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Serviço Público Federal Ministério da educação Universidade Federal de Sergipe Campus Universitário “Professor Antônio Garcia Filho” Graduação em Medicina Sanni Silvino Parente Resumo problema 08 : O DRAMA DE RICARDO Descrever a anatomia dos membros inferiores. Os MMII são extensões do tronco responsáveis pela sustentação do peso do corpo, locomoção e manutenção do equilíbrio. Dividido em seis regiões principais : Glútea: inclui as nádegas e a região do quadril. O volume dessa região se deve aos músculos glúteos que recobrem o cíngulo do membro inferior. Coxa: é a parte do mmii livre situada entre a região glútea, abdominal e perineal. A transição do tronco para o membro inferior é abrupta na virilha. Os limites são o ligamento inguinal, o ramo isquiopúbico do osso do quadril e o sulco infraglúteo. Joelho: inclui os côndilos do fêmur, cabeça da fíbula e patela. A região genicular posterior é uma cavidade bem definida, cheia de gordura, denominada fossa poplítea. Crural: maior parte da tíbia e fíbula. Tarso: também denominada região talocrural, inclui os maléolos. Pé: tarso, metatarso e falanges. Ossos dos MMII : O cíngulo do membro inferior é um anel ósseo formado pelo sacro e pelos ossos do quadril direito e esquerdo unidos anteriormente pela sínfise púbica. O sacro é comum ao cíngulo do membro inferior e ao esqueleto axial. Tem como principais funções proteção e suporte. Para sustentar melhor a postura bípede, ereta, os fêmures são oblíquos, de modo que, de pé, o joelho fica posicionado adjacente e diretamente inferior ao tronco, reposicionando o centro de gravidade nas linhas verticais das pernas e pés. Os fêmures femininos são um pouco mais oblíquos que o masculino em virtude da maior largura do quadril. O peso do corpo é transferido da articulação do joelho para a articulação talocrural pela tíbia. A fíbul não se articula com o fêmur e não sustenta e nem transfere o peso, mas permite a fixação muscular. No tornozelo, o peso sustentado é transferido para o tálus. As estruturas que formam a coxa são delimitadas pela fáscia lata que, juntamente com três septos intermusculares (sendo o lateral o mais forte), delimitam 3 áreas: Região antero-lateral: contém os músculos tensor da fascia lata (l4-s1 – nervo glúteo superior); sartorio (l4-l3 – nervo femoral); Quadríceps (reto anterior + vasto L, A – l2-l4 – nervo femoral). Região posterior: Bíceps femoral (l5-s2 – n isquiático); semitendíneo (l5-s2 – n isquiático); semimembranáceo (l5-s2 – n isquiático). Por outro lado, na perna, a fáscia muscular da perna ou fáscia crural juntamente com a membrana Interóssea delimitam 3 compartimentos: Compartimento anterior: contém os músculos tibial anterior (l4-s1 – nervo fibular profundo); extensor longo dos dedos (l4-s1 – nervo fibular profundo); extensor longo do hálux (l4- s1 – nervo fibular pprofundo). Compartimento lateral: fibular longo (l4-s1 – n fibular superficial); fibular curto (l4-s1 – n fibular superficial). Compartimento posterior: dividido em: o Camada superficial: gastrocnemio medial (s1-s2 – n tibial); gastrocinemio lateral (s1-s2 – n tibial); sólio (l5-s1 – n tibial); plantar delgado (l4-s1 – n tibial). o Camada profunda: poplitio (l4- s1 – n tibial); flexor longo dos dedos (l4-s1 – n tibial); flexor longo do hálux (l4-s1 – n tibial); tibial posterior (l4-s1 – n tibial). Quanto a vascularização, A artéria ilíaca externa, proveniente da artéria ilíaca comum, origina a artéria femoral e adiante a poplitia. A partir daí há uma divisão em tibial anterior e posterior. A tibial posterior segue como fibular e mais a frente anostomosa-se com a artéria dorsal do pé – proveniente da tibial anterior – para formar a plantar lateral e plantar medial. A partir da artéria dorsal do pé, tem-se a arqueada, a metalatarsal dorsal e a distal dorsal. ESTUDAR A DOR DO MEMBRO FANTASMA Fenômeno fantasma: Sensação da presença do membro funcionante, de pontada, de dormência, queimor e cãimbra. Manifesta- se após a amputação ou nas semanas seguintes, regredindo meses ou anos depois. A dor do membro fantasma, é neuropática, ocorre em 0,4% a 88% dos indivíduos que sofrem a amputação. Sua intensidade e duração variam. Os mecanismos ainda não foram elucidados, sendo a dor associada a transtornos psicológicos e mecanismos periféricos. Entretanto, a ressecção dos neuromas e rizotomias espinais não controlam a dor em muitos casos. PARTICIPAÇÃO DE MECANISMOS PERIFÉRICOS A ocorrência de manifestações neurovegetativas como vasoconstrição, sudorese excessiva na região do coto e piora da dor quando há hiperatividade visceral (micção, defecação). Colaboram para essa teoria argumentos que a dor se agrava quando há formação de neuroma, abcesso e tecido cicatrical na região do coto, quando ocorre irritação mecânica, química e elétrica do coto e haver redução do desconforto após bloqueio anestésico. Ao nível molecular, os axônios que atrevessam os neuromas cotem um acumulo de canais de sódio e moléculas associadas, como a aniquirina C e a contractina, o que aumenta a expressão dos canais funcionais na mambrana axonal. Contrariando essa teoria, sabe-se que a rizotomia não alivia a dor e essa não guarda relação com a distribuição dermatomérica dos nervos seccionados e ocorrer com maior frequência antes dos 6 anos. TEORIA CENTRAL Defende que a dor seja devida a distúrbios do mecanismo supressor nociceptivo segmentar. Sustenta essa teoria o fato de a dor ser indefinida, de as zonas de gatilho de dispersarem para outras regiões do corpo e o fato de a dor ser abolida por estímulos discriminativos ao SNC e SNP. Estudos indicam que o traumatismo da amputação gera hiperatividade anormal dos circuitos neurais auto-exitatórios do CPME, resultando em surtos de potenciais de ação conduzidos ao encéfalo. Essa atividade pode se difundir para as regiões cinzenta anterior e lateral da medula espinhal, justificando os fenômenos motores e neurovegetativos. Esses fenômenos secundários podem originar ciclos viciosos auto-alimentadores segmentares, que sofrem a influencia de vias suprasegmentares, justificando a modificação da expressão da dor frente a mudanças no estado emocional (alterações plásticas nos córtices sensorial e motor primário). Quando a atividade segmentar torna-se independente, a retirada desses focos periféricos de geração de pulso bloqueia a dor. A reorganização cortical após a deaferentação envolve neurônios GABAergicos, redução da expressão de receptores opioides e aumento da facilitação induzida por inflamação dos receptores NMDA. A formação reticular exerce atividade inibitória tônica nos circuitos neuronais nociceptivos segmentares, logo, a ausência de estímulos sensitivos, que ocorre após a amputação, reduz essa inibição tônica e possibilita a ocorrência de atividade auto- alimentadora. Entretanto, nenhuma das teorias explicam o inicio imediato da dor e a melhora que pode ocorrer com a cordotomia. TEORIAS PSICOGÊNICAS Existem conflitos gerados pela mutilação e pela incapacidade, mais comuns em doentes que apresentam ansiedade e distúrbios do ajustamento social. Os doentes geralmente não aceitam a mutilação e esse fato é a base de ocorrência de alucinações. A dor seriaa manifestação de um sonho e o desejo da preservação da integridade corporal. Essa teoria de origem estritamente psicogênica não é sustentada pois a dor pode ser aliviada por bloqueio nervoso e não ocorre com mais frequência em doentes neuróticos. PROFILAXIA Manutenção dos doentes em ambiente adequado, uso de próteses e retorno rápido as atividades profissionais. Amputação realizada com bloqueio peridural também parece reduzir a frequência. TRATAMENTO o Invasivo Bloqueio anestésico repetitivo; Estimulação nociceptiva do coto; Bloqueio do coto com US; Simpatectomia; Neurotomia; Rizotomia; Exérese de neuromas; Cordotomia anterolateral; Talamotomia; Mesencefalotomia; Estimulação transcutanea o Clinico: Analgésicos narcóticos; Anti-inflamatorios; Propranolol; Carbamazepina; Psicotrópicos. CONHECER A SÍNDROME COMPARTIMENTAL DEFINIÇÃO E ETIOLOGIA Aumento da pressão intersticial sobre a pressão de perfusão capilar dentro de um compartimento osteofascial fechado, podendo comprometer vasos, músculos e terminações nervosas provocando dano tecidual. Os compartimentos mais afetados são aqueles que possuem uma menor capacidade elástica de ossos e fascia. Descrita pela primeira vez em 1872 com contraturas dos músculos do antebraço em reduções fechadas de fraturas de cotovelos, resultantes de necrose e isquemia muscular. Em torno de 45% dos casos de SC é causado por fraturas dos ossos da perna. Outras causas incluem lesões vasculares, traumatismos por esmagamento e lesões por overuse. Nos membros inferiores, o músculos do compartimento anterior são os mais acometidos. Nos membros superiores, ocorre mais no antebraço por trauma musculoesquelético e vascular. QUADRO CLÍNICO As manifestações clínicas podem se apresentar de 4 a 6 horas após uma fratura ou em forma mais tardia, depois de 48-96 horas. Inicialmente, dor importante e edema estão presentes. Sendo a dor o achado clínico mais importante, apresenta-se pulsante, profunda e não cede com a medicação analgésica. O edema é evidente, brilhante, duro e quente. As manifestações tardias incluem ausência de pulsos distais, parestesias de extremidades e hipoestesias. A parestesia reflete primeiramente o sofrimento nervoso. Outras manifestações como palidez e paralisia também podem estar presentes. A paralisia mostra acometimento da placa neuromuscular e ausência de resposta a estimulação dolorosa. A palidez reflete um sinal de perfusão capilar reduzida. A pressão é maior que 30-40 mmHf=g quando quantificada pelo método de infusão contínua, na qual a pressão deveria estar entre -0-10mmHg. DIAGNOSTICO É clínico, entretanto existem métodos de monitorizar a pressão intracompartimental, dentre eles: técnica de Whitesides, Stryker, cateter de Wick, cateter de Slit. Laboratorialmente, ode ter um aumento da creatina-quinase (CK) num valor de 1000- 5000/mL demostrando uma mioglobinuria que pode sugerir o diagnóstico. É muito importante saber como se deu o acidente para entender a evolução para SC. PATOGENIA O fator desencadeante é quase sempre o edema, que é proporcional ao dano tecidual. Quando existe fratura associada, o hematoma exacerba o volume e a pressão dentro do compartimento. Após seis horas, as lesões podem ser reversíveis ou não e após oito horas ela são irreversíveis. A pressão que leva ao dano tecidual varia entre indivíduos. A isquemia em tecidos saudáveis é induzida quando a pressão intracompartimental atinge 10mmHg abaixo da diastólica e em tecidos lesados, 20mmHg. Com a necrose dos miócitos decorrentes da isquemia, as proteínas miofibrilares decompõem-se em proteínas ativas que atraem água do sangue arterial para dentro do compartimento. Um pequeno aumento da osmolaridade das partículas em u compartimento fechado, atrai fluido suficiente para aumentar ainda mas a pressão. Sendo assim, a redução do fluxo sanguíneo com consequente necrose muscular pela falta de oxigênio é resultante do aumento da permeabilidade às proteínas plasmáticas da membrana capilar no músculo. Tem-se uma perdaa de colóides para o espaço extracelular, aumento da pressão tecidual e venosa e oclusão dos capilares. Essa hipóxia gera um metabolismo anaeróbico com produção excessiva de ácido lático e consequentes alterações enzimáticas. Quando a pressão linfátia excede 30mmHg ocorre um colapso do sistema linfático deixando os músculos sem essa drenagem. TRATAMENTO É cirúrgico, através da fasciotomia, que libera os músculos com a abertura da fáscia no compartimento acometido, descomprimindo-o. Também pode ser realizada umas fasciectomia, que é a retirada da fáscia. Deve-se fazer uma dermotomia sempre que for feita a fasciotomia, pois a pele pode atuar como um torniquete impedindo a expansão dos tecidos. A conduta pós-operatória é a prevenção das complicações, como a manutenção do membro ao nível do coração, indica-se a posição neutra. Atentar aos sinais vitais, principalmente a avaliação da pressão. ESTUDAR LESÕES VASCULARES TRAUMÁTICAS NOS MEMBROS INFERIORES É grande o numero de lesões neurais e venosas que acompanham as lesões arteriais. As lesões osseas, quando presentes, constituem um fator agravante e contribuem para maior morbidade da lesão tecidual. INCIDÊNCIA Nas últimas décadas, a incidência dos ferimentos vasculares aumentou proporcionalmente ao número de acidentes automobilísticos, assaltos com arma de fogo e procedimentos médicos invasivos. As artérias mais frequentemente lesadas são a femoral superior (por ser longa e pouco protegida, na face interna da coxa) e a braquial. Os índices de mortalidade e morbidade são baixos. Entretanto, quando se trata da artéria poplítea, a morbidade relacionada a amputação cresce bastante, visto que se trata de um vaso terminal, sem muita circulação colateral e por ser frequente lesões ósseas concomitantes. No meio urbano, é comum em casos de acidentes de moto, lesões dessa artéria em casos de fratura do platô tibial. Em crianças, a maior incidência das lesões arteriais se encontra em traumas fechados. TIPOS DE LESÃO QUANTO AO MECANISMO 1. Trauma fechado : lesões associadas a fraturas e luxações, estiramento e torção, desaceleração e impacto direto. Algumas lesões ortopédicas são associadas com o risco elevado de lesão vascular (fratura do terço distal do fêmur, luxação do joelho, fratura do planalto da tíbia, fratura do terco distal do úmero, luxação do cotovelo, fraturas da primeira costela e fraturas do esterno). 2. Ferimentos penetrantes: A associação entre o calibre e a velocidade do projetil determina a energia cinética envolvida no trauma e o potencial lesivo da mesma. O efeito cavitacional temporário é a retração tecidual a partir do ponto de impacto de um objeto em movimento, essa cavitação explica lesões vasculares próximas a um ferimento sem seu impacto direto. 3. Ferimentos iatrogênicos: Devido a utilização de técnicas diagnósticas e terapêuticas invasivas. Ocorre com maior manipulação dos vasos, como nos cateterismos vasculares. Os principais fatores de risco são sexo feminino (menor calibre das artérias), aterosclerose, numero de punções e de troca de cateter, diâmetro dos cateteres, duraçãodo procedimento e compressão inadequada do sitio de punção. TIPOS DE LESÃO VASCULAR QUANTO À ANATOMIA 1. Lesão parcial da artéria: sangramento intenso e manutenção do fluxo distal; 2. Secção completa: sangramento não exuberante, isquemia distal.; 3. Ferimento contuso: isquemia distal por oclusão; 4. Pseudoaneurisma: hematoma tenso, pulsátil, expansivo e frequentemente não há sinais de isquemia; 5. Fistula arteriovenosa: hematoma; 6. Lesões puntiformes;
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