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* * RENÉ ARPAD SPITZ (1887-1974) ELEMENTOS BIOGRÁFICOS: Formação acadêmica: Medicina (1910) Fez análise didática com Freud (1911) Atuação profissional: USA (1938) – médico, psicanalista, professor e pesquisador. Campo de interesse: desenvolvimento geral da criança (em torno dos dois primeiros anos) em relação com a mãe. Técnicas inéditas: Observação direta de bebês (filmagem) e Método experimental (testes). População de crianças observadas: berçários, casa de crianças abandonadas, maternidades, lar de adoção e creches. Função de redator da revista: “The Psychoanalytic Study of Child” (1945) Função de presidente: “Denver Psychoanalytic Society” (DPS) (1962-63). * * OBJETO DE ESTUDO Estudar as relações recíprocas entre mãe e filho - em termos de origem, desenvolvimento, estágios e anomalias. Spitz esclarece o modo como essas relações asseguram a sobrevivência e como contribuem para o desenvolvimento da personalidade da criança. * * O QUE SIGNIFICA “RELAÇÕES OBJETAIS”? É o estabelecimento de uma relação entre um sujeito e um objeto de amor. No mundo do recém-nascido, não existe objeto e nem relação objetal. * * DESENVOLVIMENTO PROGRESSIVO DAS “RELAÇÕES DE OBJETO” Estágio não-objetal (0 ao 2° meses) Estágio precursor do objeto (3° ao 6° meses) Estágio objetal propriamente dito (a partir do 6°/8º meses) * * ESTÁGIO NÃO-OBJETAL Formação de uma díade mãe-bebê (relação complementar): a mãe fornece o que o bebê precisa e o bebê, por sua vez, oferta o que a mãe necessita. Características do recém-nascido (em termos neurofisiológicos e recursos psicológicos): Organismo psicologicamente indiferenciado (equipamento congênito + certas tendências) A esse organismo faltam todas as funções psicológicas, funcionando apenas as áreas que são indispensáveis à sobrevivência. Não consegue distinguir uma coisa externa de seu próprio corpo Barreira de estímulo extremamente alta Reação, sobretudo, às sensações cenestésicas (proprioceptivas e interoceptivas) Ênfase na passividade do bebê Não existe ego ao nascer * * (Cont.) Peculiaridades da relação mãe e filho: assimétrica Estrutura da personalidade Meio ambiente Papel da relação recíproca entre mãe e filho: Emergência de afetos (manifestação de desprazer e quietude) Organização da percepção * * (Cont.) Modificação do comportamento através da experiência: Mudança de equilíbrio (após o oitavo dia de vida) Duas seqüências comportamentais (até o início do segundo mês de vida) Aproximação de um ser humano começa a adquirir um lugar especial entre as coisas que rodeiam o bebê (no início do segundo mês de vida) Seguir o rosto humano com atenção concentrada (no final do segundo mês de vida) * * ESTÁGIO PRECURSOR DO OBJETO Primeiro organizador psíquico: sorriso social (primeira manifestação comportamental intencional e dirigida do bebê). Condições para o aparecimento do sorriso social (sinal gestáltico) Rosto de frente (testa, olhos e nariz) Rosto em movimento Significação deste sorriso social: Não há ainda uma verdadeira relação de objeto O bebê reconhece apenas os atributos secundários e externos (e não os essenciais) do objeto libidinal. * * (Cont.) Papel da relação recíproca entre mãe-bebê: Orientar os afetos do bebê Conferir a qualidade de vida à experiência Conseqüências do estabelecimento do primeiro precursor do objeto: Passagem da recepção de estímulos vindos de dentro para a percepção de estímulos vindos de fora Transferência da catexia do rosto humano percebido externamente no presente para o traço de memória do percepto equivalente Formação do ego rudimentar (integração e síntese) Redução da barreira de estímulos Mudança da passividade para a atividade dirigida Capacidade de mobilizar a ajuda materna para satisfação de suas necessidades (não é ainda o princípio da causalidade propriamente dita) * * ESTÁGIO OBJETAL PROPRIAMENTE DITO Segundo organizador psíquico: ansiedade ao estranho Condições para o aparecimento da ansiedade ao estranho: Capacidade para a diferenciação perceptiva diacrítica já está bem estabelecida Significação desta ansiedade ao estranho: A criança responde a ausência da mãe com desprazer A criança está frustrada em seu desejo de ter a mãe; tem medo de ter perdido a mãe; acha que sua mãe a “deixou”. A criança estabeleceu uma verdadeira relação de objeto (a mãe se tornou o seu objeto libidinal) A criança reconhece os atributos peculiares do objeto * * (Cont.) Mudanças acarretadas pelo estabelecimento do objeto libidinal Efetuação de operações mentais de complexidade crescente Maior organização psíquica (diferenciação entre o EGO e o ID; Ego e o mundo externo) * * (Cont.) Terceiro organizador psíquico: meneio negativo da cabeça e o uso da palavra “não” (15° mês) – primeiro gesto semântico do bebê Condições para a instalação deste terceiro organizador psíquico: Aquisição da locomoção A mãe reprime e impede as iniciativas da criança – através da comunicação verbal * * (Cont.) Implicação destas proibições para a criança: A proibição materna causa frustração à criança (volta da atividade à passividade) Estabelecimento do conflito: ligação libidinal e agressão Significação deste terceiro organizador psíquico: Conceito de negação (primeiro conceito abstrato) A ação se torna símbolo semântico, transmitindo mensagens. Não é pura imitação da mãe Representa uma identificação com o objeto libidinal frustrador O “não” depois se volta contra o próprio objeto libidinal – fase de teimosia (02 anos) * * REFERÊNCIA SPITZ, R. A. O primeiro ano de vida. São Paulo: Martins Fontes, 1987. *
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