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DIREITO ELEITORAL - EVOLUÇÃO

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www.conteudojuridico.com.br
Artigos
Sábado, 11 de Abril de 2015 04h15
ALLAN DE ALCÂNTARA: Bacharel em Direito, pela Universidade Federal de Mato Grosso.
Procurador Federal.
O Direito Eleitoral: enquadramento normativo e histórico
Resumo: O Direito Eleitoral surge como um ramo jurídico responsável por regular as
relações do voto e do poder por ele exercido. No caso do Direito Eleitoral, sendo evidente que
suas diretrizes prevalecem sobre a pura vontade dos envolvidos, foi classificado como ramo do
direito público. O objetivo fim do Direito Eleitoral é resguardar o voto do cidadão, posto que os
direitos políticos que lhe permitem seu exercício são de suma importância para que possam
influenciar na política do Estado. A Justiça Eleitoral, por sua vez, é considerada uma
especialização dentro na organização judiciária brasileira, assim como o é a Justiça do
Trabalho e a Justiça Militar. Tem ela fundamento na própria Constituição Federal, cuja
competência de direito material é sobreposta sobre diversas outras competências
jurisdicionais.
Palavras-chaves: Eleitoral. Histórico Direito Eleitoral. Direito Eleitoral na Constituição
Federal de 1988. Justiça Eleitoral.
Sumário: 1 Introdução; 2 Breve Histórico do Direito Eleitoral e alguns institutos peculiares;
3 Direito Eleitoral como ramo jurídico e suas normas; 4 Direito Eleitoral na Constituição Federal
de 1988 e a Justiça Eleitoral; 5 Conclusão; 6 Referências.
1. Introdução
 O presente trabalho tem por escopo traçar características acerca de um dos
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mais importantes institutos do Direito atual, qual seja, o Eleitoral. O responsável por garantir a
democracia e o exercício da soberania por parte de cada cidadão.
 Para seu estudo, é fundamental que se leve em consideração seu histórico e os
normativos que atualmente o regem dentro do ordenamento jurídico nacional, notadamente
diante da grande relevância que guarda dentro da Constituição Federal de 1988.
 De outro lado, com a finalidade de efetivar esse direito e permitir que seja
livremente exercido, temos a Justiça Eleitoral, julgando e regulamentando o exercício do
sufrágio, almejando a busca pela democracia plena.
2. Breve Histórico do Direito Eleitoral e alguns institutos peculiares 
O Direito Eleitoral surge como um ramo jurídico responsável por regular as relações do
voto e do poder por ele exercido. Melhor dizendo, o voto é a forma com que se exterioriza o
poder que pertence ao povo e, por isso, é de fundamental relevância que seja regido por
determinadas normas.
 Deveras, as civilizações sempre buscaram modos de escolher os seus
representantes, até porque quase impossível que alguma decisão seja tomada por
unanimidade, ainda mais quando se tem grupos com necessidades específicas e particulares,
que muitas das vezes são maiores do que os recursos financeiros de um Estado, sendo que
para Ramayana (2010, p. 03):
Há de considerar-se, ainda, que, em qualquer grupo ou
coletividade, as decisões que implicam a manifestação dos
interesses primordiais não conseguem ser ratificadas e aprovadas
por todos os integrantes da sociedade, ou seja, mesmo que, nas
sociedades mais primitivas, essa prática fosse possível, as
sociedades organizadas sempre se valeram de adotaram sistema
para a escolha de seus dirigentes e representantes.
 A primeira ideia de eleição surge na Grécia, onde eram realizadas votações para a
escolha dos magistrados e membros de conselho. Como nos ensina Ramayana (2010, p. 3) a
votação perfazia-se publicamente quando o povo levantava as mãos em assembleia pública.
Lembra-nos o autor que, quando estava em pauta questões de grande relevância, os votos
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eram registrados em pedaços de pedra chamados de ostrakon, enquanto Roma utilizava
pedaços de madeira, embora em nenhum dos lugares o sufrágio fosse universal.
 Em determinados lugares do mundo as eleições só foram realizadas
posteriormente, como forma de atribuir legitimidade ao governante ditatorial. Por certo, essas
regiões possuem peculiaridades próprias, como nos ensina o mesmo autor:
Outra observação importante é a de que alguns regimes
mantiveram-se primeiro pela força, com a realização posterior de
eleições apenas para dar legitima de aparente. Isso é visível em
algumas ditaduras modernas, com a adoção de partidos únicos,
aniquilamento de candidaturas oposicionistas e forte domínio da
propaganda política partidária e eleitoral, com a utilização da
máquina administrativa e manipulação da opinião pública, dando
margem às fraudes e à corrupção eleitoral.
 Deste modo, como forma de melhor compreender o instituto do voto e suas
vicissitudes surge o direito eleitoral, conjunto de normas voltadas para estudar o sufrágio e
seus desdobramentos. Assim, Ramayana (2010, p. 5) esclarece as origens do voto:
Dessa forma, é possível identificar certas fases das origens
genéricas do voto: primeiro, na escolha de chefes militares, quando
surgiam os guerreiros; em um segundo momento, os guerreiros
transformam-se em governantes, inclusive em períodos de paz; em
uma terceira fase se fez necessário organizar as formas do sistema
de escolha dos representantes.
 Nesta senda, a democracia em seu conceito clássico remete ao poder atribuído ao
povo, que nada mais é do que a soberania popular. A democracia pode ser dividida em
democracia direta, quando o próprio povo a exerce sem intermediários e a indireta, que é
definida por Ramayana (2010, p. 32) como:
Na democracia indireta, faz-se presente o princípio da
delegabilidade da soberania popular em sua máxima expressão,
pois os eleitores escolherão os candidatos previamente
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selecionados pelos partidos políticos para exercerem, por
delegação, o integral cumprimento das promessas feitas.
 Lembre-se, também, que existe a democracia semidireta, a qual não passa de
uma junção das democracias direta e semidireta, que ao fim resulta em uma melhor e mais
efetiva participação popular. Aliás, este é o caso do Brasil, onde a Constituição prevê além das
votações para eleição dos representantes, outros instrumentos de atuação direta.
 Logo, o voto é o exercício do poder pelo povo, que pode atuar nos rumos do
Estado diretamente, ou por meio de representantes eleitos, ou até mesmo pelas duas formas.
Este é o conceito que torna mais próximo a atuação do direito eleitoral como garantidor do
Estado Democrático de Direito.
3. Direito Eleitoral como ramo jurídico e suas normas 
O direito pode ser entendido como uno, ou seja, não existem plúrimos direitos.
Conquanto isso, o direito é dividido em diversos ramos, não só para fins didáticos, mas
também com o intuito de que a especialização dele possa favorecer uma melhor prestação
jurisdicional. O estudo mais aprofundado de determinado fragmento nos leva a uma mais
completa e certeira resposta por parte do Estado, o que por evidente atenua as pretensões
resistidas, conhecidas como lides, e que são levados ao Poder Judiciário pelos particulares
que possuem a certeza subjetiva de suas postulações.
Seguindo esta linha de pensar, Theodoro Júnior (2011, p. 3) assim define o direito e
seus ramos:
O Direito, sem embargo de sua divisão em ramos autônomos,
caracterizados por métodos,objetivos e princípios próprios, forma
um conjunto maior, que tem em comum o destino de regular a
convivência social. Por essa razão, por mais que sejam
considerados autônomos os seus ramos, haverá sempre entre eles
alguma intercomunicação, algum traço comum e até mesmo alguma
dependência em certos ângulos ou assuntos.
 Podemos afirmar que o direito não só foi dividido em ramos, como sobredito, como
ainda suas normas também foram ditadicamente classificadas em direito público e direito
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privado. As primeiras, normas impositivas e de força cogente, colocadas pelo Estado de modo
a regular as relações sociais e que apresentam elevado grau de coercibilidade. Já as
segundas, seriam apenas dispositivas e com liberdade para que as partes pudessem
afastá-las por vontade própria, sem acarretar sanções pelo Estado. Seria, portanto, uma
faculdade de utilização pelas pessoas, com fundamento na autonomia de vontade.
 De outra banda, o teórico Venosa (2009, p. 58) possui peculiar visão sobre o tema
ao asseverar que:
A distinção entre direito público e direito privado, na vida prática,
não tem a importância que alguns juristas pretendem dar. O Direito
deve ser entendido como um todo. Fazemos, porém, a distinção
entre direito privado e direito público, mais por motivos didáticos e
por amor à tradição.
 Com isso, os ramos do direito foram encaixados de acordo com suas respectivas
normas, na classificação de direito público e direito privado. O citado autor assim comenta a
didática divisão:
O problema da distinção do direito público e privado, entre os
que se preocupam com o tema, envolve, de plano, especulação
filosófica. De qualquer modo, como já procuramos enfocar, a
distinção ora tratada deve deixar de lado o fundamento do fenômeno
jurídico, principalmente para não criar no iniciante do estudo das
letras jurídicas antítese, uma antinomia nos dois compartimentos
que absolutamente não existe.
 No caso do Direito Eleitoral, sendo evidente que suas diretrizes prevalecem sobre a
pura vontade dos envolvidos, foi classificado como ramo do direito público. Desta forma, tendo
suas normas como impositivas e que não possibilitam a escolha pelo particular, o Estado as
produz com a finalidade de regulamentar as situações que envolvem as eleições e,
principalmente, o sufrágio.
 O Direito Eleitoral é classificado por Gomes (2011) como:
Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público cujo objeto são os
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institutos, as normas e os procedimentos regularizadores dos
direitos políticos. Normatiza o exercício do sufrágio com vistas à
concretização da soberania popular.
 Os conceitos são muito próximos e que sempre buscam demonstrar a importância
deste ramo jurídico como fundamental para consecução das liberdades públicas. Não é o
outro o entendimento de Amaury Silva (2010, p. 90):
Percebemos que a aglutinação da função e do objeto do Direito
Eleitoral, faz incorporar a esse ramo do Direito Público um papel de
fundamental importância no cenário da concretização das liberdades
públicas, por isso, embora multifacetada a sua atuação, a sua
compleição deve ser alinhada ao viés de instrumento de garantia em
prol da cidadania e da democracia.
O Direito Eleitoral visa, com isso, garantir a soberania popular quando esta é exercida
por meio do sufrágio. O cidadão, possuidor, assim, de direitos políticos, apto para exercer o
direito ao voto, tem estas relações regidas por normas de ordem pública que se sobrepõem ao
interesse pessoal que este possui. A liberdade verificada, neste caso, é tão somente quanto ao
direcionamento em que o voto será depositado. As demais situações até que cheguem ao
ponto de permitir o exercício do sufrágio são regidas pelas normas de ordem pública do Direito
Eleitoral.
Para Tito Costa, citado por Gomes (2011, p. 19) o Direito Eleitoral pode ser: “(...)
entendido como um conjunto de normas destinadas a regular os deveres do cidadão em suas
relações com o Estado, para sua formação e atuação. Estado, aqui, entendido no sentido de
governo, administração (…)”. 
 Por outro lado, o mesmo autor cita Pinto (2009, p. 19), para quem o Direito
Eleitoral: (...) disciplina a criação dos partidos, o ingresso do cidadão no corpo eleitoral para a
fruição dos direitos políticos, o registro das candidaturas, a propaganda eleitoral, o processo e
a investidura no mandato eletivo (...).
 Deveras, percebemos que o Direito Eleitoral tem por foco diversas situações
jurídicas que envolvem diretamente situações relacionadas ao voto e ao sufrágio universal, em
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especial para proteção da soberania popular e dos direitos políticos de cada cidadão.
Com isso, o Direito Eleitoral possui uma especialização maior que os demais ramos, e
levando em conta que as normas por ele emanadas têm o condão de preservar a legitimidade
dos pleitos eleitorais, primando pelo fortalecimento do voto, objeto máximo de sua proteção. O
objetivo fim do Direito Eleitoral é resguardar o voto do cidadão, posto que os direitos políticos
que lhe permitem seu exercício são de suma importância para que possam influenciar na
política do Estado.
 Na melhor doutrina de Pinto (2010, p. 13):
A uniformidade das regras eleitorais, em qualquer país, é,
assim, essencial para a garantia da segurança da votação e vital ao
processo eletivo, cuja tramitação normal é dificultada por acentuada
tensão, profunda desconfiança de todos os segmentos envolvidos
na disputa, exigindo-se, por isso, regras claras, conduta
transparente e firmeza na apresentação dos resultados. É através
do Direito Eleitoral que se abre a porta que dá acesso ao poder
político, materializando-se a alternância no seu exercício através do
voto.
 Vale lembrar que hoje os preceitos normativos que envolvem este ramo do direito
estão previstas no Código Eleitoral, editado no dia 15 de Julho de 1965 pela Lei nº 4.737,
embora possua diversas alterações posteriormente realizadas. Ademais, lembra Ramayana
(2010, p. 20) que outras codificações já existiram no país, como o Decreto nº 21.076 de 24 de
fevereiro de 1932, Lei nº 48 de 04 de maio de 1935, Decreto-Lei nº 7.586 de 28 de maio de
1945, Lei nº 1.164 de 24 de junho de 1950 e Lei nº 4.737 de 15 de julho de 1965.
Podemos concluir, portanto, que as normas regulamentares do Direito Eleitoral, de
ordem pública, visto que tal ramo pertence ao direito público, são impostas coativamente pelo
Estado e não podem ser afastadas pelas partes envolvidas, e visam elas a garantia da
soberania popular, exercida por meio do direito ao sufrágio universal e do voto.
4. Direito Eleitoral na Constituição Federal de 1988 e a Justiça Eleitoral 
Começamos por lembrar que a Constituição Federal de 1988 garante a todos o voto
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secreto, direto, universal e período, cujas garantias não podem sequer ser objeto de
deliberação tendentes a aboli-las, posto que estão enquadradas no artigo 60, §4º como
cláusulas pétreas: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta (...) § 4º -
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) II - o voto direto,
secreto, universal e periódico”.
Podemos perceber a importânciadeste ramo do direito, na medida em que a garantia
por ele visada tende, sem dúvida, a garantir ainda o próprio Estado Democrático de Direito que
é a República Federativa do Brasil.
Quanto a Justiça Eleitoral, Pinto (2010, p. 42) nos lembrar o seguinte:
A Justiça Eleitoral é fruto da imaginação inglesa do ano de
1868. No Brasil, foi ela criada através do Decreto nº 21.076, de 24 de
fevereiro de 1932. Até então, as eleições eram coordenadas pelo
Poder Legislativo. As fraudes eram muito freqüentes,
comprometendo a credibilidade dos resultados apresentados. Aliás,
esse foi um dos argumentos invocados para o Golpe de 1930.
O mesmo estudioso acima citado prossegue afirmando que o Código Eleitoral foi objeto
de elaboração por Assis Brasil, João Cabral e Mário Pinto Serva, implantando validamente o
voto feminino, a representação proporcional, além da eleição através do sufrágio universal,
direto e secreto. Por outro lado foi o primeiro Código sobre normas eleitorais a ser inserido no
ordenamento jurídico nacional, outorgando à Justiça Eleitoral competência para conhecer de
conflitos envolvendo o processo eletivo.
 As diversas disposições constitucionais, que buscam alcançar as inúmeras pontas
que entrelaçam o Direito Eleitoral, são fontes formais. Os dispositivos presentes na Carta
Magna são assim percebidos por Gomes (2011, p. 23):
(...) na Constituição é que se encontram os princípios
fundamentais do Direito Eleitoral, as prescrições atinentes a sistema
de governo (art. 1º), nacionalidade (art. 12), direitos políticos (art.
14), partidos políticos (art. 17), competência legislativa em matéria
eleitoral (art. 23, I), organização da Justiça Eleitoral (art. 118 ss).
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Tantas e relevantes são as normas eleitorais emanadas da
Constituição que para se designá-las já se tem empregado a
expressão Constituição Eleitoral.
 Entrementes, a Constituição Federal fortalece essas premissas quando afirma que
todo o poder emana do povo, e que este o exerce por meio dos representantes eleitos e
também de forma direta. Desta forma, a possibilidade que o cidadão possui para exercer a
soberania popular prescrita na Constituição é justamente pelo exercício do sufrágio. Esta
situação nos permite concluir que as normas de Direito Eleitoral são a toda evidência, de
direito público, imposta coativamente pelo Estado e que visam tornar fática a previsão teórica
inserida na Carta Magna.
 Primeiramente, nos lembra Gomes (2011, p. 58) que o sistema escolhido para
proteção do processo eleitoral foi o legislativo, que vigorou desde a Carta Imperial de 1824 até
o fim da República Velha. Durante a Era Vargas o mencionado sistema foi substituído pelo da
jurisdição especializada, posto que aquele permitia diversas fraudes e burlas eleitorais,
tornando-o desprovido de credibilidade. O autor esclarece que a Justiça Eleitoral somente foi
constitucionalizada em 1934.
 As características deste ramo do Poder Judiciário fortalecem sua atuação com o
objetivo de assegurar a proteção necessária para que possam ser realizadas as eleições,
sendo que Costa (2006, p. 368) traz o seguinte conceito:
A Justiça Eleitoral é órgão jurisdicional, concebido com a
finalidade de cuidar da organização, execução e controle dos
processos de escolha dos candidatos a mandatos eletivos
(eleições), bem como dos processos de plebiscito e referendo. Não
está a Justiça Eleitoral inserida como apêndice do poder executivo,
nem tampouco submetida à esfera de atuação do poder legislativo.
Trata-se de um órgão de natureza jurisdicional engastado na
estrutura do poder judiciário, consoante prescreve o art. 92, inc. V
da Constituição Federal de 1988.
 Desta feita, podemos afirmar que o Direito Eleitoral visa a criação e execução de
normativas que tem por espeque todo o processo que leva ao exercício do direito ao voto.
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Melhor dizendo, desde o registro dos Partidos políticos perante o Tribunal Superior Eleitoral,
até a diplomação dos eleitos e todas as situações enfrentadas durante esse caminhar, são
objeto de regulação por este ramo jurídico.
 Tanto por isso a Justiça Eleitoral é considerada uma especialização dentro na
organização judiciária brasileira, assim como o é a Justiça do Trabalho e a Justiça Militar. Tem
ela fundamento na própria Constituição Federal, cuja competência de direito material é
sobreposta sobre diversas outras competências jurisdicionais.
 Embora seja atribuição do Poder Judiciário a fiscalização e materialização das
eleições, nada impediria que fossem tais situações confiadas ao Poder Executivo ou mesmo ao
Legislativo. Porém, diante do que vivemos atualmente no Brasil, essa não seria a melhor forma
de garantir a plena higidez deste processo democrático, por isso Costa (2006, p. 368)
esclarece:
É certo que as eleições, como processo licitatório de escolha
entre candidatos a cargos eletivos, poderiam ser confiadas, pela
Carta, aos poderes executivo e legislativo, dando a um deles, ou
ambos, a atribuição de organizar, fiscalizar e executar o prélio
eleitoral, notadamente pela natureza política do acesso aos
principais cargos desses cargos desses dois poderes. Outra
possibilidade seria a afetação dessas atribuições a um órgão criado
exclusivamente para essa finalidade, não vinculado
hierarquicamente a qualquer dos poderes, com autonomia para
organizar o processo eleitoral. Tais possibilidades, entrementes, não
seriam aconselháveis à realidade brasileira. Por primeiro,
desnecessário salientar que o envolvimento dos poderes executivos
e legislativo na organização e execução do processo eleitoral traria
grave suspeição sobre a sua seriedade e isenção, dando ensanchas
a perigosas manifestações de corrupção eleitoral. É natural que
aqueles que estejam no poder queiram nele permanecer, ainda mais
se dispõem de meios para influenciar decisivamente no resultado do
certame, quer pela via de disposição sobre as regras do jogo, quer
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pela facilidade em conduzir em proveito próprio o processo de
eleição.
 O constituinte originário ao elaborar as competências previstas para cada uma das
Justiças existentes no Brasil, muito embora a jurisdição seja considerada una e é dividida,
assim como é o direito, apenas para fins didáticos e para melhor prestação jurisdicional,
reservou à Lei Complementar a definição da competência dos tribunais, dos juízes de direito e
das juntas eleitorais: “Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência
dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais”.
No que tange as competências específicas da Justiça Eleitoral, Pinto (2010, p. 52)
melhor as explicita:
A competência da Justiça Eleitoral abrange: a realização do
alistamento eleitoral, o registro de candidaturas para disputa de
mandato eletivo, o controle da propaganda eleitoral, organização e
realização dos pleitos eleitorais, disponibilidade de transporte e
alimentação aos eleitores das áreas rurais, proclamação dos
resultados, diplomação dos eleitos, julgamento dos crimes eleitorais,
das ações impugnatórias e da investigação para apuração da prática
de abuso de poder no curso da campanha eleitoral.
Comentando o modo de organização do Poder Judiciário no tange ao Direito Eleitoral,Ramayana (2010, p. 15) assim leciona:
A hodierna Constituição tratou, dentro da organização do Poder
Judiciário, dos tribunais e juízes eleitorais, além de atribuir ao
Ministério Público e, especialmente, ao Ministério Público Eleitoral
(art. 127) a defesa do regime democrático.
Assim, a Justiça Eleitoral aplica os preceitos, obviamente, do Direito Eleitoral, para que
sejam sustentadas as garantias previstas na Constituição para o exercício da soberania
popular, que é implementada por meio do sufrágio universal e do voto secreto, direto e com
valor igual para todos (art. 14): “Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
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mediante: (...)”.
Nessa linha de pensar o autor Gomes (2011, p. 57) faz o seguinte comentário:
Com a afirmação histórica da soberania popular e dos princípios
democráticos e representativos, foram desenvolvidos métodos e
sistemas de controle de eleições e investidura em mandatos
representativos. O controle visa assegurar a legitimidade e
sinceridade do pleito; tem, pois, a finalidade de depurar o processo
eleitoral, livrando-o de abusos de poder, fraudes e irregularidades
que possam desnaturá-lo (...)
 Cabe reforçar que somente as situações que envolvem o voto são regidas pelo
Direito Eleitoral e aplicadas pela Justiça especializada. Ainda que indiretamente possam ser
próximas às questões eleitorais, certas matérias não são previstas como de competência deste
ramo do direito, posto que não afeta de modo direto o sufrágio universal. Restringe-se, assim,
a competência aos casos que intermedeiam o partido político e relações que envolvam
mandato parlamentar, o registro de candidatura, as propagandas eleitorais, ações de ilícitos
eleitorais cometidos, além de fatos que tenham respaldo na diplomação dos eleitos.
 Por outro lado, quando a questão tem ligação apenas no que tange a situações
fáticas relativas a celeumas interna corporis são resolvidas pela Justiça Comum, tendo em
conta que tais casos refogem as normas eleitorais e ingressam no âmbito interno de uma
associação de pessoas. Isto porque o partido político, embora tenha seu estatuto registrado
também perante o Tribunal Superior Eleitoral, somente perfaz esse procedimento após ter
registro no órgão competente estabelecido pela legislação civil.
 Os casos de desentendimento dos membros integrantes dessa associação regidos
pelo direito civilístico, são enfrentadas e dirimidas pela Justiça Comum, não encontrando
amparo na Justiça Eleitoral, vez que as diretrizes eleitorais não têm aplicabilidade no âmago
interno de uma associação.
 Apenas como fonte informativa podemos citar o seguinte julgado do Tribunal
Superior Eleitoral acerca do tema:
Petição. Agravo regimental. Fidelidade Partidária. Res.-TSE no
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22.610/07. Suplente que se desliga do partido e que se filia
novamente. Trânsfuga arrependido. Filiação regular. Aquiescência
da agremiação. Matéria interna corporis. Incompetência da Justiça
Eleitoral. Ordem de vocação de suplência inalterada. Assunção ao
cargo de deputado federal regular. Manifesta ausência de interesse
processual. Agravo regimental desprovido.
Trânsfuga que se arrependeu. Divergências relativas à refiliação
de suplente, pertinentes à investidura em cargo proporcional vago,
extrapolam a competência desta justiça especializada, devendo ser
resolvidas no fórum adequado, pois são de natureza
eminentemente interna corporis.
Evidencia-se a falta de interesse processual do agravante, pois
o agravado encontra-se regularmente filiado à agremiação pela qual
se elegeu. Assim, não há que se falar em perda de mandato por
desfiliação sem justa causa.
Ausente uma das condições da ação (art. 267, VI, do Código de
Processo Civil), o caso é de indeferimento liminar da inicial,
extinguindo-se o processo, sem julgamento de mérito.
Agravo regimental a que se nega provimento. (TSE, AgR-Pet -
Agravo Regimental em Petição nº 2981 - São Paulo/SP, Acórdão de
03/08/2009, Relator (a) Min. JOAQUIM BENEDITO BARBOSA
GOMES, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data
01/09/2009, Página 14)
 Não é o outro o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Instada a decidir caso de conflito de competência entre órgãos do mesmo partido político
afastou a competência da Justiça Eleitoral:
EMENTA: Mandado de segurança. Conflito entre órgãos do
mesmo Partido político. Incompetência da Justiça Eleitoral. - Em si
mesmo conflito entre órgãos do mesmo partido político não
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constitui matéria eleitoral para caracterizar a competência da Justiça
especializada, a menos que possa configurar hipótese em que ele
tenha ingerência direta no processo eleitoral, o que, no caso, não
ocorre, não se configurando tal hipótese, como pretende o parecer
da Procuradoria-Geral da República, pela simples circunstância de a
dissolução do diretório partidário estadual, que, se existente,
participa da escolha dos candidatos aos mandatos regionais, se ter
verificado em ano eleitoral. Recurso ordinário a que se nega
provimento. (STF, RMS 23244 / RO – RONDÔNIA, RECURSO EM
MANDADO DE SEGURANÇA, Relator (a): Min. MOREIRA
ALVES, Julgamento: 06/04/1999, Órgão Julgador: Primeira
Turma) 
 Além disso, a Justiça Eleitoral faz parte da União, um dos entes federados
previstos pela Constituição, e que tem atribuição para manter e regulamentar as normas que
regem esta Justiça. Possui em sua estrutura um dos Tribunais Superiores existentes, tendo
como órgãos o Tribunal Superior Eleitoral, os Tribunais Regionais Eleitorais, os Juízes
Eleitorais e as Juntas Eleitorais (art. 118 da Constituição Federal):
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.
 Ademais, Gomes (2011, p. 59) nos lembra que ao contrário dos demais ramos
integrantes do Poder Judiciário nacionais, a Justiça Eleitoral não possui corpo próprio de
juízes. É integrada por magistrados oriundos dos demais órgãos do Judiciário, sendo que,
para ele, isto nada mais é do que a manifestação do princípio cooperativo dentro da Federação
brasileira. Recorda também que a investidura dos membros é temporária, embora não deixe de
tecer uma crítica ao fato:
Apesar do bom desempenho que sempre lhe foi reconhecido, o
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ideal seria que a Justiça Eleitoral contasse em todas as instâncias
com corpo próprio e especializado de juízes, ideal é que fosse uma
justiça autônoma e independente, como são os demais ramos do
Poder Judiciário. Mas tal solução não pareceu viável ao Legislado
Constituinte.
 Posto isto, podemos perceber que a Justiça Eleitoral tem suma importância dentro
do cenário nacional, implantada pela Constituição Federal para que a garantia maior do voto e
da soberania popular – o povo como detentor do poder -, possa ser exercida sem vícios que o
maculem ou contaminem.
5. Conclusão
Em observância ao histórico e as normas que regem o Direito Eleitoral, podemos
perceber que ele guarda uma importânciamaior dentro do ordenamento jurídico e do cotidiano
nacional, sendo deveras essencial para que o preceito básico da democracia seja exercido.
Desde regular as relações do voto e o poder exercido pelo povo, sendo o voto a forma
de exteriorização do poder, bem como dos modos de divisão da democracia, temos que o
Direito Eleitoral é imprescindível para consecução das liberdades públicas.
Para além disso, e de forma a garantir que a democracia seja efetivamente exercida e
livre de eventuais vícios, a Justiça Eleitoral sustenta as garantias previstas na Constituição
para o exercício da soberania popular, que é implementada por meio do sufrágio universal e do
voto secreto, direto e com valor igual para todos, nos moldes Constituição Federal de 1988.
6 Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado, 1988.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso em Mandado de Segurança nº 23244/RO.
Relator (a): Min. Moreira Alves. Julgamento: 06/04/1999. Órgão Julgador: Primeira Turma.
Publicação. DJ 28-05-1999 PP-00032EMENT VOL-01952-02 PP-00263. Disponível:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=115964>. Acesso em: 05
mar. 2015.
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. AgR-Pet - Agravo Regimental em Petição nº 2981 -
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São Paulo/SP. Relator (a) Min. JOAQUIM BENEDITO BARBOSA GOMES. Acórdão de
03/08/2009. Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 01/09/2009, Página 14.
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/sadJudSadpPush/ExibirDadosProcesso
Jurisprudencia.do?nproc=2981&sgcla=PET&comboTribunal=tse&dataDecisao=03/08/2009>.
Acesso em: 15 mar. 2015.
COSTA, Adriano Soares de. Instituições de direito eleitoral. 6. ed. Revisão ampliada e
atualizada. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
GOMES, José Jairo. Direito eleitoral.7.ed. revisada, atualizada e ampliada. São Paulo: Atlas,
2011.
PINTO, Djalma. Direito eleitoral: improbidade administrativa e responsabilidade fiscal:
noções gerais. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
RAMAYANA, Marcos. Direito eleitoral. 10. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2010.
SILVA, Amaury. Reforma eleitoral. Leme: J. H. Mizuno, 2010.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito
processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense,2011.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico publicado em periódico
eletrônico deve ser citado da seguinte forma: ALCÂNTARA, Allan de. O Direito Eleitoral: enquadramento normativo e histórico.
Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 11 abr. 2015. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.53154>.
Acesso em: 25 maio 2015.
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