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NEOPLASIAS

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NEOPLASIAS 
 Introdução 
Como visto anteriormente, devido a alguns estímulos as células passam a trabalhar de 
maneira diferente e respondem a esse estímulo de alguma forma. Pode ser através de: 
→ resposta adaptativa REVERSÍVEL: na remoção do estímulo a célula volta a trabalhar 
normalmente; 
→ resposta adaptativa IRREVERSÍVEL: essa resposta ocorre em função de um dano mais 
profundo à célula, no DNA da mesma, fazendo com que elas comecem a trabalhar de uma forma 
completamente diferente de sua normalidade. No caso das neoplasias, elas começam a se 
proliferar de maneira incomum. 
NEOPLASIA vem de “neo” – novo; e “plasia” – coisa formada. Sir Rupert Willis denominou 
neoplasia como massa anormal de tecido que exibe proliferação descontrolada que persiste 
mesmo depois de cessado o estímulo que o provocou. O estímulo gera uma alteração profunda 
do DNA celular, gerando alterações no crescimento e diferenciação da célula. Mesmo com a 
remoção do estímulo, a célula não consegue reverter-se e voltar a sua normalidade. 
Outro conceito de neoplasia é definido por Rubin como um crescimento autônomo* de 
tecidos que escaparam das descrições normais de proliferação celular e exibem graus variáveis 
de fidelidade às células precursoras*. 
 
 
A estrutura dos tumores, independentemente de ser benigno ou maligno, apresenta dois 
componentes básicos: 
 Parênquima: células neoplásicas em proliferação; 
 Estroma: apoio constituído de tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. É a sustentação 
do parênquima neoplásico. As células neoplásicas em crescimento dependem muito 
de um bom suprimento de nutrientes, tal qual uma célula normal, para isso interagem 
com os tecidos de suporte gerando a formação de estroma. 
Neoplasias 
Pato Geral/ 
Odonto UFPel 
Carla Maísa da 
Silva 
Tumor: apesar de remeter à 
malignidade, nem sempre é! 
 
 
 
Crescimento autônomo até certo 
ponto, pois além do estímulo que gera 
a proliferação, depende também de 
outros fatores (hospedeiro, fatores 
hormonais). 
 
A célula neoplásica vem de uma célula de origem, seja 
epitelial ou mesenquimal, e sua origem celular é que 
define o comportamento da neoplasia (mal./benig.). 
 
Classificação e Nomenclatura 
Como supracitado, existem tumores malignos e benignos, o que define sua classificação é 
o comportamento dos mesmos. 
→ Neoplasias Benignas 
 As células parecem manter-se em contato umas com as outras, e jamais se desgarram 
para os tecidos adjacentes, não invadindo vasos sanguíneos ou linfáticos. Esses tumores 
permanecem localizados e não se espalham, ou seja, não sofrem metástase como os malignos. O 
sufixo “oma” denota uma neoplasia benigna. 
 A nomenclatura das neoplasias benignas se baseia nos componentes parenquimais, que 
indicam o tecido de origem, refletindo-se no reconhecimento de dois grupos principais de 
tumores: derivados de células epiteliais e derivados de células conjuntivas. Dessa forma, a 
nomenclatura se dá, geralmente, com o tecido de origem + sufixo “oma”. Por exemplo: 
 Lipoma: neoplasia benigna com origem de um lipoblasto no tecido adiposo; 
 Osteoma: neoplasia benigna com origem de um osteoblasto no tecido ósseo; 
 Leiomioma: neoplasia benigna com origem em tecido muscular liso. 
As neoplasias benignas mesenquimais podem ser com base na célula de origem, na 
arquitetura microscópica ou nos padrões macroscópicos. 
 Adenoma: neoplasia benigna de origem glandular; glândula salivar. 
 Papiloma: neoplasia de origem epitelial, porém, leva esse nome devido as projeções 
papilares características. 
 Cistoadenomas: conformação microscópica semelhante a massa cística. 
 
→ Neoplasias Malignas 
 Células neoplásicas invadem os tecidos adjacentes e penetram nos espaços teciduais 
naturais com vasos sanguíneos, onde grupos de células tumorais se desprendem e os êmbolos 
tumorais alojam-se em algum ponto distante, se proliferando e formando metástases. 
 As neoplasias malignas de origem mesenquimal, geralmente seguem a nomenclatura do 
tecido de origem + “sarcoma”. Por exemplo: se a origem for de um osteoblasto, o tumor maligno 
se chama osteossarcoma; se é originário do tecido adiposo, lipossarcoma; se é originário de 
tecido muscular liso, leiomiossarcoma. 
 Neoplasias malignas de origem epitelial são nomeadas como carcinoma, cuja 
denominação pode estar no inicio ou final da nomenclatura. 
 Carcinoma epidermóide ou de células escamosas: neoplasia maligna em qualquer 
tecido epitelial estratificado escamoso do corpo. 
 Adenocarcinoma: neoplasia maligna glandular; 
 Neoplasia de células renais: nomenclatura de acordo com a morfologia, origem celular 
ou local onde está se formando. 
 Tumor maligno pouco diferenciado ou indiferenciado: células indiferenciadas muito 
primitivas. 
 Carcinossarcoma: neoplasia maligna mista, com células tanto de origem epitelial 
quanto de origem mesenquimal. 
 
 
 
 
 
 
 
NOMENCLATURA DOS TUMORES 
TECIDO DE ORIGEM BENIGNO MALIGNO 
Fibroso Fibroma Fibrossarcoma 
Ósseo Osteoma Osteossarcoma 
Cartilagem Condroma Condrossarcoma 
Adiposo Lipoma Lipossarcoma 
Músculo Liso Leiomioma Leiomiossarcoma 
Músculo Estriado Rabdomioma Rabdomiossarcoma 
Epitélio Glandular Adenoma Adenocarcinoma 
Vasos Sanguíneos Hemangioma Angiosarcoma 
 
Sarc = carne. Pouco estroma de tecido 
conjuntivo, sendo assim carnoso. 
EXCEÇÕES DE NOMENCLATURA: 
LINFOMA: neoplasia MALIGNA com origem linfocitária; 
MELANOMA: neoplasia MALIGNA com origem melanocítica; 
Hamartoma: proliferação de células normais e maduras, formando uma massa desorganizada em local nativo. 
Coristoma: presença de um tecido normal em local ectópico, indevido. 
Teratoma: neoplasia proveniente da proliferação de tecidos originários de mais de um folheto embrionário. O 
teratoma verdadeiro é originário dos três folhetos embrionários. Exemplo: tumor com dentes, tecido ósseo, 
folículo piloso, ou seja, formação de estrutura com os 3 folhetos embrionários. 
 
 
TUMORES BENIGNOS 
 As células que constituem este tipo de tumor não mostram tendência para invadir os 
tecidos adjacentes, respeitando os limites do mesmo. Contudo, o acúmulo de células produz uma 
massa crescente que pode causar alguns efeitos: 
 Atrofia por compressão: o parênquima adjacente sofre atrofia por compressão 
enquanto o tecido conjuntivo, que é mais resistente, sobrevive e forma uma cápsula 
fibrosa. Em função disso, o tumor é bem circunscrito. Sua excisão cirúrgica é fácil, e 
desde que seja removido por completo não há recidiva. Porém, em alguns casos, 
dependendo da localização e do tamanho do tumor, essa compressão pode ser 
incompatível com a vida (coluna vertebral e cérebro, por ex). 
 Obstrução: o tumor pode obstruir uma passagem natural e causar danos extensos. Ex: 
obstrução de brônquio causa colapso do pulmão e broncopneumonia; obstrução 
intestinal. 
 Efeitos hormonais: tumores benignos de glândulas endócrinas podem produzir 
quantidades excessivas de hormônio que podem produzir efeitos fatais. Um tumor nas 
células das ilhotas de Langherans no pâncreas pode secretar tanta insulina que a taxa 
do açúcar no sangue cai verticalmente, com o aparecimento de sintomas de choque 
insulínico (convulsões e perturbações mentais). 
 
Características Macroscópicas 
→ ENCAPSULAÇÃO: traço característico quando o tumor está localizado em órgão ou tecido 
sólido. A cápsula controla e delimita o tumor, sendo responsável pelo sinal clínico de mobilidade 
à palpação, além de facilitar a excisão cirúrgica. 
→ FORMA: os tumores benignos são, geralmente, arredondados, mas a forma pode ser 
delimitada de acordo com as estruturas adjacentes. 
→ TAMANHO: embora os tumores benignos sejam usualmentemenores que os malignos em 
função de respeitar as estruturas adjacentes, eles podem por vezes atingir grandes proporções. 
→ ULCERAÇÃO e HEMORRAGIA: são características raras nos tumores benignos, exceto em casos 
de crescimento de superfície que podem sofrer trauma mecânico e ulcerar. 
→ VELOCIDADE DE CRESCIMENTO: a velocidade de crescimento é geralmente mais lenta do que 
um tumor maligno, freqüentemente não é uniforme e pode cessar depois de certo tempo. 
 
Características Microscópicas 
 Deposição de células se assemelha ao tecido de origem → tumores bem diferenciados 
 Células com tamanho, forma e coloração regulares, muitas vezes sendo indistinguíveis 
das células normais; 
 Mitose escassa, e se existentes são do tipo normal; 
 Células tumorais sustentadas e nutridas pelo estroma – rede de tecido conjuntivo do 
hospedeiro, formada por vasos sanguíneos, fibroblastos e colágeno. É parte intima do 
tumor, porém, não é neoplásica. 
 
TUMORES MALIGNOS 
 As células de um tumor maligno infiltram e destroem o tecido adjacente. As células 
normais são envolvidas e destruídas, e assim, os limites do tumor são mal definidos. Em função 
disso, sua excisão cirúrgica é mais difícil, e mesmo quando o tumor é removido com bastante 
tecido normal adjacente, freqüentemente são deixadas células tumorais e a continuação de seu 
crescimento resulta numa recidiva local. 
Além disso, nos tumores malignos as células invasoras disseminam-se pelos planos de 
menor resistência: prolongamentos digitiformes estendem-se para fora da massa principal do 
tumor (caranguejo = câncer); o tecido conjuntivo não suporta e acaba sendo invadido pelas 
células. A disseminação através de êmbolos de células tumorais é responsável pela produção de 
metástases. A invasão local e a disseminação embólica são as duas principais características dos 
tumores malignos. 
 Características Macroscópicas 
→ AUSÊNCIA DE CÁPSULA: os tumores malignos não têm cápsula limitante, pelo fato de as células se 
infiltrarem nos tecidos adjacentes. 
→ FORMA: contorno irregular e definição imprecisa. 
→ TAMANHO: geralmente maiores que os benignos. 
→ ULCERAÇÃO E HEMORRAGIA: devido as propriedades destrutivas do câncer, essas são 
características comuns. Qualquer úlcera que não cicatriza em poucas semanas deve ser 
considerada maligna até prova em contrário. Na boca, a citologia esfoliativa pode ser usada para 
ajudar o diagnóstico de lesões suspeitas. 
→ VELOCIDADE DE CRESCIMENTO: usualmente tem crescimento rápido e aumento constante de 
tamanho. 
 
Características Microscópicas 
 Diferenciação: o tecido tumoral pode assemelhar-se ao tecido de origem, mas não é 
tão grande como no caso dos benignos. Diferenciação bem pouco desenvolvida, e o 
reconhecimento do tecido de origem por vezes é muito difícil, gerando tumores com 
pouca diferenciação ou indiferenciados. Essa diferenciação deficiente vem da síntese 
de DNA antes da divisão que gera hipercromatismo e aumento nuclear, perda da 
relação núcleo-citoplasma; juntamente com a formação de células com número 
anormal de cromossomos, o que explica a irregularidade de tamanho e forma 
(pleomorfismo) e coloração irregular que são características das células tumorais 
malignas. 
 Velocidade de crescimento: grau de diferenciação celular (pouco diferenciadas ou 
indiferenciadas), presença excessiva de mitoses e/ou mitoses bizarras, índice de morte 
celular e apoptose modificado e adequação do suprimento de nutrientes para o 
tumor. 
 Invasão dos tecidos adjacentes. 
 Angiogênese: requisito para nutrir o tumor, ação sobre células endoteliais e estímulo 
sobre as células inflamatórias para fazerem a neoformação de vasos, e inibição da 
produção de inibidores angiogênicos para gerar rede de nutrição para o tumor. 
Responsável por impedir que as células tumorais morram, e por manter o crescimento 
tumoral. 
 
Quanto maior a 
indiferenciação, 
maior o nível de 
malignidade! 
 Pouco diferenciado; 
Muito indiferenciado; 
Pouco anaplásico. 
 
 Metástase 
Um dos grandes problemas com os tumores malignos é a metástase. Esta é típica de 
tumores malignos, e está relacionada com a invasividade das células. A metástase é a 
transferência de células malignas de um local para outro, sem que haja conexão direta entre 
ambos. Numa neoplasia de origem epitelial, por exemplo, as células neoplásicas rompem a 
membrana basal, invadem os tecidos e avançam no tecido conjuntivo, atingindo depois nervos e 
feixes vasculares. Após romperem as membranas basais vasculares, entram na circulação e 
podem chegar a outros locais; se estes forem propícios, elas se alojam e desenvolvem a 
metástase (novo tumor em nova região). 
 
O mecanismo de formação de metástases pode ser entendido por uma seqüência lógica 
de fatos designada como “Cascata Metastática”. A célula neoplásica inicialmente degrada os 
componentes da matriz extracelular presentes no estroma do órgão sítio do tumor primário. 
Depois disso, a célula desenvolve motilidade, invadindo os tecidos e caindo, por fim, no 
compartimento intravascular. O transporte de células tumorais na circulação se dá de forma 
passiva. Tendo sobrevivido a todas as barreiras impostas pelo organismo no sistema circulatório, 
o passo seguinte é a aderência, implantação e crescimento dessas células no órgão alvo: 
1. Dissociação das células do tumor primário e movimento através de estroma 
tumoral – Essas células possuem características de motilidade e invasividade, que 
são o resultado da combinação de: 
 Forças mecânicas: força de expansão tumoral exercendo pressão nos tecidos 
adjacentes, promovendo a separação destes e implantação das células tumorais 
nesses espaços; 
 Decréscimo de adesividade entre as células tumorais: produção defeituosa de 
fibronectina, elemento que auxilia na adesão e organização celulares, além de 
alteração na regulação das caderinas – moléculas de adesão celular dependentes de 
cálcio; 
 Fatores bioquímicos: degeneração enzimática da membrana basal por secreção de 
proteínas e colagenase pelas células tumorais. 
 
É comum que pacientes acometidos por neoplasia maligna, mesmo 
depois de remoção e tratamento da mesma, sejam submetidos a 
acompanhamento por longos períodos de tempo para verificar se 
houve presença de metástases. 
 
2. Travessia das células através da membrana basal do vaso e entrada na circulação 
– Os novos vasos formados na massa tumoral são mais suscetíveis à invasão, pois 
geralmente apresentam defeitos estruturais em sua parede, ou por má formação 
ou por necrose, muito comum nos tumores. Uma vez que o tumor ganha acesso a 
circulação, ele deve permanecer no sitio de entrada e proliferar para em seguida 
liberar êmbolos tumorais. Estando nos vasos, ocorre disseminação sanguínea ou 
linfática. 
 
3. Transporte passivo na circulação – após atingirem a circulação, as células 
neoplásicas tornam-se mais sensíveis às barreiras mecânicas e imunológicas. A 
presença dessas células na circulação ainda não constitui a metástase, pois muitas 
delas são destruídas antes de se implantarem. Na tentativa de sobrevivência as 
células neoplásicas se agregam entre si ou com outras células sangüíneas do 
hospedeiro (linfócitos, plaquetas...). 
 
4. Aderência da célula metastática ao órgão alvo e extravasamento – a implantação 
mecânica é caracterizada pela chegada da célula metastática no primeiro leito 
capilar encontrado, sendo que o tamanho do êmbolo determina o local de sua 
apreensão. Quando ocorre a adesão das células metastáticas ao endotélio 
vascular, pode ocorrer a retração das células endoteliais e a conseqüente 
exposição dos componentes da matriz extracelular. Essa interação estimulaa 
produção de colagenase IV pela célula metastática, dando inicio ao processo de 
degradação enzimática da membrana basal endotelial e conseqüente invasão local 
do parênquima. 
 
5. Colonização de uma nova área – a habilidade de algumas células para proliferar 
no parênquima de um órgão específico está associada com as metástases em 
órgãos específicos. Células tumorais específicas dependem de um ambiente 
também específico para se desenvolverem. 
As metástases podem ocorrer através de: 
 Via sanguínea: células tumorais que entram no sistema venoso (embolização) mais 
freqüentemente se alojam em pulmão, fígado, medula óssea e cérebro. Via mais 
utilizada pelos sarcomas. 
 Via linfática: células tumorais disseminam-se (embolização) via vasos linfáticos e são 
conduzidos para os linfonodos regionais onde cresce um tumor secundário. É via de 
disseminação mais comum dos carcinomas. 
 Disseminação transcelômica: implante em cavidades e superfícies do corpo, pode 
ocorrer sempre que uma neoplasia maligna penetra dentro de um campo aberto 
natural, migrando para outros pontos a distancia do tumor secundário. É comum em 
cavidade abdominal, mas pode afetar também cavidade pleural, pericárdica e 
subaracnóidea. 
 Transplantes: mecanismo de transporte mecânico de fragmento de tumor por 
instrumento ou manuseio cirúrgico. 
 
Efeitos das neoplasias malignas 
 Pressão mecânica e obstrução: exercem pressão sobre as estruturas adjacentes e 
causam obstrução das passagens naturais. Alguns órgãos podem ter função alterada 
em função da pressão sofrida. 
 Destruição de tecido: tumores malignos primários e secundários infiltram e destroem 
tecidos adjacentes. 
 Hemorragia: tumores malignos que envolvem qualquer superfície usualmente ulceram 
e sangram. O sangramento repetido causa anemia, e a erosão de grandes artérias, 
ocasionalmente, pode acarretar em hemorragia maciça fatal. Clinicamente, 
sangramento incomum deve ser tratado seriamente, pois é sinal comum de câncer. 
 Infecção: todos os cânceres ulcerativos estão fadados a sofrer infecção bacteriana 
secundaria, agravando a condição clínica. 
 Dor: lesões malignas adiantadas podem causar dor intensa por invasão tumoral nas 
células nervosas. Geralmente o estagio pode estar avançado ao surgir esse sintoma. 
 Anemia: a anemia é comum e pode ocorrer devida a perda crônica de sangue, má 
absorção dos componentes essenciais da dieta ou substituição da medula por células 
tumorais. 
 Inanição: em caso de câncer de boca e estômago, pode haver um defeito nutricional 
direto devido à impossibilidade de ingestão de alimentos. 
 Caquexia: aspecto debilitado, perda de peso, atrofia generalizada do organismo. 
 Efeitos hormonais: tumores malignos de glândulas endócrinas ocasionalmente 
produzem efeitos devido à secreção excessiva de hormônios, contudo, é menos 
comum do que em tumores benignos. 
ESTADIAMENTO DO TUMOR: quando uma neoplasia maligna é identificada, é feito um 
estadiamento do tumor, normalmente pelo oncologista ou cirurgião que vai fazer a operação, a 
fim de conseguir o estágio de evolução do tumor. O estágio é determinado embasado na 
classificação TMN (tamanho do tumor, metástases em linfonodos regionais e metástases a 
distância): 
Tamanho do tumor 
Tx: se vê que tem as células neoplásicas, mas não se sabe o tamanho; 
T0: sem evidência de tumor primário; 
Tis: carcinoma in situ; células anaplásicas, mas sem invasão no tecido adjacente; 
T1: menos de 3 cm; 
T2: mais de 3 cm; 
T3: qualquer dimensão invadindo tecido próximo; 
T4: qualquer tamanho, invadindo e comprometendo órgãos vitais. 
Metástases em linfonodos regionais 
Nx: metástases em linfonodo não identificado; 
N0: ausência; 
N1: linfonodais leves; 
N2: linfonodais moderados; 
N3: linfonodais graves; 
Metástases à distância 
Mx: não identificado; 
M0: ausente; 
M1: presente. 
Graus de diferenciação x Estadiamento 
Como exemplo de tumor completamente diferenciado, temos o exemplo do tumor 
BENIGNO; as células são praticamente idênticas às células de origem. 
 Num tumor maligno de baixo grau de diferenciação, podemos identificar que as células 
tumorais possuem algumas alterações quando elas invadem o tecido, mas ainda pode se 
identificar a origem das mesmas (epitelial, mesenquimal...). 
Já no caso do tumor indiferenciado, as células se “misturam”; são tão indiferenciadas das 
células do tecido de origem que muitas vezes é impossível identificar onde estão as células 
neoplásicas e o estroma do tumor. 
Diferenciado: baixo grau – fenótipo da célula de origem ainda está mantido; 
Indiferenciado: alto grau – fenótipo da célula de origem é “fraco”, se mistura com as 
outras células. 
 Estagiamento e grau de diferenciação são classificações distintas; o estagiamento é 
determinado pelo cirurgião responsável pelo tratamento ou oncologista, no sentido de definir a 
gravidade e extensão da neoplasia maligna em questão. Já a graduação é realizada 
histologicamente; analisando as células em lâminas histológicas se pode determinar o grau de 
diferenciação do tumor e prever o comportamento da lesão. 
 
Agentes implicados com a carcinogênese 
 Agentes químicos: 
- Substâncias químicas como nitrosaminas e hidrocarbonetos, presentes no fumo e no 
álcool, e em alguns alimentos defumados, são fatores estimulantes a essas alterações 
irreversíveis na célula. 
No carcinoma espinocelular, por exemplo, o fumo é o principal fator etiológico. Além do 
fumo, que o principal dos fatores, ainda há outros fatores predisponentes como o fator cultural 
(narguile, fumo invertido e “trouxinha de fumo” em contato com a mucosa jugal); 
 
 
 Agentes virais: 
- Vírus do HPV – carcinoma cervical, carcinoma cutâneo; 
- Vírus da hepatite B – carcinoma hepatocelular; 
- Vírus Epstein-Barr – linfoma de Burkitt e carcinoma nasofaringeo; 
 - Vírus da AIDS - linfoma e sarcoma de Kaposi. 
 Radiação: 
- Radiação ultravioleta: frequente exposição aos raios UV aumenta desenvolvimento de 
tumores malignos cutâneos. 
- radiação ionizante: inalação de pó ou gás radioativo aumenta risco de carcinoma de 
pulmão; ingestão de iodo radioativo aumenta risco de carcinoma de tireóide. 
 Idade: 
Apesar de a maioria das lesões surgirem em pacientes de meia idade (40-50 anos), isso 
não é regra. É sim um fator que deve ser observado, mas muitas vezes o processo que vai 
desencadear a lesão aconteceu anos antes de ela se manifestar. O tumor é uma alteração a nível 
celular, e essa carcinogênese é um processo crônico, em que a alteração celular resiste e persiste 
ao longo do tempo. 
 Hereditariedade e alterações genéticas: 
A carcinogênese origina células que sofreram alteração genética e não foram capazes de 
reparar-se; algumas vezes essa alteração é hereditária e pode mais a frente desencadear algum 
problema ao indivíduo portador, ou pode ser um problema genético nos cromossomos. 
 Imunidade: 
Diante de estresses e alterações, a célula, por mecanismo de adaptação celular, sempre 
tenta se recuperar e voltar a sua normalidade; o organismo está constantemente tentando 
manter a homeostasia. Quando surge um clone novo, suas células sendo diferentes 
antigenicamente das normais são reconhecidas e destruídas pelo sistema imunitário. Não se 
descarta a possibilidade de que para que haja o desenvolvimento de uma neoplasia, tenha que 
ocorrer algum problema na vigilância imunológica, que não conseguiu combater e reverter essa 
alteração celular. O problema na imunidade pode ser decorrente de depressão espontânea ou 
depressão provocada. 
Pacientes imunodeprimidos – geralmente pacientes transplantados ficam mais suscetíveis 
a iniciar o processo de formaçãodo tumor; 
Pacientes portadores de HIV – sistema de defesa deficiente. Linfomas e Sarcomas de 
Kaposi são freqüentes nesses indivíduos. 
Estudo molecular das neoplasias 
 Além das células tumorais, outros fatores estão envolvidos na carcinogênese. A região 
com a qual elas se relacionam e os elementos ali presentes – matriz extracelular, 
células mesenquimais e adjacentes – também contribuem para o crescimento e 
proliferação das mesmas. 
 Ainda hoje não se sabe ao certo o que faz com que uma célula normal se transforme 
numa célula cancerígena; muitos estudos se referem a cromossomos e proteínas. 
Algumas proteínas presentes nas células começam a trabalhar de uma maneira 
diferente, então em algumas lesões malignas, algumas proteínas podem ser mais 
expressas, menos expressas, ou até impedidas de trabalhar. Ou seja, é todo um 
maquinário que começa a trabalhar de maneira totalmente diferente do normal. 
 O que se sabe é que, o crescimento desregulado das células cancerígenas resulta da 
aquisição seqüencial de mutações somáticas: a célula sofre uma alteração em seu 
DNA, a qual se divide e prolifera, e dessa forma, se propaga, não sendo combatida a 
tempo pelo organismo. São alterações somáticas, pois, além da alteração no DNA se 
perdurar, ela começa a provocar outras mutações também. Essas mutações alteram o 
crescimento e diferenciação celular, e também atuam sobre a manutenção da 
integridade do genoma; ou seja, além de provocar alteração, ela impede o mecanismo 
de defesa que seria capaz de eliminá-la. 
 O ciclo celular é dividido em fases. Durante as fases do ciclo celular existem alguns 
pontos de checagem, os quais atuam reparando esse DNA, ou seja, antes de passar da 
fase G1 para a fase S, há um ponto de checagem justamente para reparar alguma 
célula que possa, por ventura, ter sofrido alguma alteração. 
 Se essa célula não for reparada no ponto de checagem, ela passa para a fase S e só 
haverá salvação se o controle conseguir ser feito na fase G2, antes de passar para a 
fase mitótica. Na fase G2 é onde normalmente ocorre a apoptose, ou seja, se a célula 
não está funcionando normalmente ela sofre morte por apoptose. 
 Se houver algum erro nesses pontos de checagem, aquela célula com o DNA alterado 
irá se proliferar e trabalhar de forma diferente, tanto ela quanto suas células filhas, 
atuando sobre as vias de sinalização celular. 
 
 Visto que existem muitas vias de sinalização celular que são responsáveis pelo 
funcionamento correto da célula, existem, conseqüentemente, muitas vias que 
podem funcionar de maneira errada quando a célula cujo DNA alterado age sobre 
elas. 
 Por esse mesmo motivo, fica muito complicado identificar o fator chave de combate 
ao câncer, pois, ainda que uma via de sinalização que está alterada seja combatida, a 
célula alterada irá compensar a falta dessa determinada via perdida alterando outras 
vias de sinalização. 
Proliferação Celular 
As alterações atuam sobre as vias de proliferação – proliferação “errada”; e apoptose – 
mais anti-apoptose que pró-apoptose. Os responsáveis pela alteração na proliferação celular são: 
1) Proto-oncogenes: são genes que trabalham normalmente no nosso organismo, 
responsáveis pela produção de proteínas fundamentais para o funcionamento normal 
da célula. Diante de uma alteração, se transformam em oncogenes que modificam a 
funcionalidade normal dos proto-oncogenes e dessa forma, acabam contribuindo para 
a formação de lesões malignas. Dependendo do estímulo predisponente, eles se 
tornam oncogenes podem: 
A) Produzir uma proteína anormal: deixa de produzir sua proteína normal e passa a 
produzir outra proteína completamente diferente, que muitas vezes pode 
trabalhar de uma forma prejudicial à célula, alterando seu funcionamento. Por 
exemplo, uma proteína diferente, que não era pra estar presente na célula normal, 
pode agir alterando as vias de sinalização, alterando a função das mesmas; 
B) Produzir proteína em excesso: além de produzir uma proteína anormal, é 
produzida em grande escala; 
C) Impedir a auto-inibição ou regulação do seu funcionamento. 
A ativação dos oncogenes depende de uma mutação, essa mutação pode ser em 
função de translocação, deleção, amplificação, ganho ou perda de cromossomos. 
Essas alterações supracitadas vão modificar outras vias de sinalização celular, de 
modo que essa célula e as seguintes trabalhem de forma anormal, não sejam 
combatidas pelo organismo e fazendo com que o tumor cresça e invada os tecidos. Os 
oncogenes promovem o crescimento e diferenciação celular, atuam estimulando os 
fatores de crescimento e seus receptores; que agem sobre os fatores de transcrição, 
promovendo a proliferação celular. Também atuam impedindo que haja o reparo ou 
apoptose, fazendo com que ela continue se proliferando e aumentando a população 
de células malignas. 
2) Genes supressores de tumor: impede que o tumor siga adiante e cresça. Se houver 
uma alteração que age sobre o gene supressor de tumor impedindo sua função 
normal, o tumor seguirá se desenvolvendo. 
3) Genes que atuam no reparo do DNA: previnem as mutações. Quando esses genes são 
alterados, as células sem reparo acabam passando normalmente pelos pontos de 
checagem e sofrem mutação somática. 
4) Genes apoptóticos: atuam no segundo ponto de checagem e na via de sinalização; 
quando alterados também tem seu funcionamento prejudicado; podem trabalhar de 
uma maneira totalmente diferente à sua função – antagonista – ou, trabalham 
inibidos. Células que deveriam sofrer apoptose acabam passando normalmente, 
mesmo com erro no seu DNA. 
Como este é um processo de múltiplas etapas (erro no reparo – célula alterada – 
crescimento celular – dribla a apoptose – divisão das células e proliferação da população tumoral 
– invasão de tecidos adjacentes), apesar de o câncer ser identificado principalmente em 
pacientes acima dos 40 anos, fica difícil determinar em que momento o indivíduo foi acometido 
pela doença e qual o fator desencadeador da mesma. 
 
Carcinogênese Experimental 
Muitos trabalhos têm sido realizados a respeito da tumorigenese, no sentido de: 
 Entender e desvendar uma forma de desenvolver diagnóstico mais precoce, antes de 
se formar lesão ou metástase; 
 Tratamento mais eficaz, de forma que os pacientes não fiquem tão debilitados e não 
percam tanto em qualidade de vida; 
 Muitos desses trabalhos já apontam para um remédio “capaz” de curar o câncer, mas 
estudos devem ser realizados a fim de aprofundar o assunto e verificar se apesar da 
cura do câncer, não são capazes de desenvolver outra moléstia no paciente. 
Por esses estudos, conseguiu-se dividir a carcinogênese em etapas: 
1) Iniciação: a célula resiste ao reparo do DNA, resiste a apoptose e se prolifera. Nessa 
fase, ela precisa de uma mutação, um estímulo. 
2) Promoção: ainda necessita do estímulo, porém, já está se dividindo e proliferando. 
3) Progressão: nessa fase, o indivíduo pode deixar de ficar exposto a fatores como 
álcool, fumo e raios UV, que ainda assim as células malignas vão continuar se 
proliferando. Não dependem mais de uma agressão ao organismo para se 
desenvolverem. Na progressão, a proliferação celular continua, invade os órgãos e se 
torna efetivamente um câncer. 
 
Tratamento 
 Cirurgia para redução do tumor, que as vezes é impossibilitada devido à extensão do 
mesmo; 
 Radioterapia; 
 Quimioterapia; 
 Imunoterapia; 
 Hormonioterapia; 
 Terapia alvo-molecular: Muitos dos tratamentos se direcionam somente a uma das 
vias de sinalizações alteradas, para impedir, por exemplo, a angiogênese, crescimento 
e proliferação, apoptose. 
No Brasil, atualmente, para câncer de boca o tratamentomais utilizado é a cirurgia e 
radioterapia, e muitas vezes há uma combinação de tratamentos. Por esse motivo é realizado o 
estadiamento, justamente para decidir qual o melhor tratamento com base na extensão do 
tumor, no acometimento ou não de linfonodos e da presença ou não de metástases. 
 
Epidemiologia 
Em boca, 90% das lesões se referem ao carcinoma epidermóide, que é maligno de origem 
epitelial. Ascélulas epiteliais ao longo do tempo vão ficando atípicas até atingirem uma fase de 
carcinoma in situ, localizadas no tecido epitelial. 
 Essa lesão, se não removida, gera a proliferação dessas células atípicas que irão 
romper a membrana basal, invadir o tecido conjuntivo e atingir os vasos. 
 O carcinoma epidermóide faz metástases por meio da via linfática, e se apresenta 
principalmente nos linfonodos. 
 É o quinto em prevalência na população masculina e o décimo na população feminina. 
Em homens, a maioria é diagnosticado depois dos 50 anos. 
 Prevalência de localização: língua e assoalho da boca. Mucosa jugal – fumo invertido. 
 Aspecto clínico: placa branca, apresentando ou não áreas avermelhadas, 
assintomático até virar ulceração. Lesão de bordos endurecidos. 
 Pacientes fumantes, fatores genéticos e hereditários. Porém, etiologia pode ser 
idiopática.

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