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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I
PROCEDIMENTO SUMÁRIO
Trata-se da segunda modalidade de procedimento comum do processo de conhecimento, embora para parte da doutrina seja considerado especial. De acordo com Alexandre Freitas Câmara (2013, pág. 413) “o procedimento
sumário é especial por estar convencido de que assim deve ser considerado qualquer procedimento que se afaste do padrão estabelecido pelo procedimento ordinário”.
O procedimento sumário está previsto no art. 275 do CPC, que por sua vez determina quais são as causas em que será observado tal rito. As hipóteses de cabimento do procedimento sumário se dividem em dois grupos:
Cabimento em razão do valor da causa (inciso I do art. 275 do CPC) e cabimento em razão da matéria (inciso II do art. 275 do CPC).
“Art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário:
I - Nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo.”
Em primeiro lugar, há que se afirmar que o procedimento sumário será cabível nas causas cujo valor não exceda a 60 vezes o valor do salário mínimo vigente. Excluem-se as causas referentes ao estado e à capacidade das
pessoas (exemplo: casamento), além daquelas para as quais haja procedimento especial previsto (exemplo: ações possessórias e ação de consignação em pagamento).
“II - Nas causas, qualquer que seja o valor:
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola”.
Assim, todas as causas versando sobre matéria ligada a esses contratos levarão a adoção do rito sumário. Exemplo: Ação anulatória de um contrato de arrendamento rural.
Deve-se dizer que o dispositivo merece interpretação extensiva, considerando-se aplicável o procedimento sumário não só nas causas relativas à parceria agrícola, mas sim a parceria rural, em todas as susa modalidades.
b) “de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio”.
Refere-se a condomínios. Portanto, a demanda ajuizada pelo condomínio de edifício em face do condômino inadimplente seguirá o procedimento sumário.
c) “de ressarcimento por danos causados em prédio urbano ou rústico”.
Na linguagem jurídica o vocábulo “prédio” designa qualquer imóvel, edificado ou não, abrangendo o solo e suas acessões. Aplica-se tal disposição toda vez que alguém demandar pleiteando reparação por dano causado a
imóvel. 
d) “de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre”.
Essa talvez seja a causa mais frequente entre as que levam ao procedimento sumário. Aplica-se o procedimento sumário tanto nos casos de dano à coisa como nos casos de dano à pessoa (material ou moral). Utiliza-se
o rito sumário toda vez que o acidente for de veículo terrestre, qualquer que seja sua tração (motorizada, humana, animal). Ficam, pois, de fora do campo de incidência da norma apenas os acidentes envolvendo veículos náuticos
(embarcações) e aeronáuticos.
e) “de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução”.
Note-se que aqui não faz a lei distinção quanto ao tipo de veículo envolvido no acidente, o que faz com que o procedimento sumário se revele cabível ainda que se trate de seguro de acidentes sofridos em veículo náutico
ou aeronáutico. Exclui-se desta possibilidade o seguro de vida (seguro de acidentes pessoais), pois neste caso haverá título executivo extrajudicial, capaz de embasar uma demanda de execução forçada (art. 585, inciso III do CPC).
f) “de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial”.
Assim, toda vez que inexistir norma especial, o processo instaurado por demanda de um profissional liberal, que pretende receber seus honorários, seguirá o procedimento sumário. Exemplo de norma especial, determinando a
utilização do processo de execução, se encontra na Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB), que dá ao contrato escrito de honorários advocatícios eficácia de título executivo extrajudicial. Como regra geral, porém, o profissional liberal terá de
se valer de um módulo processual de conhecimento, onde será observado o rito sumário.
g) “que versem sobre revogação de doação”.
O art. 555 do Código Civil estabelece que “a doação pode ser revogada por ingratidão do donatário ou por inexecução do encargo”. Qualquer demanda ajuizada para discutir tais matérias adotará o rito sumário.
h) “nos demais casos previstos na lei”.
Por fim, observa-se o procedimento sumário nos demais casos previstos em lei. Isso porque nada impede que outras normas jurídicas criem outras hipóteses de utilização do procedimento sumário em razão da matéria.
Exemplo: ação revisional de aluguel (Art. 68 da lei 8.245/91).
RITO
1) PETIÇÃO INICIAL
A petição inicial do procedimento sumário não guarda maiores diferenças em relação a que se deve elaborar no procedimento ordinário.
Todos os requisitos previstos nos arts. 39, I, 282 e 283 do CPC devem ser observados. As únicas diferenças entre a petição inicial do procedimento sumário e a do ordinário decorrem da norma constante no art. 276 do CPC, que determina que cabe ao autor apresentar desde logo o rol de testemunhas e, se requerer perícia, formular quesitos. Assim, se o autor protestar pela produção de prova testemunhal, deverá indicar, desde logo o rol de testemunhas (fornecer nome e endereço).
OBS: A ausência de tal indicação na petição inicial implica preclusão, não sendo possível a juntada posterior do rol de testemunhas. O mesmo acontece com relação à prova pericial. Requerida esta na petição inicial, terá o autor a faculdade de apresentar quesitos e indicar assistente técnico, o que deverá ser feito na própria petição inicial. O requerimento de perícia sem que se formule quesitos e indique assistente técnico importa preclusão, não podendo o autor apresentar posteriormente seus quesitos e seu assistente. Contudo, se o réu ou o Ministério Público requerer a perícia, poderá o autor apresentar seus quesitos posteriormente.
2) CITAÇÃO E AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Deferida a petição inicial o juiz a despachará determinando a citação do réu para comparecer a uma audiência de conciliação (art. 277 do CPC).
Contudo, a audiência tem múltiplas finalidades (exemplos: apresentação de resposta e sentença) e por isso parte da doutrina prefere chamar de audiência preliminar (GUSMÃO CARNEIRO, p. 39). Verifica-se que o réu, no procedimento sumário, é citado para comparecer a essa audiência preliminar. Há, pois, nesse passo profunda diferença entre o procedimento que ora se analisa e o ordinário, no qual o demandado é citado para oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Registra-se que entre a citação e a audiência deve haver um intervalo mínimo de 10 dias (art. 277 do CPC), contado a partir da juntada aos autos do mandado de citação (posição predominante na doutrina). Dispõe também o referido artigo que a audiência deve ser realizada num prazo máximo de 30 dias a contar do provimento que a designar, mas tal prazo é impróprio, como soem serem os prazos fixados para os juízes, o que faz com que sua inobservância não acarrete consequência processual.
É importante ressaltar ainda que o prazo previsto no art. 277 (10 dias) será contado em dobro quando for ré a Fazendo Pública. Além disso, aplica-se à hipótese o disposto no art. 191 do CPC. Assim sendo, toda vez que houver litisconsórcio passivo (pluralidade de réus) , deverá o juiz determinar que entre a última citação que se realize e a audiência preliminar exista um intervalo mínimo de 20 dias.
No procedimento sumário o mandado de citação constará o disposto do § 2º do art. 277 do CPC. Portanto, se o réu deixar de comparecer na audiência haverá revelia (Basicamente é quando o réu não comparece ao tribunal para se defender, não tendo um motivo legítimo e comprovável para justificar tal ato, e, mesmo assim, é julgado, sendo absolvido ou condenado. A exceção é quando o réu deve ser julgado pelo JÚRI, nesse caso a presença o réu é absolutamente, e em todo caso, necessária), tendo em vista que as partes tem que comparecer pessoalmente (§3º). Todavia, podea parte fazer-se representar por preposto com poderes para transigir.
Nesse sentido, a ausência do requerente na audiência apenas torna impossível a conciliação. A seguir, há que se verificar a conseqüência processual da ausência do réu na audiência, que não comparece nem se faz representar por preposto seu. Aqui há três possibilidades:
1) Se o réu não vai, nem mesmo representado por preposto com poderes para transigir, não comparecendo tampouco seu advogado, a consequência é a revelia;
2) Se o réu comparece desacompanhado de advogado, será possível a tentativa de conciliação, mas não obtida, o réu ficará revel por não poder contestar sem advogado na própria audiência;
3) Se o réu não comparece pessoalmente, mas se faz representar apenas por seu advogado. Parte da doutrina (Gusmão Carneiro e Assis) considera que, nessa hipótese, haverá revelia pelo não comparecimento do réu. Contudo, Câmara entende que a ausência do réu, que apesar disso se faz representar em juízo por advogado, não levará necessariamente à falta de contestação, a qual poderá ser oferecida pelo causídico. De outra sorte, presentes as partes na audiência o juiz tentará a conciliação. Obtida a conciliação, deverá a mesma ser tomada por termo e homologada por sentença (art. 277, § 1º do CPC). Caso contrário, deverá prosseguir a audiência preliminar, com o oferecimento da resposta do réu (art. 278 do CPC).
3) RESPOSTA DO RÉU: CONTESTAÇÃO E EXCEÇÃO
Não havendo conciliação, deverá o réu apresentar resposta oral ou escrita na própria audiência preliminar (art. 278 do CPC), sendo duas as modalidades cabíveis: CONTESTAÇÃO OU EXCEÇÃO. Observa-se na contestação (defesa processual ou de mérito) e na exceção as mesmas regras do procedimento ordinário.
Há que se dizer que a resposta pode ser oferecida por escrito ou oralmente. Deve o réu fazer sua contestação ser acompanhada dos documentos e do rol de testemunhas com que pretende demonstrar a veracidade de suas alegações. Além disso, tem o réu o ônus de, na contestação, formular quesitos e indicar assistente técnico, toda vez que tiver requerido a produção de prova oral.
Por outro lado, é de se dizer que no procedimento sumário o réu deverá impugnar o valor da causa na própria contestação, não existindo o incidente de impugnação ao valor da causa cabível no procedimento ordinário.
Por fim, não se pode deixar de referir à norma contida no art. 278, § 1º do CPC, segundo a qual o réu pode formular pedido em seu favor na própria contestação. Assim, no rito sumário não cabe reconvenção e sim o chamado
“PEDIDO CONTRAPOSTO”.
Trata-se da possibilidade de o réu, sem necessidade de oferecer reconvenção, formular pedido em face do autor. Basta pensar num acidente de trânsito (art. 275, inciso II, alínea d do CPC), em que o autor, fundado no referido evento, pede a condenação do réu ao pagamento de indenização, e o réu, citado, contesta a alegação do autor de que seria o responsável pelo acidente e, na própria contestação, pede a condenação do autor ao pagamento de indenização devida em razão daquele mesmo acidente. É de se considerar que a previsão dessa possibilidade do réu demandar através da própria contestação torna incabível o oferecimento da reconvenção. 
4) CONVERSÃO DO PROCEDIMENTO
Prevê o CPC a possibilidade de o procedimento sumário ser convertido em ordinário, o que se dará por força de decisão interlocutória a ser proferida pelo juiz na audiência preliminar daquele procedimento. Vejamos as causas de
conversão:
A) INADEQUAÇÃO EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA: Para adotar o rito sumário o valor da causa não pode ser superior a 60 salários mínimos (art. 275, inciso I do CPC), salvo os casos do art. 275, inciso II do CPC. Pode ocorrer, porém, de o autor ter indicado na petição inicial valor inferior ao adequado, como forma de assegurar a observância do procedimento sumário em lugar do ordinário.
Tendo o réu arguido em sua contestação essa questão, impugnando o valor atribuído à causa, e sendo tal impugnação acolhida, deverá o juiz determinar a conversão do procedimento sumário em ordinário.
B) INADEQUAÇÃO EM RAZÃO DA MATÉRIA: Ocorre quando o juiz verifica que a matéria que constitui objeto do processo não se inclui entre aquelas previstas no art. 275, inciso II do CPC. Exemplo: Demanda em que o autor pede a rescisão de um contrato de arrendamento rural (art. 275, inciso II, alínea a do CPC) e o juiz verifica que, em verdade, o contrato celebrado entre as partes é de locação de imóvel urbano (caso em que tal pretensão será manifestada através de “ação de despejo”, a qual segue o procedimento ordinário). Deve, pois, o juiz determinar a conversão do procedimento.
C) NECESSIDADE DE PROVA TÉCNICA COMPLEXA: Ocorre quando o juiz verifica que a formação de seu convencimento exige a colheita de prova técnica de grande complexidade. Observe-se que no procedimento sumário não há vedação de colheita de prova técnica, apenas determinando a lei que se converta o procedimento em ordinário quando tal prova for de grande complexidade. Apenas provas técnicas pouco complexas serão adequadas no
procedimento sumário. Assim, o procedimento ordinário permite uma maior dilação probatória, com mais amplas oportunidades de discussão acerca do material probatório produzido no processo.
5) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Ao final da audiência preliminar, não tendo havido conciliação ou conversão do procedimento, deverá o juiz verificar se pode, desde logo, proferir sentença (art. 278, § 2º do CPC), o que fará se o prosseguimento do feito por inútil ou desnecessário. Por essa razão, determina a lei que o juiz, na própria audiência preliminar, deverá verificar se é possível a prolação da sentença, extinguindo-se o processo na forma do art. 329 ou 330 do CPC (julgamento conforme o estado do processo).
Não sendo possível a incidência de nenhum dos dois artigos citados, ou seja, sendo útil e necessária a continuação do processo, deverá o juiz deferir as provas cuja colheita ainda se faça necessária, designando audiência de instrução e julgamento, se houver necessidade de prova oral. A decisão prevista no art. 278, § 2º do CPC corresponde a uma decisão declaratória de saneamento do processo.
Sendo deferida apenas prova pericial, deverá o juiz determinar sua produção para, após a entrega do laudo, ouvir as partes e, em seguida, prolatar sentença. Sendo deferida apenas prova oral, deverá o juiz designar, desde logo, audiência de instrução e julgamento, a se realizar num prazo máximo de 30 dias a contar da audiência preliminar.
Por fim, quanto ao procedimento de colheita de provas, e ao rito para a realização da audiência de instrução e julgamento, não contém a lei regras específicas para o procedimento sumário, razão pela qual deverão ser observadas as regras estatuídas para o procedimento ordinário (art. 272, parágrafo único do CPC).
TEORIA GERAL DAS PROVAS CONCEITO DE PROVA
Denomina-se prova a todo elemento que contribui para a formação da convicção do juiz a respeito da existência de determinado fato. Quer isso significar que tudo aquilo que for levado aos autos com o fim de convencer o juiz de que determinado fato ocorreu será chamado de prova. Exemplificando, se pretende convencer o juiz da ocorrência de um acidente de veículos e, com esse fim, se leva aos autos o depoimento de uma testemunha, tal depoimento se constituirá em uma prova. 
OBJETO DA PROVA
As provas incidem sobre fatos (iura novit curia). Como regra, portanto, as provas devem recair sobre matéria fática. Por exceção, todavia, há hipóteses em que pode haver prova sobre matéria de direito. Tais hipóteses estão previstas no art. 337 do CPC, e são quatro: direito municipal, direito estadual, estrangeiro e consuetudinário. Assim, por exemplo, a prova do direito municipal e estadual pode ser feita através da juntada do diário oficial onde foi publicada a norma jurídica ou através de certidão do órgão legislativo onde se ateste o teor e a vigência da lei indicada.
 ÔNUS DA PROVA
A análise do ônus da prova pode ser dividida emduas partes: uma primeira, em que se pesquisa o chamado ônus subjetivo da prova, e onde se busca responder à pergunta “quem deve provar o quê?”; e uma segunda, onde se estuda o denominado ônus objetivo da prova, onde as regras sobre esse ônus são vistas como regras de julgamento a serem aplicadas pelo órgão jurisdicional no momento de julgar a pretensão do autor.
1) Ônus subjetivo da prova:
Pelo aspecto subjetivo, e nos termos do art. 333 do CPC, cabe ao autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, e ao réu, o de provar os fatos extintivo, impeditivo e modificativo do direito do autor.
Assim, entende-se por FATO CONSTITUTIVO aquele que deu origem à relação jurídica deduzida em juízo (res in iudicium deducta). Exemplo: Numa demanda em que se pretenda a condenação do réu ao pagamento de dívida
decorrente de contrato de mútuo (empréstimo gratuito de coisa fungível – ex: dinheiro), esse contrato é o fato constitutivo do direito do autor, e a este incumbe o ônus de prová-lo.
Por outro lado, FATO EXTINTIVO é aquele que põe fim à relação jurídica deduzida no processo, como, por exemplo, o pagamento. Assim, no exemplo anteriormente referido, da “ação de cobrança” de dívida decorrente de mútuo, cabe ao réu provar que já efetuou o pagamento.
FATO IMPEDITIVO é um fato de conteúdo negativo, referindo-se a ausência de algum dos requisitos genéricos de validade do ato jurídico (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei – art. 104 do Código Civil). Desse modo, incumbe ao réu demonstrar ao juiz que o agente era menor de 18 (dezoito) anos e, por conseguinte, relativamente incapaz.
Por fim, FATO MODIFICATIVO é aquele que altera a relação jurídica deduzida em juízo, como o pagamento parcial.
OBS: Cabe ao réu o ônus da contraprova. Considerando a hipótese de o réu não ter a produzir nenhuma prova sobre a existência de fato extintivo, impeditivo ou modificativo do direito do autor, mas tendo algum meio de provar a inexistência do fato constitutivo, é que a doutrina afirma caber também ao réu o ônus da contraprova. Com isso, num processo em que haja nos autos apenas duas provas produzidas, um testemunho no sentido de ter sido celebrado um contrato de mútuo entre as partes e outro no sentido de tal contrato nunca ter sido celebrado, deverá o juiz formar sua convicção num dos dois sentidos. Se não se permitisse ao réu tentar demonstrar a inexistência de tal fato constitutivo, a única prova constante dos autos seria favorável ao autor, que veria, assim, sua pretensão ser acolhida.
2) Ônus objetivo da prova:
São regras de julgamento a serem aplicadas no momento em que o órgão jurisdicional vai proferir seu juízo de valor acerca da pretensão do autor. Em verdade, no momento da produção da prova pouco importa quem está produzindo este ou aquele meio de prova. Isso se dá em razão do princípio da comunhão da prova, segundo o qual, uma vez levadas ao processo, as provas não pertencem a qualquer das partes, e sim ao próprio processo, nada importando, pois quem as produziu.
O juiz só deverá considerar as regras sobre a distribuição do ônus da prova, portanto, no momento em que julgar o mérito, eis que só assim poderá verificar quem será prejudicado em razão da inexistência de prova sobre determinados fatos. Essa visão objetiva do ônus da prova liga-se à vedação do non liquet, ou seja, à impossibilidade de o juiz se eximir de julgar por qualquer motivo. Ainda que os fatos da causa não estejam adequadamente provados, terá o juiz de proferir uma decisão, o que fará com base nas regras de distribuição do ônus da prova.
Por outro lado, aplica-se a regra segunda a qual o ônus da prova incumbe a quem faz a alegação. Excepcionalmente, e como forma de assegurar a isonomia entre os sujeitos parciais do processo, o juiz poderá determinar, por decisão fundamentada, a inversão do ônus probatório, sempre que verificar que a parte a quem tal ônus normalmente incumbiria não tem condições de produzir a prova e a parte adversária tem condições totais de o fazer.
SENTENÇA CONCEITO
É o provimento judicial que põe termo ao ofício de julgar do magistrado, resolvendo ou não o objeto do processo (art. 162, § 1º do CPC).
ELEMENTOS ESSENCIAIS
O art. 458 do CPC enumera os três elementos essenciais da sentença: relatório, fundamentação e dispositivo. Todos os três devem estar, obrigatoriamente, na sentença, e a ausência de qualquer deles viciará a decisão. Não há, porém, que se colocar os elementos necessariamente nessa ordem em que são apresentados na lei, embora essa seja a ordem com que os elementos são mais frequentemente dispostos. Nada impede, por exemplo, que o juiz inicie sua sentença pelo dispositivo, passando depois à motivação e, ao final, apresentando o relatório.
O primeiro requisito da sentença (art. 458 do CPC) é o RELATÓRIO que consiste na síntese do processo. Trata-se da parte da sentença em que o juiz exporá, de forma resumida, todo o histórico do processo, desde a propositura da ação até aquele momento em que a sentença está sendo proferida. Ressalta-se que no rito sumaríssimo (Lei 9.099/95) o relatório é dispensado. 
A FUNDAMENTAÇÃO é a parte da sentença em que o juiz apresentará suas razões de decidir, ou seja, os motivos que o levaram a proferir decisão do teor da que está sendo prolatada. Daí ser também chamada de motivação. É na fundamentação que o juiz apresentará os fatos que contribuíram para a formação de seu convencimento. Registra-se que a motivação das decisões judiciais é garantia constitucional (art. 93, inciso IX da CF), erigindo-se em verdadeiro princípio geral do direito processual. É de se dizer ainda que é na motivação que o juiz irá apreciar as questões prévias, tanto as preliminares como as prejudiciais.
Por fim, o terceiro elemento essencial da sentença é o DISPOSITIVO, a parte da sentença que tem conteúdo decisório. É no dispositivo que o juiz irá apresentar sua conclusão, dizendo se põe termo ao seu ofício de julgar resolvendo ou não o mérito da causa, declarando o autor “carecedor de ação”, condenando o réu a pagar quantia exigida, julgando improcedente o pedido do autor, ou qualquer outro resultado possível.
OBS: A ausência de qualquer dos requisitos aqui enumerados implica vício da sentença. A falta de relatório ou de motivação importa nulidade absoluta da sentença, como entende a unanimidade da doutrina. Já a falta de dispositivo implica inexistência jurídica da sentença. Considera-se, também, inexistente a sentença não assinada pelo juiz que a prolatou. Realmente, enquanto não assinada, não se pode ter certeza quanto a ter sido aquele ato praticado ou não por um juiz, razão pela qual só se pode considerar existente a sentença a partir do momento em que a mesma é subscrita.
TUTELA ANTECIPADA
É espécie de tutela jurisdicional satisfativa prestada no módulo processual de conhecimento, a que se concede com base em juízo de probabilidade. Afirma o art. 273 do CPC que o juiz “poderá”, desde que presentes alguns requisitos, antecipar a tutela jurisdicional. Há que se afirmar, porém, que inexiste aqui qualquer discricionariedade judicial, sendo dever do juiz conceder a tutela antecipada nos casos em que se façam presentes os requisitos de sua concessão, e sendo vedada a antecipação se algum requisito estiver ausente. Trata-se, pois, de um “poder-dever” do juiz, a que este não poderá furtar.
Exige o art. 273 do CPC, a fim de que se possa antecipar a tutela jurisdicional, que haja requerimento da parte interessada. Proíbe-se, assim, a concessão ex officio da tutela antecipatória. Ao exigir requerimento o CPC primou pelo princípio da demanda, não podendo o órgão jurisdicional conceder à parte algo que não foi por ela pleiteado.
Além disso, há que se referir o fato de a lei admitir tão somente a antecipação a antecipação da tutela pretendida afinal, ou seja, pode-se antecipar apenas aquilo que poderia ser concedido ao final do processo, através da sentença de procedência da pretensão.
REQUISITOS PARA A CONCESSÃO
1) FUMUS BONI IURES – A lei (art. 273do CPC) fala em “prova inequívoca”, que convença o juiz da “verossimilhança da alegação”. Refere-se a probabilidade de existência do direito afirmado pelo demandante. Assim, deve verificar o julgador se é provável a existência do direito afirmado pelo autor, para que se torne possível a antecipação da tutela jurisdicional. Não basta, porém, esse requisito. À probabilidade de existência do direito do autor deverá aderir outro requisito.
2) PERICULUM IN MORA – Trata-se do risco de dano de difícil ou impossível reparação (art. 273, inciso I do CPC). Havendo risco de que o direito substancial que o autor quer ver protegido através do provimento jurisdicional definitivo sofra dano de difícil ou impossível reparação, deverá o juiz conceder a antecipação da tutela jurisdicional. Na tutela antecipada o autor corre o risco de perder o próprio direito material. (Exp: A deve 200mil para B, B vê que A tem um carro q vale esse valor, B entra com o pedido de concessão para que o juiz bloqueie o carro de A, pois há chance de A vender o carro e não pagar B).
3) ABUSO DO DIREITO DE DEFESA DO RÉU (art. 273, inciso II do CPC) – Ocorre abuso do direito de defesa do réu, o qual apresenta defesa manifestamente protelatória. Trata-se de uma antecipação da sanção, eis que o juiz deverá acelerar a entrega da prestação jurisdicional ao autor, como forma de penalizar o réu por agir na forma do inciso II do art. 273 do CPC. Assim, o réu não pode apresentar defesa com o único propósito de protelar. Exemplo: Ação de despejo, em que o réu contesta tão somente para alegar a “injustiça” da denúncia imotivada da locação. A defesa, claramente, é despida de fundamento sério que permita sua apreciação. OBS: A decisão que antecipa a tutela jurisdicional pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, desde que em decisão fundamentada (art. 273, §
4º do CPC). Trata-se, portanto, de decisão precária. Essa possibilidade de revogação ou modificação é consequência da natureza sumária da cognição exercida pelo juiz para o fim de conceder a antecipação da tutela jurisdicional,
sendo possível toda vez que surgirem novas circunstâncias que sejam capazes de alterar a convicção do juiz. Há que se dizer, porém, que a revogação ou modificação da tutela antecipada exige requerimento da parte interessada, não
podendo se dar de ofício.

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