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* Reações adversas às drogas Facimpa 2012 * Remédio ou veneno? * Definição Qualquer resposta não desejada ou não esperada com o uso de uma determinada droga, seja com finalidade terapêutica ou diagnóstica. São fatos frequentes, afetam de 2 a 30% dos pacientes hospitalizados. Incidência aumenta a medida que novos produtos são introduzidos no mercado. * Classificação Reações previsíveis superdosagem ou reação tóxica efeitos colaterais efeitos secundários interação de drogas teratogênese dependência Reações imprevisíveis intolerância idiossincrasia alergia ou hipersensibilidade * Reações causadas por Mecanismos não imunológicos Mecanismos imunológicos Efeitos colaterais intolerância toxicidade Efeitos idiossincrásicos Reações alérgicas * Superdosagem ou reação tóxica toda droga tem uma concentração mínima que produz ação e uma concentração máxima, acima da qual é tóxica. Na posologia isto sempre é considerado. Há situações de erro de dose. Há casos em que o paciente tem incapacidade de metabolizar ou excretar a droga. Neste caso é preciso ajustar a dosagem. Ex: morfina em pacientes com insuficiência hepática. * Efeitos colaterais São efeitos farmacológicos não desejados, porém inerentes ao efeito da droga, mesmo em doses adequadas. Não existe medicamento sem efeito colateral. Ex: antihistamínico sonolência simpaticomiméticos taquicardia aspirina queimação gástrica * Efeitos secundários Efeitos indiretos relacionados à ação farmacológica da droga. Ex: antibióticos desequilíbrio da flora intestinal diarréia * Interação entre drogas Vários mecanismos possíveis Efeitos aditivos ou antagônicos Competição pela ligação com proteínas do plasma Interferência com absorção intestinal Interferência no metabolismo Alterações no equilíbrio hidroeletrolítico Mecanismos desconhecidos * Interação entre drogas - Exemplos Sedativos + alcool depressão do SNC. Corticoesteróides + diuréticos maior perda de potássio. Barbitúricos + corticóides efeito do barbitúrico. Inibidor da MAO + pseudoefedrina da pressão arterial. Probenecid + penicilina meia vida plasmática da penicilina * Interação entre drogas Antiácidos + tetraciclina a absorção de tetraciclina. Fluoconazol + anovulatórios falha na anticoncepção. * Idiossincrasia Reação adversa ao uso de certas drogas por algum defeito enzimático que afete o seu metabolismo. O estudo destes problemas é chamado de Ex: pacientes que tem deficiência da 6-fosfato desidrogenase tem icterícia ao ingerir drogas oxidantes (por ex. antimaláricos) Testes farmacogenéticos: começam a ser disponíveis. Ex: pesquisa de polimorfismo nos gens CYP 2D6 CYP 2C19 (gens associados aos citocromos P 450). farmacogenética * 8 hs 4 hs intervalo terapêutico Níveis tóxicos Metabolizador rápido Metabolizador lento * Intolerância Há pessoas “intolerantes” a certas drogas, mesmo em doses pequenas. Mecanismo é desconhecido. Paciente refere náuseas, dores no peito, cefaléia pulsátil, diarréia, dispnéia, da pressão arterial, etc. * Alergia ou hipersensibilidade São reações que tem mecanismo imunológico. Características clínicas: 1. Aparecem em pequena parcela dos indivíduos que tomam a droga. 2. Há um tempo de latência entre o início do tratamento e o aparecimento da reação – é o tempo necessário para sensibilização do SI - na 1ª exposição de 10-30 dias (resposta imune primária). * Alergia ou hipersensibilidade 3. Uma vez sensibilizado a reação pode acontecer com pequenas doses e em tempo curto (resposta imune secundária) - tempo pode ser de minutos a poucos dias. É frequente a eosinofilia. As manifestações costumam acometer com mais frequência a pele e o sistema respiratório. Porém, qualquer órgão pode ser acometido. * Reação imprevisível idiossincrasia Reação alérgica intolerância Mediada por IgE Não mediada por IgE Ex: reação à aspirina Ex: penicilina Ex: vasculite, plaquetopenia, reação de contato, etc * Drogas como imunógenos A maioria das drogas não é antigênica porque possuem pêso molecular <1000 D. Para serem imunogênicas devem se ligar a uma molécula carreadora (as drogas são “haptenos”) Na maioria dos casos o antígeno não é a droga em si e sim um de seus metabólitos. * Mecanismos de hipersensibilidade As drogas podem causar reações através dos 4 mecanismos de hipersensibilidade (classificação de Gell e Coombs). Uma mesma droga pode desencadear reação pelos 4 mecanismos. Estima-se que as reações alérgicas representem cerca de 5% de todas as reações adversas a drogas. * Reações tipo I Reações do tipo anafiláticas Clínica: desde urticária até choque anafilático. Ex: alergia a penicilina. * Reações tipo II A droga se liga a proteínas na membrana celular (hapteno + molécula carreadora) Exemplo: anemia hemolítica causada pelo ácido mefenâmico. * Reações tipo III Ex: doença do soro. Ex: lúpus induzido por droga hidralazina, procainamida, isoniazida, metildopa e quinidina. Ex: vasculites por drogas. * Reações tipo IV Dermatite de contato por medicamentos. Ex: dermatite de contato por prometazina. * Diagnóstico Identificar todos os medicamentos tomados pelo paciente, o tempo de uso, a via de administração, se já havia feito uso anteriormente. Alergia conhecida a outros medicamentos. Mais frequente em mulheres, em pacientes HIV positivos e em pacientes com processos autoimunes. Reações alérgicas surgem de preferência com o uso intermitente da droga. É pouco provável com drogas de uso há longo tempo. * História clínica detalhada Exame físico e exames laboratoriais mais provável (?) Interação medicamentosa Imunológico Efeito tóxico Idiossincrasia ou intolerância * Diagnóstico O mais importante: suspeitar que um sintoma ou sinal pode ser devido ao uso de medicamentos. A história clínica e a experiência do médico são os principais elementos para o diagnóstico. * Diagnóstico Fatores que o médico deve considerar: Tempo entre o início da reação e o uso da droga Tipo de lesão e sintomas associados Associação com doenças virais Uso de outros medicamentos História de reações anteriores (pessoal ou familiar) * Tempo de aparecimento * Testes diagnósticos Testes cutâneos com drogas: não aplicáveis na maioria dos casos. Estão indicados: Tipo prick ou intradérmico: quando se suspeita de mecanismo tipo I. Testes de contato: são muito úteis para o diagnóstico de dermatite de contato (tipo IV). Teste de provocação: só deve ser feito em casos especiais. * Drogas que mais frequentemente causam reações Antibióticos betalactâmicos Analgésicos e anti-inflamatórios não hormonais Inibidores da enzima de conversão da angiotensina Antibióticos não lactâmicos anticonvulsivantes Relaxantes neuro musculares Contraste para exames radiológicos * Quadros clínicos - Pele Urticária e angioedema Exantemas maculo-papulares Dermatite de contato Fotodermatite Eritema fixo Eritema multiforme Necrólise epidérmica tóxica Eritema nodoso Síndrome de Stevens Johnson DRESS (Rush cutaneo + eosinoflia + sintomas sistêmicos relacionados à droga) * Quadros clínicos – Sistêmicos Doença do soro Febre induzida por droga Ex: antibióticos (penicilina) Hepatite aguda por medicamentos Ex: fenotiazida, sulfa, halotano, fenitoína Neutropenia – plaquetopenia - aplasia medular Vasculites Pneumonite alveolar ou intersticial Ex: nitrofurantoína Meningite asseptica por medicamentos Ex: AINH, contraste radioiodado * * * * * * * Tratamento Suspender a droga. Substituir por outra droga de um grupo farmacológico distinto (para evitar reações cruzadas). Dependendo dos sintomas, pode-se indicar: Antihistamínicos corticoesteróides * Reações a antibióticos Penicilina e derivados: acontece em até 10% dos tratamentos. Antígeno: anel -lactâmico. Exantema em crianças com quadro viral + amoxacilina: causada pelo vírus ou pela amoxacilina? Sulfas: ocorre em 2-4% dos pacientes tratados. Sulfas: em 29-65% dos pacientes com HIV-AIDS. * Reações aos AINH Aspirina e outros (AINH): diclofenaco, piroxicam, ibuprofeno, dipirona, ácido mefenâmico, etc. Mais característico: urticária e angioedema. Pode causar: asma e rinite. Até 30% dos asmáticos são sensíveis ao AAS. Tríade de Santer: pólipos nasais, asma e alergia ao AAS. * Reações aos AINH Piroxicam: reação fototóxica. Outras reações: nefrite, vasculite, plaquetopenia Quando aconteceu reação: recomenda-se evitar todos os AINH. Como analgésico substituir por paracetamol ou analgésicos opióides. * Reações foto-alérgicas Reação cutânea tipo exantema desencadeada pela exposição à luz solar. A radiação altera a droga (ou seu metabólito) tornando-a imunogênica. Drogas: sulfonamidas, sulfoniluréia, piroxicam, clorpromazina, furosemida, isoniazida, naproxeno e amiodarona. * Reações pseudo-alérgicas Pode ocorrer com a 1ª exposição à droga. Acontece liberação de histamina pelos mastócitos por um mecanismo não-IgE. Ex: reações por contrastes iodados devido à ativação do complemento e/ou alterações osmóticas que degranulam o mastócito. * Reações pseudo-alérgicas Reações similares a uma reação alérgica, porém não é iniciada pela ligação da droga com um anticorpo Apresentam o fenômeno da “primeira dose” Exemplos: Reação anafilactóide após contraste iodado Asma induzida por aspirina Urticária por opióides “flushing” durante infusão de vancomicina
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