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Gênero e corpo

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GÊNERO E PSICOLOGIA 
Profº Eduardo Fonseca
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GÊNERO: HISTÓRIA DO CONCEITO 
Luta de mulheres isoladas contra a opressão masculina e pela emancipação feminina não produziram mudanças significativas na esfera social;
As primeiras feministas denunciaram a invisibilidade das mulheres na cena pública (social, política, científica e literária);
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As reivindicações do movimento feminista: (i) direito ao voto [sufragismo] (ii) oportunidade de estudar, (iii) acesso a determinadas profissões (1ª onda feminista);
No âmbito universitário as investigações se iniciam com a criação da área denominada Estudos da Mulher. As universitárias feministas passaram a investigar as condições de vida e trabalho das mulheres;
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O conceito relações de gênero foi criado posteriormente a partir da necessidade de investigar a história das mulheres em conjunto com a dos homens; 
A discussão acerca das desigualdades surge primeiro no âmbito político do movimento feminista para em seguida ser formulado como categoria teórica – relações de gênero (2ª onda feminista);
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RESUMINDO:
1º Ato – Luta do movimento feminista contra a discriminação e pela emancipação das mulheres;
2º Ato – Investigação da história das mulheres e formulação do conceito de relações de gênero;
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SEXO E GÊNERO
 Sexo diz respeito às características biológicas através das quais distinguem-se machos e fêmeas (atributos universais e invariáveis);
 Gênero aponta para as dimensões social e histórica da construção do masculino e feminino. Enquanto as diferenças sexuais são físicas (naturais), as de gênero são socialmente construídas (culturais);
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Segundo CAMURÇA e GOUVEIA (2004): “Sendo gênero uma construção social, ele não se apresenta sempre da mesma forma em todas as épocas e lugares, depende dos costumes de cada lugar, da experiência cotidiana das pessoas, variando de acordo com as leis, as religiões, a maneira de organizar a vida familiar, a vida política de cada povo, ao longo da história” (p. 13);
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O conceito de gênero se refere às relações entre mulheres e homens, mulheres e mulheres, homens e homens;
Gênero retira o debate das diferenças e desigualdades entre mulheres e homens do campo biológico e coloca no campo social;
Natureza masculina e feminina vs. Condição masculina e feminina;
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A formulação do conceito de gênero tem um caráter político, pois denuncia as desigualdades entre homens e mulheres;
Segundo CAMURÇA & GOUVEIA (2004): “As relações de gênero produzem uma distribuição desigual de poder, autoridade e prestígio entre as pessoas de acordo com seu sexo”. 
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As identidades de gênero são construídas de forma dinâmica e processual e não algo que existe a priori com o nascimento. Rejeição do determinismo sexista presente na equação: anatomia = destino;
Além da dimensão política o conceito denuncia a naturalização do masculino/ feminino e problematiza os estereótipos associados aos homens e as mulheres;
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GÊNERO E SOCIEDADE
As identidade de gênero não podem ser reduzidas ao desempenho dos papéis masculinos e femininos;
Gênero está presente nas instituições (família, escola, empresa, igreja, etc) nos corpos, nos discursos e nas práticas sociais, sendo parte constituinte da identidade e subjetividade dos sujeitos;
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PLURALIZANDO GÊNERO
Faz-se necessário desconstruir a dicotomia masculino-feminino e pluralizar a abordagem de gênero;
Pluralizar para contemplar as feminilidades e masculinidades não hegemônicas, articulando com as diversas formas de pertencimento: classes sociais, raças, religiões etc;
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Na medida em que o conceito afirma o caráter social do feminino e do masculino, obriga aqueles/as que o empregam a levar em consideração as distintas sociedades e os distintos momentos históricos de que estão tratando. 
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CORPO E MASCULINIDADE
Corpo educado, condicionado, preparado, investido e atravessado pelo gênero. Os corpos são construídos culturalmente sob a ótica de determinados atributos de gênero;
As relações de gênero determinam os movimentos, os gestos e as posturas corporais próprias para homens e mulheres;
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CORPO E MASCULINIDADE
O corpo masculino é preparado para a competição, a violência e o combate. Os corpos são exigidos ao extremo como demonstração de virilidade, força e dominação;
Os meninos são incentivados para lutar, boxear, duelar, competir. Corpo-guerreiro; corpo-fortaleza;
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O menino separado do mundo feminino. Proibir a convivência com as mulheres (mãe, irmãs, tias, avós), procurando evitar a proteção e a dependência das figuras femininas (“foi criado com a avó”). Evitar o mundo privado da proteção e das trocas afetivas (“sair debaixo da saia da mãe”);
Participação no mundo público – aquisição de virilidade, espírito competitivo, capacidade de autoproteção etc. Os meninos precisam adquirir, demonstrar, afirmar e provar a sua virilidade. 
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Ensinar o menino a controlar o corpo e reprimir as emoções, os sentimentos e os valores socialmente considerados femininos: fragilidade, sensibilidade, docilidade, cuidado, conciliação etc;
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A construção do corpo masculino: esportes, jogos viris e desenvolvimento muscular;
Esportes e jogos viris – o corpo serve de instrumento e arma para competir. Os esportes e os jogos viris são tidos como uma espécie de antídoto contra a feminilização;
Os músculos exibem virilidade e força física. Intimida, protege. Corpo-guerreiro;
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GÊNERO E PSICOLOGIA
CIÊNCIA PSICOLÓGICA
Sujeito genérico presente no discurso da psicologia científica (teorias científicas);
Perspectiva de sujeito abstrata, universalizante e descontextualizada. Padrão masculino como referência – o homem;
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Discursos engendrados pela ciência psicológica, normatizam e legitimam desigualdades, papéis e lugares de gênero nas relações afetivas, sexuais e familiares;
 São designações naturalizadas, heteronormativas, essencialistas, hierárquicas e estáticas dos lugares e possibilidades válidas de viver corpos, prazeres e relações afetivas;
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Em suma, os discursos psicológicos essencializam, generalizam e universalizam os sujeitos sociais;
Desconsidera os múltiplos agenciamentos que produzem diferentes subjetividades: raça/etnia, classe social, geração, gênero etc;
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GÊNERO NA FORMAÇÃO ACADÊMICA
Nenhum campo do conhecimento é neutro, saber e poder se articulam;
Ausência de disciplina sobre gênero na formação dos/as psicólogo/as nas universidades brasileiras (psi. social);
Disciplinas que enfocam as bases genéticas das diferenças de comportamento masculino e feminino;
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Discussão de gênero na psicologia: núcleos de pesquisa e pós-graduação;
Disciplinas ministradas na pós-graduação, pesquisas envolvendo alunos/as e professores/as;
Inserção marginal da discussão de gênero na formação revela o conservadorismo acadêmico;
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Terapeutas, psicólogos educacionais e outros profissionais da psicologia, embora tenham conhecimento das teorias de gênero, tendem a perpetuar as crenças do senso comum na hora de planejar intervenções;
Uma vez que o saber não é neutro, há que se investigar os discursos sobre gênero que circulam na ciência psicológica;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMURÇA, Sílvia; GOUVEIA, Taciana. O Que é Gênero. Recife: Edições S.O.S Corpo – Instituto Feminista para a Democracia, 2004.
LOURO, Guacira L. “A Emergência do Gênero”. In: Gênero, Sexualidade e Educação. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.

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