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APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 1 @emilly.lorenaa APG 4 - Ossos do orifício e uma luz no fim do túnel 1) REVISAR A MORFOFISIOLOGIA DAS ARTICULAÇÃO DO OMBRO E DA INERVAÇÃO E TENDÕES DA MÃO COM ÊNFASE EM TÚNEL DO CARPO ARTICULAÇÃO DO OMBRO O corpo humano possui 2 cíngulos dos membros superiores que prendem os ossos dos membros superiores ao esqueleto axial. Cada um dos dois cíngulos dos MMSS consiste em uma clavícula e uma escápula. A clavícula é o osso anterior e se articula com o manúbrio do esterno na articulação esternoclavicular. A escápula se articula com a clavícula na articulação acromioclavicular e com o úmero na articulação do ombro. Os cíngulos dos membros superiores não se articulam com a coluna vertebral e são mantidos em posição e estabilizados por um grupo de grandes músculos que se estendem da coluna vertebral e das costelas à escápula. O complexo articular do ombro é composto por 5 articulações, sendo a principal a glenoumeral, a mais móvel. Art. Glenoumeral: é sinovial do tipo esferoíde, que permite uma grande amplitude de movimentos, porém é menos estável do que as outras. É formada pela cabeça do úmero e a cavidade glenoidal da escápula, que acomoda apenas cerca de 1/3 da cabeça do úmero. É super móvel, a mais móvel do corpo humano. A articulação do ombro possibilita flexão, extensão, hiperextensão, abdução, adução, rotação medial, rotação lateral e circundução do braço. Os ligamentos glenoumerais, transverso umeral e coracoumeral fazem parte da membrana fibrosa que circunda a articulação e reforçam a cápsula anterior. O arco coracoacromial é uma estrutura muito importante que contém o ligamento coracoacromial, que impede o deslocamento superior da cabeça do úmero. Além dos ligamentos e da cápsula articular, alguns músculos são responsáveis por manter essas estruturas unidas: o músculo supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular, que juntos formam o manguito rotador. A maior parte da estabilidade da articulação do ombro é conferida pela disposição dos músculos do manguito rotador. Art. Esternoclavicular: é o único ponto de transmissão de choques do membro superior para o esqueleto axial. É sinovial do tipo selar e dividida em dois compartimentos por um DISCO ARTICULAR (maior durabilidade dessa articulação). Esse disco está fixado aos ligamentos esternoclaviculares anterior e posterior e ao ligamento interclavicular. O ligamento interclavicular se estende de uma clavícula a outra, na extremidade esternal superior, o que torna a articulação muito forte. Art. Acromioclavicular: também é sinovial, plana, formada pela extremidade acromial da clavícula e o acrômio da escápula. A membrana fibrosa reveste a cápsula articular; internamente, é revestida pela membrana sinovial. Essa articulação é reforçada pelo ligamento acromioclavicular, ligamento coracoacromial e pelo ligamento coracoclavicular, que é composto pelo ligamento conoide e trapezoide. Art. Escapulotorácica: não possui uma classificação própria! Anatomicamente = falsa / biomecânica = muito importante! Ela tem entre as superfícies ósseas da escápula e da caixa torácica, um músculo subescapular (que fixa a escápula nas costelas), que não compõe nenhuma classificação de articulações. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 2 @emilly.lorenaa Ela define a saúde da articulação glenoumeral. É uma articulação funcional, não é sinovial. É diartrose = permite movimentos amplos, e em várias direções = multiaxial. Art. Subacromial: não possui uma classificação própria! É um espaço abaixo do acrômio. Representa 90% de todas as lesões que acontecem no ombro. É uma articulação funcional. É diartrose = permite movimentos amplos (menos que as outras, 10º). MÃO A mão é a parte mais distal do es- queleto apendicular superior, formada pelo carpo, metacarpo e falanges, é uma região muito rica em terminações nervosas sensitivas (tato, dor e temperatura). CARPO São 8 ossos do carpo, dispostos em duas fileiras, que deslizam entre si, ampliando os movimentos da articulação do punho. Na fileira proximal, de lateral para medial encontram-se: Escafoide: que apresenta o tubérculo do escafoide; Semilunar: que possui uma forma de lua; Piramidal: osso em forma de pirâmide; Pisiforme: situado na face palmar do piramidal. Na fileira distal do carpo, também de lateral para medial, encontramos: Trapézio: que tem quatro faces; Trapezoide: um osso cuneiforme; Capitato: o maior osso carpal; Hamato: também de formato cuneiforme, que apresenta uma proeminência em gancho na porção anterior, o hámulo do hamato. METACARPO O metacarpo é constituído por 5 ossos, formando o esqueleto da palma da mão. Esses ossos têm uma base, que se relaciona com os ossos carpais, um corpo e uma cabeça, que se articula com as falanges proximais. FALANGES Cada dedo possui três falanges, a proximal, a média e distal, com exceção do primeiro quirodáctilo, que possui apenas a falange proximal e a distal. As falanges, assim como os metacarpos, possuem uma base proximal, um corpo e uma cabeça distal; as proximais são maiores e as terminais, achatadas nas extremidades sob os leitos ungueais. As raízes (ramos anteriores) dos nervos espinais C5-C8 e T1 formam o plexo braquial, que se estende inferior e lateralmente em ambos os lados das últimas quatro vértebras cervicais e da 1ª vértebra torácica. Ele passa acima da 1ª costela, posteriormente à clavícula, e então entra na axila. Esse plexo fornece quase toda a inervação dos ombros e dos MMSS e 5 grandes ramos terminais se originam do plexo braquial: 1) O nervo axilar supre os músculos deltoide e redondo menor; 2) O nervo musculocutâneo inerva os músculos anteriores do braço; 3) O nervo radial supre os músculos da região posterior do braço e do antebraço; 4) O nervo mediano inerva a maioria dos músculos da região antebraquial anterior e alguns músculos da mão; 5) O nervo ulnar supre os músculos anteromediais do antebraço e a maioria dos músculos da mão. O espaço côncavo anterior formado pelo pisiforme e hamato (no lado ulnar) e escafoide e trapézio (no lado radial), com a cobertura superior do retináculo dos músculos flexores (fortes feixes fibrosos de tecido conjuntivo), consiste no túnel do carpo. Os longos tendões dos flexores dos dedos e do polegar, além do nervo mediano, passam pelo túnel do carpo. Então, o túnel do carpo é uma passagem por onde o nervo mediano corre junto com tendões dos músculos flexor longo do polegar, flexor superficial dos dedos e flexor profundo dos dedos, que vão para os dedos desde o antebraço até a palma da mão. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 3 @emilly.lorenaa 2) DEFINIR A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR E SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO SÍNDROME DO MANGUITO ROTADOR A dor no ombro constitui a 2ª maior queixa que leva os pacientes a procurar um consultório ortopédico, perdendo apenas para a dor lombar. Dentre as causas de dor no ombro, a maioria é referente às patologias do manguito rotador (MR), destacando-se as roturas dessa estrutura musculotendínea. A rotura do MR tem incidência variável na população, em estudos anatômicos apenas 6% de cadáveres com <60 anos apresentaram lesões nos ombros, enquanto aqueles com mais idade apresentam lesões em 30%. A rotura parcial é mais frequente em indivíduos jovens e acompleta, em idosos, por causa do caráter degenerativo. Como já visto anteriormente, o MR é formado pela confluência dos tendões dos músculos supraespinhal (SE), infraespinhal (IE), redondo menor (RME) e subescapular (SUB). Ele abraça 2/3 da cabeça do úmero como se fosse uma coifa e, além de reforçar a cápsula articular a ele aderente, mantém, dinamicamente, a cabeça do úmero aposta à rasa cavidade glenoide. Não há consenso entre os autores a respeito das causas das patologias do manguito rotador, mas destaca-se: Trauma: o paciente refere que caiu sobre o membro afetado, que sofreu uma luxação glenoumeral traumática, que um estiramento abrupto aconteceu enquanto realizava alguma atividade com os membros elevados, entre outras causas. É preciso estar atento aos casos de ruptura do MR associada a luxação glenoumeral traumática, especialmente em paciente >40anos. Hipovascularização na inserção músculo supraespinhal; Impacto subacromial primário. As roturas do MR podem ser classificadas quanto a: DURAÇÃO E ETIOLOGIA: Roturas agudas ou traumáticas: decorrentes de um evento traumático bem estabelecido. Roturas crônicas ou degenerativas: paciente com longo período de evolução dos sintomas. Extensão aguda de uma rotura crônica: quando um trauma ocorre num ombro já previamente sintomático, com piora clínica. ESPESSURA: ROTURA PARCIAL: ocorre a rotura sem o comprometimento de toda do tendão e sem comunicação do espaço articular com o subacromial. Pode ser subdividida em: Articular: quando ocorre na superfície inferior do tendão, face articular; (é a + comum) Bursal: superfície superior, face bursal; Intrassubstancial. (+ rara) ROTURA COMPLETA: ocorre a rotura de toda a espessura do tendão com a comunicação do espaço articular com o subacromial. EXTENSÃO: Pequena (< 1 cm); Média (< 3 cm); Grande (< 5 cm) Extensa (> 5 cm) = geralmente 2 ou + tendões estão rotos. FORMATO DA LESÃO: Os formatos são classificados em “V”, “U”, “C” ou “L”. FISIOPATOLOGIA Pode-se agrupar as lesões do MR conforme o fator desencadeante: Extrínseco = impacto mecânico, defendido por Neer, em que é enfatizado a importância dos fatores extrínsecos como as principais causas das roturas do MR, sendo representados pela: MORFOLOGIA DO DESFILADEIRO DO SUPRAESPINAL: para realizar o movimento de elevação do braço, a cabeça do úmero, os tendões que nela se inserem e as bolsas serosas que a envolvem, deve deslizar harmonicamente sob o arco coracoacromial (acrômio e ligamento coacromial) e sob a articulação acromioclavicular, que formam um verdadeiro teto para o úmero. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 4 @emilly.lorenaa O contorno e o diâmetro vertical do desfiladeiro dependem do formato e da inclinação do acrômio e do formato da superfície inferior da articulação acromioclavicular. Acrômios tipos II e III e ângulos de inclinação mais agudos diminuem a luz do desfiladeiro. O os acromiale, que é a ausência de fusão entre os núcleos de ossificação do acrômio, também pode ser causa do impacto subacromial. EXCESSO DE USO DO MEMBRO SUPERIOR: O uso forçado das articulações e dos músculos costuma provocar alterações fisiológicas e estruturais que o próprio organismo tem condições de corrigir, se houver tempo e repouso suficientes. Várias causas são invocadas para explicar os distúrbios musculares decorrentes da sobrecarga funcional: Lesões inflamatórias por perturbação do metabolismo do cálcio muscular; Alterações por hipóxia; Acúmulo de ácido láctico; Sobrecarga das fibras musculares do tipo 1 ou alteração do padrão de estimulação gama do músculo. O resultado final será perturbação da força e do sincronismo musculares e, consequentemente, falência dos mecanismos motores e estabilizadores dinâmicos do ombro. Outro fator importante é o estiramento excessivo do MR, dos ligamentos e da cápsula articular aos esforços exagerados e prolongados, que provoca deformações plásticas irreversíveis e lesões estruturais microtraumáticas (microrroturas). Isso pode ocorrer nos ombros de esportistas de alto nível (nadadores, ginastas, tenistas e atletas arremessadores em geral) e principalmente de esportistas amadores, quase sempre menos preparados fisicamente e que costumam não respeitar suas limitações. Intrínseco = hipovascularização tendínea, defendida por Uhthoff e colaboradores, é referente ao envelhecimento biológico d tendão e a características vasculares locais. ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO DOS TENDÕES: é outro aspecto importante p/ as roturas do MR, uma vez que provoca alterações morfológicas e bioquímicas nos tendões caracterizadas pela diminuição dos tenoblastos, adelgaçamento dos tenócitos e diminuição das organelas citoplasmáticas, além de alteração da matriz colágena, diminuição dos mucopolissacarídeos e do teor aquoso. VASCULARIZAÇÃO DO MR: autores demonstraram que, quando o braço está em abdução, os vasos do tendão do SE, da superior do tendão do tendão do IE e da CLB estão livres e cheio de sangue , enquanto, com o braço ao lado do corpo , quando os referidos tendões, além de tracionados, ficam comprimidos contra a cabeça do úmero, há neles uma área, centrada no SE e junto ao tubérculo maior, de constante hipovascularidade, onde acontece a degeneração tendínea. Ainda existe controvérsia sobre a patogênese da rotura do MR, e acredita-se que tanto fatores intrínsecos como extrínsecos são responsáveis para que ela ocorra. Tanto em idosos como em esportistas, a maioria delas se inicia pela superfície articular e parecem ser primariamente de origem degenerativa. Estudos demonstraram que a zona crítica de menor vascularização ocorre predominantemente na superfície articular, sendo a superfície bursal mais bem irrigada De acordo com Neer, em seu estudo sobre a síndrome do impacto (SI), a lesão dos tendões que recobrem a cabeça umeral é de caráter evolutivo, passando por 3 estágios: ESTÁGIO 1: é mais comum em jovens devido ao excesso do uso do MMSS no esporte ou trabalho, mas pode acometer pacientes em qualquer idade, há hemorragia na área do impacto seguida de processo inflamatório e edema local. Nessa fase, o processo pode ser reversível se interrompida a atividade que o desencadeia e instituído tratamento eficiente (anti-inflamatório e fisioterapia); ESTÁGIO 2: é mais frequente em pacientes entre 25 e 40 anos de idade, ocorre FIBROSE do tendão que se forma a partir do processo inflamatório e edematoso persistente, como consequência da repetição, por maior tempo, dos microtraumatismos. O tendão do SE fica espessado, assim como as paredes da bolsa serosa subacromial e APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 5 @emilly.lorenaa eventualmente também o tendão da cabeça longa do bíceps (CLB). ESTÁGIO 3: Ruptura completa do manguito com alterações ósseas típicas ao raio X simples (esclerose óssea, cistos subcondrais, osteófitos na porção anterior e na articulação acromioclavicular e contato da cabeça do úmero com o acrômio, nos casos de ruptura maciça). Começa a partir dos 45-50 anos e é caracterizado pelas roturas tendíneas e suas consequências. A rotura se inicia, no tendão do SE, a partir da “área crítica”, podendo progredir para os demais tendões. A lesão inicia, em geral, no tendão supraespinal, nas porções articular e profunda, e progride da parte profunda para a superficial e de anterior para posterior, atingindo o músculo infraespinhal. A capacidade de manter a estabilidade glenoumeral é perdida, e ocorre a migração anterior e superior da cabeça umeral. A partir desse momento, o tendão longodo bíceps passa a exercer função estabilizadora da cabeça umeral, tornando- se, aos poucos, espessado e alargado. Com a progressão da lesão, o tendão do subescapular é acometido, assim como o ligamento transverso do úmero, causando luxação medial da porção longa do bíceps, gerando maior instabilidade e progredindo para degeneração articular, denominada cuf tear arthropathy (artrose glenoumeral associada à lesão irreparável do manguito). Uma vez que ocorre a ruptura do tendão, este retrai e, aos poucos, acontece a substituição das fibras musculares por gordura (lipossubstituição ou infiltração gordurosa). Diversos estudos demonstram que, uma vez que ocorre a lipossubstituição e que o padrão anatômico das fibras musculares se altera, o processo é irreversível , mesmo após o reparo da lesão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO QUADRO CLÍNICO: DOR: é proporcional ao grau de inflamação e necrose do músculo e não ao tamanho da ruptura. A dor é melhor suportada de dia, uma vez que o braço em leve e abdução e flexão anterior e a ação da gravidade mantém certa “tração” sobre o membro superior, diminuindo o impacto do manguito rotador contra o arco coracoacromial. Durante o sono, essa posição do braço não é possível, e a dor pelo estiramento do músculo inflamado ou rompido se instala. A dor pode ser espontânea e aumentar com os movimentos. Costuma ser mais intensa no músculo íntegro ou com ruptura parcial. Quando a ruptura se completa, ocorre o relaxamento das fibras do supraespinal, promovendo a diminuição do quadro doloroso. Ela é localizada ao redor do ombro, mas pode irradiar-se até a região escapular (origem dos músculos supra e infraespinais) e o cotovelo (representação pelos dermátomos) CREPITAÇÃO: é observada através da palpação com dois dedos colocados imediatamente à frente do acrômio e mostra as partes moles raspando contra a superfície inferior do acrômio. Pode estar presentes nas fases 2 e 3 de Neer. FORÇA MUSCULAR: as forças de abdução e rotação externa tendem a estar diminuídas nas lesões totais. Nas lesões parciais e mesmo nas totais pequenas, a força pode estar normal. CONTRATURA (CAPSULITE ADESIVA): 14% dos casos e deve-se ao processo inflamatório que se instala na cápsula articular e à imobilidade do membro superior determinada pela dor. TENDINITE OU RUPTURA DA CEBAÇA LONGA DO BÍCEPS. Na anamnese, interroga-se sobre a atividade profissional, prática esportiva ou recreacional, tempo de sintomatologia, padrão da dor e limitação funcional. Determinar a existência de trauma ou não, o tempo de evolução, a presença de dor aos movimentos e à noite, a intermitência do quadro doloroso, os tratamentos instituídos, dentre outros sinais. O exame físico se inicia com a inspeção estática, onde possível atrofias musculares podem ser detectadas, especialmente do SE e do IE nas roturas crônicas. Na inspeção dinâmica, é importante observar tanto a amplitude de movimento como o movimento escapulotorácico. O arco de movimento pode estar diminuído globalmente, quando estiver presente o componente doloroso (síndrome do impacto) ou existir capsulite adesiva secundária. Alterações geram desequilíbrios biomecânicos no ombro, propiciando sobrecarga aos músculos do MR e eventualmente desencadeando roturas secundárias. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 6 @emilly.lorenaa Alguns testes específicos podem apresentar positividade variável, como os testes de impacto de Neer, Hawkins-Kennedy e Yocum, em decorrência da presença ou não do fator extrínseco que pode estar presente na patogenia da doença. Para avaliação do SE, utilizam-se o teste de Jobe e o teste do supraespinhal; Para o IE, os testes de Patte, do infraespinal e o da cancela; Para avaliação do SUB são empregados o teste de Gerber, o teste do subescapular (abdominal press test)1 e o bear hug test. AVALIAÇÃO POR IMAGEM: EXAME RADIOGRÁFICO: avalia sinais sugestivos de impacto e rotura do MR (esclerose, cistos e irregularidades no tubérculo maior, esclerose e presença de osteófito no acrômio). O formato e a espessura do acrômio, a presença de os acromiale e de artrose acromioclavicular também podem ser avaliados. EXAME DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: é o exame de escolha para avaliação de possível rotura do MR, já que tem altos índices de especificidade e sensibilidade. Com sua análise, é possível mensurar a lesão (espessura, retração, número de tendões acometidos) e obter informações sobre a qualidade dos ventres musculares do MR (presença de infiltração gordurosa). Tem como vantagem adicional avaliar possíveis lesões associadas intra-articulares (SLAP, lesões labiais). EXAME DE ULTRASSONOGRAFIA: Embora apresente especificidade e sensibilidade comparáveis à RM, a ultrassonografia (US) tem como desvantagens ser operador-dependente e não poder avaliar as patologias intra-articulares concomitantes. Como vantagem, tem menor custo e melhor aceitação pelo paciente. TRATAMENTO O tratamento das roturas do MR depende da sua espessura (parcial ou completa), do seu tamanho (extensão), da idade e do tipo de atividade do paciente, não esquecendo que pendências trabalhistas podem interferir no resultado final. TRATAMENTO CONSERVADOR: é indicado nas roturas parciais e nas roturas completas em pacientes com baixa demanda funcional ou sem condições clinicas para realização da cirurgia. Tem como objetivos combater a dor, restabelecer a amplitude de movimentos e fortalecer a musculatura estabilizadora e depressora da cabeça do úmero; consiste em: Retirada dos fatores de risco causadores da rotura; Analgesia e medidas anti-inflamatórias: uso de analgésicos simples ou opioides, utilização de anti- inflamatórios não hormonais orais e hormonais por via sistêmica (intramuscular), infiltrações do espaço subacromial com corticosteroides, uso de meios fisioterápicos e acupuntura; Restabelecimento da amplitude de movimentos articulares (exercícios passivos e ativos); APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 7 @emilly.lorenaa Fortalecimento do MR para restaurar o mecanismo depressor da cabeça do úmero (exercícios isométricos, isotônicos e de coordenação motora); O tratamento conservador deve ser mantido por, no mínimo, 3 meses, podendo se prolongar na dependência da melhora apresentada pelo paciente. TRATAMENTO CIRÚRGICO: é indicado para pacientes nos quais o tratamento conservador não foi efetivo, nas roturas completas do manguito em indivíduos com alta demanda funcional e naquelas de origem aguda/traumática. Pode ser realizado por via aberta ou artroscópica e consiste basicamente nos seguintes procedimentos: Desbridamento intra-articular e subacromial. Descompressão subacromial (DSA): seção do ligamento coracoacromial, acromioplastia anteroinferior, exérese de osteófitos acromioclaviculares. Reparação dos tendões rotos. O resultado final, a longo prazo, obtido com os dois métodos (aberto e artroscópico) é semelhante, entretanto, existe vantagem no método artroscópico pela menor agressão ao deltoide, pela menor morbidade e reabilitação pós-operatória mais rápida. Atualmente, a preferência é pela técnica artroscópica. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO O termo neuropatia compressiva refere-se à compressão do nervo periférico por estruturas anatômicas adjacentes em regiões bem conhecidas, como o punho na síndrome do túnel do carpo = é a mais comum! Ela é mais frequente em mulheres, tem acometimento bilateral em cerca de 50% dos casos e apresenta maior incidência entre as 4ª e 6ª décadas de vida. A gravidade da lesão compressiva do nervo periféricodepende de dois fatores: intensidade da pressão e tempo! Pressões a partir de 20-30 mmHg já causam prejuízo na microcirculação neural, e com 80-120mmHg há sua interrupção. Os distúrbios na microcirculação causam um aumento na permeabilidade dos vasos epineurais e endoneurais, levando a edema, com aumento da pressão intrafascicular. Além disso, com pressões de 30 mmHg já passa a ocorrer desmielinização, decorrente de necrose e apoptose das células de Schwann. Alterações neurofisiológicas e sintomas de parestesia foram induzidos em voluntários humanos com aplicação de 30 a 40 mmHg de compressão do nervo mediano. O nervo mediano origina-se das cordas medial e lateral do plexo braquial, em seu trajeto para o antebraço, acompanha a artéria braquial entre o tendão do bíceps e o músculo braquial. O nervo interósseo anterior emerge do tronco do mediano na parte distal da fossa antecubital, que, por sua vez, emitirá ramos para o flexor profundo dos dedos (indicador e médio), o flexor longo do polegar e o pronador quadrado. Assim, o nervo mediano segue seu curso no antebraço entre os flexores superficiais e profundos até adentrar no túnel do carpo. A cerca de 4 a 5 cm do punho, o ramo sensitivo cutâneo palmar emerge para suprir a sensibilidade da região palmar radial. FISIOPATOLOGIA O túnel do carpo é um espaço anatômico na face anterior do punho, constituído no seu assoalho côncavo pelos ossos do carpo, como uma canaleta, e fechado acima pelo forte e inextensível “ligamento carpal transverso” Pode-se dividir as causas relacionadas ao aparecimento dessa condição fundamentalmente em 3 categorias: Alterações anatômicas nas estruturas ou na configuração do canal carpal; Condições locais (tenossinovites) ou sistêmicas (diabetes melito, hipotiroidismo, alcoolismo, artrite reumatoide, gravidez) que levem ao edema das estruturas que atravessam o túnel; Esforço ou à ocupação profissional. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Os sintomas típicos dos pacientes são queixas de dor ou parestesia no território do nervo mediano. Esses sintomas normalmente se acentuam durante a noite = dormência tem característica de ser noturna e, em geral, é o sintoma inicial da patologia. Também podem ser encontradas queixas de fraqueza nas mãos, história de queda de objetos, alteração da sudorese e da temperatura da mão. É frequente a queixa de coceira na palma da mão. Em etapas mais tardias, podem ocorrer alterações motoras, como fraqueza de oponência do polegar e hipotrofia tenar por comprometimento do ramo motor do mediano para o músculo abdutor curto do polegar. APG – SOI V Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/5º Período 8 @emilly.lorenaa DIAGNÓSTICO No exame físico, pode-se lançar mão de testes provocativos com o teste de Phalen (flexão do punho em 90º por 1-2 minutos), teste de Durkan (compressão manual direta sobre o nervo mediano no punho), sendo considerados positivos caso haja aparecimento dos sintomas de parestesia ou dor. OBS: o teste de Phalen invertido é o mesmo teste, porém é realizado com os punhos em extensão máxima, ou seja, em posição de “reza”. O sinal de Tinel, descrito como o aparecimento de “choque” secundário à percussão do nervo e com irradiação para seu território correspondente, também pode estar presente. Os pacientes com suspeita de síndrome do túnel do carpo devem ser avaliados à procura de outras patologias do membro superior (tenossinovites, patologias do ombro) e cervicopatias que podem confundir o diagnóstico ou, como na maioria das vezes, coexistir com o quadro de compressão do nervo mediano, devendo, portanto, ser tratadas paralelamente. A eletroneuromiografia é um excelente exame para ajudar a confirmar a compressão nervosa. Nos casos típicos e de longa duração, não há necessidade desse exame complementar para estabelecer o diagnóstico. Ele é útil quando se deseja conhecer a intensidade da compressão e na presença de comprometimento motor, assim como para auxiliar na previsão do tratamento cirúrgico. Apesar de ser um exame de alta sensitividade e especificidade, existe porcentagem de positividade em pacientes assintomáticos (falso-positivo) ou de negatividade (falso-negativo) em indivíduos sintomáticos. TRATAMENTO O tratamento da síndrome do túnel do carpo depende da gravidade dos sintomas e da magnitude da lesão, que por sua vez, é, na maior parte das vezes, tempo dependente. Causas sistêmicas devem ser identificadas e tratadas, como controle da glicemia, por exemplo. TRATAMENTO CONSERVADOR: é reservado para os casos mais leves ou recentes (até 6 meses), sem atrofia tênar ou comprometimento importante de sensibilidade ou em situações em que o fator causal da compressão for transitório, como na gravidez. Estão descritos o uso de órteses, AINEs (não havendo contraindicação, como gravidez, gastrite), injeção de corticosteroides do canal carpal, uso oral de vitamina B6, ultrassom e alterações posturais e de hábitos. O uso de órteses, mantendo o punho imobilizado em posição neutra, é eficaz nos estágios iniciais, e muitos pacientes apresentam remissão dos sintomas após o tratamento, sem necessidade de intervenção cirúrgica. TRATAMENTO CIRÚRGICO: está reservado para falhas do tratamento conservador e para os casos mais graves. Consiste na descompressão do canal carpal realizada por meio da secção do ligamento carpal transverso. A cirurgia pode ser aberta ou endoscópica. Quando bem indicado, o tratamento cirúrgico tem alto índice de sucesso, no entanto, cerca de 1,7 a 3,1% dos pacientes permanecem sintomáticos. REFERÊNCIAS TORTORA, G. J; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. NETTER F. H. Atlas De Anatomia Humana - 7ª Ed. 2019. FILHO, Tarcisio Eloy Pessoa de B.; CAMARGO, Olavo Pires de; CAMANHO, Gilberto L. Clínica Ortopédica . Barueri, SP: Editora Manole, 2012. HEBERT, Sizínio; FILHO, Tarcísio E. P. B.; XAVIER, Renato; e outros Ortopedia e Traumatologia. 5ª. ed. Porto Alegre: Grupo A, 2017..
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