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Forragicultura - PUCRS

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21/11/08 
FORRAGICULTURA 
INTRODUÇÃO 
COURO CHARQUE CARNE FRIGORIFICADA 
PECUÁRIA LAVOURA SIST. AGRO-SILVO-PASTORIL 
A Revolução Farroupilha (10 anos) começou por causa do imposto do sal muito alto 
cobrado pelo império. 
No inverno perde-se 5% dos rebanhos. É um valor muito alto (2000 cabeças). 
Um desfrute de 8% também é muito baixo. 
Tecnologia moderna disponível e qualidade zootécnica dos rebanhos. 
Brasil – Extensão territorial e clima. 
Sistema europeu – Pecuária tecnicamente evoluída. 
CAMPOS NATURAIS DO RIO GRANDE DO SUL 
Campanha, Serra do Sudeste, Depressão Central, Missões (parte), Encosta do Sudeste, 
Litoral Sul e Campos de Cima da Serra. 
1. Campos duros e pedregosos, pouco profundos (Uruguaiana, Quarai, Alegrete, Livramento 
e Itaqui); 
2. Campos finos em solos férteis e profundos (Bagé, Hulha Negra, Candiota, Pinheiro 
Machado, Herval e Jaguarão); 
3. Campos médios e grossos em solos profundos (São Gabriel, Rosário, Livramento (parte), 
São Sepé (parte), considerados campos sujos; 
4. Campos duros com rochas e matas arbustivas (Pinheiro Machado, Caçapava, 
Encruzilhada, Santana da Boa Vista, Piratini, Canguçu, Lavras do Sul (parte) e Bagé 
(parte), também são campos sujos com aroeira, vassoura e alecrim. 
CONCEITOS 
Pastagens, capineiras, glebas, potreiros, etc. Alimento barato. 
Pastagem – Cobertura vegetal de gramíneas e/ou leguminosas que podem ser nativas, 
melhoradas, cultivadas ou artificiais. 
São áreas cobertas por vegetação nativa ou plantas introduzidas e adaptadas, que são 
utilizadas para pastoreio dos animais. 
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Pastagens cultivadas – São aquelas em que o homem contribui diretamente para sua 
formação. 
Pastagens nativas – São formadas por plantas nativas ou adaptadas, distribuídas 
naturalmente (anuais e perenes). 
A parte aérea das plantas é que elabora os alimentos (proteínas, açúcares, etc.) 
essenciais ao desenvolvimento das mesmas. 
As raízes absorvem do solo a água e sais minerais, que são posteriormente sintetizados 
nas folhas em contato com o gás carbônico e energia solar. 
Pastagens melhoradas – São intermediárias entre nativas e artificiais. 
Introdução de leguminosas fixadoras de nitrogênio e ricas em proteínas e sais 
minerais. Novas espécies, limpeza, adubação e manejo adequado. 
Pastejo contínuo – É a forma mais primitiva. Consiste em deixar os animais em um 
mesmo pasto por um ou vários anos. 
Pastejo diferido – Permite que as plantas completem seu ciclo vegetativo antes de 
serem pastoreadas. 
Pastejo rotativo – Excelente para gado leiteiro. Divisão de potreiros em duas 
(alternado) ou mais áreas. Permanência em cada potreiro por 5, 10, 20 ou 30 dias ou então 
vinculado ao crescimento das plantas. Quando se utilizam cercas elétricas numa mesma área é 
chamado de "pastejo em bandas" ou pastejo parcelado. 
Forrageira – Toda a planta que se destina a alimentação animal, principalmente 
poaceas e fabaceas. 
São alimentos volumosos de baixo teor energético (<60%NDT) e alto teor em fibra 
e/ou água (>18% de fibra). 
Secos – Fenos, palhas, sabugos, farinhas, etc. 
Verdes – Forragens, silagens, raízes e tubérculos, etc. 
Gramíneas (Poaceas) 
Raiz – Fasciculadas e adventícias; 
Caule – Tipo colmo (não se ramifica), com nós e entrenós; 
 Rizomas – subterrâneo nas perenes; 
 Estolões – decumbentes; 
Folha – Séssil, invaginantes, dísticas, com lígulas, lâminas compridas, lanceoladas, 
com nervuras paralelinervas. 
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Flores – Unissexuadas ou hermafroditas, aclamídeas, superovariadas, androceu 
trímero, dispostos em espigueta. 
 Espiguetas – 2 brácteas na base (gluma I e gluma II); 
 2 brácteas floríferas (lema e pálea); 
 eixo interno (ráquiz). 
Inflorescência – Espiguetas dispostas em panículas, rácenos ou espigas. 
Fruto – Tipo cariopse. 
Destacam-se 
Avena bizantina Aveia 
Avena sativa L Aveia 
Avena strigosa Aveia preta 
Brachiaria brizantha cv maximum Marundu 
Brachiaria decumbens Stapf Brachiaria 
Brachiaria humidicula B. umidicula 
Brachiaria mutica (Forsk) Stapf Angola 
Brachiaria plantaginea (Link) Hitch Capim papuã 
Bromus auleticus Cevadilha 
Bromus catharticus Vahl. Cevadilha 
Cencrus ciliaris L Buffel 
Cynodon dactilon Tifton 85, Bermuda 
Cynodon aethiopicus Estrela africana 
Dactylis glomerata Datilis, Orchard 
Eriochloa polystachia (HBK) Hitch Angolinha 
Festuca arundinacea Festuca 
Holcus lanatus L Capim lanudo 
Hordeum vulgare L Cevada 
Lolium multiflorum Lam. Azevém 
Panicum maximum Jacq Colonião, Tobiatã, Tanzânia. 
Paspalum dilatatum Grama comprida 
Paspalum notatum Grama forquilha 
Paspalum notatum Pensacola 
Penisetum americanum Capim elefante 
Penissetum purpureum Schum Capim elefante 
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Phalaris aquatica Falaris 
Secale cereale L Centeio 
Setaria italica Moha 
Sorghum sudanensis (Piper) Stapf Capim Sudão 
Sorghum vulgare Pers var candatum (Hack) Hill Feterita 
Zea mays L Milho 
Leguminosas (Fabaceas) 
Raiz – Axial, pivotante. 
Caule – Herbáceo, arbustivo, arbóreo. 
Folhas – Compostas, alternadas, estipuladas. 
Flores – Diclamidas, unicarpelares, multiovuladas. 
Inflorescência – Panícula, ráceno, etc. 
Fruto – Tipo legume (vagem). 
Destacam-se 
Centrosema pubenscens Benth Jitirana 
Chicorium intybus Chicoria 
Colopogonium muconoides Desv Colopogonium 
Galactia stricta Benth Galactia 
Leucaena leucocephala Lam Leucena 
Lotus corniculatus Cornichão 
Lotus pedunculatus Cornichão 
Lotus tunuis Cornichão 
Macropitilium atropurpureum Urb Siratro 
Medicago hispida Gaert var denticulata (Will) Urb Trevo de carretilha 
Medicago sativa Alfafa 
Ornithopus sativus Broth Serradela 
Pueraria phaseoloides Benth kudzu tropical 
Stylosantes gracilis HBK Alfafa do nordeste 
Trifolium alejandrinum Trevo alexandrino 
Trifolium pratense Trevo 
Trifolium repens Trevo branco 
Trifolium subterraneum L Trevo subterrâneo 
Vigna unguiculata Feijão miúdo 
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MORFOLOGIA 
Morfologia das gramíneas 
Sistema radicular – Fasciculado e fibroso. 
Caules – Tipo colmo, quando aéreo, cilíndrico, delgado, dividido por nós, contendo 
em cada nó uma folha (alternas). Possui gemas basais que permitem o entouceiramento 
(perfílios). Estolões – São eixos caulinares desenvolvidos acima do solo, verdes e cilíndricos, 
que podem produzir novas plantas. Exemplo: Chloris gayana. Rizomas – São caules 
subterrâneos com nós, entrenós, gemas e folhas escamiformes (catáfilos), de crescimento 
horizontal. 
Folhas – Expansão laminar do caule. Se o comprimento for maior do que 6 vezes a 
largura é linear; Se a maior largura estiver no meio da folha será lanceolada. A folha contém 
bainha, colar, lígula e lâmina. Bainha – É uma estrutura cilíndrica, aberta longitudinalmente, 
que cobre o entrenó e se insere no nó do colmo. Colar – É a região da junção da bainha com a 
lâmina na face dorsal da folha. Lígula – Situa-se na parte ventral da folha, como um 
prolongamento da bainha, curta, delgada e transparente. Ótima para taxonomia. Aurículas – 
Apêndice lateral da base da lâmina ou no ápice da bainha. Lâmina ou limbo –É a parte plana 
da folha, delgada, com nervura central e outras paralelas. As nervuras são continuações das 
nervuras da bainha. Escamas – São folhas reduzidas que ocorrem em brotos e em rizomas. 
Protegem os brotos como ocorre em bambu. Brácteas – São proteções para as inflorescências. 
Prófilo – Estrutura modificada da bainha que protege a gema lateral como em capim elefante.. 
Órgãos forais – Flor - É constituída pelas lodiculas (gluméllulas) com função de 
perianto reduzido e órgão de reprodução (androceu e gineceu). A flor está no ápice de um 
eixo, é aclamida (sem proteção de cálice e corola), mas possui um invólucro constituído por 
brácteas. Espigueta – É formada por um pequeno eixo chamado ráquila no qual se inserem as 
flores. Na base há um par de brácteas (gluma inferior e superior). Mais acima há as glumelas 
(lema e pálea, externa e interna, inferior e superior). Este conjunto protege a flor. Oflósculo 
compõe-se de lema, pálea e uma flor. 
Inflorescência 
Pode ser terminal ou axilar e é construída pelo agrupamento das flores. A unidade da 
inflorescência é a espigueta. Tipos de inflorescência – Espiga, ráceno ou cacho epanícula. 
Na espiga as espiguetas são sésseis como no trigo e centeio. No ráceno (cacho) as 
espiguetas são pediceladas como em Paspalum. Na panícula o eixo prinncipal ou ráquis é 
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ramificado, como no capim colonião. Cada tipo pode ser dividido em laxa, contraída, 
digitada, pseudo, etc. 
Pedicelo – É a haste menor e última ramificação da inflorescência. As espiguetas que 
não tem pedicelo são denominadas de sésseis. 
Glumas – As glumas podem ter 1, 3, 5, 7 nervuras. As vezes as glumas são aristadas 
pois a nervura principal se prolonga fina e delgada. 
Lema – Nas plantas primitivas é uma bráctea típica, esverdeada, carenada e nervada, 
lembrando uma gluma. Nas plantas evoluídas são sempre delgadas, de textura delicada. Está 
sempre presente na espigueta. 
Pálea – É binervada, sem nervura principal, com espaço côncavo entre elas formando 
um estojo. A pálea é recoberta pelo lema e, juntos, envolvem e protegem a flor. 
Lodículas – Em geral são duas lodículas situadas em frente do lema. Sua função é 
provocar a abertura dos flóculos. 
Arista – É uma continuação da nervura principal que se prolonga como um pelo rígido 
ou cerda. 
Desarticulação – É a maneira pela qual a espigueta se desprende da ráquis. Pode 
ocorrer abaixo das glumas, entre a gluma superior e o primeiro flósculo ou em todos os nós da 
ráquila acima das glumas. 
Sexo – A flor pode ser hermafrodita, estaminada, pistilada e neutra (sem estames e 
pistilos). 
Androceu – É o órgão masculino constituído de estames.Consiste num filete e uma 
antera bilocular, abrindo-se por fendas longitudinais. As anteras são fixas. 
Pistilo – Possui um ovário súpero, tri carpelar e uni carpelar, contendo um único 
óvulo, dois estiletes e dois estigmas. 
Fruto – É uma cariopse formada externamente de um delicado pericarpo, encerrando 
uma só semente rica em endosperma com o embrião situado na base. Na prática os frutos das 
gramíneas são chamados de grãos. 
Embrião – Está unido pelo cotilédone (escutelo) cuja função é dissolver as 
substâncias nutritivas do endosperma e passá-las as outras partes do embrião (plântula) em 
desenvolvimento. 
Morfologia das leguminosas (fabaceas) 
Sistema radicular – Pivotante com raízes principal, secundárias, terciárias, etc. 
Possuem nódulos onde alojam bactérias que vivem em simbiose com a planta. 
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Caules – Aéreos, terrestres, rasteiros, trepadores, volúveis, eretos. 
Gemas – Estão localizadas nas axilas das folhas. Podem ser vegetativas ou 
reprodutivas. 
Folhas – Em geral são compostas, com pecíolo, ráquis e folíolos. 
Estípulas – São formações laminares na base dos pecíolos. Sua função está ligada à 
proteção da gema axilar da folha. 
Órgãos florais – Envoltórios – Cálice e corola. Quando são diferentes a flor é dita 
heteroclamida. Quanto ao número de peças são pentâmeras (5 sépalas e 5 pétalas). A corola é 
papilionácea e contém o estandarte que é a pétala maior. As asas estão dispostas lateralmente 
e são duas; A quilha, com duas pétalas unidas em forma de quilha de navio. O androceu é o 
órgão sexual masculino da flor. 
Inflorescência – Em geral é um ráceno (cacho) com flores pediceladas inseridas num 
eixo indefinido. Pode ser terminal ou axilar. 
Fruto – É um legume (vagem) de um só carpelo, seco, com deiscência (abertura) por 
duas fendas longitudinais. As vagens podem ser do tipo folículo, lomento, aquênio, utrículo. 
Semente – Podem ser do tipo reniforme (Medicago), ovóide (Trifolium incarnatum), 
cordiforme (Trifolium reppens), elíptica (Ornithopus sativus), cubo (Lupinus alba), esféricas 
(Vícia vilosa), etc. 
ECOLOGIA 
É o estudo das relações recíprocas entre organismos e seu ambiente. 
Biocenose 
A biocenose é constituída por cinco níveis de energia (níveis tróficos). 
T1 – É a comunidade de plantas que captam e armazenam a energia solar através da 
fotossíntese e libertam oxigênio. É o nível produtor ou autotrófico. Todos os demais níveis 
dependem dele. 
T2 – São os herbívoros que consomem as plantas do T1 para utilizar sua energia acumulada. 
T3 – São os carnívoros que se alimentam dos herbívoros do T2. 
T4 – São animais que obtém parte da energia comendo carnívoros T3. 
T2, T3, T4 – São os macro consumidores heterotróficos. 
T5 – São organismos saprófitos tais como fungos, bactérias, protozoários (parte), minhocas, 
centopéias, insetos, moluscos, etc que se alimentam de restos de plantas, fezes e cadáveres de 
animais. Alguns são parasitos. No conjunto são decompositores do ecossistema. 
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A PASTAGEM QUANTO AO PERÍODO PRODUTIVO 
Na América Latina 90% da produção pecuária dependem de campos naturais. 
Estudando-se a composição dos campos naturais no Rio Grande do Sul foram 
constatados 97 gêneros e 826 espécies de gramíneas e mais de 200 espécies de leguminosas. 
A maioria das gramíneas de verão pertencem a Paniceae e Andropogoneae, enquanto 
as de inverno são Stipeae e Festuceae. Nas gramíneas de verão predominam os gêneros 
Panicum e Paspalum, enquanto nas de inverno os gêneros mais comuns são Bromus, Stipa e 
Piptochaetium. Para as leguminosas os principais gêneros de inverno são Medicago, 
Trifolium, Vícia e Adesmia e para o verão os gêneros são Desmodium e Phaseolus. 
Hibernais 
São de clima temperado; germinam ou rebrotam no outono, desenvolvem-se no 
inverno e florescem na primavera. 
Avena sativa L Aveia 
Lolium multiflorum Lam. Azevém 
Holcus lanatus L Capim lanudo 
Bromus catharticus Vahl. Cevadilha 
Secale cereale L Centeio 
Hordeum vulgare L Cevada 
Medicago hispida Gaert var denticulata (Will) Urb Trevo de carretilha 
Ornithopus sativus Broth Serradela 
Trifolium subterraneum L Trevo subterrâneo 
Cereais de inverno a base de aveia tem oferta boa no outono, com máxima produção 
no inverno e decaem na primavera. Azevém tem pouca oferta de outono, mas é boa no 
inverno e na primavera. A consorçiação sempre melhora a oferta. 
Azevém e aveia, juntos podem equilibrar a produtividade do pasto. 
Setaria italica (moha) e sorgos são mais precoces do que Sudan e Setaria. 
Milho tem grande importância para quem trabalho com tambos. 
É recomendável o uso de forragens de multipropósito, com três a quatro espécies 
complementares como trevos, lotus e azevém. 
Gramíneas perenes – Azevém, aveia, centeio, etc. 
Gramíneas anuais – Phalaris, azevém, etc. 
Leguminosas perenes – Alfafa, cornichão, etc. 
Leguminosas anuais – Ervilhaca, serradela, etc. 
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Estivais 
São de clima tropical; iniciam na primavera, crescem e frutificam no verão e outono. 
Brachiaria plantaginea (Link) Hitch Capim papuã 
Sorghum sudanensis (Piper) Stapf Capim Sudão 
Sorghum vulgare Pers var candatum (Hack) Hill Feterita 
Vigna unguiculata Feijão miúdo 
Gramíneas perenes – Capim elefante, colonião, etc. 
Gramíneas anuais – Milho, sorgo, etc. 
Leguminosas perenes – Centrosema, soja perene, etc. 
Leguminosas anuais – Feijão miúdo, mucuna preta, etc. 
A pastagem quanto ao ciclo 
Anuais – Vivem menos de um ano; 
Perenes – Sobrevivem por vários anos. São perenes: 
Brachiaria brizantha cv maximum Marundu 
Brachiaria decumbens Stapf Brachiaria 
Brachiaria humidicula B. umidicula 
Brachiaria mutica (Forsk) Stapf Angola 
Cencrus ciliaris L Buffel 
Eriochloa polystachia (HBK) Hitch Angolinha 
Cynodon dactilon Tifton 85 
Panicum maximum Jacq Colonião, Guiné 
Penissetum purpureum Schum Capim elefante, Napier 
A pastagem quanto ao hábito de crescimento 
Estolonífero – Caules horizontais, folhas verticais, com gemas de renovação. 
Prostradas – Semelhantes, porém seus caules não emitem raízes. 
Rizomatoso – Caules e gemas subterrâneas. 
Cespitoso – Apresenta touceiras (macegas). 
Ereto – Crescimento perpendicular ao solo, com gemas acima do nível. 
Decumbentes – Inícioestolonífero, depois ereto. 
Trepador (escandente) – Plantas que se apóiam nas demais. 
Desenvolvimento vegetativo 
A unidade básica é o meristema ou gema de crescimento. 
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Meristemas apicais – dão origem aos demais tecidos; 
Meristemas axilares – dão origem a fase vegetativa de perfílios, talos e estolões; 
Meristemas basilares – localizam-se nos nós basais e tem latência relativa; 
Meristemas foliares – dão pecíolos e folíolos em fabaceas e lâminas e bainhas nas poaceas; 
Meristemas nodais intercalares – dão crescimento aos entrenós, talos, raízes, estolões e 
rizomas. 
Quanto maior o número de colmos e de perfilhos maior será a produção de matéria 
seca por unidade de área. 
Desenvolvimento – Consiste em uma sucessão obrigatória de etapas para a geração de 
um novo órgão tipo folha, talo, raiz, flores, etc. Pode ser vegetativo ou reprodutivo. 
Crescimento – Consiste no aumento do n° de células de um determinado órgão. 
FORMAÇÃO E MANEJO 
A pastagem é a parte mais econômica da alimentação animal. As tropicais são mais 
produtivas do que as temperadas. Boas pastagens fornecem proteínas, energia, minerais e 
vitaminas adequadamente. A escolha de boas forrageiras, adaptadas a região, é fundamental 
para o êxito da implantação de pastagens artificiais. Potencial produtivo, persistência e 
adaptação a fatores bióticos, climáticos e edáficos e hábitos de crescimento são fundamentais. 
Exigências e tolerâncias podem ser determinantes para o objetivo que se quer. 
Aveia, azevém, trevo vermelho, produzem bem no primeiro outono/inverno, pois são 
de ciclo curto, depois tendem a diminuir a produção. Já a festuca, o cornichão e trevo branco 
têm menor produção, mas resistem por mais tempo, pois são de ciclo longo. 
O valor nutritivo das consorciações permanece elevado no outono e inverno decaindo 
na primavera com a floração. O grau de digestibilidade é maior em consorciações do que em 
sorgo puro. Por isso, culturas de duplo propósito (forragem e grão) como trigo e cevada, são 
recomendadas. Em resteva de arroz o trevo branco, o cornichão e o azevém são fundamentais. 
Também na soja, antes da colheita, este plantio pode ser realizado por avião. 
Adubação e Nitrogênio 
Que me perdoem os outros adubos, mas nitrogênio é fundamental, especialmente pela 
sua capacidade de aumentar a produção de massa. É produzido pela atividade bacteriana sobre 
resíduos animais e vegetais. O solo tem grande quantidade de nitrogênio, mas é liberado 
lentamente, a base de 50 kg/N/ano, no entanto, o consumo de N pelas plantas é muito 
superior, necessitando, por tanto, de complementação. Sabe-se que o Nitrogênio póde ter 
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perda de até 40%por volatilização e lixiviação. Para produzir 10.000kg de matéria seca são 
necessários 300 kg/N/ha. Na consorciação com leguminosas o N chega ao solo: 
-por excreção direta nos nódulos das raízes quando há condições muito favoráveis; 
-por decomposição de raízes, nódulos e morte das plantas; 
-por dejeção animal, ou seja, através das fezes. 
Realizar a análise de solo para verificar a disponibilidade de macros (NPK) e micros 
elementos (Cobre, molibidênio, etc) é indispensável. Em determinadas situações, basta o 
emprego de Fósforo para obter-se um incremento de até 40% na produção. 
Também o pH do solo tem grande influência na formação da pastagem e para corrigir 
níveis altos de acidez é indispensável a utilização do calcáreo. Basicamente há dois tipos de 
calcáreo, o dolomítico, que contém magnésio e o calcítico que não contém magnésio. Para se 
ter uma idéia da importância do pH do solo veja-se a tabela a seguir. 
 
TABELA 01 – Estimativa de aproveitamento de nutrientes em função do pH do solo. 
pH 
Elemento 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0 
Nitrogênio 
Fósforo 
Potássio 
Enxofre 
Cálcio 
Magnésio 
20 
30 
30 
40 
20 
20 
50 
32 
35 
80 
40 
40 
75 
40 
70 
100 
50 
50 
100 
50 
90 
100 
67 
70 
100 
100 
100 
100 
83 
80 
100 
100 
100 
100 
100 
100 
Médias 26.7 46.2 64.2 79.5 93.8 100 
Fonte: EMBRAPA 
Limitações 
1. Problemas de implantação tais como baixa adaptabilidade, balanço equilibrado entre as 
espécies, tipo de semeadura. 
2. Falta de equilíbrio entre poaceas e fabaceas. Há uma tendência a ter mais fabáceas. 
3. Invasão precoce de pragas e a conseqüente competitividade. 
4. Baixa persistência e estabilidade. 
5. Para o RS a vida útil da pastagem é de 4 a 5 anos. 
 
 
 
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TABELA 02 – Características de algumas espécies quanto a resistências. 
Características Espécies 
Resistência à seca Andropogom gayanus 
Ppenisetum purpurium 
Cynodon spp 
Resistência ao frio Paspalum guenoarum 
Paspalum notatum 
Resistência à umidade Brachiaria arecta (Brachiaria do brejo) 
Brachiaria mutica (angola) 
Echinochloa polystachia (canarana) 
Echinochloa pyramidalis (canarana lisa) 
Eriochloa polystachia (angolinha) 
Resistentes à solos ácidos Andropogom gayanus 
Brachiaria decumbens 
Panicum maximum 
Resistência a sombra parcial Panicum maximum 
Melinis minutiflorum 
Tolerantes ao alumínio Desmodium 
Estilosantes 
Resistânia à baixa fertilidade Digitaria decumbens 
Paspalum notatum (comum) 
Paspalum notatum (pensacola) 
Exigentes em fertilidade Penisetum purpureum 
Uma boa forrageira tem 
1. Alta relação folha/haste; 
2. Bom crescimento o ano inteiro; 
3. Perenidade; 
4. Facilidade de estabelecimento e dominância; 
5. Boa produção de sementes férteis e de fácil colheita; 
6. Boa palatabilidade; 
7. Resistência a doenças e pragas; 
8. Resistência as variações climáticas; 
9. Resistência ao pisoteio; 
10. Alto valor nutritivo. 
Plantio 
Por mudas em áreas pequenas e por sementes em áreas grandes. 
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Pode-se semear manualmente, a lanço, por máquina especializada, acoplada ao trator, 
ou por avião. Quando manual, em covas, a distância deve ser de 0,50 a 1,00 metro. 
No plantio por mudas pode-se usar de 5 a 10 hastes por cova ou ainda fazer a divisão 
de touceiras. É importante a adubação química em função da análise química do solo. 
Também é indispensável o monitoramento após o plantio para identificar a necessidade de 
replantio. 
TABELA 03 – Quantidades de sementes por hectare utilizadas em plantio para algumas 
forrageiras. 
Nome comum Nome científico Quantidade/ha 
Aveia preta Avena strigosa L. 80 a 100 Kg/ha 
Azevém anual Lolium multiflorum Lam. 30 Kg/ha 
Centeio Cecale cereale L. 40 a 50 Kg/ha 
Falaris Phalaris aquatica L. 15 a 20 kg/ha 
Festuca Festuca arundinacea Schreb. 20 a 30 Kg/ha 
Cornichão Lotus corniculatus L. 12 a 15 kg/ha 
Cornichão El Rincón Lotus subfllorus Lag. 4 a 6 kg/ha 
Ervilhaca Vicia sativa L. 
Trevo branco Trifolium repens L. 2 a 3 kg/ha 
Trevo subterrâneo Trifolium subterraneum L. 4 a 6 kg/ha 
Trevo vermelho Trifolium pratense L. 6 a 8 kg/ha 
Trevo vesiculoso Trifolium vesiculosum L. 8 a 10 kg/ha 
 
SEMENTES 
Grau de pureza – É o peso de sementes puras em uma partida de 100 kg de sementes 
comercializadas. Na prática pesa-se uma amostra de 100 gramas e depois separa-se areia, 
palha, cisco, pedras, gravetos, etc que são impurezas. Se as impurezas pesarem 20 gramas, por 
exemplo, então haverá 80% de sementes puras na amostra. 
Poder germinativo – Para verificar basta colocar 100 sementes para germinar. Se 
germinarem 60 sementes, então o poder germinativo é de 60%. 
Valor cultural – Conhecendo-se a pureza e o poder germinativo, calcula-se o valor 
cultural pela fórmula: VC% = %P x %G / 100 = 80x60/100 = 4800/100 = 48% 
Taxa de semeadura 
Capim Tanzânia 
Distância entre linhas 0,50m 
Distância entre plantas 0,05m 
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Valor cultural 25% 
Nº sementes / kg 960.000 
Estimativa de germinação 40% 
Cálculos 
1. Área ocupada por uma planta 0,5 m x 0,05m = 0,025m² 
2. N° plantas/ha 1 = 0,025m² x = 10.000m² x=10.000/0,025=400.000pl/ha 
3. Quant. sem. puras (VC=25%) 100 sem.com = 25 sem.puras 960.000=x 
x=960.000sem/kg x 25 / 100 240.000sem.puras/kg 
4. Quant.sem.com/ha 1kg sem.com =240.000sem.puras x =400.000 sem.puras 
 x = 400.000x1kg/240.000 = 1,7 kg/ha/sem.com 
5. Quant.sem.com/ha, considerando uma perda de 60% de plantas por fatores ambientais. 
Ou seja, de 100kg sobram apenas 40kg. 100kg = 40kg x = 1,7kg/ha 
 x = 1,7kg/ha x 100 / 40kg 4,25kg/ha 
Portanto, são necessárias 2,5 vezes mais de sementes. 
MUDAS 
Para elefante, napier, mineirão, taiwan, cameroon e similares utilizam-se os colmos 
inteiros ou pedaços de 3 a 4 nós, com 90 a 100 dias de vegetação. Usam-se sulcos a distância 
de 0,5m a 1,0m entre sulcos, com colmos em linha contínua. 
Para capins prostrados como pangola, bermuda, estrela africana e brachiarias os 
espaçamentos podem ser de 0,5m x 0,5m a 1,0m x 1,0m utilizando-se estolhos de 20 a 30 
centímetros ou mesmo mudas enraizadas. 
MANEJO 
Após a implantação da pastagem é necessário um bom manejo para que se obtenha 
alta produtividade e a longevidade da mesma. 
Para tanto é determinante o conhecimento das inter-relações do sistema, ou seja, da 
relação solo-pastagem-animal. 
O solo é a base do sistema e fonte de nutrientes para a pastagem. A planta é a fonte de 
nutrientes para o animal. O animal atua como modificador das condições de solo e planta. 
Sistemas de produção 
A produção animal depende da espécie, da raça e do sistema de produção. 
 15 
O sistema de produção depende do clima e do solo e também das espécies vegetais 
utilizadas. Os sistemas de produção podem ser basicamente extensivos ou intensivos. 
Forrageiras com características produtivas, nutricionais e reprodutivas acima da média 
obtida pelo campo nativo são essenciais. A produção estacional, velocidade de rebrote, 
agressividade, digestibilidade resistência a doenças e pragas podem ser decisivos. 
Um bom sistema de pastejo deve 
1. Proporcionar ao gado alimentação nutritiva e regular o ano todo; 
2. Aumentar a produção forrageira por unidade de área; 
3. Reduzir a degradação ambiental; 
4. Conservar a fertilidade do solo. 
5. Aumentar a produtividade do rebasnho. 
Pastejo contínuo 
É o mais primitivo, consta de uma pastagem que é utilizada de forma contínua durante 
o tempo todo. A lotação é fixa e não há descanso para recuperação da pastagem. 
São desvantagens do pastejo contínuo 
1. A seletividade que faz desaparecerem as plantas palatáveis; 
2. O desaparecimento de várias espécies que não produzem nem competem; 
3. O favorecimento de plantas invasoras; 
4. A degradação e degeneração da pastagem; 
5. O aumento de pragas e doenças; 
6. O desenvolvimento de ectoparasitos (bernes e carrapatos); 
7. A menor capacidade por unidade de área. 
Pastejo alternado 
Como indica o nome, o pastejo é realizado em pelo menos duas áreas, sendo que os 
animais permanecem por determinado período em cada área. 
Pastejo protelado ou diferido 
Protelar ou adiar a ocupação do pasto possibilita a forrageira sementar e assim garantir 
a renovação da pastagem. A área deve ser dividida em três ou mais parcelas. 
Pastejo rotativo 
No pastejo rotativo ou rodízio o tempo de pastoreio e a carga ou lotação de cada 
potreiro são determinadas pelo crescimento da forrageira. 
 16
Permite a utilização total da produção forrageira sempre em estado vegetativo novo. 
Pastejo rotativo racional (Voisin) 
É uma forma aperfeiçoada de pastoreio em que se objetiva atender as exigências do 
animal e da planta. 
Os animais são distribuídos por parcela, separados por categorias do tipo vacas com 
terneiro ao pé, vacas prenhes, animais em crescimento e gado solteiro. 
Cada área será utilizada por tempo limitado evitando prejudicar o rebrote das plantas. 
Adubação básica, calcáreo e nitrogênio serão adicionados conforme as necessidades 
do pasto constatadas por análise de solo. 
Pastejo em faixas (parcelado) 
Consiste no consumo diário de uma faixa previamente calculada, delimitada por cerca 
elétrica deslocada a cada dia. 
SUPLEMENTAÇÃO 
Complemento alimentar ministrado em períodos críticos. Feno, medas de campo, 
silagem e outros. 
Feno – Da própria pastagem ou de culturas especialmente destinadas. Pode estar na 
forma de medas, rolos, montes de feno, etc para serem liberadas na época crítica. 
Silagem – Pode ser milho, sorgo, feijão miúdo, ou consorciações. Também raízes e 
tubérculos como mandioca, batata, inhame, palma forrageira, etc podem ser ministrados. 
Problemas decorrentes de suplementação alimentar 
ACIDOSE – Ocorre quando os animais passam de uma dieta com alto teor de fibra 
para uma dieta com alto teor de carboidratos de fácil digestão. 
Haverá rápida multiplicação de bactérias amilolíticas, com elevada produção de ácido 
lático no rumem. As bactérias ruminais não conseguirão transformá-lo em ácido propiônico, 
então o ácido lático entra na corrente sanguínea e o animal morre por acidose no sangue. 
Sintomas – Laminite, ou seja, patas e mãos inchadas, abscessos no fígado, etc. 
Diarréia pastosa, diminuição na produção de saliva, o animal para de alimentar-se, permanece 
deitado e morre. 
ALCALOSE – Ocorre quando o animal ingere quantidades de proteína com alimento 
deficiente em energia. Isso aumenta a produção de amônia no rumem causando intoxicação. 
 17 
Sintomas – Atonia do rumem (para de funcionar), diarréia pastosa, escura, menor 
ingestão de alimento, hipomagnesiemia e morte. 
HIPOMAGNESIEMIA – Conhecido como tetania do pasto. Ocorre um distúrbio na 
absorção de magnésio pelo rumem, em conseqüência, há menor ingestão alimentar, andar 
vacilante, o animal se isola dos demais, apresenta dorso arqueado, maxilares apertados e 
salivação. Pode ocorrer a morte. 
PADRÕES DE MANEJO 
TABELA 04 - Resposta a pressão de pastejo (carga animal) em pastoreio extensivo. 
Lotação (UA/ha) Resposta da pastegem Consequências 
Baixa (< 0,75) Pastejo seletivo pelos animais 
Baixa qualidade da forrageira 
Alta concorrência de plantas daninhas 
Produção animal alta 
Produção por ha baixa 
Média (0,75 a 1,25) Situação intermediária Situação intermediária 
Alta (> 1,25) Menor quantidade de forragem (boa) 
Menor persistência da pastagem 
Menor concorrência de plantas daninhas 
Produção animal baixa 
Produção por ha alta 
Há limite máx. lotação 
 
TABELA 05 – Desempenho da pastagem em função do sistema de pestejo. 
Produção 
Pastejo 
 
Tipo de uso 
 
Indicação 
 
Investimento Por animal Por ha 
Contínuo Animais por + 
30 dias/área 
Sistema extensivo 
Baixa produtividade 
Baixa lotação 
Baixo em cercas Média alta Média baixa 
Rotativo Até 4 divisões 
anim.por 7 a 30 
dias/área 
Sist. pouco intensivo 
Lotação média 
Médio em cercas Média Média 
Rotativo 
intennsivo 
+ de 4 potreiros 
anim. de 1 a 7d/a 
Sistema intensivo 
Produção alta 
Adubação e alta lotação 
Médio em cercas 
e adubos 
Média baixa Média alta 
 
TABELA 06 – Altura das plantas em pastejo contínuo e rotativo e tempo de descanso. 
Espécie forrageira Altura past. contínuo (cm) Tempo em pastejo rotativo (dias) 
Hábito de crescimento Máxima Mínima Desc. inverno Desc. verão De pastejo 
Quicuio (decumbente) 
Braquiarão (semidecumbente) 
Colonião e panicuns 
(ereto/entouceirado) 
35 – 45 
45 – 50 
60 – 80 
15 – 20 
25 – 30 
30 – 40 
 
28 – 35 
 
35 – 42 
 
10 - 15 
 18
PRODUÇÃO DE MASSA VERDE/SECA 
Para realizar-se o ajuste de lotação é necessário conhecer-se a real produção de massa 
verde ou de massa seca da pastagem. Se for o caso de massa verde, é importante lembrar que 
a quantidade consumida varia em função do teor de água. O consumo de matéria seca é 
relativamente constante, ou seja, em torno de 11 kg/UA. 
 
 
No pastoreio contínuo, por exemplo, o que se vê é o resíduo, a sobra não consumida. 
O crescimento não se vê, pois está sendo consumido. A disponibilidade não é o resíduo e sim 
o resíduo mais o crescimento. Por isso, para avaliar o crescimento é preciso o estabelecimento 
de áreas de exclusão de pastejo, como gaiolas. 
Já que não é possível medir-se cada planta da população de uma pastagem, a 
amostragemé fundamental e básica para medir a vegetação. As amostras podem ser 
aleatórias, aleatórias estratificadas e sistemáticas. 
Além de conhecer a composição florística é necessário quantificá-la, ou seja, 
estabelecer os parâmetros de freqüência, densidade, cobertura e peso. 
Freqüência – Este parâmetro dá a idéia de ocorrência ou não de uma determinada 
espécie na composição da pastagem. É a relação entre o número de amostras com a espécie e 
o número total de amostras. Se em 50 pontos amostrados. uma espécie (Eragrostis sp por 
exemplo) foi constatada em 37, a sua freqüência será de F=37/50 = 0,74 (ou seja, 74%). 
No caso, não interessa quantos indivíduos aparecem por amostra e sim se a espécie 
está presente ou não. 
Estabelecendo-se classes de freqüência (1,2,3,4,5) tem-se: 
 19 
Classe – 1 1 a 20% 
Classe – 2 21 a 40% 
Classe – 3 41 a 60% 
Classe – 4 61 a 80% 
Classe – 5 81 a 100% 
Assim, no exemplo anterior (0,75) a freqüência é classe 4. Noutro pasto a mesma 
espécie poderia ser (0,25) classe 2. Isto permite comparação entre potreiros ou áreas 
diferentes. 
Densidade – Mede o número de indivíduos por unidade de área (m²) em uma 
pastagem. Expressa a abundância da espécie em relação a área estudada. Equivale a densidade 
populacional. Pode-se utilizar como classificação uma escala numérica, por exemplo: 1 – 
escasso; 2 – ocasional; 3 – pouco freqüente; 4 – freqüente; 5- abundante. 
Se, em 50 amostras encontrarmos 200 plantas de uma mesma espécie, teremos: 
D = 200pl / 50 m² = 4 plantas por metro quadrado. 
Cobertura – Expressa a projeção vertical da parte aérea da planta sobre o solo. 
Também esta medida pode ser estratificada. 
1. Cobertura menor do que 5% da superfície do solo; 
2. Cobertura entre 5 e 25% da superfície do solo; 
3. Cobertura entre 25 e 50% da superfície do solo; 
4. Cobertura entre 50 e 75% da superfície do solo; 
5. Cobertura entre 75 e 100% da superfície do solo. 
Assim uma cobertura 3 equivale de 25 a 50% da superfície do solo. O restante, é claro, 
estará coberto por outras espécies ou então será solo desnudo. 
Peso – É uma medida de quantidade de forragem produzida pela pastagem, portanto, 
muito importante para o cálculo da capacidade de suporte da mesma. O peso é expresso em 
kg/ha. Pode ser referente a peso verde (planta recém cortada), peso seco ao ar (10 a 12% de 
umidade) e peso seco em estufa (usa-se uma temperatura próxima a 100°C até obter-se peso 
constante, ou seja, massa seca – MS). Em geral a amostra é de 1 m² cortado rente ao chão. 
Dificuldades – Duas espécies aparecem em todas as amostras. A espécie A com uma 
ocorrência por amostra; a espécie B com dez ocorrências por amostra. No entanto, ambas têm 
freqüência de 100% (???). 
Espécies que formam touceiras com muitos perfílios (aparecem poucas por amostra) e 
espécies de talo único e solitário (aparecem muitas por amostra) (???). 
Como avaliar estoloníferas e rizomatosas??? 
 20
Determinação da disponibilidade de forragem 
1. Corte da amostra total – Ut6iliza-se um quadrado de 1m x 1m, disposto ao acaso, em 10 
ou 20 locais de amostra. Devem-se evitar pontos "fracos", por pisoteio e acúmulo de esterco, 
como as proximidades de cochos, bebedouros e locais de pouso. Corta-se rente ao solo e pesa-
se a amostra verde. Pode-se fazer suba mostras separando-se folhas, talos e outros materiais. 
2. Coleta de folhas – Semelhante ao anterior, porém coletam-se apenas folhas e ponteiros. 
Com o peso da matéria seca em gramas, multiplica-se por 10 ou 20 para obter-se a 
disponibilidade em kg/ha. 
3. Estimativa visual comparativa – Primeiro marca-se um quadrado em que há menor 
quantidade de folhas do potreiro, que recebe nota 10; A seguir marca-se outro em que há a 
maior quantidade de folhas do potreiro, que recebe nota 30; Em continuação determina-se um 
padrão intermediário entre os dois anteriores, com nota 20. Então percorre-se a área, com o 
quadrado, atribuindo nota com base nos padrões de referência (10, 20, 30). 
Em um potreiro de 30 ha poderão ser feitas 120 determinações de áreas para avaliação. 
Processam-se as amostras e utiliza-se para o cálculo a matéria seca de folhas verdes. Com os 
resultados das amostras e das notas constrói-se um gráfico de dispersão na planilha eletrônica. 
No menu "gráficos" abrir a janela "adicionar linhas de tendências", selecionar o "tipo de 
regressão" e nas "opções" ativar os menus "exibir equações no gráfico" e "exibir valor de R-
quadrado no gráfico". Faz-se a média das notas dos pontos da estimativa visual e multiplica-
se pelo Y da equação de regressão (disponibilidade ou resíduo). 
No exemplo, considerando a média como 23 teremos: Y (resíduo) = 40.117 + 113,7 (nota) 
Y (resíduo) = 40.117 + 113,7 x 23 = 2.575 kg/ha de matéria seca (MS). 
 
 
 21 
Ajuste de lotação 
Oferta – É a relação entre a quantidade de massa seca (MS) para cada 100 kg de peso 
vivo (PV) expressa em percentagem. É o material disponível independente do consumo. 
A oferta deve ser 3 a 4 vezes maior do que a necessidade de consumo. 
 
Em pastos de Braquiarão, Mombaça e Camerum constataram-se níveis de consumo 
voluntário da ordem de 1,5% a 2,7% do peso vivo em MS por dia. 
Carga animal – É a quantidade de peso por área. Independe do número de cabeças. 
Unidade animal (UA) – Equivale a 450 kg de peso vivo. 
Taxa de lotação – Corresponde ao número de UA por ha num determinado momento. 
Ajuste empírico (altura do pasto) – Fixa-se uma altura de pastejo (Exemplo: 
Braquiarão, 20 a 30cm de altura) e coloca-se ou retira-se animais conforme o pasto cresce ou 
decresce. A altura do resíduo é indicador prático para evitar sub ou super pastejo. 
TABELA 07 – Altura da pastagem (cm) de gramíneas. 
Altura (cm) 
Espécies Entrada Saída 
Penisetum purpureum (elefante) 
Panicum maximum cv Mombaça 
Panicum maximum cv Tanzânia 
Andropogon gayanus 
B. brizantha cv Marandú 
B. decumbens cv Brasilisk 
B. humidícula 
Cynodon ssp. (Tifton) 
160-180 
120-130 
100-120 
50-60 
40-50 
258-30 
15-20 
25-30 
35-40 
40-50 
30-40 
20-30 
20-25 
10-15 
5-8 
10-15 
Fonte: Correa, 2000 
 
 22
 
TABELA 08 – Altura da pastagem (cm) por espécies perenes e anuais em três níveis de fertilidade ou adubação 
da pastagem. 
Espécie Alta Média Baixa 
Penisetum purpureum (elefante) 
Panicum maximum cv Mombaça 
Panicum maximum cv Tanzânia 
Panicum maximum cv Colonião 
Panicum maximum cv Aruana 
Panicum maximum cv Massai 
B. brizantha cv Xaraés 
B. brizantha cv Marandú 
B. decumbens cv Brasilisk 
B. humidícola cv 
Andropogon gayanus 
Cynodon ssp. (Tifton) 
Sorgo bicolor (forrageiro) 
Penisetum americanum (Milheto) 
Avena sativa (Aveia) 
40 
30 
25 
20 
15 
15 
20 
15 
10 
8 
15 
8 
20 
15 
10 
50 
40 
35 
25 
20 
20 
25 
20 
15 
14 
20 
12 
30 
25 
12 
60 
50 
45 
35 
30 
30 
35 
30 
25 
20 
30 
16 
40 
30 
15 
Fonte: Kichel 
Ajuste empírico (resíduo) 
Braquiarão em pastejo contínuo 1.700 a 2.300 kg/ha 
Elefante anão em pastejo contínuo 2.300 kg/ha 
Em pastejo rotacionado 1.500 a 2.500 kg/ha 
O resíduo pós pastejo 400 a 1000 kg/ha 
Ajuste com base no consumo – Disponibilidade de folhas verdes mais ponteiros. 
Área total 80 ha 
Área por potreiro 20 ha 
Número de potreiros 4 
Tempo de descanso 30 dias 
Tempo de ocupação 10 dias 
Consumo (UA) 11 kg/dia MS (2,5% de 450 kg) 
Disponibilidade (folh/pont) 500 g/m² MV (média de 10 amostras) 
 Brachiaria brizantha com 23% de MS em dezembro. 
Peso seco amostra 115 g/m² (folhas + ponteiros) 
Em um hectare 115g x 10.000 = 1.150.000g/ha = 1.150 kg/ha 
 Desconta-se 500 kg/ha de resíduo, sobram 1.150 – 500 = 650 kg/ha 
 23 
Lotação (650kg / 11kg) 59 UA/dia 
Taxa de lotação instantânea 59 UA/dia / 10 dias = 5,9 UA/ha 
Taxa de lotação instantânea por potreiro 5,9 UA x 20ha = 118UA em 20 ha 
Taxa de lotação (real) 118UA/80ha = 1,5 UA / ha 
FÓRMULA 
Lotação = 
)//().(
)().500(/
UAMSdiakgconsumoUAdiasTempopast
haroáreapotreidisphaMSkg 
Ajuste por oferta de folhas 
Carga animal = 
hasofertasfoltempopastx
MSdispx100 
Taxa lotação = 
animalXpeso
aanimalc arg 
Lotação = taxa lotação x área 
Exemplo 
Disponibilidade 2.329kg/ha 
Mét. pastejo contínuo 30 dias 
Carga animal 
%830
100329.2
x
x 968kg/ha de peso vivo 
8% significa 8kgMS/100kgPV/dia 
Taxa de lotação 970/350 = 2,8 cab/ha 
Lotação (2,8x10ha) 28 cabeças em 10 ha por 30 dias. 
Fórmula 
Lotação = 
)/((%).).(
)(.100)./(
cabkganimalXpesoofertadiasTempopast
haáreahakgDispMS 
Exemplo de pastejo rotacionado 
Quantidade de animais 12 vacas e um touro 
Tempo de descanso por área 30 dias 
Tempo de pastejo por área 15 dias 
Unidade animal (1UA) 450 kg PV 
Uma vaca 400 kg PV 
Um touro 600 kg PV 
Taxa de lotação 1,5 UA/ha 
 24
Adubação só na formação da pastagem. 
Cálculos 
Fórmula: Np = (Pd / Tp) + 1 onde: 
Np=número de potreiros; Pd=período de descanso; 
Tp=tempo de pastejo. Np=30/15+1 = 3 potreiros 
Peso dos animais (12 vacas x 400kg)+(1touro x 600Kg) = 5.400 kg 
Área total do pasto (1,5UA/ha x 450kg) = 675 kgPV 5.400/675 = 8 ha 
Área de cada potreiro 8 ha / 3 = 2,67 ha 
Outro exemplo 
Período de descanso do pasto 33 dias; 
Tempo de pastejo 3 dias. 
Np=(Pd/Tp)+1 = 12 potreiros 
Produção de matéria verde 
Supondo uma média mensal de 0,53 kg por m² tem-se um total médio anual de 
0,53 x 12 = 6,36kg/m² Num ha teremos 1 m² →6,36 kg 
10.000 → x x = 63.600 kg/ha 
Admitindo-se uma perda de 20% teremos 63.600-20% = 50.880 kg/ha 
Considerando que 1UA (450kgPV) consome 10$ PV/dia teremos: 
1 dia → 45,0kg 365dias → x x = 365x 45 = 16.425kgMV/ha/ano 
Capacidade de suporte 
É calculada com base no consumo de forragem por UA e a disponibilidade da 
pastagem. Consumo MV/UA/ano = 16.425 kg Dispon./ha/ano = 50.880kg 
Então 16.425 kg/ha/ano → 1UA 50.880 kg/ha/ano → x 
x = 50.880/16.425 = 3,1 UA/ha/ano 
Área necessária 
Capacidade de suporte 3,1 UA/ha/ano 
N° total de animais do rebanho 200 cabeças 
Então 200/3.1 = 64,52 ha 64,52 ha/12potr. = 5,4 ha/cada potreiro 
PRESSÃO DE PASTEJO 
É a quantidade de forragem consumida por dia por cada 100kg de peso vivo. 
 25 
Consumo por animal 
Bovino de corte adulto 2 a 2,5% do peso vivo em MS; 
Vaca de leite produzindo 3 a 4% do peso vivo em MS; 
Ovinos adultos 2,5 a 3% do peso vivo em MS; 
Cordeiros 3 a 4% do peso vivo em MS. 
Pressão de pastejo (PP) 
PP (%) = 
100/.
/)(.
pesovivoanimaisn
diasnhaáreaMSDisp

 
MSdisp =- matéria seca disponível por ha 
Pesovivo/100 = Peso dos animais utilizados divididos por 100. 
Exemplo 
Um produtor tem 20 ha de pastagem com disponibilidade de MS de 1.600kg/ha. 
Para pastejar 20 animais de 350kg de peso vivo cada, por 230 dias, qual a pressão de 
pastejo? 
PP(%) = 
100/35020
30/201600
x
x = 15,23 É o que os animais vão receber por 30 dias para 
cada 100kg de peso vivo. 
Portanto, 15,23 x 350 / 100 = 53,30 kg de MS por dia em 30 dias.

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