional quanto nacional, entre eles: Mustafa e Bon (2012), Ali, Mahata e Zairi (2010), Torquato Jr. e Araújo (2008), Berta, Ferreira e Talamini (2008), Islam e Mustapha (2008), Jusoh, Yusoff e Mohtar (2008), Leite e Nogueira (2006), Lessa (2000) e Tontini e Esteves (1997). Enfim, conceituadas várias definições de diversos autores, podemos identificar que há várias formas e ferramentas de implantação do programa de Gestão da Qualidade Total e que todos os autores em senso comum têm como o mais importante é suprir o atendimento das necessidades dos clientes, melhorar continuamente os processos e o comprometimento da equipe. 12 Unidade 2: Gerenciamento da rotina Seção 2.1: Introdução O incremento da gestão da qualidade nas empresas ajuda a desenvolver, primeiramente, uma boa reputação de sua marca e consequentemente um aumento de sua participação de mercado, em segundo, melhorias na qualidade direciona definitivamente a empresa para baixos custos e aumento nos lucros (HODGETTS e AZEVEDO, 1994). A prática da gestão da qualidade começou a ser desenvolvida nas organizações quando o homem ainda produzia apenas de forma artesanal, onde iniciaram-se algumas inspeções não padronizadas que tinham como intuito garantir a confiabilidade do produto, o foco neste período era apenas na conformidade de padrões interno de produção (CARVALHO e PALADINI, 2012). Entretanto, a gestão da qualidade atualmente é baseada nas necessidades do mercado e do consumidor. Deste modo, para que a necessidade do cliente seja atendida de forma eficiente, a gestão da qualidade é entendida por um processo amplo, o qual envolve gestão de processos e cultura organizacional. Nesse sentido, a prática da gestão da qualidade é fundamentada por diversos programas que visam ajudar o gestor na resolução de problemas organizacionais, como o gerenciamento das diretrizes e gerenciamento da rotina (CAMPOS, 2004). Partindo do conceito do gerenciamento das diretrizes, tem-se a metodologia do 5S que surgiu após a segunda guerra mundial com o intuito de fazer o Japão tornar- se competitivo novamente perante o mundo. O 5S é caracterizado por cinco sensos: Senso de utilização e seleção, Senso de organização e ordenação, Senso de limpeza, Senso de padronização,saúde e higiene, Senso de autodisciplina e manutenção (REBELLO, 2005). Com tanta importância sendo dada à qualidade já se consolidou a ideia de que ela é a base para toda e qualquer estratégia competitiva das empresas. Pois, independentemente do porte de uma organização (grande, média, pequena ou micro), a gestão da qualidade também contribui com as integrações das áreas em uma empresa, fazendo com que todos seus departamentos operem com desempenho máximo e que o produto ou serviço atenda as especificações e a necessidade do consumidor (RIBEIRO, 2015). 13 Ao caracterizar a gestão da qualidade na perspectiva das organizações brasileiras é necessário entender o universo de caracterização das empresas de pequeno porte. Pois, no Brasil, dos 6,4 milhões estabelecimentos que existem no país no total, 87% são micro e pequenas empresas (MPE’s). As micros e pequenas empresas podem ser classificados de acordo com o número de empregados e com o faturamento bruto anual. As MPE’s respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado (16,1 milhões) (SEBRAE, 2018). Dentro do contexto das MPE’s, destaca-se o APL (Arranjo Produtivo Local), sendo este uma aglomeração de empresas as quais dividem atividades produtivas muito semelhantes dentro de um mesmo território, os APL’s no Brasil são fortemente caracterizados por serem compostos por micro e pequenas empresas (SEBRAE, 2018). Em Pernambuco, existem quatro APL’s com atividades econômicas distintas, sendo o de confecção e acessórios de moda o mais representativo entre eles (SEBRAE, 2018). Seção 2.2: Evoluções da gestão da qualidade Por volta do século XIX as fabricações eram feitas por meio de artesãos, onde certas vezes eram realizadas inspeções informais. Este era o tipo de produção que predominava na época, o trabalho era realizado conforme a necessidade de adaptação das peças a um determinado produto sendo feitas manualmente por artesãos distintos. E ao final desse processo era feito uma inspeção final que ainda não era tida como algo formal. Daí então a qualidade observada pelos os clientes eram através das atribuições feitas ao produto, realizando a confiabilidade nos mesmos e sendo elas atribuídas aos mestres qualificados aos quais as produziam (CORDEIRO, 2004). Diante desse contexto, de evolução da prática da qualidade, Lins (2000), argumenta que a forma com que os artesãos produziam suas operações era na busca plena da satisfação dos clientes. Mas, por volta do século XVII à história passa a tomar novo rumo o comércio Europeu alavancou a produção dando início aos primeiros sistemas de manufatura. Partindo desse ponto os artesãos passam a ser contratado para trabalhar a base de salários para os comerciantes, o homem então passa a trabalhar de forma rotineira operando máquinas, antes um artesão hoje apenas um ajudante das máquinas. Já para o autor Garvin (1988), foi no século XIX que originou-se um novo modelo de produção mais eficiente que o sistema artesanal — produção em massa 14 — este novo modelo busca como atividade principal a verificação do controle de qualidade, de forma que possa ser notada no início como uma responsabilidade caracterizada pela gestão, sendo distinguida de forma livre, foi dada então a era da inspeção. Nesse cenário Carvalho e Paladini (2012), abordam que logo após o período pós-guerra houve o surgimento de novos elementos na gestão da qualidade. E só então em 1945 surge a primeira associação de profissionais da área de qualidade – a Society of Quality Engenieers. Já no ano seguinte foram fundadas outras repartições com participação de grandes nomes da gestão da qualidade, como o querido Joseh M. Juran, que é membro fundador. Com o acontecimento da revolução industrial na fase pós-guerra a pessoa pobre passa a ter o direito de possuir algo de maior durabilidade que antes era apenas uma possibilidade dos ricos (GARVIN, 1992). Assim, pode-se dizer que, Segundo Garvin (1988), professor na Harvard uma Universidade dos Estados Unidos, a evolução da qualidade possui 4 etapas, as chamadas “Eras da Qualidade”, expostas abaixo no Quadro 01 . O Quadro acima representa como foram desencadeadas as eras da qualidade no período industrial, após a segunda guerra mundial, Garvin (2002) reformula a gestão da qualidade embasada em quatro etapas: inspeção, controle estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão estratégica da qualidade. Inspeção: esse estágio tomou como base a produção em massa, onde eram produzidas grandes quantidades em menos tempo. Desse modo houve a necessidade de inspeção formal, porquanto esse processo 15 servia para detectar alguma falha para saber se partes do produto estava ou não nos conformes; Controle estatístico da Qualidade: na década de 30 e 40 desencadeava- se um novo sistema de qualidade envolvendo uma etapa diferente da anterior, com o crescimento da produção houve a necessidade de controlar a qualidade dos produtos manufaturados, para isso desenvolveram-se ferramentas matemáticas através de estudos científicos. E por volta desses estudos foi dado início as formas simples de controle, com a finalidade de prevenir e acompanhar melhor as variáveis as quais eram desenvolvidas os produtos, influindo em sua qualidade final. Estes modelos foram feitos por Shewhart, Dodge, Romig Deming; Garantia da qualidade: nesse estágio, a gestão da qualidade, passa de um processo restrito da produção para algo evolutivo, envolvendo todos os níveis da empresa partindo para um meio de gerenciamento sistemático, procurando garantir a qualidade em todas as áreas da corporação. Deixando de ser apenas uma ferramenta de técnicas estatística; Gestão estratégica da qualidade: este quarto modelo possui uma visão diferente aos anteriores, essa nova fase especifica qualidade como um indicador para a margem de lucros e está ligada diretamente com o cliente, produzindo ou projetando de acordo com as especificações e conformidade dos mesmos. A maneira a qual se gerencia qualidade nessa fase é de forma proativa e com um amplo conjunto de ações (programas, treinamentos, grupos de melhoria, ferramentas de análise e melhoramento de processos, qualidade no desenvolvimento do produto, etc.) para mais perfeito atender os objetivos de satisfação total do cliente e garantir a sobrevivência no mercado. De acordo com Mendes (2007), existiam diversos fatores que contribuíam para o planejamento da empresa, de forma que estes sistemas medissem melhorias continuas conforme a qualidade respondendo a mudanças externas da organização. A qualidade é a principal arma para que as corporações atinjam resultados e sobrevivam as necessidades de mercado que é a competitividade, onde corporações 16 de todos os lugares do mundo fazem uso da qualidade como meio estratégico para ganho de clientes, aproveitando recursos e fundos de negócios (OAKLAND, 1994). Diante disso, Carvalho e Paladini (2012) dizem que, à busca de várias definições para qualidade no meio das organizações e na literatura houve a prospecção onde se identificou as cinco principais abordagens que relatam a definição de qualidade: Transcendental: é definido por uma característica universal, que não pode ser analisada. A definição desse contexto é um pouco restrita, pois não oferece pouca ou nenhuma utilidade prática; Baseada no produto: trata-se da caracterização da produção de um determinado bem, ligando os critérios de qualidade aos gastos mensurados por atributos de maior valor; Baseada no usuário: esse tópico relata qualidade como algo exclusivo aos olhos do observador, para que o bem adeque-se a necessidade específica de um determinado consumidor; Baseada na produção: diferente da anterior esse tópico trata a qualidade com relatos embasados na engenharia, nesse ponto a qualidade éidentificada através das conformidades e especificações, de um determinado projeto; Baseada no valor: este tópico Justifica qualidade como sendo algo relacionado à sua conformidade ou desempenho do bem atribuindo a seu custo proposto (JUNIOR et al., 2012). Diante de todos os fatos expostos por Queiroz (1995) a qualidade segundo os conceitos de Garvin teve início desde o surgimento da humanidade, com base nos avanços produtivos. Antes vista apenas como um novo sistema de gestão, hoje passa a estar inserida a um diferencial competitivo do mercado para as corporações. E nessa busca constante por melhorias contínuas surge então o famoso Sistema de Gestão da qualidade total, que enfatiza na plena satisfação do cliente. Seção 2.3: Gestão da qualidade total O sistema de Gestão da qualidade total é uma gerencia a qual promove um cenário de mudança em toda corporação, com a ideia de garantia de uma 17 reorganização em todos os níveis hierárquico das empresas, é uma filosofia de Gestão que preza por excelência. Segundo Antônio, Teixeira e Rosa (2016), o papel da qualidade passou a ver o cliente e a prevenção como algo principal, não estando mais situados na inspeção assegurada por departamentos individuais, pois a gestão da qualidade era entendida como: Uma estratégia competitiva também parte do princípio de que o ciclo do produto, incluindo a pesquisa de mercado com foco no cliente, leva a uma identificação de novos requisitos e necessidades. Ao mesmo tempo, em um mercado verdadeiramente competitivo, empresas concorrentes estarão igualmente se esforçando para melhor atender as expectativas do mercado. Daí surge o princípio de melhoria contínua de produtos e processos, de forma a poder oferecer maior valor ao mercado (CARPINETTI, 2010, p. 32). Desse modo, as corporações capazes de atender com produtos e serviços de qualidade a seus clientes necessitam que todos seus departamentos e áreas funcionais excedam seus limites de desempenho, e não somente a área de operações. O projeto do produto ou serviço deve ser feito de forma que não só atenda suas especificações, mas também as necessidades do cliente. Para isso, a corporação deve ser dirigida de forma coletiva, mostrando uma forma de melhor se obter resultados, existindo na preocupação de plena satisfação do cliente de forma imediata (MONACO e GUIMARÃES, 2000). O sistema de Gestão da Qualidade Total está diretamente ligado a mudanças constantes em função de atender as necessidades de seus consumidores, pois os seres humanos mudam de opinião constantemente, também conta com o auxílio de ferramentas estatísticas, como a ferramenta Microsoft Excel, Deming recomenda a seleção de fornecedores para compor seu Quadro da empresa. Conduzindo então a empresa a um mercado competitivo (JUNIOR et al., 2012). O foco está diretamente ligado no cliente (QUEIROZ, 1995). De acordo com Junior et al. (2012) os princípios de qualidade foram embasados pelos Gurus da qualidade, existindo então dez aspectos essenciais para gestão da qualidade total: Total satisfação dos clientes/usuários: busca atender além de suas expectativas, com preços justos e dentro dos limites de prazo; Gerencia participativa: é o compartilhamento de informações, participação em processo decisório, entender atitudes das lideranças estando ligadas a todas as pessoas que estão envolvidas na gestão; 18 Desenvolvimentos dos recursos humanos: investir nos seres humanos para ajuda e capacitação de suas realizações profissionais para que o mesmo cresça como peça chave do sistema; Constância de Propósitos: definição de um planejamento estratégico nas linhas de ação de forma participativa por meio de metas e objetivos, assim determinando o comprometimento total para que se desenvolvam as ações de forma correta; Aperfeiçoamento Contínuo: necessidade de análise dos processos para obtenção de melhoria continua, realizados pela padronização mínima, seguido uma roteirização, para cumprimento de novas metas e desafios; Gerenciamento de Processo: está diretamente ligada com a relação de cliente-fornecedor, podendo ser utilizadas ferramentas de indicadores de desempenho para melhor monitorar os processos; Delegação: sistema de relação com cliente envolvendo os mais altos cargos da empresa promove a aproximação da decisão do poder da ação, é a relação de organização e cliente, nesse sistema as informações são geradas de forma mais rápida, fazendo girar as informações entre todo o processo totalmente ligado com todas as partes envolvidas de clientes, fornecedores, operários, gestores, entre outros; Disseminação de informações: buscar informações dos clientes por meio de um canal, propiciando agilidade e transparência na busca de necessidade dos clientes; Garantia da qualidade: estabelecimento de normas e procedimentos, para que suas ações sejam desenvolvidas de forma planejada, provocando eficiência e padronização nos processos; Não aceitação de erros: trata do conceito de zero defeito, pela busca constante da perfeição, eliminar custos da não qualidade. Partindo desses Conceitos de gestão da qualidade e suas inter-relações, surgem então às necessidades de qualidade total. Significando partir com pressupostos centrados na qualidade, visando seus resultados em longo prazo, utilizando de todos os componentes da corporação por meio coletivo, procurando 19 melhor atender à necessidade dos clientes de forma que os mesmos estejam satisfeitos e gerando benefícios para todos da corporação (CARVALHO e PALADINI, 2012). As diferenças conceituais da prática da gestão da qualidade e qualidade total estão citadas no Quadro abaixo. Para garantir os processos de melhoria contínua na gestão da qualidade serão utilizadas diversas ferramentas, que servem como indicadores de medidas de desempenho, podendo quantificar os resultados dos processos e auxiliar na tomada de decisão. Embora, não fugindo das diretrizes as quais são pautadas a corporação nesse contexto, as ferramentas servem para eliminar riscos, quantificar e melhorar os processos (CARVALHO e PALADINI, 2012). Na busca por solucionar variados problemas os japoneses desenvolveram um sistema de gestão de qualidade simples e que atende especificações. Em meio a esses sistemas Campos (1999) propõe um sistema caracterizado por dois programas: gerenciamento da rotina e gerenciamentos por diretrizes. O gerenciamento da Rotina, diante do que Campos (2004) traz, é nada mais que tratar das anomalias que são percebidas no gerenciamento operacional, procurando uma forma para que as pessoas desempenhem seus papeis da melhor maneira possível, engajando todos os níveis hierárquicos e individuais. Para essa busca contínua por perfeição, pode ser desenvolvido o Processo de Gerenciamento das Diretrizes – 5S, na busca de desenvolvimento de Ações e Metas que possam ser traçadas pela mesma, impactando o impossível na mente das pessoas. 20 Seção 2.4: Processo Gerenciamento das Diretrizes – Programa 5S Após a derrota na segunda guerra mundial, o Japão precisava se reerguer, fazendo com que sua indústria reagisse para equilibrar sua economia e isto só seria possível se existissem produtos com preços e qualidade capaz de tornar o país competitivo com a Europa e o EUA. A estratégia que permitiu o país ser competitivo perante o mundo se deu com o aumento da produtividade proveniente de uma metodologia criada, chamada de 5S (REBELLO, 2005). O 5s é uma ferramenta composta por cinco dimensões, essas apresentadas na Figura 01 abaixo; Estas dimensões corroboram a proposta de categorias para se pensar em qualidade dentro das instituições e seus processos produtivos. Pois de acordo com Ribeiro (2015), implementar política de 5S dentro de uma organização não é algo fácil, pois o programa se baseia na mudançade atitude e hábitos, e estes hábitos foram baseados na convivência e experiência profissional e pessoal das pessoas, ou seja, por mais que se pareça simples, o fato de mexer com a cultura organizacional é algo que deve ser visto com planejamento e cautela. No início da implementação, onde será distribuído todo conhecimento do programa será necessário criar um ambiente que estimule as pessoas a quebrarem hábitos antigos. Aqueles que conseguirem se adaptar mais rápido terão bastante importância para ajudar os demais que não conseguiram no primeiro momento (RIBEIRO, 2015). A prática mal planejada tornará o programa forçado, fazendo com que os resultados sejam mascarados e em longo prazo a organização não atinja seu objetivo de gestão da qualidade total. Vale salientar que quanto maior a organização, 21 mais complexa será o planejamento, sistematização e sua implementação (RIBEIRO, 2010). Em uma organização familiar, sua prática tende a ser mais simples, por ter uma quantidade menor de pessoas envolvidas pela natureza das relações que elas desenvolvem, pela credibilidade, confiança, respeito mútuo e a união que está fortemente sendo exercitadas, construídos e compartilhados entre os membros (HABU, 1992). Nessa perspectiva Alvarez (2010), vai argumentar que o primeiro ponto forte com a aplicação do 5S é a criação de um ambiente de trabalho agradável, higienizado, acolhedor além de prático e seguro, o que naturalmente diminuem os números de acidentes no ambiente de trabalho. Não se sabe ao certo a origem do 5S. Parece que foi na busca de promover o ambiente de trabalho adequado para incrementar a produtividade (HIRANO, 1994). Esta metodologia é caracterizada devido às cinco atividades ou sensos, iniciadas pela letra “S”, quando nomeadas na língua japonesa. São elas: seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke. Quando traduzidas para a língua portuguesa: Senso de utilização e seleção, Senso de organização e ordenação, Senso de limpeza, Senso de padronização, saúde e higiene, Senso de autodisciplina e manutenção (UMEDA, 1997). Segundo Campos (2004), implantar o 5S é uma boa maneira de iniciar o melhoramento do seu gerenciamento da rotina. Na perspectiva de Campos (2004) o gerenciamento da rotina é um método de gestão da autoridade e responsabilidade de cada pessoa e que busca eficiência organizacional, afim de não comprometer os níveis de qualidade estabelecidos. Esta qualidade é norteada pela padronização dos processos e do trabalho, pela mensuração dos resultados através de metas individuais, máxima utilização do potencial das pessoas e pelas correções das anomalias. As anomalias são todos os fatores que fogem da normalidade. Podem ser: quebras de equipamentos, qualquer tipo de manutenção corretiva, defeitos em produtos, refugos, retrabalhos, insumos fora de especificação, reclamações de clientes, vazamentos de qualquer natureza, paradas de produção por qualquer motivo, atrasos nas compras, erros nas faturas, erros de previsão de vendas, entre outros (CAMPOS, 2004). A seguir será abordado em cinco tópicos o conceito de cada senso e será possível entender um pouco mais a sua relação com gerenciamento da rotina. 22 Seção 2.5: Senso de utilização e seleção Possuir senso de utilização e seleção é identificar equipamentos, materiais, utensílios, informações, ferramentas e dados necessários e desnecessários, descartando ou dando a devida destinação àquilo considerado desnecessário ao exercício das atividades. É preciso separar o necessário do desnecessário e programar o gerenciamento pela estratificação, para livrar-se do desnecessário (LAPA, 1997; OSADA, 1992). É natural do ser humano acumular ou guardar algum material usando a justificativa de que precisará usufruir no futuro. Neste senso, é necessário identificar os excessos e desperdícios e o porquê que eles estão acontecendo, só assim, diante de análises, poderão ser adotadas medidas preventivas (LAPA, 1997). Para este senso, observam-se abaixo as anomalias mais recorrentes: Matéria prima: rolos de couro que não são utilizados ou possuem uma pequena fração e avarias em rolos de tecidos que tomam espaço de novos produtos; Falta de locais específicos destinados para cada tipo de matéria prima; Falta do descarte/doação de todo material que não é necessário; Falta de tecnologia para mensurar o quanto está se perdendo financeiramente. Seção 2.6: Senso de organização e ordenação Possuir o senso de ordenação é saber exatamente quais locais e critérios são necessários para guardar, estocar ou dispor materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e dados de modo a facilitar seu uso e manuseio, facilitar a procura, localização e guarda de qualquer item. Pode-se dizer que é cada coisa em seu lugar e da forma correta (SILVA, 2004). O senso de ordenação contribui com o aumento no nível de eficiência e produtividade das pessoas e da organização, fazendo com que o fluxograma e processos sejam redesenhados eliminando tudo que não agrega valor (LAPA, 1997). Para este senso, podem-se observar as anomalias mais recorrentes: 23 Ferramentas sem local único destinado, tornando a produtividade menor, devido o tempo perdido procurando; Falta de informações ou sinalizações indicando qual área e departamento deve ser destinada cada material, produto, etc. Falta de avaliação do layout da organização para torna-lo mais eficiente Inexistência ou mal uso de tecnologia que auxilie na posição do estoque e nível de produção; Ambiente de trabalho com muitos itens pessoais, diminuindo o espaço de trabalho de forma considerável; Documentos com mais de cinco anos que ocupam grande espaço da organização; Falta de um local destinado para o lixo e se o processo é realizado de forma seletiva; Ambiente onde as pessoas sujam o chão e não limpam. 24 Unidade 3: Implantação do gerenciamento da rotina do dia- a- dia (GRD) em uma empresa Seção 3.1: Introdução A utilização de metodologias que proporcionem uma gestão de qualidade está cada vez mais deixando de ser um diferencial competitivo para as empresas e se tornando uma necessidade obrigatória para a perpetuidade no mercado. Essa obrigatoriedade se dá por conta do forte impacto que essas metodologias trazem nos resultados, no relacionamento com clientes e na melhoria dos processos internos das empresas. Levando em consideração os fatos mencionados, a análise e descrição da implantação de uma dessas técnicas numa empresa tem grande relevância de estudo, servindo como exemplo para organizações de diversos segmentos. Este aborda a implementação de uma metodologia baseada na Gestão da Qualidade em uma empresa do ramo da construção civil. Ao realizar um diagnóstico sobre a construção civil brasileira, a Fundação João Pinheiro apud Dacol (1996), em síntese, declara que o setor tem papel importante no processo de desenvolvimento do Brasil, sendo um dos responsáveis pela criação das bases da moderna sociedade industrial no momento em que assume a função de montagem da infraestrutura econômica e social que é indispensável ao prosseguimento do processo de industrialização. O setor ainda é um instrumento que serve eficazmente para políticas de retomada do crescimento e redução do desemprego, além de contribuir para soluções de diferentes problemas estruturais do Brasil como o déficit habitacional. Esse segmento ainda possui grande importância quando se fala a respeito de participação de trabalhadores no Brasil, empregando cerca de 7,3% de toda a mão de obra do país (MTE, 2013). A empresa estudada no presente artigo, atua na cidade de Fortaleza na área de pré-moldados e construção civil. Tal empresa sofreu uma redução do seu faturamento nos últimos dois anos. Essa queda de faturamentoimpulsionou a empresa a iniciar a implantação de metodologias da gestão da qualidade para melhorar seus resultados. As metodologias utilizadas foram o Gerenciamento pelas Diretrizes (GPD) e o Gerenciamento da Rotina Diária (GRD). Tendo isso em vista, este artigo mostra como 25 implantar o Gerenciamento da Rotina Diária de forma a garantir a correta execução dos processos da empresa, possibilitando que a organização possa atuar de maneira a desenvolver sua melhoria contínua, e tem por objetivo analisar a implantação do gerenciamento da rotina diária na gestão de uma empresa de construção civil, de forma a verificar as dificuldades, resultados, e contribuições geradas durante o processo de implantação dos fundamentos que compõem essa metodologia. A natureza da pesquisa é aplicada, pois terá uma aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos. A abordagem do problema será por meio de pesquisa qualitativa, que é descritiva e mais subjetiva/intuitiva. Tem como objetivo relatar o processo de implantação da metodologia na empresa, incluindo seus resultados, através de uma pesquisa descritiva. O procedimento técnico é Pesquisa- Ação, pois o estudo foi desenvolvido a partir da interação entre pesquisador e os membros estudados. Para isso, serão utilizadas entrevistas com o apoio de questionários para que possa ser realizado um diagnóstico qualitativo para identificar as melhorias que a metodologia deve buscar. Além dessas, haverá a verificação de documentos da empresa para entender seu comportamento e a leitura de bibliografia especializada para gerar uma análise mais segura e fundamentada. Seção 3.2: Gerenciamento da rotina diária (GRD) e gerenciamento pelas diretrizes (GPD – Hoshin Kanri) Campos (1996) considera que a base do trabalho de uma empresa é o GRD (Gerenciamento da Rotina Diária), sendo uma atividade que busca a confiabilidade e a competitividade dos resultados, sendo centrado na padronização e no controle de processos. O GRD é o complemento do chamado GPD (Gerenciamento pelas Diretrizes), que busca a melhoria da organização promovendo o rompimento da situação atual para atingir os resultados necessários para a sua sobrevivência. Por isso, ainda segundo Campos (1996), o GPD só se mostrará totalmente eficiente quando o GRD estiver bem entendido e amplamente praticado. Ainda segundo Campos (2004), o GRD é centrado em alguns principais pontos, como: Perfeita definição de autoridade, padronização dos processos, monitoração dos resultados, ação corretiva no processo, bom ambiente de trabalho (5S) e na busca contínua da perfeição. 26 De acordo com Campos (2004) o GPD é responsável por definir de maneira estratégica qual nível a empresa requer, e utiliza o PDCA para atingir metas. De acordo com REDI (2003), o GPD, surgiu no Japão, nos anos sessenta, tendo originalmente o nome de “hoshin kanri”, na qual Hoshin significa o método para estabelecer a direção estratégica, e Kanri é o gerenciamento ou controle. Seção 3.3: Controle de processo Segundo Campos (1992), o controle de processo é a essência do gerenciamento em todos os níveis hierárquicos da empresa, desde o presidente até os operadores. O primeiro passo para esse entendimento é a compreensão que sugere que para todo resultado que ocorre há um conjunto de causas que podem ter influenciado. O Círculo de Controle, ou ciclo PDCA (PLAN, DO, CHECK, ACT), é apresentado por Campos (1992) como sendo o caminho para atingir um nível desejado de algo, que deve ser aplicado por todos na empresa e é mostrado na Figura 1. Figura 1 - Círculo de controle 27 Seção 3.3: Padronização Para Campos (1992b), a padronização não se limita ao estabelecimento de um padrão (consenso, redação e registro), mas também na garantia de que a execução do trabalho conforme o definido está sendo plenamente realizada. Uma forma descrita por Campos (2004) para se obter essa padronização é através de um instrumento básico do GRD, o “Padrão”, que é utilizado para apontar as metas e os procedimentos necessários para execução das atividades, de modo a fazer com que cada um possa assumir a responsabilidade pelos resultados de seu trabalho. Seção 3.4: Processo de implantação do gerenciamento da rotina diária (GRD) Campos (2004) apresenta uma proposta de separar a execução completa do GRD em quatro macro fases, cada uma delas com um conjunto de ações/etapas necessárias para compreender, implantar e dar continuidade no gerenciamento da rotina diária dentro de uma organização, esse conjunto de fases é demonstrado nas Figuras 2, 3, 4 e 5. Os objetivos e definição de cada uma das macro fases e etapas serão melhor descritas nas figuras 2 e 3, utilizando-se os conceitos apresentados por Campos (2004). Figura 2 – Fase 1: implantação da GRD Campos (2004) considera essa macro fase como sendo o início da caminhada para a excelência, ou seja, de fato as etapas necessárias para implantar-se o GRD. A seguir, as etapas que as constituem. 28 Ainda, segundo Campos (2004), quem não monitora os resultados não gerencia, e por isso a terceira fase aborda que se faz necessário medir tudo. A corrida pela produtividade, na opinião de Campos (2004), está cada vez maior, principalmente em dois aspectos: Clientes como centro das operações e a alta redução de custos. O que torna essencial, por fim, a utilização eficaz do pensamento humano para uma empresa que deseja caminhar para o futuro. 29 Unidade 4: Proximidades entre gerenciamento da rotina na gestão pela qualidade total e gestão escolar Seção 4.1: Introdução A qualidade da educação básica brasileira precisa de ações para melhoria. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) está abaixo do que é considerado como mínimo em países desenvolvidos e há questões de desigualdade regional, desigualdade social e de fluxo na educação básica brasileira para serem superados. Estudos revelam que a qualidade da educação de uma escola possui relação direta com sua gestão. Verifica-se, no entanto, a escassez de estudos sobre práticas de rotinas escolares. É imperioso, portanto, um aprofundamento nas pesquisas sobre este tema para que educação de qualidade seja uma realidade para todas as crianças e jovens brasileiros. O unidade estudo teve o objetivo principal identificar ferramentas da Gestão pela Qualidade Total que podem impactar a rotina da gestão escolar, melhorando a qualidade da educação básica brasileira. Como objetivos específicos, o estudo pretendeu avaliar a qualidade da educação básica brasileira e relacionar as proximidades entre o Gerenciamento da Rotina na Gestão pela Qualidade Total e a gestão escolar. . Seção 4.2: Educação de qualidade Libâneo (2013) considera que promovendo conhecimento e desenvolvendo as capacidades cognitivas, operativas e sociais para todos, a educação de qualidade é o caminho para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para Dourado, Oliveira e Santos (2007), uma educação de qualidade está associada a maiores possibilidades de continuidade dos estudos, à ampliação das possibilidades de inserção no mercado de trabalho e à melhoria das condições de vida, o que gera a mobilidade social. A questão da mobilidade social como consequência de uma educação de qualidade é comungada por diversos autores. Gadotti (2010) afirma que a educação precisa formar um indivíduo que esteja apto a transformar sua própria condição social, além de participar ativamente da vida em sociedade. Para isso, faz-se necessário que 30 o indivíduo tenha autonomia e liberdade. O autor entende que esse indivíduo será capaz de contribuir para uma sociedade com menos diferenças sociais, mais coletiva e preocupada com o bem comum. Bortolini (2013) considera que uma educação de qualidadeforma cidadãos críticos e sujeitos de sua própria história. Para Demo (2012), um ensino de qualidade precisa garantir educação e conhecimento, que são conceitos distintos. Educação está diretamente relacionada à perspectiva de qualidade política, que é condição básica da participação do indivíduo na sociedade. Conhecimento relaciona-se à qualidade formal, que é a habilidade de utilizar instrumentos, técnicas e procedimentos. São fundamentais o manejo e a produção de conhecimento para a inovação. Ambos são imprescindíveis no contexto escolar, não devendo haver prioridade de um em detrimento de outro. Para Oliveira (2013), a função da educação é o desenvolvimento do pensamento autônomo, a capacidade de raciocinar, de considerar opiniões diferentes e a comunicação escrita. Segundo Méndez (2011), no mundo contemporâneo o enfoque da aprendizagem deve ser a valorização de como aprender, e, não, o que aprender. Os conteúdos devem servir para o desenvolvimento de um sujeito capaz de enfrentar situações novas do mundo em constante transformação. Dourado (2007) considera que a qualidade social da educação é caracterizada por um processo pedagógico pautado pela eficiência, eficácia e afetividade social. De acordo com o Documento Final da Conferência Nacional de Educação (CONAE) de 2014, para garantir o direito a uma educação inclusiva e de qualidade social para todos, é fundamental que haja respeito e consideração das características de cada estudante, de seus tempos e ritmos. Santos (2003) considera que as pessoas e os grupos sociais precisam ter garantido o direito à igualdade nas situações em que as diferenças os inferiorizarem, assim como devem ter o direito de serem tratados com respeito às suas diferenças nas situações em que a igualdade de tratamento os descaracterizarem. Segundo Lück (2013a), para que o ensino seja voltado para a promoção do desenvolvimento humano e de competências, caracterizado em um processo de aprendizagem, é preciso que aconteçam mudanças significativas não somente nas práticas pedagógicas, mas, também, mudanças de concepção orientadora das mesmas. É necessário haver um salto de qualidade na educação brasileira para que haja melhoria na qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento das comunidades. Dessa forma, haverá “a transformação do Brasil em uma nação 31 desenvolvida, com uma população proativa, saudável, competente, cidadã e realizada” (LÜCK, 2013a, p. 21) Para Libâneo (2013), qualidade de uma escola se refere às suas características de organização ou à sua excelência de acordo com uma escala de valores. Para alcançar seus objetivos, é fundamental que a escola tenha uma boa gestão, que assegure condições pedagógico-didáticas, organizacionais e operacionais para os professores em sala de aula, fazendo com que os alunos tenham uma boa aprendizagem. De acordo com a concepção de escola de Libâneo (2013), que a considera como um espaço de aprendizagem e de compartilhamento, a responsabilidade da direção, assim como da coordenação pedagógica de uma instituição educacional é grande, uma vez que está diretamente relacionado a aprendizagem dos alunos. Por isso, a atuação da gestão precisa envolver questões além de práticas administrativas e burocráticas: é preciso atuar nos motivos de aprendizagem dos docentes e alunos. Martins (2015) considera que uma instituição de ensino organizada precisa ressaltar a importância da construção de seu Projeto Político Pedagógico (PPP), que deve ser elaborado coletivamente com a comunidade escolar, assim como deve ser executado e avaliado. Para Stênico et al (2015), um PPP elaborado com a participação da comunidade é um dos viabilizadores da gestão escolar democrática. Segundo Libâneo (2013), as comunidades escolares devem realizar o planejamento das ações que pretendem desenvolver. Devem ser elencadas as necessidades que querem atender, os objetivos previstos considerando as possibilidades, os procedimentos, os recursos disponíveis e necessários, o tempo de realização e a avaliação. O PPP tem a função de unificar as ações de acordo com os interesses da comunidade. Seção 4.3: Gestão Escolar Gestão escolar é uma das áreas de atuação profissional na educação. É um meio para a realização das finalidades, princípios, diretrizes e objetivos educacionais. A gestão escolar é “[...] destinada a realizar o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos necessários à efetividade das ações educacionais” (LÜCK, 2009, p. 23) Essas ações devem promover a aprendizagem e a formação dos estudantes. 32 Segundo Dourado (2007), a gestão escolar pública é responsável por identificar problemas, fazer o acompanhamento das ações realizadas, controlar e avaliar os resultados. As práticas de organização e gestão objetivam garantir o funcionamento da escola, favorecendo a aprendizagem de todos. Para Xavier (2016), uma gestão precisa estar alinhada com a comunidade e envolvida pelo comprometimento de todos que a compõem: gestores, coordenadores, docentes, técnicos e discentes. A implementação de modelos de qualidade também deve ter comprometimento de todos para que se efetivem. Libâneo (2013) considera que somente é possível uma escola atingir seus objetivos de melhoria da aprendizagem escolar com uma gestão eficiente. E a eficiência precisa ser tanto nos aspectos relacionados ao provimento de condições e meios para o funcionamento escolar quanto nas práticas com caráter formativo dos alunos. Para Lück (2013a), investimento em gestão, com seu aperfeiçoamento e qualificação, tem como objetivo a melhoria das ações e processos educacionais, buscando a melhoria da aprendizagem e formação dos estudantes. Considerando que gestão é uma área-meio, não tendo um fim em si mesma, sem esse resultado a gestão se desqualifica. Neis e Pereira (2015) concordam com a ideia de Lück (2013a) sobre a relação da gestão com a melhoria dos processos educacionais. Afirmam que a gestão escolar é uma das principais vertentes para a melhoria da qualidade da educação. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), a organização escolar está diretamente associada à qualidade do ensino. A organização da gestão escolar, envolvendo os aspectos gerenciais e técnico-administrativos, é o eixo norteador de um trabalho pedagógico de qualidade. Libâneo (2013) considera que a organização do cotidiano de uma escola interfere na qualidade das atividades de ensino. Por isso, a organização geral da escola precisa contemplar todos os aspectos da vida escolar, como: [...] condições físicas, materiais, financeiras; definição de funções e atividades das pessoas que integram os vários setores da escola; rotinas administrativas; sistemas de assistência pedagógico-didática ao professor; serviços administrativos, de limpeza e conservação; horário escolar, matrícula, distribuição de alunos por classe; normas disciplinares; formas de contatos com os pais etc. (LIBÂNEO, 2013, p. 169) 33 Esquinsani e Silveira (2015), ao se referirem à dimensão das práticas de gestão escolar, afirmam que os ritos institucionais geram situações organizacionais que interferem diretamente na qualidade da educação. Consideram que a habilidade de planejamento e liderança do gestor, sua capacidade de mobilização da comunidade escolar em torno de um projeto coletivo e sua organização são parte fundamentais dessa dimensão. Lima (2005) propõe três dimensões de qualidade da gestão pública: eficiência, eficácia e efetividade. A eficiência acontece pela melhoria contínua nos processos escolares. A dimensão da eficácia pode ser explicada pelas metas sobre indicadores de desempenho escolar e pela competição entre escolas sendo o centro da gestão educacional. A efetividade é a busca pelos propósitos e resultadosfinais da educação. O Documento Final da II Conferência Nacional de Educação (CONAE), realizada em 2014, destaca a importância da gestão democrática. Considera indispensável a participação da comunidade no planejamento, execução e avaliação dos projetos e atividades educativas. Alguns princípios são fundamentais para a realização de uma gestão democrática-participativa. A partir deles, torna-se possível que a escola estabeleça seus objetivos e os realize com eficácia. Libâneo, Oliveira e Toschi (2012) destacam a participação da comunidade, o planejamento das atividades, a formação continuada dos profissionais, uso de informações concretas e análise de cada problema e seus múltiplos aspectos, democratização das informações, avaliação compartilhada e relações humanas produtivas e criativas em busca de objetivos comuns. A participação plena se caracteriza pela mobilização efetiva dos esforços individuais e pela construção do espírito de equipe. Libâneo (2013) destaca que todos precisam estar conscientes de sua responsabilidade. Para Libâneo (2013), a função da direção é colocar em prática o planejamento feito coletivamente, coordenando os trabalhos para que as ações sejam executadas da melhor forma possível. De acordo com Lück (2013b), a partir do planejamento, ações são colocadas em prática e devem ser monitoradas e avaliadas para realimentarem o planejamento em um novo ciclo. Segundo Lück (2011), a promoção de um clima de confiança e reciprocidade se dá quando os gestores têm atitudes éticas e atuam de forma competente e proativa para desenvolver essas atitudes em toda a equipe, desenvolvendo um clima de discrição, apoio, respeito e confiabilidade. As pessoas trabalham mais à vontade e se 34 dedicam mais quando acreditam que terão apoio em momentos difíceis. De acordo com Libâneo (2013), através de sua interferência, o gestor pode promover um clima organizacional com relações de confiança, favorecendo a melhoria do desempenho da instituição. A avaliação da escola deve se pautar em algumas variáveis. Libâneo (2013) elenca algumas variáveis, como os dados estatísticos de reprovação, abandono, situação socioeconômica dos alunos, entre outras, o clima organizacional da escola, o acompanhamento do rendimento escolar dos alunos, a avaliação do projeto pedagógico-curricular e a avaliação de desempenho dos professores. Lück (2011) considera que a liderança numa escola é característica inerente à gestão escolar, não sendo possível haver gestão se não houver liderança. Desempenhando sua capacidade de liderança, o diretor é capaz de orientar, mobilizar e coordenar o trabalho da comunidade escolar interna e externamente, buscando a melhoria contínua do ensino e da aprendizagem. Seção 4.4: Avaliação da educação básica brasileira A educação básica brasileira possui alguns indicadores para seu monitoramento. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é o órgão responsável pelo levantamento desses indicadores. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que foi criado pelo Inep e funciona como um indicador nacional. Esse índice conjuga dois importantes conceitos: fluxo escolar e desempenho dos estudantes. O fluxo escolar é medido pelas taxas de aprovação, que são obtidas no Censo Escolar anualmente. O desempenho dos estudantes é aferido pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para as unidades da federação e para o país, e pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), também conhecida como Prova Brasil, para os municípios. Essa avaliação é realizada a cada dois anos. (INEP, 2017) A conjugação dos dois conceitos objetiva garantir um equilíbrio entre as dimensões fluxo escolar e desempenho. Objetiva-se aprovar estudantes com qualidade. Seu índice varia de zero a dez, sendo a pontuação máxima equivalente à máxima média de aprovação e máxima média de desempenho. 35 O Inep divulga o Ideb observado e a meta a ser alcançada nas avaliações futuras por escola, por rede de ensino, por cidade, por estado e o resultado nacional. Os resultados do Ideb apontam as questões com necessidades de melhoria e a possibilitam que sejam traçadas metas para a qualidade dos sistemas. A última avaliação de desempenho dos estudantes foi realizada em 2017, mas os dados ainda encontram-se em fase de processamento, com divulgação prevista para agosto de 2018. Destarte, os dados mais recentes de Ideb são os do ano letivo de 2015. (INEP, 2016) As tabelas 1, 2 e 3 a seguir demonstram o Ideb observado nas três etapas da educação básica de 2005 a 2015 e as metas previstas para 2021. (INEP, 2018a) Observando-se as tabelas 1, 2 e 3, constata-se que a qualidade verificada ainda está distante da meta estimada para 2021. Essa meta equivale ao mínimo considerado como educação de qualidade nos países desenvolvidos. A figura 1 demonstra a Distorção idade-série (DIS) em três anos de escolaridade do ensino fundamental nas diferentes redes e zonas urbana e rural brasileiras. Analisando-se a situação exposta, constata-se que no primeiro ano de escolaridade os índices de distorção idade-série são bem próximos nas redes públicas e na rede privada. Importante esclarecer que em diversas redes públicas a aprovação no primeiro ano é automática, ou seja, todos os alunos são conduzidos ao segundo 36 ano, independente de avaliação. Na rede privada são poucas as escolas com esse tipo de aprovação. (INEP, 2018b) Nos quinto e nono anos, no entanto, observa-se uma diferença muito expressiva entre a DIS das redes públicas e da rede privada. Esse dado revela que os estudantes da rede pública enfrentam, ao longo da vida escolar, muitas situações de reprovação, o que demonstra a desigualdade social que ainda existe no sistema educacional. Na figura 1, constata-se também uma diferença significativa entre os índices de DIS dos alunos de zonas urbanas e zonas rurais, sendo 15,2% no quinto ano de escolaridade e 14,1% no nono ano. Esta diferença denota a desigualdade regional presente na educação básica. Verifica-se, ainda, o aumento gradativo da DIS ao longo da vida escolar, o que demonstra que a questão de fluxo escolar ainda é um problema da educação básica brasileira. A partir da análise de dados da figura 1, torna-se evidenciada a desigualdade social, a desigualdade regional e a questão do fluxo da educação básica. Apesar da ampliação do acesso à etapa obrigatória de escolarização observada nas últimas décadas, ainda não foi efetivado o cumprimento de um dos princípios basilares da educação: a garantia de um nível de qualidade equivalente para todos. Somando-se a isso as constatações feitas anteriormente sobre resultados abaixo das médias consideradas como mínimas de qualidade dos países desenvolvidos, constata-se que a educação básica brasileira precisa ainda precisa de muitas ações de melhoria. 37 Seção 4.5: O gerenciamento da rotina na gestão pela qualidade total De acordo com Heckert e Silva (2008), qualidade tem sido um tema bastante discutido nos estudos de Engenharia de Produção nas últimas décadas. Diversas pesquisas têm sido realizadas, gerando conceitos para serem aplicados tanto na área de manufatura quanto na área de serviços. Segundo Silva (2009), qualidade significa a melhoria permanente em todas as etapas de funcionamento de uma organização, incluindo a satisfação de todos os stakeholders. Juran (1998) também considera que a qualidade de um produto ou de um serviço está relacionada à sua capacidade em satisfazer as necessidades e expectativas do usuário. Zeithaml et al (1990) consideram que um serviço de qualidade é aquele que supera as expectativas do cliente durante e após sua realização. Considerando as constantes transformações dos desejos e necessidades dos mesmos, torna-se fundamental,