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1 ANOTAÇÕES GERAIS PARA A DISCIPLINA AGROTÓXICOS E MIP – FAV/UnB Joilson Sodré Filho Eng. Agrônomo, M.Sc. Ciências Agrárias Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia - UnB CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS - Herbicidas: substâncias químicas capazes de selecionar população de plantas prevenir a interferência das plantas daninhas - controle mais efetivo nas linhas de semeadura - flexibilidade quanto à época de aplicação controle pode ser feito em etapas - formação da cobertura morta - rendimento operacional elevado LIMITAÇÕES - toxicidade - equipamento adequado de aplicação - problemas ambientais: PR restrição do uso de 2,4-D em municípios - podem apresentar persistência limitar as injúrias em espécies cultivadas em rotação (“carryover”) - resíduos de agrotóxicos - aparecimento de plantas daninhas resistentes ASPECTOS A SEREM CONSIDERADOS NA ESCOLHA DO TRATAMENTO A SER UTILIZADO - tratamento = herbicida + dose certa + época certa - espécies predominantes, estádio de desenvolvimento - plantas perenes integração de métodos de controle 2 - anuais herbicidas de efeito mais rápido - herbicidas aplicados ao solo características química, física do solo - registro do herbicida para a cultura - estimar qual o período que se necessita o controle - baixa toxicidade para homem e meio ambiente - adequação do sistema de plantio adotado na propriedade - após a utilização, observar e avaliar se o tratamento foi eficiente - familiarizar-se com o modo de uso do produto NOMENCLATURA DOS HERBICIDAS - 3 formas diferentes: grupo químico, nome comum (ingrediente ativo), nome comercial - cada fabricante pode dar um nome comercial distinto FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO Seletividade - quais plantas ele afeta e quais são menos sensíveis Herbicidas seletivos - matam ou restringem o crescimento de plantas daninhas, sem prejudicar as espécies de interesse comercial além de um nível aceitável de recuperação Herbicidas não-seletivos - amplo espectro de ação - matam ou injuriam todas as plantas - dessecação e manejo no SPD - dessecação em pré-colheita Translocação Herbicidas com ação de contato 3 - não se translocam ou o fazem muito pouco - danos nas partes que entram em contato direto com os tecidos - efeito rápido e seguro Herbicidas de ação sistêmica - efeito mais demorado - translocação pelo xilema, floema, dependendo do herbicida e da época de aplicação - aplicações na parte aérea: clima e umidade do solo interferem - dependem da atividade metabólica da planta - influência da chuva absorção rápida Épocas de aplicação - todo herbicida deve ser aplicado no momento em que o controle e seletividade sejam maximizados - época = absorção por diferentes estruturas das plantas - aplicados ao solo raízes e estruturas subterrâneas antes, durante ou após a emergência; - parte aérea folhas PPI – pré-plantio incorporado - aplicados ao solo e incorporados - mecanismo de ação requer contato entre o herbicida e plântulas antes da emergência - baixa solubilidade em água - fotodegradação - volatilidade PRÉ – pré-emergente - após semeadura ou plantio - antes da emergência da cultura, plantas daninhas ou de ambas 4 - depende da umidade do solo, chuva, irrigação - atuam sobre a germinação de sementes ou no crescimento radicular PÓS – pós-emergente - absorvido via foliar - cultura deve ser bem tolerante - aplicações em fases precoces do desenvolvimento das plantas daninhas - idade das plantas daninhas: produtos mais caros pela sua alta seletividade MECANISMOS DE AÇÃO DE HERBICIDAS Mecanismo de ação - primeiro ponto do metabolismo das plantas em que o herbicida atua - primeiro de uma série de eventos metabólicos que resultam na expressão final do herbicida sobre a planta Modo de ação - conjunto de eventos metabólicos e sintomas visíveis Resistência - ocorrência natural de alguns biótipos capazes de sobreviver a um tratamento herbicida - Resistência cruzada: ocorre quando a planta é resistente a dois ou mais herbicidas que possuam um único mecanismo de ação - Resistência múltipla: ocorre quando a planta é resistente a dois ou mais mecanismos de ação distintos 1) MIMETIZADORES DE AUXINA A) Características gerais Afetam o crescimento das plantas Translocados via floema e xilema, controlando plantas perenes 5 Dicotiledôneas anuais ou perenes (arbustos) B) Modo de ação - metabolismo de ácidos nucleicos e plasticidade da parede celular - redução no pH apoplástico induz à elongação celular RNA polimerase: aumento subsequente de RNA, DNA e biossíntese de proteínas divisão e alongamento celular desordenado e acelerado nas partes novas - primeiro sintoma em plantas de folhas largas: epinastia de folhas e pecíolos - deformação nas nervações e limbo foliar - engrossamento da raiz e paralização do crescimento - tumores ao longo do caule da planta - morte ocorre de forma lenta C) Seletividade - gramíneas são tolerantes 2) INIBIDORES DA FOTOSSÍNTESE 2.1) INIBIDORES DO FOTOSSISTEMA II A) Características gerais - taxa de fixação de CO2 declina poucas horas após o tratamento - absorvido via radicular e folhas - translocam via xilema - movimento no solo é de baixo a moderado - persistência no solo vai de dias até a mais de um ano - controla folhas largas e algumas gramíneas B) Modo de ação - inibição da fotossíntese - bloqueio do transporte de elétrons 6 - interrompe a fixação de CO2 e produção de ATP e NAPH2 - plantas morrem mais rapidamente quando na presença de luz - rompimento de membranas, células e organelas se desidratam e desintegram-se - perda de clorofila C) Seletividade - localização no solo - aplicação dirigida - translocação diferencial das raízes para folhas 2.2) INIBIDORES DO FOTOSSISTEMA I A) Características gerais - alta solubilidade em água - cátions fortes: fortemente absorvidos por coloides do solo - rápida absorção foliar - morte planta 1-2 dias - produtos de contato morte é tão rápida que a translocação é limitada - toxicidade para mamíferos é alta B) Modo de ação - interceptação de elétrons no fotossistema I paralisa a redução da ferredoxina e as reações subsequentes - morte das plantas devido a inúmeros processos C) Seletividade - não são seletivos, de modo geral 3) INIBIDORES DA DIVISÃO CELULAR Inibidores da formação de microtúbulos 3.1) DINITROANILINAS 7 A) Características gerais - paralização do crescimento da raiz e parte aérea de plântulas - perenes e anuais só morrem em casos especiais - resistentes à lixiviação - desaparecem no solo - eficiente para gramíneas oriundas de sementes, pouco ou nenhum controle de folhas largas - em PRÉ ou PPI B) Modo de ação -inibidores da mitose C) Seletividade - localização espacial do produto no solo Inibidores do crescimento da parte aérea 3.2) CLOROACETANILIDAS A) Características gerais - controle de gramíneas e folhas largas - controla sementes em germinação e plântulas de gramíneas anuais - PRÉ - absorvidos pelas raízes e parte aérea - não precisa ser incorporado no solo - EUA: contaminação do lençol freático em áreas de grande usoB) Modo de ação - inibição da síntese de proteínas nos meristemas apicais da parte aérea e raízes - paralização do desenvolvimento e divisão celular, aumento de tamanho das células 8 C) Seletividade - pode estar relacionada à taxa de metabolismo da planta 3.3) TIOCARBAMATOS A) Características gerais - incorporação no solo - inibem o crescimento da parte aérea - penetram rapidamente nas raízes - persistência no solo é curta - mais ativo em gramíneas anuais B) Modo de ação - pontos de crescimento da parte aérea, folhas em desenvolvimento - inibem a biossíntese de ácidos graxos, lipídeos e proteínas - sintomas: distorção da 1ª folha e retenção C) Seletividade - dicotiledôneas são mais tolerantes - localização das sementes e do herbicida 4) INIBIDORES DA PROTOX A) Características gerais - absorvidos pelas raízes, caule e folhas de plantas novas - pouca ou nenhuma translocação nas plantas - luz para ativação - muito resistentes à lixiviação - PRÉ: atuação ocorre próxima a superfície do solo B) Modo de ação - inibição de enzima protoporfirinogênio oxidase (PROTOX) 9 - lipídeos e proteínas são atacados e oxidados perda da clorofila, carotenoides, rompimento das membranas, células secam e desintegram-se - em PRÉ: tecidos sofrem necrose - clorose e necrose - doses sublaterais: bronzeamento de folhas mais novas - deriva: pequenas manchas brancas C) Seletividade - pouca, devido ao contato direto com folhas 5) INIBIDORES DA SÍNTESE DE CAROTENOIDES A) Características gerais - perda dos pigmentos das folhas = “albina” - via xilema - em PRÉ: podem danificar culturas vizinhas por deriva - no solo: decomposição por micro-organismos do solo B) Modo de ação - atuam em alguns sítios enzimáticos da rota da síntese dos pigmentos carotenoides - folhagem totalmente branca - crescimento continua, mas sem produção de tecidos fotossintéticos C) Seletividade - depende da cultura 6) INIBIDORES DA SÍNTESE DE LIPÍDEOS (ACCase) A) Características gerais -gramíneas anuais e perenes - doses em PÓS são baixas - penetração via foliar 10 - não é aplicado no solo B) Modo de ação - ACCase → processo de biossíntese de ácidos graxos - crescimento da planta cessa - primeiros sintomas na região meristemática - descoloração, ficam marrons e desintegram-se - folhas novas: clorose e morte - folhas velhas: cor arroxeada ou avermelhada C) Seletividade - dicotiledôneas → sítio de atuação (insensibilidade da ACCase) 7) INIBIDORES DA SÍNTESE DE AMINOÁCIDOS 7.1) IMIDAZOLINONAS A) Características gerais - enzima ALS não ocorre em animais - fotólise rápida quando na água - persistência no solo em função de sua umidade, temperatura e exposição à luz solar - movimento no solo influenciado por propriedades químicas do solo - degradação microbiana alta B) Modo de ação - inibem enzima ALS - paralisa o crescimento e desenvolve clorose internerval e arroxeamento foliar - inibem o crescimento de raízes laterais - folhas largas: meristema apical necrosa e morre C) Seletividade - capacidade das espécies de metabolizar os herbicidas a metabólicos não tóxicos 11 7.2) SULFONILUREIAS A) Características gerais - altos níveis de atividade em baixas doses - excelente eficácia, porém com grande problema de fitotoxicidade - moléculas ativas via foliar e via solo - degradam-se no solo por hidrólise química e degradação microbiana - pouca perda por volatilização - grande variedade de culturas sensíveis (depende da quantidade, pH, solo, umidade e temperatura) B) Modo de ação - inibem enzima ALS - translocados rapidamente para partes de crescimento ativos - plantas morrem por não produzirem os aminoácidos essenciais C) Seletividade - conversão rápida em compostos inativos nas culturas tolerantes 7.3) SULFONANILIDA TRIAZOLOPIRIMIDINAS A) Características gerais - PPI ou PRÉ - PÓS - degradação microbiana B) Modo de ação - semelhante às sulfonilureias e imidazolinonas - aplicação no solo plântulas morrem antes da emergência - absorção pelas raízes, menor intensidade pelas partes aéreas antes da emergência (PPI e PRÉ) 12 C) Seletividade - em função do tempo necessário para absorção e translocação e da taxa de metabolismo dentro da planta 7.4) GLICINA SUBSTITUÍDA A) Características gerais - apenas em PÓS, sem atividade pré → alta sorção no solo - degradação microbiana, oxidação e fotodegradação - não seletivos B) Modo de ação - inibem a síntese dos aminoácidos: fenilalanina, tirosina e triptofano - glifosato é absorvido pela folhagem e partes aéreas - transloca-se rápida e intensivamente - acumula-se nos meristemas, inibe a síntese de proteínas - paralisa o crescimento de tecidos, degradando-os lentamente em função da falta de proteínas - clorose e necrose C) Seletividade -não-seletivos -manejo em SPD, culturas perenes - PÓS 8) OUTROS MECANISMOS ORGANOESTÂNICO - MSMA - para gramíneas e folhas largas anuais - PÓS: dessecantes, absorção foliar 13 LITERATURA CONSULTADA OLIVEIRA JR., R.S. de. Introdução ao controle químico. In: OLIVEIRA JR., R.S. de; CONSTANTIN, J. (Coord.) Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: Agropecuária, 2001. p.187-205. OLIVEIRA JR., R.S. de. Mecanismos de ação de herbicidas. In: OLIVEIRA JR., R.S. de; CONSTANTIN, J. (Coord.) Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: Agropecuária, 2001. p.207- 260.
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