Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
“main” 2013/9/18 page 1i i i i i i i i Notas de aula de Introduc¸a˜o a` Teoria dos Nu´meros por Andre´ Contiero 18 de Setembro de 2013 “main” 2013/9/18 page 7i i i i i i i i Cap´ıtulo 1 Princ´ıpios Princ´ıpio da Casa dos Pombos. Sejam kn+1 pombos e suponha que existam n casinhas de pombos. Se quisermos alojar todos os pombos nas casinhas, enta˜o existira´ uma casinha com pelo menos k + 1 pombos. Demonstrac¸a˜o. Se em todas casinhas aloja´ssemos no ma´ximo k pombos, enta˜o ter´ıamos no ma´ximo kn pombos. Que e´ uma con- tradic¸a˜o. Exemplo 1.1. Considere o conjunto {1, 2, . . . , 2n}, com n ∈ N e n ≥ 1. Se escolhermos n+ 1 nu´meros deste conjunto, enta˜o dentre os escolhidos existira˜o nu´meros consecutivos. De fato, considere os pares de nu´meros consecutivos {1, 2}, {3, 4}, . . . , {2n − 1, 2n}. Existem n destes pares. Como devemos escolher n+ 1 nu´meros, pelo menos um par sera´ escolhido. Princ´ıpio da Boa Ordenac¸a˜o. Seja A ⊆ N. Enta˜o existe n0 ∈ A tal que n0 < n ∀n ∈ A \ {n0}. 7 “main” 2013/9/18 page 8i i i i i i i i 8 [CAP. 1: PRINC´IPIOS Exemplo 1.2. Mostre que toda func¸a˜o f : N → N mono´tona na˜o crescente e´ constante a partir de um certo nu´mero natural. Dizer que f : N → N e´ mono´tona na˜o crescente significa que ∀m ≤ n =⇒ f(m) ≥ f(n). Seja A = f(N) a imagem de f . Logo existe i0 ∈ A menor que todos os outros elementos de A. Claro que i0 = f(n0). Assim se n ≥ n0 enta˜o f(n) ≥ f(n0) = i0. Por outro lado, como f e´ mono´tona na˜o crescente, para n ≥ n0, i0 = f(n0) ≥ f(n). Assim f(n) = i0, ∀n ≥ n0. Princ´ıpio de Induc¸a˜o Finita. Seja P(n) uma afirmac¸a˜o em N envolvendo o nu´mero n. Suponha que consigamos verificar: BI) P(n0) e´ verdadeira para certo n0 ∈ N; PI) Assumindo P(n) verdadeira, enta˜o P(n + 1) tambe´m e´ ver- dadeira para todo n ≥ n0. Enta˜o P(n) e´ verdadeira para todo n ≥ n0. Exemplo 1.3. Vamos mostrar que 1+ 2+3+ · · ·+ k = 1 2 k(k+1). Faremos por induc¸a˜o. Note que neste caso P(k) e´ 1 + 2 + 3 + · · ·+k = 1 2 k(k+1). Em geral, nos primeiros exemplos, e´ instrutivo dividir a induc¸a˜o em treˆs partes, a saber, BI: Base de Induc¸a˜o, HI: Hipo´tese de Induc¸a˜o e PI: Passo Indutivo, como a seguir. BI) Claro que 1 = 1 2 1(1 + 1). Logo P(1) e´ verdadeira; HI) Suponha que P(n) e´ verdadeira, ou seja, 1+2+3+ · · ·+n = 1 2 n(n+ 1). PI) Vamos mostrar que P(n + 1) tambe´m e´ verdadeira, ou seja, 1 + 2 + · · · + n = 1 2 (n + 1)(n + 2). De fato, 1 + 2 + 3 + “main” 2013/9/18 page 9i i i i i i i i 9 · · ·+ n+ 1 = (1 + 2 + · · ·+ n) + (n+ 1). Mas a Hipo´tese de Induc¸a˜o (HI) nos diz que 1+2+3+ · · ·+n = 1 2 n(n+1), assim 1+ 2+ 3+ · · ·+n+1 = 1 2 n(n+1)+n+1 = 1 2 (n+1)(n+2). Logo o Princ´ıpio de Induc¸a˜o Finita nos assegura que 1 + 2 + 3 + · · ·+ k = 1 2 k(k + 1) ∀ k ∈ N? Existe uma prova muita mais elegante e incrivelmente simples de que 1+2+3+ · · ·+ k = 1 2 k(k+1). Esta ideia da prova foi dada por Gauss quando ele tinha apenas 9 anos de idade. Vamos e ela: Exemplo 1.4. Denote por s = 1 + 2 + 3 + · · ·+ k, claro que s = 1 + 2 + · · ·+ (k − 1) + k(1.1) s = k + (k − 1) + . . .+ 2 + 1(1.2) somando as equac¸o˜es (1.1) e (1.2) obtemos que 2s = (k + 1) + · · ·+ (k + 1) = k(k + 1) Uma outra bonita aplicac¸a˜o do PIF e´ o seguinte resultado. Exemplo 1.5. Seja A um conjunto com n elementos. Mostre que o conjunto P(A) formado por todos os subconjuntos de A tem exa- tamente 2n elementos. o conjunto P(A) e´ chamado de conjunto das partes de A. Faremos por induc¸a˜o em n. BI) Claro que se n = 1, A = {x} e enta˜o P(A) = {∅ , A}. Lembre- se que o vazio e´ um subconjunto de qualquer conjunto. HI) Suponha que para qualquer conjunto A com k elementos e 1 ≤ k < n, o conjunto das partes de A tenha exatamente 2k elementos; “main” 2013/9/18 page 10i i i i i i i i 10 [CAP. 1: PRINC´IPIOS PI) Considere A = {x1, x2, . . . , xn} um conjunto com n elementos. Tomando B = {x1, x2, . . . , xn−1}, a HI diz que ] (P(B)) = 2n−1. Por outro lado, P(A) = P(B) ∪ D, onde D = {C ∪ {xn} | C ∈ P(B)}. Assim ](P(A)) = ](P(B)) + ](D) = 2n−1 + 2n−1 = 2n Uma variante do PFI e muito u´til em diversas aplicac¸o˜es e´: Princ´ıpio de Induc¸a˜o Forte. Seja P(n) uma afirmac¸a˜o em N envolvendo o nu´mero n. Suponha que consigamos verificar que BI) P(n0) se´ verdadeira; PI) Se assumirmos que P(k) e´ verdadeira para todo n0 ≤ k ≤ n e isto implicar que P(n+ 1) tambe´m e´ verdadeira. Enta˜o P(n) e´ verdadeira para todo n ≥ n0. Observac¸a˜o 1.6. A abreviac¸a˜o PIF significara´ tanto o Princ´ıpio de Induc¸a˜o Finita quanto o Princ´ıpio de Induc¸a˜o Forte. Definic¸a˜o 1.7. A sequencia de Fibonacci (fn) e´ definida recursi- vamente da seguinte forma: 1. f0 = 0, f1 = 1; 2. Para cada n ≥ 2, fn = fn−1 + fn−2. Lema 1.8. Os termos da sequencia de Fibonacci satisfazem fn = αn − βn α− β onde α = 1 2 (1 + √ 5) e β = 1 2 (1−√5). “main” 2013/9/18 page 11i i i i i i i i 11 Demonstrac¸a˜o. A prova sera´ feita por induc¸a˜o em n. BI) Claro que f0 = 0 = α0−β0 α−β e f1 = 1 = α−β α−β ; HI) Suponha que fk = αk−βk α−β , para cada 0 ≤ k < n; PI) Sabemos que fn = fn−1+fn−2. Usando a HI podemos escrever fn = fn−1 + fn−2 = αn−1 − βn−1 α− β + αn−2 − βn−2 α− β(1.3) = (αn−1 + αn−2)− (βn−1 + βn−2) α− β(1.4) Note que α e β sa˜o ra´ızes da equac¸a˜o x2− x− 1. Assim α2 = α+ 1 e β2 = β + 1. Logo podemos concluir que αn = αn−1 + αn−2 e βn = βn−1 + βn−2. Colocando estas duas informac¸o˜es na equac¸a˜o (1.3) resulta que fn = αn−βn α−β . Assim o Princ´ıpio de Induc¸a˜o Forte nos assegura o resultado. Definic¸a˜o 1.9. Uma Progresso Aritme´tica (PA) e´ uma sequeˆncia de nu´meros reais (an) com n ∈ N∗ tal que o primeiro termo a1 e´ dado e os demais termos da PA sa˜o definidos por an+1 = an + r onde r e´ um nu´mero real fixado chamado de raza˜o da PA. Exemplo 1.10. Numa PA com primeiro termo a1 e raza˜o r vale que: a) an = a1 + (n− 1)r; b) Se Sn = a1 + · · ·+ an. Enta˜o Sn = 12(a1 + an)n. “main” 2013/9/18 page 12i i i i i i i i 12 [CAP. 1: PRINC´IPIOS Fac¸amos o item (a). Claro que a1 = a1+(1− 1)r. Suponha que ak = a1 + (k − 1)r para 1 ≤ k ≤ n. Usando a definic¸a˜o de PA e o passo de induc¸a˜o obtemos an+1 = an+r = a1+(n−1)r+r = a1+nr. Logo a prova segue pelo PIF. Fac¸amos agora o item (b). Temos que S1 = a1 = 1 2 (a1+a1). Suponha que Sk = a1+ · · ·+ak = 12(a1+ak)k para 1 ≤ k ≤ n. Usando a definic¸a˜o de Sn, o passo de induc¸a˜o e o item (a) obtemos Sn+1 = a1 + . . .+ an + an+1 = 1 2 (a1 + an)n+ an+1 = 1 2 (a1 + an)n+ a1 + n r = 1 2 [(a1 + an)n+ 2a1 + 2nr] = 1 2 [(n+ 1)a1 + a1 + nan + 2nr)] = 1 2 [(n+ 1)a1 + a1 + nr + n(an + r)] = 1 2 [(n+ 1)a1 + an+1 + nan+1] = 1 2 (a1 + an+1)(n+ 1) Definic¸a˜o 1.11. Um Progresso Geome´trica (PG) e´ uma sequeˆncia de nu´meros reais (an) onde o primeiro termo a1 e´ dado e os demais sa˜o definidos por an+1 = an · q ∀n ≥ 2 onde q e´ um nu´mero real fixado, chamado de raza˜o da PG e distinto de 0 e 1. Exemplo 1.12. Considere um PG com primeiro termo a1 e raza˜o q. Tem-se que: a) an = a1 · qn−1; b) Se Sn = a1 + . . . an. Mostre que Sn = a1 qn−1 q−1 . “main” 2013/9/18 page 13i i i i i i i i 13 Farei somente o item (b), o item (a) segue facilmente usando o PIF. Note que S1 = a1 = a1 · q1−1−1q−1 . Suponha que Sn = q n−1 q−1 . Agora Sn+1 = a1 + · · ·+ am + an+1 = a1 · q n − 1 q − 1 + an+1 = a1 · q n − 1 q − 1 + a1 · q n = a1 · q n+1 − 1 q − 1 Considere o polinoˆmio de grau n, na indeterminada x e com coeficientes inteiros dado por (1 +X)n. Escreva este polinoˆmio da seguinte forma: (1 +X)n = a0 + a1X + a2X 2 + · · ·+ an−1Xn−1 + anXnDefinic¸a˜o 1.13. Os coeficientes do polinoˆmio acima sa˜o chamados de nu´meros binomiais e doravante sera˜o denotados por ai = ( n i ) . Usaremos a convenc¸a˜o que se i > n, enta˜o ( n i ) = 0. Com a definic¸a˜o acima podemos escrever (1.5) (1+X)n = ( n 0 ) + ( n 1 ) X+ ( n 2 ) X2+· · ·+ ( n n− 1 ) Xn−1+ ( n n ) Xn e facilmente vemos que ( n 0 ) = 1, ( n 1 ) = 1 e ( n n ) = 1. Observac¸a˜o 1.14. Por enquanto os nu´meros ( n i ) sa˜o apenas coefi- cientes de um polinoˆmio. Todos sabemos os nu´meros binomiais sa˜o definidos em termos de fatorial. Veremos isso nas pro´ximas linhas. Relac¸a˜o de Stifel. Para cada 0 ≤ i ≤ n vale que( n i ) + ( n i+ 1 ) = ( n+ 1 i+ 1 ) “main” 2013/9/18 page 14i i i i i i i i 14 [CAP. 1: PRINC´IPIOS Antes da prova um esclarecimento. O nu´mero ( n+1 i+1 ) e´ o coefi- ciente do termo X i+1 do polinoˆmio (1 + X)n+1. Enquanto ( n i ) e( n i+1 ) sa˜o, respectivamente, os coeficientes dos termos X i e X i+1 do polinoˆmio (1 +X)n. Demonstrac¸a˜o. Usando as definic¸o˜es podemos escrever( n+ 1 0 ) + · · ·+ ( n+ 1 n ) Xn + ( n+ 1 n+ 1 ) Xn+1 = (1 +X)n+1 mas, por outro lado, sabemos que (1 +X)(1 +X)n. Assim (1 +X)n+1 = (1 +X) [( n 0 ) + ( n 1 ) X + · · ·+ ( n n− 1 ) Xn−1 + ( n n ) Xn ] = ( n 0 ) + [( n 0 ) + ( n 1 )] X+ · · ·+ [( n n− 1 ) + ( n n )] Xn+ ( n n ) Xn+1 Basta agora lembrar que dois polinoˆmios sa˜o iguais se, e somente se, os respectivos coeficientes de mesmo grau sa˜o iguais. Definic¸a˜o 1.15. Seja n um natural na˜o nulo. O fatorial de n, denotado por n!, e´ definido por n! = n(n− 1)(n− 2) . . . 2 · 1 Observac¸a˜o 1.16. Usaremos a convenc¸a˜o que 0! = 1. Lema 1.17. Para cada 1 ≤ i ≤ n vale que i! ( n i ) = n(n− 1) · · · (n− i+ 1) = n! (n− i)! Demonstrac¸a˜o. A prova sera´ feita por induc¸a˜o. Vamos la´. “main” 2013/9/18 page 15i i i i i i i i 15 BI) Se n = 1, enta˜o 1! ( 1 1 ) = 1 · 1 = 1; HI) Suponha que para cada 1 ≤ k ≤ n valha i!(k i ) = k! (k−i)! ; PI) Para cada i ≤ n a Relac¸a˜o de Stifel nos diz que i! ( n+ 1 i ) = i(i− 1)! ( n i− 1 ) + i! ( n i ) . Usando a HI podemos escrever i(i− 1)! ( n i− 1 ) + i! ( n i ) = i [ n! (n− i+ 1)! ] + n! (n− i)! = n! i+ (n− i+ 1)n! (n− i+ 1)! = n! i− n! i+ (n+ 1)n! (n− i+ 1)! = (n+ 1)! (n− i+ 1)! As informac¸o˜es das duas equac¸o˜es acima resultam que i! ( n+ 1 i ) = (n+ 1)! (n− i+ 1)! Observac¸a˜o 1.18. Do lema acima segue facilmente a forma do nu´mero binomial dada atrave´s de fatorial, a saber( n i ) = n! i!(n− i)! Binoˆmio de Newton. Sejam a e b nu´meros reais e n um inteiro positivo. Tem-se (a+ b)n = an + ( n 1 ) an−1 b+ · · ·+ ( n n− 1 ) abn−1 + bn “main” 2013/9/18 page 16i i i i i i i i 16 [CAP. 1: PRINC´IPIOS Demonstrac¸a˜o. Note que se a = 0 na˜o temos nada a fazer. Assuma enta˜o que a 6= 0. Sabemos que (1+X)n = (n 0 ) + ( n 1 ) X+· · ·+(n n ) Xn. Substituindo X por b a podemos escrever (a+ b)n = an ( 1 + b a )n = an [( n 0 ) + ( n 1 ) b a + · · ·+ ( n n ) b a n] = an + ( n 1 ) an−1 b+ · · ·+ ( n n− 1 ) abn−1 + bn “main” 2013/9/18 page 17i i i i i i i i [SEC. 1.1: EXERC´ICIOS 17 1.1 Exerc´ıcios 1. Vamos mostrar que todos os alunos da UFAL torcem para o mesmo time. Claro que esta afirmac¸a˜o e´ verdadeira para o conjunto com um u´nico aluno. Suponha que qualquer con- junto de n alunos da UFAL torc¸am para o mesmo time. Con- sidere um conjunto com n+1 alunos da UFAL. Tire um aluno deste conjunto. Logo os n que ficaram torcem para o mesmo time (esta e´ a hipo´tese de induc¸a˜o), assim como aquele que ficou sozinho (e´ o caso para n=1). Conclu´ımos, por induc¸a˜o, todos torcem para o mesmo time. Onde esta´ o erro? 2. Considere o conjunto {1, 2, 3, . . . , 2n} com n ≥ 1. Mostre que se escolhermos n + 1 nu´meros deste conjunto, existira˜o dois tais que um sera´ mu´ltiplo do outro. 3. Mostre que um conjunto com n inteiros quaisquer possui um subconjunto na˜o vazio cujo soma dos seus elementos e´ di- vis´ıvel por n. 4. Considere a sequeˆncia de nu´meros reais (an) onde a1 e´ dado e os demais termos sa˜o definidos por an+1 = q · an + r , ∀n ≥ 1 onde q e r sa˜o nu´mero reais fixados com q 6= 0, 1. Fac¸a os seguintes itens: (a) Mostre que an = a1 · qn−1 + qn−1−1q−1 r; (b) Se Sn = a1 + · · · + an, mostre que Sn = qn−1−1(q−1)2 q · r − qn−1 1−q a1 + n−1 1−q r. 5. Mostre que: “main” 2013/9/18 page 18i i i i i i i i 18 [CAP. 1: PRINC´IPIOS (a) 12 + 22 + · · ·+ n2 = 1 6 n(n+ 1)(2n+ 1); (b) 13 + 23 + · · ·+ n3 = (1 + 2 + · · ·+ n)2; (c) 13 + 23 + · · ·+ n3 = 1 4 n2(n+ 1)2; (d) 1 1·2 + 1 2·3 + · · ·+ 1n(n+1) = nn+1 . 6. Mostre a Fo´rmula de DeMoivre. Sejam n ∈ N∗ e i ∈ C tal que i2 = −1. Enta˜o (cos(θ) + i sin(θ))n = cos(nθ) + i sin(nθ)) 7. Encontre e verifique a veracidade da expressa˜o geral para: (a) 2 + 4 + 6 + · · ·+ 2n; (b) 2 + 5 + 8 + · · ·+ (3n− 1); (c) 1 + 3 + 5 + · · ·+ (2n+ 1); (d) 2 + 4 + 8 + · · ·+ 2n; (e) 1 2 + 1 4 + · · ·+ 1 2n . 8. Sejam A e B dois conjuntos com n e k elementos respecti- vamente. Mostre que o nu´mero de func¸o˜es f : A → B e´ kn. 9. Mostre que n∑ k=1 k(k + 1) = 1 3 n(n+ 1)(n+ 2). 10. Assuma como definic¸a˜o que ( n i ) = n! i!(n−i)! . Use induc¸a˜o para mostrar que ( n i ) e´ um nu´mero inteiro. 11. Mostre que sinx+ sin 2x+ . . .+ sinnx = sin ( (n+1)x 2 ) · sin (nx 2 ) sin x 2 . 12. Seja (fn) a sequeˆncia de Fibonacci. Mostre que: “main” 2013/9/18 page 19i i i i i i i i [SEC. 1.1: EXERC´ICIOS 19 (a) f1 + f2 + fn = fn+2 − 1; (b) fn+1 · fn−1 − f2n = (−1)n; (c) ( n 0 ) + ( n−1 1 ) + ( n−2 2 ) + ( n−3 3 ) + . . . = fn+1. Lembre-se que( n i ) = 0 se i > n. 13. Mostre que para todo natural n ≥ 4 vale que: (a) 2n < n!; (b) 2n3 > 3n2 + 3n+ 1. 14. Mostre que n! > 3n, para n ≥ 7. 15. Mostre ou de um contra-exemplo para a seguinte afirmac¸a˜o: ∀ k ∈ N, ∃n0 ∈ N tal que k! > kn , ∀n ≥ n0 16. Mostre que( n 0 ) + ( n 1 ) + · · ·+ ( n n− 1 ) + ( n n ) = 2n. 17. Sejam n e i inteiros positivos. Mostre que( n i ) + ( n+ 1 n ) + · · ·+ ( n+ i n ) = ( n+ i+ 1 n+ 1 ) 18. Sejam m,n, k inteiros positivos, mostre que: k∑ i=0 ( m i )( n k − i ) = ( n+m k ) . “main” 2013/9/18 page 20i i i i i i i i 20 [CAP. 1: PRINC´IPIOS 19. Seja n um inteiro positivo, mostre que n∑ i=0 ( n i )2 = ( 2n n ) . 20. Seja α um nu´mero irracional. Mostre que existem infinitos racionais p q tais que ∣∣∣∣α− pq ∣∣∣∣ < 1q2 21. Encontre o nu´mero ma´ximo de regio˜es em que n retas dividem um plano. 22. Mostre que toda sequencia com n2 + 1 nu´meros reais, possui um subsequeˆncia crescente com n+ 1 termos ou uma decres- cente com n+ 1 termos. “main” 2013/9/18 page 21i i i i i i i i Cap´ıtulo 2 Divisa˜o em Z Definic¸a˜o 2.1. Sejam a e b nu´meros inteiros, com a 6= 0. Dizemos que a divide b, em s´ımbolos a|b, se existe q ∈ Z tal que b = aq Observac¸a˜o 2.2. Dizer que a divide b e´ o mesmo que dizer que b e´ divis´ıvel por a ou que b e´ mu´ltiplo de a, ou ainda que a e´ um divisor de b. Exemplo 2.3.• 2|6, pois 6 = 2 · 3; • −2|6, pois 6 = (−2) · (−3); • 7| − 14 pois −14 = 7 · (−2); • 1 divide qualquer nu´mero inteiro; • 0 e´ divis´ıvel por qualquer nu´mero; 21 “main” 2013/9/18 page 22i i i i i i i i 22 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z Definic¸a˜o 2.4. Dizemos que um nu´mero e´ par se ele e´ divis´ıvel por 2. Note que todo nu´mero par e´ da forma 2n com n ∈ Z. Lema 2.5. Sejam a e b inteiros. As seguintes afirmac¸o˜es sa˜o equi- valentes: a) a|b; b) −a|b; c) a| − b; d) −a| − b; Demonstrac¸a˜o. Farei somente que (a) implica (b), as demais ficam como exerc´ıcios. Se a|b, enta˜o b = aq, para algum q ∈ Z. Assim b = (−a)(−q), logo −a|b. Lema 2.6. Sejam a, b e c nu´meros inteiros tais que a 6= 0 e b 6= 0. Se a|b e b|c, enta˜o a|c. Demonstrac¸a˜o. Usando a definic¸a˜o, existem inteiros q e s tais que b = a · q e c = b · s. Assim c = a · (q · s). Segue diretamente da definic¸a˜o de divisa˜o o seguinte resultado de limitac¸a˜o. Lema 2.7. Sejam a, b ∈ Z com a 6= 0. a | b enta˜o b = 0 ou |a| ≤ |b|. Demonstrac¸a˜o. De fato, como a | b, enta˜o b = aq para algum q ∈ Z. Supondo b 6= 0, temos q| ≥ 1 e enta˜o |b| = |aq| = |a||q| ≥ |a| Proposic¸a˜o 2.8. Se a|(b+ c) e a|b, enta˜o a|c. “main” 2013/9/18 page 23i i i i i i i i 23 Demonstrac¸a˜o. Do fato de a|(b+ c), segue que existe q ∈ Z tal que b + c = a · q. Mas a|b, enta˜o existe r ∈ Z tal que b = a · r. Assim a · q = b+ c = a · r + c, e enta˜o c = a · (q − r). Observac¸a˜o 2.9. Na˜o e´ verdade que se a|(b + c) enta˜o a|b ou a|c. Fac¸a voceˆ mesmo uma infinidade de contra-exemplos. Exemplo 2.10. O nu´mero 2 na˜o divide nenhum nu´mero da forma 2n+ 1, com n ∈ Z. De fato, se 2|2n + 1 como 2|2n enta˜o 2|1, o que e´ uma con- tradic¸a˜o. Definic¸a˜o 2.11. Um nu´mero que na˜o e´ divis´ıvel por 2 e´ dito ı´mpar. Note que todo nu´mero ı´mpar e´ da forma 2n + 1 para algum n ∈ Z. Proposic¸a˜o 2.12. Sejam a, b, c ∈ Z com a 6= 0. Se a|b e a|c, enta˜o para quaisquer x, y ∈ Z a|(bx+ cy). Demonstrac¸a˜o. Da hipo´tese temos b = qa e c = ua para certos q, u ∈ Z. Assim para quaisquer x, y ∈ Z, bx + cy = aqx + auy = a(qx+ uy). Exemplo 2.13. Seja a ∈ Z?. Vamos mostrar que a−1|an−1 para todo n ∈ N. De fato, pois an − 1 = (a− 1)(an−1 + an−2 + . . .+ a+ 1) O exemplo acima possui a seguinte simples generalizac¸a˜o. “main” 2013/9/18 page 24i i i i i i i i 24 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z Exemplo 2.14. Sejam a, b ∈ Z. Enta˜o a − b divide an − bn, para qualquer n ∈ N. Basta notar que an − bn = (a− b)(an−1 + ban−2 + b2an−3 + . . . bn−2a+ bn−1) Use induc¸a˜o para tambe´m mostrar os dois exemplos acima. Exemplo 2.15. Vale que 2|(a2 − a) ∀ a ∈ Z. De fato, pois a2 − a = a(a − 1), e a − 1 e a sa˜o nu´mero conse- cutivos, logo um deles e´ par. Exemplo 2.16. Vale que 3|(a3 − a) ∀ a ∈ Z. Analogamente ao exemplo anterior. a3 − a = a(a− 1)(a+ 1), e a − 1, a, a + 1 sa˜o nu´mero consecutivos, logo um deles e´ mu´ltiplo de treˆs.. Divisa˜o Euclidiana. Sejam a e b nu´meros inteiros tais que a 6= 0. Existem inteiros q e r, unicamente determinados, tais que b = a · q + r onde 0 ≤ r < |a| O inteiro r e´ chamado resto da divisa˜o de b por a, enquanto que q e´ chamado o quociente da divisa˜o de b por a. Demonstrac¸a˜o. Separamos a prova da existeˆncia em dois casos. Pri- meiramente suponhamos a > 0. Considere um inteiro q tal que b − aq ≥ 0 mas b − a(q + 1) < 0. Definindo r = b − aq temos que b = aq + r com 0 ≤ r < |a| = a. Por outro lado, se a < 0. Enta˜o considere um inteiro tal que b − aq ≥ 0 mas b − a(q − 1) < 0. Definindo r = b − aq temos que b = aq + r com ≤ r < |a| = −a “main” 2013/9/18 page 25i i i i i i i i 25 Quanto a unicidade. Suponha que b = aq−r e b = aq1−r1 com 0 ≤ r < |a| e 0 ≤ r1 < |a|. Temos que r − r1 = a(q − q1), assim a | (r−r1) donde conclu´ımos que r = r1. Assim b = aq+r = aq1+r, implicando em q = q1. Observac¸a˜o 2.17. O resto de uma divisa˜o e´ um inteiro na˜o nega- tivo, ou seja, nunca um nu´mero negativo. Exemplo 2.18. • O resto da divisa˜o de 15 por 31 e´ 15, pois 15 = 31 · 0 + 15; • O resto da divisa˜o de −15 por 31 e´ 16, pois −15 = 31 · (−1)+ 16. Exemplo 2.19. Vale que 5|(a5 − a) ∀ a ∈ Z. Note que a5 − a = a(a2 − 1)(a2 + 1). Seja r o resto da divisa˜o de a por 5, ou seja, a = 5q + r. Lembre-se que r ∈ {0, 1, 2, 3, 4}. Analisaremos todos os casos poss´ıveis, isto e´, todos os poss´ıveis restos. i) Se r = 0, 5|a e enta˜o 5|(a5 − a); ii) Se r = 1, 5|a2−1, pois a2−1 = (5q+1)2−1 e enta˜o 5|(a5−a); iii) Se r = 2, 5|a2 + 1, pois a+1 = (5q + 2)+1 e enta˜o 5|(a5 − a); iv) Se r = 3, 5|a2+1, pois a2+1 = (5q+3)2+1 e enta˜o 5|(a5−a); v) Finalmente, se r = 4, 5|a2 − 1, pois a2 − 1 = (5q + 4) − 1 e enta˜o 5|(a5 − a). Portanto conclu´ımos que 5|(a5 − a) ∀ a ∈ Z. “main” 2013/9/18 page 26i i i i i i i i 26 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z Exemplo 2.20. Vamos mostrar que existem infinitos nu´meros na- turais n tais que 3 e 5 dividem, ao mesmo tempo, 11n2 + 6. Primeiramente lembramos que um nu´mero nu´mero e´ divis´ıvel por 3 e por 5 se, e somente se, ele e´ divis´ıvel por 15. Seja n um inteiro da forma n = 15q + r, com q ∈ N e 0 ≤ r < 15. Enta˜o 11n2 + 6 = 11(15q + r)2 + 6 = 15q(11 · 15 · q + 2 · r) + r2 + 6 = 15qk + 11(r2 + 6) onde k = 11 · 15 · q+2 · r. Se tomarmos r = 3, enta˜o para qualquer q ∈ N, vale que 11n2 + 6 = 15qk + 9 + 6 = 15(qk + 1) Conclu´ımos que para qualquer inteiro positivo da forma 15q + 3 com q ∈ N temos 15|11n2 + 6. Definic¸a˜o 2.21. Um inteiro na˜o negativo b e´ dito um quadrado perfeito se existe k ∈ Z tal que b = k2. Exemplo 2.22. Vamos mostrar que se b e´ um quadrado perfeito enta˜o b na˜o deixa resto 2 nem 5 na divisa˜o por 6. De fato, se b e´ um quadrado perfeito enta˜o b = a2, para algum a ∈ Z. Seja r o resto da divisa˜o de a por 6. Assim b = a2 = (6q + r)2 = 36q2 + 12qr + r2 = 6(6q2 + 2qr) + r2 = 6q′ + r2. Note que r ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5} e r2 ∈ {0, 1, 4, 9, 16, 25}. Mas 9 = 6 + 3, 16 = 12+4 e 25 = 24+1, donde b = 6q′′+ r′, onde r′ ∈ {0, 1, 3, 4}. Exemplo 2.23. Considere n ∈ N\{0}. SejaA := {a1, a2, . . . , an} ⊂ N. Mostre que existem um subcobunto de A tal que a soma dos seus elementos e´ divis´ıvel por n. “main” 2013/9/18 page 27i i i i i i i i 27 Exemplo 2.24. Seja I um inteiro positivo ı´mpar. Mostre que na˜o existe uma func¸a˜o f : N→ N tal que f(f(n)) = n+ I, ∀n ∈ N. Definic¸a˜o 2.25. Sejam a e b inteiros na˜o ambos nulos. O ma´ximo divisor comum de a e b e´ o maior dentre todos os divisores comuns de a e de b. Notac¸a˜o: mdc(a, b). Observac¸a˜o 2.26. O mdc(a, b) sempre existe, pois: (a) 1|a ∀ a ∈ Z \ {0}; (b) Se m|a enta˜o m ≤ |a|. Lema 2.27. Sejam a b inteiros na˜o ambos nulos, enta˜o: 1. mdc(a, b) = mdc(b, a); 2. mdc(1, a) = 1; 3. mdc(a, b) = mdc(−a, b); 4. Se a|b enta˜o mdc(a, b) = |a|; Demonstrac¸a˜o. As propriedades (1) e (2) seguem diretamente da definic¸a˜o de mdc. A propriedade (4) segue da (3), lembrando que o mdc e´ um inteiro positivo. Assim mostraremos a (3). Sejam A o conjunto de todos os divisores comuns de a e b ; e B o con- junto de todos os divisores comuns de −a e b. Sabemos que se d|a se, e somente se, d|(−a). Assim A = B, e portanto o maior inteiro positivo de A e´ igual ao maior inteiro positivo de B, ou seja, mdc(a, b) = mdc(−a, b). Definic¸a˜o 2.28. Dois inteiros sera˜o ditos primos entre si, se o mdc entre eles for igual a 1. “main” 2013/9/18 page 28i i i i i i i i 28 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z 2.1 Teorema de Bachet-Be´zout Teorema de Bachet–Be´zout. Sejam a e b inteiros na˜o nulos. Enta˜o existem inteiros x e y tais que mdc(a, b) = ax+ by. Demonstrac¸a˜o. Considere Ia,b ⊂ Z o conjunto Ia,b := {m ∈ Z ; m = ax+ by com x, y ∈ Z}. Seja d0 o o menor inteiro positivo em Ia,b (Verifique d0 que sempre existe). Claramented0 = ax0 + by0. Vamos mostrar que d0 divide qualquer elemento de I. Sejam ax + by um elemento qualquer de Ia,b e r o resto de sua divisa˜o por d0, enta˜o ax+ by = d0q + r = a(x0q) + b(y0q) + r Donde conclu´ımos que r = a(x− x0q) + b(y − y0q). Assim r ∈ Ia,b, mas 0 ≤ r < d0 e d0 e´ o menor inteiro positivo em Ia,b, logo r = 0. Note agora que a, b ∈ Ia,b. Assim d0|a e d0|b, implicando d0 ≤ mdc(a, b), pois por definic¸a˜o mdc(a, b) e´ o maior dos divi- sores comuns de a e b. Por outro lado, como d0 = ax0 + by0, pela Proposic¸a˜o (2.12), mdc(a, b)|d0, implicando mdc(a, b) ≤ d0. Suplemento 1. Pela prova do teorema de Bachet-Be´zout, mdc(a, b) e´ o menor inteiro positivo do conjunto Ia,b = {ax+ by ; x, y ∈ Z} Corola´rio 2.29. Sejam a, b, d ∈ Z, com d > 0 e tais que d|a e d|b. Enta˜o d = mdc(a, b) se, e somente se, para qualquer c ∈ Z tal que c|a e c|b tem-se que c|d. Demonstrac¸a˜o. Suponha d = mdc(a, b) e seja c ∈ Z tal que c|a e c|b. Por Bachet–Be´zout, d = ax + by e pela Proposic¸a˜o (2.12) c|d. Reciprocamente, ja´ sabemos que d e´ divisor comum de a e b. Agora, para todo c ∈ Z tal que c|a e c|b temos que c|d enta˜o |c| ≤ d. Logo d e´ o maior dos divisores comuns de a e b. “main” 2013/9/18 page 29i i i i i i i i [SEC. 2.1: TEOREMA DE BACHET-BE´ZOUT 29 Corola´rio 2.30. Sejam a, b, c ∈ Z tais que a|bc e mdc(a, b) = 1, enta˜o a|c. Demonstrac¸a˜o. Pelo TBB temos que 1 = ax + by, multiplicando por c esta igualdade, conclu´ımos que c = acx + bcy. Mas a|acx e a|bcy, logo a|c. Corola´rio 2.31. Sejam a, b ∈ Z na˜o ambos nulos. Enta˜o mdc(na, nb) = nmdc(a, b) , ∀n ∈ N∗ Demonstrac¸a˜o. Basta notar que Ina.nb = {nax+ nby ; x, y ∈ Z} = n{ax+ by ; x, y ∈ Z} = n Ia,b e como n e´ um natural na˜o nulo, portanto maior que zero, o Suple- mento 1 nos assegura o resultado. Corola´rio 2.32. Sejam a, b ∈ Z na˜o ambos nulos. Enta˜o( a mdc(a, b) , b mdc(a, b) ) = 1 Demonstrac¸a˜o. Pelo corola´rio anterior temos mdc(a, b) ( a mdc(a, b) , b mdc(a, b) ) = ( mdc(a, b) a mdc(a, b) , mdc(a, b) b mdc(a, b) ) = mdc(a, b) Corola´rio 2.33. Sejam a, b, c ∈ Z com a, b na˜o ambos nulos. A equac¸a˜o aX + bY = c possui soluc¸a˜o inteira se, e somente se, mdc(a, b)|c. “main” 2013/9/18 page 30i i i i i i i i 30 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z Demonstrac¸a˜o. Dizer que x0, y0 ∈ Z e´ soluc¸a˜o de aX + bY = c, significa que ax0 + by0 = c. Sabemos que mdc(a, b)|a e mdc(a, b)|b. Logo pela Proposic¸a˜o (2.12) mdc(a, b)|ax0 + by0 = c. Reciprocamente, se mdc(a, b)|c, enta˜o c = mdc(a, b) q para al- gum q ∈ Z. Mas sabemos que mdc(a, b) = ax + by, assim c = mdc(a, b) q = a(xq) + b(yq), ou seja, (x0, yo) e´ uma soluc¸a˜o inteira da equac¸a˜o aX + bY = c. Uma ferramenta muito u´til para o ca´lculo de mdc e´ o seguinte lema. Lema de Euclides (LE). Sejam a, b, q ∈ Z, enta˜o mdc(a, b) = mdc(a, b+ aq). Demonstrac¸a˜o. Temos que mdc(a, b)|a e mdc(a, b)|b, logo mdc(a, b)|a e mdc(a, b)|b+ aq, logo mdc(a, b)|mdc(a, b+ aq). Por outro lado, mdc(a, b + aq)|a e mdc(a, b + aq)|b + aq, pela Proposic¸a˜o (2.8) mdc(a, b+aq)|a e mdc(a, b+aq)|b, logo mdc(a, b+ aq)|mdc(a, b). Exemplo 2.34. Vamos calcular o mdc entre os nu´meros 1201 e 4521. A ideia ba´sica e´ aplicar diversas vezes o Lema de Euclides, ate´ conseguirmos nu´meros pequenos (em mo´dulo), onde nos sentimos seguros. mdc(1201, 4521) = mdc(1201, 4521− 4 · 1201) = mdc(1201,−283) = mdc(283, 1201− 4 · 283) = mdc(283, 69) = mdc(283− 4 · 69, 69) = mdc(7, 69) = 1 “main” 2013/9/18 page 31i i i i i i i i [SEC. 2.2: ALGORITMO DE EUCLIDES 31 Exemplo 2.35. Seja n ∈ Z. Calcule o mdc entre n2−1 e n2+n+1. Novamente aplicaremos o LE diversas vezes. mdc(n2 − 1, n2 + n+ 1) = mdc(n2 − 1, n2 + n+ 1− (n2 − 1)) = mdc(n2 − 1, n+ 2) = mdc(n2 − 1− n(n+ 2), n+ 2) mdc(3, n+ 2) = { 1 se 3 - n+ 2 3 se 3|n+ 2 Exemplo 2.36. Encontre todos os inteiros positivos n tais que 2n2 + 1 |n3 + 9n− 17 . Usando as Proposic¸o˜es (2.12) e (2.8) e o Corola´rio (2.30) vemos que 2n2 + 1 |n3 + 9n+ 1⇐⇒ 2n2 + 1 | 2(n3 + 9n+ 1)− n(2n2 + 1) Assim o conjunto dos inteiros positivos tais que 2n2 + 1 |n3 + 9n − 17 e´ igual ao conjunto dos inteiros positivos tais que 2n2 + 1 | 17n− 34. Sabemos que se 2n2 + 1 | 17n − 34, enta˜o 17n − 34 = 0 ou |2n2 + 1| ≤ |17n − 34|. Explorando essas condic¸o˜es, encontramos que 0 ≤ n ≤ 5, visto que para n > 5 temos 2n2 + 1 > 17n − 34, e 17n − 34 = 0 somente para n = 2. Finalmente, atribuindo os valores 1, 2, 3, 4, 5 encontramos que as soluc¸o˜es sa˜o n = 2 e n = 5. 2.2 Algoritmo de Euclides Como pudermos notar, o Teorema de Bachet–Be´zout e´ de ex- trema importaˆncia em teoria dos nu´meros. Contudo, a prova que “main” 2013/9/18 page 32i i i i i i i i 32 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z exibimos acima na˜o e´ expl´ıcita, pois na˜o constro´i de forma al- gor´ıtmica os inteiros x, y tais que mdc(a, b) = ax + by. Isso sera´ resolvido com o Algoritmo de Euclides. Antes do enunciarmos o Algoritmo de Euclides faremos um exemplo muito simples, e notaremos que o caso general sera´ mera formalidade. Exemplo 2.37. Dados os inteiros 66 e 385, queremos encontrar, de maneira algor´ıtmica, inteiros x, y, bem como o mdc(66, 385), tais que mdc(66, 385) = 66x+ 385y. Vamos ao trabalho! Usando divisa˜o Euclidiana, podemos escre- ver 385 = 66 · 5 + 55. Usando o Lema de Euclides temos mdc(385, 66) = mdc(66, 55) Podemos escrever ainda (2.1) 55 = 385− 66 · 5 Novamente, divisa˜o Euclidiana, 66 = 55 + 11, donde mdc(385, 66) = mdc(66, 55) = mdc(55, 11) 11 = 66− 55 E finalmente veˆ-se que 55 = 11 · 5 e mdc(385, 66) = mdc(55, 11) = 11. Temos que 11 = 66− 55, usando a equac¸a˜o (2.1), escrevemos 11 = 66− (385− 66 · 5) = 66 · 6 + 385(−1) Algor´ıtmo de Euclides. Sejam a, b ∈ Z na˜o ambos nulos. Con- sidere o resto da divisa˜o de b por a, b = aq0 + r0 com 0 ≤ r0 < |a|. Pelo LE temos mdc(a, b) = mdc(r0, a). Temos dois casos a ana- lisar. Primeiro se r0 = 0, enta˜o a|b e assim mdc(a, b) = a e “main” 2013/9/18 page 33i i i i i i i i [SEC. 2.2: ALGORITMO DE EUCLIDES 33 a = a + b · 0. Segundo, se r0 6= 0. Assim aplicamos divisa˜o Eucli- diana e LE novamente: a = r0q1 + r1 com 0 ≤ r1 < r0 mdc(a, b) = mdc(a, r0) = mdc(r1, r0) Novamente temos dois casos. Se r1 = 0, enta˜o mdc(a, b) = r0 e r0 = a(−q0) + b Caso contra´rio, r1 6= 0, e enta˜o aplicamos divisa˜o Euclidiana e LE. r0 = q2r1 + r2 com 0 ≤ r2 < r1 mdc(a, b) = mdc(a, r0) = mdc(r1, r0) = mdc(r2, r1) Se r2 = 0, enta˜o mdc(a, b) = r1, e assim r1 = a− r0q1 = a− (a(−q0) + b)q1 = a(1 + q0q1) + b(−q1) Caso contra´rio, r2 6= 0 e aplicamos divisa˜o Euclidiana e LE nova- mente. Afirmamos que existe um k ∈ N tal que rk+1 = 0. De fato, em cada passo tal que ri 6= 0 obtemos um ri+1 tal que ri+1 < ri < · · · < r1 < r0 < |a|. Logo, em algum momento rk+1 = 0. Portanto, rk−1 = rkqk+1 + rk+1 = rkqk+1 e enta˜o mdc(a, b) = mdc(a, r0) = mdc(r0, r1) = · · · = mdc(rk−1, rk) = rk Mas rk−2 = rk−1qk + rk, donde rk = rk−2 − rk−1qk e substituindo os restos anteriores encontramos explicitamente x e y tais que rk = mdc(a, b) = ax+ by. “main” 2013/9/18 page 34i i i i i i i i 34 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z 2.3 Bases O inteiro 127 pode ser escrito da forma 127 = 102 + 2 · 10 + 7. Esta a´ a representac¸a˜o usual de um natural, que e´ na base 10 e com algarismos entre 0 e 9. Por outro lado, o nu´mero 127 tambe´m pode ser escrito da forma 127 = 34 + 33 + 2 · 32 + 1. Diremos que 1121 a representac¸a˜o de 127 na base 3. Note que recuperamos integralmente 127 a partir de 1121 sabendo que trata-se de base 3. Teorema 2.38. Sejam n e d inteiros na˜o negativos e d > 1. Enta˜o existem inteiros na˜o negativos rk, rk−1, . . . , r1, r0, unicamente de- terminados satisfazendo seguintes propriedades 1. 0 ≤ ri ≤ d− 1;2. n = rkd k + rk−1dk−1 + · · ·+ r1d+ r0. Demonstrac¸a˜o. Seja r0 o resto da divisa˜o de n por d, enta˜o n = dq1 + r0, e 0 ≤ r0 ≤ d − 1. Usando novamente divisa˜o Euclidiana, q1 = dq2+ r1, com 0 ≤ r1 ≤ d− 1. Afirmamos que existe um k ∈ N tal que qk+1 = 0. De fato, note que em cada passo acrescentamos um elemento numa sequeˆncia decrescente de naturais, a saber q1 > q2 > · · · > qi. Logo para algum k devemos ter qk+1 = 0. Assim n = dq1 + r0, q1 = dq2 + r1 , . . . , qk−1 = dqk + rk−1 e qk = d · 0 + rk, com 0 ≤ ri ≤ d− 1, ∀ i. Substituindo q1 = dq2 + r1 em n obtemos n = (dq1 + r1)d + r0 = q1d 2 + r1d + r0.Agora substitu´ımos q2 na fo´rmula anterior e assim sucessivamente, ate´ qk. Mostramos assim os itens (1) e (2). Quanto a unicidade. Suponha que n = rkd k + · · ·+ r1d+ r0 = sldl + · · ·+ s1d+ s0 com 0 ≤ si, ri ≤ d − 1. Seja i o menor ı´ndice para o qual ri 6= si. Assim ri + ri+1d i+1 + · · · + rkdk = si + si+1di+1 + . . . sldl e enta˜o “main” 2013/9/18 page 35i i i i i i i i [SEC. 2.4: ALGUNS CRITE´RIOS DE DIVISIBILIDADE 35 d|(ri − si) que e´ uma contradic¸a˜o, pois neste caso d ≤ |ri − si| contrariando o item (1). Definic¸a˜o 2.39. Sejam n e d inteiros na˜o negativos com d > 1. Escrevendo n = rkd k + rk−1dk−1 + · · ·+ r1d+ r0, como no teorema acima, associamos a` n a sequeˆncia de naturais rkrk−1 . . . r1r0. Esta sequeˆncia e´ chamada de representac¸a˜o de n na base d. Observac¸a˜o 2.40. Note que a prova do Teorema acima indica como obter cada ri usando divisa˜o Euclidiana. Exceto menc¸a˜o contra´ria expl´ıcita, todos os nu´meros tomados sera˜o escritos na base usual 10. 2.4 Alguns Crite´rios de Divisibilidade Todos sabemos que um nu´mero e´ divis´ıvel por 2 se, e somente se, ele e´ par. Passemos agora a crite´rios de divisibilidade um pouco menos triviais que esse. • Divisa˜o por 3 ou por 9 Seja n um inteiro maior que 1. Considere a representac¸a˜o de n na base 10. Assim n = rk10 k + . . . r110 + r0 enta˜o n− (rk + rk−1 + · · ·+ r1 + r0) = rk(10 k − 1) + rk−1(10k−1 − 1) + · · ·+ r1(10− 1) Lembre-se que 9|10k − 1 ∀ k ∈ N. Provamos assim o seguinte crite´rio: “main” 2013/9/18 page 36i i i i i i i i 36 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z Lema 2.41. 3|n ou 9|n se, e somente se, 3|(rk + rk−1+ . . . r1+ r0) ou 9|(rk + rk−1 + . . . r1 + r0), respectivamente. • Divisa˜o por 5 ou por 10 Seja n um inteiro maior que 1. Considere a representac¸a˜o de n na base 10. Assim n = rk10 k + . . . r110 + r0 = 10(rk10 k−1 + · · ·+ r1) + r0 Logo vemos diretamente o seguinte crite´rio Lema 2.42. Seja n um inteiro. Enta˜o 5|n ou 10|n se, e somente se, 5|r0 ou 10|r0, respectivamente. 2.5 Teorema Fundamental da Aritme´tica Definic¸a˜o 2.43. Seja p um inteiro maior que um. Dizemos que p e´ primo se seus divisores positivos sa˜o somente 1 e p. Facilmente listamos os primeiros nu´meros primos: 2,3,5,7,11,13,17, . . . Pore´m, a tarefa pode ser tornar demasiado a´rdua, e em certos momentos impratica´vel, se nos arriscarmos a continuar com tal lista. Por exemplo, o nu´mero 2243112609 − 1 e´ primo, ele possui 12978189 d´ıgitos! Para informac¸o˜es sobre recordes de primos visite http://primes.utm.edu. Lema 2.44. Seja p um inteiro positivo. Enta˜o p e´ primo se, e somente se, ∀ a ∈ Z tem-se mdc(a, p) = { 1 ou p Demonstrac¸a˜o. O lema segue diretamente da seguinte observac¸a˜o. Se d e´ um divisor de p, enta˜o mdc(d, p) = d. “main” 2013/9/18 page 37i i i i i i i i [SEC. 2.5: TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITME´TICA 37 Lema 2.45. Sejam a, b ∈ Z e p um primo. Se p|ab enta˜o p|a ou p|b. Demonstrac¸a˜o. A prova segue do Corola´rio (2.30). Nota-se logo a importaˆncia dos nu´meros primos com o seguinte teorema. Teorema Fundamental da Aritme´tica (TFA). Seja n um in- teiro maior que 1. Existem primos p1, . . . , pk e inteiros positivos α1, . . . , αk, unicamente determinados, tais que n = pα11 . . . p αk k Demonstrac¸a˜o. Faremos a prova por induc¸a˜o em n. O Caso n = 2 e´ completamente trivial. Assuma que todo inteiro positivo m com 2 ≤ m ≤ n possa ser escrito como produto de poteˆncias de primos. Considere m = n + 1. Temos duas opc¸o˜es. Ou m + 1 e´ primo, e assim na˜o ha´ nada a fazer, ou m+1 e´ composto. Neste u´ltimo caso, existem inteiros a e b, maiores que 1 tais que m + 1 = a · b. Logo a < n e b < n. Aplicando enta˜o a hipo´tese de induc¸a˜o para a e para b, completamos a prova da existeˆncia. Quanto a unicidade. Suponha que n = pα11 . . . p αk k = q β1 1 . . . q βs s , com pi , qj (1 ≤ i ≤ k , 1 ≤ j ≤ s) nu´meros primos. Como p1 divide n enta˜o p1 divide q β1 1 . . . q βs s . Logo p1 = qi para algum i, suponha- mos, sem perda de generalidade, que i = 1. Assim pα11 . . . p αk k = pβ11 . . . q βs s , tomando a maior poteˆncia de p1 que divide n, obtemos que α1 = β1. Olhamos enta˜o para p α2 2 . . . p αk k = q β2 2 . . . q βs s . Pro- cedendo como anteriormente chegaremos que k = s, cada pi sera´ igual a algum qj e αi = βj. “main” 2013/9/18 page 38i i i i i i i i 38 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z Vejamos alguns exemplos simples: 6 = 2 · 3 8 = 23 10 = 2 · 5 12 = 22 · 3 1001 = 7 · 11 · 13 16875 = 33 · 54 16891875 = 33 · 54 · 7 · 11 · 13 6903125 = 55 · 472 Observac¸a˜o 2.46. Note que se n = pα11 . . . p αk k e´ fatorac¸a˜o em pri- mos de n, enta˜o n possui exatamente (α1+1) · · · (αk+1) divisores. Exemplo 2.47. • 6 = 2 · 3, tem exatamente 4 divisores, a saber, 1 = 2030, 2 = 2130, 3 = 2031 e 6 = 2131. Exemplo 2.48. Existem inteiros positivos k e n tais que 12n14k possui exatamente 165 divisores? Primeiramente escrevemos 12n · 14k na forma do TFA, a saber 12n · 14k = (22 · 3)n · (2 · 7)k = 22n+k3n7k. Logo, 12n · 14k possui 165 divisores, se e somente se, a equac¸a˜o (2n + k + 1)(n + 1)(k + 1) = 165 = 11 · 5 · 3 possui soluc¸a˜o em N. Note que n = 4 e k = 2 e´ soluc¸a˜o da equac¸a˜o anterior. Definic¸a˜o 2.49. Sejam a e b inteiros. O mı´nimo mu´ltiplo comum entre a e b e´ menor inteiro positivo que e´ mu´ltiplo de a e de b. Notac¸a˜o: mmc(a, b). Observac¸a˜o 2.50. O mmc entre dois inteiros sempre existe. Pois se a, b ∈ Z enta˜o |a| · |b| e´ mu´ltiplo de a e de b. O Teorema Fundamental da Aritme´tica pode ser usado tambe´m para os ca´lculos de mdc e mmc. Vejamos. Exemplo 2.51. “main” 2013/9/18 page 39i i i i i i i i [SEC. 2.5: TEOREMA FUNDAMENTAL DA ARITME´TICA 39 • Sabemos que 385 = 5 · 7 · 11, enquanto que 66 = 2 · 3 · 11. Logo 11 e´ o u´nico primo comum em ambas a fatorac¸o˜es enta˜o mdc(385, 66) = 11. • Temos que 1260 = 22 · 32 · 5 · 7 e 21294 = 2 · 32 · 7 · 132. Os primos comuns em ambas a fatorac¸o˜es sa˜o 2, 3 e 7. Tomando a menor poteˆncia desses nu´meros que aparecem nas fatorac¸o˜es, conclu´ımos que mdc(1260, 21294) = 2 · 32 · 7 = 126; • Quanto ao mmc. Facilmente veˆ-se que mmc(385, 66) = 2 · 3 · 5 · 7 · 11. • mmc(1260, 21294) = 22 · 32 · 5 · 7 · 132. Inspirados no exemplo acima, segue diretamente do TFA os se- guintes corola´rios. Corola´rio 2.52. Sejam a e b inteiros na˜o negativos e na˜o ambos nulos. Se a = pα11 . . . p αr r · uγ11 . . . uγkk e b = pβ11 . . . pβrr · qθ11 . . . qθss e´ a fatorac¸a˜o em primos de a e b respectivamente, com ui 6= qj ∀ i, j. Enta˜o: i) mdc(a, b) = p min{α1,β1} 1 . . . p min{αr,βr} r ; ii) mmc(a, b) = p max{α1,β1} 1 . . . p max{αr,βr} r · uγ11 . . . uγkk · qθ11 . . . qθss . Corola´rio 2.53. Sejam a, b ∈ Z na˜o ambos nulos. Enta˜o mdc(a, b) ·mmc(a, b) = a · b “main” 2013/9/18 page 40i i i i i i i i 40 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z 2.6 Exerc´ıcios 1. Calcule o resto da divisa˜o de a por b nos seguintes casos: (a) a = −17, b = 1; (b) a = −16, b = −27; (c) a = 16, b = 27; (d) a = −16, b = 27. 2. Encontre o mdc entre a e b nos seguintescasos: (a) a = 102 e b = 274; (b) a = 1001 e b = 109; 3. Mostre que 215 − 1 e 210 + 1 sa˜o primos entre si. 4. Mostre que 7|a7 − a ∀ a ∈ Z. 5. Mostre ou deˆ um contra-exemplo para: (a) 4|a4 − a ∀ a ∈ Z; (b) 6|a6 − a ∀ a ∈ Z. 6. Mostre que se k e´ natural ı´mpar, enta˜o a+ b | ak + bk. 7. Mostre que (n− 1)2 |nk − 1 se, e somente se, n− 1|k. 8. Sejam m 6= n dois nu´meros naturais. Mostre que: (a2 m + 1, a2 n + 1) = { 1, se a e´ par, 2, se a e´ ı´mpar. 9. Sejam a, b ∈ N com (a, b) = 1. Mostre que se c > ab− a− b, enta˜o a equac¸a˜o ax+ by = c admite soluc¸a˜o em N. “main” 2013/9/18 page 41i i i i i i i i [SEC. 2.6: EXERC´ICIOS 41 10. Mostre que a frac¸a˜o 21n+4 14n+3 e´ irredut´ıvel para todo n ∈ N. 11. Determine todos os pares [m,n] de inteiros positivos para os quais n 3+1 mn−1 e´ inteiro. 12. Mostre os seguintes itens para todo n ∈ N: (a) 9 | 10n − 1; (b) 3 | 10n − 7n; (c) 8 | 32n − 1; (d) 53 | 74n − 24n; (e) 13 | 92n − 24n; 13. Mostre que existem infinitos nu´meros naturais para os quais 8n2 + 5 e´ divis´ıvel por 7 e 11. 14. Encontre mdc(a, b) nos seguintes casos: (a) a = 637 e b = 3887; (b) a = 7325 e b = 8485; (c) a = 551 e b = 874. 15. Mostre que mdc(a, a+ b) | b ∀ a, b ∈ Z. 16. Seja n ∈ N, mostre que: (a) mdc(n, 2n+ 1) = 1; (b) mdc(2n+ 1, 9n+ 4) = 1; (c) mdc(n! + 1, (n+ 1)! + 1) = 1; 17. Seja n ∈ N, com n > 1. Mostre que na seguinte sequeˆncia (n + 1)! + 2, (n + 1)! + 3, . . . , (n + 1)! + n + 1 de nu´meros naturais consecutivos na˜o existe nenhum nu´mero primo. “main” 2013/9/18 page 42i i i i i i i i 42 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z 18. Calcule: (a) mdc ( 240 + 1 28 + 1 , 28 + 1 ) ; (b) mdc ( 250 + 1 210 + 1 , 210 + 1 ) . 19. Mostre que mdc(a, b) = mdc(−a, b) = mdc(a,−b) = mdc(−a,−b), ∀ a, b ∈ Z. 20. Deˆ um contra-exemplo ou prove a veracidade das seguintes sentenc¸as: (a) mdc(a, b) = mdc(a+ ka, b); (b) mdc(2n+ 1, 9n+ 1) = 1; (c) Se ab e´ um quarado perfeito, com a, b, c ∈ N, enta˜o a e b tambe´m o sa˜o. (d) Se dois nu´meros compostos sa˜o primos entre si, enta˜o um deles e´ ı´mpar; (e) O produto de treˆs inteiros na˜o nulos consecutivos e´ mu´ltiplo de 6; (f) A soma de treˆs inteiros na˜o nulos consecutivos e´ mu´ltiplo de 3; (g) Se d | a enta˜o d | a+ n ∀ n ∈ Z; (h) mdc(a+ b, c+ a) = mdc(a+ b, c); (i) mdc(a+ b, a) = a; (j) Se d divide p1 . . . pk + 1 com cada pi primo, enta˜o d | 1. 21. Demonstrar que se mdc(a, 2n+1) = 2n e mdc(b, 2n+1) = 2n , enta˜o mdc(a+ b, 2n+1) = 2n+1. “main” 2013/9/18 page 43i i i i i i i i [SEC. 2.6: EXERC´ICIOS 43 22. Demonstrar que se a, b, c, d, m e n sa˜o inteiros tais que ad − bc = 1 e mn 6= 0, enta˜o mdc(am + bn, cm + dn) = mdc(m,n). 23. Mostre que 232 + 1 e 24 + 1 sa˜o primos entre si. 24. Demonstrar que mdc(2a− 1, 2b− 1) = 2mdc(a,b)− 1 para todos a, b ∈ N. 25. Encontre inteiros positivos tais que: (a) n+ 1 |n3 − 1; (b) 2n− 1 |n3 + 1; (c) 1 m + 1 n = 1 143 ; (d) 2n3 + 5 |n4 + n+ 1. 26. Mostre que: Se ab e´ um quarado perfeito, com (a, b) = 1, enta˜o a e b tambe´m o sa˜o. 27. Mostre que: (a) mmc(a, b) = ab se, e somente se, (a, b) = 1; (b) mmc(na, nb) = n ·mmc(a, b) ∀n ∈ N; (c) ( mmc(a, b) a , mmc(a, b) b ) = 1; (d) mmc(a,mdc(b, c)) = mdc(mmc(a, b),mmc(a, c)); (e) mdc(a, b) = mmc(a, b)⇔ a = b; 28. Qual o menor natural n tal que 1000 |n!? 29. Sejam a, b ∈ Z e n ∈ N∗. Mostre que mdc(an, bn) = mdc(a, b)n. 30. Ache os poss´ıveis valores de m,n ∈ N tais que 9m10n tenha: “main” 2013/9/18 page 44i i i i i i i i 44 [CAP. 2: DIVISA˜O EM Z (a) 27 divisores; (b) 243 divisores. 31. Seja n > 4 um natural composto. Mostre que n|(n− 1)!. 32. Seja n um natural na˜o nulo. Mostre que se 2n − 1 for primo enta˜o n tambe´m sera´ primo. 33. Mostre que n4 + 4 e´ composto se n > 1. 34. Seja a e b naturais tais que mdc(a, b) = 1. Suponha que a2 − b2 seja um quadrado perfeito. Mostre que a + b ea − b sa˜o quadrados perfeitos, ou cada um (a + b) e (a − b) e´ um duas vezes um quadrado perfeito. 35. Sejam a, b, c, d inteiros ı´mpares tais que 0 < a < b < c < d e ad = bc. Demonstre que se a + d = 2k e b + c = 2m para inteiros k e m, enta˜o a = 1. 36. Seja um inteiro k > 1. Mostre que o nu´mero 1 2 + 1 3 + · · ·+ 1 k nunca e´ um inteiro. 37. Sejam a, b inteiros positivos. Divida a2 + b2 por a+ b, denote o quociente por q e o resto por r. Encontrar todos os a, b ∈ N tais que q2 + r = 1977.
Compartilhar